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A arte de permanecer casados

Texto básico: Mateus 19. 03 ao 06


Versículo-chave: Mateus 19. 06
Alvo da lição:
Ao estudar esta lição, você se dedicará de modo sábio e cristão à manutenção
de um casamento saudável.
A lição de hoje trata de alguns princípios sobre a manutenção do casamento:

1. Casamentos são realizados com a previsão de durarem a vida toda.


2. Os casamentos não duram a vida toda naturalmente, sem algum esforço e
cuidado.
3. Devemos descobrir e tomar atitudes claras e eficazes para que o casamento
seja durável.
O estudo da lição não tem a intenção de acusar ou trazer um peso ainda maior
aos que experimentaram o divórcio. O fato é que mesmo as pessoas que
passaram por divórcio entendem que o casamento é feito para durar toda a
vida. Também não teremos segredos garantidos e fáceis para as pessoas
permanecerem casadas, mas alguns princípios que tenham fundamento na
palavra de Deus, e que poderão ajudar na construção de casamentos mais
saudáveis e mais duráveis.

Nossa lição evitará o trabalho de defesa da durabilidade do casamento, e se


dedicará a oferecer orientações básicas que ajudem as pessoas “na arte de
permanecerem casadas”.

I. Casamentos duráveis demonstram presença


equilibrada de amor e compromisso (Mc 10.7-
8)
Aqueles que são casados há muitos anos, geralmente, testemunham que “só o
amor não sustenta uma relação”. Aqueles que se separaram um dia
demonstram na prática que “só o compromisso não sustenta uma relação”.
Ainda assim, ambos concordarão que uma relação duradoura depende tanto
de amor como de compromisso – muito amor, e compromisso firme!

A maneira bíblica de descrever compromisso no casamento está na célebre


frase proferida em Gênesis (2.24-25) e pelo próprio Senhor Jesus: “Por isso,
deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher, e, com sua
mulher, serão os dois uma só carne” (Mc 10.7-8). Duas expressões são
especialmente contundentes ao ensinarem a intensidade do compromisso:
“unir-se” e “uma só carne”. Segundo os estudiosos, “unir-se” tem o
significado de um elo forte que não será jamais quebrado, envolvendo duas
características: lealdade inabalável e amor ativo, permanente, que não
desiste. Do outro lado, tornar-se uma só carne (que inclui relação sexual e
todas as dimensões adicionais afetivas e físicas) significa uma natureza de
união tão forte que seria impossível desunir (separar, cortar, dividir) sem que
marcas profundas sejam manifestas. Para se ter uma ideia da natureza desse
modelo de união, a Bíblia o chama de mistério e declara ser essa a
representação mais completa do relacionamento entre Cristo e Sua igreja (Ef
5.31-32).
Um compromisso de tamanha magnitude e com tamanhas implicações não é
assumido com facilidade. Por isso, alguns chegam a temer o casamento. A
base do comprometimento tem que ser o amor, pois ele expulsa o medo (1Jo
4.18 NVI). Desse modo, enquanto o compromisso dá sustentação para o
sentimento de amor, o amor torna possível a manutenção do compromisso.

II. Casamentos duráveis pedem manutenção


sistemática
A atitude própria de todas as pessoas que adquirem um bem durável é
programar-se para o natural cuidado de sua manutenção. Assim fazemos
quando adquirimos uma casa, um carro ou mesmo algum eletrodoméstico. Na
verdade, até mesmo a garantia da maioria dos bens depende de sua
manutenção adequada. O mesmo acontece quando se deseja construir um
casamento durável. Sem manutenção adequada, os casamentos se tornam
vulneráveis e frágeis.

Entre as diversas formas de se cuidar da manutenção de um casamento, duas


serão destacadas aqui.

1. Disposição e capacidade de lidar com conflitos


Podemos evitar muitos dos conflitos que surgem no casamento bastando para
isso uma atitude mais cuidadosa por parte de cada um de nós. A disposição
para aceitar as diferenças, por exemplo, diminui de modo decisivo o potencial
de um casal para se envolver em conflito – homens são diferentes de mulheres
(que bom!), pessoas criadas na família “A” são diferentes de pessoas criadas
na família “B”, e assim por diante. Nossas diferenças se manifestam na
maneira como reagimos aos problemas, na escala de valores da família, no
gosto por alimentos, ambientes, humor e de tantas outras maneiras. Há casais
que não conseguem conviver porque um dos cônjuges deseja mudar o outro e
fazê-lo ser exatamente igual a ele. Há casos em que a disposição para
“implicar” com o outro e com a maneira de ele ser e perceber as coisas acaba
por tornar insustentável a vida comum.

O texto de 1Pedro 3.1-7 (NVI) oferece exemplo de postura favorável para


lidarmos com as diferenças quando orienta as mulheres cristãs a tratarem até
mesmo com um marido que não obedece à Palavra: “Do mesmo modo,
mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, a fim de que, se ele não
obedece à palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua
mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês” (v.1-2). O
ensino alcança diversas áreas da vida familiar, e orienta também os homens a
serem sábios no convívio com a própria esposa… “e tratem-nas com honra,
como parte mais frágil e coerdeiras do dom da graça da vida…” (v.7).
2. Habilidade de lidar com mudanças necessárias e inevitáveis
Além das questões que podem ser vistas como “diferenças”, o casamento
inclui enganos, erros e pecados por parte dos membros da família. O fato é
que somos pecadores! A maneira como lidamos com os nossos próprios erros e
com os erros do cônjuge será fundamental para definir a continuidade
saudável do casamento. Isso significa aprender a pedir perdão (embora os
exemplos bíblicos sejam tantos, temos a tendência de achar que é humilhante
pedir perdão, e acabamos optando por atitudes prejudiciais ao casamento,
como negar, “deixar o tempo passar”, ficar irritado quando confrontado,
culpar o outro, etc.), ter capacidade para entrar em acordo com o outro e
disposição para perdoar. A Bíblia nos ensina que devemos ser “uns para com
os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como
também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4.32). Do outro lado, se existe um
lugar em que deve ser aplicado o ensinamento de Jesus a Pedro segundo o
qual devemos perdoar nossos irmãos até “setenta vezes sete”, esse lugar é no
casamento.
A atitude de perdão, segundo a Bíblia, é antecedida por uma cuidadosa
advertência contra os pecados relacionais que nos dividem e fazem nascer
conflito. Em Efésios 4.25-31, somos exortados a ser cuidadosos para “não
mentir uns aos outros (v.25), não nos entregar à raiva de uns para com os
outros (v.26-27), não roubar uns dos outros (v.28), não dizer palavras que
machuquem uns aos outros (v.29), e viver (inclusive em casa) de maneira que
permaneça “Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e
blasfêmias, e bem assim toda malícia” (v.31).
III. Casamentos duráveis recebem
investimentos constantes
Um casamento saudável não se sustenta “naturalmente”, sem investimento.

1. De natureza física
Resumidamente, o investimento no casamento inclui o cuidado com o corpo
(higiene, saúde, aparência…) e o uso de todas as potencialidades do corpo,
incluindo as expressões físicas de carinho (de caráter sexual ou não).

2. De natureza emocional
Podemos investir no casamento também por meio do uso adequado das
emoções, especialmente quando oferecemos ao outro a segurança de que é
importante, especial, alvo de amor. O livro de Cantares tem sido usado como
um verdadeiro manual de investimento físico e emocional no casamento.

3. De natureza espiritual
Felizes são os casais que oram um pelo outro e juntos, que leem a Bíblia e
cultuam juntos e que, especialmente, são capazes de aplicar os ensinamentos
da palavra de Deus nas atitudes diárias e em todas as dimensões do
relacionamento conjugal (veja Tg 1.22).

A Bíblia trata bastante desse tipo de relacionamento de cumplicidade e


proximidade.
 Eclesiastes 4.9-12 registra que “Melhor é serem dois do que um, porque têm
melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro;
ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante.
Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se
aquentará?”
 Provérbios 31 apresenta uma mulher chamada de virtuosa e diz que a vida em
família é muito agradável, entre outras razões, porque o marido confia na
mulher (v.11), e “ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua
vida” (v.12).
 1Coríntios 13 lembra-nos ainda que, havendo amor, há paciência nos
momentos de sofrimento, confiança, e disposição para esperar e suportar as
eventuais lutas da vida (v.7).
Conclusão
Nesta lição estudamos sobre a arte de permanecer casados – um casamento
durável, para a vida toda. Dois lembretes são importantes. Primeiro, que a
vida é curta, e devemos gozá-la com discernimento e alegria, sempre que
possível, na companhia da pessoa com quem nos casamos. Segundo, que não
basta ter um casamento duradouro. É preciso viver bem, com alegria e
felicidade. Mais do que aparências e convenções sociais, é preciso construir
relacionamento saudável e feliz, de modo que permanecer casados seja um
privilégio, uma alegria, e não um dever enfadonho e sofrido.

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