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Antonio D. Figueiredo
University of São Paulo
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All content following this page was uploaded by Antonio D. Figueiredo on 12 February 2016.
Renata D’Agostino De Marchi (1); Luís Pedro Torgal M. Dias Fonseca (2); Luís Alberto Borin (3);
Reginaldo Mariano da Silva(4); Antonio Domingues de Figueiredo(5)
(1) Eng. Civil, Mestranda da Escola Politécnica da USP – PCC; (2) Graduando de engenharia civil da
Escola Politécnica da USP; (3) Eng.º Civil – L.A. Falcão Bauer; (4) Técnico da Escola Politécnica da
USP; (5) Eng.º Civil, Prof. Dr. da Escola Politécnica da USP
Av. Prof. Almeida Prado, Travessa 2 - Edifício da Engenharia Civil - Cidade Universitária - São Paulo - SP
05508 900 Tel. 11-3091.5459 Fax: 3091.5544
Resumo
A especificação do módulo de deformação do concreto é cada vez mais freqüente. Em virtude disso, se faz
necessária a avaliação desta propriedade ainda no processo de dosagem do concreto de modo a atender a
este tipo de requisito. Com isto em visa, o presente trabalho tem por objetivo apresentar uma avaliação da
parametrização dos materiais e tipo de concreto em relação ao módulo de deformação. Para que esta
avaliação seja a mais realista possível, sabe-se da necessidade de se fazer o mapeamento dos parâmetros
que afetam a propriedade do módulo de deformação, bem como da indicação daqueles que têm maior
interesse para o processo de dosagem. A partir deste mapeamento, foi feito um trabalho experimental que
consistiu na realização de dosagens de concreto para produção de diferentes resistências características
(30, 35 e 40 MPa), variando-se o tipo de agregado e também sua consistência (abatimento de tronco de
cone), tendo como consequência a variação do teor de argamassa, fundamental para atendimento aos
diversos processos de concretagem. Procurou-se observar o comportamento do material quando alteradas
essas variáveis, cujos resultados são apresentados graficamente. Foi realizada também uma análise
comparativa de alguns modelos de previsão com o trabalho experimental, de maneira a contribuir para a
obtenção de relações que mais se aproximem do valor real, contemplando não somente a resistência à
compressão, mas também a variável agregado e a consistência do concreto.
Palavra-Chave: módulo de elasticidade; módulo de deformação; concreto; variabilidade
Abstract
The specification of the concrete modulus of deformation is increasingly frequent. As a result, it is necessary
to evaluate this property still in the process of concrete mix design in order to achieve such requirement. So,
the present work aims to present an assessment of the parameterization of the materials and type of
concrete related to the modulus of deformation. For this assessment be as realistic as possible, it is
necessary to know the parameters that affect the modulus of deformation property, indicating those that are
most relevant to the mix design process. From this assessment, it has done an experimental work consisting
in different concrete mix designs to produce different compressive strengths (30, 35 and 40 MPa), varying
the type of coarse aggregate as well as its consistency (slump test), resulting in content of mortar concrete
variation, essential to comply to different placing conditions. It has been observed the changing in material's
behavior because of these variables, and the results are presented graphically. It has carried out a
comparative analysis of some prediction models with experimental work, in order to contribute to the
achievement of relations closest to the real value, covering not only the compressive strength, but also the
variable aggregate and consistency of the concrete.
Keywords: modulus of elasticity; modulus of deformation; concrete; variability
Atualmente o risco de haver deformações excessivas nos edifícios em concreto não pode
ser ignorado, pois pode representar um problema que deve ser analisado com a cautela
necessária para se ter confiabilidade na avaliação das deformações.
O dimensionamento das estruturas de concreto baseia-se nas propriedades mecânicas do
material, sendo a resistência à compressão o principal parâmetro nesse processo, a qual
é determinada através de ensaio padronizado. No entanto, para a avaliação das
deformações é necessário o conhecimento do comportamento do material quanto à sua
rigidez, o que é parametrizado através da determinação do módulo de elasticidade ou
módulo de deformação do concreto. Esta também é uma propriedade determinada
através de um ensaio padronizado que carrega em si uma complexidade maior que a
determinação da resistência à compressão.
No entanto, vários problemas têm sido freqüentemente observados no meio técnico em
função do não atendimento à essa exigência e, às vezes, a dificuldades de
compatibilização com outras exigências especificadas em projeto, como é o caso da
resistência característica. Parte destes problemas seriam evitados se conceitos
fundamentais fossem melhor dominados pelo meio técnico e se houvesse também uma
melhor parametrização dessa propriedade. Com isto em vista, foi elaborada uma
discussão básica sobre o tema módulo de elasticidade, ou módulo de deformação,
associada a um estudo experimental que visou fornecer uma melhor parametrização do
problema. Isto está então descrito nos próximos itens.
2 Módulo de deformação
Normalmente, os materiais estruturais, como é o caso do aço, apresentam um
comportamento aproximadamente linear quanto à relação entre a tensão aplicada e sua
deformação, para níveis de carregamento mais baixos, desaparecendo essa deformação
com a retirada da tensão, conforme explicado por ANDRADE (2007). No entanto, o
conceito de elasticidade não depende do comportamento linear do diagrama tensão-
deformação, embora seja muitas vezes confundido. De uma forma simples, elasticidade
seria a capacidade que um material tem de não guardar deformações residuais, depois de
removida a solicitação. A elasticidade em si, como é um conceito genérico, não envolve
obrigatoriamente uma relação bem determinada entre o desenvolvimento das
deformações em função das solicitações aplicadas. Já o módulo de elasticidade é usado
para parametrizar a rigidez do material que obedece a lei de Hooke, ou seja, apresenta
uma relação linear entre as deformações e o acréscimo de tensão que lhe deu origem. Ou
seja, o módulo de elasticidade é a tangente da reta do gráfico de tensão por deformação.
Assim, quanto maior for o módulo de elasticidade, maior será a rigidez de um material.
Alguns materiais, como o concreto, não são perfeitamente elásticos. Ou seja, não é um
módulo de elasticidade que atenda à definição com perfeição, mas um parâmetro de
avaliação da rigidez do material e, por isso, é comumente chamado de módulo de
deformação. Segundo GLUCKLICH (1968), apud METHA E MONTEIRO (2008), a não
ANAIS DO 52º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2010 – 52CBCxxxx 2
linearidade da relação tensão-deformação é explicada pelo processo de microfissuração
progressiva do concreto sob carga. Dessa forma assume-se, para fins de projetos
estruturais, que ele se comporte como um material idealizado, associando-se para cada
tensão aplicada, um valor de módulo de elasticidade. Tal opção é confirmada por alguns
pesquisadores como SHEHATA (2005) que afirma que o comportamento do concreto
submetido a tensões, abaixo de um determinado nível, pode ser representado
aproximadamente pela Lei de Hooke.
Segundo MEHTA e MONTEIRO (2008), o módulo de deformação pode ser definido como
sendo a relação entre a tensão aplicada e deformação instantânea dentro de um limite de
proporcionalidade do material. Em alguns casos, este limite é simplesmente adotado por
uma norma que padroniza o ensaio, como acontece na normalização brasileira.
Em materiais metálicos o módulo de elasticidade é função da energia de ligação, da
mesma forma como ocorre com a temperatura de fusão. No caso de materiais cerâmicos
homogêneos, segundo MEHTA e MONTEIRO (2008), existe uma relação direta entre
densidade e módulo de deformação. Já para o concreto, que é uma mistura de compostos
cujas ligações químicas são características dos materiais cerâmicos, sendo um material
heterogêneo e multifásico, a fração volumétrica, a densidade e o módulo dos principais
componentes, além das características da zona de transição na interface, determinam o
comportamento elástico do compósito.
Como a densidade é inversamente proporcional à porosidade, os fatores que afetam a
porosidade do agregado, da matriz da pasta de cimento e da zona de transição na
interface são importantes. Assim, o módulo de elasticidade do compósito será um valor
intermediário entre o módulo de elasticidade do agregado graúdo e o da pasta de cimento
que o constitui. Esse comportamento do concreto pode ser observado pelas diferentes
curvas típicas de tensão-deformação específica do agregado, pasta endurecida e
concreto submetidos à compressão axial, conforme Figura 1 de Neville (1997).
Figura 1 - Comportamento típico tensão- deformação do concreto e suas fases, NEVILLE (1997).
Onde αe depende da natureza do agregado, sendo: 1,2 para basalto e diabásio, 1,0 para granito e gnaisse,
0,9 para calcário e 0,7 para arenito.
3 Programa experimental
Foi realizado estudo experimental de forma a se obter o módulo de deformação em
diferentes tipos de concretos produzidos com agregados distintos e consistências
distintas.
3.1 Materiais
Utilizou-se cimento Portland de alta resistência inicial resistente a sulfatos (CP V ARI RS)
de acordo com a ABNT NBR 5737 (1992), com as características físicas e mecânicas
apresentadas na Tabela 2:
início 03:15
Tempos de pega (h:min) NM 65/2003
fim 04:30
1 dia 16,4
3 dias 32,5
Resistência à Compressão (MPa) NBR 7215/1997
7 dias 41,2
28 dias 50,4
Foi utilizado um agregado miúdo composto de areia natural quartzosa e areia artificial de
brita granítica, na proporção de 25% e 75%, respectivamente. No caso dos agregados
graúdos, foram utilizadas Brita 0 e Brita 1, na propor;ao de 30% e 70%, respectivamente.
No caso dos agregados graúdos, a origem foi variada, sendo um de origem granítica e
outro de origem basáltica. A tabela 3 apresenta a caracterização dos mesmos. Foi
utilizado aditivo polifuncional MC Bauchemie a 0,6% em relação à massa de cimento.
Massa unitária
NBR NM 45/06 1,43 1,61 1,42 1,41 1,70 1,53 1,61
(kg/dm³)
Material
Pulverulento NBR 7211/09 1,71 8,58 0,92 0,34 11,0 0,98 0,25
(%)
3.2 Dosagem
Foram estudadas as seguintes resistências características (fck): 30 MPa, 35 MPa e 40
MPa, de maneira que fossem obtidos três dosagens de concreto para fck, variando-se o
abatimento em função da necessidade de aplicação e também o teor de argamassa de
cada um deles. A escolha se deu em função das expectativas de demanda do mercado
de fornecimento de concreto dosado em central da cidade de São Paulo.
Nas tabelas 4 e 5 constam os concretos dosados para cada fck.
Com base nos resultados obtidos foram feitos diagramas de dosagem para o módulo
deformação do concreto, segundo MONTEIRO e HELENE (1993). Nas figuras 3, 4 e 5
são apresentadas graficamente as Curvas de dosagem e suas respectivas equações de
correlação vinculadas aos resultados experimentais obtidos, de acordo com as Leis de
Lyse e Molinari obtidas através de regressão linear e, ao invés de se incorporar a Lei de
Abrams, que relaciona a resistência à compressão com a relação água/cimento, optou-se
por considerar o módulo de deformação do concreto. As Curvas de dosagem foram
separadas segundo sua consistência.
ANAIS DO 52º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2010 – 52CBCxxxx 10
50,0
BASALTO
45,0
E = 48,18e -0,57A/C
40,0 R² = 0,968
35,0
30,0
25,0
GRANITO
20,0 E = 58,75e -1,29A/C
R² = 0,959
15,0
10,0
E (GPa)
5,0
0,0
C (kg/m³)
0,400 0,450 0,500 0,550 0,600
450 400 350 300 250
A/C
3,0
GRANITO GRANITO
3,5
m = 5049,C-1,17 m = 12,89A/C - 1,468
R² = 0,999 4,0 R² = 0,996
4,5
5,0
5,5
BASALTO 6,0
m = 5505,C-1,17 BASALTO
6,5 m = 12,78A/C - 0,868
R² = 0,999
7,0 R² = 0,999
m (kg/kg)
7,5
8,0
60,0
50,0 BASALTO
E = 46,54e -0,56A/C
R² = 1
40,0
30,0
20,0 GRANITO
E = 57,60e -1,35A/C
10,0 R² = 0,923
E (GPa)
0,0
C (kg/m³) 0,400 0,450 0,500 0,550 0,600
440 420 400 380 360 340 320 300 A/C
2,0
GRANITO GRANITO
m = 5197 C-1,18 3,0 m = 12,73A/C - 1,777
R² = 0,999 R² = 0,998
4,0
5,0
8,0
50,0 BASALTO
E = 49,42e -0,71A/C
R² = 0,973
40,0
30,0
20,0
GRANITO
10,0 y = 60,34e -1,54A/C
E (GPa)
R² = 0,937
0,0
C (kg/m³)
0,400 0,450 0,500 0,550 0,600
500 450 400 350 300 A/C
2,0
2,5
GRANITO 3,0 GRANITO
m = 5210 C-1,18 m = 10,65A/C - 1,027
R² = 0,999 3,5
R² = 0,998
4,0
4,5
5,0
BASALTO
m = 6209 C-1,19 5,5 BASALTO
R² = 0,999 6,0 m = 14,65A/C - 2,687
m (kg/kg)
R² = 1
6,5
7,0
Com base nos modelos de previsão selecionados, foram elaborados gráficos de forma a
se comparar os resultados obtidos com os valores de módulo de deformação do concreto
estimados a partir das equações propostas pelos principais códigos e normas de
dimensionamento de estruturas de concreto armado (ACI, CEB, ABNT).
40,0
Módulo de Deformação secante E cs (GPa)
35,0
CEB - BASALTO
NBR 8522
30,0
ACI
BASALTO - 90mm
BASALTO - 120mm
BASALTO - 160mm
25,0
20,0
25 30 35 40 45
fck (MPa)
Figura 6 – Módulo de elasticidade – BASALTO
35,0
NBR 8522
CEB - GRANITO
30,0
ACI
GRANITO - 90mm
GRANITO - 120mm
GRANITO - 160mm
25,0
20,0
25,0 30,0 35,0 40,0 45,0
fck (MPa)
Figura 7 – Módulo de elasticidade – GRANITO
A implicação na dosagem para o fornecedor de concreto, caso opte pelo agregado graúdo
de origem granítica seria em acréscimo no consumo de cimento de até 100 kg por metro
cúbico de concreto, em função da consistência solicitada. Cabe ressaltar que, para este
tipo de agregado existe o risco de esta propriedade não ser atendida mesmo assim.
Por outro lado, ao se optar por agregado graúdo de origem basáltica, pode-se pensar até
em redução no consumo de cimento sem que isso implique em não atendimento da
especificação do módulo de deformação ou da resistência à compressão. Esta conclusão
é importante, pois definiria os custos do concreto fornecido devendo, portanto, ser um
ponto importante a ser considerado na ocasião da contratação do fornecimento.
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