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Barnabé, homem de Deus (Atos 4.

32-37)

A comunidade cristã

32 Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava

exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era

comum. 33 Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do

Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. 34 Pois nenhum

necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas,

vendendo-as, traziam os valores correspondentes 35 e depositavam aos pés dos

apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha

necessidade.

A oferta de Barnabé

36 José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer

filho de exortação, levita, natural de Chipre, 37 como tivesse um campo,

vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.

Todos os anos a IECLB define um tema para que possa ser trabalhado naquele ano.
No ano passado o tema era: “Viver o batismo - dons a serviço”. Este ano estamos
encerrando o tema “Amar a Deus e as pessoas”. Na mensagem de hoje eu quero
fazer uma recapitulação desses dois temas partindo da história da vida de Barnabé,
um cristão do primeiro século.
O evangelista Lucas fala da comunidade cristã do tempo dos primeiros apóstolos e
destaca como eles possuíam tudo em comum, ou seja, ninguém se considerava
dono daquilo que era seu, porque entendiam que não fazia sentido possuir bens se
estes não pudessem estar também a serviço do próximo. Os versículos que lemos
falam de bens materiais, mas veremos que essa disposição de se doar não se
revelava apenas no que era material, mas ainda mais, naquilo que não se podia
tocar.
O texto dá destaque a esse cristão chamado Barnabé, como um exemplo do que
ocorria na comunidade dos primeiros cristãos.
Barnabé foi lembrado no tema do ano de 2021 como um exemplo de quem viveu o
batismo, colocando seus dons à serviço. Percebemos isto tanto no nome Barnabé
como no seu exemplo de vida. Na realidade seu nome era José, mas era chamado de
‘Barnabé’ pelos apóstolos e assim ficou conhecido na história da igreja. O apelido
Barnabé significa ‘filho da exortação’ ou ‘filho da consolação’ – certamente porque
Barnabé era uma pessoa que demonstrava o dom de animar e encorajar outras
pessoas, o dom de confortar e ajudar no sofrimento. Animar, encorajar, confortar,
ajudar são os dons que Deus concedeu a Barnabé. E a biografia de Barnabé nos revela
seus dons em ação.
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Naquela época, naquela região, a situação de dificuldade das pessoas, inclusive
dos cristãos era de sofrimento com miséria, fome e doenças. Só que no meio dos
cristãos o apoio que cada um oferecia ao próximo e a fé que eles viviam amenizava
e até solucionava muitos problemas. Os que possuíam mais, já não se
consideravam donos e repartiam.
Como cristãos se vemos alguém passando por dificuldade em nossa comunidade
precisamos estar prontos para colocar nossos bens e nossos dons à disposição.
Mas, às vezes, quando a nossa comunidade passa por bons momentos, nada falta,
esquecemos que em outros lugares há irmãos e irmãs que sofrem.
Vamos novamente observar um exemplo de Barnabé. Quando se soube notícias de
que havia cristãos em Antioquia, Barnabé foi enviado para lá apoiar aqueles irmãos
no que se referia ao ensino do evangelho. Penso que o exemplo e ensino de Barnabé
quanto a servir ao próximo encontrou lugar nos corações daqueles cristãos, pois
quando se soube que uma fome terrível estava para chegar, os irmãos da Antioquia
lembraram dos irmãos de Jerusalém que eram mais pobres. (Atos 11)
Dizem os pesquisadores que este foi um tempo prolongado de seca que afetou as
colheitas. Barnabé, juntamente com Paulo, estava na cidade de Antioquia, uma cidade
muito rica e próspera (...) (e) animaram as comunidades cristãs para recolher uma
oferta e ajudar as comunidades cristãs em Jerusalém, que estavam passando por
grande necessidade.
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Mas, o serviço de Barnabé não se limitava à caridade. Antes desse episódio da
coleta para os pobres de Jerusalém nós vemos a importância de Barnabé para o
apóstolo Paulo, logo após sua conversão.
Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o
temiam, não acreditando que ele fosse discípulo. Mas Barnabé, tomando-o consigo,
levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este
lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. (Atos
9.26-27)
Além do dom da coragem, percebemos aqui em Barnabé o dom da reconciliação:
facilitando o diálogo entre pessoas que antes eram inimigas.
Passado um tempo depois, voltando àquele episódio da Antioquia (Atos 11), Paulo
estava isolado em Tarso, porque precisou sair de Jerusalém devido a perseguição.
Na missão de cuidar da igreja de Antioquia, Barnabé lembra de Paulo e o traz para
desenvolverem juntos o ministério.
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https://www.luteranos.com.br/conteudo/barnabe-colocando-dons-a-servico
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https://www.luteranos.com.br/conteudo/barnabe-colocando-dons-a-servico
E assim aconteceu. Paulo aceitou o desafio e foi conviver com Barnabé durante um
ano inteiro na Antioquia. Os resultados foram muito bons. Animado por Barnabé,
Paulo ensinava sobre Jesus e muitas pessoas foram acolhidas na comunidade. Num
momento seguinte, a comunidade cristã em Antioquia confiou a Barnabé e Paulo a
levar a mensagem de Jesus adiante, para outras cidades e regiões do império
romano.3
Mais tarde, em uma dessas viagens ocorreu um desentendimento entre Paulo e o
sobrinho de Barnabé, que era João Marcos. Barnabé de um espírito mais
intermediador e reconciliador, queria dar ao sobrinho uma nova chance. Por causa
desta divergência, Paulo e Barnabé se separaram, cada qual seguindo seu caminho.
Esse desentendimento, porém, não impediu o trabalho de cada um deles. Mas
sabemos, através das cartas de Paulo, que mais tarde houve uma reconciliação: na 1ª
carta aos Coríntios, Paulo menciona Barnabé como exemplo de pessoa à serviço da
missão de Deus (1Co 9.6) e na carta a Filemom Paulo se refere a João Marcos como
um parceiro, viajando junto com Paulo e outros colaboradores na missão de Deus (Fl
24).
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Essas são as informações que temos de Barnabé. São poucos trechos do livro de
Atos, mas que dizem muito. A entrega de Barnabé não somente de suas posses
materiais, mas de sua vida para a libertação do próximo por meio do evangelho nos
inspira e nos deixa envergonhados quando a nossa fé não resulta em ações de
servir a Deus e ao próximo. Domingo passado, na aula do ensino confirmatório falei
sobre o povo de Deus e o objetivo da aula era mostrar a eles que o povo de Deus
surgiu a partir do povo liberto da escravidão do Egito e que confessavam que Deus o
tirou de lá e entender que nós também somos parte do povo de Deus. Assim,
quando falamos de barnabé e o reconhecemos como homem de Deus devemos
também entender que fomos chamados para sermos homens e mulheres de Deus.
Não como se fosse um título de nobreza, mas como a evidência da nossa ação
movida pelo Espírito Santo. Nós cantamos hoje, Vento que anima, em uma
recordação daquele vento do Espírito que soprou nos discípulos no pentecostes,
Espírito Santo que moveu aquela comunidade, que possibilitou aqueles homens e
mulheres viverem em prol do Deus e do próximo, porque pela nossa natureza
humana nós somos egoístas, não queremos dividir, mas queremos acumular.
Espírito Santo esse que nos impele a amar. E, assim, eu quero terminar conectando
com o tema que está se encerrando esse mês que é “Amar a Deus e as pessoas”
lendo o resumo de uma prédica de Martinho Lutero que diz assim:
Se queres servir a Deus, isto não pode acontecer de outro modo do que amando a
Deus e ao próximo. Esta é uma doutrina admirável: se fazes o bem a teu próximo estás
prestando culto ao próprio Deus. Não teremos desculpas, pois se trata de uma
doutrina claríssima!

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https://www.luteranos.com.br/conteudo/barnabe-colocando-dons-a-servico
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https://www.luteranos.com.br/conteudo/barnabe-colocando-dons-a-servico
Pois aqui está escrito: o segundo, é semelhante ao primeiro. Assim, quem ama o
próximo, ama a Deus. Por isso, no dia do julgamento irá valer: se tiveres servido teu
próximo, também terás servido a mim.
Pois quem quer servir a Deus não deveria correr para o mosteiro, mas permanecer
entre as pessoas e servi-las da melhor forma possível - e assim ter a certeza de estar
servindo a Deus; pois ele te ordenou e disse: o segundo, é semelhante ao primeiro.
Esta é a principal lição do evangelho de hoje. Deus permita que a acolhamos de
coração e que cada qual sirva seu próximo como a Deus mesmo. Desta forma o mundo
todo seria um grande culto... todos seríamos servos e servas de Deus
... e cada lar seria uma verdadeira igreja na qual acontece verdadeiro culto a Deus.
Mas ninguém leva este mandamento a sério. Ninguém quer amar ao próximo. Cada
qual só está interessado em servir-se a si próprio e tirar o máximo de proveito de tudo.
Invés de servir a Deus através do amor ao próximo, o mundo serve ao diabo, por não
amar e respeitar o próximo.
Aprendam aqui que a pessoa que serve seu próximo da melhor maneira não serve
apenas o próximo mas o próprio Deus no céu. Aqui está escrito que Deus aceita este
serviço como realizado para ele mesmo. Caso contrário, Cristo não teria dito: o
segundo, é semelhante ao primeiro.
Do mesmo modo como podes tornar este lugar um paraíso e um céu quando serves
teu próximo (pois o mesmo significa servir a Deus no céu), se não o servires então
transformas este mundo num inferno e serves ao diabo.
Por isso é necessário que aprendamos [a lição do evangelho] e nos exercitemos no
amor ao próximo. Foi por isso que Deus nos deu boca, olhos, mãos, pés, dinheiro, bens,
razão e muita outra coisa – para obedecer seu mandamento e permanecer a serviço.5
Que Deus nos ajude a amar a Deus e as pessoas “não de palavra, nem da boca para
fora, mas de fato e de verdade” 1Jo. 3.18

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https://www.luteranos.com.br/textos/tema-do-ano/subsidio-liturgico-para-o-tema-do-ano-2022

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