Você está na página 1de 46

ADENSAMENTO E

COMPRESSIBILIDADE

1
Sumário
 Introdução;
 Adensamento: definição e importância;
 Ensaio de adensamento;
 Tensão de pré-adensamento;
 Índices de recompressão e compressão dos
solos;
 Recalques;
 Teoria do adensamento unidimensional de
Terzaghi;
 Evolução dos com o tempo;

2
Bibliografia

3
1. Introdução
Quando as cargas de determinada estrutura são
transmitidas ao solo, estas provocam um
acréscimo de tensão no solo.

Edifício de grande porte.


4
1. Introdução
Compressão (mudança de volume do solo):

 Compressão das partículas sólidas;


 Compressão da água existente nos vazios do
solo;
 Compressão dos espaços vazios do solo, com
consequente expulsão da água, no caso de solos
saturados.

ADENSAMENTO
5
1. Introdução
A deformação na maioria dos solos, mesmo sob
pequenas cargas, é bem maior que a dos materiais
estruturais (aço, concreto):

 Podendo ser causada por deslocamento das partículas


sólidas, ou ainda por expulsão dos ar ou água dos
vazios;

 podendo ser produzida imediatamente ou ao longo do


tempo (solos arenosos – argilosos não saturados –
argilosos saturados);

 podendo não ser uniformes.


6
1. Introdução
 Argilas saturadas e de baixa permeabilidade.

Aterro sobre solo mole (Massocco, 2017). 7


1. Introdução
Adensamento é a redução gradual de um volume de
solo completamente saturado e de baixa
permeabilidade em consequência da expulsão de
uma determinada quantidade de água nos poros.

 Processo contínuo até que o excesso de poropressão


se tenha dissipado por completo.

 Um dos fenômeno pelo qual os recalques ocorrem.

 Para projetar uma construção, deve-se prever os


recalques a que esta estará sujeita para definir o tipo
de fundação e até mesmo o sistema estrutural a ser
adotado.
8
1. Introdução
Para estimar a ordem de grandeza dos recalques
por adensamento, deve-se:

Reconhecimento do subsolo

Nível de
Espessura Posição Natureza
água

9
1. Introdução
Para estimar a ordem de grandeza dos recalques
por adensamento, deve-se ainda:

 Conhecer a distribuição de tensões produzidas;

 Determinar propriedades e características de


adensamento dos tipos de solos existentes no local.

10
1. Introdução
Analogia Mecânica de Terzaghi P

P
Pistão

Mola Água

Cilindro

ESQUELETO SÓLIDO = MOLAS


ÁGUA INTERSTICIAL = FLUIDO DAS CÂMARAS
CANALÍCULOS = ORIFÍCIOS DO PISTÃO

11
1. Introdução

12
1. Introdução

13
2. Ensaio de adensamento
O estudo do adensamento dos solos é realizado
por meio de ensaios de compressão edométrica.

Área = 60 cm²
Altura = 2 cm.

Modelo ensaio de compressão edométrica (PINTO, 2006). 14


2. Ensaio de adensamento
Corpo da Base da
célula célula

Papéis
-filtro

Top Cap
Anel Célula contendo o solo
Pedra Porosa

Pespectiva da Célula Vista Frontal da Célula


com o Top Cap
2. Ensaio de adensamento
Braço de Alavanca

Extensômetro

Célula

Prensa para adensamento Tipo “Bishop” com relação 1:10-


(Fonte: Laboratório de Geotecnia UFPE.)
2. Ensaio de adensamento to = 0 min; Lo = 5000 .10-3 mm
t1 = 0,1 min; L1 = 4948 .10-3 mm
t2 = 0,25 min; L2 = 4945 .10-3 mm
t3 = 0,50 min; L3 = 4943 .10-3 mm

Extensômetro

tn = 375 min; Ln = 4910 .10-3mm


Top Cap
Anel

Solo Saturado

Pedras Base da
Porosas Célula
2.1 Resultados
Obtenção dos resultados:
Pressão = 2,5kPa
t L Leitura final
0 15,190
2,5 kPa 15,131
10 s 15,150
15 s 15,142 5 kPa 14,910
30 s 15,139 10 kPa 14,693
1 min 15,138 20 kPa 14,570
2 min 15,135
40 kPa 14,408
4 min 15,133
8 min 15,131 80 kPa 14,120
15 min 15,131 160 kPa 12,730
30 min 15,131 320 kPa 10,700
1h 15,131
640 kPa 9,220
2h 15,131
4h 15,131 1280 kPa 7,800
8h 15,131
24 h 15,131
18
2.1 Resultados
A compressão no solo ocorre devido a variação do
seu índice de vazios.
Conhecendo-se:
 Índice de vazios inicial do corpo de prova(𝐞𝟎 );

 A variação de altura do corpo de prova (∆𝐇 );

 A altura inicial do corpo de prova(𝐇𝟎 ):

∆𝐇
𝐞 𝐟 = 𝐞𝟎 − (𝟏 + 𝐞𝟎 )
𝐇𝟎

19
2.1 Resultados
Índice de vazios versus tensão efetiva aplicada.

Curva de adensamento. 20
2.1 Resultados
Tensão de pré-
adensamento

21
3. Argilas N.A e P.A
Causas do pré-adensamento:

 Sobrecarga;

 Rebaixamento do lençol freático.


Aumento da tensão efetiva que aumenta a
resistência do solo.

22
3. Argilas N.A e P.A
Ao comparar as tensões efetivas atuantes (𝝈′𝒗𝟎 ) no
solo no local de onde foi retirada a amostra com a
tensão de pré-adensamento (𝝈′𝒗𝒎 ), o solo poderá
ser:

 NORMALMENTE ADENSADO (N.A):


𝝈′𝒗𝒎
=𝟏
𝝈′𝒗𝟎

 PRÉ-ADENSADO (N.A):
𝝈′𝒗𝒎
>𝟏
𝝈′𝒗𝟎
23
4. Tensão de pré-adensamento
A tensão de pré adensamento é de fundamental
importância para o estudo e comportamento
das argilas, pois representa a fronteira entre
deformações pequenas e muitos grandes.

Métodos para determiná-la:

 Método gráfico de Casagrande;


 Método gráfico de Pacheco e Silva.

24
4. Tensão de pré-adensamento
 Método de Casagrande:
Traçar a curva de índice de vazios
P Q versus log da tensão.
T A partir do ponto de maior
S
curvatura da curva, ponto P, traçar
R
uma reta horizontal , reta PQ.
Traçar uma reta tangente à curva
de laboratório, reta PR.

Determinar a bissetriz, reta PS, das


retas PQ e PR.
Prolongar a reta virgem até
encontrar a reta PS.
Marcar o ponto T, interseção entre
o prolongamento da reta virgem e
a reta PS.
σ´vm A partir de T traçar uma reta
vertical obtendo σ’vm.
4. Tensão de pré-adensamento
 Método de Pacheco e Silva:
P S Q
Traçar a curva de índice de vazios
e0
A versus log da tensão.
C
B
Traçar uma reta horizontal a partir
do ponto e0, reta PQ.
Prolongar a reta virgem até
interceptar a reta PQ, reta RS.
Marcar o ponto A, interseção entre
as retas PQ e RS. E traçar a partir
de A uma reta vertical até encontrar
a curva obtida em laboratório,
ponto B.
R A partir de B traçar uma reta
horizontal até interceptar a reta RS,
ponto C.
σ’vm A partir de C traçar uma reta
vertical obtendo σ’vm.
5. Índices: recompressão (Cr) – compressão (Cc)
 Determinação de Cr e Cc:

27
RECALQUES

28
1. Introdução
 Recalque: deslocamento vertical do solo, devido
a deformação do mesmo sob a ação de uma
tensão. Pode ocorrer por adensamento ou
compressão imediata do solo.

Edifícios na orla de Santos-SP. 29


2. Recalque total
O recalque total de um solo pode ser expresso em
três parcelas:
𝐫𝐭 = 𝐫𝐞 + 𝐫𝐩 + 𝐫𝐬
 𝐫𝐞 é o recalque que ocorre imediatamente após a
aplicação da carga;
 𝐫𝐩 é o recalque devido ao adensamento primário
que ocorre em argilas saturadas e de baixa
permeabilidade;
 𝐫𝒔 é o recalque por adensamento secundário que
ocorre mesmo após a dissipação das pressões
neutras.
30
3. Recalque elástico
Teoria da elasticidade:
𝛔𝟎 . 𝐁
𝛒 = 𝐈. . (𝟏 − 𝛍𝟐 )
𝐄
 𝛔𝟎 é a carga uniformemente distribuída aplicada
na superfície;
 𝐁 é a largura ou diâmetro da área carregada;
 𝐈 é um coeficiente que leva em conta a forma e a
rigidez da carga aplicada.

Rígido – Sapata de
Flexível – Aterro (PINTO, 2006).
concreto (PINTO, 2006). 31
4. Recalque por adensamento
Os recalques por adensamento são calculados com
base na teoria do adensamento unidimensional
desenvolvida por Terzaghi.
 O solo é homogêneo e saturado;
 A compressão é o fluxo de água são
unidimensionais (vertical);
 O fluxo é governado pela lei de Darcy;
 A partículas sólidas e a água são praticamente
incompressíveis perante a compressibilidade do
solo;
 As propriedades do solo não variam durante o
processo de adensamento;
 O índice de vazios varia linearmente com
aumento da tensão efetiva. 32
5. Recalque por adensamento

A inclinação da reta
é o coeficiente de
compressibilidade
volumétrica (𝐚𝐕 ).
𝐞𝟏 − 𝐞𝟐
𝐚𝐕 =
Variação linear do índice 𝛔𝟐 − 𝛔𝟏
de vazios (PINTO, 2006).

33
5. Coeficiente de adensamento
 Coeficiente de adensamento vertical dos
solos (𝐂𝐯 ).

Depende de características do solo:


 Permeabilidade;

 Porosidade;

 Compressibilidade.

𝐤(𝟏 + 𝐞𝟎 )
𝐂𝐕 =
𝐚𝐕 . 𝜸𝐰

34
5. Recalque por adensamento
Baseado em sua teoria e nos resultados dos
ensaios de compressão edométrica, Terzaghi
propôs a seguinte equação para o cálculo dos
recalques por adensamento.

 PARA ARGILAS NORMALMENTE ADENSADAS:

𝐇𝟎 𝛔′𝐯𝟎 + ∆𝛔
𝛒= . 𝐂𝐜 . 𝐥𝐨𝐠
𝟏 + 𝐞𝟎 𝛔′𝐯𝟎

35
5. Recalque por adensamento
 PARA ARGILAS PRÉ-ADENSADAS:

 O carregamento final ultrapassa a tensão de pré


adensamento:
𝐇𝟎 𝛔′𝐯𝒎 𝛔′𝐯𝟎 + ∆𝝈
𝛒= 𝐂𝑹 . 𝒍𝒐𝒈 + 𝐂𝐜 . 𝒍𝒐𝒈
𝟏 + 𝐞𝟎 𝛔′𝐯𝟎 𝛔′𝐯𝒎

 O carregamento final não ultrapassa a tensão de


pré adensamento:
𝐇𝟎 𝛔′𝐯𝟎 + ∆𝝈
𝛒= 𝐂𝑹 . 𝒍𝒐𝒈
𝟏 + 𝐞𝟎 𝛔′𝐯𝟎

36
6. Recalque com o tempo
 Como se desenvolvem os recalques com o
tempo?

Dependem das características


do solo como coeficiente de
adensamento e também da
permeabilidade.

37
6. Recalque com o tempo
Terzaghi introduziu a equação para ó cálculo do
fator tempo (T), dada por:
𝑪𝑽 . 𝒕
𝑻=
𝐇𝐝 ²

Condições de fluxo (Bueno e Vilar, 2004).


38
6. Recalque com o tempo

Grau de adensamento (Adaptado de Pinto, 2006). 39


Exemplo
Um aterro foi construído em uma área cujo perfil de
solo é mostrado abaixo.

𝛄𝐧𝐚𝐭 = 𝟏𝟓, 𝟎 𝐤𝐍/𝐦³

𝛄𝐧𝐚𝐭 = 𝟏𝟕, 𝟎 𝐤𝐍/𝐦³

𝛄𝐬𝐚𝐭 = 𝟏𝟗, 𝟎 𝐤𝐍/𝐦³


𝛄𝐬𝐚𝐭 = 𝟏𝟗, 𝟓 𝐤𝐍/𝐦³

40
Exemplo
 Ensaios de permeabilidade por meio de ensaio de
carga variável indicaram que a argila possui um
coeficiente de permeabilidade de 𝟑, 𝟏 𝐱 𝟏𝟎−𝟕 cm/s.

 O índice de vazios inicial da argila é 1,51.

 O peso específico da água vale 10 kN/m³.

 A argila foi pré-adensada devido a uma camada


de areia que foi erodida com o tempo.

41
Exemplo
σ’vm= 130kPa
Cc = 0,61
1,600 CR = 0,12
1,500
aV = 0,0022 kPa-¹
1,400
Índice de vazios (e)

1,300
1,200
1,100
1,000
0,900

0,800

0,700
0,600
0,500
1,00 10,00 100,00 1000,00 10000,00

Tensão Vertical Efetiva (σ´v) (kPa)

42
Exemplo
Pede-se:
a) O recalque total do aterro por adensamento
primário.
b) Qual o recalque terá ocorrido após um ano (365
dias)?

43
Exemplo
a) O recalque total do aterro por adensamento
primário.
 Tensão vertical efetiva no centro da camada de
argila:
𝝈𝒗𝟎 = 𝟓𝐱𝟏𝟕 + 𝟒𝐱𝟏𝟗
= 𝟏𝟔𝟏 𝐤𝐍/𝐦²
𝛄𝐧𝐚𝐭 = 𝟏𝟓 𝐤𝐍/𝐦³

𝛄𝐧𝐚𝐭 = 𝟏𝟕, 𝟎 𝐤𝐍/𝐦³


𝒖 = 𝟒𝐱𝟏𝟎 = 𝟒𝟎 𝐤𝐍/𝐦²

𝝈′𝒗𝟎 = 𝟏𝟔𝟏 − 𝟒𝟎
= 𝟏𝟐𝟏 𝐤𝐍/𝐦²
𝛄𝐬𝐚𝐭 = 𝟏𝟗, 𝟎 𝐤𝐍/𝐦³

𝛄𝐬𝐚𝐭 = 𝟏𝟗, 𝟓 𝐤𝐍/𝐦³


∆𝝈 = 𝟒𝐱𝟏𝟓 = 𝟔𝟎 𝐤𝐍/𝐦²

44
Exemplo
a) O recalque total do aterro por adensamento
primário.
Tensão final atuante: 121 +60 = 181 kN/m²
Tensão de pré-adensamento = 80 kN/m²

𝐇𝟎 𝛔′𝐯𝒎 𝛔′𝐯𝟎 + ∆𝝈
𝛒= 𝐂𝑹 . 𝒍𝒐𝒈 + 𝐂𝐜 . 𝒍𝒐𝒈
𝟏 + 𝐞𝟎 𝛔′𝐯𝟎 𝛔′𝐯𝒎

𝟖, 𝟎 𝟏𝟑𝟎 𝟏𝟖𝟏
𝛒= 𝟎, 𝟏𝟐. 𝒍𝒐𝒈 + 𝟎, 𝟔𝟏. 𝒍𝒐𝒈
𝟏 + 𝟏, 𝟓𝟏 𝟏𝟐𝟏 𝟏𝟑𝟎

𝛒 = 𝟎, 𝟑𝟎 𝐦
45
Exemplo
b) Qual o recalque terá ocorrido após um ano (365
dias)?
𝑪𝑽 . 𝒕
𝑻=
𝐇𝐝 ²

𝐤(𝟏 + 𝐞𝟎 ) 𝟑, 𝟏 𝐱 𝟏𝟎−𝟗 (𝟏 + 𝟏, 𝟓𝟏) −𝟕


𝐦²
𝐂𝐕 = = = 𝟑, 𝟓𝟒 𝐱 𝟏𝟎
𝐚𝐕 . 𝐲𝐰 𝟎, 𝟎𝟎𝟐𝟐. 𝟏𝟎 𝐬
= 𝟎, 𝟎𝟑 𝐦2 /𝐝𝐢𝐚
𝟎, 𝟎𝟑. 𝟑𝟔𝟓
𝑻= = 𝟎, 𝟔𝟖𝟒
𝟒²

𝑼 = 𝟖𝟓%

Recalque em um ano = 0,30 x 0,85 =0,26 m


46

Você também pode gostar