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FUNDAMENTOS DA NOSSA CONFISSÃO

JUSTIFICAÇÃO I

ROMEU BORNELLI

Irmãos, vamos abrir as nossas Bíblias, na Epístola de Paulo aos


Romanos, cap. 1. Vamos ver os versos 16 e 17. 16 ¶ POIS NÃO ME
ENVERGONHO DO EVANGELHO, PORQUE É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DE
TODO AQUELE QUE CRÊ, PRIMEIRO DO JUDEU E TAMBÉM DO GREGO; 17 VISTO QUE A
JUSTIÇA DE DEUS SE REVELA NO EVANGELHO, DE FÉ EM FÉ, COMO ESTÁ ESCRITO: O
JUSTO VIVERÁ POR FÉ.
Pai. Agradecemos a Ti, porque podemos nos reunir contigo.
Obrigado porque temos a Tua habitação em nosso meio. O Senhor é
nosso motivo e nossa intenção, nosso foco, nosso centro e nosso fim.
Desejamos em tudo Te ver, em tudo Ti conhecer, em tudo Ti tocar.
Concede Senhor agora, nesse tempo diante da palavra, uma
oportunidade de vermos a Tua pessoa com mais clareza. Pedimos ao
Senhor que tome em tuas mãos a direção desse tempo e possa
ministrar aos nossos corações, progredindo Senhor o Teu trabalhar em
nós, fazendo-nos igreja gloriosa, moldada à imagem do Teu Filho,
conforme o Teu eterno propósito. Pedimos em nome de Jesus. Amém.

Irmãos, nós vamos iniciar hoje e ter alguns períodos em torno de


mais um assunto na seqüência do que já temos compartilhado. Nós
encerramos algumas notas, na verdade, a respeito da Expiação, na
reunião anterior. Hoje nós vamos iniciar algumas notas também, uma
visão, mesmo que panorâmica, nada de forma muito aprofundada, mas
de forma clara, esperamos diante do Senhor, uma visão a respeito da
Justificação pela Fé.
Temos dito aos irmãos que de forma sintética, podíamos
selecionar oito alicerces da nossa fé ou da nossa confissão, e como esse
é um assunto muito central na vida da igreja, então creio que o Senhor
depositou esse encargo no meu coração, para que nós passássemos um
a um, de todos esses oito alicerces. Já tínhamos há um bom tempo
atrás estudado os primeiros, o que se refere à Trindade, e o que se
refere à Encarnação. A pessoa e obra de Cristo, a Encarnação, e na
reunião anterior, nós falamos um pouco mais relativo à obra de Cristo
propriamente, a Expiação. Então, nós terminamos esse terceiro item,
esse terceiro alicerce. A Trindade então primeiro, a Encarnação o
segundo e a Expiação - a obra expiatória de Cristo - como terceiro
alicerce.
Hoje nós vamos começar o quarto grande alicerce, que é a
Justificação pela Fé. Irmãos, a nossa compreensão a respeito desse
alicerce é tão fundamental, quanto a nossa compreensão a respeito da
natureza da própria igreja. Quando nós viermos a tocar mais na frente,
final deste esboço todo que temos feito, mais no final, abordando
verdades relativas ao corpo de Cristo que é a igreja, nós iremos ver, não
somente neste ponto, mas também nos outros que virão, a importância
deste quarto alicerce, da nossa visão clara sobre a justificação pela fé.
Os irmãos que tiveram aqui na reunião anterior, o irmão Paulo abordou
algo a respeito deste alicerce, na reunião passada e ele lembrou uma
frase a respeito de Martinho Lutero, de quem eu gostaria de colocar
algumas notas importantes na reunião de hoje, ele lembrou que
Martinho Lutero disse que esse era o alicerce fundamental da vida da
igreja: a Justificação pela Fé. Tão fundamental que uma igreja
permaneceria de pé, ou cairia, baseado, baseado, exclusivamente,
nesse alicerce. Justificação pela Fé. Então nós podemos dizer que esses
que vem antes e esses que vem depois, eles como que trazem todo o
peso a este quarto alicerce Justificação pela Fé. É importantíssimo
termos uma visão do Deus triuno senão nem mesmo compreendemos a
obra expiatória de Cristo. Não dá para compreender a obra expiatória de
Cristo sem uma visão da triunidade de pessoas em Deus. Nós não
podemos compreender a encarnação então, da segunda pessoa da
Divindade, o Filho, sem é claro, compreendermos que em Deus há três
pessoas embora haja uma única essência. Não três deuses, mas um
Deus. E a segunda pessoa deste Deus, sendo Deus, se fez carne. O
Verbo encarnado de Deus. A Encarnação. Nós não podemos
compreender a Expiação - terceiro alicerce - sem essas visões
anteriores: Trindade e da Encarnação. Quem foi aquele que realizou
Expiação por nós? Por que ela é tão eficaz? Por que essa Expiação é tão
perfeita, como o livro de Hebreus diz? Por que é que ela foi feita uma
vez por todas e não precisa ser repetida ano após ano, como eram
aqueles sacrifícios do Velho Testamento? Por que? Por causa da Pessoa
que realizou aquela expiação. Quem foi essa Pessoa? A Pessoa Divina e
humana de Cristo. Então os irmãos vejam que é uma corrente de elos.
Uma verdade está amarrada à outra. Trindade, primeiro grande alicerce
da igreja. Encarnação: o Verbo ou o Filho, a segunda pessoa do Deus
triuno, se fez carne e habitou entre nós. A Terceira: esse Verbo, o Filho
encarnado, foi à cruz e realizou uma obra expiatória. Singular. Obra
baseada na qual nós podemos ser recebidos por Deus e aceitos por
Deus. A Expiação é a base da Justificação. Seria o quarto alicerce que
nós vamos começar a estudar hoje. Uma corrente de elos. Não podem
ser separadas. As verdades que vão se seguir da mesma forma. Depois
nós vamos ver sobre a ressurreição de Cristo, quão sólido é esse
alicerce nas escrituras. Cristo ressuscitou. Depois nós vamos ver o
Espírito Santo, o Corpo de Cristo, Supremo propósito de Deus. Então
irmãos hoje, apenas como uma introdução, nós vamos ver alguma coisa
relacionada à pessoa de Lutero e o que Deus fez usando, de uma forma
magnífica, esse vaso chamado Martinho Lutero, para trazer, naquela
época de tanto conflito, de tantas trevas, de tanta confusão teológica,
uma visão clara a respeito da Justificação pela Fé.
Irmãos nós temos uma tendência muito natural de cultuar heróis.
Essa é uma tendência do homem. O homem precisa do mito, mas na
vida cristã, nós não temos esse ímpeto natural do coração. Nós não
cultuamos heróis. A única pessoa a quem cultuamos é o Deus feito
carne, que é o único digno de culto. Então nós não estamos cultuando
Martinho Lutero. Ele era um pecador como nós, mas o que Deus fez em
Martinho Lutero, a obra da graça, como ele forjou aquele vaso de uma
forma muito especial, nós vamos ver, para que essa verdade da
justificação pela fé, se tornasse clara nos seus pontos essenciais.
Irmãos. Algumas pessoas pregaram verdades importantes por
todo o tempo da história da igreja, muitas verdades importantes, mas
reparem os irmãos que se interessam pela história da igreja, que tem
estudado esse assunto, percebam os irmãos que em alguns momentos,
Deus une de uma forma muito impressionante uma verdade, vamos
chamar de teológica, uma verdade essencial, uma verdade de alicerce,
que Ele quer trazer à luz, Ele une de uma forma impressionante às vidas
de alguns homens, de tal forma que aqueles homens não se tornam
apenas anunciadores daquela verdade, não apenas pregadores, como
que vamos dizer de segunda mão. Mas esses homens se tornam, eles
mesmo, uma expressão daquela verdade viva. Isso é muito
impressionante em alguns homens. Não em todos, em alguns homens.
Por exemplo, o apóstolo Paulo foi um desses. Quando os irmãos lêem a
Bíblia, estudam a história de Paulo, os irmãos podem ver claramente
que Deus ali, estava conquistando, não apenas um pregador para si.
Muito antes disso. Deus estava conquistando um vaso para si. E naquele
vaso ele iria refletir aquelas verdades que então seriam pregadas com
tanto poder. E todas as vezes que Deus faz isso irmão, uma obra
diferenciada é produzida, porque irmão nós cremos que há poder no
simples anúncio da palavra de Deus. A palavra de Deus tem poder por si
mesma. A palavra de Deus tem poder nela mesma. Ela é viva e ela é
eficaz, mas em todos momentos em que Deus une, vamos chamar de
uma forma singular, a verdade, a visão, a palavra, de uma forma muito
intrínseca à pessoa que a anuncia, aquela verdade é proclamada de uma
forma muito mais poderosa, muito mais efetiva. Isso aconteceu, por
exemplo, com Paulo. Lembra quando Paulo caiu naquela estrada de
Damasco, ficou cego, ele é levado até Ananias para ser batizado.
Lembra o que o Senhor fala para Ananias, quando Paulo estava sendo
conduzido para lá? Ananias, de certa forma, ficou com medo de receber
ali o Saulo de Tarso que era o grande perseguidor dos cristãos. Ele
mesmo levava cartas das autoridades para aprisionar, torturar e até
matar cristãos na cidade de Damasco. Ele estava naquele caminho
quando ele foi derrubado naquela estrada. Ele ouviu aquela voz: ATOS
9:4 E, CAINDO POR TERRA, OUVIU UMA VOZ QUE LHE DIZIA: SAULO, SAULO, POR QUE
ME PERSEGUEs? Ele viu então que aquele Senhor, Jeová, que falava com
ele era o próprio Jesus, que Ele assim se anunciou a ele. 5 ........... E A
RESPOSTA FOI: EU SOU JESUS, A QUEM TU PERSEGUES. Os irmãos vejam que
aquele homem fica cego três dias. Depois ele é levado a Ananias. O
Senhor prepara Ananias para receber Paulo. O Senhor fala com Ananias
também antes que Paulo chegue lá na sua casa. E o Senhor fala para
Ananias que ele não deveria temer em receber ali o Saulo até então,
porque aquele seria para Ele uma vaso escolhido para anunciar o Seu
nome entre os gentios e entres nações. Irmãos, de forma paralela, o
Senhor fez a mesma coisa com Martinho Lutero. Muito linda a vida deste
homem e o que Deus preparou forjando aquela natureza humana, um
pecador com nós, claro, uma história de pecado como a nossa, como
Deus forjou a vida humana daquele vaso, para que de uma forma muito
singular como ninguém, nenhum dos seus contemporâneos, nem
antecessores, e nem sucessores imediatos, ele pode se comparar. Ele é
maior do que todos eles, até mesmo de Calvino. Lutero foi aquele
grande leão da Reforma. Ele é considerado o maior teólogo do século
XVI, maior mesmo do que João Calvino, por causa da forma como Deus
preparou aquele vaso e usou aquele homem.
Quando ele tinha vinte e um anos de idade - o que será que você
estava fazendo com vinte e um anos de idade? - Lutero nessa idade já
estava no monastério, em 1505, com vinte e um anos de idade, e
irmãos, a experiência que o levou ao monastério, já que ele era um
católico romano praticante, foi muito impressionante. Ele passou por
uma tempestade literal na sua vida. E naquela tempestade, ele fez um
voto, ali na sua visão que ele praticava, um voto a santa Ana, e na sua
biografia posterior fica claro, que naquela tempestade terrível que ele
passou o seu grande medo não era a grande a morte, mas o seu
despreparo diante da morte. Quando você estuda a sua biografia, e
tantas biografias há de Lutero, tanto comentário dele a respeito da
história da igreja, você vê de forma clara, que o medo de Lutero não era
morte, mas era o seu despreparo diante da morte. Então quando ele
passou por aquela tempestade, aos vinte e um anos de idade, ele faz
um voto de que ele iria para um monastério. Ele foi para o monastério,
com essa finalidade, se preparar para a morte, ou em outras palavras,
se fazer aceitável à vista de Deus. Percebam essa frase, irmãos! Se
fazer aceitável à vista de Deus, porque ele foi uma pessoa educada
religiosamente, tinha uma visão de um Deus pessoal, santo, de um
Deus pessoal justo, justíssimo, santíssimo, diante do qual todas as
almas compareceriam, e aos vinte e um anos, Lutero já se atormentava
com essa situação. Então quando ele passou por essa tempestade, fez
esse voto, foi ao monastério, Deus usou aquela tempestade literal na
vida de Lutero para que mostrasse a ele então, o seu despreparo diante
da morte, aos vinte e um anos de idade, idade que a grande e
esmagadora maioria das pessoas nem ao menos está pensando em
morte, o que dirá se preparar para a morte. Então aos vinte e um, ele
vai para o monastério. Irmão, segundo ele próprio diz, nas suas citações
autobiográficas, quanto mais naquele monastério ele se dedicava a
tornar Deus satisfeito com ele, mais ele se deprimia. Havia pelo menos
duas características que Deus forjou na vida daquele homem, já que o
Salmo 139 nos diz que todos os nossos dias estão escritos no Livro do
Senhor. Aquele Salmo diz que no ventre da nossa mãe foram tecidos os
nossos ossos, e o Senhor era quem zelou e trabalhou naquela nossa
substância ainda informe como diz aquele Salmo e então irmãos,
quando olhamos para a vida dele, como de muitos outros homens de
Deus, nós vemos esse trabalhar maravilhoso. Lutero chegou ao
conhecimento de Deus mais tarde, com os seus vinte e poucos anos.
Deus já conhecia Lutero, antes da fundação do mundo. Então Ele
preparou aquele vaso com características naturais inclusive, muito
significativas, onde duas delas eram muito impressionantes e evidentes
na sua vida, já aos vinte e um anos de idade. A primeira delas, uma
consciência extremamente sensível. Como eu disse aos irmãos, aos
vinte e um anos de idade, as pessoas não se importam com nada, a não
ser com a sua própria vida e com os prazeres da sua vida. Lutero já se
preocupava com a sua morte e com o seu encontro com Deus, aos vinte
e um anos de idade. Uma consciência extremamente sensível, forjada
ali pelo trabalhar da graça de Deus, embora ele ainda não conhecesse a
Deus. Deus já o conhecia. Essa era a primeira marca impressionante da
vida de Lutero. A sensibilidade da sua consciência. Alguns dos seus
biógrafos diz que ele era, por isso, tendente à depressão. Ele teve
surtos de depressão, várias vezes na sua vida. A segunda característica
que o Senhor formou naquele vaso, foi a sua tremenda austeridade e
disciplina. Como eu disse, aos vinte e um anos de idade, nenhum jovem
se preocupa com outra coisa, senão viver a sua vida. Lutero, com essa
idade, já estava martirizando, impondo flagelos ao seu corpo para se
purificar, para se tornar aceitável e agradável a Deus. Ele foi para
aquela cela de mosteiro com vinte e um anos, vivendo uma vida de
jejuns, de austeridade com o próprio corpo. Mais tarde ele diz na sua
biografia que reconhece que os seus jejuns prolongados e seu extremo
ascetismo - austeridade com o seu próprio corpo - geraram na sua vida
danos permanentes, uma fraqueza física permanente. Irmãos, e quanto
mais ele fazia isso e praticava esses jejuns, e deitava no chão sem
roupa da sua cela fria, gelada, para que pudesse martirizar o seu corpo,
e se purificar e se expurgar de maus pensamentos, de impurezas e
voltar o seu espírito mais para Deus, quanto mais ele fazia isso, mais
condenado ele se sentia, porque ele percebia que quanto mais austero
ele era consigo mesmo, mais a sua consciência era sensível a questões
que ele entendia que nunca poderiam ser plenamente abordadas diante
de Deus, ou confessadas diante de Deus. Ele cria na confissão como era
ensinado no catolicismo romano. Ele se confessava continuamente
àqueles então sacerdotes designados para isso, seus confessores. Mas
ele entendia, na sua consciência, que ele nunca poderia confessar de
forma abrangente, absoluta, todos os seus pecados, já que os pecados
não eram apenas frutos de ações exteriores, mas eram resultados de
algo na sua natureza que permeava todo o seu ser, e então ele entendia
que num simples pensamento de uma fração de segundo ele poderia
pecar contra Deus. Ele não poderia estar se confessando em cada
milésimo ou centésimo de fração de segundo se a sua consciência o
estivesse acusando. Então ele viu uma completa impossibilidade em ser
purificado de forma absoluta e consistente dos seus pecados. Ele cria na
confissão, conforme a sua doutrina católica, mas ele não cria na solução
final conferida pela confissão.
Então os irmãos vejam como Deus trabalhou nesse homem, usou
a sua consciência para levá-lo até à depressão, até ao fundo de si
mesmo, uma compreensão tão delicada e tão profunda do que é a
natureza humana e do que é o pecado para que Deus pudesse usar esse
homem com relação a essa verdade que nós vamos vir a abordar da
Justificação pela Fé. E nós vamos ver que, sem esse pano de fundo, nós
pouca compreensão podemos ter sobre a Justificação pela Fé, porque é
exatamente Justificação pela Fé que toca essas questões ligadas à
consciência. Todos nós irmãos, que de uma forma ou de outra, em um
nível ou outro, mais ou menos profundamente, já lutamos com essas
questões em nossas vidas, compreendemos o poder dessa visão da
Justificação pela Fé. Agora, aqueles que nunca lutaram com isso,
mesmo de que forma leve, mesmo que de forma tênue, talvez nunca
tenham se convertido, porque irmãos, o senso de acusação, diante da
santidade de Deus e da nossa incompetência como pecadores, é o
primeiro passo para a nossa salvação. A salvação não é para os
competentes. A salvação é para os incompetentes. A salvação não é
para os puros. A salvação é para os impuros. O Senhor diz: Não vim
chamar sãos, porque os sãos não precisam de médicos. Eu vim chamar
os doentes (Mateus 9:12). Então esse era Martinho Lutero, um doente,
absolutamente convicto. Deus foi trabalhando aquela consciência de tal
forma para que Ele viesse formar esse vaso de uma forma muito
especial, para anunciar uma verdade muito especial que trata com a
parte mais essencial da nossa consciência, no que concerne, é claro, à
nossa experiência: a Justificação pela Fé. Em primeiro lugar, é claro, ela
é uma verdade objetiva, cumprida em Cristo e não em nós. Fora de nós,
em Cristo. Mas essa justificação pela fé, ela tem então implicações, isso
que Deus realizou objetivamente em Cristo, cumprindo a sua justiça,
tendo uma implicação imediata, na consciência daqueles que crêem,
como diz o livro de Hebreus. Então nós precisamos juntar e nós estamos
falando hoje, e vamos prosseguir falando um pouquinho da vida de
Lutero, para que os irmãos possam fazer essa conexão: a consciência e
a Justificação pela Fé, porque isso é tão importante irmãos. Lembra que
o livro de Hebreus diz assim que aquele sangue de bode e de touros que
era derramado lá no Velho Testamento, só como uma figura do sangue
de Cristo? Não tinham poder em si mesmo - é claro - porque era sangue
de animais, lá diz que não podiam purificar pecados, não podiam livrar a
consciência de obras mortas, porque era sangue de bode e de touros,
mas diz que o sangue de Cristo purificará a nossa consciência de obras
mortas para servirmos ao Deus vivo (Hebreus 9:14). No cap. 10, na
seqüência o autor de Hebreus diz a mesma coisa que aquele sangue, no
tocante à consciência, de novo a consciência, era incapaz de aperfeiçoar
o que prestam culto. Eles prestavam cultos usando aquele sangue de
bode e de touros, mas aquele sangue, no que toca à consciência, eram
incapazes, eram ineficazes, porque a consciência humana era algo
espiritual. Não pode ser purificada por um sangue de animal. Nossa
consciência tem que ser atingida por algo espiritual. O sangue preciso
do Deus feito carne, o Senhor Jesus, o Verbo encarnado. O autor de
Hebreus faz exatamente este contraste, mostrando que esse sangue
precioso porque não é um sangue de um animal, mas do Filho de Deus,
do Verbo encarnado. Ele então pode aperfeiçoar, purificar as nossas
consciências, de obras mortas para servirmos ao Deus vivo. Então
irmãos, nós precisamos juntar essas duas verdades. Sem uma visão
clara da justificação pela fé, não há paz com Deus e paz se refere a algo
da consciência. ROMANOS 5:1 JUSTIFICADOS, POIS, MEDIANTE A FÉ, TEMOS PAZ
COM DEUS POR MEIO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Então irmãos, Deus
trabalhou Lutero para uni-lo e talvez essa seja a melhor expressão,
uni-lo, à verdade da justificação pela fé. É claro que ele pregou outras
verdades também, mas de alguma maneira Deus uniu esse homem a
essa verdade. É o que Ele faz muitas vezes em muitos momentos com
muitos homens. Ele une certos homens a certas verdades de forma
especial. Não significa que ele tem especialistas naquelas verdades.
Não. O Evangelho é um todo. Então, aqueles que conhecem o Senhor e
conhecem o Evangelho, tem uma visão do todo do Evangelho, mas, de
forma especial, Deus une certos homens a certas verdades, por
exemplo, se você ler a literatura de Jessie Pen-Lewis, você vê que Deus
uniu essa pessoa à verdade da cruz. A mensagem mais proeminente da
vida dessa pessoa é a mensagem da cruz. Deus uniu Watchman Nee, à
verdade da igreja local. A pregação mais proeminente de Watchman Nee
era a respeito da vida da igreja, a igreja local, a igreja como sendo
corpo de Cristo, uma expressão local. Então Deus, de uma forma,
singular, ele une alguns homens no todo do seu Evangelho a algumas
verdades específicas, e Lutero foi um homem unido à Justificação pela
Fé. Então irmãos, quando ele estava nessa fase, depois dos seus vinte e
um anos, nesses jejuns, nesse rigor ascético, quanto mais ele procurava
ser aceitável diante de Deus, mais condenado ele se sentia, porque ele
percebia que o pecado permeava a sua natureza humana. Não eram
apenas questões de pensamentos, não era muito menos questões de
atos exteriores. Era uma questão de um permear a sua natureza. Deus
trabalhou a natureza de Lutero pela graça para que ele pudesse
compreender de forma sensível a verdade da pecaminosidade humana.
Não sei se os irmãos sabem, antes daquelas famosas noventa e cinco
teses que ele pregou contra as indulgências, e gerou todo aquele
conflito, e pregou na porta daquele castelo, antes das noventa e cinco,
ele escreveu noventa e sete teses primeiro. E aquelas noventa e sete
teses anteriores as noventa e cinco, elas tem a ver com a
pecaminosidade humana. Noventa e sete teses sobre a pecaminosidade
humana, onde ele mostra que o homem não tem, em hipótese
nenhuma, um livre arbítrio, que o livre arbítrio se tornou um escravo do
pecado e em todas as escolhas morais que o homem faz, ele é então
movido pelo seu orgulho e em toda virtude moral – usando as suas
palavras - há ou orgulho, ou tristeza. O orgulho, porque achamos que
podemos praticar algo interessante a Deus ou tristeza porque vemos
que não podemos praticá-las. Então ele diz que em toda virtude moral,
há orgulho ou tristeza. E nessas iniciais noventa e sete teses ele vai
fundo nas questões da pecaminosidade humana. Irmãos. É muito
interessante como Deus faz as coisas. Essas suas primeiras noventa e
sete teses, falando sobre o pecado humano diante de um sistema todo
montado na justificação pelas obras, como era o sistema no qual ele
praticava a sua religião, essas noventa e sete teses sobre a
pecaminosidade humana, não provocaram tanto furor. Elas foram
debatidas mais no meio dos escolásticos, mas essas noventa e cinco
teses posteriores contra as indulgências, que era então o perdão
vendido - o perdão vendido com autorização do papa – ele publicou
noventa e cinco teses contra essas indulgências e quando esse assunto
foi tocado aquilo revolucionou o sistema católico romano na época.
Nessa época a visão de Lutero já estava mais amadurecida.
Gostaria de passar um pouquinho sobre o que Deus fez na vida
dele, para que nós possamos ter um panorama claro dessa justificação
pela fé ainda um pouquinho mais.
Irmãos, quando ele entrou nesse monastério, ele começou entrar
naquelas crises de consciência, ficando praticamente louco,
atormentado. Ele procurou um superior seu da sua ordem que era
agostiniana, e esse superior achou mesmo que ele estava em perigo e
enlouquecer, com essas crises de consciência. E talvez ele tenha achado
que o melhor para Lutero era se envolver com a parte acadêmica e
pastoral da teologia. Então esse superior disse: estude a Bíblia. Estude
as escrituras, e convidou Lutero para dar aulas na universidade de
Witemberg e mais uma vez, Deus estava, através desse seu superior,
dando um passo na vida de Lutero e no preparo desse vaso para o
Senhor, porque irmãos, por incrível que pareça, os monges não eram
devotados à palavra. Os monges eram devotados à vida de reclusão, à
vida de contemplação e de oração. E quando então aquele seu superior
ordenou a Lutero que ele estudasse as escrituras e se voltasse para o
trabalho pastoral, quem sabe na mente desses superiores ele queria
tirar Lutero de um egocentrismo, de ficar voltado para si mesmo, como
se ele dissesse: “você só está pensando em você, no seu pecado, na sua
culpa, na sua consciência. Você deve ver o problema dos outros, se
ocupar com os outros. Quem sabe você vai melhorar?” Talvez essa fosse
a sua intenção. Lutero foi estudar a Bíblia, dar aulas na universidade, e
atuar pastoralmente. Mas irmãos, quando ele começou a fazer isso,
mais profundamente ele entrou na compreensão do pecado e maior
choque ele entrava na sua visão, na visão de si mesmo, com a visão de
Deus da seguinte forma: o primeiro livro que Lutero começou a estudar
com um professor na universidade foram Salmos. Não foi Romanos,
nem Gálatas, que se tornaram depois as suas epístolas preferidas, mas
sim o Livro dos Salmos. É claro que ele já conhecia os Salmos como
monge, porque a grande maioria dos monges conheciam os Salmos de
cor. E nas suas celas eles recitavam aqueles salmos como forma de
oração. Mas apenas como recitar. Quando na universidade, Lutero foi
estudar os Salmos e como um bom monge agostiniano, ele estudou os
salmos naquela visão cristológica. Ele via Cristo em todos os Salmos, e
quando ele chegou no Salmo 22 - você conhece o Salmo 22? – abra a
sua Bíblia. Quando Lutero chegou no Salmo 22, algo impressionante
aconteceu. O Salmo 22 começa assim: 1 ¶ DEUS MEU, DEUS MEU, POR QUE
ME DESAMPARASTE? E Lutero então, tinha aquela visão cristológica dos
Salmos, e quando ele leu todo esse Salmo, como que foi recitado pelo
Senhor ali na cruz, ele ficou muito impressionado irmãos. Foi um
primeiro lampejo da graça na vida de Lutero. Até então apenas
tormento, tormento e tormento. Quanto mais disciplinado, quanto mais
austero, quanto mais zeloso, quanto mais devotado ele era, mais
tormento ele sentia e conforme as suas próprias palavras, “mais ódio eu
tinha da justiça de Deus”. Palavras de Lutero. Mais ódio eu tinha da
justiça de Deus, porque eu via um Deus justíssimo, um Deus santíssimo,
que de alguma forma queria ter relacionamento com o homem, mas que
não proporcionou as condições para ter esse relacionamento com ele.
Um Deus justíssimo, perfeito, santíssimo, que queria se relacionar com
o homem, mas que não providenciou para o homem as condições para
que pudesse relacionar com ele, porque Lutero procurou todas essas
condições. Quais eram as condições? Ser zeloso? Lutero foi o mais
zeloso. Quais eram as condições? Fazer penitências? Lutero era o mais
penitente. Mortificar a carne? Era o maior asceta. Se trancar isolado do
mundo para contemplar a Deus? Lutero era um exemplo disso. Quais
eram as condições para se relacionar com Deus? Quais eram as
condições para Ter paz de consciência? Quais eram as condições para
poder se relacionar com Deus em nível de aceitação, que a sua
consciência não testificava com ele que ele tinha, embora tudo ele
tivesse feito? E quando ele foi naquela peregrinação a Roma que os
irmãos que conhece a história sabem, ele faz aquela peregrinação e sua
situação não melhora. Piora, porque quando ele vai a Roma, contatar
aqueles clérigos mais superiores, ele vê uma vida auto indulgente, uma
vida licenciosa, libertina. Ele volta de Roma completamente
decepcionado, e com mais problemas do que antes de ir. Os irmãos
imaginem a vida desse homem. Então ele é recomendado por esse seu
superior para ir dar aulas, se ocupar com os outros, estudar a Bíblia. Ele
começa pelos Salmos como eu já disse, e chega no Salmo 22. Irmãos,
quando ele chega no Salmo 22 ele tem o primeiro lampejo da graça. O
Senhor como que fala ao seu coração de uma forma muito clara através
do Salmo 22 e ele pôde compreender que Deus de alguma forma, ainda
que para ele inexplicável - ele não tinha chegado a Romanos, ele ainda
não tinha visto a luz com clareza, mas o lampejo da luz começou a
raiar, naquele coração tão condenado, tão trevoso, tão acusado pela sua
própria consciência - quando ele chega no Salmo 22: 1 ¶ DEUS MEU, DEUS
MEU, POR QUE ME DESAMPARASTE? – ele sabe que esse Salmo se refere a
Cristo, ele sabe que isso foi falado pelo Senhor que é Deus na cruz do
Calvário, e Lutero tem então aquele primeiro lampejo da luz na sua
consciência: Deus se assentou ao lado do réu. Esse foi o primeiro
lampejo da graça na vida de Lutero. Não foi ainda a verdade da
Justificação pela Fé que os irmãos sabem que ele veio a ver com mais
clareza mais tarde, mas esta primeira verdade, relacionada aos estudos
dos Salmos, não Romanos ainda. Deus meu, Deus me porque me
desamparastes? A primeira expressão usada pelo Senhor para dar
aquele primeiro lampejo da graça no coração de Lutero. Como eu disse
aos irmãos, antes ele olhava para Deus e tinha - ele diz na sua biografia
- que ele não podia nem ouvir a expressão justiça de Deus, porque essa
expressão justiça de Deus, significava aquela justiça ativa, pelo qual
Deus olha para todos os homens e somente vê pecadores e pune a
todos e julga a todos e com justiça, porque Ele é justo e nós somos
pecadores. Então ele não podia nem ouvir aquela expressão: Justiça de
Deus. Essa expressão aterrorizava Lutero. Ele então tinha ódio de Deus
por Deus ser esse Deus tão justo que queria ter um relacionamento com
o homem, pelo menos era assim que estava escrito na Bíblia, mas não
proveu para o homem as condições para esse relacionamento, dentro do
que ele praticava e entendia através dos seus meios, o ascetismo, a
disciplina, a devoção e tudo o mais que ele fazia. Então irmãos, quando
ele lê esses textos nos Salmos, e tem essa primeira visão da graça:
Deus de alguma maneira que ele ainda não compreendia, Deus, em
Cristo, se assentou ao lado dos réus. Isso começou a trazer para ele um
conforto. Agora não era apenas a justiça de Deus, aquele Deus lá, Deus
justo, condenando o pecador culpado, mas através do Salmo 22, um
Salmo maravilhoso, o Salmo da cruz, se você não conhece, leia esse
Salmo todo para você ver e através desse Salmo 22, Lutero viu que
Deus no seu Filho Jesus, se assentou do lado dos culpados, do réu.
Até que então irmãos, ele progredindo nos seus estudos ele vai a
Romanos e quando ele vai a Romanos, aí sim, Deus usa o texto que li
no início da reunião, para trazer a luz de uma forma muito definitiva e
clara para Lutero, muito clara. Todo o desenvolvimento posterior da
teologia de Lutero é baseado no que ele viu aí, em Romanos. A luz raiou
de uma vez por todas e a partir daí nós vemos apenas prolongamentos
dessa luz. Só prolongamentos. Mas a luz raiou de uma forma absoluta
quando ele chegou aí a Romanos, cap. 1. Ele leu esse texto. ROMANOS
1:16 POIS NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO, PORQUE É O PODER DE DEUS PARA
A SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ, PRIMEIRO DO JUDEU E TAMBÉM DO GREGO;
Poder de Deus. Não do homem. De Deus para a salvação, de todo
aquele que crê e não faz obras. Primeiro do judeu e também do grego.
Agora essa expressão do verso 17, foi a que ele disse que mais ficou
então gravada na sua mente. 17 VISTO QUE A JUSTIÇA DE DEUS SE REVELA NO
EVANGELHO, DE FÉ EM FÉ, COMO ESTÁ ESCRITO: O JUSTO VIVERÁ POR FÉ. Essa
frase: a justiça de Deus se revela. Aquele que tinha então, ódio dessa
expressão justiça de Deus, agora começou a ver por outro ângulo. Ele
viu que justiça de Deus, conforme revelada no Evangelho, não era
aquela justiça de Deus que então dos céus punia pecadores mas era
uma justiça de Deus, que se revela no Evangelho de forma justificadora
para todo aquele que crê. Isso então mudou completamente o
panorama de Lutero. Agora não há justiça de Deus que pune pecadores,
mas a justiça de Deus que no Evangelho justifica pecadores, pela fé.
Exclusivamente pela fé. Os irmãos já pensaram na reviravolta no
coração de Lutero? Os irmãos já pensaram no grito de libertação do
coração, da consciência de Lutero? A justiça de Deus que ele odiava,
irmãos, antes dele chegar a essa experiência, um detalhe importante
aqui, com relação à sua visão da justiça de Deus, antes de chegar a
essa experiência com Romanos, após o estudo do livro de Salmos.,
Lutero foi também recomendado por seu superior de clérigo agostiniano,
a ter contato com os chamados místicos, já que a teologia mística, na
idade média, chegou ao clímax na época de Lutero, no século 14 e 15.
Ela chegou ao clímax. Tantos já haviam ministrados nessa área. João da
Cruz, Teresa de Ávila, Bernardo de Clervort, e muitos mais dessa época
da teologia mística. Nessa época então, esse superior recomendou
Lutero que ele fosse ter com os místicos, para quem sabe ele
encontrasse mais conforto para o seu coração, na vida mística, mas
irmão, embora Lutero pudesse aprender bastante com aqueles místicos,
o que reflete depois nos seus escritos, o homem que compreendia bem
essa vida de união com Deus, sem dúvida ganhou isso, desses irmãos,
desses chamados místicos, mas ele não encontrou nenhum conforto no
que esses místicos pregavam, porque o misticismo daquela época era
como você estar no ar, sem nenhuma base debaixo de si mesmo. Os
místicos diziam que você não precisa se importar muito com a
justificação. Você não precisa se preocupar muito com esse assunto de
Deus te aceitar. Deve se entregar completamente a Deus, se entregar
ao amor de Deus, era a palavra que os místicos mais usavam. Como
uma gota no oceano, você deve se perder em Deus, se perder no amor
de Deus. Madame Guyon usa muito essas frases. Então Lutero viu que
não havia consistência nisso, não havia algo realmente sólido nessa
teologia mística que pudesse trazer paz para a sua consciência e então,
quando agora mais para frente ele tem contato com o livro de Romanos
e vê a justiça de Deus dessa forma, irmãos o cenário muda totalmente.
Agora ele consegue experimentar aquele prazer no que a Bíblia chama
de “a justiça de Deus”, porque agora repetindo, dada a importância
disso, ele vê justiça de Deus, não como justiça de Deus punindo
pecadores, mas a justiça de Deus justificando pecadores, em Cristo pela
fé. O Senhor Jesus disse em João 3 assim: João 3:17 PORQUANTO DEUS
ENVIOU O SEU FILHO AO MUNDO, NÃO PARA QUE JULGASSE O MUNDO, MAS PARA QUE O
MUNDO FOSSE SALVO POR ELE. Irmãos Ele vem para julgar o mundo e Ele vai
julgar todo aquele que não crê, porque aquele que crê no Filho tem a
vida e aquele que não crê no Filho, não tem a vida. Ele fará isso, mas
quando Ele se revelou de forma então redentora, ali na cruz do calvário,
Ele não veio punir pecadores. Ele veio Justificar pecadores, baseado no
que Ele fez na cruz. Então o quadro na vida de Lutero se reverteu
totalmente. Sua consciência encontrou paz, começou a ter prazer em
Deus, no Deus que justifica pecadores, somente pela fé em Cristo Jesus.
Irmãos, que verdade tremenda.
Com relação à sua experiência, qual a sua história? Como eu citei
para os irmãos, essa verdade sempre foi essencial na vida da igreja.
Sempre. Lembra que eu citei para os irmãos, século 18, muito mais
tarde, aquele movimento chamado “Grande Despertamento Evangélico”
na Europa e depois nos Estados Unidos, quando dois homens de Deus se
encontraram naquela época: George Whitfields e Daniel Holland.
Quando esses dois irmãos se encontraram, Whitfields perguntou para
esse grande pregador, milhares de almas já haviam se convertido pelo
ministério dele, e quando esses dois se encontram a primeira pergunta
que o irmão Whitfields faz a esse outro irmão é: Irmão Daniel. Você
sabe que os seus pecados foram perdoados? Ele não diz: você conhece
a base bíblica, você crê na escritura, porque isso seria um absurdo,
porque ele é um pregador, mas ele perguntou: você sabe que os seus
pecados foram perdoados? O que é que esse irmão quis dizer? Ele quis
dizer: Irmão você vive nesse gozo? Você vive nessa alegria? Você sabe?
Ou você tem uma consciência intranquila? Você desfruta todo o gozo
dessa verdade? Você sabe que os seus pecados estão perdoados? Então
irmãos, essa verdade da justificação pela fé, é a base e o fundamento
de toda a nossa relação com Deus. E é a base e o fundamento de toda a
nossa vida como igreja. Como disse Lutero: Permaneceremos de pé, ou
cairemos baseados nessa verdade. No que é que você baseia a sua
justificação? Sua justificação é firme, sólida? Você sabe que você foi
aceito por Deus em Cristo? Você sabe que a justiça de Deus, na cruz do
Calvário foi satisfeita completamente pela morte do Filho? Você sabe
que Deus está satisfeito e ele não requer nada de você? Como eu disse
também em uma das reuniões anteriores, quando Paulo pregava isso,
algumas pessoas achavam que ele estava ficando louco, porque isso na
idéia deles dava margem para todo tipo de pecado. Se tudo isso foi feito
em Cristo e nada é requerido de nós, então eu posso viver do jeito que
eu quiser, porque não vai fazer diferença. Uma compreensão deturpada
da graça, porque Paulo via que essa mesma graça que justificou essa
mesma graça nos matou para o pecado e agora todos que
compreendem bem a graça não amam o pecado. Os que amam o
pecado devem tomar cuidados, porque talvez não tenham sido nem
justificados, porque aqueles que crêem e conhecem a graça não tem
prazer no pecado. Podem pecar, podem se extraviar, podem cair, mas
não tem prazer no pecado. Sabem de quem são. Então irmão, que
verdade sólida, que verdade fundamental? Justificação somente pela fé.
Nada é requerido de você. Então em quais e quais pontos você tem feito
força para ser aceitável a Deus? Esqueça irmão. Volte-se para a cruz,
para o Filho, para a justiça de Deus que se revela no Evangelho.
Qualquer ato, qualquer obra, qualquer pensamento, qualquer
insinuação, qualquer sugestão de nossa parte, para fazermos qualquer
coisa, que melhore a nossa aceitação diante de Deus é uma ofensa à
cruz de Cristo, porque na cruz o nosso Senhor disse assim: João 19:30
............. ESTÁ CONSUMADO! E quando Lutero viu isso, todo o quadro foi
revertido. Agora os irmãos imaginem alguém trabalhado por Deus,
forjado por Deus, com essa história, essa história de agonia, de
perturbação, de depressão, essa história tremenda de sensibilidade de
consciência, de lutas, os irmãos imaginem essa pessoa conhecendo a
verdade da justificação pela fé? Não podia ser de outro modo. Deus
levantou então Lutero, previamente preparado, como aquele leão da
reforma. Os clérigos tremiam quando Lutero abria a boca. Ele não tinha
medo de ninguém. Quando perguntaram para ele: Lutero. Você não tem
medo na sua vida? Você não tem medo do papa? Ele dizia assim: “eu
não temo o papa. Eu temo um papa maior no meu coração que é o
próprio Deus. Mas eu não temo o papa”. Deus forjou a vida desse
homem, ligando a vida desse homem, especialmente à verdade da
Justificação pela Fé. Tão importante é essa verdade. E os irmãos devem
se lembrar então que até a idade média, até o século 15, nenhuma
clareza maior havia sobre esse assunto. Claro que houve irmãos de um
movimento chamado pré-reforma, que começaram a ver alguma coisa,
mas com a clareza de Lutero, ninguém. Deus então levanta esse homem
para que mudasse totalmente o curso de toda a visão teológica daquele
tempo, tão importante é esse assunto. Não é um assunto acadêmico.

Primeiro olhe para a sua própria experiência. Se você procura de


alguma maneira acrescentar algo a esse sólido fundamento, você está
ofendendo a graça de Deus, a cruz de Cristo e a obra que Ele realizou.
Você deve compreender a plenitude da sua salvação - se é que você crê
na obra Expiatória do Senhor Jesus na Cruz do Calvário e que ali você
foi aceito. Tudo o que vai acontecer na sua vida cristã, daí para frente, é
resultado da sua compreensão da graça. Se ela for pequena, quem sabe
você vai viver uma santificação pequena. A santificação sempre vai ser
resultado da justificação, da compreensão da justificação. Se a
compreensão da justificação é clara, a santificação é evidente. Se nós
vemos bem a justiça de Deus, nós vivemos uma vida santa. Se nós
sentimos a agonia das nossas consciências, e o que Deus proveu ali na
cruz do Calvário, a profundidade do nosso pecado, a malignidade do
nosso pecado, a perversão do nosso pecado, então nós não podemos ter
prazer no pecado. É claro. Mas se nós não vemos bem isso, com
clareza, então de alguma maneira nós vamos brincar com o pecado:
chegar perto dele, nos afastar dele, chegar perto de novo, nos afastar
de novo, jogando com o pecado. Mas se nós compreendemos bem a
justiça de Deus, a graça de Deus, o que Ele fez na cruz - Deus meu,
Deus meu, porque me desamparaste? - que demonstra o maior
significado do pecado, o que o pecado é - o Filho foi desamparado por
causa do pecado - se compreendemos isso, nós não vivemos no pecado,
como Paulo diz em Romanos 6(Romanos 6:2 De modo nenhum! Como
viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?) Então,
toda a santificação será fruto da justificação. O que é que o sistema
católico romano fazia? Fazia assim: você deve viver uma vida se
santificando, se santificando, e eles vão providenciando os meios: as
relíquias dos santos, o culto dos mortos, a intercessão de não sei mais
quem, compra de indulgências, muitos meios, para você obter graça,
mais graça, até que no final, você, talvez, possa ser justificado. Talvez.
Mas o Evangelho, ele faz assim: primeiro, você é justificado. Não
depende de nada do que você é, nada do que você fez, porque você é
um incompetente. Você foi justificado pela graça de Deus, em Cristo. E
agora todo o resultado da sua justificação vai evidenciar isso: você vai
expressar isso através do amor, através do serviço, através da paz,
através da alegria, através do seu domínio próprio, fruto da justificação
que se chama santificação. Então o sistema católico romano inverteu, e
isso colocou o Evangelho de lado, que não é Evangelho, porque só há
um Evangelho: somos justificados pela graça por meio da fé em Cristo
Jesus. Isso ou nada. Isso ou morte eterna. Então irmãos, esse é um
sólido e profundo fundamento baseado no qual a igreja está de pé, ou
cai. Isso no que concerne à experiência. Agora você precisa julgar.
Queria dizer isso para encerrar, tudo o que tem sido falado pela igreja
hoje, mas não com um ar crítico apenas, mas com um ar de ajuda, de
auxílio, porque há tantos irmãos nossos, em tantos lugares, que não
tem essa compreensão clara, e por isso as suas consciências são
acusadas. Estão distraídas, quem sabe? Estão, quem sabe,
providenciando meios para encontrar essa paz com Deus. Tantas
pessoas que ainda nem tem o Senhor, estão fora da aliança de Deus,
como Paulo diz: EFÉSIOS 2:12 NAQUELE TEMPO, ESTÁVEIS SEM CRISTO,
SEPARADOS DA COMUNIDADE DE ISRAEL E ESTRANHOS ÀS ALIANÇAS DA PROMESSA,
NÃO TENDO ESPERANÇA E SEM DEUS NO MUNDO. Estão se debatendo com a
questão do pecado dentro de si mesmo. Como é que você vai ajudar
essas pessoas? Você vai falar com elas: “Vamos para a igreja para você
ouvir a palavra?” Irmãos, isso não é uma maneira correta de pregar o
Evangelho. Você pode chamar quantas pessoas você quiser para vir aqui
ouvir a palavra - isso é muito bom - uma excelente obra que você faz,
mas você é um justificado pela fé, e se você não for capaz de pregar
isso para outro, é algo então deficiente, aquém do que Deus deseja.
Você foi justificado pela fé. Então pregue isso para outros. Lembra que
eu citei para os irmãos uma pergunta que uma certa pessoa me fez de
uma forma que eu não ouvi, até hoje, ninguém fazer? E contar a sua
história, mais ou menos, como a do Lutero; a sua perturbação em
tentar fazer o bem, fazer o bem para os outros, servir aqui, servir ali o
melhor que pode, tudo o que pode e se sentir que não era o suficiente.
Lembra que eu contei aos irmãos? Quanto mais ele fazia, menos ele
sentia que era suficiente, suficiente para ser aceitável, suficiente para
saber que Deus está olhando de forma aceitável. Quanto mais faz,
menos se tem suficiência. Então essa pessoa me perguntou: o que é
que faço para ser salvo? Que pergunta irmão? Que penas que as
pessoas hoje não tem perguntado mais isso, não é? Hoje elas
perguntam: o que é que eu faço para ter mais poder? O que é que eu
faço para acabar com isso ou com aquilo na minha vida? O que é que eu
faço para essa situação ou a outra melhorar? Mas essa pessoa
perguntou: o que é que eu faço para ser salvo? Então irmãos, nós que
fomos justificados pela fé, como diz a palavra, nós somos embaixadores
de Deus por meio de Cristo. É isso que você deve pregar. É isso que
você deve anunciar, mas se você não estiver claro, se você não estiver
orando sobre isso para que Deus coloque esse alicerce no mais profundo
do seu ser, para que Ele possa despir você de toda obra, para que você
saiba que você não contribuiu com nada para a justificação, só com o
pecado - sem pecado não ia precisar de justificação – nossa única
contribuição foi o pecado. Entramos com o pecado e Deus entrou com a
graça. Ele nos justificou pela graça através da fé. Não é justificado pela
fé, porque senão você vai achar que a fé é que justifica. A frase é
melhor enunciada, da seguinte forma: somos justificados somente pela
graça através da fé, porque a fé não é nada sem a graça. Fé no quê?
Nós somos justificados somente pela graça de Deus em Cristo. Graça.
Ele fez tudo. Graça, por meio da fé. Nós cremos na graça que nos
justifica, em Cristo. Então irmãos, que tremendo alicerce?
Na próxima reunião, nós vamos entrar no livro de Romanos,
procurar descobrir, tirar areia de cima desse alicerce e olhá-lo bem.
Então os irmãos vão meditando a respeito disso. Nós só podemos
compreender a beleza desse alicerce de Justificação pela Fé, quando nós
vemos esse outro lado aqui: o pecado na minha consciência. O que o
pecado significa? É assim que o livro de Romanos começa. Ele não
começa com a justificação pela fé. Ele começa com pecado. ROMANOS
3:23 POIS TODOS PECARAM E CARECEM DA GLÓRIA DE DEUS. Não há vantagem
para o judeu, nenhuma, por ser povo da aliança de Deus. É pecador
como qualquer outro. Todos pecaram, são maus, desconheceram o
caminho da paz. ROMANOS 3:13 A GARGANTA DELES É SEPULCRO ABERTO; e
ROMANOS 3:17 DESCONHECERAM O CAMINHO DA PAZ. Todos pecaram, mas
Romanos 1:17 ........A JUSTIÇA DE DEUS SE REVELA NO EVANGELHO. Deus
propôs em Cristo, justificação. Então irmãos, quanto mais
profundamente nós vejamos o pecado, mais profundamente nós
veremos a justificação. E quanto mais isso acontecer, mais nós
viveremos de forma mais agradável a Deus, por conseqüência. Não para
ser justificados, mas porque já fomos justificados. Viveremos nossa vida
tributando glórias ao Salvador, adorando o Salvador. Lembra lá no livro
do Apocalipse quando o Senhor Jesus arrebatar a sua igreja para as
aquelas bodas? Nenhum tipo de Cântico vai ser ouvido lá, senão o que
exalta essa salvação tremenda pela graça através da fé. APOCALIPSE 5:9 E
ENTOAVAM NOVO CÂNTICO, DIZENDO: DIGNO ÉS................ PORQUE FOSTE MORTO.
... COM O TEU SANGUE. Não é com as minhas obras. É com o teu sangue,
COMPRASTE PARA DEUS OS QUE PROCEDEM DE TODA TRIBO, LÍNGUA, POVO E NAÇÃO.
Então irmãos, esse é o cântico da redenção, o cântico da graça, o
cântico da salvação. Se nós não estivermos fundamentados nisso, nada
em nossa vida poderá ser agradável a Deus. Tudo o que nós fizermos
terá um peso desfavorável em nossa consciência, porque nós estaremos
tentando acrescentar algo, a algo que não precisa de acréscimo nenhum
que é a Cruz de Cristo, a eficácia da redenção.
Irmão. Medite sobre isso, ore sobre isso. Se você já fez a sua
profissão de fé em Cristo, já se batizou, não muda nada. Ora sobre isso,
mas Senhor eu creio nisso, eu sei que já sou Teu, mas aprofunda isso
em mim. Aprofunda essa verdade em mim. Não há mérito. Não há
mérito. Não há contribuição minha. Nada. Só o pecado. Meu, só o
pecado. Tua a graça. Que o Senhor aprofunde isso irmão, na sua vida.
Amém.

Pai. Muito obrigado pelo o que o Senhor fez, em Cristo, na cruz. Ó


Pai, como agradecemos porque o Senhor realmente se assentou ao lado
do réu, ao nosso lado. Muito obrigado porque na cruz, Tu ó Filho, fostes
desamparado. Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por
nós, para que Nele, fôssemos feitos justiça de Deus. Muito obrigado
Senhor, porque podemos desfrutar paz, porque a justiça de Deus foi
cumprida em Cristo Jesus. Ó Senhor. Dá-nos, por revelação, uma
compreensão, um entendimento mais profundo Senhor, da Tua graça
consumada na cruz do Calvário. Que a nossa vida reflita isso em paz,
em alegria, em amor, em serviço, adoração, louvor. Nós te pedimos Pai.
Nós queremos ser adoradores do Cordeiro, que foi morto e que vive,
pelos séculos dos séculos. Muito obrigado por tão grande salvação.
Senhor usa a Tua palavra nesses dias para que nós vejamos com mais
clareza esse grande alicerce, esse grande fundamento, e que nós
possamos proclamá-Lo com vigor nesse mundo perdido, proclamá-Lo
com clareza, que o Senhor amou o mundo e agiu de forma justa na
cruz, punindo o pecado na vida do Teu filho, e nos salvando para
contigo, colocando num relacionamento adequado para Contigo.
Ajuda-nos a ser porta-vozes dessa verdade viva, encarnada em nossas
vidas. Nós te pedimos Pai, em nome de Jesus. Amém.

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