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. SUMÁRIO .

Introdução.................................................................................................................................04
1. O poder da mensagem..................................................................................................08
2. Salvos de quem............................................................................ .........................................15
3. Prazer meu nome é graça ..........................................................................................21
4. Justificados pela fé.................................................................... .........................................25
5. O presente chamado graça ............................................. .........................................34
6. Os presentes da justiça........................................................... .........................................42
7. Reinando em vida .............................................................................................................51
8. Semelhantes a Cristo.........................................................................................................59
9. Vida no Espírito ......................................................................... .........................................67
10. O ponto mais alto.................................................................................................................77
11. Discípulos cheios do favor................................................. .........................................84
12. Viva pela fé................................................................................................................................92
13. Enganos sobre a graça ....................................................... .........................................97

A
minha oração é que a cada capítulo desse livro, você possa crescer em
revelação da Palavra de Deus, pois nos próximos dias estudaremos princípios
encontrados na carta aos Romanos e Novo Testamento. Princípios e verdades
básicas que todo discípulo de Cristo deveria conhecer. Digo que devemos conhecer
porque toda a Escritura é inspirada por Deus (II Tm 3:16), tanto o antigo, como o novo
testamento nos alimentam e edificam, mas creio que devemos ter olhos atentos para
as doutrinas do novo testamento, para que não vivamos aquém da aliança estabelecida
por Cristo Jesus.
Infelizmente muitos irmãos, por falta de revelação, têm negligenciado essas verdades
contidas no novo testamento e, por isso não vivem, apenas sobrevivem não desfrutando
de preciosidades contidas no livro. A minha sugestão é que você remova todo o resto
que aprendeu sobre a religião e coloque Romanos no lugar.

Muitos irmãos são mestres nas histórias do antigo testamento, mas são analfabetos
nas doutrinas da nova aliança. O nosso desafio é mudar essa realidade, enchendo o seu
coração de encargo pelo que Deus fez de novo.

Aqueça seu coração e abra sua mente, pois vamos mergulhar no básico que nós levará
ao crescimento em Deus. Para que você tenha uma leitura orientada, entenda que vamos
do capítulo um ao capítulo oito de Romanos, onde encontramos boa parte doutrinária
de nossa fé, depois falaremos sobre princípios e enganos básicos sobre o Reino. Prepare-
se e ligue a tomada da sua fé, pois será um tempo de avanço em sua vida.

// Por que Romanos?

A carta aos Romanos é uma das 13 epístolas escritas pelo apóstolo Paulo. Essa carta
foi escrita por volta do ano 56 depois da morte de Cristo e foi direcionada aos cristãos de
Roma sendo escrita muito provavelmente enquanto Paulo estava em Corinto. Além dos
motivos missionários, Paulo escreve Romanos na intenção de se apresentar a uma igreja
que nunca tinha visitado e segundamente para expor o evangelho genuíno e sistemático
que pregava, com o intuito de ensinar a verdadeira doutrina de Cristo e proteger os
irmãos do movimento judaizantes, movimento esse que era uma pedra no sapato de seu
ministério. Por onde Paulo ia pregando e ensinando sobre a graça, os judaizantes vinham
logo em seguida seduzindo os irmãos com doutrinas e costumes que contrapunham a
obra de Cristo. Por diversas vezes Paulo precisou chamar a atenção e corrigir a rota de
igrejas por deixarem de seguir o simples e genuíno evangelho para dar ouvido a uma
doutrina obsoleta.

“Chamando ‘nova’ esta aliança, ele tornou antiquada a primeira;


e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de
desaparecer.”Hebreus 8:13

Romanos é o livro que todo discípulo de Cristo deve conhecer bem, pois ele é
a espinha dorsal de toda a Bíblia. Se retirarmos Romanos, todo o restante não fará
muito sentido, pois encontramos nessa carta doutrinas básicas de nossa fé. O antigo
testamento aponta para Jesus em suas linhas e entrelinhas. O novo testamento é o
próprio Jesus em ação, por isso é tão importante que toda escritura seja lida pela
ótica de Romanos, pois ele fará a ligação e transição entre o novo e o velho, entre a
antiga e a nova aliança. Os quatro evangelhos Mateus, Marcos, Lucas e João, mostram
Jesus encarnado, mas o livro de Romanos mostra Cristo em sua realidade ressurreta
e doutrinária. Carinhosamente podemos dizer que Romanos é um carta de amor, de
Deus para o homem, pois nela encontramos vida, perdão e restauração para o homem
caído. Lembre-se que é de extrema importância que você leia, releia e devore a carta
aos Romanos. Não se alimente apenas desse material que está em suas mãos, mas
se alimente diariamente das boas novas do Senhor.
// Minha experiência

Conheci a religião ainda criança, com oito anos, e desde então me tornei uma barata
de igreja. Passei boa parte da minha vida nos cultos e eventos de nossa igreja local, mas
por incrível que pareça nunca havia lido o livro de Romanos, não conhecia as doutrinas
da graça, e não sabia o que era novo testamento. Sempre gostei de ler os evangelhos,
porque falavam de Jesus e as histórias do antigo testamento, que havia aprendido na
salinha da igreja. Por mais de quinze estive dentro da igreja, mas achava que graça era
o nome da minha vizinha, é fé era uma força que deveria fazer para receber algo. Nunca
entendi as frases: “O justo viverá pela fé”, “pela graça mediante a fé.” Passei longos
quinze anos fazendo força para conhecer a Deus, para ser santo, para não pecar, e falhei
miseravelmente ano após ano. Não pense que não sou grato aos meus pastores e antiga
igreja local. Sou muito grato por tudo o que vivi e aprendi, pois esses me fizeram ser
quem sou. Mas o Senhor me marcou profundamente quando disse em meu coração.
“Filho tudo o que você aprendeu, lhe trouxe até aqui, mas não é suficiente pra te levar
onde eu quero.”

Algum tempo depois, ouvindo uma aula sobre graça, fiquei chocado quando ouvi
as seguintes frases: “Seu pecado não pode te levar para o inferno”. “Seus pecados do
passado, presente e futuro foram perdoados.” Não há nada que você possa fazer para
que Deus lhe ame mais ou menos, Deus já lhe ama por completo. “Nada que você fizer
pode te levar para o céu, você está indo para lá de graça.” Confesso, fiquei escandalizado,
desesperado, mas com o passar do tempo e com mais estudo fiquei aliviado, pois percebi
que precisava me apegar a essa verdade, pois essa era a única chance de ser salvo. Desisti
de mim mesmo, pois percebi que quinze anos de muito esforço agora estavam de joelhos
diante da soberania e da dona Graça. Reconheci meu pecado, minha incapacidade e
descobri que “o Reino de Deus é a única organização, além da máfia, onde você tem que
admitir que é mau para entrar”.
“Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado
para o evangelho de Deus.” Romanos 1:1

Paulo começa a carta se chamando de servo, e aqui Paulo não está fazendo uma
média com os irmãos, mas sim estabelecendo um padrão, pois Paulo conhecia a chave
(Lucas 22:27).

Sabemos que Romanos não foi escrito em português, mas em grego, e a palavra
servo no grego é doulos que também significa escravo. A palavra refere-se a um escravo
que até recebe salário, que tinha habilidades e responsabilidades consideráveis e que
costumavam ser bem tratados e protegidos pela lei. Mas o servo (doulos) não poderia
renunciar seu trabalho para servir a outro senhor. Os doulos eram pessoas altamente
educadas e habilidosas.

Dá-nos certa angústia ao falarmos de escravidão, talvez porque isso nos faz lembrar
dos livros de história e dos sofrimentos de nossos antepassados. Muitos quando ouvem a
frase. “Nós somos escravos do Senhor”, logo associam escravidão ao jugo de uma nação
sobre a outra. Quando um brasileiro ouve falar de escravidão, logo se lembra do período
colonial, dos navios negreiros e de todo sofrimento e abuso que indígenas e africanos
sofreram em solo brasileiro. O problema de associarmos esse tipo de escravidão com
o conceito de escravidão doulos, é que isso irá gerar uma doutrina errada em nosso
coração, isso distorcerá a visão correta que deveríamos ter de nosso Pai.

Cantamos uma canção em nossa igreja que diz: “Irei onde queres que eu vá, farei o
que queres que eu faça, direi o queres que eu diga, com todo o meu ser.” Mas percebo que
as pessoas têm dificuldade de cantar essa canção porque tem medo de viver a vontade
plena do Senhor, têm medo porque não conhecem em plenitude a bondade de Deus. No
fundo, as pessoas não acreditam que Deus é tão bom. “Como pode um Deus que diz que
me ama chamar-me de escravo?” Olhe pra África, pro Egito, pra Israel. Será que Deus não
se lembra da história?

Realmente ser um escravo não aparenta ser algo bom, pois escravo é tudo igual, não
importa de onde ele veio e para onde ele vai, escravo é escravo. Mas a questão aqui não
é o escravo, mas sim no Senhor, o dono do Escravo. Esse é o primeiro princípio que você
deve aprender sobre o Evangelho. Nada tem a ver com o homem, mas tudo sempre tem
a ver com Deus. Não olhe para o escravo, mas olhe para o dono do escravo. Homens
sempre serão homens comuns até que se encontrem com Cristo, escravos sempre serão
escravos comuns até que sejam comprados pelo Senhor. O escravo doulos recebia um
tratamento diferenciado, a começar pelo salário. Você já ouviu que escravo recebe algo
além de chibatadas? Mas nós, como servos do Senhor, recebemos porque Ele é um bom
Senhor, Ele recompensará cada um segundo o seu precioso trabalho.

“E ele lhes disse: Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha
deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino
de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na
idade vindoura a vida eterna”. Lucas 18:29,30

O escravo doulos tinha habilidades e eram altamente educados. Já ouviu falar que
escravo tenha alguma habilidade ou educação? Mas nós, os servos do Senhor, temos a
unção do Santo (I João 2:20). O escravo doulos tinha responsabilidades consideráveis.
Assim somos nós na edificação do Reino de Deus, nós somos o copo de Cristo na terra
responsável por expandir o reino e destruir as obras do diabo. Somos uma embaixada
celestial, somos cartas vivas. Outra característica do doulos era que ele era bem tratado,
assim como nós somos por nosso Senhor. Fomos alcançados pela graça e recebemos
aquilo que não merecíamos: amor e perdão.
“Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus
filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas
boas aos que lhe pedirem”! Mateus 7:11

O escravo doulos não poderia renunciar seu trabalho, a fidelidade era fundamental.
Da mesma forma acontece com o crente, pois nós não somos daqueles que retrocedem,
nós avançamos, nós rompemos (Hebreus 10:38)!

Mais uma vez quero reforçar que o evangelho e seus “benefícios” não têm a ver com
nossa habilidade ou força para fazer algo, mas tudo tem a ver com Cristo. Se somos bem
tratados isso é bondade d’Ele.

Após as apresentações e formalidades, Paulo começa a expor as boas novas de Deus.

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus


para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois
do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma
justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo
viverá pela fé”. Romanos 1:16,17

Nesse texto encontramos a primeira preciosidade de Romanos. Paulo diz que o


evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Vamos entender
isso.
A palavra evangelho significa boas notícias, boas novas. Evangelho na Grécia antiga era a
recompensa que se pagava a alguém por trazer uma boa notícia, depois evangelho ficou
conhecido como a própria boa notícia. E Paulo vem dizendo que não se envergonhava
dessa boa notícia.

No geral, em nosso país, ser cristão é algo aceitável, crer em Jesus não é demérito
algum, pelo contrário, hoje está em voga ser crente. Mas na época de Paulo, os cristãos não
eram bem vistos, Paulo mesmo foi um perseguidor dos cristãos que eram ridicularizados,
perseguidos e mortos. Mas Paulo, o perseguidor arrependido, não se envergonhava do
evangelho, não se envergonhava de seguir um “Judeu morto”, porque ele conhecia as
consequências de se envergonhar da fé.

“Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta


geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará
dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos”. Marcos
8:38

Meu irmão, em momento algum sinta vergonha de ser um cristão, pelo contrário,
sinta muita alegria e honra de ter sido salvo e escolhido por Deus, não se envergonhe do
nome de Jesus, não se sinta desonrado, pois é um privilégio com benefícios eternos ser
um discípulo de Cristo. Paulo não se envergonhava do evangelho por um motivo: “Pois o
evangelho é o poder de Deus para salvar o homem.”

Fiquei pensando muito sobre essa verdade. “O evangelho é o poder para salvar o
homem.” Como uma mensagem, pode salvar alguém? Como uma boa notícia, pode levar
um homem do inferno para o céu? Gostaria que você imaginasse uma cena comigo, para
clarificar essa realidade.

Imagine comigo que você está terrivelmente doente, acamado e sentindo muitas
dores, e a única coisa que tira sua dor é cantar em alto e bom som o hino do Cruzeiro
Esporte Clube em espanhol. Isso faz algum sentido? Parece verdade? O que os médicos,
enfermeiros e sua família pensariam? No mínimo que você enlouqueceu, pois isso é
ridiculamente uma loucura! O que você faria nessa situação? Assumiria a fama de louco,
mas um louco sem dor? Ou assumiria a postura de politicamente correto, mas morto por
dentro? Todos certamente pensariam que você está louvo, mas só você sabe de fato o
que descobriu. Agora imagine que sua mãe, ou alguém muito amado está com a mesma
doença, sofrendo muito, e só você descobriu a bendita receita secreta para acabar com
a dor, que é cantar esse sucesso dos estádios chamado Hino do CEC em espanhol. O
que você faria? Teria vergonha de dar essa boa notícia por mais ridícula e simplista que
pareça? Ou a deixaria padecer em prol da sua boa imagem?

Agora, paralelamente, pense na mensagem da Cruz. Pois sim, nós estávamos com nossa
alma doente, com nosso futuro condenado, mas encontramos, ou fomos encontrados pela
verdade, encontramos a cura, e somente nós, de fato sabemos o que estamos vivendo.
Cremos que a dois mil anos atrás o filho de Deus em forma de homem, entregou-se para
morrer numa cruz a fim nos livrar da condenação eterna. O fato é que muitos não crerão
nessa verdade, muitos vão nos ridicularizar, pois tudo isso parece loucura, mas é poder
de Deus para salvar sua casa e sua família. Não se envergonhe, mas grite o mais alto
possível para que todos possam ouvir não o hino de um time, mas que Jesus cura, salva,
liberta e voltará para nos buscar. Essa doce mensagem chamada Evangelho nos salvou e
nos vivificou. Como poderíamos nos envergonhar dela?

“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo,


mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.” 1
Coríntios 1:18

Paulo não se envergonhava, pois, o Evangelho é o poder de Deus, o evangelho não


tem o poder, ele é o poder. Existe uma grande diferença entre ter o poder e ser o poder.
Você nesse momento está com esse livro nas mãos, mas esse livro não é você, você
apenas o tem em seu poder. Diferentemente das suas mãos, além de elas estarem com
você, elas são parte de você, elas são você. O poder não está com o evangelho, o poder é
o evangelho. E por muitos crentes não terem revelação dessa verdade, acabam caindo no
sincretismo religioso, começam a tirar o foco do evangelho e colocar poder em objetos
e pessoas que não são dignas de nossa fé. Um crente que entende que o evangelho é o
poder suficiente para salvação de todo aquele que crê, jamais levará uma “rosa ungida”
para sua casa, jamais depositará poder em uma pulseirinha, lenço ou qualquer outro
tipo de bezerro de ouro contemporâneo. Lembre-se amado irmão, o problema não é o
objeto, mas sim a falta de fé pura em Cristo. O problema do bezerro de ouro em Êxodo
32 não era propriamente no bezerro, mas sim porque o povo disse: “Este é teu deus, ó
Israel, que te tirou da terra do Egito” (Êxodo 32:4).

O povo tirou a fé de Deus e deu glória a um objeto. Não é isso que muitos crentes
fazem hoje? “Depois que eu tomei a água ungida, depois que eu usei o lenço poderoso, fui
curado”. Uma vez ouvi uma história de um pastor que distribuía retratos com o rosto dele
para os fieis pendurarem na sala para que o mal fosse espantado da casa. Parece piada,
mas é verdade. Deposite a sua fé apenas em Cristo, nada mais. Fique com a simplicidade
do poder do evangelho imaculado. Você pode estar pensando. “Mas a bíblia diz que a
sombra de Pedro e os lenços de Paulo curavam os enfermos, por que não pode acontecer
da mesma forma?” Eu não disse que não podem, longe de mim, limitar a ação do nosso
Deus, Ele faz como quer, cura e salva como quer. Mas fique atento, em toda a Bíblia isso
é relatado apenas uma vez, então não seja guiado pela exceção, mas sim pela regra. Por
mais que Deus possa usar objetos para nos alcançar, o objetivo final da nossa fé, sempre
deve ser Jesus Cristo.

// Uma Dinamite

Poder no grego é a palavra dunamis que significa energia constante, grande força,
de onde vem a palavra dinamite. O evangelho é o poder para salvação de todo aquele
que crê. Simplificando, o evangelho, a boa notícia que Jesus morreu na cruz, é o único
poder para arrancar qualquer pessoa do inferno e levar para o céu. A única coisa que
pode mudar nossas vidas para sempre é o evangelho de Jesus Cristo. Nada nessa terra
é mais forte do que a mensagem da Cruz. Nada tem um poder mais transformador do
que o Evangelho. Famílias são transformadas, bairros, cidades e nações são impactadas
através da mensagem da cruz. Filósofos gregos, pensadores e grandes líderes políticos
durante décadas não influenciaram tanto como Cristo influenciou em apenas três anos
de ministério. Creia nisso meu irmão, Deus não manda pessoas para o inferno, Ele tira as
pessoas de lá com o poder do Evangelho.

“Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está
condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de
Deus.” João 3:18

// Não importa qual a religião, o que importa é ter uma. Será?

A maior mentira que o diabo já contou para a humanidade é que todos os caminhos
levam a Deus. Isso é um grande engano. Somente o Evangelho de Jesus leva a Deus. As
boas obras, campanhas, dízimos e ofertas não podem te levar a Deus, mas o Evangelho
pode!

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém


vem ao Pai, senão por mim.” João 14:6

Creia nisso, meu irmão, somente Cristo através de seu poder (evangelho) pode nos
levar até o Pai. Não existe outro caminho, não existe outra verdade, Ele é o alfa e o ômega,
o princípio e o fim (Apocalipse 1:18).

Em Êxodo 25:1-8, Deus ordena que Moises construa o tabernáculo. Tabernáculo


basicamente significa habitação, morada. Essa foi a forma que Deus fez para estar junto
aos homens. Isso é precioso e triste ao mesmo tempo. Precioso, pois Deus agora habita
no meio do seu povo, mas triste porque nem todos tinham acesso a presença de Deus.
Apenas o sumo sacerdote, uma vez ao ano tinha um contato mais direto com a presença
de Deus (Hebreus 9:7).

Para entendermos de uma forma bem primitiva, imagine o tabernáculo como um


grande galpão de 45mx22m cercado de fora a fora. Imagine agora que dentro desse
galpão existiam basicamente três ambientes. O átrio, onde todos tinham acesso; o lugar
Santo, que era destinado aos sacerdotes para o serviço; e o Santo dos Santos, que de
fato era onde a presença de Deus habitava, que apenas o sumo sacerdote tinha acesso.
Esses três lugares eram divididos e separados por três portas. Ou seja, se eu quisesse
me achegar ao Pai que estava no Santo dos Santos eu teria que passar por todas as três
portas. A primeira porta se chamava caminho, a segunda se chamava verdade, e a terceira
era um véu de 12 cm de espessura que se chamava vida. É interessante relembrar o que
Jesus disse em João 14:6.

“Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai, senão


por mim.” João 14:6

Percebe isso? Jesus Cristo é o tabernáculo de Deus. Ele é o Emanuel, Deus conosco,
Ele é o caminho que nos leva ao pai. Ele é o “plano” perfeito de Deus para estar próximo
aos homens. Ele é a verdade e o poder. Não se engane, não existe outro caminho, não
existe atalho, não existe outra mensagem a não ser o evangelho da Cruz.

“Por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu,
isto é, do seu corpo.” Hebreus 10:20
Não se deixe enganar meu irmão, só existe um caminho e esse caminho se chama
Jesus Cristo. A primeira coisa que precisamos entender para prosseguir, é que sem o
evangelho nunca alcançaremos a Deus. Não se satisfaça com “evangelhos” baratos e
misturados. Não se satisfaça com evangelhos genéricos e híbridos. Busque a Deus e
fique com a verdadeira e única mensagem da Cruz.

Vejo alguns pastores dizendo que usam de alguns “artifícios” para despertar a fé do
povo. Não se engane meu irmão, fique com o simples e cru evangelho! Não precisamos
de nada, precisamos de Cristo.

“Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e
encontrará pastagem.” João 10:9

Você se lembra da história de Naamã? (II Reis 5) Capitão do exército sírio, leproso,
que busca salvação, cura junto a Eliseu. É interessante perceber que quando Naamã,
influenciado por uma escrava hebréia, busca salvação junto ao profeta, o profeta não o
recebe, mas manda o servo Geazi dar um recado a Naamã. “Vá se lavar no rio Jordão,
sete vezes”. Obviamente Naamã não gosta da direção, mas cumpre com o ordenado, e
depois de banhado, limpo e sarado, o profeta o recebe. Não quero me ater ao detalhes
dessa história, mas o que quero que você perceba é a Cristofania que está acontecendo
aqui. Aqui está acontecendo uma aparição do Cristo pré-encarnado. Naamã simboliza os
pecadores sujos pelo pecado, o profeta Elizeu simboliza o Pai, e o Rio Jordão simboliza
o evangelho, Jesus Cristo. Assim como Naamã não se achegou até o profeta antes de
passar pelo Jordão, nunca nos achegaremos a Deus sem antes passar por Cristo.

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém


vem ao Pai, senão por mim. João 14:6

Lembre-se que Ele é o caminho, Ele é o evangelho, Ele é o único poder para nos salvar.
P
artindo do princípio que você já entendeu que Cristo é o único caminho para
salvação, perdão de pecados e vida eterna, e que o Evangelho é o poder de
Deus para salvação de todo aquele de crê, a pergunta que muitos se fazem
e que eu me fiz quando descobri tudo isso é: do que exatamente fomos salvos, ou do
que preciso ser salvo? O fato é que a palavra salvação nos remete a alguém que corria
risco eminente e por uma intervenção, foi poupado de um dano. Salvação basicamente
significa resgatar, livrar, libertar, remir. É como um bombeiro que salva alguém em meio
às ferragens. Mas afinal de quem ou do que fomos salvos? O evangelho é o poder para
me salvar do inferno? Do diabo? Essa pergunta e, consequentemente, sua resposta é
fundamental para darmos base a todo o resto.

Infelizmente muitos líderes, para manter um cabresto sobre os crentes, ou por falta
de compreensão, dão muita ênfase ao diabo e seus poderes, discorrendo sobre seus
feitos e malignidades. Alguns demônios têm até “talk show” na igreja. Podem falar, se
apresentar e “vender seu peixe”. Entenda meu irmão, não estou dizendo aqui que o
diabo não tem poderes, ou que ele não é nosso inimigo, mas a boa, ou talvez a má notícia
pra você, é que não fomos salvos do diabo, creia meu irmão, você não foi salvo do diabo,
você foi salvo da ira do próprio Deus. O Senhor nos salvou d’Ele mesmo. Talvez você
esteja chocado com essa informação, pois nós só somos salvos de um inimigo, mas nunca
de um amigo, e é exatamente isso, Deus te salvou d’Ele mesmo, pois éramos inimigos,
você odiava a Deus, e Ele odiava você.

Você ainda pode estar se questionado: “Cristo não nos salvou de seu Pai, ele é um
amorzinho. Cristo nos salvou da maldição da lei, do inferno e do diabo.” Em partes esse
pensamento está correto, mas tudo isso foi uma consequência do ato de nos salvar da ira
do próprio Deus.

Pense comigo. Quando você contrai uma dívida e não consegue pagar, em uma loja
de departamentos, por exemplo, seu nome fica “sujo”, negativado junto ao SPC e Serasa,
certo? Mas tecnicamente, sua dívida não é com o SPC, mas sim com a loja. Ter o nome
negativado é apenas uma consequência de ter uma dívida que não conseguiu pagar.
Automaticamente quando a dívida é paga, a consequência vai embora. Quando se paga a
dívida o nome é limpo. Entenda que a consequência só existe para me lembrar da minha
dívida, pois, se não existe conseqüência, por que pagar? Se não houvesse consequências
eu não me importaria com a dívida (esse é um pensamento caído). Concluindo, o Serasa
e SPC cobram uma dívida que não é deles, assim como a morte e o inferno cobravam uma
dívida que não necessariamente era deles. Nossa dívida não era com o diabo ou com o
inferno ou com sua turma, nossa dívida era com Deus. O inferno e a morte eram apenas
consequências de uma dívida que tínhamos com o Senhor, dívida essa que contraímos há
6000 anos, no Jardim do Éden com o pecado da humanidade. E todos nós, com nossos
pecados, só aumentávamos essa dívida.

// Devedores e malditos

O pecado da humanidade começa a crescer e Deus entrega a Lei. E o que é a Lei


de Deus? São os 613 mandamentos que encontramos no Pentateuco, (Genesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio). Essa Lei inclui os dez mandamentos, leis morais,
cerimonias e civis. E pra que serve a Lei de Deus? Falaremos detalhadamente sobre isso
mais tarde, mas basicamente a Lei serve para revelar o padrão de santidade e caráter
de Deus. Porque se não houvesse um mandamento dizendo para não roubar, como eu
saberia que Deus não gosta do roubo? A Lei também servia para guardar o povo, pois o
salário do pecado é a morte, quanto mais pecado mais morte, e a Lei vem na missão de
refrear o pecado.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de


Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 6:23
Gálatas 3:24-25, diz que Deus nos deu a Lei, para nos servir de aio. Aio no grego
é a palavra paidagogos, de onde se origina a palavra pedagogo, hoje pedagogo é um
professor, mas naquela época era um servo que acompanhava a criança de perto até
atingir a maioridade. Esse aio ou pedagogo tinha o trabalho de ensinar, doutrinar, corrigir
e até usar a vara se necessário. A lei de Deus era como um professor, a lei veio para ensinar,
corrigir e punir quando necessário. Por isso que a lei dizia, “Não matarás”, mas, se você
matar, sofrerá consequências. O aio ensina e puni caso o padrão não seja alcançado.

O homem antes de Cristo precisava de uma série de regras (Lei mosaica) para que
ele não se perdesse no caminho. O coração do homem estava inebriado pelo pecado e,
por isso, não tinha condição alguma, por si próprio, de fazer o bem, buscar a Deus. Um
coração totalmente depravado nos afastava do Senhor, por isso o Senhor nos dá a Lei,
para que pudéssemos, agora sim, fazer o que é certo. O problema é que o homem não
consegue cumprir a Lei. Por mais que ele se esforce, uma hora ou outra ele irá pecar. Isso
por causa de sua natureza pecaminosa, o homem não conseguia parar de pecar. E isso
gera mais problemas, porque se você não cumprisse a Lei, maldições vinham sobre sua
vida.

Um texto muito famoso é Deuteronômio 28. São 68 versículos nesse capítulo, 14


versículos falando das bênçãos para os cumpridores da lei, e em contrapartida, 54
versículos falando sobre as maldições para quem descumprisse a lei. O grande problema,
como já foi dito antes, o homem não consegue cumprir toda a lei. E se você for honesto
vai assumir que, por mais que você se esforce para não pecar, hora ou outra você acabará
pecando, quase que involuntariamente. Então como se já não bastasse a dívida que
tínhamos por causa do pecado, agora somos malditos por não conseguir cumprir a lei.
Agora, além de uma enorme dívida com Deus, os juros da maldição não param de subir.

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo
da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei,
para fazê-las.” Gálatas 3:10

Por causa de tudo isso a ira de Deus se manifesta, por causa da iniquidade e
desobediência, Deus do céu está irado.

// Deus está irado

“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade


e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,”
Romanos 1:18

Mas será que toda essa ira é por causa do pecado de Adão? Foi por uma simples
mordida? Na visão de um homem carnal foi por uma singela mordida, mas Romanos nos
conta porque Deus está tão irado.

“Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,


nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se
fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se
sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal
por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem
como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou
à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus
corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram
a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas
e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre.
Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas.
Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por
outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens
também abandonaram as relações naturais com as mulheres e
se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer
atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos
o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que
desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.
Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância
e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades,
engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de
Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras
de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos,
desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o
justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas
merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas
também aprovam aqueles que as praticam.”Romanos 1:21-32

Essa é a condição da humanidade caída, pecaminosa, onde todos se afastaram do


caminho. Deus está irado porque a humanidade escolheu fazer o mal, Deus está irado
porque o pecado não traz glória para Si, pelo contrário, traz desonra. Deus está irado
porque o homem escolheu o mal, escolheu adorar a criatura e não o criador. Deus está
irado porque o homem está destruindo o que Deus criou. O homem está depravado,
caído, desejoso do mal, e se você for sincero assumirá que Deus tem motivos de sobra
para estar irado com toda a humanidade. Entenda que Deus tem todo o direito de estar
irado, Ele é o criador de tudo e de todos. Muitos podem se escandalizar ao descobrir que
Deus está irado com a humanidade, mas a ira de Deus não é uma ira carnal como a ira
humana, que nós faz perder a cabeça. A ira de Deus provém de sua soberania, amor e
zelo por sua criação. A ira de Deus muito se assemelha com a de uma mãe ao descobrir
que seu filho está usando drogas, por exemplo. Isso gera um sentimento de ira, gera
inconformidade, mas não rejeição. A Ira de Deus é contra a impiedade.

Com a queda, todos estão debaixo do pecado, todos se afastaram de Deus não há
nenhum justo sequer.

“Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há


ninguém que faça o bem, não há nem um sequer. Suas gargantas
são um túmulo aberto; com suas línguas enganam. Veneno de
serpentes está em seus lábios. Suas bocas estão cheias de maldição
e amargura. Seus pés são ágeis para derramar sangue; ruína e
desgraça marcam os seus caminhos, e não conhecem o caminho
da paz.“ Romanos 3:12-17

Deus está irado, por tudo isso que temos mencionado. Mas você pode estar pensando,
“Eu não sou tão pecador assim, o meu vizinho sim é um baita pecador, Deus pode estar
irado com o meu vizinho, mas comigo acho que não”. Talvez realmente você seja um bom
cidadão, uma pessoa bem esforçada, se comparada ao seu vizinho, mas nosso padrão de
bondade não vem do seu vizinho ou de homem algum, mas sim de Jesus Cristo, o padrão
de qualidade de Deus se chama Jesus Cristo. Se nós nos comparamos com o próximo,
poderemos até nos orgulhar, mas quando nos comparamos com Jesus Cristo, todos nós
estamos debaixo do pecado, todos nós estamos abaixo do padrão. Quem se compara a
Cristo? Qual homem foi ou será perfeito como Ele? Ao querer nos apresentar ao Pai, nos
aparelhando a Cristo, o que nos resta é uma longa, eterna e sofrida estadia no inferno.

Não baseie a sua santidade na quantidade de pecado que existe ao seu lado. Muitos
pensam: “Todos os meus amigos usam drogas, eu não uso, sou muito santo.” O seu padrão
de santidade não vem dos seus amigos, vem de Cristo e isso faz de você um pecador
miserável, tão pecador como qualquer outro.

“Que concluiremos então? Estamos em posição de vantagem? Não!


Já demonstramos que tanto judeus quanto gentios estão debaixo
do pecado. Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem um
sequer;” Romanos 3:9,10

“Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus,”


Romanos 3:23

Em suma toda humanidade estava debaixo de uma grande dívida que só aumentava,
todos estavam perdidos, condenados, amaldiçoados e fadados ao eterno sofrimento no
inferno.
M
esmo com toda ira, pecado e maldição sobre a humanidade, mesmo com um
abismo entre nós e Deus, nosso Pai de amor tem uma brilhante ideia, antes da
fundação do mundo. Ele pensa: “E se eu perdoar o homem? E se eu esquecer
todos os seus pecados e começar tudo de novo, como se o pecado não houvesse existido?”
E tão simples como essa frase, assim foi feito. Todos os meus e seus pecados foram
perdoados. Deus perdoou a todos os que creem em seu nome. Você não precisa mais ser
atormentado por seu passado, pois Deus perdoou todos os seus pecados, pecados do seu
presente passado e futuro. “Mas até do meu futuro? Pecados que eu ainda nem cometi,
Deus já perdoou?” Sim! Pois quando Cristo morreu na cruz você ainda nem existia, mas
Cristo já te conhecia e perdoou todos os seus pecados. Aleluia! Bem-vindo ao conceito
chamado Graça.

O perdão para nós veio de graça, simples como respirar. Não fizemos nada nessa
transição, monergicamente, recebemos o perdão e salvação. Para o homem o perdão veio
gratuitamente, mas custou um alto preço para Deus. Lembra que tínhamos uma dívida?
Lembra que éramos malditos por causa da Lei? Deus não é “trambiqueiro”, nosso Deus
não é um mau pagador, alguém tinha que pagar essa dívida. Para que houvesse perdão
de nossos pecados, alguém tinha que sanar a dívida. Então Deus pagou a nossa dívida.
“Espera aí. Deus pagou a nossa dívida pra Ele mesmo? Deus sacrificou a Si mesmo para
Ele mesmo nos salvar d’Ele mesmo?” Sim! Deus pagou a nossa dívida para Ele mesmo.
Toda a ira de Deus foi descarregada nEle mesmo na cruz do calvário. Deus pagou a nossa
dívida para Ele mesmo, Ele assumiu o prejuízo, Ele subiu na cruz e descarregou toda sua
ira sobre seu filho Jesus.

Somente Deus poderia pagar uma dívida tão grande, homem nenhum poderia, mas
Deus poderia.

“Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer,”


Isaías 53:10

Você pode estar pensando, “Então não foi Deus que pagou a dívida foi Jesus, o pai
ficou do céu assistindo do trono confortável.” Meu irmão, nunca pense isso, o filho de
Deus, nosso Senhor Jesus que é Deus morreu em nosso lugar. Ele e o pai são um, Cristo
é o Deus presente aos homens. O nosso Pai, através do seu Filho, o nosso amado, pagou
nossa dívida.

Uma cena do filme “A Cabana” muito me marcou quando o personagem Mack acusa
a Deus Pai de ter abandonado Cristo na Cruz, então Papai mostra suas mãos furadas e
diz: “Não Mack, você entendeu errado o mistério, não pense que a escolha de meu filho
não custou caro a nós dois. O amor sempre deixa marcas, estávamos juntos lá, eu nunca
o deixei e nunca deixarei você”.

“Eu e o Pai somos um”. João 10:30

“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças,
contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido. Mas ele foi
transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas
iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos
curados.” Isaías 53:4,5

Ao morrer na cruz Jesus paga nossa dívida impagável. Creia nisso, meu irmão, o preço
já foi pago.

“Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da


sua carne, Deus os vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou
todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia
em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a
na cruz,” Colossenses 2:13,14

Ao morrer na cruz Jesus não somente paga nossa dívida impagável, mas também
acaba com a maldição da Lei, fazendo-se maldição em nosso lugar.

“Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição


em nosso lugar, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele que for
pendurado num madeiro’.” Gálatas 3:13

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus”. 2 Cor´´intios 5:21

Uau! Que tesouro, que presente, que favor! Estamos perdoados, não existe mais
maldição, não existe mais dívida, nem culpa, Jesus pagou e pregou tudo na cruz. Meu
irmão, tudo isso é apenas o começo, isso é apenas a entrada. Agora Cristo só espera que
você tenha fé e aceite tudo isso que Ele fez de graça e pela graça. Seria loucura tentar
cumprir a Lei de novo sendo que Cristo nos resgatou da maldição da Lei. Agora apenas
ande em fé e desfrute dessa nova vida que Cristo conquistou.

“Mas é verdade que fui perdoado de graça? Não preciso pagar nada?”

É exatamente isso! Bem-vindo ao clube dos resgatados. Muitos não conseguem crer
em toda essa simplicidade e adicionam elementos místicos a esse simples processo de
perdão e salvação. Mas fique em paz meu irmão, você foi salvo, e se ainda não foi salvo
você pode ser agora mesmo, se crer na obra de Jesus. A Bíblia diz que se você confessar
com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre
os mortos, será salvo. (Romanos 10:9) Se você ainda não entregou sua vida a Cristo, pare
por alguns instantes e faça a oração a seguir.

Senhor Jesus, eu (seu nome) _______________________________________________


______ confesso que sou pecador e que sozinho não posso me salvar, perdoe os meus
pecados, estou arrependido. Escreva meu nome no livro da vida. Senhor, seja o meu
Deus, pois quero ser teu filho. Apague todo o meu passado, pois hoje desfaço minha
aliança com o mundo e com o pecado e faço uma aliança eterna com o Senhor, no Nome
de Jesus, amém!

Se você fez essa oração pela primeira vez, e a fez com fé estou muito feliz, pois agora
somos irmãos, o céu está em festa por sua vida. Bem-vindo a família de Deus. Queremos
te conhecer melhor e cuidar de sua vida. Se você não faz parte de nenhuma igreja, busque
uma para que possa andar com sua nova família. No final desse material você encontrará
nosso contato para que juntos possamos crescer em Deus.

“Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo


Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me
libertou da lei do pecado e da morte.” Romanos 8:1,2

Creia nisso. “Jesus disse: ‘Está consumado!’ “ João 19:39


G
astamos algumas páginas falando sobre pecado e condenação, pois só podemos
tomar o remédio quando descobrimos que estamos doentes. O homem só pode
ser salvo quando tem convicção de seus pecados. No Reino de Deus só entra
aqueles que reconhecem que são maus.

O pecado é uma doença que afetou a humanidade, mas a cruz de Cristo é o antídoto
que arranca o veneno da serpente. Cristo nos curou! Fez de nós filhos de Deus, nos
garantiu uma vida eterna após essa vida passageira, vida essa apenas para os justos, pois
o céu não foi feito para pecadores, mas sim para os justos. E se de fato você pretende
passar sua eternidade com Cristo, você precisa se tornar um justo, de modo contrário,
jamais poderá herdar o Reino dos Céus.
A palavra justo é uma tradução da palavra hebraica tsadikk e do termo grego
correspondente a dikaíos. Os dois termos indicam a justiça, a retidão ou excelência
moral de Deus. Resumindo, ser justo é ter a natureza não pecaminosa de Deus. Quando
dizemos que para entrar no céu deve-se ser justo, estamos querendo dizer: Para se entrar
no céu, precisa-se ser ter a mesma natureza, caráter, ilibação, imutabilidade e santidade
imaculável de Deus.

Mas como ganhar o céu se o homem é um pecador crônico? Como ser justo, se a
humanidade está cerrada debaixo do pecado? Parece algo impossível. Como eu pecador,
que peco todos os dias, vou ser justo, imaculado e ilibado como Deus? A Bíblia mesmo
diz que “não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém
que busque a Deus” (Romanos 3:10,11).

A verdade é que toda a humanidade vive pecando e praticando injustiças por dois
motivos básicos. O primeiro é pelo fato do homem ser escravo do pecado.

“Jesus respondeu: ‘Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive


pecando é escravo do pecado’.”

E o segundo motivo pelo qual o homem vive pecando, é por causa de sua natureza
pecaminosa.

“Pois quando éramos controlados pela carne, as paixões


pecaminosas despertadas pela lei atuavam em nossos corpos, de
forma que dávamos fruto para a morte.” Romanos 7:5

// Onde tudo começou

Mas como o homem trocou sua natureza divina dada por Deus no Éden, por uma
natureza pecaminosa? Se fomos feitos a imagem e semelhança de Deus, por que somos
escravos e naturalmente pecadores?

No dia em que Adão pecou nos tornamos escravos do pecado, perdemos nossa
natureza original e herdamos uma natureza pecaminosa, que diariamente deseja fazer
o mal e desobedecer a Deus. Talvez você possa se perguntar. “Mas eu não estava no
jardim, por que sou escravo do pecado?” O nome Adão significa homem ou humano. O
pecado de Adão representa o pecado de toda a humanidade. Somos herdeiros de Adão,
não fizemos nada, porém herdamos, assim como você herdou características físicas dos
seus pais.

Muitos pensam que se estivessem no lugar de Adão fariam diferente, não


desobedeceriam a Deus, não comeriam do fruto proibido. Isso é improvável, pois o erro de
Adão fala do coração humano que naturalmente escolhe a independência de Deus. Adão
ali representa toda a raça humana. Eu me conheço, em particular digo que se estivesse
no lugar de Adão, não somente comeria do fruto, mas faria um suco, um doce da polpa
e roeria o caroço. Graças a Deus que fui alcançado pela graça.

A natureza pecaminosa é algo que herdamos de Adão, é como uma criança que nasce
com os olhos da cor dos olhos do pai, ele não teve escolha, apenas herdou por uma
questão de natureza.

// Princípio da representatividade

O reino de Deus é cheio de princípios, e um dos princípios é o princípio da


representatividade. Se um errou, todos erraram; se um obedeceu, todos obedeceram.
Veremos isso a seguir.
Por causa do princípio da representatividade cremos que o homem não é considerado
pecador pelo simples fato de cometer pecado, e sim por causa de sua natureza pecaminosa
herdada de Adão. Da mesma maneira que uma goiabeira não é conhecida somente por
seus frutos, mas sim por sua estrutura de natureza, o homem pecador não é considerado
pecador por seus pecados, mas sim por causa de sua estrutura de natureza. Pense comigo,
Essa mesma goiabeira sem frutos é tão goiabeira como qualquer outra, pois tudo é uma
questão de natureza e não de fruto, assim como um homem aparentemente sem pecado
é tão pecador como um que peca todos os dias.

O que vou lhe pedir pode parecer um tanto quanto estranho, mas prometo que vai
ajudar na compreensão do quero lhe ensinar.

Por um minuto, pare a leitura desse livro e dê um bom latido. É isso mesmo, um
latido de belo cachorro saudável. Você consegue? Não precisa ser alto, pode ser em sua
mente. Você está pronto? Vamos lá. 1,2,3 “Auu”! Conseguiu? Parabéns! Mas lamento
lhe informar que mesmo você tendo essa super habilidade de latir, isso não faz de você
um cachorro, porque não tem a ver com o que você consegue fazer, mas sim com a sua
natureza.

O pecador é considerado pecador não porque peca, mas sim por causa de sua natureza.
Se um cachorro ficar uma semana sem latir, ele deixa de ser cachorro? Claro que não!
Eu mesmo tenho um gato que nunca miou em seus quase quatro anos de vida, mas ele
ainda é um gato, tenho certeza disso. Da mesma forma se um pecador conseguir ficar
uma semana sem pecar ele ainda continua sendo pecador, porque tudo é questão de
natureza e não de performance.

// Para que serve a Lei de Deus?

Romanos 3:10-18, descreve a situação do homem em sua natureza pecaminosa


cometendo injustiças e malignidades, mas Deus em sua infinita bondade entregou seu
filho Jesus para morrer em nosso lugar.

“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
João 3:16

Cristo morreu em nosso lugar para fazer o que a Lei não podia fazer. Cristo morreu
na cruz para nos fazer justos. Você se lembra da Lei? Ela foi dada para revelar o caráter e
justiça de Deus e refrear o pecado, mas a Lei não tem o poder de justificar o homem. A
Lei apenas revela o meu pecado, mas não tem poder para me santificar. A Lei me mostra
o que é errado, mas não pode me justificar. A Lei me mostra, porque sem ela, como eu
saberia que roubar é pecado?

Na Lei encontramos o mandamento que diz: “Não furtarás” (Êxodo 15:20), mas essa
Lei que diz para que eu não furte não me ajuda a deixar de ser um ladrão.

A Lei é como um espelho, ao olhar para o espelho eu vejo todas as imperfeições no


meu rosto, rugas, marcas de expressões, mas o espelho só me mostra o que está errado,
não melhora o aspecto do meu rosto. Também podemos comparar a Lei como um exame
de raio-x, o exame apenas mostra se existe alguma fratura, mas o exame de raio-x não
tem poder de colar meu osso. Assim é a Lei, ela apenas mostra o quão quebrado eu
estou, mas ela não tem poder para me curar.

Quando lemos os 10 mandamentos ou qualquer outra Lei encontrada no Pentateuco


(cinco primeiros livros da bíblia), apenas encontramos um panorama de como somos
pecadores e incapazes de agradar a Deus. A Lei apenas tem o poder de revelar o pecado,
mas não tem o poder de aperfeiçoar o pecador. Quando você lê na Lei, “Não mentirás”,
você imediatamente pensa: “Eu sou um mentiroso, eu tenho mentido”. Mas essa Lei que
mostra seu pecado não tem poder para arrancar o pecado.

O fato é que ninguém é justificado pela Lei. Adianta alguém que está com a perna
quebrada esfregar o exame de raio-x na perna para que a perna se cole? Adianta esfregar
o espelho na cara para ficar mais bonito? Para diminuir as rugas? Claro que não. Porque
o exame e o espelho apenas mostram, mas não curam; não me melhoram. Da mesma
forma a Lei não pode salvar ou justificar ninguém.

“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-


se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos
plenamente conscientes do pecado.” Romanos 3:20

A Lei é como um remédio que faz a doença do meu corpo se manifestar, mas não
tem o poder de curar meu corpo. A Lei é como um exame de sangue que me mostra o
que tenho, mas não tem o poder de curar meu corpo. “Mas a Lei não pode me justificar
porque ela é má?”

“De fato a lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.”


Romanos 7:12

De forma alguma! A Lei é santa e boa, o problema está com a humanidade que não
consegui cumprir a Lei. A Lei veio de Deus, ela revela o caráter de Deus, mas por causa da
natureza pecaminosa o homem não consegue cumprir a Lei.

Concluindo, a Lei foi dada para o homem chegar ao fim de si mesmo e clamar pela
graça, pelo favor de Deus. Escandalize-se, mas a Lei foi dada para não ser cumprida. Deus
nos entrega a Lei para que pudéssemos ter certeza que somos miseráveis pecadores,
inimigos e carentes da graça. Todo homem faz força para cumprir a Lei, e alguns conseguem
cumprir boa parte, mas o fim de todo homem é quebrar a Lei de Deus.

“Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não


o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado.
Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que
odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste
caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.
Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque
tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo.
Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero
fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já
não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Assim,
encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o
mal está junto a mim. Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na
lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo,
guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro
da lei do pecado que atua em meus membros. Miserável homem eu
que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças
a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente,
eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do
pecado.” ROmanos 7:14-25

// Como alcançar a Justiça

Se não somos justificados por cumprir a Lei, até porque ninguém consegue cumprir
toda a Lei, de que forma somos justificados? Unicamente pela fé! A única forma de me
tornar um justo filho de Deus, apto para morar no céu, é crendo em Jesus, e me rendendo
em sua obra redentora.

“Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus,


independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça
de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem.
Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória
de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio
da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício
para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a
sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados
anteriormente cometidos.” Romanos 3:21-15

Que texto poderoso! Podemos concluir que a única forma de se tornar um justo,
é crendo no sacrifício de Jesus. Não é por cumprir a Lei, os dez mandamentos, ou a
circuncisão. Eu sou justificado de graça através da fé em Jesus Cristo. Todo aquele que
crê é declarado justo de graça e pela graça. Entenda e aceite, que para ser justo diante
de Deus, não precisamos decorar os dez mandamentos para ficar nos policiando todos os
dias, fazendo força para guardá-los, o que preciso é simplesmente crer que Cristo morreu
na cruz por mim, pagou pelos meus pecados e pronto.

“Quer dizer então que agora não preciso guardar a Lei? Não preciso guardar os dez
mandamentos? Estou liberado para viver como eu quiser?” Calma, ainda vamos chegar
nessa parte.

O texto diz que “agora se manifestou uma justiça que provém de Deus.” Percebe que é
algo que não vem de nós, é algo que veio d’Ele, nós apenas recebemos a justiça. Não é nossa,
provém de Deus. Provém – provisão que vem. Não merecíamos, mas independente da Lei
recebemos mediante a fé. Ele não levou em consideração nossos pecados anteriormente
cometidos, mas gratuitamente nos justificou mediante o sacrifício de Jesus.

Creia nisso meu irmão, uma prostituta que se arrepende e é lavada pelo sangue de
Jesus se torna justa e imediatamente tão justa como Maria, a santa mãe de Cristo. O pior
ladrão, estuprador, pedófilo, ao se arrepender, é imediatamente perdoado e lavado pelo
sangue se tornando tão justo como qualquer outro santo de Deus. Não estou dizendo
que ele não terá que prestar contas diante dos homens, polícia ou um juiz, mas estamos
falando de justificação para salvação e vida abundante, certo?
// De graça, tem certeza?

“Mas não precisamos pagar um preço? Não precisamos subir uma escada de joelhos?
Não precisamos pagar promessas para sermos aceitos por Deus? Não precisamos flagelar
nosso corpo para ser santificados”? Não! Definitivamente não! Somos declarados justos
por Deus mediante a fé em Cristo Jesus.

Infelizmente muitos cristãos vivem uma vida de engano, tentando comprar a salvação,
isso é tolo e exaustivo. Tentar comprar a salvação é o mesmo que alguém que ganha um
salário mínimo brasileiro tentar comprar uma Lamborghini Veneno que custa uma média
de 4 Milhões de Euros, isso em 2019. Não estou menosprezando os que ganham um
salário mínimo, mas o que quero destacar é a discrepância de valores. Cristo já comprou,
pagou e deu a nós de graça, porque tentar pagar por algo que já foi pago? Pior, porque
tentar pagar por aquilo que não temos condições de comprar? Não somos declarados
justos pelo que fazemos e sim pelo o que Jesus fez na cruz.

Pense de forma lógica, seja sincero e racional. Olhe para sua dívida, sua multidão de
pecados, agora olhe para o Criador, Dono de tudo, será que você honestamente pode
oferecer algo para Ele? Creio que não! Entenda que Cristo já pagou o preço por sua
salvação e justificação.

“Sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da


redenção que há em Cristo Jesus.” Romanos 3:24

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntio 5:21

Fomos justificados gratuitamente, recebemos um favor imerecido, um presente, por


meio da redenção, um ato de compra, libertação, salvação, por causa de um sacrifício
de propiciação, um sacrifício aceito por Deus, por nossos pecados. A dívida foi paga,
não existem mais motivos para lamentos, estamos livres e fomos justificados, Aleluia!
Se possível pare a leitura por alguns instantes, para agradecer a Deus e pedir espírito de
sabedoria e revelação para que você possa absorver em seu espírito todos esses tesouros.

“Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes
dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento
dele. Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam
iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual
ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos e a
incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos,
conforme a atuação da sua poderosa força.” Efésios 1:17-19

Deus o ofereceu a Cristo como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu
sangue, demonstrando a sua justiça. Resumindo tudo o que aprendemos até aqui,
éramos escravos do pecado, merecedores do castigo eterno, Cristo nos comprou, não
nos imputando castigo por nossos pecados. Em seguida, Ele nos declara justos e nos
propõe uma nova vida. Isso é graça. Isso é favor! Isso é evangelho.

Alguns podem até pensar que esse é um evangelho muito barato, mas essa mensagem
não é barata, porque coisas baratas podem ser compradas, porém essa mensagem é
de graça! E para todos! Se você segue um evangelho que você consegue fazer coisas
para ser salvo, eis que trago boas novas, você precisa se converter a única e verdadeira
mensagem da Cruz. Alguns podem achar que essa mensagem é muito moderna, mas
isso é um engano, a mensagem da graça sempre esteve explícita na Bíblia, nós que não
tínhamos compreensão.
// Nova Criatura feita em justiça

Somos nova criatura, feitura de Deus. Como um recém-nascido sem passado. Cristo
pagou e apagou nosso passado na cruz. Nossa natureza de pecado foi trocada por uma
natureza de justiça. Quando Cristo morreu, nós morremos com ele, e quando Cristo
ressuscitou também ressuscitamos com ele, isto é, através do batismo.

Precisamos entender que estávamos indo para o inferno não simplesmente por
nossos pecados, mas sim por causa de nossa natureza pecaminosa. Não estávamos indo
para o inferno porque éramos pecadores, mas éramos pecadores porque já estávamos
destinados ao inferno. Da mesma forma agora estamos indo para o céu não por causa da
nossa bondade, mas sim por causa da nova natureza que recebemos e temos em Cristo.

“Quer dizer que nesse evangelho eu não preciso fazer nada para ir para o céu? Preciso
somente crer”? Sim! Exatamente isso! Mas lembre-se de algo precioso, somos salvos
pelo que somos, mas somos recompensados pelo que fazemos, são coisas extremamente
diferentes. Não confunda salvação com galardão. Salvação é pelo que Cristo fez, galardão
é a recompensa que receberemos por nosso trabalho.

“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração,


como para o Senhor, e não para os homens,
sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a
Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” Colossenses 3:23,24

Somos justos diante de Deus. ‘’Justiça é a habilidade de permanecer na presença de


Deus sem culpa, medo ou complexo de inferioridade como se o pecado nunca houvesse
existido. ’’

Somos declarados justos por causa da nossa fé em Jesus, fé essa que não usamos
apenas para receber cosias de Deus, pois fé é um estilo de vida de plenitude. Não somos
mais pecadores, somos santos. Você precisa crer nisso! Você não é um pecador, Cristo
mudou sua natureza, agora seus pecados acontecem por acidente. Você precisa crer
nessas realidades, meu irmão, pois somente os santos habitarão na Nova Jerusalém.
Você não é um pecador lutando para ser santo, você é um santo lutando contra o pecado.
Lembre-se disso, santo não é aquele que nunca comete pecado, santo é aquele que foi
santificado por Deus. Santo não é aquele que nunca se suja, santo é aquele que está
sempre se lavando! Creia nisso, sua nova natureza em Deus é de santidade e Justiça,
comece a se acostumar.

“Mas como sou um santo se ainda cometo pecados?”

Gosto de encarar a santidade e justificação com uma expressão: “Já é ainda não”.
Quando me perguntam se o crente é santo, eu sempre respondo já é ainda não. Já somos
santos, porque Cristo diz que já fomos santificados

“Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do


sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas.”
Hebreus 10:10

E o ainda não somos santos, porque ainda estamos no processo de santificação. Até a
volta de Cristo esse processo acontecerá em nossas vidas.
“Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês,
vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1:6

Lembre-se que a santidade e a justiça são questões posicionais. Porém a justiça é


absoluta. Não tem como ser meio justo, ou você é ou você não é. Um juiz nunca dirá que
o réu é meio culpado ou meio justo, essa é uma questão que não aceita mais ou menos.
Nós fomos justificados por Cristo e pronto! Mas é diferente com relação à santidade. A
santidade não é absoluta, ela aceita mais ou menos. Por exemplo. Na igreja temos pessoas
muito santificadas e pessoas pouco santificadas. Tudo vai do processo de cada um. Alguns
irmãos, talvez por mais tempo de caminhada, ou por maior dedicação a oração jejum, se
santificaram mais do que outros irmãos, mas são todos justos diante de Deus, todos são
santos, de uma forma posicional, mas nem todos estão se santificando diariamente. O
importante é que você se envolva e seja fiel com seu processo de santificação.

// Nova Vida feita em justiça

Agora como santificados e justificados, precisamos caminhar de acordo com essa


nova natureza. Imagino que quando Adão pecou. Ele teve que se acostumar com essa
nova natureza de pecado, descobrindo dia após dia coisas ruins dessa nova natureza. Da
mesma forma nós quando somos salvos, devemos começar a nos acostumar com nossa
natureza de santidade, descobrindo dia após dia tesouros dessa nova vida.

A dúvida de muitos irmãos quando escutam que a justiça e algo posicional e, agora,
uma questão de natureza, se questionam: “Mas seu eu pecar, eu perco minha justificação?”

Imagine comigo um traficante, ele é um criminoso, mas mesmo sendo um criminoso,


de vez em quando compra brinquedo para as crianças e distribui sextas básicas na
comunidade. O fato de ele ter feito uma coisa boa lhe faz ser alguém correto? Não!
Porque não é o que ele faz, mas sim o que ele é! Da mesma forma é com a justiça de
Deus, não somos justos pelo que fazemos, mas pelo que agora somos. Da mesma forma
que nascemos com a herança pecaminosa de Adão sem ter cometido pecado, também
herdamos a natureza de justiça de Cristo, mesmo sem ter cometido atos de justiça. No
Reino de Deus não nos movemos pelo que fazemos, mas sim pelo que Cristo fez.
U
ma das definições de graça que mais gosto é a que diz que “graça é um dom
concedido por Deus para que todo homem se salve”, graça é um presente
imerecido. Esse é o evangelho de Jesus Cristo, Deus concedendo salvação e
justificação ao homem, independente de pecado e merecimentos.

Isso precisa ficar fixo em sua mente. O homem é salvo e justificado, unicamente pela
graça, mediante a fé. O homem é declarado justo pela fé em Jesus Cristo e não por fazer
coisas boas ou até mesmo não pecar.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós,
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
Efésios 2:8,9

Numa certa ocasião, Martinho Lutero subindo a Santa Escada de joelhos, desejando
a indulgência que o chefe da igreja prometia por esse ato, ressoou nos seus ouvidos,
como voz de trovão, as palavras de Deus: “O justo viverá da fé”. Lutero ergueu-se e saiu
envergonhado, desde então sua vida nunca mais foi à mesma. Tempos depois, temos o
que conhecemos como “Reforma Protestante”.

Tudo o que produzimos de positivo advém da graça e favor de Deus. A palavra dom
é Khárisma no grego, que significa graça, favor, benefício, presente. A justificação é um
dom que recebemos de Deus, independente de obras somos declarados justos não pelo
que fazermos, mas pelo que Cristo fez.

“Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como


favor, mas como dívida. Todavia, àquele que não trabalha, mas
confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como
justiça.” Romanos 4:4,5

Paulo, para exemplificar a justiça que vem de graça, nos conta uma história de dois
trabalhadores. Onde o primeiro trabalhador, cumpriu corretamente sua jornada de
trabalho e por isso merece um salário. O salário desse trabalhador não é um favor, mas
sim uma dívida de seu patrão, ele trabalhou e por isso merece receber seu salário. Em
contrapartida, Paulo nos fala de um segundo trabalhador, que por motivos que não
sabemos, não trabalhou, não cumpriu sua jornada de trabalho, mas com uma tremenda
cara de pau, no final do dia entra na fila para receber seu salário normalmente.

Eu imagino o patrão lhe dizendo: “Mas rapaz, você não trabalhou, você não merece
um salário.” E imagino o homem respondendo: “Realmente Senhor, eu não trabalhei e
por isso não mereço, mas acredito que o senhor é bom, justifica o ímpio, e por isso terá
misericórdia de mim.” Imagine o patrão dizendo: “Rapaz, que fé você tem, seja feito
conforme a sua fé, toma aqui seu salário.”

O fato é que precisamos de fé para receber o que não merecemos, mas não precisamos
de fé para receber o que merecemos, porque é uma dívida. Muitos podem achar que o
segundo trabalhador é um cara de pau. Pedir por algo que não se merece? Entrar na fila
para receber um salário pelo qual não se trabalhou? Mas esses somos nós no Reino de
Deus, não merecíamos nada, mas o nosso Senhor, de bom grado nos justificou.

Fomos doutrinados durante toda a vida com base na meritocracia. “Se não estudar
não terá um bom emprego, se não trabalhar não terá um bom futuro e etc.” Mas o Reino
de Deus funciona na contramão do mundo. No reino de Deus o fraco é forte, quem perde
ganha, quem não merece recebe.

“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo,


mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.
Pois está escrito: “Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei
a inteligência dos inteligentes”. Onde está o sábio? Onde está o
erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou
Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto que, na sabedoria de
Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana,
agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura
da pregação. Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos
procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o
qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios
mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo
é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus
é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais
forte que a força do homem.” 1 Coríntios 1:18-25

// Lei x Graça

Esses dois trabalhadores representam dois estilos de vida, dois paradigmas, duas
alianças, a Lei e a graça. Muitos ainda tentam se relacionar com Deus com base na antiga
aliança (Lei), mas isso é um erro. Tentar se relacionar com Deus com base em ordenanças
e merecimentos é frustrante, pois o padrão de Deus é muito alto. Precisamos entender
o propósito temporal da Lei e assumir nossa nova realidade em cristo. Por mais que nos
esforcemos para cumprir a Lei no final das contas seremos frustrados.

Muitos irmãos têm o falso sentimento de estar cumprindo a Lei, porque encontraram
alguma facilidade em cumprir parte dos mandamentos, mas isso não é o suficiente.

“Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto,


torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.” Tiago 2:10

Perceba que não é suficiente cumprir parte da Lei, porque se erramos em apenas um
mandamento, erramos em todos. É como alguém que está construindo um castelo de
cartas, se na última carta ele errar o movimento, ele perde todo o seu trabalho.

Moisés recebeu do Senhor os dez mandamentos e os destrinchou em outros 613 que


encontramos em todo o Pentateuco, lamento lhe informar, mas é impossível cumprir
toda a Lei. Então, o que fazer diante de tudo? Já que não consigo me justificar, já que não
consigo ser perfeito? Graça! Precisamos da graça, somos carentes da graça. Precisamos
de um favor imerecido chamado graça.

Pare de tentar se relacionar com Deus com base nos seus erros e acertos, mas comece a
se relacionar com Deus com base na graça. Um dos sinais que nos relacionamos com Deus
pela Lei é que quando nos comportamos bem, achamos que merecemos algo, que Deus
deve nos usar e abençoar, mas quando nos comportamos mal, ficamos logo esperando
o castigo ou a desgraça. Isso é uma mentalidade de bateu levou; ação e reação, ou seja,
Lei.

Entenda que não existe nada que você possa fazer para que Deus te ame mais, e não
há nada que você possa fazer para que Deus te ame menos. Ele já te ama por completo.
Ele não te ama pelo que você faz ou deixa de fazer, Cristo escolheu te amar, porque quis.
Ele nos amou quando ainda éramos seus inimigos.

“Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu


em nosso favor quando ainda éramos pecadores.”
Romanos 5:8
Então quer dizer que não preciso mais orar, ler a bíblia, não preciso fugir do pecado?
Uma coisa não exclui a outra. O fato de não sermos aceitos pela Lei, não quer dizer que
estamos isentos dessa realidade. Temos a tendência de sermos extremistas, ou somos
crentes “xiitas” ou somos crentes desleixados. Mas Deus quer que sejamos maduros e
coerentes em relação à sua graça. Na graça eu não “deixo de fazer nada” que já fazia como
crente, eu apenas mudo minhas perspectivas e motivações. A diferença é que na Lei eu
faço para tentar ser ou ter algo. Mas na graça, fazemos porque já somos e temos todas
as coisas. Aqueles que vivem com base na Lei, fazem boas obras para serem abençoados,
mas os que entendem que estão no tempo da graça, fazem boas obras porque já foram
abençoados. Um crente que vive na Lei pensa o seguinte: “Essa semana vou ministrar
na célula, então vou ao monte, vou orar, vou jejuar, vou ler muito a bíblia para que Deus
possa me usar”. Em contrapartida o crente que vive pela graça pensa: “Essa semana vou
ministrar na célula, sei que Deus vai me usar, e por isso preciso estar pronto para ouvir
sua voz. Então vou ao monte, vou orar, vou jejuar, vou ler muito a bíblia para que, quando
Deus vier falar comigo eu já esteja atendo à sua voz.” Percebe que, tanto o crente que
vive pela Lei como o que vive pela graça fazem as mesmas coisas? O que muda são as
intenções. Um tenta comprar a Deus com jejum e oração, o outro entende que já foi
comprado e apenas alinha seu coração com o do Senhor.

// Desista de merecer

A base de toda religião do mundo é o merecimento. Pessoas sobem escadas de joelhos,


fazem peregrinações, sacrificam animais, oferecem comidas, flagelam seus corpos, tudo
na intenção de fazer trocas com suas divindades. Infelizmente muitos crentes querem
se relacionar com Deus da mesma maneira. Muitos pensam que porque fizeram uma
campanha de sete sextas-feiras, agora Deus tem a obrigação de lhe abençoar. “Deus, eu
paguei um preço, hein. Fui à igreja todas as sextas, não quebrei um elo sequer, agora me
dê meu milagre”, “Deus olha o tamanho da minha barba, olha meu pano de saco, olha
como estou humilhado, me dê minha vitória.” Muitos entregam seus dízimos e ofertas e
acham que agora Deus tem a obrigação de lhes abençoar. Meu irmão, sente-se se você
estiver em pé, mas leia isso com carinho. Deus não é uma prostituta que recebe seu
dízimo ou seus mimos religiosos e espirituais e em troca lhe dá um pouco de prazer. O
nosso Senhor é dono de tudo. Ele não precisa dos seus sacrifícios. Entenda de uma vez
por todas que Deus não precisa das cascas de suas feridas. O evangelho não é como as
outras religiões que se baseiam em compra e em troca. Todas as religiões se baseiam no
homem se esforçando para se achegar a Deus, mas o evangelho é Deus fazendo tudo
para resgatar o homem.

O problema das pessoas que tentam comprar a Deus com sacrifícios é que elas estão
ofendendo a Deus, pois acham que Ele é mau. Imagine que você está no shopping, de
repente vê uma blusa e pensa: “Essa blusa é a cara de fulano, vou levar para ele”. Você
só compra a blusa porque acha que a pessoa vai gostar. Nós só damos para as pessoas
aquilo que achamos que elas irão gostar. Você realmente acha que Deus quer receber as
cascas de suas feridas? Você acha que Deus quer receber o seu sofrimento e melancolia?
Se sua resposta é sim, provavelmente você não conhece muito bem ao Senhor que serve.
Deus não é um sádico, repense isso, meu irmão.

Talvez muitas coisas estão sendo descontruídas em sua mente, talvez tudo isso lhe
cause, a princípio, um desconforto, mas pense comigo: quando você se converteu a Cristo,
você foi salvo imediatamente, certo? E quanto você pagou para ser salvo? Qual sacrifício
fez para ter seu nome escrito no livro da vida? Quantos dias de campanha precisou fazer
para ser liberto do inferno? Quantos degraus você precisou subir para ser perdoado?
Nenhum! Se o maior milagre que é a salvação veio de graça, porque todo o resto seria
diferente? Imagine Jesus falando: “Ah fulano eu já te salvei, você não acha que já está
bom? Agora você quer trocar a geladeira? Se quiser vai sofrer crente. Vai pagar um preço,
vai chorar, vai gemer, vai fazer uma campanha no monte de sete semanas na água e no
pão.”
Isso não faz nenhum sentido. Cristo já pagou todo o preço, pare se relacionar com
Deus pela Lei e comece a viver pela graça. Não estou dizendo que o crente não deve orar,
ou jejuar, mais tarde falaremos sobre isso, mas quero que entenda algo. Se estamos indo
para o céu de graça, por que a geladeira seria diferente?

Um crente que tenta se aproximar de Deus com sacrifícios e pagamentos não terá
êxito. Imagine que alguém pagou para você um rodízio de comidas à sua escolha. Tudo
liberado, tudo de graça. Então você vai ao restaurante e se apresenta, o garçom lhe diz
que sua conta já foi paga, sua mesa já está separada, que você pode entrar, comer e
beber à vontade, mas você é orgulhoso demais para isso, e insiste em pagar a conta ao
final do jantar. Mas o garçom diz que isso não será possível, mas você é muito espirituoso
e quer pagar o preço, mas o garçom resiste, você rebate, chega o gerente, você arranca
a carteira do bolso, e por aí vai. Que cena lamentável, mas essa é a situação de muitos
crentes que querem pagar o que já foi pago. Você pode até tentar pagar o preço, mas
toda justiça própria, todo o esforço humano, não passa de um trapo de imundícia diante
de Deus. Toda força que você faz fora da graça chamando de Cristo, a bíblia chama de
trapo de imundícia.

Sabe o que significa trapo de imundícia? Esses trapos eram as faixas que os leprosos
usavam em suas necroses. Outra tradução diz que esses trapos eram faixas de pano usado
como absorvente pelas mulheres da época. Paulo diz algo parecido ao comparar toda sua
justiça própria com esterco. Ou seja, toda sua justiça própria só serve para ir para o lixo.

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças


como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e
as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.” Isaías 64:6

“Sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela


excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual
sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco,
para que possa ganhar a Cristo,” Filipenses 3:8

O evangelho não é como as outras religiões. Vivemos pela graça e pelo favor de Deus,
mas lembre-se que isso não é prerrogativa para levar uma vida relaxada. Não tem a ver com
tentar comprar a salvação ou bênçãos, mas precisamos estar fielmente comprometidos
com a edificação de nossa salvação e com nossa santificação. Graça nunca foi licença para
pecar, graça e justiça são habilidades para vencer o pecado! Pecado ainda é, e sempre
será pecado. Devemos lutar contra ele em todo o tempo, devemos resistir até o sangue.

“Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto
de derramar o próprio sangue.” Hebreus 12:4

Viver pela graça não é viver deitado na rede tomando guaraná enquanto Deus faz
tudo. Viver pela graça é trabalhar confiando que quem dará o crescimento é o Senhor.
Viver pela graça é viver em servidão e parceria com o Espírito. Viver pela graça de Deus é
entender que não podemos fazer nada para comprar a Deus, porque já fomos comprados
por Ele. Viver pela graça e ter o coração do ladrão da cruz.

“‘Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos


recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não
cometeu nenhum mal’. Então ele disse: ‘Jesus, lembra-te de mim
quando entrares no teu Reino’.” Lucas 23:41,42

Em suma, o ladrão disse: “Senhor eu mereço esse sofrimento e castigo, sou um ladrão
pecador, mas, por favor, me perdoe. Eu quero ser salvo”. Viver pela graça não é ignorar a
existência do seu pecado e muito menos viver nele. Viver pela graça é entender a nossa
debilidade e merecimento do inferno, mas sempre expressando a confiança em Deus,
pois, estamos indo para o céu.

Esse ladrão da cruz é um ótimo exemplo para nós, pois não teve tempo de fazer uma
campanha ou até mesmo de produzir frutos dignos de arrependimento. Não evangelizou,
não pagou quem devia e não pediu perdão a ninguém. Ele não foi salvo pelo que fez, mas
sim porque confiou em Jesus. Esse ex-ladrão entendeu a graça. “Eu não mereço, mas
vou pedir, vai que cola?” E colou! Ele estará na nova Jerusalém e mal posso esperar para
conhecê-lo!

Em João 11, quando Jesus Ressuscita a Lázaro, os homens removeram a pedra do


sepulcro, mas quem fez o milagre foi o Senhor. Em Êxodo 14, quem toca o cajado nas
águas é Moisés, mas quem abriu o mar foi o Senhor. O ladrão creu, mas de Cristo veio à
salvação. Obedecer a Deus, ser fiel e se comprometer com todo o processo é essencial.
Gosto de dar dois exemplos quando falo sobre graça, porque muitos acham que a pregação
da graça nos faz ser mais preguiçosos, mas os que vivem assim provavelmente ainda não
foram alcançados pela verdade do evangelho, são apenas convencidos. Paulo mesmo diz
que, por causa da graça, ele trabalhou mais que todos.

“Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo
não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia
não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.” 1 Coríntios 15:10

Gosto de dizer que viver pela graça é como estar diante de um rio. Imagine que você
quer descer rio abaixo, mas para isso você precisa entrar no bote, certo? Viver debaixo
da graça é entrar no bote, e permitir que o rio que é muito mais forte do que eu faça todo
o trabalho.

Gosto também de dizer que viver pela graça é como fazer musculação. Às vezes,
quando aumentamos o peso, chamamos alguém e dizemos: “Amigo, você pode me dar um
leve?”, ou seja, “Amigo, você pode me ajudar a levantar esse peso?”. Ao final daquela série
de exercícios você estará cansado porque trabalhou muito, mas nunca teria conseguido
sem o “leve”. O leve é exatamente o que Deus faz por meio de sua graça. Durante a vida
temos muito trabalho a fazer, mas nunca teríamos conseguido sem o leve da graça.

// O Pródigo e o Religioso

No livro de Lucas capítulo 15, encontramos a famosa história de um pai que tinha dois
filhos. O mais novo, o pródigo, pede sua herança, cai no mundo, e torra todo o dinheiro em
pouco tempo. Arrependido e sofrendo pelas conseqüências de sua errada escolha, volta
correndo para casa. Seu pai vendo tal situação logo faz uma festa e restitui tudo o que se
perdeu. Essa é uma linda história contada por Jesus que muito nos ensina sobre graça,
perdão e amor, mas quero chamar atenção, não para o pródigo, mas para o filho mais
velho que ficou em casa. Quando o pródigo volta, o irmão mais velho fica extremamente
irritado com o pai, pois na visão dele esse pródigo não merecia tanto favor. Além do mais,
esse irmão mais novo era um desertor, um traidor. O filho mais velho fica tão irritado que
nem entra em casa. Mas o pai amorosamente vem ao seu encontro.

Uma coisa que me chama a atenção é que quando a raiva vem, a verdade sai. E é
nesse momento que o filho mais velho aproveita o momento de ira para jogar algumas
“verdades” na cara de seu pai. Então ele logo dispara: “A vida toda te servi como um
escravo. Sempre te obedeci e você nunca me deu um cabrito para fazer festa com meus
amigos, mas já para esse seu filho você faz toda essa festa.” Calmamente o pai dá uma
resposta que até hoje me faz perder o fôlego. “Filho você sempre esteve comigo, tudo o
que tenho também é seu.”
Talvez você seja esse filho mais velho. Talvez você tenha trabalhado como um escravo,
sofrendo, destruindo sua vida e família, mesmo Deus nunca tendo te pedido isso. Talvez
você esteja extremamente decepcionado com Deus por não ter recebido algo, talvez
um parente seu tenha morrido e você pense: “Deus, eu tanto te servi, por que você
fez isso?”. Você lutou e não conseguiu, achou que merecia e não recebeu. Infelizmente carregamos
algumas heranças de Adão. Lembra do primeiro pecado e da primeira desculpa? “Senhor, não foi eu,
foi à mulher que tu me destes”. Desde Adão achamos que a culpa é sempre de Deus, mas precisamos
renovar a nossa mente.

Há algum tempo atrás, resgatei uma mulher de uma tentativa de suicídio, a coloquei no carro junto
de sua filha e corri para o hospital. Durante todo o trajeto a criança orava e chorava e gritava, dizendo:
“Deus, por favor, não faça isso com minha mãe”. A oração dessa menina me chamou muito a atenção e
me entristeceu bastante, pois Deus não era o culpado ali, mas mesmo assim, nós sempre o culpamos. O
diabo e a irresponsabilidade daquela mulher nos colocaram dentro daquele carro, mas por que aquela
criança colocava a culpa em Deus? Não quero aqui ser o advogado de Deus, pois Ele não precisa, mas
apelo para que você mude sua cosmovisão, mude sua mente e entenda que sempre Deus é bom.

Mas se você se identifica com o filho mais velho, irmão do pródigo, a Palavra de Deus para você é a
seguinte: “Filho você sempre esteve comigo, tudo o que tenho também é seu.” Talvez você ainda não
tenha desfrutado de uma vida plena porque falta revelação de quem de fato é o seu Pai. O filho mais
velho em momento algum chamou o seu pai de pai, em contrapartida, o mais moço, pecador, desertor,
traidor, o tempo todo chamava, “pai, pai, pai...” O mais velho que se achava muito justo e merecedor,
não ganhou nenhum cabrito, em contrapartida, o mais novo, pecador, arrependido, alguém que não
merecia, alguém que nunca trabalhou, mais conhecia o pai que tinha, ganhou sandálias novas, um anel
no dedo, uma capa e uma baita festa. Os religiosos normalmente não recebem nada porque servem a
um Deus que não existe.

Bem-vindo ao Reino de ponta a cabeça, onde os que não merecem nada ganham tudo.

Quer dizer que um crente descompromissado que vive no pecado vai receber as ricas bênçãos de
Deus? Ele vai para o mesmo céu que eu? Na verdade alguém que viva assim, muito provavelmente é
um descrente, pois não se parece com um discípulo. Mas estou dizendo que o Reino de Deus é para os
fracos, para os que nem sempre conseguem, para os que erraram, para os feridos e doentes. A graça
não abençoa somente os bonitinhos, mas ela abraça os imundos, os pecadores, os patinhos feios.

Temos um slogan em nossa igreja que resume tudo isso. “A condenação ficou na
porta, pois na casa só cabia amor.”

// O amor “sem vergonha”

Imagine que um homem casou-se com uma prostituta, e com muito amor, esse
homem tira essa mulher dessa vida, a leva pra casa, mas com o tempo ela volta para
a prostituição. O homem ainda com muito amor a resgata, perdoa, ama cuida, mas 8
meses depois, mais uma vez ela volta a se prostituir; mais uma vez com muito amor esse
homem a busca, cuida e perdoa. Cinco anos depois, eles já têm um filho, agora são uma
família, mas essa mulher outra vez volta para o prostíbulo. Então esse marido enfurecido,
vai até o prostíbulo para matá-la, mas quando ele olha em seus olhos, lembra do filho,
lembra que essa mulher é seu grande amor e mais uma vez a perdoa.

Muitos podem estar pensando. Mas esse homem é muito trouxa, é tão safado quanto
a mulher, esse é um sem vergonha, perdoa toda vez. Ele também tem culpa nisso! Ele
deveria ser mais duro.
Querido irmão, esse homem é o Senhor, o nosso Deus. Nós somos essa mulher que, por
mais que esteja salva e com um novo marido, vez após vez, quer voltar para o prostíbulo.
Mas Deus não tem problemas em ter o seu amor sendo taxado de sem vergonha. Ele nos
ama, ele nos perdoa. Isso é graça! (Leia o livro de Oseias e descubra a história de Oseias
e Gomer.)
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por
nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso
pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos
na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos
gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz
perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter
aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque
Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito
Santo que ele nos concedeu. De fato, no devido tempo, quando ainda
éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios. Dificilmente haverá
alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém
tenha coragem de morrer. Mas Deus demonstra seu amor por nós:
Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.
Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda
seremos salvos da ira de Deus por meio dele! Se quando éramos
inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte
de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos
salvos por sua vida! Não apenas isso, mas também nos gloriamos
em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem
recebemos agora a reconciliação.” Romanos 5:1-11

Após o novo nascimento, todos nós recebemos uma nova natureza de justiça, nosso
velho homem morreu e agora somos uma nova criatura. Junto com essa nova natureza
de justiça recebemos alguns frutos que serão percebidos ao longo da caminhada com
Cristo. Frutos esses que aparecerão de uma forma natural caso a conversão seja genuína.
Uma mangueira não precisa fazer força para dar frutos, dentro da mangueira já está
tudo pronto, é uma questão de tempo. No tempo certo os frutos segundo sua natureza
aparecerão. Recebemos a natureza de Cristo, então será natural os frutos de Cristo. Isso
não quer dizer que não devemos colaborar para que isso aconteça e nem que o meu
velho homem não tentará tomar o controle outra vez.

“Mas por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova dia após dia,”
2 Coríntios 4:16

Muitos crentes levam uma vida religiosa baseada em fazer força para parecer ser
crente. Mas esse não deveria ser o ponto máximo da nossa fé. Infelizmente o crente é
conhecido por roupas e costumes, mas deveria ser conhecido pelo caráter e amor. É fácil
identificar um crente na rua por sua roupa, cabelo e tamanho da bíblia, mas Cristo disse
que deveríamos ser conhecidos pelo amor que temos uns pelos outros (João 13:35). Sim!
Nossa roupa deve imprimir o caráter de Cristo, mas não se esconda atrás de sua roupa,
esconda-se em Cristo.

Imagine que ser um crente espiritual e cheio da unção é como ser uma laranjeira
cheia de laranjas doces, mas você é um limoeiro que só produz limões azedos. Qual é a
estratégia do religioso? Arrancar todos os limões, ir até o sacolão e comprar várias laranjas
doces e colar em seus galhos com fita adesiva. Quem olha de longe pensa. “Que belo pé de
laranja! Que crente espiritual, olha como é crente esse crente cheio de “crentisses.” Mas
tudo isso não é real, em pouco tempo a fita adesiva perde sua cola, os frutos começam
a cair e murchar, em pouco tempo todos os frutos estarão no chão, apodrecidos, e os
verdadeiros limões voltarão a nascer. Essa é a estratégia do religioso, viver de aparência,
mas Cristo não quer que você tenha falsos frutos, Cristo quer arrancar esse limoeiro
azedo e fazer florescer em seu coração um lindo pé de laranjas doces.

Desista de viver de aparências, Cristo não quer domesticar seu velho homem. Ser
cristão não é uma questão de reprimir pecado, mas sim de expressar a Cristo. Muitos
crentes vivem uma esquizofrenia religiosa, tentando o tempo todo, fazendo força o tempo
todo, quase tendo um aneurisma de tanto fazer força para tentar ser crente, meu irmão
pare de tentar se domesticar e se renda ao agir do Espírito. Durante muitos anos da
minha vida, a minha luta contra o pecado se baseava em fazer muita força, a veia do meu
pescoço até subia de tanta força que fazia contra o pecado. Mas ano após ano, observava
minha derrota.

Crer na justificação pela fé é decidir viver pela graça, não é uma questão de opção
religiosa. Não é como escolher em qual congregação quer frequentar, viver pela justiça
de Deus é questão de sobrevivência. Todos os que vivem pela Lei, experimentarão morte.

// A figueira religiosa

Outra história muito curiosa que muito nos ensina, acontece com Jesus e seus discípulos
e é relatada no livro de Marcos.

“E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela
acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas,
porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira:
Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram
isto.” Marcos 11:13,14

Por muito tempo questionei a ação de Jesus em ter amaldiçoado a figueira. Confesso o
meu pecado e digo que julguei nosso Senhor como impulsivo e pirracento. Nunca entendi
o fato de a bíblia dizer que não era época de frutos, e Jesus ter insistido em procurar
fruto e por não ter achado fruto, ficou nervoso de fome, perdeu a cabeça e amaldiçoou
a figueira. “Pecado confessado, pecado perdoado”. Mas dou graças, pois a compreensão
chegou até mim.

Uma das características biológicas da figueira é que se há folha, há fruto. A figueira é


uma árvore que fora do seu tempo frutífero fica sem folhas, então se o Senhor viu folhas
é porque provavelmente encontraria frutos. Jesus chega perto para ver se encontra fruto
porque o figo é uma fruta esverdeada e de longe não se consegue enxergar entre as
folhas também verdes. Esse é o contexto da história.

Então Cristo se achega a árvore que aparentemente deveria ter frutos, porque vendia
essa imagem, mas logo percebe que havia um problema. Tem folhas, mas não tem
figos, isso não é natural, isso não é bom. Essa árvore está doente, está fora dos padrões
estabelecidos por Deus. Então Jesus amaldiçoa a figueira e milagrosamente a figueira
secou no outro dia.

“E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado


desde as raízes. E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que
a figueira, que tu amaldiçoaste, se secou. E Jesus, respondendo,
disse-lhes: Tende fé em Deus; Porque em verdade vos digo que
qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não
duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo
o que disser lhe será feito. Por isso vos digo que todas as coisas que
pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis.” Marcos 11:20-24

Mas lendo esse texto perguntei para o Senhor porque Ele não curou a árvore? Pensei
“Senhor, eu não quero lhe ensinar nada, mas seria muito mais cristão, muito mais bonito
se o Senhor tivesse curado a árvore e não acabado de matá-la. O Senhor ressuscitou
mortos, curou aleijados e cegos, qual a dificuldade em dar uma curada em uma árvore?”
Mas o que aprendi com o Senhor por esse texto, é que a questão aqui não tem a
ver com fome ou com ser politicamente um cristão correto. Mas essa figueira sem fruto
simboliza o religioso. Aquele que tenta viver pela Lei e pela justiça própria, lindo por fora
e seco por dentro e para esse não tem salvação. Porque a figueira simboliza o religioso?
Por causa do princípio da primeira menção. Sempre quando encontramos alguma coisa
pela primeira vez nas escrituras devemos dar atenção para esse algo, pois normalmente
um padrão de hermenêutica e significados é estabelecido a partir daí.

Gênesis diz que Abraão creu, e isso lhe foi creditado como justiça. Aqui é a primeira
menção de justificação na bíblia, a partir daí se estabelece um padrão de fé e justiça.
Todos os que querem ser justificados, pela fé deverão ser, esse é o padrão. No caso da
figueira, sua primeira menção acontece em Gênesis quando Adão faz folhas de figueira
para cobrir sua nudez. Essas folhas de figueira representam a religiosidade, representam
a tentativa humana de viver de aparências, tentando tapar o que só Cristo pode concertar.
Adão peca, desobedece a Deus, mas pega folhas de figueira na tentativa de “dobrar” o
Senhor. “Veja Deus, eu pequei, mas já dei um jeito, cobri minha nudez.”

Cristo não curou a figueira, pois para o religioso não há esperança. O religioso é
alguém que conhece suas fraquezas e limitações, mas escolhe viver como um santarrão
cheio de aparências. Não confunda o religioso com o fraco, ou neófito, esses são
diferentes e precisam de tratamentos diferentes. Cristo disse que não veio para os
sãos, mas sim para os doentes. Mas me diga uma coisa: existe alguém são? Existe
alguém que viva sem pecado? Claro que não, estávamos todos quebrados. Mas, então,
quem são os sãos que Cristo menciona? Os sãos, são aqueles que não assumem que
são doentes, são os fariseus, são os hipócritas, são os religiosos que preferem perder a
vida em verdade diante de Deus para ficar bem com os homens. Uma pessoa que vai ao
médico morrendo de dores, mas quando chega diante do médico diz que está ótima. O
que pode ser feito por essa pessoa? Absolutamente nada.

Meu irmão se você é um religioso cheio de pecados e incertezas, mas por fora você
tenta ser o ungido, o poderoso, se você vive de aparências se arrependa hoje, peça
misericórdia e graça do Senhor, pois o final para esse caminho é morte!

// Tudo é questão de natureza

Na minha casa tenho dois gatos e uma cadela, e eu os amo muito, os amo tanto
que quero que sejam meus filhos, e por isso raspei todos os seus pelos para que
pudessem se parecer mais comigo, também os ensinei a sentar à mesa e a usarem
os talheres, os ensinei a usar o banheiro como os humanos e a dar descarga. Eles
são tão inteligentes que lhes ensinei a dizer obrigado, por favor, ensinei algumas
palavras como papai e mamãe, mas ainda existem alguns problemas que não
consegui resolver. Toda as vezes que viro as costas, eles reviram o lixo para comer
carniça, destroem meus chinelos, a cadela tenta morder o carteiro e, às vezes,
late a noite toda para o nada.

O grande problema nessa história é a natureza. Por mais que eu ensine truques
e boas maneiras eles continuarão sendo animais, nunca terão a minha natureza.
Eles só podem ser meus filhos legítimos com minha natureza por um milagre.

Existe uma nova vida diante de você, tudo está preparado, mas você precisa
despojar do velho homem, das aparências e da religiosidade, assuma sua nova
natureza e pare de tentar domesticar a antiga, pois Cristo fez nova todas as coisas.
// Paz com Deus

O primeiro fruto da justiça é a paz. “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz
com Deus.” Imediatamente quando recebemos ao Senhor também recebemos a paz,
mas não a paz do mundo, mas sim paz com Deus.

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo
a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. João 14:27

Sempre que falamos de paz logo imaginamos uma pomba branca, pensamos em um
lugar sereno e tranquilo, bucólico, com muitos pássaros e muito verde. Mas a paz que
quero falar hoje não é necessariamente ausência de guerra, mas sim um estado ao qual
estamos para com Deus. Pois, se essa paz a qual Jesus está dizendo não é a Pax Romana, a
paz que estou falando é paz entre Deus e os homens, pois hoje não somos mais inimigos
de Deus. É claro que o Senhor deseja que vivamos em plenitude e abundância, e isso nós
trará uma paz natural. Mas isso é secundário se compararmos com a paz que recebemos
por meio do sacrifício de Jesus Cristo. Nós tínhamos uma dívida, éramos inimigos de
Deus, estávamos indo para o inferno, pois não existia paz entre nós e o Criador. Mas
Jesus, o Príncipe da paz reconciliou-nos com o Pai. E somente Cristo poderia ter feito tal.

“E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo


por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é,
Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.
De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se
Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que
vos reconcilieis com Deus.” 2 Coríntios 5:18-20

Todo aquele que foi justificado pela fé anda em paz, e por isso não anda condenado.

“E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e


segurança para sempre.” Isaías 32:17

Quando temos uma dívida financeira que não conseguimos pagar nos sentimos
envergonhados, evitamos, se encontramos com nosso credor passamos de largo, nos
sentimos desconfortáveis quando estamos em sua presença, pois existe débito, e se existe
débito existe culpa, e se existe culpa nos sentimos diminuídos. Isso também acontece
nas relações interpessoais. Quando erramos com alguém nos sentimos em débito com
aquela pessoa e por isso ali não existe paz.

Mas em relação ao nosso Pai celestial não precisamos mais nos sentir assim, fomos
justificados e agora estamos em paz. Deus não é mais nosso inimigo, não precisamos
nos sentir culpados, acusados ou condenados. Se não existe mais dívida, por que sentir
complexo de inferioridade ao se relacionar com Deus?

Muitos crentes quando pecam, deixam de ir ao culto, deixam orar ou ler a bíblia,
pois se sentem condenados e culpados. Mas sabe de uma coisa? Deus está em paz com
você! Cristo já resolveu a questão do pecado na Cruz do calvário. Deus não está com
raiva de você, ele te conhece, e no mais, sempre que errarmos, temos Cristo como nosso
advogado. Aprenda a entrar com ousadia pelo Santo dos Santos, pois Cristo construiu um
caminho que podemos passar para nos achegarmos a Deus.

“Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos


Santos pelo sangue de Jesus”.Hebreus 10:19
Se humilhar e se quebrantar diante de Deus é primordial para uma vida de adoração,
mas complexo de inferioridade é algo que veio do inferno.

Quando João teve uma visão de Jesus em sua glória e resplendor caiu no chão como
morto, mas o próprio Jesus lhe disse: “Não tenha medo, sou eu” (Apocalipse 1:17). Não
precisamos ter medo de nosso Senhor. Precisamos ser equilibrados, pois pensar mais
do que a bíblia diz que somos é soberba. Pensar menos do que a bíblia diz que somos e
complexo de inferioridade. Mas ser e pensar exatamente o que a bíblia diz que somos é
fé! Não viva mais acusado, sentindo peso ou culpa pois não existe mais dívida.

Muitos pensam que o peso e condenação que sentem, vem do Espírito Santo lhes
acusando por algo. Muitos usam o texto de João 16:8-11 onde diz que ele veio para
convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Mas observe bem o que o texto diz,
ele diz que veio convencer o mundo. Você já foi convencido, você não faz mais parte desse
mundo, você faz parte da igreja triunfante, então toda a culpa que você vier a sentir, não
provém dos céus, pois estamos em paz com Deus. O Espírito Santo não nós acusa, Ele nos
leva até Cristo, Ele nos conduz, nos fortalece e anima. Quem traz acusação é o diabo. Não
estou dizendo que o Espírito Santo não nos alertará, não nos incomodará em relação a
pecados. Sim, Ele fará, mas o Espírito não acusa, não traz peso, mas sim direcionamento
a Cristo.

Pedro ao negar a Jesus chorou amargamente e foi conduzido pelo arrependimento


que o levou a reviver. Em contrapartida, Judas que vendeu a Cristo foi conduzido pela
acusação e remorso que o levaram a morte. O Espírito Santo conduz ao arrependimento
que liberta, esse processo de arrependimento nos leva a cruz que pode gerar dor, vergonha,
lágrimas e muito sofrimento, mas o resultado é vida e recomeço. O diabo conduz a culpa
e remorso que lhe farão não querer orar, lhe fará sentir medo e vergonha de Deus, essa
soma gera morte.

“Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a


verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes
anunciará o que está por vir.” João 16:13

O encargo do Espírito Santo é nos conduzir a Cristo, isso em nossas falhas e acertos. O
Espírito Santo sempre nos guiará a Cristo e nos ensinará todas as coisas.

“Pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa
diante do nosso Deus, dia e noite.” Apocalipse 12:10

João, capítulo oito, nos conta uma história de uma mulher que foi pega em adultério,
a Lei dizia que ela deveria ser apedrejada, então os religiosos a condenaram, os homens a
condenaram, mas Cristo não a condenou. Ele mesmo disse: “Mulher, onde estão eles, os
teus acusadores? Ninguém a condenou?” “Ninguém, Senhor”, disse ela. Declarou Jesus:
“Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado”. (João 8:10,11)

Entenda de uma vez por todas que Cristo não veio para te condenar, ele veio para te
perdoar e salvar. Não existe mais condenação, estamos em paz com Deus.

“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês”, diz
o Senhor, “planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano,
planos de dar-lhes esperança e um futuro.” Jeremias 29:11

“Mas quando pecamos perdemos a paz?” Sim e não! Ao mesmo tempo em que a paz
com Deus é algo posicional, nós podemos decidir não andar em paz com Deus. Vivemos
pela graça e soberania de Deus, mas vivemos uma vida responsiva. Quando eu peco,
perco minha paz, mas Deus não. Nossos pecados trazem separação entre nós e Deus
(Isaías 59:2). O pecado não cabe mais nessa nova relação, o pecado é um ladrão de
potencial que atrasará sua vida em Deus.

Imagine que você mesmo depois de adulto, continua usando roupas de bebê, babador
e etc. Isso é estranho, porque essas coisas ficaram no passado. Certas coisas não cabem
mais na sua vida adulta, da mesma forma que o pecado não cabe mais em sua nova
natureza de vida. A vida de graça e justificação lhe convida para uma vida madura e
responsiva.

“Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não


pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao
Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados,
e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o
mundo.” 1 João 2:1,2

// Esperança da glória

O segundo fruto que é gerado em nós após a justificação, é a esperança da glória


vindoura de Cristo. “E nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” É muito importante
que não nos apeguemos à essa terra, pois aqui somos forasteiros, estamos aqui de
passagem. Cristo voltará para nos buscar, por isso não devemos firmar nossas estacas
aqui, não devemos viver como se fossemos passar toda a eternidade nesse século. Não
gaste sua vida aqui, não ajunte tesouros nessa terra (Mateus 6:19-20), pois logo esses
céus e terra passarão e tudo novo se fará.

“Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam


também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se
não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu
for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que
vocês estejam onde eu estiver.” João 14:1-3

Existe uma esperança em nós, e essa esperança deve guiar nossos corações e decisões.
Sofreríamos menos se entendêssemos essa realidade. Creia nisso meu irmão, a qualquer
hora como um ladrão Cristo voltará para nos buscar.

“Pois vocês mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá


como ladrão à noite.” 1 Tessalonicenses 5:2

Esse texto diz que o Senhor virá como um ladrão, isso quer dizer que virá em uma hora
inesperada, onde não sabemos o dia e horário. E por isso precisamos estar vigilantes. O
interessante é que a bíblia nos convida a ser vigilantes em todo tempo. Se o dono da
casa soubesse a que horas vem o ladrão, ficaria a postos esperando para surpreendê-
lo, não é mesmo? Em que lugares você acha que o dono da casa montaria guarda para
surpreender o ladrão? Será que ele vigiaria debaixo da cama? Será que ele esperaria o
ladrão sair de dentro do guarda roupas? Ou até mesmo esperaria ele sair pelo buraco da
torneira? Obviamente que não. Com certeza ele vigiaria lugares prováveis, como a porta,
janelas ou telhado.

Cristo nos convida a sermos vigilantes, mas devemos vigiar o que importa no que é
necessário. A viva esperança que temos da glória deve ser um inibidor de pecado. Muitos
crentes passam a vida inteira vigiando o guarda roupas e a torneira, mas suas portas e
janelas estão descobertas. Seja sábio e vigilante, pois cada um é tentado segundo seus
próprios desejos (Tiago 1:14). Muitos passam uma vida inteira vigiando qual dia é mais
santo, qual roupa é a mais adequada, será que podemos ou não assistir televisão? Mas
a mesma força que gastamos para saber o que não podemos fazer, é a força que gasto
descobrindo o que eu devo fazer. Ser Cristão não consiste em parar de fazer coisas, ser
um Cristão consiste em expressar a Cristo. Existe muita cosias para fazermos. Tire o foco
do pecado e coloque o foco em o que fazer em Cristo.

// Alegria nas tribulações

O terceiro fruto da justificação é uma habilidade de se gloriar nas tribulações. “Nos


gloriamos nas tribulações.” Mas só se alegra nas tribulações quem entende que esse
lugar é passageiro e que foi destinado a um lugar eterno. O fato é que é um grande
desafio se alegrar no dia mal porque nosso senso de autovalor e preservação é muito
alto. Ninguém gosta de sofrer. Mas é exatamente no dia do sofrimento que revelamos o
que está armazenado dentro de nós. É no dia da adversidade que revelamos onde nossos
olhos estão fitos, se neste século ou se na glória vindoura.

Um dos significados de tribulação é o ato de espremer, fazer pressão. A palavra no grego


é usada para o ato de espremer as uvas e azeitonas em uma prensa. Quando queremos
extrair a melhor parte de uma fruta, a sua polpa, o que fazemos? Esprememos, cortamos,
fazemos pressão. Quando a vida te espreme e aperta, o que sai de você diz muito de seu
interior. Se no momento de ira, o que sai da sua boca é um palavrão, isso significa que
esse palavrão sempre esteve em seu coração, ele só precisava de uma oportunidade para
sair.

A Palavra nos diz que a tribulação produzirá perseverança. Existe um ditado que
diz que o que não te mata, te deixa mais forte. Sempre que passamos por um deserto,
saímos de lá mais fortes. Quando passamos por luto, crises financeiras precisamos ser
perseverantes para não sucumbirmos. E essa mesma perseverança que usaremos para
aguardar o grande dia do Senhor.

“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro
que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e
glória, na revelação de Jesus Cristo;” 1 Pedro 1:7

O texto continua e diz que a Perseverança produzirá um caráter aprovado. Nada é tão
precioso como um caráter forjado pelo tempo. Os famosos Fast Foods são uma delícia,
eu particularmente gosto muito. Mas infelizmente não são saudáveis. Dificilmente você
encontrará comidas saudáveis que são produzidas rapidamente. Um bom feijão leva tempo
para ficar pronto. Uma boa e saudável peça de carne leva tempo para ser preparada.
Assim como uma comida saudável leva tempo para ser preparada, um caráter aprovado
leva tempo para ser forjado. Duvide de coisas rápidas e atalhos, esse não é o padrão do
Reino de Deus. Com perseverança alcançaremos a estatura de varão perfeito (Efésios
4;13).

Esse caráter aprovado produzirá esperança, esperança essa que já falamos de uma
glória vindoura em Jesus Cristo. “E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou
seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu.” Meu
irmão, viva a paz que Cristo conquistou pra você, nunca mais ande acusado e culpado,
mas desfrute da plenitude de vida. Se alegre em suas tribulações, pois logo tudo isso
passará, estamos voltando pra casa. Maranata, ora vem, Senhor Jesus!
“Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito
mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça,
reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” Romanos 6:17

Muitos ao olhar para essas verdades podem pensar que esse é um fácil e barato
evangelho. Alguns chamam de mensagem positivista, pois toda religião é baseada na
troca e muitos querem transferir esses padrões para o evangelho, mas a mensagem
que recebemos do Senhor não é barata, mas sim, de graça. No evangelho nós apenas
desfrutamos da graça e favor imerecido, mediante sua obra.

O encargo do meu coração é que você descubra que a benção não é para quem
merece ou para aqueles que se comportam bem, mas sim, para quem confia na graça de
Deus, para aqueles que confiam na obra consumada da cruz. Talvez você viva o tempo
todo em condenação, achando que não orou o suficiente, que não leu o suficiente, que
não jejuou o suficiente, na pressão de o tempo todo tentar agradar a Deus.

Irmão escute isso com bons ouvidos. Todo crente precisa ser liberto de tentar agradar
a Deus! Isso mesmo desista! Tentar agradar a Deus é um fardo insuportável. Pense comigo.
Deus é perfeito, Único e Soberano. Ele está em todos os lugares, Tem todo o poder e sabe
de tudo. A bíblia diz que os montes se derretem como cera diante de sua presença. Nos
céus os anjos o adoram 24h com uma adoração perfeita. Como agradar um Deus como
esse? O que podemos oferecer para o dono de tudo?

Você pode chegar ao céu com todas as suas campanhas, sacrifícios de andar descalço,
panos de saco, jejuns e peregrinações. Mas ao seu lado estará Jesus Cristo que morreu
em uma cruz por pecadores. Qual sacrifício é mais relevante? Por mais espirituoso, bem
intencionado e incrível que seja o seu sacrifício, será inútil se comparado com o sacrifício
de Cristo. Entenda que Cristo já se sacrificou por nós, por isso Deus já está satisfeito com
você por causa de Cristo.

// Ele está satisfeito

Imagine que uma mãe deu uma ordem para o filho mais novo arrumar toda a casa,
colocar comida para os animais, e adiantar o jantar, pois em duas horas ela estaria de
volta em casa e gostaria de ver tudo pronto. O filho mais velho vendo a dificuldade do
irmão mais novo em cumprir todas as tarefas do lar, resolve ajudar o irmão mais novo a
tempo do retorno de sua mãe. Quando a mãe chega e encontra todo o trabalho feito, ela
fica extremamente realizada e feliz pelo trabalho feito e parabeniza o filho mais novo, mal
sabendo que quem fez todo o trabalho pesado foi o mais velho. Assim acontece conosco
no Reino de Deus. O nosso Irmão mais velho, Jesus Cristo, arrumou toda nossa bagunça,
pagou nossa conta, e nosso Pai está feliz e realizado conosco, porque nosso Irmão fez o
que não conseguiríamos fazer. Desista te tentar agradar a Deus e decida viver pela graça.
O Evangelho é uma “religião” de muito trabalho, mas trabalho no descanso da obra de
Jesus Cristo.

“Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor,


continuem a viver nele,” Colossenses 2:6

A bíblia nos convida a andar da mesma forma como recebemos a Jesus Cristo. Todos
nós recebemos ao Senhor em graça, de graça e por meio da fé. Sendo assim, devemos
andar da mesma forma para vencer o pecado, para a santificação, para prosperar e
cumprir nosso chamado. Desista de oferecer sacrifícios para Deus, pois os tais ofendem
ao Senhor.
“Como assim?” Algumas pessoas fazem campanhas, jejuns e propósitos intermináveis
na intenção de comprar ao Senhor. Já vi pessoas andarem descalças, usarem a roupa da
mesma cor por semanas, não lavarem o carro e outras maluquices do tipo. O que elas
estão dizendo para Deus é o seguinte. “Olha Deus eu preciso de uma benção, e por isso
quero fazer uma troca: receba a minha campanha, o meu dinheiro, meu sofrimento,
minha humilhação, a minha dor. Recebeu? Agora me dê minha benção.” Seja sincero
meu irmão, o que Deus tem a ganhar com esse tipo de barganha? Qual benefício Deus
está recebendo quando você anda de joelhos ou usa panos de saco e coisas desse tipo?
Será que Deus quer as cascas de suas feridas? Deus não faz barganhas, mas aquilo que
oferecemos para Ele diz muito do que pensamos sobre Ele. “Se o Senhor me der o que
necessito lhe dou o que o Senhor gosta, meu sofrimento.” Quando compramos um
presente para uma pessoa, olhamos pro presente e pensamos: “Esse presente é a cara
de fulano, acho que ele vai se alegrar quando receber isso”. O que você pensa que Deus
gostaria de ganhar? Um grande sorriso de gratidão, ou um semblante abatido de dor e
sofrimento? Pessoas que vivem presas nos princípios da Lei, não têm revelação plena
do amor do Pai. Comece a se acostumar, Deus é bom e sempre lhe tratará infinitamente
melhor do que você merece. Não digo que todas as pessoas que tentam oferecer algo
para Deus estão tentando comprar a Deus, mas entenda que esse não é o padrão do
novo testamento.

// Cresça comendo bem

Muitos líderes acham que a receita secreta para o crescimento da igreja é bater nos
crentes, mas esse é um engano. Alguns até dizem: “Crente é igual omelete, quanto mais
bate, cresce”. Muitos até usam o termo “cajadada”, mas esses, mal sabem que as funções
principais do cajado são guiar e resgatar ovelhas. Há pouco, tempo ouvi um líder dizendo
que “pastor que não exorta a igreja é frouxo”. A exortação faz parte do pastoreio, mas
lembre-se que a Igreja é a noiva de Cristo, você não seria louco de bater na sua esposa,
quanto mais bater na esposa do filho do dono do mundo. Lembre-se: exortação e agressão
são coisas muito diferentes.

Imagine uma mãe de primeira viagem que leva seu filho recém-nascido ao pediatra
e pergunta: “Doutor quero que meu filho cresça forte e saudável, o que devo fazer?”
E o pediatra responde: “Dê uma surra no seu filho de oito em oito horas e ele crescerá
saudável” Que insanidade, não? Se quero que uma criança cresça de forma saudável,
devo alimentá-la corretamente. O crescimento é algo natural. Se o alimento for correto,
o crescimento virá no tempo certo. O que fará você crescer, meu irmão, é o alimento que
vem dos céus. Ter revelação da palavra fará com que você tome posse da herança.

“Porque meu povo se perde por falta de conhecimento; por teres


rejeitado a instrução.” Oséias 4:6

“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as


Escrituras, nem o poder de Deus.” Mateus 22:29

Costumo dizer que se existem áreas da nossa vida que estão perecendo, isso significa
que não temos revelação da Palavra o suficiente para aquela área de nossa vida. Sempre
nos aconselhamentos, depois de ouvir, incentivo a pessoa a descobrir tudo o que a Palavra
diz sobre essa situação, quais são as promessas e princípios sobre essa questão. Descobrir
o que a Palavra diz a respeito é fundamental, pois temos um Deus extraordinário, mas
vivemos como se não tivéssemos. Deus quer que reinemos em vida, existe graça sobre
nós para isso.

Para continuarmos com esse assunto precisamos partir da ideia que você já entendeu
que não estamos mais debaixo da Lei e de sua maldição, mas sim da graça. Viver debaixo
da graça é muito mais do que ir para o céu de forma imerecida. Viver pela graça é levar
uma vida plena e abundante desfrutando da herança. Sempre se lembre disso: “Graça é
aquilo que eu não mereço, mas preciso”.

“Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo


por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte
veio a todos os homens, porque todos pecaram; pois antes de ser
dada a lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é
levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte reinou
desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles
que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão,
o qual era um tipo daquele que haveria de vir. Entretanto, não
há comparação entre a dádiva e a transgressão. Pois se muitos
morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça
de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só homem, Jesus Cristo,
transbordou para muitos! Não se pode comparar a dádiva de Deus
com a conseqüência do pecado de um só homem: por um pecado
veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva decorreu
de muitas transgressões e trouxe justificação. Se pela transgressão
de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que
recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça
reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo.
Conseqüentemente, assim como uma só transgressão resultou na
condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça
resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Logo,
assim como por meio da desobediência de um só homem muitos
foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de
um único homem muitos serão feitos justos. A lei foi introduzida
para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o
pecado, transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado
reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder
vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.” Romanos 5:12-
21

Que texto poderoso. Nele entendemos vários princípios de como funciona o Reino
de Deus. Ele começa dizendo que no começo não existe a morte, mas pelo pecado de
Adão a morte entrou no mundo e passou para todos os homens. Da mesma forma que
herdamos características físicas de nossos pais, herdamos a natureza de morte e pecado
de Adão, essa morte herdada reinou desde o tempo de Adão, mesmo aqueles que ainda
não haviam pecado como Adão, já estavam debaixo dessa herança. Entenda que Adão é
o representante de toda uma raça.

Imagine comigo uma pequena mangueira que acabou de ser plantada, ela é muito
jovem e por isso ainda não produz fruto, mas ela é tão mangueira como uma mangueira
frutífera adulta. Dentro dessa mangueira existe todo o potencial de produzir frutos, mais
cedo ou mais tarde essa mangueira vai produzir seus frutos. Assim é com o homem. Por
mais que uma criança ainda não tenha pecado, dentro dela existe todo o potencial para
ser o pior pecador do mundo, e uma hora ou outra essa semente do pecado ira florescer.

O texto continua e diz que agora não há comparação entre a transgressão e a dádiva
da graça. Se por causa do pecado de Adão nós perecemos, quanto mais por causa da
obediência de Jesus Cristo, iremos viver em perdão, justiça e graça superabundante.
Quando Adão pecou, levou toda a humanidade consigo para o inferno, mas quando
Cristo obedeceu, levou todos os que creem consigo para a eternidade. Da mesma forma
que Adão é a cabeça de uma raça, Jesus Cristo também é o cabeça de um novo tipo de
seres-humanos. Se por um pecado muitos foram feitos pecadores, imagine o que poderia
acontecer pela obediência do Filho de Deus?
Até Cristo, a morte e o pecado reinaram, mas agora a graça é superabundante. Isso
mesmo, muito mais do que precisamos. Entenda que as suas necessidades para Deus
são como um conta-gotas, mas a graça de Deus é como um oceano. A graça é o que eu
preciso, mas não mereço. Se pela transgressão de Adão a morte reinou, pela obediência
de Cristo, pela provisão da graça somos chamados para a justiça e para reinar em vida
por meio de Jesus Cristo.

Reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Romanos 5:17

Quando falamos sobre Reinar em Vida, logo pensamos em riquezas, glamour, muito
ouro e um belo trono, mas precisamos avaliar o contexto. O texto está falando sobre
domínio e autoridade, e ele nos diz que a morte e o pecado reinaram desde Adão, ou
seja, a morte tinha autoridade sobre o homem.

Reinar fala de governo, autoridade, controle, decisão, direção. Reinar fala sobre
dominar situações e circunstâncias. Quando Adão pecou a morte passou a reinar sobre
tudo o que estava debaixo do controle de Adão.

É interessante perceber que quando a bíblia fala sobre a morte, não está simplesmente
falando sobre “bater as botas”, mas a bíblia trata a morte como se fosse uma “pessoa”,
um poder, uma entidade. A bíblia diz que “a morte será laçada no lago de fogo”, “Onde
está, ó morte, o teu aguilhão”, “O último inimigo a ser destruído é a morte.” Consegue
perceber que a bíblia não está falando somente da morte física, mas sim de um inimigo?

E essa “pessoa”, esse inimigo, a morte, reinou sobre nossas vidas enquanto estávamos
debaixo do pecado, mas hoje ela não reina mais sobre nossas vidas, pois Cristo venceu a
morte na Cruz. Cristo é o Rei sobre nós. Aleluia! O que é mais poderoso é que o Senhor
“compartilhou” isso conosco, pois hoje nós podemos Reinar em Vida. Hoje não somos
mais escravos do pecado, mas estamos voltando para o nosso propósito inicial ao qual
fomos criados de reinado e domínio. Isso se chama redenção.

“Então disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme


a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre
as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre
todos os pequenos animais que se movem rente ao chão’. Criou
Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e
multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que
se movem pela terra.” Gênesis 1:26-28

Nós fomos criados para fazer na terra o que Deus faz dos céus, dominar sobre a
criação.

“Os céus são os céus do SENHOR, mas a terra deu-a aos filhos de
Adão!” Salmos 115:16

Deus nos criou para Reinar em vida, mas entregamos isso ao diabo no dia de nossa
queda, mas, mediante o favor de Deus pela cruz de Jesus Cristo, essa realidade foi resgatada
e agora todas as coisas se fizeram novas. Deus nos devolve a capacidade de reinar, de
escolher, de dominar. Não somos mais escravos do pecado. E isso não tem a ver com as
“macro crenças”, não importa qual seja sua cosmo visão sobre livre arbítrio, eleição ou
soberania de Deus, reinar em vida é voltar ao que Deus nos criou como em Gênesis. Isso
é uma realidade inegável.
// Viva uma vida responsiva

Meu convite é para que você viva uma vida responsiva, pois Deus te deu um cérebro
e habilidades o suficiente para olhar para uma moça ou um rapaz e saber se esse lhe
renderá bons frutos em um possível casamento, ou para discernir entre uma faculdade
ou outra. Temos uma velha mania que aprendemos com Adão de sempre jogar a culpa
em Deus “Foi a mulher que tu me destes”.

Vivemos pela graça, mas de uma forma responsiva. Há pouco tempo, meus ouvidos
sangraram ao ouvir um crente falando que o casamento dele acabou porque não era da
vontade de Deus. Como assim? Seja um crente maduro e aprenda a ser um bom mordomo.
Muitos se escondem atrás da soberania de Deus para dizer que não temos livre arbítrio
e, por isso, não podemos escolher se queremos pecar ou não, ou para dizer que não
podemos nem escolher a cor de nosso sapato. Isso é um engano. Isso é covardia. Temos
um arbítrio assistido pelo Senhor. Temos um arbítrio responsivo. Não estou dizendo aqui
sobre salvação, pois cremos que só conseguimos escolher a Cristo porque sua graça nos
atraiu e só permanecemos n’Ele, porque sua graça nos fortalece. Tudo vem d’Ele e tudo
está voltando para Ele. Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro. Mas lembre-se
que a soberania de Deus não anula seu cérebro. Assim como a soberania de Deus alcança
os céus e os mares, nossa responsabilidade para com a nossa vida alcança nosso futuro.
Imagine a soberania de Deus e nossa responsabilidade para com nossa vida como uma
linha de trem. Elas nunca se cruzam, mas caminham para o mesmo lugar. Assim é a obra
de Deus em nossa vida. Deus é tão soberano quanto eu sou responsável pelas minhas
escolhas, mas fique em paz, pois esse é um mistério para todos.

Não somos marionetes disputadas pelas mãos de Deus e do diabo. A vida é responsiva,
se você não dirige uma Ferrari não é porque o diabo está travando sua vida financeira,
pode até ser, mas o mais provável é que você não tenha estudado e trabalhado o suficiente
para isso. A graça não é desculpa para ser irresponsável ou mole.

Quando o povo de Israel na saída do Egito se deparou com o mar, começou a chorar
e murmurar, então Moisés repassa o choro do povo para Deus, e Deus majestosamente
diz:

“Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E
tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o,
para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco.”
Êxodo 14:16

Perceba que Deus “devolve” o problema para o povo. “Porque estão clamando a
mim? Eu dei a vocês pernas (uma habilidade para reinar em vida), andem!” Se Deus não
te deu uma direção nova, permaneça na antiga por mais que haja um mar em sua frente.
O princípio no Reino de Deus para avançar é o trabalho responsivo.

No princípio, a terra estava um caos, sem forma e vazia. Deus começou a trabalhar,
organizar, decidir. Isso é reinar em vida.

No livro de Josué, capítulo sete, vemos a história onde o povo perde uma batalha por
causa do pecado de Acã. Imediatamente, Josué começa a chorar e a culpar a Deus.

“O Senhor disse a Josué: “Levante-se! Por que você está aí prostrado?


Israel pecou. Violaram a aliança que eu lhes ordenei. Não estarei
mais com vocês, se não destruírem do meio de vocês o que foi
consagrado à destruição.” Josué 7:10-12
Mais uma vez a síndrome do “foi a mulher que tu me destes”. Mas meu encargo é que
você se organize, respire fundo, segure na mão do Senhor e assuma sua nova vida para
que a benção seja ordenada. A princípio, isso parece controverso, parece que estamos
falando de alguém que vive por merecimento, mas lembre-se que uma coisa não altera
a outra. Essa é uma palavra para os filhos, você não é mais governado pela morte, então
não se comporte como se fosse. O caos não dirige mais sua vida, você foi chamado para
reinar em vida, você não está mais perdido, agora você pode reinar em vida.

A minha sugestão é que você tire tempo para orar, peça direção do Senhor, pois nós
reinaremos em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo (Romanos 5:17). Não é
uma questão de merecimento, mas você precisa se levantar e ser o que Cristo diz que
você é. Reinar em vida não é questão de fazer mais, sim de ser. Não importa onde você
estará, o favor de Deus estará sobre você.

Alguns podem pensar: “Mas eu sou tão pobre, meu emprego é tão simples, não acho
que estou reinando em vida.” A questão não é sua profissão ou posição, mas se o favor
de Deus está ou não sobre sua vida. Reinar em vida não tem haver com a quantidade
de dinheiro que tem na sua conta. Eu sinceramente espero que tenha o suficiente para
que você viva bem e abençoe o seu próximo, mas reinar em vida não é uma questão
monetária, mas sim, de assumir uma posição em Cristo Jesus. Não entenda isso como
uma apologia a teologia positivista ou da prosperidade, mas Cristo disse que a morte
não reina mais sobre nós, mas que agora nós reinamos em vida, nós temos o controle e
o governo. Não pense que com essa idéia de teologia de reinar em vida, os crentes irão
dominar o mundo e subjugar tudo e todos. Não é isso. Mas comece a reinar sobre sua
vida, sobre suas escolhas e emoções. Entenda que a graça e o favor estão disponíveis
para te empurrar para o centro da vontade e propósito de Deus.

“Mas o homem nobre faz planos nobres, e graças aos seus feitos
nobres permanece firme.” Isaías 32:8

O favor estava sobre Moisés, Josué e muitos outros conquistadores do antigo


testamento, mas é inegável que existia uma postura de fé, confiança e autoconhecimento.
Se você conhecer qual é a herança conquistada por você e sempre manter a tomada da
fé ligada, o reinar em vida será uma consequência. Mas se você não conhece quem Deus
é, quem você é em Cristo Jesus, sempre viverá uma vida fraca e pobre, perdendo para
situações e pecado. O favor de Deus é posicional. O favor estava o tempo todo sobre a
vida de José. Mesmo José sendo um escravo, tudo o que ele fazia prosperava. Creia nisso,
você não é mais um escravo, mantenha a tomada da fé ligada conheça sobre a herança e
comece a reinar em vida.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós,
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”
Efésios 2:8,9

Quando entendemos que não há nada além da fé para alcançarmos a salvação, somos
libertos de nós mesmos. Muitos irmãos levam uma vida pesada por décadas tentando
comprar o que já foi pago e está disponível de graça. Lembra-se do ladrão da cruz? O que
ele fez para merecer a salvação? Cristo não disse pra ele: “Olha, rapaz, você agora precisa
fazer a campanha poderosa das sete sextas-feiras para receber seu milagre, hein.” Esse
homem não teve tempo nem de se batizar, mas Cristo disse que naquele mesmo dia eles
estariam juntos no paraíso (Lucas 23:43). Entenda de uma vez por todas que o padrão
de Deus vai à contracultura do mundo. No evangelho, aqueles que merecem o inferno
herdam o céu.

É certo que afogamos o velho homem nas águas do batismo, mas creia meu irmão, o
miserável sabe nadar muito bem. Diariamente enfrentaremos nossa carne e principalmente
algo que está entranhado em nosso corpo mortal, nossa natureza de justiça própria.

E o que é essa natureza de justiça própria? É todo esforço construído fora de Deus,
na intenção de alcançar o próprio Deus. Tudo o que produzimos fora de Deus é morte, é
fogo estranho. Se lembra da história de Nadabi e Abiú, filhos de Arão que foram mortos
por fazer a cosia certa da forma errada (Levítico 10)? A ordem de Deus era que o fogo do
altar fosse renovado todas as manhãs, mas não qualquer fogo. O fogo que deveria manter
a chama acessa era um fogo que descera dos céus. Mas Nadabi e Abiú não seguiram a
orientação do Senhor e dispuseram de fogo estranho, talvez de uma lâmpada de sua
casa, e ao apresentar esse fogo diante do Senhor, os dois morreram imediatamente. Esse
fogo representa nossa justiça própria. Um fogo que não depende do Senhor, que não é
produzido pelo Senhor, mas seu final é morte. Outra vez a graça nos alcançando. Nós não
produzimos fogo, o fogo vem do Senhor. Nós apenas mantemos esse fogo acesso.

O pecado do primeiro casal muito nos ensina como Deus não aceita nossa justiça
própria. Você já conhece a história, Deus faz o homem, o coloca no jardim, mas o homem
desobedece ao único mandamento de Deus, comendo do fruto do conhecimento do
bem e do mal.

“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam


nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.”
Gênesis 3:7

O homem peca e logo percebe que estava nu, então a justiça própria entra em
ação. A primeira ideia mirabolante de Adão é fazer roupas de figueira e a segunda é se
esconder atrás de uma árvore. Adão e Eva rapidamente pegam folhas de figueira e fazem
uma “gambiarra” para tentar cobrir sua nudez. É como se Adão dissesse: “Deus não se
preocupe, eu já cuidei de tudo. Realmente eu comi do fruto, Eva quis que eu comece, e
o Senhor sabe que mulher é complicado, quando quer uma coisa consegue. Mas já cobri
minha nudez, já fiz roupas. O Senhor conhece ameixa? Então aqui você deixa. Já está
tudo resolvido”. Assim como o discurso pronto do filho pródigo não funcionou para o Pai,
o discurso e obra de Adão também não são suficientes para Deus. Continue lendo o texto
e perceba que Deus não faz nenhum comentário sobre a roupa, pois toda justiça própria
é irrelevante para Deus.

“E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os


vestiu.” Gênesis 3:21

O homem fez uma espécie de tanga para cobrir suas vergonhas, mas isso é inadequado,
isso não serve. E logo após a queda do homem, Deus estabelece um princípio. O princípio
de fazer pelo homem o que ele não merece, mas precisa. O homem fez tangas de folhas
de figueira, mas em poucos dias essas folhas estariam secas e quebradiças, assim é nossa
justiça própria. No momento pode até funcionar, mas ele nunca resiste ao fator tempo.
Um crente que usa uma fantasia de santidade não conseguirá mantê-la por muito tempo,
pois a justiça própria não resiste ao tempo, ela é temporal.

Deus fez túnicas de pele. Isso é graça! O Senhor, para fazer essa túnica, teve que
sacrificar um animal inocente, e aqui outro princípio é estabelecido: Só há remissão de
pecados, mediante a morte de um inocente. Nada que você faça pode te salvar, apenas a
morte do inocente Jesus pode te levar para o céu. Folhas de figueira nunca serão suficientes
para restabelecer um relacionamento com Deus, apenas o sacrifício de um inocente nos
religa com nosso Pai. Aleluia!

Percebo que poucos crentes tentam usar a justiça própria para salvação. A grande
maioria, por um complexo de inferioridade “compreendeu” que o céu seria caro demais
para podermos comprar, então aceitam que a salvação é pela fé. Mas, infelizmente, essa
mesma maioria tende a usar a justiça própria para bênçãos, milagres e relacionamentos.
Acham que para ir para o céu de graça tudo bem, mas para alcançar uma benção de Deus
é preciso pagar um alto preço.

“Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o


entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas
as coisas?” Romanos 8:32

“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do


Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.”
Tiago 1:17

“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.


Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem
bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se
este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos,
quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.”
Mateus 7:7-11

Percebe que nenhum desses textos falou sobre merecimento? Nenhum deles falou
sobre pagar um preço? Entregar seu Isaque? Ofertas de sacrifícios? Tudo o que recebemos
é de graça e vem pela bondade de Deus! Isso é a uma cosmovisão correta. Saia da Lei e
entre pra graça. Mas você pode até pensar. “Mas eu fiz a campanha poderosa das sete
semanas de sacrifício e recebi o que pedi a Deus.” Sim, eu não duvido disso. Sua fé pode
muito mais do que você imagina. Eu só quero lhe mostrar que existe um caminho mais
curto, um caminho mais excelente. Eu disse um caminho mais curto, eu não disse um
atalho.
Imagine um filho que seu pai é dono de uma padaria, e todas as manhãs ele conta as
moedinhas para comprar pão na padaria de seu pai. Alguns dias ele fica com fome, pois
não tem dinheiro pra comprar pão e não tem coragem de pedir o pão de graça para seu
pai. Esse filho passa uma vida inteira pagando pelo pão, mesmo sendo filho do dono da
padaria. Assim são muitos crentes que estão pagando por algo que já foi pago. Quando
estão cheios de convicção exigem de Deus, contam suas moedinhas e compram pão, mas
quando pecam se sentem pobres, ficam com fome, pois não têm coragem de pedir de
graça. Vivem com fome de pão mesmo tendo seu Pai como dono de uma grande padaria.
Esses são os que vivem debaixo da Lei e não da graça de Deus.

O fato é que tudo o que recebemos, vem pela graça. Mas você já percebeu que
aparentemente algumas pessoas recebem mais de Deus e outras menos? É inevitável
perceber que algumas pessoas são mais usadas e recebem mais bênçãos de Deus do que
outras. Mas por que isso acontece?
Eu imagino que se você é um pai, gostaria de dar um carro para seu filho em seu
aniversário de 18 anos, mas acho improvável que você entregue as chaves do carro para
um garoto de 12 anos. Também imagino que qualquer pai, gostaria de deixar uma boa
poupança para bancar o tempo da faculdade, ou os primeiros meses de casado, mas
dificilmente um pai entregaria o cartão com todas as economias para o jovem de 16 anos.
O fato do filho não desfrutar desses presentes, não é uma questão de amor da parte do
Pai, mas sim, de maturidade da parte dos filhos! Essa é uma chave que pode te levar
muito longe. A herança é apenas para filhos maduros. Esse é um motivo porque alguns
desfrutam muito e outros desfrutam pouco das riquezas do Reino de Deus. Entenda que
existem níveis de maturidade para desfrutar de níveis de mordomia.

“Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada


difere do servo, ainda que seja senhor de tudo;” Gálatas 4:1

Você pode ser filho de um milionário, mas, se ainda é menino, não desfruta da
plenitude. Você pode ser herdeiro de tudo, se for menino, não difere de um escravo
que não tem nada. Se você é escravo da Lei ou menino espiritual, não receberá nada!
Então decida crescer em graça e conhecimento da Palavra para começar a desfrutar das
riquezas do Reino.

“Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também


herdeiro de Deus por Cristo.” Gálatas 4:7

Você precisa de revelação. Não entender simplesmente na mente, mas no seu


espírito! Não há nada que podemos fazer para sermos salvos. Somos salvos pela graça e
abençoados por ela!

“Mas se eu sou salvo e abençoado pela graça e não pelo que eu faço, quer dizer que
posso continuar pecando e no último dia eu serei salvo do mesmo jeito?” Essa talvez
essa seja a pergunta que ronde seu coração todas as vezes que você pensa sobre a graça.
Mas a resposta para essa pergunta é um claro e redondo NÃO! A Palavra diz que onde
abundou o pecado, superabundou a graça (Romanos 5:20). “Então vamos pecar mais,
para termos muito mais graça sobre nós, porque o que queremos é a graça.” Não é assim
que funciona, mas vamos falar sobre isso.

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a


graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para
o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que todos
quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua
morte? Romanos 6:1-3

Esse texto esclarece essa dúvida de muitos crentes. O verdadeiro discípulo que foi
alcançado pela mensagem da graça, não vive pecando, pois ele está morto para o pecado.
Imagine comigo que um funcionário foi demitido de uma empresa. Automaticamente
ele corta os seus vínculos, não precisa bater metas, não precisa mais comparecer todos
os dias e não recebe salário, pois não existe mais relação. Assim é a relação do crente
com o pecado. Estamos mortos para ele, não temos mais afinidade, fomos dispensados
das obrigações para com ele, não temos mais vínculo e não recebemos seu salário, pois
fomos desligados do pecado. Mas lembre-se que toda luta que travamos contra o pecado
não a fazemos com base na Lei, mas sim, com base no amor e na graça. Se a salvação vem
pela graça, a santificação também vem por ela.

Imagine um garoto que foi resgatado das ruas e adotado por um homem muito rico, e
esse homem ofereceu casa, comida, amor e a oportunidade de recomeçar a vida pagando
uma boa escola e ao terminar o ensino médio esse garoto poderia escolher qualquer curso
em qualquer faculdade. Imagine a gratidão no coração desse garoto. Mas o combinado
com o garoto seria: “A partir de hoje você deve deixar seu passado para trás, deixe as
drogas, a bebida e o crime, para que possamos viver bem nossa nova vida”. Você acha
que esse garoto deixaria o seu passado com muita gratidão, ou deixaria resmungando e
murmurando? Eu creio que, com muita gratidão, ele atenderia ao pedido de seu pai. Da
mesma forma acontece conosco. Nosso pai no resgatou do inferno. O que nos resta é
abandonar a vida de pecado em gratidão a Ele. Deus não quer que nos relacionemos com
ele com base na Lei, mas sim, com base na graça. Entenda que não vivemos mais para o
pecado, existe gratidão em nosso coração, fomos mortos com Cristo.

No antigo testamento, as pessoas tentavam cumprir a Lei por medo da maldição.


Quem não cumprisse a Lei recebia a punição advinda da Lei (Lv. 28), mas quando Cristo
morreu na cruz, toda a maldição vinda da Lei foi posta sobre Ele. Cristo nos resgatou da
maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós (Gálatas 3:13).

No meio evangélico encontramos dois extremos: uns que dizem que precisamos
integralmente cumprir a Lei, e outros que dizem que, porque não estamos mais debaixo
da Lei, não precisamos mais cumprir a Lei. Então, precisamos ou não cumprir a Lei? Creio
que essa resposta não é tão simples, mas vamos caminhar para uma compreensão maior.

Moisés deu várias leis ao povo e nós podemos basicamente dividir essa Lei em três
aspectos. Leis governamentais, leis cerimonias e leis morais.

Lei Governamental: Essas leis apontavam para uma organização do povo, pois mais
de 600 mil pessoas saíram do Egito, então leis de saneamento básico, leis cíveis eram
necessárias para a manutenção e ordem da nova nação. Por exemplo, umas dessas leis
diziam que as necessidades fisiológicas deveriam ser feitas fora do acampamento, e, ao
término, as fezes deveriam ser enterradas na terra. Essas leis foram dadas por questões
de saúde pública. Imagine 600 mil pessoas fazendo suas necessidades ao ar livre? Haveria
muitas doenças e contaminações. Mas hoje graças à Deus temos saneamento básico, não
precisamos mais dessa lei primitiva. Essas leis também falavam sobre comércio, dívida,
escravos, relações, etc. Tudo para que a nação funcionasse bem.

Lei cerimonial: As leis cerimoniais falam das leis sobre as formas de culto. Essas leis,
assim como as leis governamentais, não mais se aplicam a nós hoje, pois as leis cerimoniais
apontavam para Cristo, e em Cristo nós temos o entendimento e clareza de toda essa lei.
Uma das leis cerimoniais dizia que era necessário sacrifícios de animais inocentes para
que o pecado fosse coberto. Hoje não sacrificamos mais animais, pois Cristo se sacrificou
de uma vez por todas, fazendo-se propiciação por nossos pecados.

Lei Moral: O que nos resta de todas essas é a lei moral de Deus. Essa sim se aplica para
nós hoje, pois ela fala do caráter e vontade de Deus. A lei moral é aquela que diz: não
roube, não mate, não minta, etc. Mas entenda que hoje obedecemos a Lei, não por medo
da maldição, mas por amor e gratidão. Se por acaso não conseguirmos cumprir algum
aspecto dessa Lei, não seremos amaldiçoados, pois Cristo se fez maldição em nosso lugar!
Não estamos mais debaixo do jugo da Lei, mas a obedecemos porque ela é a expressão
do caráter do nosso Pai. Não estar debaixo da Lei não quer dizer que não cumpriremos
seus estatutos, mas quer dizer que estamos livres de suas condenações.

Devemos sim guardar os mandamentos, pois isso agrada a Deus. Hoje não servimos a
Deus por obrigação, mas sim, por amor. Muitos entregam seus dízimos e ofertas porque
têm medo do devorador, entregam suas finanças por obrigação e não por amor, mas a
Palavra diz que o Senhor ama quem dá com alegria (II Cor 9:7).

Imagine um marido que pede para que sua esposa faça o jantar especial para ele. E ela
diz: “Faço sim. Aliás, essa é minha obrigação, pois eu sou submissa, na verdade, sou uma
escrava. Pode deixar que vou fazer sua janta, seu opressor. Vou fazer sim, pois é minha
obrigação, a bíblia me obriga, então farei.” Dificilmente esse marido comerá essa comida
com prazer. A vontade do marido é que a esposa o sirva por amor, e não por obrigação.
Da mesma forma é o SENHOR. Não por tristeza, por obrigação e nem por necessidade.
Mas sim por amor e com alegria.

Uma história muito linda conta que um dia o rei Davi suspirou e disse: “Quem me dera
beber da água do poço de Belém, que está junto à porta!” (1 Crônicas 11:17). A história
conta que três soldados romperam no meio da guerra, passaram pelo acampamento
dos filisteus, tiraram água do poço de Belém e a trouxeram para Davi. O rei fica tão
constrangido com essa atitude que não tem coragem de beber da água, mas a oferece a
Deus. O mais incrível é que em momento nenhum Davi pede água, mas ele simplesmente
“pensou alto”, suspirou. Um suspiro do Rei é mais do que suficiente para que possa
obedecer. O suspiro de Deus é que vivamos uma vida de santidade, cumprindo sua Lei,
expressando seu caráter. Que haja prazer em nosso coração em obedecer a Deus, que
possamos correr para a santidade assim como esses soldados correram para buscar água
para Davi. Entenda que estamos mortos para o pecado, mas vivos para Cristo.

Para entendermos nossa semelhança com Cristo, precisamos entender que no


momento de sua morte, Cristo morreu como um pecador (II Cor 5:21), mas em
contrapartida, ressuscitou como um santo, pois todo pecado ficou na cruz. Como um
santo, Cristo ressuscita para viver uma nova vida santa e sem pecado. Quando um crente se
batiza, o mesmo que aconteceu na cruz acontece nas águas. O batismo é uma reprodução
da morte e vida que acontecem na cruz. Quando entramos na água, entramos como
pecadores, assim como Cristo foi para cruz, mas em contrapartida quando saímos das
águas saímos como santos, assim como Cristo ressuscitou após a cruz. Após o batismo
somos chamados para viver uma nova vida sem pecado, pois nosso velho homem ficou
nas águas do batismo.

“De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte;
para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.”
Romanos 6:4

Veja que texto precioso. Fomos sepultados com Ele nas águas do batismo e, ao
levantarmos, somos ressuscitados dentre os mortos para vivemos em novidade de vida.
Andar em novidade é o mesmo que dizer que andaremos em uma nova vida. As coisas
velhas ficaram para trás, eis que tudo se fez novo. O pecado ficou para trás, nessa nova
vida não deve existir mais relação com o pecado. Agora consegue entender por que um
crente que foi alcançado pela graça não vive no pecado? Como viver no pecado se não
tenho meu prazer nele? Nosso prazer se encontra em Deus. Somos como um bebê, sem
passado, sem culpa. Diante de nós existe apenas uma folha branca sem condenação e
sem culpa. Uma nova vida sem pecado, ou seja, uma vida de santidade.

Mas é aqui que muitos crentes se perdem no frenesi evangélico, na tentativa de


buscar a santidade. Aqui, muitas vezes, se forma um crente religioso. Ele pensa: “Agora
sou crente, sou nova criatura, o pecado ficou para trás, então preciso fazer muita força
para ser santo”. Então ele, pela força do braço, tenta mudar as coisas ao seu redor. “Agora
preciso vestir como crente, preciso falar como crente, preciso comprar coisa de crente.
Eu sou crente, eu mudei, eu não posso mais fazer isso, eu não posso mais fazer aquilo”.
Um crente que precisa fazer força para ser crente, provavelmente não é um. Eu não tenho
dificuldade para ser homem, ao me levantar não ficou em dúvida se visto as roupas da
minha esposa. Quando estou diante do banheiro feminino não fico tentado a usá-lo, pois
não temos dificuldade quando é natural. O difícil é fazer o caminho inverso. Difícil seria
se amanhã desistisse de ser homem. Teria que comprar novas roupas, teria que forçar
um jeito que não é meu, teria que mudar minha voz. Ser crente é questão de natureza e
não de forma. Ser cristão é natureza e não fazer força. Se de fato você morreu nas águas
do batismo, dentro de você existe uma natureza de santidade, não precisa fazer força,
mas sim dar vazão pra que o novo venha para fora.
No livro de Gálatas, Paulo nos apresenta dois paradigmas: os frutos do espírito e
obras da carne. Perceba que fruto é algo natural, que acontece no tempo certo, segundo
o cultivo. Porém, obras nos falam de esforço e de trabalho. Pois essa é a nossa nova
realidade, não prestamos mais para pecar, se quisermos pecar teremos que fazer força
contra nossa nova natureza, porém para as coisas do céu será natural como o nascer de
um fruto.

“Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos


para Deus em Cristo Jesus.” Romanos 6:11

Lembre-se que Deus não quer domesticar uma cobra, mas sim, refazer o seu interior.
O projeto do Senhor não é de dar uma manutenção, uma melhorada no pecador, mas
sim, matar o seu velho homem para que haja espaço para o novo de Deus. Deus não
conserta o que não presta, ele o faz morrer para fazer um santo. Não seja apegado ao
seu passado e a sua carne, deixe-se morrer para que o Senhor possa construir algo novo
em você. Em sua carne não habita bem algum (Romanos 7:18). O seu espírito foi salvo,
sua alma está sendo transformada, mas seu corpo deve ser mortificado dia após dia para
que haja mais espaço para seu espírito.

“Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da


justiça.” Romanos 6:18

Estamos livres do pecado. Não somos mais escravos do pecado, mas agora somos servos
da justiça. Alguns podem pensar que tudo isso não passa de um positivismo barato, pois no
fundo no fundo ainda sente vontade de pecar, e no mais, às vezes a vontade é tão grande
que acaba cedendo ao pecado. Meu irmão creia nisso, a Palavra deve falar mais alto que
nossas experiências, porém muitos crentes não desfrutam da plenitude da santidade por
uma questão de alimentação. Isso mesmo alimentação. Nós somos aquilo que comemos.
Desse modo, muitos se alimentam durante toda a semana de comida mundana, e pouco
se alimentam de comida espiritual, de modo que quando o pecado bate à porta, nossa
carne está mais forte e dessa maneira não vencemos o pecado. Imagine que dois leões
irão brigar, o primeiro leão está bem alimentado e saudável, porém, o segundo não tem
dormido bem e há uma semana está com fome, pois não conseguiu caçar nada. Qual
leão você acha que vencerá a luta? O que está bem alimentado ou o que está fraco e com
fome? Com certeza o que está forte e bem alimentado! Quanto mais o seu espírito você
alimentar, mais fácil será de dizer não para o pecado, porém, quanto mais da sua carne
você alimentar, mais difícil será dizer sim para a santidade.

“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também
santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito:
Sede santos, porque eu sou santo.” 1 Pedro 1:15,16

Engaje-se no seu processo de santificação. Lembre-se, santidade não é questão de fazer


força, mas sim de alimentar seu espírito. Santidade não é reprimir pecado, mas expressar
a Cristo. Santidade não vem por esforço humano, santidade acontece por descansar e se
relacionar com Deus. Quando você vai à praia ou a um clube e quer bronzear a sua pele,
o que você faz? “Ô poderoso e soberano sol, venha bronzear minha pele, agora, eu te
peço. Venha com teu poder e teus raios ultravioleta sobre minha vida.” Ou até mesmo
você fica fazendo força, quase tendo um aneurisma, para que o sol te queime? Claro que
não! Você simplesmente passa o bronzeador, se deita e deixa que o sol, que é muito maior
do que você, faça todo o trabalho. Assim é com a santidade. Não fazemos força para ser
santos, simplesmente ficamos diante do Senhor, e Ele, que é infinitamente maior do que
nós, fará o trabalho de nos transformar. Aleluia! Viva pela graça.
C
omo já sabemos, agora estamos mortos para o pecado e vivos pra Cristo, nossa
velha vida ficou para trás, nosso passado foi jogado no mar do esquecimento,
agora sigo adiante para o plano proposto diante de mim. Mas a grande questão
é: como viver essa nova vida? Quais são os parâmetros para o Reino de Deus? Quais são
os limiares entre graça e libertinagem?

Romanos sete nos dá um rico exemplo de como essa relação funciona. Parafraseando
esse exemplo, imagine que uma mulher está casada com um marido muito exigente.
Esse marido é tão exigente que todos os dias ele fiscaliza a limpeza da casa, a arrumação
das gavetas e se os lençóis estão limpos. Esse marido é tão exigente que fez um cardápio
semanal. Ele escreveu os dez mandamentos da esposa fiel: “Não queimarás o arroz, não
andarás descabelada, amarás o teu marido e somente a ele servirás”, e por aí vai. Mas
com um padrão tão alto como esse, a esposa não consegue agradar o marido, e por isso
ela vive se sentindo culpada. Mas no fundo, o sonho dessa esposa e se casar com outro
marido. Mas isso não é possível. Enquanto esse marido estiver vivo, ela estará ligada à
ele. A única alternativa é se esse marido morrer, sendo assim ela estará livre para se casar
com outro marido.

Esse marido que acabamos de mencionar aponta para a Lei. A Lei exige, seu padrão é
muito alto e jamais conseguiríamos alcançar. Mas como a Lei poderia morrer? Para que
pudéssemos ficar livres dela? Então se a Lei não morre, nós morremos, isso em nosso
batismo. E como morremos, estamos livres da Lei, não estamos mais ligados com esse
marido exigente. Agora essa mulher está livre para se casar de novo, então ela se casa
de novo e agora ela tem um novo marido chamado Jesus, mas mal sabe ela que esse
novo marido é muito mais exigente do que o primeiro. A Lei dizia “não matarás”, mas
Jesus disse que aquele que se irar com seu irmão já está sujeito ao julgamento (Mt 5:21).
A Lei também diz “não adulterarás”, mas Jesus diz “Aquele que olhar para uma mulher
com desejo impuro já adulterou” (Mt 5:28). Percebe que Cristo é muito mais exigente do
que a Lei? Os parâmetros de Cristo são infinitamente mais altos do que os da Lei. Mas a
grande diferença entre a Lei e Cristo é que a Lei exige justiça, mas Cristo concede justiça.
A Lei exige um padrão de santidade, porém ela não te capacita para ser santo. Cristo,
pelo contrário, te “pede” santidade, te conduz para santidade te santificando. O antigo
marido exigia uma casa arrumada, mas o novo marido nos ajuda a arrumar a casa. O
antigo marido exigia uma janta quente todos os dias no horário certo, nosso novo marido
está conosco em tudo o que fazemos. Percebe a grande diferença? “Então quer dizer
que a Lei é má?” De forma alguma, o problema nunca foi com o marido, mas sim com a
incapacidade da esposa. A Lei é santa e boa, mas o pecador não consegue cumprir a Lei.

“Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui
vendido como escravo ao pecado.” Romanos 7:14

O problema é que o pecado está encravado em nossa carne, por mais força que eu
faça para fazer o certo minha carne nunca se converterá. Existe uma luta dentro de nós,
e, por isso, precisamos orar, jejuar nos alimentar de comida do céu para mortificar nossa
carne.

“Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que
odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste
caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em
mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne.
Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo
realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que
não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não
quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em
mim.” Romanos 7:15-20

Então quer dizer que vamos continuar pecando? Pois afinal de contas minha carne não
se converte? Essa é a possível pergunta e resposta de muitos ao ouvirem essas verdades.
“Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta
morte?” Romanos 7:24

Essa expressão “corpo de morte” faz menção a uma sentença romana conhecida
como necroforia, que consistia em pegar o cadáver e amarrar junto ao corpo do assassino,
dessa forma o assassino acabaria morrendo por infecções e todo o tipo de contaminação
por causa do cadáver preso em seu corpo. Paulo compara a prática do pecado com essa
sentença. Isso nos ensina que quem vive pecando uma hora ou outra morre. Mas quem
nos livrará desse corpo de morte? Que nos livrará do pecado? Jesus Cristo!

“Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.” Romanos 7:25

Graças a Jesus, estamos livres da maldição da Lei e livres do corpo de morte do pecado.

“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em


Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o
Espírito.” Romanos 8:1

Lembre-se disso, o velho marido morreu, estamos livres, afinal, já dizia a tradição:
Até que a morte os separe!

Tetelestai. Está consumado, foi liquidado, Aleluia! Cristo nos comprou, nos resgatou,
recriou nosso espírito e nos fez ser livres. Não somos um cão que volta para seu vômito,
não voltaremos mais ao pecado, agora somos livres para viver pelo Espírito.

“Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos


segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo
a carne, inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo
o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne
é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a
inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei
de Deus, nem, em verdade, o pode ser.” Romanos 8:6,7

Depois de nosso novo nascimento, nosso padrão não vem mais da carne, mas de um
relacionamento com o Espirito. Agora não mais andamos segundo os desejos do pecado,
mas andamos segundo o Espírito. Crentes imaturos querem uma lista de regrinhas para
se relacionar com Deus, mas não é assim que funciona. Em alguns aspectos é mais fácil
tentar seguir regras do que se relacionar com Deus. Sempre ouço as mesmas perguntas:
“Pastor, crente pode fazer tatuagem? E piercing? Pastor, crente pode beber cerveja?”.
Crentes carnais são legalistas, vivem nos aspectos do merecimento, gostam de seguir
regras para parecerem mais santos. Eles gostam de receber uma lista de coisas que podem
ou que não podem fazer, pois assim acham que estão sendo espirituais. Mas a minha
resposta é sempre a mesma. “Seja guiado pelo Espírito.” Não estou me ausentado de
minhas funções de ensino, mas nunca devemos ser uma muleta para crentes legalistas.
Agora somos guiados pelo Espírito, agora Ele nos guia a toda verdade. Não vivemos mais
pela carne, pois aqueles que vivem pela carne não podem agradar a Deus. Vivemos pela
Palavra e pelo Espírito.

“Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.”


Romanos 8:8

O fato é que Paulo afirma que de uma forma carnal é impossível agradar a Deus, ou
agradamos ao Senhor, ou agradamos a nossa carne. Precisamos aprender a odiar os
prazeres e refrear a nossa carne e impulsos. Vejamos agora alguns tipos de crentes carnais.
// Crente Emotivo

As emoções fazem parte da vida, dão cor para nossos dias. As emoções são uma
benção, pois foram criadas pelo próprio Deus. Imagine uma vida sem emoções. Seria
pavoroso! Mas um crente que vive pelas emoções se torna um crente carnal. Muitos
vivem por sentir calafrios, sensações, sentimentos e emoções. Não seja guiado por suas
emoções ou sentimentos, seja guiado pelo Espírito que te guiará a Palavra. Na maioria
das vezes suas emoções não estarão para as coisas de Deus, mas sim para as coisas da
carne, mas coloque suas emoções em sujeição ao seu espírito.

// Crente Mental

Hoje mais do que nunca precisamos ser pensantes, racionalizar e compreender o que
estamos ouvindo, mas muitos crentes vão para o extremo negativo que é racionalizar a fé,
Deus e a igreja. Esses são organismos vivos que não podem ser decifrados no campo da
mente. O crente mental até critica o emotivo, mas é tão carnal como o mesmo, pois não
é guiado pelo Espírito, mas por sua própria razão. Nosso cérebro nos ajuda a entender
as coisas do espírito, mas seria loucura reduzir Deus ao conhecimento humano. As coisas
de Deus para o homem natural são loucura. Não permita que sua mente vença a sua fé.
Isso não é um convite para a ignorância, mas sim para uma fé responsiva. O que é do
Espírito se discerne espiritualmente e não em uma calculadora.

// Crente Inconstante

Esse é muito parecido com o crente emotivo, sua vida espiritual ora é guiada pelas
emoções e outrora é guiada pela mente. Vive de momentos e conferências. Sua vida é
uma montanha russa. Se estou com vontade eu oro, se estou sem vontade não oro. Se
quero pecar peco, se não quero não peco. Esse crente facilmente é levado por vento de
doutrinas (Efésios 4:14). Segue modismos e não tem sua fé firmada na Palavra mas sim
nas experiências alheias.

// O crente legalista

Ele é aquele que é escravo da Lei, acreditando que sua relação com Deus depende de
sua obediência aos mandamentos da Lei. Esse é o crente do “não pode”. Crente não pode
isso, crente não pode aquilo. Ele quer ter uma lista de coisas que o crente não pode fazer.
Ele está sempre se escandalizando com o que os outros fazem. Ele acha que ser crente
é ser um chuchu. Ele acha que ser crente é ser uma criatura sem vida. Ele não concorda
com nada, tudo para ele é pecado. Aparentemente esse parece um crente zeloso, mas
não se engane. A pergunta dele sempre é: “Mas crente pode fazer isso?” O problema é
que o homem não consegue cumprir a Lei. Por isso Paulo então afirma que aquele que
se circuncidar fica obrigado a guardar toda a Lei. Quando uma pessoa se torna um crente
legalista, pelo menos três atitudes se manifestarão na sua vida.

1) Todo legalista se torna hipócrita.


2) Todo legalista não tolera os que vivem na liberdade.
3) Todo legalista vive condenando os outros

O veneno do legalismo paralisa o corpo de Cristo, cega o nosso espírito e desperta o


orgulho no nosso coração. Mas o maior problema é que o legalista inevitavelmente criará
para si a imagem de um Deus severo e punitivo a quem ele nunca conseguirá agradar.
Quem quer servir a um Deus desse? Ninguém!
// Crente libertino

Esse afirma que não existe Lei alguma para o crente e que tudo agora nos é lícito.
Essas pessoas vivem na prática do pecado e ainda justificam seu erro na graça de Deus.
Eles sempre dizem: “Não, pastor, estamos na graça.” Infelizmente na história da igreja
sempre houve alguns que tomaram a mensagem da graça como pretexto para viverem
no pecado.

“Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada


há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de
vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em
libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.”
Judas 1:4

Libertinagem é simplesmente dar vazão a todos os apetites da carne. Libertinagem é


um crente que passou muito da liberdade. Mas não devemos usar nossa liberdade para
dar lugar à carne.

“Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem


a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário,
sirvam uns aos outros mediante o amor.” Galatas 5:13

Infelizmente é possível que alguns transformem a graça em libertinagem. Isso


apenas prova que tais pessoas nunca nasceram de novo, alguém que vive assim
nunca experimentou da graça do Senhor. A liberdade cristã é liberdade do pecado,
não liberdade para viver no pecado. Nós cantamos: “Livre pra correr, livre pra dançar”.
Mas perceba que o ímpio também pode fazer essas coisas, e fazem até muito mais do
que nós. Mas nós fomos livres do pecado. Jesus disse: “Todo o que comete pecado
é escravo do pecado” (Jo 8:34). Portanto, viver no pecado não é sinal de liberdade,
mas de escravidão. A graça não nos dá provisão para pecar. Ela nos dá provisão para
vencer o pecado.

Tanto o crente legalista, quanto o crente libertino não vivem em amor. Eles são
egoístas. Eles estão o tempo todo pensando neles mesmos. Todos esses são carnais
e acabarão levando uma vida de pecado, porque uma vida carnal nos leva a uma
vida de justiça própria. Nós, porém, não vivemos pelos impulsos da carne, vivemos
guiados pelo Espírito. Não somos guiados por nossas emoções, por nossa mente e
muito menos por experiências, somos guiados pela Palavra e pelo Espírito.

“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito


de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele.” Romanos 8:9

“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo


Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os
que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.”
Romanos 8:13,14

Percebe que esse texto diz que devemos mortificar as obras da carne por meio do
espírito e não por esforço humano? Se você quer vencer o pecado se exponha a presença
do Espírito diariamente.

É possível que um crente salvo viva uma vida fora do padrão Cristão, e eu não estou
falando de roupa, mas sim de um estilo de vida. Um discípulo não é conhecido por forma,
mas sim por estilo de vida (João 13:35). Gastamos um tempo falando sobre o crente
carnal, aquele que não é guiado pelo Espírito, agora falaremos de como vive um crente
guiado pelo Espírito.

// Se alimenta de Deus

“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras


que eu vos digo são espírito e vida.”João 6:63

Muitos acham que por não lerem a bíblia não irão para o céu, e outros acham que
por muito lerem tem o seu lugar garantido no céu, mas isso é um engano. Se a partir de
hoje até a volta de Cristo você nunca mais ler a bíblia, você não “perderá sua salvação.”
Muitos se assustam com essa informação, mas lembre-se que somos salvos não pelo que
fazemos, mas sim pelo que Cristo fez. Ninguém irá para o céu por ler muito a bíblia, mas eu
creio que as pessoas que foram destinadas para o céu, têm o seu prazer na Lei do Senhor
e n’Ela meditam dia e noite (Salmos 1:2). Deus não precisa que leiamos sua Palavra, mas
nós sim. A bíblia é alimento para nós e não para o Senhor. Deus não fica empoderado
quando lemos a bíblia, mas nós sim. É impossível que um crente seja guiado pelo Espírito
sem se alimentar da Palavra diariamente. Um crente que não lê e não ora, o seu desviar
é questão de tempo! A Palavra de Deus é o que irá gerar vida no seu espírito. Escutar
músicas que exaltam a Deus é muito agradável, ler bons livros te fará crescer, mas o que
te manterá vivo é a Palavra de Deus, pois ela é alimento para nosso espírito.

Exercite seu espírito, orando, jejuando, meditando na palavra, você é aquilo que
você come. Quanto mais comida do mundo você comer mais mundano você será, porém
quanto mais comida celestial você comer, mais parecido com os céus você será.

// Foge do pecado

“Mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom.


Afastem-se de toda forma de mal.” 1 Tessalonicenses 5:21,22

O crente que é guiado pelo Espírito não vive mais pela carne, mas foge do que é mal
e do que aparenta ser mal. Mas como eu saberei o que é mal e o que aparenta ser mal?
Mais uma vez, seja guiado pelo Espírito. Leia e medite na Palavra.

Na Palavra de Deus temos muitos princípios já estabelecidos, que de longe conseguimos


identificar o que é ou não pecado. Todo crente conhece os princípios sobre honestidade,
verdade, fidelidade e etc. Mas muitas coisas são subjetivas. O que é mau para alguns pode
não ser mau para outros. Por exemplo: Não tem problema algum frequentar festas de não
crentes, Jesus mesmo era um frequentador assíduo de festas de não crentes, inclusive,
esses ambientes são propícios para que a glória de Deus se manifeste. Aparentemente
não existe nenhum problema em estar em um ambiente como esse. Mas temos casos de
novos convertidos que ainda lutam ferozmente contra bebidas, por exemplo, para esse
novo convertido que ainda está no processo, esse tipo de ambiente é muito arriscado, e
ele pode facilmente ser seduzido. Eu particularmente me ausentei de festas por muitos
anos, porque era uma grande dificuldade para mim não me contaminar, hoje depois de
anos isso não é mais um problema, e esses ambiente é onde mais consigo manifestar a
glória de Deus através de um testemunho de vida. Mas lembre-se, aquele que está de pé,
cuide-se para que não caia (I Coríntios 10:12).

Você precisa ser guiado pelo Espírito o tempo todo. Ele te guiará a toda verdade, ele
será um guia de noite e de dia, ele será uma luz vermelha que acenderá dentro de vocês
nos momentos de perigo. Ele será um farol que iluminará as oportunidades. Não caia na
onda do “não tem nada a ver”, isso tem roubado o potencial de muitos irmãos.
// Manifesta Cristo

Ser Crente não consiste em reprimir pecado, mas sim expressar a Cristo. O crente teve
sua natureza transformada e por isso os frutos do Espírito aparecerão. Mais cedo ou mais
tarde amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança
se manifestarão em sua vida (Gálatas 5:22).

Nossa igreja tem um time (ministério) que se chama casa social, que tem o foco
de alcançar e suprir carências e necessidades de nossa comunidade. E há pouco tempo
organizamos um evento no centro de Belo Horizonte, levando café e roupas para as
pessoas em situação de rua. E nesse dia uma pessoa chegou até mim e perguntou de que
igreja nós éramos. Isso me alegrou muito porque percebi que estávamos expressando
a Cristo, fomos reconhecidos como corpo de Cristo por causa do amor que temos uns
pelos outros e não pela roupa que estávamos vestindo. As pessoas devem olhar para nós
e logo perceber que somos crentes, não pela roupa, mas pelo estilo de vida. Expressar a
Cristo, não é ser terrorista mais sim um evangelista. Expressar a Cristo é expressar amor.

Decida hoje não viver mais pela carne, mas viver pelo espírito, sendo guiado diariamente
pelo Senhor em cada passo e em cada decisão. Até então servíamos à Lei, mas a Lei serviu
de aio, de professor para nos conduzir até a Cristo (Gálatas 3:24), mas Cristo já chegou,
assumiu nossa tutela, e agora é Ele que nos ensina pessoalmente. Você não precisa mais
de uma Lei lhe dizendo o que é certo ou errado, agora temos a Cristo que diariamente
nos ensina qual é a sua vontade.

Alguns podem pensar: “Mas e a bíblia? Ela não nos ensina?” Claro que sim! Quando
digo que Cristo nos ensina, quero dizer que Ele nos ensina através de sua Palavra. Lembre-
se que a Lei é boa, o problema é minha carne. Não quero incentivar os irmãos a viverem
fora dos padrões do Senhor, pois a Lei revela o caráter de Deus. O que quero que você
entenda é que a Lei, não serve para te salvar e justificar, mas sim revelar o caráter de
Deus. Nós lemos na sua Palavra qual é a sua vontade e o Espírito de Cristo vivifica essa
palavra diante dos nossos olhos, fazendo-a queimar em nosso coração a transformando
em alimento para o nosso espírito. Gaste tempo orando e lendo, buscando revelação
e entendimento direto da fonte. Não viva pela carne viva pelo Espírito. Mas lembre-se
que ser guiado pelo Espírito não é o mesmo que ser guiado por revelações e profecias.
Muitos crentes vivem em função de revelações e profecias, mas isso é irresponsabilidade
e imaturidade. Sim, Deus usa profetas, homens e mulheres de Deus para trazer consolo,
inspiração e correção, mas creia meu irmão, não somos adeptos dos videntes. Você é
filho de Deus e seu Pai fala diretamente com você. Cuidados com os “eis que te digo”,
porque falar, até papagaio fala. Ser guiado pelo Espírito significa ser guiado pela Palavra
de Deus (João 16:13).

// Vida em liberdade

Podemos ser um crente livre pela graça, um crente genuíno cheio de amor. O crente
cheio do Espírito é aquele que guarda a Lei, mas não a guarda pelo esforço próprio, ou
buscando salvação e justificação, mas sim pelo Espírito. Não para tentar agradar a Deus,
mas sim por um conceito de moralidade que foi colocado em seu coração. Não para
tentar ser salvo, pois ele entende que a salvação vem pela graça, mas ele guarda a Lei
porque está cheio do Espírito Santo e porque ama a Deus (Romanos 3:31).

“’Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois


daqueles dias’, declara o Senhor. ‘Porei minhas leis em suas mentes
e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o
meu povo.’“ Hebreus 8:10
A Lei não é algo frio e exterior, mas algo que foi impresso no meu coração. O nome
dessa lei é amor! O crente foi chamado para viver em amor para com seus irmãos. Tudo
funciona como uma escada. Fomos alcançados pela graça e imediatamente chamados
para a liberdade, mas essa liberdade passa pelo filtro do amor. A diferença entre o crente
cheio do espírito e os outros mencionados, é a forma como ele encara a Lei e a liberdade.
Imagine que o crente lê na bíblia: “Não minta, mas viva em verdade”.

O legalista pensa: “Eu não posso mentir, senão Deus vai me amaldiçoar, e por
falar nisso essa igreja só tem gente mentirosa. Você viu a mentira da irmã da célula?
Misericórdia”.

O libertino pensa: “Isso é do antigo testamento, não preciso parar de mentir. Deus
me ama de qualquer forma, estou na graça, estou na benção”.

O crente verdadeiro pensa: “Como eu posso mentir para meu irmão se o meu
Pai é a própria verdade? Como mentir para alguém se meu Pai nunca mentiu para mim?
Meu pai me ama e vive em verdade. Eu amo meus irmãos e por isso preciso viver em
verdade”.

Esse é o crente que tem os outros como superiores a si mesmo.

“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade;


cada um considere os outros superiores a si mesmo.” Filipenses 2:3

A verdadeira liberdade só funciona se estiver amalgamada com o amor. O crente


legalista é egoísta, pois ele não tem amor, assim como o libertino. Você pode ficar duas
semanas sem aparecer na igreja, não mandar nenhuma mensagem para o seu pastor, seu
líder de célula, seus irmãos? Claro que pode. Você é livre! Mas isso só mostra que você
não ama ninguém de sua comunidade, que não se importa com a opinião e sentimentos
do corpo. Isso mostra que você usa sua liberdade pra fazer o que você quiser, mas sem
amor.

“Contudo, tenham cuidado para que o exercício da liberdade de


vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos.”
1 Coríntios 8:9

A pergunta que devemos fazer sobre a nossa liberdade é a seguinte: Qual é o limite
da liberdade? E a resposta para essa pergunta é o amor. O limite da liberdade é a tampa
do amor.

Alguns crentes acham que usar bermuda é pecado, certo? Aí, esse irmão te chama
pra ir na casa dele. Você é maduro e sabe que bermuda é tão espiritual como calça, mas
ele não sabe, e você pensa: “Vou de bermuda sim. Isso é uma tolice, não é pecado!”
Fazendo isso você acaba incentivando esse irmão a usar bermuda, mas ele usa com peso
em sua consciência. Nesse caso, você está usando sua liberdade para ferir seu irmão que
é imaturo. Se você de fato ama seu irmão usaria calça comprida por amor a ele.

“Portanto, se aquilo que eu como leva o meu irmão a pecar, nunca


mais comerei carne, para não fazer meu irmão tropeçar.” 1 Coríntios
8:13

Sempre se faça essa pergunta antes de fazer qualquer coisa: “O que Cristo faria em
meu lugar? Se eu fizer isso, vai edificar meus irmãos?” Um crente que vive pelo amor,
facilmente cumpre a Lei do Senhor.
“Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão
os desejos da carne.” Gálatas 5:16

Se você for guiado pelo Espírito, ele lhe guiará ao amor, fazendo com que você jamais
satisfaça os desejos da sua carne. Se você viver em amor, você cumprirá a Lei do Senhor.
O Evangelho é simples, mas não simplista. Tire todo fardo da religião e da performance
que adoramos fazer e fique com o amor e a leveza da graça.

Talvez muitos de nós, vivemos uma vida inteira baseada em performance, campanhas
e fazer força para alcançar e receber algo de Deus. Talvez, você tem feito força para garantir
e manter sua salvação. Mas temos aprendido que Deus já está satisfeito conosco por
meio de Cristo, também aprendemos que já fomos abençoados por Cristo e que não há
nada que possamos fazer, pois a obra já está completa. Esse presente chamado salvação,
é um ato monergista e unilateral de Deus, nosso papel em tudo isso é ficar de joelhos e
receber pela graça tudo o que Ele conquistou para nós. Mas talvez a sua pergunta tem
sido a seguinte: “O que então eu faço com todo o tempo que me resta? Eu gastei toda
uma vida fazendo isso, e agora, o que fazer com o tempo que me sobra? O que faço com
minha agenda lotada de campanhas, propósitos e sacrifícios? Se não há nada que eu
possa fazer para agradar a Deus, o que eu faço na minha vida Cristã?”

A resposta está no propósito inicial e eterno de Deus. Gênesis é o livro dos princípios
e nele encontramos o projeto e a planta de Deus para todas as coisas. Leia os primeiros
capítulos de Gênesis e perceba que o homem foi criado para se relacionar com Deus, para
conhecer e prosseguir em conhecer. Deus vinha todo o dia se relacionar com o homem.
Antes da queda era assim, e Paulo afirma que quando Cristo voltar continuaremos a
conhecer ao Senhor, porém agora sem filtros (I Coríntios 13:12). Creio que o que devemos
fazer com o “tempo que nos resta”, é conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor. Pare
de olhar para o que você quer, e fixe os seus olhos naquele que tem o que você precisa.
Viver pelo Espírito é ser guiado ao conhecimento de toda a verdade, e Cristo é a verdade.
E
studar a carta aos Romanos é como subir uma montanha, a cada passo que
damos ficamos mais perto do topo e, com isso, conseguimos ter uma visão
mais clara da paisagem como um todo, e ao mesmo tempo nos aproximamos
do propósito principal de escalar uma montanha, que é chegar ao topo. Cremos que
Romanos é a espinha dorsal de toda a bíblia. À medida que conhecimento vai chegando,
nossa visão vai sendo alargada e vamos sendo transformados.

Creio que chegamos ao topo da montanha. Já aprendemos princípios sobre natureza


caída, justificação, graça e santificação. Tudo isso alarga nossa visão, nos faz ter uma
cosmovisão coerente. Mas quando lemos Romanos, capítulo oito, percebemos que Paulo
chega no auge de sua revelação. Tudo o que estudamos até aqui foi uma preparação para
o propósito maior. Paulo, do capítulo um ao capítulo sete, vem construindo uma casa, mas
no capítulo oito ele nos convida a entrar nessa casa e desfrutar da obra de Jesus Cristo.
Depois de aprender tanto sobre perdão, justificação, descobrimos que isso é apenas o
começo.

Imagine que um menino pega o carro de seu pai escondido para aprender a dirigir,
mas acaba batendo em seu muro, destruindo todo o carro e a linda fachada de sua casa.
Você como um bom cristão tem três opções para tratar essa situação, lembrando que
todas as três são corretas. Você pode ser justo, misericordioso ou gracioso.

Ser justo seria dizer o seguinte: “Olha, menino, o que você fez foi muito errado. Seu
pai vai ter que pagar o concerto do meu muro. Se vocês não tiverem dinheiro, terão até
que vender o carro, mas eu quero ser ressarcido”. Isso seria algo correto e justo. Mas
lembre-se de Deus, Ele não tratou apenas com justiça, se ele tivesse usado sua justiça
sobre nós estaríamos todos destinados ao inferno.

Sua segunda opção é ser misericordioso. “Olha, garoto, sei que você está errado.
Alguém poderia ter se machucado. Foi muita irresponsabilidade da sua parte, mas eu te
perdoo. Pegue suas coisas e vá embora. Não precisa pagar o conserto do muro, deixa que
eu mesmo conserto.” Uma atitude muito bonita, porém, se nos lembrarmos do que Deus
fez, Ele não nos tratou somente com misericórdia. Ele não somente nos perdoou e nos
deixou ir embora. Sabemos que, além do perdão, o que Ele fez por nós foi impagável.

Mas o que seria ser gracioso nessa situação? “Menino, você se machucou? Como
você está? Olha o que você fez não está certo. Você não tem carteira, por isso não pode
dirigir. Mas vamos fazer o seguinte, eu vou pagar um curso de direção para você, vou
consertar o carro do seu pai, mas como ele não vai mais deixar você dirigir, toma aqui o
meu carro de presente. Ele é seu, assim que tirar sua carteira pode vir buscar.” Você pode
estar pensando: “Mas isso é insano, ninguém faria uma coisa dessas”. Realmente é difícil
que alguém faça isso, mas foi exatamente isso que nosso Deus fez por nós. Deus não foi
somente justo, ele descarregou a ira pelo pecado em Cristo, satisfazendo a justiça e nos
justificando. Deus não foi somente misericordioso, mas Ele foi gracioso em nos perdoar
e nos fazer filhos amados.

O homem nunca entenderá a plenitude da graça. Sempre ficaremos escandalizados e


perplexos com a graça de Deus. Entenda uma coisa, meu irmão, Deus não tem problemas
em ser taxado de “sem vergonha”. Não é assim que nomeiam alguém que foi traído e
perdoou?

“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser


comparados com a glória que em nós será revelada. A natureza
criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus
sejam revelados. Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua
própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou,
na esperança de que a própria natureza criada será libertada da
escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada
geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós
mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos
interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos,
a redenção do nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos.
Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por
aquilo que está vendo? Mas se esperamos o que ainda não vemos,
aguardamo-lo pacientemente.” Romanos 8:18-25

Esse é um texto que nos fala sobre aflição e redenção. A bíblia não nos promete
aflições, mas em vários momentos ela afirma que passaremos por elas. A diferença
entre uma promessa e uma afirmação está na ênfase. Temos dois extremos no meio
evangélico. O primeiro extremo é das pessoas que acham que o evangelho é um grande
condomínio cor de rosa, onde estamos blindados de sofrimento e aflições, mas isso é
um engano. Cristo afirmou que nesse mundo teríamos aflições (João 16:33), mas tenha
fé, meu irmão, pelas aflições nós passamos, mas não padecemos nelas. O outro grupo
extremista é daqueles que pensam que, quanto mais desgraçada for a vida do crente,
mais próximo de Deus ele estará. Eles usam os sofrimentos dos apóstolos e até textos
fora de contexto para justificar sua crença. Mas o fato é que o sofrimento nunca foi uma
doutrina do Evangelho. Sim nós passaremos por dias difíceis, talvez dias de perseguição
ou por problemas do dia a dia, e Deus, em sua infinita graça, converterá todo o mal em
bem. Deus usará todas as coisas para o meu crescimento (Gênesis 50:20).

A palavra aflição significa pressão, apertar, pressionar. Quando a bíblia assegura que
vamos passar por aflições, problemas, ela se refere a dois tipos. Perseguição por causa
do evangelho e aflições naturais da vida.

// Perseguição por causa do evangelho

“Mas quando os prenderem, não se preocupem quanto ao que


dizer, ou como dizer. Naquela hora lhes será dado o que dizer, pois
não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de
vocês falará por intermédio de vocês. O irmão entregará à morte
o seu irmão, e o pai o seu filho; filhos se rebelarão contra seus pais
e os matarão. Todos odiarão vocês por minha causa, mas aquele
que perseverar até o fim será salvo. Quando forem perseguidos
num lugar, fujam para outro. Eu lhes garanto que vocês não terão
percorrido todas as cidades de Israel antes que venha o Filho do
homem.” Mateus 10:19-23

Em nosso país não existe perseguição religiosa, ninguém é preso por ser crente e são
raros os casos nos grandes centros. Alguns dizem que existe uma perseguição velada,
mas acho injusto e medíocre dizer isso quando lembramos o que nossos irmãos passam
ao redor do mundo. A perseguição pode acontecer a qualquer momento para um Cristão,
pois a bíblia nos garante isso.

// Aflições naturais da vida

O sol nasce tanto para justos como para injustos, da mesma forma, todos nós estamos
sujeitos a perder um familiar, ser acometido de uma enfermidade, crises financeiras,
perda de emprego. O que não podemos é jogar a culpa de nossa má administração na
bíblia. Muitas das coisas que sofremos poderiam ser evitadas.

Pessoas endividadas, ou com casamentos destruídos, filhos malcriados não podem


dizer: “São as aflições que a bíblia disse”. De forma alguma, não seja incoerente, meu
irmão. A verdade é que a maioria dos problemas da nossa vida não foi o diabo que colocou,
fomos nós mesmos que atraímos. Não somos como uma marionete. Ora, coisas boas
acontecem, Deus está na minha vida; coisas ruins acontecem, o diabo está na minha vida.
Até porque nossa perspectiva do que é bom ou ruim não é muito confiável. O narcisismo
humano nos faz achar que coisas normais são um pesadelo.

Imagine que um dia você acorda com uma espinha na ponta do nariz. A princípio não
existe nenhum problema, daí poucos dias ela desaparecerá sozinha. Mas imagine que no
dia do casamento de uma noiva ela acorde com uma bela espinha amarela na ponta do
nariz. Isso seria trágico não é mesmo? Percebe que a nossa perspectiva do que é bom, ou
ruim é altamente oportunista? O melhor a se fazer é andar conforme a Palavra e confiar
sempre na graça de Deus.

Mesmo com tantas aflições, existe uma glória que vai se revelar para nós. Todas essas
aflições são passageiras, se são passageiras não fazem parte do propósito inicial de Deus.
O texto diz que nem mesmo a natureza aguenta mais tantas aflições e pressões. Toda
a terra ficou doente por causa do pecado, após o pecado da humanidade espinhos e
abrolhos apareceram (Gênesis 3:18). Toda a terra foi sujeita a decomposição, futilidade e
corrupção. Mas se alegre, pois tudo isso é temporário. Tudo isso irá passar. Esse deve ser
o alvo de nossa esperança. Precisamos converter nossos olhos e sentimentos para essa
verdade. E qual é essa verdade? Não preciso dedicar tanto sofrimento e angústia por
causa dessa terra, pois logo, logo tudo isso vai passar.

Imagine um trabalhador que ficou horas em uma fila de banco esperando para sacar
todo um mês de salário. Ele só fica firme na fila, pois sabe que existe uma recompensa
pela espera. Existe uma recompensa que vale toda a dor nas pernas, a boca seca de sede
e o desconforto do lugar. O fato é que não gostamos de esperar, mas com esperança
esperamos, pois um futuro glorioso nos aguarda.

Em breve toda a criação será liberta da escravidão. “Toda a natureza criada geme até
agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros
frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como
filhos, a redenção do nosso corpo”. Toda criação geme como em dores de parto, inclusive
nós.

Esse texto é muito interessante porque diz que toda a criação geme como em dores
de parto. Pense comigo: Por que uma mulher em trabalho de parto geme? Porque ela
está com dor, certo? E por que está com dor? Porque uma criança está saindo dela. Da
mesma forma a criação geme para ser liberta, existe algo dentro, entranhado na criação,
e por isso toda a criação geme para que possa ser liberta. Para que possa fazer esse parto.
A palavra também diz que nós gememos porque temos as primícias do Espírito. Primícias
são os primeiros frutos de uma colheita. Quando o dono da colheita via que os primeiros
frutos tinham nascido, essa era a garantia que haveria uma grande colheita. Entenda que
nós somos os primeiros frutos de Cristo de uma grande colheita. Nós somos a garantia
que a obra de Cristo foi um sucesso. Nós somos os primeiros frutos e temos o Espírito
Santo dentro de nós, que é a garantia de uma glória futura.

“Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o


evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo
da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção
daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.” Efésios
1:13,14

“O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos


corações.” 2 Coríntios 1:22

O Espírito Santo é nosso selo e nosso penhor. Mas o que é um selo e o que é um
penhor? Selo é um pequeno sinal colocado na carta que garante que ela chegará ao seu
destino. Nós fomos selados com o Espírito e isso é a garantia que chegaremos à Glória.
Mas a bíblia também diz que o Espírito é o penhor. Penhor é uma garantia. Imagine que
você precisou fazer um empréstimo em um banco, mas o banco pediu que você deixasse
uma joia como garantia que você voltaria para pagar. E ao término do financiamento
você volta para buscar as joias. Quem penhora tem a intenção de recuperar. O Espírito
foi deixado como penhor, pois Cristo voltará para nos buscar.

“E nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem
espera por aquilo que está vendo? Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-
lo pacientemente.” Essa é a nossa esperança que, por mais difícil que esteja Ele vai voltar
pra nos buscar, e quando Ele voltar tudo será diferente. Alguns ficam angustiados porque
não vêem nada disso. Mas é por isso que se chama esperança, pois ainda não vemos,
mas com fé esperamos.

“Irmãos, eu lhes declaro que carne e sangue não podem herdar o


Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível.
Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas
todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar
de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os
mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados.
Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de
incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade.
Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade,
e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que
está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”. 1 Coríntios 15:50-
54

Nosso espírito foi salvo, nossa mente está sendo moldada e nosso corpo será
transformado, pois não há “salvação” para nossa carne. Para entrar no céu somente com
um corpo glorificado. Aquilo que é corruptível será revestido por aquilo que é incorruptível.
Quando você olhar para seu corpo e não mais se reconhecer. Boom! Tudo estará pronto.
A bíblia diz: Num abrir e fechar de olhos, em uma piscada. Creia nisso, meu irmão, esse
é o tempo que Deus precisa para fazer um milagre eu sua vida, uma fração de milésimos
de segundos, um piscar de olhos.

“Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo
aqueles que o traspassaram; e todos os povos da terra se lamentarão
por causa dele. Assim será! Amém. ‘Eu sou o Alfa e o Ômega’, diz o
Senhor Deus, o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso”
Apocalipse 1:7,8

“Vi o céu aberto e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro


se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça. Seus
olhos são como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas coroas
e um nome que só ele conhece, e ninguém mais. Está vestido com
um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus. Os
exércitos do céu o seguiam, vestidos de linho fino, branco e puro, e
montados em cavalos brancos. De sua boca sai uma espada afiada,
com a qual ferirá as nações. Ele as governará com cetro de ferro.
Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso.
Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS
E SENHOR DOS SENHORES”. Apocalipse 19:11-16

Essa é a nossa esperança! Estamos indo para o céu, esquecemos das coisas que para
trás estão ficando, olhamos fixamente para Cristo, correndo a carreira que nos foi proposta,
pois a qualquer minuto Ele voltará para nós buscar. Meu irmão, nunca perca a alegria da
salvação, nunca perca de vista a nova Jerusalém. Um corredor só começa uma corrida com
a intenção de chegar ao fim. Nós começamos uma carreira e a completaremos.
“Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra tinham passado; e o mar já não existia. Vi a cidade
santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Ouvi uma
forte voz que vinha do trono e dizia: ‘Agora o tabernáculo de Deus
está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos;
o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos
seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem
choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou’. Aquele que estava
assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’
E acrescentou: ‘Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e
dignas de confiança’. Disse-me ainda: ‘Está feito. Eu sou o Alfa e
o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber
gratuitamente da fonte da água da vida. O vencedor herdará tudo
isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho.’ “ Apocalipse 21:1-7

Essa é a nossa esperança, esse é o ponto mais alto, por isso fomos justificados, perdoados,
temos paz com Deus. Nosso Deus irá refazer todas as coisas, tudo será como no princípio
de tudo. Não haverá mais sofrimento, nem dor nem lágrimas, mas o melhor de tudo é que
o veremos como Ele hoje nos vê. É isso que esperamos, e enquanto esperamos o Espírito
nos ajuda em nossas fraquezas. Pois nessa esperança fomos salvos, mas se esperamos o
que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.

“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não
sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis.” Romanos 8:26

Cristo poderia muito bem ter morrido por nós, ter subido para os céus e ter dito: “Agiliza
tudo aí, conta para todo mundo que eu já volto”. Mas não, Ele não nos deixou sozinhos. Ele
nos deixou o Espírito Santo, o nosso ajudador, Ele é quem faz com que as nossas orações
sem vida sejam aceitas por Deus. Ele nos capacita e nos leva a cumprir a boa perfeita e
agradável vontade do Senhor. Mais uma vez a graça de Deus nos alcançando. A palavra
“ajuda” usada nesse texto, é a mesma palavra que Marta usou ao se dirigir a Jesus quando
disse: “Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço?
Dize-lhe que me ajude” (Lucas 10:40). Entenda que não estamos sozinhos, o Espírito nos
ajuda em nossas orações.

“E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito,


porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade
de Deus. Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem
daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o
seu propósito.” Romanos 8:27,28

O Espírito Santo estará do nosso lado, nos ajudando até que Cristo volte. Deus nos
amou tanto, que morreu em nosso lugar, nos justificou e vai nos levar para o céu. Deus quer
tanto que você vá morar no céu que Ele enviou o Espírito Santo para que você não se perca.
O Espírito é a garantia que vamos para o céu. Esse, de fato, é um amor incompreensível.

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia,


ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está
escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos
considerados como ovelhas destinadas ao matadouro’. Mas, em
todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que
nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem
anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer
poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa
na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor.“ Romanos 8:35-39
I
magine que um homem recebeu uma herança milionária. Um belo dia uma
generosa quantia de dinheiro foi depositada em sua conta, um dia dormiu pobre
e no outro acordou milionário. Então ele vai até o banco sacar parte do dinheiro,
para adiantar umas contas, comprar roupas novas e quem sabe trocar o velho carro. Mas
ao chegar ao banco ele percebe que perdeu o papel onde anotara a senha de sua conta.
Ele se esforça para lembrar, arrisca algumas vezes, tenta, tenta, tenta, mas todo o esforço
é inútil. E para seu desespero, os bancos estão em greve, com isso não conseguirá tão
cedo uma nova senha.

Não te dá certa gastura, pensar que está tão perto e tão longe ao mesmo tempo?
O que você faria para ter essa senha e desfrutar de toda a sua herança? Muito crentes
são como esse homem, eram pobres, mas no dia que receberam a Cristo, se tornaram
herdeiros da mais rica herança (Romanos 8:17), mas por não saberem a senha de acesso,
vivem marginalizados no Reino de Deus, vivem fora do favor e da graça de Deus. Mas
será possível que um crente viva fora do favor de Deus? Sim, isso é mais comum que
você imagina. O favor de Deus é para todos, mas nem todos desfrutam desse favor. Por
falta de revelação da senha, a igreja não avança como deveria, o Reino não é edificado e
pessoas não são abençoadas.

Desfrutar do favor de Deus não é apenas ter uma vida com muito dinheiro. Nossa
mente, muitas vezes carnal, quando escuta a expressão “favor de Deus”, logo pensa em
uma vida fácil onde Deus manda rios e mais rios de dinheiro do céu, mas isso não é favor.
Favor não é dinheiro, favor é aprovação de Deus. Favor é uma onda que surfamos rumo
ao centro da vontade de Deus. O favor é como um rio, nós apenas entramos e somos
levados pela bondade de Deus. O favor está em todos os lugares, mesmo naqueles que
parecem ser contrários a vontade de Deus. O seu trabalho, sua faculdade ou escola só
não serão uma benção se Deus não estiver lá, mas se Ele estiver o favor também estará.
José era um jovem cheio do favor de Deus. Tudo o que ele fazia prosperava, tudo o que
ele fazia avançava. Na cadeia ou no palácio tudo o que Ele fazia Deus abençoava (Gênesis
39:2-3).

// Existe uma diferença entre graça e favor

Graça é Deus nos abençoando independente de justiça humana, favor é Deus nos
abençoando segundo o que nos empenhamos para fazer. Não tem a ver com justiça
própria, mas sim com um posicionamento daqueles que trabalham e frutificam. Graça
é Deus te escolher para edificação do Reino d’Ele. Favor é Deus prosperar o trabalho de
suas mãos enquanto você edifica o Reino. Todos os crentes foram alcançados pela graça,
mas nem todos andam debaixo do favor. Sem favor nossas células não se multiplicam,
nossas igrejas não crescem e nossa vida pessoal não rompe. Todo discípulo de Jesus
precisa de favor. Cristo mesmo disse: “Sem mim nada podeis fazer” (João 15:5).

Um texto que mostra claramente o favor de Deus sobre os discípulos é o texto da


multiplicação dos pães e peixes. Jesus alimenta todos os seus discípulos e seguidores de
graça, pela graça, através do favor. Ninguém fez nada para merecer, mas receberam pão
e peixe das mãos do Salvador. Foram duas grandes multiplicações e elas estão registradas
em Mateus 14 e Mateus 15. Na primeira multiplicação foram alimentados cinco mil
homens, fora mulheres e crianças, e na segunda, quatro mil homens, fora mulheres
e crianças. Alguns teólogos dizem que mais de 15 mil pessoas foram alimentadas se
levarmos em consideração as mulheres e crianças, pois naquela época os menores de
idade e mulheres não entravam no senso. A primeira multiplicação de pães e peixes foi
feita para os judeus, a segunda foi feita para um povo de maioria pagã. Esses detalhes são
importantes e podemos afirmá-los, pois na primeira multiplicação Jesus e seus discípulos
estavam próximos ao mar da Galileia (Mateus 14:34). Outro texto diz que ele estava em
sua pátria (Mateus 13:54). E na segunda multiplicação estava nas terras de Tiro e Sidon,
como diz em Mateus (15:21). Esses detalhes são importantes, pois nos mostra que existe
favor e graça para todos os povos, tanto para o judeu quanto para o gentio. Não existe
acepção de pessoas diante da graça de Deus, o favor está posto para todos.
Algo importante a se fazer ao estudar a Palavra de Deus, é ler a bíblia como um todo.
A bíblia é um aglomerado de histórias, profecias, acontecimentos e ensinamentos que
foram compilados em uma ordem lógica e em sua maioria cronológica. Sempre que for
estudar a palavra, leia porções significativas para entender todo o contexto do texto.

Quando voltamos um pouco na história das multiplicações de pães e peixes e


observamos todo o contexto que permeia essas histórias, somos ainda mais edificados
com os detalhes e bondade do Senhor. Se voltarmos um pouco no capítulo 13 de Mateus,
vamos ver que Jesus está vindo de uma série de “frustrações ministeriais”. Entenda com
amor o que quero dizer. A primeira delas é de uma série de pregações em forma de
parábolas que os discípulos não entendiam. Jesus dava o seu melhor nas pregações e
histórias, mas os seus não entendiam, faltava revelação da Palavra de Deus para eles. O
interessante disso tudo, é que a parábola era para que os de fora não entendessem, mas
os discípulos deveriam entender, mas não entendiam (Mateus 13:11). Outra frustração é
que Jesus havia acabado de pregar em Nazaré e foi rejeitado pelo povo (Mateus 13:53-58).
Pra completar, seu primo e colega de ministério, João Batista, acabara de ser assassinado
(Mateus 14).

Aparentemente Jesus fica abatido, e digo isso com muito temor em meu coração.
Nosso Senhor era um homem cerrado em sua carne, passivo de nossas emoções, e a
Palavra diz que Ele foi para um lugar deserto (Mateus 14:13), acredito eu, para orar.
Cristo vem de uma cruzada de pregações, viagens missionárias, onde o povo não quer
ouvir, aqueles que querem ouvir não entendem, João Batista estava morto, a princípio,
tudo estava dando errado. Isso é até um alívio para nós pastores, líderes e trabalhadores
do Reino de Deus, pois a carreira ministerial de Jesus não era rodeada de flores, mas de
muita resistência, porém de muito romper e favor. Assim como a nossa será!

Às vezes, ao lermos as histórias do ministério de Cristo temos a impressão que


seu ministério não tinha problemas, mas o que nos faz ter essa perspectiva é o seu
posicionamento mediante as situações. Cristo enfrentava todas as barreiras com muita
firmeza e certeza, com muita fé. Uma fé que para os carnais soa como arrogância. Um
homem que estava sempre em oração, não tinha tempo para murmuração. Esse é o
nosso Senhor Jesus. Até quando não quer ensinar nos ensina com sua vida. Então esse é
o contexto antecessor destes grandes milagres, uma semana muito difícil.

Sempre quando eu lia sobre a multiplicação de pães e peixes, pensava que Jesus
estava muito feliz, e, por isso, queria recompensar o povo. O texto nunca disse isso, mas
essa era minha perspectiva religiosa. Pelo contrário, Cristo resolve abençoar o povo de
graça e pela graça. Cristo libera favor sobre a vida dos seus discípulos e seguidores de
graça, não por merecimento.

Jesus estava em um lugar retirado para orar. As multidões ao saberem disso saíram
de suas cidades a pé para vê-lo. Jesus ao ver essa cena é tomado de íntima compaixão,
curando os doentes e atendendo o povo (Mateus 14:13). Jesus não tinha espaço para
o cansaço e frustração, pois nele só cabia amor. Essa deve ser uma máxima em nossas
vidas, Cristo é o nosso exemplo. Que não caibam rancor e amargura em nossos corações,
mas que sejamos transbordantes de amor. Histórias tristes todos nós temos, mas Cristo
em sua pior semana fez um dos seus maiores milagres.

O interessante é que os discípulos chegam para Jesus e dizem: “Senhor, libera o


povo, está ficando tarde, as pessoas precisam ir comer.” E Jesus diz: “Alimentem o povo.”
Os discípulos respondem: “Só temos cinco pães e dois peixes.” Talvez os discípulos já
estivessem tentando fazer um junta, junta, um piquenique, talvez passaram a sacola
entre o povo, para tentar arrecadar algo. Eles conheciam a Jesus e devem ter pensado:
“Olha, vamos tentar organizar um lanche aqui, pois conhecemos o Senhor e sua pregação
é longa, vai virar à tarde.” Mas a única coisa que conseguiram foi uns poucos pães e
peixes. Na força do nosso braço a única coisa que conseguimos são poucos pães e
peixes. Na força do meu braço eu não consigo alimentar ninguém. Minha habilidade só
consegue cinco pães e dois peixes, mas com a unção e o favor do Senhor, conseguiram
alimentar mais de cinco mil pessoas. Jesus ordena que a multidão se organize. Pois não
existe favor em meio à bagunça. Não é questão de merecimento, mas de princípio e
posicionamento. Todo o povo comeu, e sobraram doze cestos cheios. Observe bem, doze
cestos cheios. Mais uma vez o favor de Deus. Imagine quantos mil quilos de pães e peixes
não foram necessários para alimentarem tantas pessoas? Pois bem. Desse momento até
a segunda multiplicação, muitas coisas aconteceram. Leia com calma do capítulo 14 até
o capítulo 16 de Mateus.

Acabando a primeira multiplicação Jesus anda sobre as águas, os discípulos não o


reconhecem, Pedro falha em sua fé, o povo reclamando que os discípulos não lavavam
as mãos pra comer, a mulher cananéia vem gritando e fazendo escândalo e os discípulos
incitam para que Cristo dispense a mulher, imagino que por falta de paciência. Até que
em Mateus 15:29, acontece a segunda multiplicação.

A história vai se repetindo, Jesus está curando e atendendo o povo, as horas foram
passando e, dessa vez, Jesus propõe de alimentar o povo, mas os pobres discípulos foram
acometidos de uma amnésia espiritual.

“E Jesus, chamando os seus discípulos, disse: Tenho compaixão


da multidão, porque já está comigo há três dias, e não tem o que
comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça
no caminho. E os seus discípulos disseram-lhe: De onde nos viriam,
num deserto, tantos pães, para saciar tal multidão?” Mateus
15:32,33

Parece até uma piada da parte dos discípulos. Há pouco tempo Jesus havia alimentado
mais de cinco mil homens, mas agora os discípulos dizem. “É Senhor, não sei de onde vai
vir tanto pão para esse povo.” Imagino que essa “amnésia” veio pelo fato de os discípulos,
sendo judeus, não gostarem dos povos pagãos. Lembre-se que os discípulos estavam em
um processo de formação.

Mas, contudo, Cristo faz um milagre. As pessoas são alimentadas, todos comeram e
sobraram sete cestas cheias, sete cestas, não doze como da primeira vez. Menos pessoas
comeram e sobrou menos comida.

Por muito tempo me perguntei o por quê desses números, e fora toda questão profética
que está por trás de tudo isso. Algo que se evidencia nessas histórias é que a falta de
revelação e apreço pelo Senhor diminui o favor sobre nós. Na primeira multiplicação
sobraram doze cestos. Na segunda podemos ver um descaso e descrença dos discípulos
para com o favor, talvez achassem normal ou desnecessário. Talvez eles mesmos não
estavam com fome, pois havia sobrado doze cestos, talvez ainda houvesse uma sobra do
último milagre. O que percebemos é que quanto menos fé, menos favor receberemos.

  A história continua após a segunda multiplicação e deságua em um encontro de Jesus,


seus discípulos e os fariseus. Nesse encontro os fariseus pedem um sinal para Jesus, mas
Jesus diz: “Para vocês não tem nenhum sinal.” Jesus pega seus discípulos entra no barco
e vai embora, mas no meio da viagem Jesus percebe que os discípulos estão aborrecidos
e começa a ensinar. Pois imagine como está a cabeça dos discípulos.

Entenda uma coisa, assim como todo menino brasileiro quer ser jogador de futebol
todo menino judeu quer ser um rabino, um doutor da Lei. Pois em Israel, ou o menino é
um religioso ou segue a profissão do pai, caso não seja escolhido pela escola rabínica. No
caso dos discípulos de Jesus não havia dentre eles nenhum que houvesse sido escolhido
pela religião. A equipe de Jesus era de doze rejeitados, incapazes, mas, de repente, Jesus,
até então o profeta, vem curando, multiplicando e ressuscitando. Os discípulos pensaram:
“Agora é a hora, Jesus, há 10 anos fui rejeitado pelos fariseus. Mostre um sinal para eles,
mostra para eles como é que as coisas funcionam.” Mas Jesus diz: “Para vocês não tem
sinal, vamos embora”.

Jesus, no meio da viagem, rompe o silêncio e diz: “Cuidado com o fermento dos
fariseus” (Mateus 16:6). Os discípulos pensam que Jesus ainda estava falando sobre o
pão da multiplicação, pois os discípulos, mesmo tendo sobrado sete cestos de pão, não
levaram nenhum pão para a viagem. Mas Jesus diz: “Eu não estou falando de pão, mas
estou falando da doutrina religiosa dos fariseus.” Jesus começa a relembrar sobre os
milagres e multiplicações.

“Percebendo a discussão, Jesus lhes perguntou: ‘Homens de


pequena fé, por que vocês estão discutindo entre si sobre não
terem pão? Ainda não compreendem? Não se lembram dos cinco
pães para os cinco mil e de quantos cestos vocês recolheram? Nem
dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos recolheram?
Como é que vocês não entendem que não era de pão que eu estava
lhes falando? Mas tomem cuidado com o fermento dos fariseus e
dos saduceus’.“ Mateus 16:8-11

Em outras palavras, Jesus estava dizendo: “A dificuldade não é em fazer chover pão do
céu se necessário. Na primeira vez comeram cinco mil, na segunda quatro mil. Se vocês
não trouxeram pão, isso não importa, o que importa é que vocês não sejam contaminados
pela doutrina religiosa dos fariseus”.

O que Cristo queria ensinar é que o que destrói uma igreja, não são os pecadores
dela, a igreja de Corinto é prova disso. Um louvor ruim não quebra uma igreja, falta de
dinheiro não quebra igreja, o que destrói uma igreja é uma crença errada sobre Jesus.
Uma crença errada pode afastar o favor de Deus. Em todos os evangelhos percebemos
que os discípulos sempre estavam em dúvida se de fato Jesus era o Messias, não tinham
uma revelação completa da messianidade de Jesus. O que estava afastando o favor da
vida dos discípulos era a falta de revelação de quem Ele era.

A prova que os discípulos não tinham certeza de quem Cristo era de fato, é que logo
em seguida, em Mateus 16:13, Jesus pergunta: “Quem o povo diz que eu sou?”. E Jesus
não estava fazendo uma pegadinha, Ele queria arrancar o que estava no coração dos
discípulos. “Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou
um dos profetas”. Jesus segue com o diálogo e reforça “E vocês, quem vocês acham
que sou?» e todos ficam calados nesse momento. Todos ficam calados porque não tem
coragem de mentir, todos ficam calados porque não sabem quem Cristo é, ficam calados,
pois não tem certeza da verdade. Mas Pedro rompe o silêncio e diz: “Tu és o Cristo, filho
do Deus vivo”. Cristo quase dá um salto de alegria e diz: “Pedro, você é bem aventurado,
porém não foi carne sem sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus.”
Cristo mesmo afirma que eles não sabiam, mas o pai que estava trouxe essa revelação.

O que temos aprendido é que se não temos revelação de quem Deus é não colheremos
do favor. Um crente que não tem revelação da graça não desfruta do favor.

“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo


as Escrituras, nem o poder de Deus.” Mateus 22:29

“O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento;


porque tu rejeitaste o conhecimento.” Oseias 4:6

Você só foi salvo porque o conhecimento chegou aos seus ouvidos. Só existe favor
quando conhecimento e revelação chegam ao nosso espírito. Esse é o motivo de tantos
crentes estarem sobrevivendo e não desfrutando da herança.
Imagine que um homem está em uma rodovia e seu pneu fura, mas ele não tem dinheiro
para colar seu pneu. Ele bate as mãos em sua jaqueta na esperança de encontrar algo e
milagrosamente acha uma nota velha e amassada de 20 reais, e agora, ele pode colar o
pneu e seguir viagem. Percebe que só se pode usar o dinheiro depois que descobriu que
estava em seu bolso, mesmo esse dinheiro sempre estando junto com ele? Assim são
muitos crentes que passam uma vida inteira procurando por algo, mas mal sabem que
esse algo está debaixo de seu braço ou aberto em um móvel no salmo 23 em sua estante.
Se você não conhece, você não tem! Isso explica porque uns são muito abençoados e
outros são pouco abençoados. Porque uns são muito usados e uns são pouco usados.
A sua falta de revelação e imaturidade afasta o favor de Deus sobre sua vida. Somente
filhos maduros desfrutam da herança do Senhor.

Lembre-se do filho pródigo. Saiu de casa, gastou tudo o que tinha, mas volta
arrependido porque conhecia o pai, tinha revelação de quem era seu pai, e, porque tinha
revelação, alcançou o favor. Porém o filho mais velho, religioso, não alcançou favor, não
ganhou nenhum cabrito, isso por quê? Porque não conhecia o pai que tinha. Passou uma
vida inteira servindo um pai que “não conhecia.” Muitos crentes passam a vida servindo
a Deus como escravos, levam uma vida sem favor porque não conhecem o pai que tem.
Você precisa de revelação para entender tudo isso, meu irmão. Tudo é vosso, vos sois de
Cristo e Cristo de Deus, porém, quem conhece pouco recebe pouco. E não estou dizendo
somente conhecimento teológico (ele é importante), mas estou dizendo de conhecer o
caráter de Deus, quem Ele é, e o que Ele faz.

“Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o


entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas
as coisas?” Romanso 8:32

“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.


Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem
bate, abrir-se-á.” Mateus 7:7

Essa é a nossa cosmovisão, essa é uma chave que te levará a desfrutar da herança
do Senhor. Muitos não recebem coisas e não são usados, pois são meninos espirituais.
Crentes imaturos na Palavra e na fé, não rompem. Não me refiro ao novo convertido,
mas ao “Peter Pan” evangélico, me refiro aos preguiçosos e religiosos que decidem não
crescer, me refiro a pessoas que insistem em viver pela Lei.

Então só recebe quem merece? Não, meu irmão, mas o Reino de Deus é responsivo!
Quem foi mais usado na obra de Deus em relação a alcance e representatividade? Apóstolo
Paulo ou apóstolo Pedro? Claramente Paulo. Mas se observarmos, Paulo recebeu mais
porque conhecia mais. O seu conhecimento teológico abriu portas pelas quais outros
não passaram.
Lembre-se que meninos espirituais não estão debaixo do favor.

“Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada


difere do servo, ainda que seja senhor de tudo”. Gálatas 4:1

Você pode ser filho do homem mais rico do mundo, mas se não tem maturidade
não poderá desfrutar da riqueza de seu pai. Um crente sem revelação da Palavra
de Deus vive angustiado e acusado, vive como um filho do diabo, mesmo sendo
um filho de Deus. Se você é escravo da Lei viverá como um menino espiritual
não recebendo nada! Precisamos conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor,
quando isso acontecer o favor será derramado sobre nossas vidas. Se áreas da
sua vida estão perecendo, falta favor do Senhor, e se falta favor, falta revelação.

“Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e
pelos que estão em Laodicéia, e por quantos não viram o meu rosto
em carne; Para que os seus corações sejam consolados, e estejam
unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para
conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, em quem
estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.”
Colossenses 2:1-3

Em Cristo está escondido tudo o que você precisa, todo favor e revelação se encontram
em um só lugar, em uma só pessoa: Jesus Cristo. Tudo o que precisamos, todos os tesouros
estão escondidos em Cristo, não guardado, mas sim, escondido. Estão escondidos para que
aqueles que o desejam o encontrem. E acredite meu irmão, Cristo quer ser encontrado.
Ele quer derramar todo o favor sobre sua vida. Quer experimentar do favor? Experimente
Cristo! Experimente tirar os olhos daquilo que você quer e coloque os olhos naquele que
tem o que você precisa.
“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas
que não vemos.” Hebreus 11:1

Tudo o que recebemos é pela fé, mas a fé não é apenas uma chave para receber
coisas, a fé é um estilo de vida de nossa nova natureza. Hebreus 11 diz que a fé é a
certeza daquilo que esperamos, é a prova das coisas que ainda não vemos. A palavra
certeza usada nesse texto, vem do grego “hupostasis” que basicamente significa título de
propriedade. Vamos entender algo precioso nesse texto.

Para entender melhor a riqueza da fé, precisamos saber que no código civil brasileiro,
existem dois títulos que me dão dois direitos diferentes. O primeiro é o título de
propriedade e o segundo é o título de posse. Mas qual a diferença entre os dois? O título
de propriedade comprova que eu sou dono de alguma coisa. Quando você compra uma
casa, você recebe um documento, um título de propriedade que garante que aquela casa
é sua. É uma escritura lavrada, assinada, firmada dizendo que você é dono de alguma
coisa. Caso sua casa ou apartamento esteja financiado, o bem ficará alienado no nome
da financeira ou do banco, e nesse caso você tem um título de posse. Pois legalmente
essa casa ainda não é sua, mas sim do banco. A mesma coisa acontece com um carro
financiado, ele fica alienado e você recebe um documento que é um título de posse, mas
não ainda de propriedade. Então título de propriedade é um documento que garante
que aquilo é meu, já o título de posse apenas garante que aquilo está sob meu poder.

Se você mora de aluguel, você está apenas possuindo, e não sendo o proprietário,
pois a casa a qual você mora, pertence a outro. Ou seja, eu posso possuir aquilo que
não é meu. O contrário também é uma verdade. Caso você tenha uma casa de aluguel,
você é o proprietário, mas não está possuindo, pois deixou na posse de outro, certo? Eu
posso possuir aquilo que não é meu. E posso ser dono daquilo que não possuo. Outra
coisa importante é que o título de posse pode ser revogado a qualquer momento. O de
propriedade não.

Muitos crentes vivem apenas com um título de posse das coisas, eles não se apropriam
da nova vida em Cristo, não se apropriam da herança e o tempo todo tem os tesouros
“roubados” de suas mãos. Outro grupo de crentes vivem em posse de coisas que não são
deles, vivem sendo acusados e massacrados pelo diabo. Meu irmão você merece aquilo
que você tolera. Um crente que não finca uma bandeira do Reino de Deus em sua vida vai
possuir coisas que não deveria. Não seja como um lote vago. Cerque a sua vida da graça
de Deus.

Existe também outro grupo de crentes que se apropriam de coisas que não deveriam
fazer parte do nosso meio. Muitos líderes fazem uso de elementos da umbanda e
espiritismo, e inserem em seus cultos. Isso mesmo, meu irmão, estão de posse de costumes
que não vieram de Paulo e muito menos de Jesus e da bíblia. Lamento te informar, mas o
vale do sal grosso não está na bíblia, mas sim nos terreiros de umbanda, e muitos crentes
tem se apossado disso. As rosas ungidas, as águas bentas não saíram do novo testamento,
mas sim da doutrina de demônios, para subverter sua fé em Cristo Jesus.

Traduzindo: A fé é o hupostasis, o título, o direito de propriedade de coisas que se


espera. A fé é o documento que garante que todas as coisas são minhas. Não se engane
meu irmão você não precisa de nada a não ser a fé. Não precisa de amuletos, campanhas
e “crendices gospels”. Você só precisa de fé! Não seja enganado por lobos vestidos de
pastores, viva pela fé. Os pais da igreja, Lutero e os grandes reformadores não morreram
em vão, honre a obra continuada de Cristo.

Mas será que estamos possuindo todas as coisas? Somos proprietários, isso é um
fato, mas será que estamos possuindo? O irmão do filho pródigo é um bom exemplo de
alguém que era proprietário, mas não possuía.
Imagine que você é dono de um apartamento novo, mas você está morando na rua,
isso faz algum sentido? Claro que não. Da mesma forma não faz sentido a igreja ter
perdido a noção do que ela possui. Nós temos a chave, a chave é a fé.
Josué seis nos conta a história da queda do muro, a Palavra diz que a cidade estava
fechada, ninguém entrava e nem saia, mas a Palavra também diz que as chaves foram
entregues nas mãos de Josué. As portas podem estar fechadas para todos, mas se você
usar a chave nenhuma porta lhe resistirá. A fé é essa chave. Josué usou a chave e as
muralhas caíram.
Você tem descoberto muitas verdades sobre a graça de Deus, e você precisa usar a
sua fé para crer em tudo isso. Não tente compreender simplesmente com sua mente, isso
é impossível. Mas creia e receba pela fé todas essas coisas. Esse é nosso grande desafio,
viver uma vida de fé.

Mas você pode estar pensando: “O que me garante tudo isso?” O testamento! O
documento! Cristo deixou para nós um documento chamado novo testamento. Se o
Sílvio Santos prometesse metade dos seus bens pra você? Bom, ele poderia mudar de
ideia no outro dia. Mas se ele assinasse um documento prometendo isso? Aí, a conversa
é diferente. Nós temos o novo testamento, o testamento da nova aliança. Tudo isso já é
nosso! Mas, às vezes, é como ter um carro e não saber dirigir. Você precisa se habilitar,
você precisa ler o manual.

Uma história diz que uma mulher trabalhou a vida toda pra uma senhora muito
rica, mas um dia essa patroa ficou doente e morreu. Mas antes de morrer chamou sua
fiel funcionária e lhe deu de presente um papel muito bonito, com as bordas douradas
e disse: “Isso é para você. Faça um bom uso.” Mas a empregada, uma mulher muito
simples e analfabeta, não sabia que papel era aquele, mas guardou com muito carinho,
colocou em um porta-retrato, no meio de sua sala, diga-se de passagem, um casebre,
mas guardou como recordação da falecida patroa. Muitos anos se passaram e agora essa
mulher também já está velhinha, doente e bem próxima da morte. Até que um dia seu
sobrinho vem visitá-la e percebe um quadro na parede da sala. Muito curioso, esse lê e
quase cai duro no chão de surpresa. Ele logo pergunta: “Tia, a senhora sabe que papel é
esse?” E a senhorinha diz: “Ah, meu filho, isso aí é um papel sem valor que minha patroa
me deu antes de morrer há muitos anos, mas é só um papel, não serve pra nada.” E para
nosso desespero o jovem diz: “Tia, esse é o testamento de sua falecida patroa. Ela deixou
toda a herança para a senhora por não ter filhos e parentes. Você não sabia? A senhora
viveu uma vida inteira como pobre, mal sabendo que era milionária”.

Muitos crentes são como essa senhora. São filhos de Deus, filhos do dono do mundo,
mas não vivem como tal. Passam uma vida inteira desgraçada, não desfrutando da herança.
O conhecimento junto com a fé é a habilitação pra conduzir tudo isso. Infelizmente, 50%
das pessoas na igreja oram pedindo para que Deus faça o que Ele já fez, e as outras 50%
estão orando para que Deus faça o que elas têm que fazer. Precisamos crer, pois sem fé
eu não consigo nem agradar a Deus, sem fé não encontramos salvação, graça e favor.

Há um tempo, não sei se foi um sonho ou uma visão, mas me vi em uma plataforma
no meio do oceano e um anjo dizia para que eu pulasse de costas como um mergulhador
no oceano, mas eu disse que não, disse que estava com medo. O tempo todo ele dizia
para que eu tivesse fé, pois só assim eu romperia. Existe um oceano diante de nós. Se
não nos lançarmos em fé seremos eternamente nanicos espirituais, raquíticos na fé.

“O Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que


não existem, como se existissem.” Romanos 4:17B

Um dos princípios da fé é chamar à existência aquilo que ainda não existe. Devemos
parar de tentar ser e ser de fato. A caminhada com Cristo não se baseia em tentar ser
ou sentir que está sendo, mas sim, em assumir o que Cristo fez por nós. Creia, mesmo
que ainda não seja uma realidade plena em sua vida. Nós andamos pelo que cremos e
não pelo que vemos. Meu convite para você é que você possa começar a andar de fé
em fé, chamado a existência as coisas que ainda não existem. Você ainda é viciado em
algo? Comece a viver como se não fosse, chamando a existência pelo nome de Jesus
sua libertação. Você tem um chamado para o ministério? Comece a viver chamando a
existência. Muitas pessoas falam: “Quando eu for pastor vou cuidar de tanta gente”. Não,
meu irmão, comece agora a chamar à existência aquilo que você ainda não vê. Comece
a acreditar em algo que ainda não é.

Abraão creu na ressurreição quando não havia relatos sobre ressurreição. Deus pediu
que Abraão sacrificasse Isaque. Abraão disse, “eu e o menino iremos e voltaremos”
(Hebreus 11:19). Noé creu na chuva que nem existia. Pense no desafio? Deus te diz: “Vou
destruir a terra com chuva! Mas o que é chuva?” (Gênesis 2:5-6). Isso sim é fé!

Você precisa ter fé, você precisar acreditar. A Santidade já é uma realidade em sua
vida, Cristo a conquistou na cruz, mas se ela não tem sido uma realidade em sua vida
comece a chamar e alinhar sua vida pela fé. Sua identidade é de um filho amado, justo,
santo e que se relaciona com Deus como um amigo.

“Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida
pelos seus pensamentos.” Provérbios 4:23

Tenha cuidado com o que você pensa, tenha cuidado com a fé negativa. Sabe o que
é a fé negativa? É crer de forma errada, é crer para o mal. Tem crente que tem uma fé
negativa: “Estou sentido que vou ser assaltado”, “Estou sentindo que vou gripar”. Que
seja feita conforme a sua fé, crente. Lembre-se disso, não tenha uma fé negativa, pois
você nunca será mais do que você pensa a respeito de você mesmo.

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-


se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus.” Romanos 12:2

Transforme a sua mente pelo poder da Palavra. Mais uma vez eu insisto, tire os olhos de
suas crenças carnais e coloque sua fé na Palavra de Deus, aceitando quem você é, e o que
Ele conquistou por você.

“Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.” 1 Coríntios


3:22,23
“Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para
que nele nos tornássemos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5:21

“Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não


receberem em vão a graça de Deus.” 2 Coríntios 6:1

Cremos que a maturidade cristã não vem por tempo de igreja, não vem por muito
servir ao Senhor, não vem pela quantidade de dons espirituais que temos, e acredite,
a maturidade não vem por conhecimento teológico. A maturidade perpassa por todos
esses campos, pois é raro que alguém com pouco tempo de caminhada com o Senhor seja
maduro, também é raro encontrar um crente maduro que não tem vivência com o trabalho
do Reino de Deus. Mais raro ainda é encontrar um crente maduro que não conheça os
princípios elementares da fé cristã. Mas afirmamos que a unidade de todos os esses pontos
irá gerar revelação da Palavra de Deus. Um crene que só absorve conhecimento mais não
o põe em prática ficará estagnado, da mesma forma que um crente que muito trabalha,
mas pouco conhece. A verdadeira maturidade vem quando temos revelação da graça
de Deus. Maturidade chega à medida que o evangelho é descortinado e descomplicado
diante de nossos olhos.

Umas das estratégias do diabo é impedir ou distorcer que essas verdades cheguem
até os ouvidos da igreja. Um crente imaturo não será frutífero e não trará ameaças para
o inferno. Um crente que vive com um jugo pesado, o tempo todo se sentindo culpado,
nunca terá ânimo para fazer a obra de Deus.

Creia que não existe doutrina ou ensino neutro, tudo o que ouvimos e cremos irá
gerar um comportamento em nós. Da mesma forma que não existe alimento neutro,
não existe teologia neutra. Não há nada que eu coloque para dentro de mim que seja
neutro. Nós somos aquilo que consumimos. Se você escuta teologia errada, você crerá
de maneira errada e isso te levará a práticas erradas. Se sua cosmovisão é incorreta, você
terá práticas incorretas. Quando digo práticas incorretas não me refiro somente a pecado,
mas uma vida carnal, fora do centro da vontade de Deus, não desfrutando do que Cristo
por nós conquistou. Uma crença errada sobre o evangelho irá gerar uma vida pesada e
penosa, sem alegria. O crente foi chamado para o equilíbrio, pois todo o extremismo é
ruim.

Observo que em nosso meio temos uma discrepância entre várias ramificações
evangélicas, muitos costumes e, às vezes, até crenças diferentes. Alguns creem que
devemos viver debaixo da Lei, levar uma vida penosa. Esses são grupos legalistas, vivem
debaixo da Lei, não podemos isso ou aquilo, vivem por medir o seu auto-desempenho
no Reino de Deus. Do outro lado da ponte, o outro grupo, os que supostamente vivem
pela graça, mas querem viver uma vida descompromissada de pecado e libertinagem.
Abusam da graça e fazem desgraça. Não querem mais orar, acham que não há preço a ser
pago, não jejuam e nem se comprometem com sua santificação, aliás, tudo é pela graça.
Mas como disse e reafirmo, todo extremo e doentio e devemos ser pessoas equilibradas.
Quando digo pessoas equilibradas, não quero dizer que devemos ponderar e balancear
entre a Lei e a graça, mas sim, ter uma visão correta de como viver a nova vida em Cristo.
Nesse capítulo gostaria de compartilhar alguns enganos e mentiras sobre a graça.

// Estou na graça, posso pecar à vontade

Alguns podem pensar: “Já que vou para o céu não pelo que eu faço, mas pelo que
Cristo fez, então chegou minha hora. Agora o mundo que me segure.” Se esse pensamento
ronda o seu coração você não precisa de revelação, mas sim de conversão. Um crente
nascido de novo não pode viver no pecado, pois ele foi morto com Cristo e agora vive
uma natureza de santidade. Paulo disse que onde abundou o pecado super abundou a
graça de Deus (Romanos 5:20,21). E qual foi a conclusão imediata dos Romanos? Se onde
tem mais pecado tem mais graça, vamos pecar mais para que haja mais graça sobre nós.
Mas Paulo combate esse pensamento em Romanos 6.

“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça


abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o
pecado, como viveremos ainda nele?” Romanos 6:1,2

A graça não é de forma alguma provisão para o pecado, a graça é a provisão de Deus
para quem quer vencer o pecado. Aqueles que entendem que eram condenados, mas
que foram salvos pela graça e de graça, serão gratos e buscarão atender o coração do Pai
que pulsa por santidade.

“Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo
da graça.” Romanos 6:14

// Estou na graça, não preciso jejuar

Alguns podem pensar que a graça exclui a possibilidade de jejuarmos, pois o jejum é
um sacrifício. Já que recebemos tudo pela graça nunca vou jejuar, pois, se jejuar, estarei
tentando comprar a Deus. Esse é outro engano que o diabo quer que você acredite.
Pois o jejum nunca foi para comprar a Deus, mas o jejum é para nós. Jejum basicamente
significa oração intensificada. O Jejum não é uma troca, o jejum não deve ser feito para
tentar impressionar a Deus, mas sim para mortificar sua carne. Não é porque muitas
pessoas fazem da forma errada, que algo se torna errado.

Quando recebemos uma nova natureza ao nascermos de novo, nossa velha natureza
ainda permanecesse presa à nossa carne. A partir desse dia uma luta será travada
diariamente entre minha carne e meu espírito. Um tenderá para as coisas de Deus e o
outro para as coisas da carne.

“Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o


que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de
modo que vocês não fazem o que desejam.” Gálatas 5:17

O jejum serve para fortalecer o meu espírito e enfraquecer minha carne. Da mesma
forma que existem suplementos alimentares que auxiliam em nosso crescimento, o jejum
é um suplemento espiritual que forçará o meu crescimento e enfraquecerá a minha carne.
Jejum é aumentar o volume do espírito e diminuir o volume da minha carne. Entende
que o jejum não é feito para impressionar ou ameaçar a Deus? O jejum não pode ser feito
como uma greve de fome. E o que é uma greve de fome? Alguém que dramaticamente
diz: “Eu não volto a comer enquanto você não fizer o que eu quero”. Isso é vergonhoso
e imaturo. Não tente comprar a Deus. O Senhor não precisa da sua fome. O verdadeiro
jejum é quando passamos tanto tempo com Deus que até nos esquecemos de comer. O
verdadeiro jejum é se abster de algo prazeroso, não pecaminoso (normalmente comida) e
entregar nosso tempo para Deus. Jejum é uma declaração de amor, pois quando jejuamos
estamos dizendo para Deus: “Senhor não existe prazer maior do que gastar tempo em
sua presença. Comida nenhuma é melhor que me alimentar da sua presença.” Quando
jejuamos estamos falando para Deus: “Senhor, eu não preciso de comida perecível, eu
preciso da sua presença.”

// Estou na graça, não preciso orar

Outro engano que as pessoas têm sobre a graça de Deus, é que na graça não precisamos
mais orar. Muitos crentes que vivem debaixo da Lei, oram e oram muito, fazem campanhas
de oração, pagam um preço, sobem e descem semanalmente montes, mas quando
descobrem a graça ficam relaxados, pois creem que se não é por merecimento, mas sim
por graça, por que me matarei de tanto orar?

Vamos entender algo. A bíblia diz que agora eu posso “entrar no Santo dos Santos
mediante o sangue de Jesus”. Agora não mais precisamos sacrificar bois e aves para nos
achegar a Deus, agora podemos nos achegar diretamente a Deus de graça, rapidamente e
diretamente. Jesus disse: “Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi, e recebereis,
para que o vosso gozo seja completo” (João 16:24). Agora você pode pedir qualquer
coisa, em qualquer lugar, agora você descobriu que o caminho é mais curto. Pense que o
menor caminho entre dois pontos é uma reta. Não é necessário mais campanhas e mais
campanhas, rosas e unções, peregrinações, ofertas, desafios e mais óleos de Israel. Você
pode simplesmente fechar os seus olhos em qualquer lugar, pedir e receber da parte de
Deus. Agora que Cristo encurtou o caminho e lhe disse que não depende de seus méritos
pessoais, agora que você pode pedir sem medo, você não vai pedir? Não vai mais orar?
Isso seria loucura.

Muitos pensam que tudo o que acontece diariamente em nossas vidas, é a vontade
Deus, mas isso não é uma verdade absoluta! Não estou dizendo que Deus não é soberano,
mas Cristo nos ensinou a orar assim: “Seja feita a vontade do Pai na terra, assim como ela
é feita no céu!”. Sua vida pode não estar crescendo por negligenciar princípios básicos
como oração e jejum. Quando você compreende a graça, você ora o tempo todo, porque
sabe que Ele ouve suas orações! Um crente que foi alcançado pela graça ora muito mais
que um crente que vive pela Lei. Estar debaixo da graça, não é viver na passividade.
Viver pela graça, não é viver deitado em uma rede enquanto Deus faz tudo. Isso pode
até acontecer, mas não é o padrão. Um crente que vive pela graça ora mais do que os
outros, pois ele entende que tudo já está pronto. Tudo já está disponível.

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos


abençoou com toda a bênção espiritual nas regiões celestes em
Cristo.” Efésios 1:3

O texto não diz que Cristo irá nos abençoar se nos comportarmos bem ou mal. É
independente de condição, uma benção já foi liberada. Uma não, toda a benção espiritual
nas regiões celestiais. E por isso devemos orar e orar muito. A oração da fé é o braço que
alcança todas essas bênçãos disponíveis pela graça. Lembre-se, meu irmão, não devemos
ser extremistas, pois uma coisa não exclui a outra. Não é porque recebemos pela graça
que não precisamos perseverar em oração. Não é porque é pelo favor que não oraremos
com intensidade. Não houve homem nessa terra que tenha recebido maior revelação da
graça do que o apóstolo Paulo e ele mesmo disse que orava mais do que todos, e uma
oração perfeita, em línguas (I Coríntios 14:18). Ore como se sua salvação dependesse da
intensidade de suas orações, mas com a mentalidade de que tudo já está pronto e que
você está se achegando a Deus para receber todas as coisas.

// Estou na graça, não preciso fazer nada para Deus

Outro engano que diariamente bate na nossa porta é o engano do serviço. Alguns
pensam que por terem sido alcançados pela graça e pelo fato da obra de Jesus Cristo na
cruz ter sido completa, agora não precisamos mais fazer nada. Já ouvi alguns irmãos até
dizer que o evangelismo é desnecessário, pois, quem converte as pessoas é Deus, e em
seu infinito conhecimento, já sabe quem irá ou não se salvar. Mas argumentos como
esses não resistem por muito tempo, pois Cristo, por dezenas de vezes, nos compara
como trabalhadores, servos, enviados, etc. Os que foram alcançados pela graça, trabalham
muito mais do que os que vivem pela Lei. Paulo recebeu a revelação maior da graça e
trabalhou mais, orou mais, fez mais do que todos. Muitos dizem: “Eu não preciso fazer
nada para ser aceito por Deus, portanto eu vou viver na graça e não vou fazer nada”, “Sou
filho de Deus, vou ficar me matando de trabalhar?”, “Vou vender marmita pra igreja?”,
“Estou na graça, eu não estou na Lei”. Essa é outra mentira do diabo sobre a graça. Os
que estão na graça trabalham muito mais.

Antes você não trabalhava na igreja porque se achava desqualificado, acusado, não
aceito por Deus. Quando o pastor te chamava para fazer algo você se sentia desqualificado.
Quando o pastor falava que você poderia ser um líder de célula você pensava: “Mas eu
não consigo, eu não conheço tanto de bíblia, eu não sei orar, eu sou pobre pecador, ô
Deus, eu não consigo.” Seu líder pedia pra você orar o que você pensava? “Logo eu?”,
“Deus não vai ouvir minha oração.”

Eu, em particular, deixei de servir a Deus, perdi muitas oportunidades de romper


ministerialmente por falta de revelação da graça de Deus. Já deixei de servir a Deus, de
pregar, de tocar, de abençoar pessoas porque não me achava digno, me achava muito
pecador para fazer algo para Deus. Deixei de fazer coisas para Deus por medo do diabo, por
medo de “retaliação”. Mas agora descobri que o Senhor me aceitou mediante o sacrifício
de Cristo. Descobri que Jesus me fez ser digno e aceitável mediante o seu sangue. Quando
Deus olha pra mim, ele não vê mais minhas imperfeições e pecados, mas ele vê Cristo em
mim, ele vê o sangue de Cristo sobre mim. Agora que você descobriu que foi aceito e tem
a oportunidade de servir ao Senhor, não vai fazer nada? Os que estão debaixo da graça
não conseguem dizer não para o chamado de Deus.

“Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo
não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia
não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.” 1 Coríntios 15:10

Paulo diz que ao receber a graça de Deus em sua vida, essa graça o levou a trabalhar muito
mais do que os demais, pois essa é a atitude daquele que compreende a graça, o desejo
de servir. A graça gera gratidão e não preguiça. A graça gera trabalho e não estagnação.
Se Deus usou Paulo, que perseguia a igreja, Ele pode te usar também!

// Estou na graça, não preciso dizimar e nem ofertar

Alguns pensam: “Quem sustenta a igreja é Deus e não o dinheiro. Para quê dar o meu
dinheiro se Deus é dono do ouro e da prata? Dízimo é coisa da Lei, mas eu estou debaixo
da graça.” A primeira coisa que você precisa reconhecer é que se você pensa assim, você
é avarento. Pessoas que têm dificuldade em dizimar e ofertar, provavelmente não tem
problemas financeiros, mas sim, problemas de avareza, amor ao dinheiro. E a sua avareza
criou “teologias” e crenças para justificar o seu pecado. É como uma criança que tenta
justificar sua desobediência, mas quanto mais ela enrola, mais feio fica.

Muitos acreditam que tudo é espiritual, menos dinheiro. Pensam que dinheiro e igreja
são coisas que não devem se misturar. Essa é outra distorção da graça que pode adoecer
o nosso relacionamento com Deus.

Alguns dizem que dízimos são coisas do antigo testamento, mas “O Senhor é o meu
pastor” também é do antigo testamento e crente nenhum reclama. Aos que dizem que
o dízimo pertence a Lei, esses estão corretos, mas os dízimos foram instituídos antes
da Lei. Abraão deu dízimo a Melquisedeque, que era um tipo de Cristo. Os dízimos já
existiam, somente foram regulamentados pela Lei e no novo testamento não há uma
suspensão desse princípio participativo. Em II Coríntios 8:9, Paulo fala sobre a necessidade
da contribuição generosa e constante para suprir as necessidades, e esse princípio se
encaixa perfeitamente no perfil dos dízimos. Nós, cristãos neotestamentários, não temos
o dízimo como obrigação, mas como gratidão e fidelidade a Deus e ao seu corpo. Eu
desconfio muito do amor de um marido que não investe em sua esposa. Da mesma forma,
desconfio do amor de alguém que diz que ama a Deus e sua igreja, mas não investe nela.
Lamentamos os abusos que a doutrina do dízimo tem sofrido na mão de bandidos e
mercenários disfarçados de pastores à frente de igrejas, mas esse é um princípio espiritual
de gratidão que devemos ter para com Deus.

Alguns líderes ensinam que se não devolvermos o dízimo, coisas ruins acontecerão,
mas esse não deve ser o argumento. O argumento é que quando não entregamos ao
Senhor, estamos dizendo que confiamos mais em nosso dinheiro do que em Deus.

Pessoas que dizem que não concordam com dízimos e ofertas não deveriam fazer
parte de nada da igreja que é pago com esses recursos. Não deveria ir ao culto, pois a
luz é paga com o dízimo, não deveria beber água, pois a água é paga com o dízimo, não
deveria nem assistir os cultos pela internet, pois a internet é paga com o dízimo. Tudo
o que você desfruta foi pago com o dinheiro daqueles que concordam. Quem de fato
compreende a graça de Deus, sente alegria genuína em sustentar a obra. É um privilégio
ser participantes da obra do Senhor. O fato de ser graça, não significa que foi barata. O
Senhor Jesus pagou um alto preço por nós, devemos valorizar cada milímetro dessa graça
preciosa que temos recebido. Dízimos e ofertas não são uma troca e nem são para pagar
o que recebemos, mas sim, para sustentar a casa para que outros recebam desse favor
que recebemos. Os recursos são para a manutenção e expansão do Reino de Deus. Na
Lei fazíamos por medo ou por obrigação, mas na graça fazemos por gratidão. Na graça eu
não deixo de fazer as coisas, eu simplesmente mudo a motivação. Eu não faço para Deus
me usar, ou me abençoar, eu faço porque Ele já me abençoou. Você precisa ter revelação
dessas coisas, uma chave precisa girar dentro de você. O Deus que muitos servem pouco
se parece com o Deus da bíblia. O nosso pai é um pai de amor, descubra quem Ele é e
desfrute dos benefícios da graça de Deus.

// Estou na graça, não existe mais Lei

Em momento algum afirmamos que não existe mais Lei. Cristo não veio revogar a
Lei, mas sim cumpri-la. O que precisamos entender é que a Lei não serve para a nossa
salvação, os dez mandamentos não salvam e nem justificam o pecador. Ninguém será
justificado pelas práticas da Lei, mas os que foram justificados pela fé em Cristo Jesus
guardam a Lei, pois esse é o padrão e caráter de Deus.

“Anulamos então a lei pela fé? De maneira nenhuma! Pelo contrário,


confirmamos a lei.” Romanos 3:31

Não é porque somos salvos pela graça que a Lei foi anulada. Pense em um pai, esse
pai ama o seu filho independente de qualquer coisa, independente de boas notas ou de
bom comportamento. Mas o fato do pai amar o filho incondicionalmente exime o filho
de se comprometer em se comportar e de tirar boas notas? Claro que não! Uma coisa
não exclui a outra. O fato de Deus nos amar e salvar incondicionalmente, não me exime
de me santificar. Mas lembre-se, a Lei que está sobre nós é a lei do amor, os princípios
da lei moral de Deus ainda são os mesmos, pecado ainda é pecado. As leis cerimoniais, e
cíveis ficaram no passado, mas Deus ainda é o mesmo.

“Chamando ‘nova’ esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o


que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.”
Hebreus 8:13

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