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METODOLÓGICOS E
NOVOS CENÁRIOS PARA
SUSTENTABILIDADE
SOBRE OS AUTORES
Designer, formada pela UFCG (2014) e professora licenciada em Geografa pela UEPB (2011), possui mestrado em
design pelo UFCG (2017), e atualmente é doutoranda em Design pela UFPE. Possui experiência na área de design
gráfico e como docente pelo Curso de Web Design (SENAI), bem como publicações em periódicos na área de design
gráfico e design e tecnologia.
Graduação em Desenho Industrial – Projeto do produto pela UFPE (1982), Mestrado em Design e Biônica pelo
IED de Milão (1992) e Doutorado em Ricerca in Disegno Industriale - Ph.D pela Universidade Politecnico de Milão
(2002). Foi consultor internacional do Istituto Europeo de Design de Milão, na implantação de cursos de
Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Fashion Design, Design de Interiores e Produto, Design Gráfico e
Editorial, nas Faculdades Avila (Goiânia), Faculdade Boa Viagem (Recife), Instituto de Educação Superior de Brasília
(DF). Desde 1985 professor do Curso de Design da UFPE. Atualmente é professor associado I, docente do Programa
de Pós - Graduação em Design PPGD da UFPE. Coordena o Grupo de Pesquisa em Biodesign e Artefatos Industriais
do CNPq. Experiência na área de Desenho Industrial, com ênfase em Design e Biônica, atuando principalmente nos
seguintes temas: Desenvolvimento de Produtos, Design Estratégico. Organizador junto com Editora Edgard Blucher
da série DesignCONTEXTO – ensaios de design, cultura e tecnologia.
Por uma estética voltada à sustentabilidade
estudos para configuração de novos artefatos
ecologicamente orientados
For an aesthetics focused on sustainability Studies
for the configuration of new ecologically oriented
artifacts
Thamyres Oliveira Clementino, Amilton José Vieira de Arruda
Resumo
A discussão acerca dos danos ambientais, causados pelo desenvolvimento de artefatos, gerou
mudanças no âmbito projetual, que por sua vez fomentaram o surgimento de uma nova categoria
de produtos, os produtos ecologicamente orientados, que buscam reduzir os prejuízos ambientais
causados no decorrer de todo o ciclo de vida. Neste contexto, o design vem apresentando
medidas que se concentram quase que exclusivamente na adoção de escolhas técnicas, que
trazem para a configuração dos artefatos atributos de sustentabilidade ambiental. Refletindo
sobre esta situação, este artigo apresenta a necessidade de ampliação das capacidades do
design, a partir da configuração consciente de artefatos ecologicamente orientados, que permita
sua evidenciação enquanto solução mais adequada para o público, já que apenas a adoção de
medidas técnicas não garante o seu reconhecimento. A pesquisa busca apresentar a relevância
da diferenciação entre produtos convencionais e produtos ecologicamente orientados, como um
meio de superar o mero redesign, e expor o design como ferramenta para a efetivação desta nova
categoria de produtos. Deste modo, aponta para a construção de uma tipologia estética para os
artefatos sustentáveis, pautados em identificadores estéticos provenientes da percepção dos
consumidores e seu repertório acerca do tema.
Palavras-chave: Estética sustentável; Identificadores estéticos; Artefatos industriais.
Abstract
The discussion about environmental damage, caused by the development of artifacts, has led to
changes in the design scope, which in turn fostered the emergence of a new category of products,
ecologically oriented products, which seek to reduce environmental damage caused throughout
the life cycle. In this context, design has been presenting measures that focus almost exclusively
on the adoption of technical choices, which bring to the configuration of the artifacts attributes of
environmental sustainability. Reflecting on this situation, this article presents the need to expand the
capabilities of the designer, based on the conscious configuration of ecologically oriented artifacts,
allowing their disclosure as a more adequate solution for the public, since only the adoption of
technical measures does not guarantee the recognition. The research seeks to present the relevance
of the differentiation between conventional products and ecologically oriented products, as a means
to overcome the mere redesign, and expose the design as a tool for the implementation of this new
category of products. For this, it points to the construction of an aesthetic typology for sustainable
artifacts, based on aesthetic identifiers derived from the perception of consumers
Keywords: 3 Sustainable aesthetics; Aesthetic identifiers; Industrial artifacts.
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Por uma estética voltada à sustentabilidade estudos para configuração de novos artefatos ecologicamente orientados
1 INTRODUÇÃO
Mas, para que esta prática seja ampliada é necessário que os produtos
ecologicamente orientados sejam evidenciados de forma estratégica,
se diferenciando dos demais – convencionais. Esta segregação pode
fornecer aos artefatos meios para o reconhecimento e a comunicação
dos seus atributos sustentáveis, quando os mesmos estiverem dispostos
em ambientes de consumo, em que comumente são encontrados.
1.1 Transição
• Redesign ambiental do existente, onde não há mudanças reais Figura 2: Desodorantes comprimidos
no estilo de vida e consumo, mas apenas escolhas técnicas mais Unilever – A produção dos
adequadas aos produtos, que refletirão apenas na sensibilização do antitranspirantes comprimidos tem
redução de 30% na pegada de carbono,
consumidor quanto à escolha de produtos mais ecológicos (Figura 2);
o gás usando dentro da embalagem
• Projeto de novos produtos e serviços, individualizando sistemas
responsável pela entrega do produto
que ofereçam serviços e produtos ecologicamente mais foi reduzido em 50% e o consumo de
favoráveis, tornando suas soluções aceitáveis no âmbito cultural e alumínio cai 30%. Fonte: <http://www.
comportamental (Figura 3). desodorantescomprimidos.com.br/
DESIGN, ARTEFATOS E SISTEMA SUSTENTÁVEL
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Por uma estética voltada à sustentabilidade estudos para configuração de novos artefatos ecologicamente orientados
Estes pontos expostos pelos autores permitem uma visão acerca das
capacidades do designer como ponte para a mudança no paradigma da
produção e consumo, agindo desde o desenvolvimento do produto à
construção de novos cenários. Mas, em que ponto o designer conseguiu
chegar? Como está sendo a atuação deste profissional, tendo em vista os
pontos supracitados? Há sensibilidade quanto as necessidades atuais?
O que se percebe, inicialmente, é o foco em medidas técnicas, adotadas
em prol da melhoria da eficiência global de consumo de recursos, que
permeiam apenas o redesign ambiental do produto.
Figura 6: Percepção acerca da orientação Esta nova fase é enfatizada pelo apoio de órgãos reguladores e
dos produtos. Fonte: autora com base na
seus selos, que trouxeram ao consumidor informações acerca da
pesquisa realizada.
sustentabilidade do produto, informações estas que vão sendo
incorporadas ao repertório da sociedade (Figura 7).
Assim, pode-se afirmar que os produtos ecologicamente orientados Figura 9: Exemplos citados por Manzini
continuarão sendo produzidos da mesma forma que os produtos e Vezzoli (2016) – A. Cadeira Aeron
convencionais, sendo o seu resultado estético predominantemente igual da Herman Miller, que permite que as
a estes produtos, como exposto na Figura 9. Então, qual seria o caminho partes mais sujeitas a avarias sejam
substituídas com maior facilidade (p.
para o desenvolvimento de uma estética para produtos ambientalmente
200). B. Cadeira Cab da Cassina design
sustentáveis? Para esta pesquisa a resposta se dá de modo conjunto,
de Mario Bellini, revestimento em couro
entre designer e consumidor. O designer, por meio de sua competência de fácil separação da estrutura (p. 256).
ligada a configuração dos artefatos, que favorece a busca por soluções Fonte: A. www.miami.com.br. B. http://
que ultrapassem a mera compreensão de produção dos artefatos, www.archiexpo.com.
materializando o conceito de sustentabilidade arraigado no imaginário
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Figura 11: Comunicação estética do Design Industrial segundo Löbach. Fonte: Löbach
(2001, p. 167).
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4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS
CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
INSTITUTO AKATU. Pesquisa Akatu 2012. Rumo à sociedade do bem-estar. São Paulo: Instituto
Akatu, 2013. Disponível em: <http://www.akatu.org.br/pesquisa/2012/PESQUISAAKATU.pdf>.
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KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. 2.
ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2009.
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Florianópolis, 2004.
LÖBACH, Bernd. Design industrial: bases para a configuração de produtos industriais. São Paulo:
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VEZZOLI, Carlo. Design de sistemas para a sustentabilidade. Salvador: Edufba, 2010. 342p. ISBN
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