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Hablar con Dios, Francisco

Fernández-Carvajal
13 DE MAIO

34. NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Memória

– As aparições de Nossa Senhora.

– A Virgem pede penitência pelos pecados dos homens.

– Consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria.

De 13 de maio a 13 de outubro de 1917, a Virgem apareceu em


Fátima a três crianças: Lúcia, Francisco e Jacinta. No dia 13 de
outubro, milhares de pessoas puderam observar um prodígio que
fora anunciado por Nossa Senhora: o Sol começou a girar sobre si
mesmo, assemelhando-se a uma roda de fogo, durante uns dez
minutos.

A Virgem também pediu que o mundo fosse consagrado ao seu


Coração Imaculado. Esta Consagração, a pedido do Episcopado
português, foi realizada solenemente por Pio XII no dia 31 de
outubro de 1942 e renovada por João Paulo II.

I. NO DIA 13 DE MAIO de 1917, por volta do meio-dia, Nossa Senhora


apareceu pela primeira vez, numa região do centro de Portugal, a
três pastorzinhos – Lúcia, Jacinta e Francisco – que tinham levado
as suas ovelhas para pastar numa depressão coberta de azinheiras e
de oliveiras que os habitantes do lugar conheciam por Cova da Iria1.
A Virgem pediu aos meninos que voltassem ali no dia treze de cada
mês, durante seis meses consecutivos. A mensagem que Nossa
Senhora foi desfiando ao longo desses meses era uma mensagem
de penitência pelos pecados que se cometem diariamente; a
recitação do terço por essa mesma intenção; e a consagração do
mundo ao seu Imaculado Coração.

Em cada aparição, a doce Senhora insistiu na recitação do terço, e


ensinou aos videntes uma oração para que a repetissem muitas
vezes, oferecendo a Deus as suas obras e, em especial, pequenas
mortificações e sacrifícios: Ó Jesus!..., por teu amor, pela conversão
dos pecadores e em reparação das ofensas feitas ao Imaculado
Coração de Maria.

Em agosto, a Virgem prometeu um sinal público, visível por todos,


como prova da veracidade dessas mensagens, e no dia 13 de
outubro aconteceu o chamado prodígio do sol. Dezenas de milhares
de peregrinos, presentes na Cova da Iria, foram testemunhas desse
fato extraordinário, que chegou a ser visto por pessoas que estavam
a muitos quilômetros do lugar. Nossa Senhora declarou então aos
meninos que era a Virgem do Rosário. Também lhes disse: “É preciso
que os homens se emendem, que peçam perdão dos seus pecados
e não ofendam mais a Nosso Senhor, que já é muito ofendido”.

O Papa João Paulo II, recordando a sua peregrinação a Fátima, onde


esteve “com o terço na mão, o nome de Maria nos lábios e o canto
de misericórdia no coração”, para dar graças a Nossa Senhora por
ter saído com vida do atentado sofrido no ano anterior, sublinhou
que “as aparições de Fátima, comprovadas por sinais extraordinários
em 1917, vêm a ser como que um ponto de referência e de irradiação
para o nosso século. Maria, nossa Mãe celestial, apareceu para
sacudir as consciências, para iluminar o autêntico significado da
vida, para estimular à conversão do pecado e ao fervor espiritual,
para inflamar as almas de amor a Deus e de caridade com o próximo.
Maria veio socorrer-nos, porque muitos, infelizmente, não querem
acolher o convite do Filho para regressarem à casa do Pai.

“Do seu Santuário de Fátima, Maria renova ainda hoje o seu apelo
materno e premente: a conversão à Verdade e à Graça; a vida
sacramental, especialmente a Penitência e a Eucaristia, e a devoção
ao seu Coração Imaculado, acompanhada pelo espírito de
penitência”2.

Hoje podemos perguntar-nos como anda a nossa correspondência


às freqüentes inspirações do Espírito Santo para que purifiquemos a
alma, como desagravamos o Senhor pelos pecados pessoais e pelos
de todos os homens, como rezamos o terço – especialmente neste
mês de maio –, oferecendo-o por “intenções ambiciosas”, pedindo
que muitos amigos e colegas se aproximem novamente de Cristo.

II. “A MENSAGEM DE FÁTIMA é, no seu núcleo fundamental, uma


chamada à conversão e à penitência [...]. A Senhora da mensagem
parecia ler com uma perspicácia especial os sinais dos tempos, os
sinais do nosso tempo”3. Hoje, na nossa oração, chega-nos essa
voz doce, maternal, e ao mesmo tempo enérgica e decidida da
Virgem, que é premente, como que dirigida pessoalmente a cada um
de nós.

Sabemos bem como ao longo de todo o Evangelho ressoam as


palavras: Arrependei-vos e fazei penitência4. Jesus começará a sua
missão pedindo penitência: Fazei penitência, porque o Reino dos
Céus está próximo5. E acrescentará noutra ocasião: “Se não fizerdes
penitência, todos perecereis”6. É por isso que a pregação desta
virtude ocupará também um lugar essencial na mensagem que os
Apóstolos irão difundir, recém-nascida a Igreja7. Todo o tempo da
Igreja peregrina, no qual nos encontramos, configura-se como
spatium verae poenitentiae, um tempo de verdadeira penitência
:
concedido pelo Senhor para que ninguém pereça8.

A penitência é necessária porque existe o pecado, porque é preciso


reparar tantas faltas e fraquezas pessoais e dos nossos irmãos os
homens, e porque ninguém, sem um privilégio especial e
extraordinário, está confirmado na graça, antes deve ter uma
consciência muito viva de que é um pecador. O Cura d’Ars
costumava dizer que a penitência nos é tão necessária para a alma
como a respiração para o corpo9.

A primeira manifestação desta virtude é o amor à confissão


freqüente, que nos leva a desejá-la e a vivê-la com esmero, com
uma contrição verdadeira das nossas faltas atuais e passadas. A
virtude da penitência deve também estar presente de alguma
maneira nas ações correntes de todos os dias: “no cumprimento
exato do horário que marcaste, ainda que o corpo resista ou a mente
pretenda evadir-se em sonhos quiméricos. Penitência é levantar-se
na hora. E também não deixar para mais tarde, sem um motivo
justificado, essa tarefa que te é mais difícil ou trabalhosa.

“A penitência está em saberes compaginar todas as tuas obrigações


– com Deus, com os outros e contigo próprio –, sendo exigente
contigo de modo que consigas encontrar o tempo de que cada coisa
necessita. És penitente quando te submetes amorosamente ao teu
plano de oração, apesar de estares esgotado, sem vontade ou frio.

“Penitência é tratar sempre com a máxima caridade os outros,


começando pelos da tua própria casa. É atender com a maior
delicadeza os que sofrem, os doentes, os que padecem. É responder
com paciência aos maçantes e inoportunos. É interromper ou
modificar os programas pessoais, quando as circunstâncias –
sobretudo os interesses bons e justos dos outros – assim o
requerem.
:
“A penitência consiste em suportar com bom humor as mil pequenas
contrariedades da jornada: em não abandonares a tua ocupação,
ainda que de momento te tenha passado o gosto com que a
começaste; em comer com agradecimento o que nos servem, sem
importunar ninguém com caprichos.

“Penitência, para os pais e, em geral, para os que têm uma missão


de governo ou educativa, é corrigir quando é preciso fazê-lo, de
acordo com a natureza do erro e com as condições de quem
necessita dessa ajuda, sem fazer caso de subjetivismos néscios e
sentimentais.

“O espírito de penitência leva a não nos apegarmos


desordenadamente a esse bosquejo monumental de projetos
futuros, em que já previmos quais serão os nossos traços e
pinceladas mestras. Que alegria damos a Deus quando sabemos
renunciar às nossas garatujas e broxadas de mestrinho, e
permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e as cores que mais
lhe agradem!”10 Que maravilhosa obra-prima não surge então, com
a ajuda da graça, aos olhos de Deus!

III. UMA PARTE DA MENSAGEM de Fátima era o desejo da Virgem de


que se consagrasse o mundo ao seu Coração Imaculado. Onde
haverá de estar mais seguro o mundo? Onde estaremos mais bem
defendidos e amparados? Esta consagração “significa aproximarmo-
nos, por intercessão da Mãe, da própria fonte da Vida, que brotou do
Gólgota. Esta fonte corre ininterruptamente, e dela jorram a
Redenção e a graça. Nela se realiza constantemente a reparação dos
pecados do mundo. Este manancial é fonte incessante de vida e de
santidade”11.

Pio XII (cuja ordenação episcopal teve lugar precisamente a 13 de


maio de 1917, dia da primeira aparição) consagrou o gênero humano
:
e especialmente os povos da Rússia ao Coração Imaculado de
Maria12. João Paulo II quis renová-la e a ela podemos unir-nos hoje:
“Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus
sofrimentos e esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as
lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas que invadem o
mundo contemporâneo, acolhei este clamor que, como que movidos
pelo Espírito Santo, elevamos diretamente ao vosso coração, e
abraçai com o amor da Mãe e da Serva este nosso mundo, que
colocamos sob a vossa confiança e Vos consagramos, cheios de
inquietação pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.

“De modo particular, colocamos sob a vossa confiança e Vos


consagramos os homens e nações que necessitam especialmente
desta consagração. Sob a vossa proteção nos acolhemos, Santa
Mãe de Deus. Não desprezeis as súplicas que Vos dirigimos nas
nossas necessidades!

“Não as desprezeis!

“Acolhei a nossa humilde confiança e entrega!”13

Santa Maria, sempre atenta ao que lhe pedimos, fará com que
encontremos refúgio e amparo no seu Coração Puríssimo.

(1) C. Barthas, Fátima, Aster, Lisboa, pág. 426; (2) João Paulo II,
Angelus, 26-VII-1987; (3) idem, Homilia em Fátima, 13-V-1982; (4)
cfr. Mc 1, 15; (5) Mt 4, 17; (6) Lc 13, 3; (7) cfr. At 2, 38; (8) cfr. 2 Pe 3,
9; (9) Cura d’Ars, Sermão sobre a Penitência; (10) Josemaría Escrivá,
Amigos de Deus, n. 138; (11) João Paulo II, Homilia em Fátima, 26-
VII-1987; (12) Pio XII, Radio-mensagem Benedicite Deum, 31-X-
1942; (13) João Paulo II, Consagração à Virgem de Fátima, 13-V-
1982.
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