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Aula 03: O Petróleo como Fonte De Energia

Objetivo desta aula:

Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1- Conhecer a origem do petróleo;

2- Entender suas formas de exploração;

3- Avaliar métodos de produção e refino do petróleo;

4- Identificar suas características químicas.

Introdução

Nesta aula, veremos a origem do petróleo e suas formas de exploração, sua produção e
refino.
Observaremos ainda suas características e sua classificação química.
Bons estudos!

O petróleo

O petróleo, conhecido também como “ouro líquido” ou “ouro negro”, é uma substância oleosa
e inflamável, com baixa densidade e odor característico, com coloração variando do castanho
claro, passando pelo marrom, verde e chegando até o preto.

Em sua composição, carrega uma complexa combinação de hidrocarbonetos (alicíclicos,


alifáticos e aromáticos) e pode ainda conter traços de oxigênio, nitrogênio, íons metálicos e
compostos de enxofre. Trata-se de um recurso não renovável de energia, encontrado
principalmente no fundo de oceanos e em jazidas. É originado de restos de fósseis e outras
matérias orgânicas, depositados e acumulados há milhões de anos.

A palavra petróleo vem do latim, união dos termos petra e oleum, correspondendo à
expressão “pedra de óleo”. O petróleo ocorre na natureza ocupando vazios existentes entre os
grãos de areia na rocha ou pequenas cavidades interligadas.

O petróleo e o gás natural são encontrados tanto em terra quanto no mar, principalmente nas
bacias sedimentares e em rochas do embasamento cristalino.

Durante a perfuração de um poço, as rochas atravessadas são descritas, pesquisando-se a


ocorrência de indícios de hidrocarbonetos.
Logo após a perfuração, são investigadas as propriedades radioativas, elétricas, magnéticas e
elásticas das rochas da parede do poço, para verificar o uso de ferramentas próprias.

Inicialmente, o óleo jorra espontaneamente por causa da pressão de seus gases; depois, a
pressão interna torna-se insuficiente para levá-lo à superfície e a extração passa a ser feita por
meio de bombas.

Oceano

Camada Pós-Sal

Nesta região encontram-se a maior parte das reservas brasileiras de petróleo e gás.

Camada de Sal

Camada Pré-Sal

Camada profunda onde se encontra o petróleo a ser extraído. O petróleo fica armazenado nos
poros das rochas

Em seguida, o petróleo bruto, como é chamado nesta etapa, é submetido a processos


mecânicos de purificação.

Por decantação, é separada a água salgada e matérias em suspensão, sendo depois submetido
a um processo de fracionamento.

O petróleo ao longo do tempo


Estudos mostram que o petróleo é conhecido desde tempos remotos. Na verdade, não se sabe
ao certo quando essa substância despertou a atenção do homem, mas há registros de que era
conhecida por diversos nomes, como betume, azeite, asfalto, lama, múmia, óleo de rocha.

A Bíblia (Gen. 6, 14) traz referências sobre a existência de lagos de asfalto e da sua utilização
como impermeabilizante.

O líquido era utilizado por hebreus para acender fogueiras e em altares de sacrifícios. Há
registros de Plínio, em sua História Natural, e de Heródoto, historiador do século V a.C. que
apontam seu uso por Nabucodonosor para pavimentar estradas na Babilônia e na construção
de seus Jardins.

Os egípcios o utilizaram na construção de pirâmides, na iluminação pública e na conservação


de múmias.

Há ainda várias referências do seu uso por outros povos como combustível para iluminação.

Os gregos e romanos embebiam lanças incendiárias com betume para atacar as muralhas
inimigas.

Os árabes o empregaram com a mesma finalidade.

Há relatos de que, quando os espanhóis chegaram à América, Pizarro descobriu uma destilaria
operada por incas.

Supõe-se que o líquido observado seria resíduo de petróleo.

A moderna era do petróleo

Século XIX

A moderna era do petróleo teve início em meados do século XIX, quando um norte-americano,
Edwin L. Drake, encontrou petróleo a cerca de 20 metros de profundidade no oeste da
Pensilvânia, utilizando uma máquina perfuratriz para a construção do poço para obter
querosene e lubrificantes.

1859
O primeiro poço de petróleo foi perfurado em 1859.

Ele foi encontrado em uma região de pequena profundidade (21 m), ao contrário das
escavações de hoje, que ultrapassam os 6.000 metros.

Século XX

A grande revolução ocorreu com a invenção dos motores de combustão interna e a produção
de automóveis em grande escala, que deram a outro derivado do petróleo, a gasolina, melhor
utilidade.

A Origem do Petróleo

A hipótese mais aceita para esclarecer a origem dessa substância é que, com o aumento da
temperatura, as moléculas do querogênio começaram a ser quebradas, gerando compostos
orgânicos líquidos e gasosos, em um processo denominado catagênese.

Para haver uma acumulação do petróleo, após o processo de geração e expulsão, ocorreu a
migração do óleo e/ou gás através das camadas de rochas adjacentes e porosas, até encontrar
uma rocha selante e uma estrutura geológica que deteve seu caminho.

Sobre ela, ocorreu a acumulação do óleo e/ou gás em uma rocha porosa chamada rocha
reservatório.

Para a maioria dos geólogos e geoquímicos, o óleo se formou a partir de substâncias orgânicas
procedentes da superfície terrestre (detritos orgânicos).

Outra hipótese, mais antiga, datada do século XIX, defende que o petróleo teve origem
inorgânica, a partir dos depósitos de carbono ao longo da formação da Terra.

De qualquer modo, a mais aceita é que ele surgiu através de restos orgânicos de animais e
vegetais depositados no fundo de lagos e mares, sofrendo transformações químicas ao longo
de milhões de anos.

Acredita-se que a Terra tenha uma idade da ordem de bilhões de anos, enquanto que a idade
de uma jazida de petróleo pode variar entre 10 e 400 milhões de anos, localizando-se apenas
nas bacias sedimentares, junto ao gás natural (metano e etano).
Erupções vulcânicas, deslocamento dos polos, separação de continentes, movimentação dos
oceanos e ação dos rios marcaram a acomodação da crosta terrestre.

Então, ao longo dos anos, restos de animais e vegetais mortos depositaram-se no fundo de
lagos e mares e lentamente foram cobertos por sedimentos, que mais tarde se transformaram
em rochas sedimentares (calcário e arenito).

Também se especula que sua origem esteja ligada à decomposição dos seres que compõem
o plâncton, causada pela pouco oxigenação e pela ação de bactérias, que se acumulou no
fundo dos mares e dos lagos, pressionada pelos movimentos da crosta terrestre e pelas altas
temperaturas, até se transformar no petróleo.

A substância oleosa, de acordo com as observações, não permaneceu na rocha em que foi
gerada, chamada rocha matriz, mas se deslocou até encontrar um terreno apropriado para se
concentrar, formado por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários.

Ali se alojou, formando bolsões, com gás natural na parte mais alta e petróleo e água na mais
baixa.

Perfuração e produção do petróleo

Para a Geologia, o tempo desempenha um papel fundamental nesse processo, pois as


condições ideais para o aparecimento do petróleo precisou durar milhões de anos, tal como a
transformação da matéria orgânica original em petróleo, que durou outros milhões de anos.

Durante esse processo, ocorreu a expulsão do óleo gerado da rocha matriz, permanecendo sob
alta pressão nas rochas porosas, denominadas rochas reservatório, até que fosse alcançado
por alguma perfuração.

Fase Exploratória

Na fase exploratória, a fase da perfuração de poços costuma ser a mais dispendiosa, sendo
precedida por extensa programação e elaboração de estudos, que permitam um
conhecimento tão detalhado quanto possível das condições geológicas da região na superfície
e no subsolo.
As perfurações se orientam para as áreas que tenham maiores acumulações observadas de
óleo ou gás.

Para localizar o petróleo ou gás em uma bacia sedimentar, os especialistas, principalmente


geólogos e geofísicos, se pautam por dois princípios fundamentais:

1) O petróleo se aloja numa estrutura localizada na parte mais alta de um compartimento de


rocha porosa, isolada por camadas impermeáveis, a armadilha ou trapa;

2) Essas estruturas são resultantes de modificações sofridas pelas rochas ao longo do tempo,
através do desenvolvimento de dobras e falhas na crosta terrestre.

Métodos de extração

Um dos métodos mais empregados é o da sísmica, em que se usam explosivos para produzir
ondas que se chocam contra a crosta terrestre e voltam à superfície, sendo captadas por
instrumentos que registram informações que orientem a localização de uma jazida.

As perfurações podem ser feitas em terra ou no mar.

As etapas de perfuração são idênticas; a diferença é que são feitas no mar por meio de
plataformas, com a profundidade de um poço, podendo variar de 800 a 6.000 metros.

Uma vez encontrado o petróleo, diversos poços são perfurados, de forma a estudar a
viabilidade comercial de exploração daquela jazida.

Etapa de produção

Inicia-se, então, a etapa de produção. Na perfuração, o petróleo pode ser expelido


espontaneamente, devido à pressão interna dos gases, ou é extraído por meios mecânicos.

Nas bacias sedimentares brasileiras, o gás natural costuma estar dissolvido no petróleo, sendo
separado dele durante as operações de produção.

Em seguida, ambos são transportados para os terminais, onde são armazenados.


O petróleo é transferido para as refinarias, onde será separado em frações, já que o óleo bruto
praticamente não tem aplicação.

1- Bloco de coroamento
2- Bomba de Lama
3- Motores
4- Peneiras
5- Tanque de Lama
6- Mesa rotativa
7- Válvula de Segurança
8- Tubo de perfuração
9- Tubo de revestimento
10- Broca de Perfuração

Refino do petróleo
Refinar consiste em separar a mistura de hidrocarbonetos nas frações desejadas,
processá-las e industrializá-las em produtos comerciáveis, contando com operações
unitárias que minimizem perdas no processo.

A princípio, o petróleo bruto sofre dessalinização, removendo os sais minerais. Depois,


o petróleo passa para a etapa de fracionamento, na qual ocorre o processo de
destilação, com a finalidade de para separar as frações, processo que envolve a
vaporização por aquecimento, seguida da condensação de seu vapor.
No caso do petróleo, é empregada a destilação fracionada, que é executada com a
utilização de torres de fracionamento.

Por fim, os produtos sofrem tratamentos complementares para melhorar sua


qualidade: reforma catalítica e hidrodessulfurização.

Assim, obtêm-se carburantes, solventes, gasolinas especiais, combustíveis e produtos


diversos.
a) Destilação Fracionada é o processo de destilação onde se utiliza uma coluna
de fracionamento na qual é possível realizar a separação de diferentes
componentes que apresentam diferentes pontos de ebulição, presentes em
uma mistura.
b) Reforma catalítica é um processo químico utilizado na indústria do petróleo. È
fundamental na produção de gasolina. Seu objetivo é aumentar a octanagem
da nafta pesada obtida na destilação atmosférica do petróleo cru.
c) Hidrodessulfurização (HDS) é um processo químico catalítico largamente
usado pra remover enxofre via inserção de hidrogênio, visando otimizar a
obtenção dos subprodutos de produtos de petróleo refinado e de gás natural
tais como gasolina e nafta(fração utilizada na indústria petroquímica),
querosene óleo diesel e óleos combustíveis

Técnicas de refino
As técnicas mais utilizadas de refino são:
O produto final das estações e refinarias (gás natural, gás residual, GLP, gasolina, nafta,
querosene, lubrificantes, resíduos pesados e outros destilados) é comercializado pelas
distribuidoras, que os oferecem aos consumidores.

Não deixe de clicar aqui e saber mais sobre cada técnica de refino.
http://estacio.webaula.com.br/Cursos/don076/docs/Refino_PDF_Tela12.pdf

Petróleo no Brasil
No Brasil, a existência do petróleo já era apontada durante os tempos do Regime
Imperial, época em que o Marquês de Olinda cedeu o direito a José Barros de Pimentel
de realizar a extração de betume nas margens do rio Marau, na Bahia.
A primeira sondagem foi realizada no município de Bofete – SP, entre 1892 e 1896, por
iniciativa de Eugênio Ferreira de Camargo, responsável pela primeira perfuração até a
profundidade de 488 metros, obtendo água sulfurosa.
Tempos depois, nos anos 1930, o tema do petróleo era discutido com maior energia,
polarizando os que defendiam o monopólio da União e os favoráveis à participação da
iniciativa privada na exploração petrolífera.

Nesse período, o país dependia das empresas privadas multinacionais para a


exploração petrolífera

Em 1938, a discussão sobre o uso e a exploração dos recursos do subsolo brasileiro


viabilizou a criação do CNP - Conselho Nacional do Petróleo, o que possibilitou, em
1939, ser descoberto óleo em Lobato – BA.
O engenheiro agrônomo Manoel Inácio Bastos, ao observar que moradores da região
utilizavam uma “lama preta” como combustível de suas lamparinas, realizou testes e
experimentos que atestavam a existência de petróleo nessa localidade, até conseguir
entregar ao presidente Getúlio Vargas um laudo técnico que comprovava sua busca.
No ano de 1941, o governo brasileiro anunciou o estabelecimento do campo de
exploração petrolífera de Candeias - BA, o que iniciou um movimento em prol da
nacionalização da produção petrolífera.

Diversos movimentos sociais e setores organizados da sociedade civil mobilizaram a


campanha "O petróleo é nosso!", que resultou na criação da Petrobras, em 1953, no
segundo governo de Getúlio Vargas.
Nacionalização da produção petrolífera

A Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, garantia ao Estado o monopólio da extração


de petróleo do subsolo, incorporado como artigo da Constituição de 1967, através da
Emenda nº 1, de 1969.

Contudo, o monopólio da União foi eliminado em 1995, com a EC 9/1995, que


modificou o Art. 177 da Constituição Federal.

Nesta aula, você:

 Conheceu a origem do petróleo e algumas formas de exploração;


 Entendeu como são os métodos de produção e refino do petróleo;
 Identificou as características químicas do petróleo.

Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:

 Os processos e a tecnologia de separação, conversão e tratamento do petróleo;


 O sistema de separação líquido-vapor;
 Tratamento do óleo, gás e água.

 BRASIL, Nilo Índio (org). Processamento de petróleo e gás. Rio de Janeiro: LTC,
2012.
 FARAH, Marco Antonio. Petróleo e seus derivados: definição, constituição,
aplicação, especificação, características de qualidade. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
 Conheça o Centro de Estudos do Petróleo: Acesse aqui. Acesso em 8 mai. 2013.
 Leia sobre o petróleo e seus derivados: Acesse aqui. Acesso em 8 mai. 2013

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