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Hablar con Dios

Francisco Fernández-Carvajal 

6 DE DEZEMBRO

51. SÃO NICOLAU DE BARI


Memória

– Os santos, amigos de Deus, são nossos intercessores diante dEle. São


Nicolau.

– Necessidade dos bens materiais.

– Generosidade e desprendimento dos bens. Recorrer a São Nicolau nas


necessidades econômicas.

São Nicolau de Bari nasceu em Patarra, por volta do ano 270. Foi bispo de
Mira na Lícia (atualmente Turquia), e morreu entre os anos 345 e 352 no dia
6 de dezembro. O seu culto estendeu-se pelo Oriente e mais tarde pelo
Ocidente, principalmente depois do traslado das suas relíquias para Bari
(Itália) no século XI. São numerosas as igrejas e imagens que lhe estão
dedicadas.

I. LEMOS NO ANTIGO TESTAMENTO que, quando o Senhor se dispunha


a destruir Sodoma e Gomorra para castigar os pecados cometidos pelos
habitantes dessas cidades, Abraão intercedeu diante dEle: Se houver
cinqüenta justos na cidade, perecerão todos junto, e não perdoarás aquele
lugar em atenção aos cinqüenta justos, se aí os houver? [...] E o Senhor
disse-lhe: Se eu achar no meio da cidade de Sodoma cinqüenta justos,
perdoarei toda a cidade por amor deles. Mas Abraão insistiu, cheio de
coneança: E se nela houver quarenta justos, que farás tu?... E se ali forem
achados vinte?... E se se acharem dez? E o Senhor disse: Não a destruirei
por amor dos dez1. A resposta do Senhor é sempre misericordiosa.

Moisés também recorria à misericórdia divina invocando os que tinham


sido amigos de Deus: Lembra-te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus
servos2. De Jeremias, já falecido, lê-se: Este é o amigo dos seus irmãos e
do povo de Israel, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a
cidade santa3. No Evangelho, vemos como um centurião envia a Jesus uns
anciãos, amigos do Senhor, para que intercedam por ele. E eles, tendo ido
ter com Jesus, pediam-lhe instantemente, dizendo: Ele merece que lhe
faças esta graça porque é amigo da nossa nação e até nos ediecou a
sinagoga4. E Jesus atendeu ao pedido daquele centurião. O próprio São
Paulo pedia aos cristãos de Roma: Rogo-vos, pois, irmãos, por Nosso
Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito Santo, que me ajudeis com as
vossas orações...5 E São Jerônimo comenta ao falar dos irmãos já falecidos:
:
“Se os Apóstolos e mártires, quando ainda estavam no corpo e tinham
motivos para se preocuparem consigo próprios, oravam pelos outros,
quanto mais depois de terem recebido a coroa, a vitória e o triunfo!”6

A Igreja sempre ensinou que os santos que gozam da bem-


aventurança, bem como as benditas almas do purgatório, são nossos
grandes aliados e intercessores. Eles atendem às nossas preces e as
apresentam ao Senhor, com o aval dos méritos que adquiriram nesta terra
com a sua vida santa.

De São Nicolau, cuja festa celebramos hoje, conta-se que foi muito
generoso nesta terra com a fortuna que herdou de seus pais quando era
ainda muito novo. Por isso é considerado intercessor nas necessidades
materiais e econômicas.

O Fundador do Opus Dei tinha uma grande devoção por esse Santo e
conta que um dia, esmagado sob o peso dos problemas econômicos,
lembrou-se de invocá-lo momentos antes de começar a celebração da
Santa Missa. Fez-lhe a seguinte promessa, ainda na sacristia: “Se me tiras
deste aperto, nomeio-te Intercessor”. Mas ao subir os degraus do altar,
arrependeu-se de ter estabelecido condições e disse-lhe: “E se não me
tiras, nomeio-te na mesma”. Resolveram-se aquelas dieculdades e ele
passou a recorrer à intercessão do Santo em muitas outras ocasiões7.

Muitas pessoas ao longo dos séculos têm recorrido a São Nicolau em


face de situações econômicas difíceis na família, no trabalho, nas obras
apostólicas, que freqüentemente devem ter também uma base econômica.
Não tenhamos receio de pedir ao Senhor essas ajudas materiais que Ele
mesmo nos convida a solicitar quando recitamos o Pai-nosso: O pão nosso
de cada dia nos dai hoje. E muitas vezes podemos pedi-lo através dos
santos.

II. ENQUANTO ESTIVERMOS na terra, necessitaremos de meios


materiais e humanos, tanto para sustentarmos a nossa família como para
levarmos avante as tarefas apostólicas que o Senhor quer que
promovamos ou auxiliemos de algum modo. Os bens econômicos são isso:
bens; convertem-se em males quando não servem para fazer o bem,
quando sentimos por eles um apego desordenado que nos impede de ver
os bens sobrenaturais. São Leão Magno ensina que Deus não nos deixou
apenas os bens espirituais, mas também os corporais8, para que os
orientemos para o bem humano e sobrenatural dos outros.

O próprio Jesus ensinou aos Apóstolos a necessidade de empregar


meios humanos. Na primeira missão apostólica, indicou-lhes
expressamente: Não leveis bolsa nem alforje... Deixa-os sem apoio material
algum, para que vejam que é Ele, Jesus, quem dá a eecácia.
Compreenderam então que as curas, as conversões, os milagres não eram
devidos às suas qualidades humanas, mas ao poder de Deus. No entanto,
:
quando estiver prestes a partir, completará aquele primeiro ensinamento:
Mas agora quem tem bolsa, tome-a, e também alforje9. Ainda que os
meios sobrenaturais sejam os principais em todo o apostolado, o Senhor
quer que utilizemos todos os meios humanos ao nosso alcance, como se
não existisse nenhum meio sobrenatural; os econômicos também.

O próprio Jesus, para realizar a sua missão divina, quis servir-se


freqüentemente de meios terrenos: de uns pães e peixes, de um pouco de
barro, da ajuda material de umas piedosas mulheres que o seguiam...

Quando nos virmos sem recursos ou com recursos insuecientes na


família, nas obras apostólicas com as quais colaboramos, etc., não
duvidemos em recorrer ao Senhor. Não podemos esquecer que o seu
primeiro milagre, por intercessão de Nossa Senhora, foi realizado para tirar
uns recém-casados de uma situação constrangedora, que aliás não era de
importância vital. Ele não deixará de atender-nos. Mas não nos devemos
esquecer também de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, como os
servos das bodas de Caná, que encheram as vasilhas de água até à
borda10.

Algumas vezes, em situações econômicas difíceis, a meditação desse


episódio evangélico pode trazer paz às nossas almas: “Encontro-me numa
situação econômica tão apertada como nunca. Não perco a paz. Tenho
absoluta certeza de que Deus, meu Pai, resolverá todo este assunto de
uma vez.

“Quero, Senhor, abandonar o cuidado de todas as minhas coisas nas


tuas mãos generosas. A nossa Mãe – a tua Mãe! –, a estas horas, como em
Caná, já fez soar aos teus ouvidos: – Não têm!... Eu creio em Ti, espero em
Ti, amo-Te, Jesus: para mim, nada; para eles”11.

III. PODE HAVER OCASIÕES na nossa vida em que o Senhor nos anime a
ser generosos, contribuindo com os nossos meios econômicos para a
sustentação da Igreja ou de instituições que promovam obras de educação
ou de assistência aos mais desamparados. Também é possível que, além
disso, assumamos a responsabilidade de arrecadar fundos para essas
obras. Muitas páginas do Novo Testamento nos mostram o empenho com
que os discípulos de Cristo e os primeiros cristãos se esforçaram por
encontrar meios para expandir o Evangelho. Vemos, por exemplo, como
Mateus, que tinha uma boa posição econômica, é generoso com Cristo12. E
aquele grupo de mulheres que segue Jesus e o assiste com os seus
bens13. E esses outros discípulos – pessoas abastadas –, como José de
Arimatéia, que cede o seu sepulcro ao Mestre e custeia o seu sudário14, ou
Nicodemos, que compra uma grande quantidade de mirra e aloés para
embalsamar o corpo do Senhor15. E o heróico comportamento dos
primeiros cristãos: Todos os que possuíam campos ou casas, vendendo-os,
traziam o preço do que vendiam e depunham-no aos pés dos Apóstolos16.
:
São Paulo organizará coletas – em Antioquia, na Galácia, na Macedônia,
na Grécia – para socorrer os eéis de Jerusalém, provocando a emulação de
uns e outros17. Quando escreve aos cristãos de Corinto, agradece-lhes a
generosidade com que levaram a cabo a coleta, anima-os nos seus
propósitos e diz-lhes: Isto é útil para vós18. E São Tomás, comentando essas
palavras, ressalta o proveito que se tira do desprendimento dos bens em
favor dos outros: “O bem da piedade é mais útil para quem o exerce do que
para quem o recebe. Porque quem o exerce tira dali um proveito espiritual,
ao passo que quem o recebe obtém apenas um bem temporal”19. A
esmola que damos é um dos principais remédios para curar as feridas da
nossa alma, que são os pecados20, e nunca deixa de atrair a misericórdia
divina.

A par, portanto, da nossa generosidade pessoal, devemos fomentar nos


nossos amigos essa mesma disposição de alma, que alcançará do Senhor
tantas bênçãos para eles e para as suas famílias. “Eis uma tarefa urgente:
sacudir a consciência dos que crêem – fazer uma leva de homens de boa
vontade –, com o em de que cooperem e proporcionem os instrumentos
materiais necessários para trabalhar com as almas”21. Para terminarmos,
pode servir-nos esta frase que nos anima ao esforço, à generosidade e ao
desprendimento: “Pensai: quanto vos custa – também economicamente –
ser cristãos?”22

São Nicolau será nosso aliado no Céu no esforço por sermos generosos
com Deus e com os nossos irmãos, e por procurarmos obter esses meios
econômicos necessários na terra. Recorramos a ele. Está perto de Deus e
continua a ser generoso com os que o invocam.

(1) Cfr. Gên 18, 24-32; (2) Êx 32, 13; (3) 2 Mac 15, 14; (4) cfr. Lc 7, 1-10; (5) Rom 15,
30; (6) São Jerônimo, Contra Vigilantium, 1, 6; (7) cfr. A. Vázquez de Prada, O
Fundador do Opus Dei, Quadrante, págs. 155, 161, 256, 270; (8) São Leão
Magno, Homilias, 10, 1; (9) Lc 22, 36; (10) Jo 2, 7; (11) cfr. Josemaría Escrivá,
Forja, n. 807; (12) Mt 9, 9-10; (13) Lc 8, 3; (14) Mt 15, 46; (15) Jo 19, 39; (16) At 4,
34-35; (17) 2 Cor 8, 8; (18) 2 Cor 8, 10; (19) São Tomás, Comentário à Segunda
Carta aos Coríntios; (20) cfr. Catecismo Romano, IV, 14, 23; (21) Josemaría
Escrivá, Sulco, n. 24; (22) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 126.

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