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Volume 3 | Número 1
Abril de 2014
CBCA
Centro Brasileiro da Construção em Aço
Revista da Estrutura de Aço | Volume 3 | Número 1
ARTIGOS
Análise não linear de pórticos “dual-frame” simples
Andre Tenchini, Carlos Rebelo, Luciano Lima
e Luis Simões da Silva
01
Prefácio
Editores convidados
Resumo
Os pórticos simples (MRF) são amplamente utilizados em edifícios modernos e em estruturas
industriais. Em códigos recentes, o desempenho sísmico é dado pela filosofia de viga-
fraca/pilar-forte. Sendo assim, o uso combinado de aço de alta resistência (HSS) para os
pilares e aço macio (MCS) a ser empregado nas vigas parece ser uma aplicação racional para
cumprir critérios de dimensionamento inseridos nos códigos de dimensionamento sísmico.
Portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar o conceito “dual-steel” num projeto
sísmico com base no desempenho de pórticos simples compatível com EN1998-1 onde
análises não lineares estáticas e dinâmicas considerando os três estados limites definidos na
EN1998-3 são realizadas.
Palavras-chave: análise não linear, aço de alta resistência, pórtico simples
Abstract
The moment-resisting frames (MRF) are widely used in modern buildings and industrial
structures. In recent codes, the seismic performance is given by the philosophy of week-
beam/strong-column-forte. Thus, the combined use of high strength steel (HSS) for the
columns and mild carbon steel (MCS) to be used in the beams appears to be a rational
application to fulfil the design criteria incorporated in the codes. Therefore, this study aims
evaluating of the concept of "dual-steel" in seismic design based on the performance of
moment-resisting frames compatible with EN1998-1 where static and dynamic nonlinear
analysis considering the three limit states defined in EN1998-3 are carried out.
Keywords: nonlinear analysis, high strength steel, moment-resisting frames.
* Correspondent Author
1 Introdução
Nos últimos anos, a indústria tem desenvolvido os processos para a produção do aço
voltado para a construção civil com o objetivo de melhorar as propriedades
mecânicas, em especial, a resistência e a soldabilidade. O uso do aço de alta
resistência está direcionado a diferentes aspectos tais como: econômico,
arquitetônico, meio ambiente e segurança; onde o aumento de resistência pode
permitir uma redução dos elementos estruturais possibilitando ter estruturas mais
arrojadas e trazendo potenciais benefícios relacionados ao impacto ambiental devido
a redução da emissão de gases poluentes.
2
(2005): limitação de danos (DL), danos severos (SL) e perto do colapso (NC), bem
como, determinar os fatores de comportamento para cada estado limite.
2 Casos de estudo
Para investigar a resposta sísmica de pórticos simples usando aço de alta resistência
em elementos não dissipativos, vinte e quatro pórticos foram dimensionados. Os
seguintes parâmetros são investigados:
o Número de pisos: pórticos com quatro ou oito pisos, como podem ser vistos
na Figura 1;
o Tipo de solo: Solo tipo C – EN1998-1 [3] (Solo Duro) e um solo representativo
da Romênia com um patamar de aceleração constante mais extenso (Solo
Mole).
3
foram levados em conta. O requisito de limitação de danos imposto pelo EN1998-1
(2004) foi considerado limitando os deslocamentos entre pisos num valor máximo de
0,75%. E ainda, foi assumido que o edifício encontra-se numa região com moderada-
baixa sismicidade com o valor de cálculo da aceleração à superfície do solo igual a
0,24g para os pórticos localizados em solo duro e 0,16g para solo mole. O solo duro
tem as mesmas características do solo tipo C introduzidas no EN1998-1 (2004) e o
solo mole é um típico solo encontrado em Bucareste, Roménia. Para o
dimensionamento sísmico considera-se como carga permanente um valor de
4,0kN/m2 e uma sobrecarga de 3,0kN/m2. O fator de comportamento de referência
foi assumido como sendo igual a 4,0 para todos os casos de estudo.
4
serão avaliados para os três estados limites definidos na EN1998-3 (2005) (ver Tabela
1): limitação de danos (DL), danos significativos (SD) e perto do colapso (NC), bem
como, determinar os fatores de comportamento para cada estado limite.
Período de retorno
Estados limites A/Ad Critérios de colapso
(anos)
0,75% - Deslocamento
Limitação de danos (DL) 95 0,50
transiente entre pisos
0,40% - Deslocamento
Danos significativos (SD) 475 1,00
residual entre pisos
3,0% - Deslocamento
Perto do colapso (NC) 2750 1,72
transiente entre pisos
As análises não lineares foram realizadas pelo programa SeismoStruct (2010). Todos
os elementos estruturais foram modelados com elementos de fibra, no qual a seção
transversal dos elementos é dividida em pequenas regiões (fibras). Para cada fibra é
atribuída uma curva uniaxial tensão-deformação. O concreto que constitui os pilares
mistos foi modelado de acordo com o modelo proposto por Mander et al. (1988),
tendo em conta o efeito de confinamento atribuído ao perfil metálico e pela
armadura. Para os perfis metálicos, o modelo histerético proposto por Menegotto &
Pinto (1973) foi adotado. Este modelo leva em conta o endurecimento e o efeito de
Bauchinger do aço.
5
eficiente onde forneceu adequada sobreresistência aos pórticos fazendo com que os
pilares permanecessem no regime elástico.
6
MRF_1.1.1.1 MRF_1.1.1.2 MRF_1.1.1.3
7
4.1 Sobreresistência
A sobreresistência duma estrutura pode ser entendida como sendo a relação entre o
corte basal máximo e o corte basal de projeto. Portanto, com o propósito de estudar
a influência deste parâmetro nos casos de estudo, a expressão inicial é decomposta
em duas, como pode ser visto:
Vy Vy V1 y
Ω= = × (1)
Vd V1 y Vd
Relativo aos resultados encontrados para o fator que diz respeito aos critérios
empregados no dimensionamento, observa-se que os elevados valores revelados na
Figura 4 são facilmente explicados pelo fato do dimensionamento sísmico ter sido
condicionado pelos critérios de deformação. As seções transversais foram escolhidas
8
de forma a cumprir os critérios de limitação de danos resultando num
dimensionamento condicionado pela rigidez e não pela resistência. Este fato pode ser
visto, quando o tipo de pilar é analisado. É importante notar que os pórticos com
pilares CFT apresentam maiores sobreresistência, seguido pelos pórticos com PE, pois
o dimensionamento conduziu a um aumento da resistência das seções transversais,
devido à necessidade de rigidez, em comparação com os pórticos com pilares
totalmente em-bebidos em betão, FE. Em geral, os pórticos apresentaram valores de
“Ω” superiores ao fator de comportamento empregado no dimensionamento sísmico
(q = 4,0). Sendo assim, sob a ação sísmica de projeto, os pórticos, provavelmente, se
encontram num regime elástico, sem formação de rótulas plásticas.
9
influência significativa quando a análise é dirigida ao tipo de pilar e ao comprimento
do vão.
10
a) Solo duro b) Solo mole
Figura 5. Deslocamentos entre pisos para os três estados limites
5.2 Deslocamento residual entre pisos
Analisando esta figura, novamente podemos ver que os pórticos localizados num solo
mole apresentam menores deslocamentos, e ainda, os deslocamentos foram
proporcionais ao número de pisos. Numa visão global, os valores encontrados para os
dois estados limites estão abaixo do limite proposto para SD (0,4%). Mais uma vez,
pode-se confirmar que o dimensionamento baseado nas premissas do EN1998-1
(2004) proporciona um elevado grau de rigidez para a estrutura.
11
a) Solo duro b) Solo mole
Figura 6. Deslocamentos residuais entre pisos
5.3 Ductilidade das vigas
12
a) Solo duro b) Solo mole
Figura 7: Ductilidade das vigas
6 Fatores de comportamento
Au
q =α × (2)
Ay
13
A Figura 8 revela a mediana dos fatores de comportamento encontrados e os
percentis para cada tipo de solo no SD e NC. Como pode ser visto, o estado limite NC
mostra ser o responsável por fornecer os fatores de comportamento mais elevados,
embora o critério de colapso utilizado em cada estado limite seja diferente.
Interessante notar que os pórticos localizados num solo mole apresentam menores
fatores de comportamento. Analisando a geometria, é notório ver que o aumento do
comprimento do vão para os pórticos com oito pisos proporciona menores fatores de
comportamento. Em contraste, esta observação não é verificada para os pórticos
com quatro andares. Além disso, os pórticos com oito pisos apresentam fatores de
comportamento mais elevados do que os de quatro pisos, principalmente para o
estado limite NC.
14
Fatores de comportamento para o estado limite SD
15
• Os fatores de comportamento encontrados nas análises dinâmicas para o
estado limite NC estão próximos do fator de comportamento utilizado no
dimensionamento sísmico.
8 Agradecimentos
9 Referências bibliográficas
MALITE, Maximiliano; FAKURY, Ricardo Hallal; SILVA, Valdir Pignatta. Título do artigo. Título
da publicação, Cidade da publicação, v., p. Ano.
DUBINA D.; DINU F.; ZAHARIA R.; UNGUREANU V.; GRECEA D. Opportunity and effectiveness
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DUBINA D. Dual-steel frames for multistory buildings in seismic areas. In: INTERNATIONAL
COLLOQUIUM STABILITY AND DUCTILITY OF STEEL STRUCTURES, Rio de Janeiro, 2010.
European Committee for Standardization – EN 1998-1, Eurocode 8: Design of structures for
earthquake resistance – Part 1: General rules, seismic actions and rules for buildings.
Brussels, 2004.
MANDER J.B.; PRIESTLEY M.J.N.; PARK R. Theorical stress-strain model for confined
concrete. Journal of Structural Engineering, Vol. 114, No. 8, pp. 1804-1826, 1988.
MENEGOTTO M.; PINTO P.E. Method of analysis for cyclically loaded R.C. plane frames
including changes in geometry and non-elastic behavior of elements under combined
normal force and bending. In: Symposium on the Resistance and Ultimate Deformability of
Structures Acted on by Well Defined Repeated Loads, Zurich, Switzerland, 1973.
VILLANI A.; CASTRO J.M.; ELGHAZOULI A.Y. Improved seismic design procedure for steel
moment frames. In: STESSA 2009: Behaviour of Steel Structures in Seismic Areas,
Philadelphia, 2009.
16
Volume 3 Número 1 (Abril/2014) p. 17-36 ISSN 2238-9377
Resumo
O esmagamento da alma ocorre como consequência do aparecimento de tensões elevadas na
alma das vigas de aço enformadas a frio, resultante de cargas ou reacções concentradas. Neste
artigo apresenta-se uma nova abordagem para o dimensionamento e verificação de segurança
do esmagamento da alma, assente no conceito de esbelteza. Inicialmente é feita uma
introdução, acompanhada de uma breve revisão bibliográfica. Em seguida, são descritos os
modelos numéricos desenvolvidos e calibrados com base em resultados experimentais, os
quais são utilizados para calibrar curvas de dimensionamento. Demonstra-se que as curvas
obtidas fornecem excelentes resultados.
Palavras-chave: esmagamento da alma, cargas concentradas, esbelteza, estudo numérico,
curvas de dimensionamento
Abstract
Web crippling is a phenomenon which occurs as a consequence of high stress concentration in
the beams’ webs, either by applied forces or reactions. In this article, a new approach for the
design and safety check of the web crippling is presented, based on the slenderness concept.
Firstly, introduction to the web crippling phenomenon and a brief state of the art review are
presented. Then, the numerical models, developed and calibrated by comparison with
experimental results, are described. Those models are utilized to obtain the design curves,
which prove to lead to very good estimates.
Keywords: web crippling, concentrated loads, slenderness, numerical study, design curves
1 Introdução
* Correspondent Author 17
viga torna-as bastante susceptíveis à ocorrência de fenómenos de instabilidade
localizada na alma. A alma das vigas de aço enformadas a frio pode ser idealizada
como uma placa rectangular simplesmente apoiada ao longo dos quatro bordos. Nas
décadas de 40, 50 e 70, Timoshenko e Gere (1961), Zetlin (1955) e Walker (1975),
respectivamente, deduziram e desenvolveram expressões que permitem determinar
cargas críticas (Pcr) de placas rectangulares submetidas a cargas no próprio plano, com
diversas larguras de distribuição do carregamento. Para além da instabilidade
localizada, o colapso por esmagamento da alma envolve ainda a ocorrência de
cedência do aço e espalhamento de plasticidade, resultante de cargas concentradas no
plano da alma. Depende ainda de um variado número de factores, tais como (i) a
geometria da secção transversal, (ii) a interacção banzo-alma, (iii) a largura de
distribuição do carregamento e (iv) as condições de apoio da viga. Dadas estas
condicionantes, uma abordagem de carácter exclusivamente teórico revela-se um
exercício de alguma complexidade. Em alternativa, o desenvolvimento de expressões
analíticas calibradas com base em resultados de ensaios experimentais e regras
empíricas, apresentou-se nas últimas décadas como uma abordagem bastante viável.
18
Os quatro tipos de configuração de viga (CEN (2006), AISI (2007) e AS/NZS (1996))
(carregamento e condições de apoio) utilizados regulamentarmente no
dimensionamento ao esmagamento da alma são (ver Figura 1):
• Viga EOF (End One Flange) - O esmagamento da alma ocorre numa secção de
extremidade e a carga concentrada encontra-se aplicada num único banzo junto
dessa secção.
• Viga ETF (End Two Flange) - O esmagamento da alma ocorre numa secção de
extremidade e a carga concentrada encontra-se aplicada nos dois banzos junto
dessa secção.
• Viga IOF (Interior One Flange) - O esmagamento da alma ocorre numa secção
interior e a carga concentrada encontra-se aplicada num único banzo junto dessa
secção.
• Viga ITF (Interior Two Flange) - O esmagamento da alma ocorre numa secção interior
e a carga concentrada encontra-se aplicada nos dois banzos junto dessa secção.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1 – Configurações de vigas utilizadas no estudo do esmagamento da alma:
(a) EOF, (b) ETF, (c) IOF e (d) ITF
19
As equações regulamentares existentes (CEN (2006), AISI (2007) e AS/NZS (1996)) são
de carácter empírico, possuem pouca fundamentação teórica e não consideram o
conceito de esbelteza, que inspirou a maioria dos procedimentos de dimensionamento
de estruturas metálicas. Recorde-se que, para um elemento estrutural que colapse
devido a uma combinação de instabilidade e cedência (plasticidade), a sua esbelteza λ
depende da relação entre a tensão de cedência (fy) e a tensão crítica de instabilidade
(σcr), de acordo com a expressão,
λ=
. (1)
2 Modelos numéricos
20
secções e das vigas estudadas encontra-se apresentada na Figura 2(a) e nas Tabelas 1 a
6 (dimensões medidas por Young e Hancock (2001)), nas quais (i) h é a altura da
secção, (ii) bf é a largura dos banzos, (iii) t é a espessura da chapa, (iv) ri é o raio
interior da dobra ou canto e (v) L é o comprimento da viga.
21
Tabela 4 – Dimensões medidas das vigas com secção 200x75x5 mm
Viga h (mm) bf (mm) t (mm) ri (mm) L (mm)
EOF200N75 198,8 75,8 4,71 4,2 839,6
EOF200N37 198,8 75,9 4,73 4,2 764,6
ETF200N75 198,9 75,9 4,72 4,2 375,3
ETF200N37 198,7 75,9 4,72 4,2 336,9
IOF200N75 198,8 75,9 4,74 4,2 854,8
IOF200N37 198,8 75,9 4,73 4,2 817,2
ITF200N75 198,7 75,9 4,72 4,2 675,2
ITF200N37 198,8 76,0 4,73 4,2 638,0
A modelação do aço foi realizada com recurso à adopção de uma relação constitutiva
elasto-plástica com endurecimento. Os valores nominais do módulo de Young, do
coeficiente de Poisson e da tensão de cedência são E = 203 GPa, ν = 0,3 e fy = 450 MPa,
respectivamente. Os valores obtidos experimentalmente (Young e Hancock (2001))
para as tensões de cedência e rotura foram convertidos em “true stresses and strains”.
Os valores adoptados, nos modelos de cada viga, para as tensões de cedência fy e de
rotura fu e extensão de rotura εu foram: (i) fy = 451,0 MPa, fu = 630,0 MPa e εu = 0,18
22
(secções 75N40 e 75N20), (ii) fy = 440,9 MPa, fu = 654,0 MPa e εu = 0,18 (secções
100N50 e 100N25), (iii) fy = 405,8 MPa, fu = 627,3 MPa e εu = 0,20 (secções 125N65 e
125N32), (iv) fy = 415,9 MPa, fu = 644,8 MPa e εu = 0,21 (secções 200N75 e 200N37), (v)
fy = 446,0 MPa, fu = 641,3 MPa e εu = 0,19 (secções 250N90 e 250N45) e (vi) fy = 435,9
MPa, fu = 658,1 MPa e εu = 0,20 (secções 300N90 e 300N45). O efeito do
endurecimento do aço foi incluído nos modelos através de um módulo de
endurecimento equivalente Eh = (fu - fy) / εu. Assumiu-se que as tensões residuais
devidas ao processo de enformagem a frio são desprezáveis (Schafer et al. (2010)).
23
Hancock (2001)),
), foram aparafusadas chapas rígidas às almas, junto das secções de
extremidade. Nos modelos numéricos destas vigas, estas condicionantes foram
simuladas através do impedimento de todos os deslocamentos
deslocamentos e rotações em dois
conjuntos de nós, compreendidos
eendidos numa largura de 90 mm.
(a) (b)
Figura 2 – (a) Dimensões da secção, (b) Condições de apoio e forças nodais
equivalentes das vigas EOF
3 Resultados e discussão
Nesta investigação foram realizados três tipos de análise: (i) análise de estabilidade
(elástica), com o intuito de obter a carga crítica Pcr,Num, (ii) análise plástica, de forma a
obter a carga plástica de primeira ordem Ppl e (iii) análise não linear (material e
geométrica), de forma a obter a carga de colapso Pu,Num.
Com
om o intuito de apresentar uma visão geral dos resultados obtidos, expõem-se
expõem na
Figura 3 as curvas força--deslocamento das vigas 200N75,, resultantes de análises
anális
numéricas não lineares para as quatro configurações de viga (EOF, ETF, IOF e ITF). Em
cada uma das curvas força-deslocamento
força deslocamento apresentadas, os pontos (1) e (2)
correspondem a configurações de equilíbrio elásticas e elasto
elasto-plásticas,
respectivamente. O ponto
nto (3) corresponde à carga de colapso das vigas Pu. Após o
colapso, nas vigas EOF, ETF e ITF, formaram-se
se mecanismos plásticos de segunda
ordem, correspondentes às zonas descendentes das curvas carga-deslocamento.
deslocamento. A viga
IOF,, por outro lado, apresentou um comportamento distinto, caracterizado por um
24
patamar horizontal na curva, o que indica que o colapso possa ter sido condicionado
pela plastificação localizada da zona de ligação do banzo com a alma.
EOF
IOF
Na Tabela 7 apresentam-se os valores das cargas obtidas através dos três tipos de
análise descritos anteriormente (análise de estabilidade, plástica e não linear), para as
seis secções, quatro tipos de viga e duas larguras de carregamento consideradas. Note-
se que as cargas críticas Pcr,Num apresentadas possuem valores relativamente elevados
quando comparados com os valores das cargas plásticas Ppl e de colapso Pu, o que se
deve ao facto de as secções estudadas neste trabalho serem relativamente pouco
esbeltas (Young e Hancock (2001)). Quanto aos valores de cargas de colapso Pu,
apresentam-se três valores distintos: (i) valor numérico (Pu,Num), determinado através
dos modelos de elementos finitos, (ii) valor experimental (Pu,Exp), obtido por Young e
Hancock (2001) e (iii) valor estimado (Pu,Rank), calculado através do critério de Rankine,
P
,
= P P /(P + P ) (2)
25
Tabela 7 – Resultados numéricos, experimentais (Young e Hancock (2001)) e analíticos
Pcr,Num Ppl Pu,Exp Pu,Num Pu,Rank Pu,Exp/ Pu,Exp/ Pu,Num/
Viga
(kN) (kN) (kN) (kN) (kN) Pu,Num Pu,Rank Pu,Rank
EOF75N40 256,2 33,1 26,1 23,9 29,3 0,92 0,81 0,89
EOF75N20 214,7 28,3 21,2 24,6 25,0 1,16 0,98 0,85
ETF75N40 148,5 36,0 23,0 22,1 29,0 0,96 0,76 0,79
ETF75N20 112,7 25,6 17,4 18,3 20,9 1,05 0,88 0,83
IOF75N40 462,5 62,0 54,0 49,0 54,7 0,91 0,89 0,99
IOF75N20 450,4 50,8 43,4 47,2 45,7 1,09 1,03 0,95
ITF75N40 300,5 62,4 46,4 51,3 51,7 1,11 0,99 0,90
ITF75N20 287,2 47,4 45,8 54,9 40,7 1,20 1,35 1,12
EOF100N50 208,3 44,9 31,2 34,4 36,9 1,10 0,93 0,85
EOF100N25 163,2 31,5 22,5 31,4 26,4 1,40 1,19 0,85
ETF100N50 104,4 42,5 24,0 24,8 30,2 1,03 0,82 0,79
ETF100N25 80,7 30,2 18,6 22,6 22,0 1,22 1,03 0,85
IOF100N50 348,7 71,5 57,0 57,9 59,3 1,02 0,98 0,96
IOF100N25 331,3 55,0 45,8 56,3 47,2 1,23 1,19 0,97
ITF100N50 217,7 71,5 51,5 58,3 53,8 1,13 1,09 0,95
ITF100N25 201,6 52,0 47,8 66,3 41,3 1,39 1,61 1,16
EOF125N65 176,2 56,5 35,0 35,3 42,8 1,01 0,83 0,82
EOF125N32 132,7 40,0 24,4 29,7 30,7 1,22 0,97 0,79
ETF125N65 82,9 52,0 25,0 28,2 32,0 1,13 0,88 0,78
ETF125N32 64,5 36,5 20,0 23,4 23,3 1,17 1,00 0,85
IOF125N65 294,6 89,7 61,0 63,6 68,8 1,04 0,93 0,88
IOF125N32 284,6 66,2 49,9 57,4 53,7 1,15 1,06 0,93
ITF125N65 173,0 87,5 56,9 60,0 58,1 1,05 1,03 0,98
ITF125N32 165,8 61,0 49,0 64,1 44,6 1,31 1,43 1,10
EOF200N75 167,7 92,2 51,2 49,3 59,5 0,96 0,83 0,86
EOF200N37 137,6 57,7 37,4 43,7 40,7 1,17 1,08 0,92
ETF200N75 82,5 83,5 36,2 40,2 41,5 1,11 0,97 0,87
ETF200N37 67,7 56,9 30,7 31,2 30,9 1,02 1,01 0,99
IOF200N75 326,3 135,8 93,0 94,5 95,9 1,02 0,99 0,97
IOF200N37 311,6 100,2 75,1 91,2 75,8 1,21 1,20 0,99
ITF200N75 187,6 138,8 93,8 100,1 79,8 1,07 1,25 1,18
ITF200N37 179,3 99,5 74,7 99,8 64,0 1,34 1,56 1,16
EOF250N90 268,5 120,6 71,7 64,3 83,2 0,90 0,78 0,86
EOF250N45 222,2 79,9 52,7 61,3 58,8 1,16 1,04 0,89
ETF250N90 132,8 110,0 53,2 50,6 60,2 0,95 0,84 0,88
ETF250N45 108,9 76,5 45,0 46,9 44,9 1,04 1,04 1,00
IOF250N90 525,2 179,1 135,9 142,8 133,6 1,05 1,06 1,02
IOF250N45 514,0 135,0 104,9 132,3 106,9 1,26 1,23 0,98
ITF250N90 309,6 180,9 131,4 148,5 114,2 1,13 1,30 1,15
ITF250N45 300,0 135,0 126,0 148,4 93,1 1,18 1,59 1,35
EOF300N90 206,0 117,9 67,1 64,8 75,0 0,97 0,86 0,89
EOF300N45 177,1 81,9 50,9 62,5 56,0 1,23 1,11 0,91
ETF300N90 101,6 122,0 49,4 49,4 55,4 1,00 0,89 0,89
ETF300N45 87,8 83,7 44,0 45,4 42,9 1,03 1,06 1,03
IOF300N90 432,1 191,2 146,7 143,4 132,5 0,98 1,09 1,11
IOF300N45 423,8 163,4 112,1 134,6 117,9 1,20 1,14 0,95
ITF300N90 247,9 188,5 126,9 149,1 107,1 1,17 1,39 1,19
ITF300N45 241,4 153,0 125,6 144,6 93,6 1,15 1,54 1,33
26
Numa abordagem de cálculo baseada no conceito de esbelteza pretende-se a
obtenção dum parâmetro que relacione uma carga plástica com uma carga crítica.
Dada a natureza tridimensional do estado de tensões nas almas e nos banzos, a
determinação rigorosa da carga plástica constitui uma tarefa muito complexa. Assim,
investigou-se a possibilidade de utilizar um valor aproximado da carga plástica Ppl. A
carga plástica equivalente Py aqui utilizada baseia-se num modelo de charneira plástica
ao nível da alma (ver Figura 4) e é dada por,
h se IOF ou ITF 5
P = f (N + d) 4r ! + t ! − 2r % com d = *
h⁄2 se EOF ou ETF
(3)
27
χ EOF (a1) χ EOF (a2)
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
2 2
0,2 χ = 0,494/λ – 0,067/λ 0,2 χ = 0,534/λ – 0,069/λ
2 2
R = 0,93 R = 0,71
0,0 0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 λ 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 λ
Figura 5 – Curvas de dimensionamento: (a) EOF, (b) ETF, (c) IOF e (d) ITF obtidas com
base nos valores de Py e Pcr e (i) Pu,Num (a1, b1 c1 e d1) e (ii) Pu,Exp (a2, b2 c2 e d2)
28
A observação das curvas apresentadas na Figura 5 demonstra que o factor de redução
χ diminui de forma clara com o aumento do valor do parâmetro de esbelteza λ, o que
significa que a instabilidade contribui decisivamente para o colapso por esmagamento
da alma. Os valores reduzidos dos coeficientes de determinação R2 demonstram que a
carga plástica equivalente Py utilizada parece constituir um bom parâmetro para a
calibração das curvas. De acordo com as curvas apresentadas nas Figuras 5(a2), 5(b2),
5(c2) e 5(d2), relativas ao comportamento “real” (experimental) das vigas, a carga de
colapso por esmagamento da alma Pu das vigas estudadas é dada por,
9,:;< 9,9>?
P
= P − %
= =@
EOF: (5)
9,:A9 9,B9:
ETF: P
= P =
− =@
% (6)
9,:?9 9,9CB
P
= P − %
= =@
IOF: (7)
9,A9< 9,BBC
ITF: P
= P =
− =@
% (8)
29
E@ ×G×HI
P = k
B!(BJK@ )L
(9)
L ! Q ! L !
k = 3,1 + 1,8 % + % R0,6 + 3,0 % U
P L P
(10)
L !
% V1,58 + 0,84 % + 0,05 LY [
Q X
k = 1 +
Z
!L P
(11)
30
Tabela 9 – Comparação dos valores de carga crítica das vigas ITF
L h N t bf bf/h k Pcr,Est Pcr,Num Pcr,Est/
Viga
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm ) (-) (-) (kN) (kN) Pcr,Num
ITF75N40 263,8 74,5 40 3,84 40,4 0,54 2,14 298,9 300,5 0,99
ITF75N20 243,0 74,6 20 3,84 40,4 0,54 1,93 268,8 287,2 0,94
ITF100N50 350,0 99,3 50 3,83 50,5 0,51 2,12 219,6 217,7 1,01
ITF100N25 325,0 99,2 25 3,84 50,4 0,51 1,91 200,5 201,6 0,99
ITF125N65 440,0 125,0 65 3,84 65,7 0,53 2,13 177,0 173,0 1,02
ITF125N32 407,6 125,0 32 3,85 65,6 0,52 1,92 160,8 165,8 0,97
ITF200N75 675,2 198,7 75 4,72 75,9 0,38 2,01 195,3 187,6 1,04
ITF200N37 638,0 198,8 37 4,73 75,9 0,38 1,86 181,6 179,3 1,01
ITF250N90 838,4 249,6 90 6,01 89,9 0,36 2,00 318,9 309,6 1,03
ITF250N45 796,5 249,5 45 5,99 90,0 0,36 1,85 293,1 300,0 0,98
ITF300N90 990,0 298,8 90 6,00 91,1 0,30 1,95 258,5 247,9 1,04
ITF300N45 944,1 298,6 45 5,97 91,3 0,31 1,83 239,2 241,4 0,99
Média 1,00
Desvio Padrão 0,03
Como se pode observar através dos valores dos rácios Pcr,Est / Pcr,Num, e pela média e
desvio padrão dos mesmos (Tabelas (8) e (9)), as Equações (9), (10) e (11) fornecem
estimativas da carga crítica Pcr,Num bastante próximas dos valores numéricos (Pcr,Num).
31
Pu,Eurocódigo 3 (kN) Pu,AISI (kN)
250 250
200 200
50 50
Pu,Exp (kN) Pu,Exp (kN)
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
(a) (b)
Pu,Est
(kN)
250
200
IOF
150
ITF
100
50
Pu,Exp (kN)
0
(c) 0 50 100 150 200 250
Como se pode observar pela Figura 6, os valores das cargas de colapso estimados pelo
Eurocódigo 3 parte 1-3 (CEN(2006)) e pela norma norte americana AISI (2007) são
bastante não conservativos, quando comparados com os resultados experimentais.
Por outro lado, pode-se concluir que a metodologia de cálculo apresentada neste
artigo fornece resultados bastante mais próximos dos valores experimentais (Young e
Hancock (2001)).
4 Exemplo de aplicação
32
Trata-se de uma viga do tipo IOF (Interior One Flange) cuja largura de aplicação do
carregamento é N = 76,2 mm e cujas características geométricas são (i) altura da
secção (h) de 124,7 mm, (ii) largura do banzo (bf) de 35,7 mm, (iii) espessura da chapa
(t) de 1,245 mm, (iv) raio interior da dobra ou canto (ri) de 1,2 mm e (v) comprimento
(L) de 660,4 mm. A tensão de cedência do aço é fy = 250 MPa e assume-se que o
módulo de Young tem o valor E = 203 GPa e o coeficiente de Poisson ν = 0,3. O valor
experimental obtido por estes autores para a carga de colapso foi Pu,exp = 6,7 kN.
P = f (N + h) \4r ! + t ! − 2r ] =
Para o cálculo do valor da carga crítica aproximada Pcr,est, o passo inicial é obter o
coeficiente k, onde,
h ! N ! h !
k = 3,1 + 1,8 _ a + _ a V0,6 + 3,0 _ a [
L h L
124,7 ! 76,2 ! 124,7 !
= 3,1 + 1,8 _ a +_ a V0,6 + 3,0 _ a [ = 3,43
660,4 124,7 660,4
A carga crítica aproximada Pcr,Est resulta então,
π! × E × t ; π! × 203000 × 1,245;
P,GbH =k = 3,43 = 9738,9 N
12(1 − ν! )h 12 × (1 − 0,3! ) × 124,7
Em seguida, utilizando os valores obtidos anteriormente, calcula-se o parâmetro de
esbelteza λ, de acordo com as Equações (4),
P 15253,6
λ=f =f = 1,252
P 9738,9
33
Note-se que a abordagem de cálculo proposta fornece um boa estimativa da carga de
colapso obtida experimentalmente por Hetrakul e Yu (1978) dado que o rácio
Pu,exp/Pu,est = 6,7/6,5 = 1,03.
5 Conclusões
Agradecimentos
34
Referências bibliográficas
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Cold-formed Steel Structural Members, Washington DC, 2007.
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35
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TIMOSHENKO, S.P.; GERE, G.M. Theory of Elastic Stability, Second Edition, McGraw-
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ZETLIN, L. Elastic Instability of Flat Plates Subjected to Partial Edge Loads. Journal of
the Structural Division, ASCE Proceedings, v. 81, 1955.
36
Volume 3 Número 1 (Abril/2014) p. 37-50 ISSN 2238-9377
Resumo
Este trabalho apresenta a descrição e considerações a respeito do projeto, cálculo, fabricação
e início da montagem da estrutura de aço projetada para composição da fachada e da
cobertura da Arena da Amazônia, estádio em construção na cidade de Manaus, capital do
estado do Amazonas, com capacidade para cerca de 44 500 espectadores, e que será utilizado
na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Trata-se de uma estrutura moderna e arrojada, que
envolve completamente as arquibancadas do estádio e cria uma identidade visual específica e
única, integrando fachada e cobertura, e formando um arranjo harmônico que remete à ideia
de um cesto típico do artesanato amazonense.
Palavras-chave: estruturas de aço, estruturas de estádio, Arena da Amazônia
Abstract
This paper presents the description and important aspects regarding the design, fabrication
and erection of the steel structure of the Arena Amazonia, stadium under construction in the
city of Manaus - Brazil. This Stadium will be used in the 2014 World Cup and was designed to
accomodate about 44 500 viewers. Its conception is very modern and daring, with the steel
structure totally involving the seats, creating a specific and unique visual iddentity, integrating
façade and roof and forming an harmonic assembly that looks like a typical amazonian basket.
Keywords: steel structures, stadium structures, Arena Amazonia
1 Introdução
* Correspondent Author 37
específica de engenharia das estruturas de aço e membranas de fechamento para
cobertura e fachada foi desenvolvida pela última. A fabricação e a montagem da
estrutura de aço encontram-se sob responsabilidade da empresa portuguesa Martifer
Construções Metalomecânicas. As membranas, constituídas por fibra de vidro com
revestimento em PTFE (politetrafluoretileno), foram fabricadas na Alemanha pela
empresa Versaideg, e cortadas e costuradas nas dimensões projetadas, ainda na
Alemanha, pela empresa CENOTEC. Essa empresa também utilizou o suporte da
Universidade Técnica de Dresden para realização de testes de resistência mecânica no
material das membranas.Os aparelhos de apoio foram projetados e fabricados pela
empresa alemã Maurer Söhne.
38
Os espaços livres delimitados pela estrutura de aço serão preenchidos pelas
membranas já mencionadas anteriormente, que são sustentadas por um subconjunto
metálico formado por vigotas dentro de um contorno com as formas dos vazios,
conforme se vê na Fig. 2.
39
Para assegurar o comportamento global adequado, mantendo as deformações em
padrões aceitáveis, e a própria estabilidade da estrutura de aço, foi utilizado um anel
de compressão, formado por um conjunto de barras ligando todos os nós perimetrais
da extremidade superior da estrutura, e um anel de tração, com características
similares, no nível superior da arquibancada de concreto, onde existe a transição entre
a fachada e a cobertura. A estrutura é suportada em 36 pontos na base, por meio de
aparelhos de apoio esféricos e indeslocáveis lateralmente, especialmente projetados,
com capacidade de rotação de um grau em todas as direções.
40
Figura 4 – Modelo em escala 1:300 do estádio no túnel de vento
(fonte: GMP/SBP/Wacker Ingenieure)
41
de solicitação, de 800 mm a 2 500 mm, sendo que em uma mesma peça, essa altura
pode, ainda, não ser constante. A largura da mesa superior (w1) situa-se entre 800 mm
e 1 200 mm e sua espessura entre 12,5 mm e 16 mm. A largura da mesa inferior (w2)
fica entre 500 mm e 800 mm e a espessura entre 16 mm e 22,4 mm. A espessura das
almas (tw) varia entre 9,5 mm e 25 mm. Os perfis possuem diafragmas transversais
regularmente distribuídos com espessura de 12,5 mm e enrijecedores longitudinais
contínuos nas almas, conformados a frio com seção C, com 8 mm de espessura.
Nos anéis de compressão e de tração são também usados perfis caixão, de dimensões
menores, mostrados nas Fig. 5-b e 5-c, respectivamente. No anel de compressão, a
espessura das chapas (t) varia de 16 mm a 30 mm e, no anel de tração, de 12,5 mm a
30 mm.
Para composição dos perfis foi usada solda de filete, exceto na união da alma inclinada
das vigas do anel de compressão com as mesas, em que se usou solda de penetração
parcial.
42
Todas as chapas empregadas na fabricação dos perfis caixão são de aço ASTM A345-
Grau 50 ou equivalente. Esse tipo de aço também é utilizado nos perfis dos conjuntos
metálicos de suporte das membranas.
- 872 000 kg de aço nos conjuntos metálicos de sustentação da membrana (337 000 kg
na fachada e 535 000 kg na cobertura);
Em linhas gerais, as superfícies externas das peças de aço estão sendo preparadas por
jateamento abrasivo ao metal quase branco, de acordo com a norma internacional
ISO 12944-4:1998, utilizando abrasivos contendo partículas angulares (grit) e
rugosidade superficial Tipo G, Segmento 2-3, de acordo com a ISO 8503-1:1988.
Posteriormente, essas superfícies receberão as seguintes camadas de revestimento:
- tinta de fundo, em epóxi rico em zinco, com espessura da camada seca de 60 μm;
43
- tinta intermediária, em epóxi bicomponente com óxido de ferro micáceo, com
espessura da camada seca de 100 μm;
As partes internas das seções caixão não receberam revestimento, mas foram
fabricadas hermeticamente para que não ficassem suscetíveis à corrosão. Para
assegurar essa característica, antes de o revestimento externo ser aplicado, a
estanqueidade a ar de uma amostragem representativa das peças foi verificada por
meio de pressão de ar de 0,3 bar por 30 minutos, conforme se vê na Fig. 6.
44
chapas internas para enrijecimento, com acesso difícil para execução das suas soldas, e
sequência de montagem complexa, como mostra a Fig. 7, e também a Fig. 8, na qual se
vê sua fabricação.
45
a) Composição de perfil caixão b) Diafragma e enrijecedores longitudinais
Figura 9 – Detalhes da fabricação das vigas
Todas as emendas foram feitas com solda de penetração total e verificadas por ensaio
de ultrassom (Fig. 10).
46
A estrutura de aço, depois de fabricada, foi transportada por navios de Portugal (Porto
de Aveiro) até o porto de Manaus, em diversos embarques. As viagens duraram cerca
de 15 dias.
47
Até o momento da elaboração deste trabalho foram montados três conjuntos de "Xs"
(são 36 no total), na seguinte sequência (Fig. 13): 1) primeiro "X" de fachada, já com a
viga do anel de tração, apoiado na arquibancada; 2) segundo "X" de fachada, também
com a viga do anel de tração e apoiado na arquibancada, mantendo um espaço vazio
para o primeiro X; 3) terceiro "X" de fachada, sem a viga do anel de tração, apoiado na
arquibancada; 4) viga do anel de tração do terceiro "X" de fachada; 5) primeiro "X"
duplo da cobertura, já com a viga do anel de compressão, apoiado em um dos "X" de
fachada de extremidade e em torres provisórias; 6) segundo "X" duplo da cobertura, já
com a viga do anel de compressão, apoiado no outro "X" de fachada de extremidade e
em torres provisórias; 7) terceiro "X" duplo da cobertura, sem a viga do anel de
compressão, apoiado no X intermediário de fachada de extremidade e em torres
provisórias; 8) viga do anel de compressão do terceiro "X" duplo de cobertura.
48
torres provisórias, das quais 28 com massa de aproximadamente 20 000 kg e 4
(situadas nos cantos curvos do estádio) com massa de 30 000 kg. Na última etapa,
serão retirados os apoios horizontais provisórios dos nós de tração e executado o
rebaixamento simultâneo e a posterior remoção das torres temporárias. Finalmente, o
estádio será fechado com a instalação dos subconjuntos metálicos com a membrana,
apresentando a aparência mostrada na Fig. 14, onde ele encontra-se inserido
digitalmente no cenário em que se situará na cidade de Manaus.
5 Considerações finais
49
dificuldades, principalmente pelas necessidades de soldas de campo, no alto da
estrutura, em locais de difícil acesso e sob condições ambientais pouco favoráveis.
6 Referências bibliográficas
50
Volume 3 Número 1 (Abril/2014) p. 51-70 ISSN 2238-9377
RESUMO
As colunas em aço inoxidável têm em muitas situações secções transversais tubulares. Nestes
elementos estruturais é necessário considerar a possibilidade de ocorrência de fenómenos
de encurvadura, como a encurvadura por flexão no caso de colunas esbeltas e a encurvadura
local no caso de secções esbeltas. Estes fenómenos de instabilidade intensificam-se, como é
conhecido, na presença de temperaturas elevadas. Este trabalho tem como objetivo principal
apresentar um estudo numérico sobre o comportamento ao fogo de colunas tubulares em
aço inoxidável sujeitas a compressão axial e a flexão composta com compressão.
Palavras-chave: Fogo, Colunas, Aço inoxidável, Estudo numérico
ABSTRACT
The stainless steel columns have in many situations tubular cross-sections. In these structural
elements it is necessary to consider the possibility of buckling phenomena such as flexural
buckling in the case of slender columns and local buckling in the case of slender sections.
Such instability phenomena are intensified, as is known, in the presence of elevated
temperatures. This work aims to present a numerical study on the fire behavior of stainless
steel tubular columns subjected to axial compression and bending plus compression.
Keywords: Fire, Columns, Stainless steel, Numerical study
1 Introdução
Recentemente tem-se assistido a uma utilização crescente do aço inoxidável para fins
estruturais (EuroInox, 2006; Gardner, 2005; Estrada et al. 2007]. Embora inicialmente
mais caro que o aço carbono convencional, estruturas em aço inoxidável podem ser
competitivas devido à sua maior resistência ao fogo e menor custo do ciclo de vida,
contribuindo assim para uma construção mais sustentável.
* Correspondent Author 51
As classes de aço inoxidável podem ser divididas em cinco grupos, de acordo com sua
estrutura metalúrgica: o austenítico, ferrítico, martensítico, austenítico-ferríticos
(Duplex) e grupos por precipitação-endurecimento (EuroInox, 2006). Os aços
inoxidáveis austeníticos possuem uma boa combinação de resistência à corrosão,
propriedades de enformagem e de fabrico. Os aços inoxidáveis ferríticos têm menor
percentagem de Níquel, o que reduz o seu preço, continuando a ter relativamente
boa resistência à corrosão e resistência mecânica. Os aços inoxidáveis Duplex
(austenítico-ferríticos) têm altas resistências mecânicas e ao desgaste com muito boa
resistência à fissuração por corrosão. As classes mais usadas são as austeníticas
1.4301 (conhecida por 304) e 1.4401 (conhecida por 316). Os aços inoxidáveis
austeníticos são os grupos mais utilizados para aplicações estruturais, mas
recentemente tem crescido o interesse no uso dos aços ferríticos (Rossi, 2010) e
austeníticos-ferríticos (Huang e Young, 2012) para fins estruturais devido às
vantagens mencionadas anteriormente.
52
que resultou na proposta de formulações específicas para o dimensionamento destas
colunas mantendo a filosofia do EC3 (Lopes et al., 2010a).
2 Modelos numéricos
53
2.1 Casos de estudo
a) b) c)
54
As mesmas secções SHS100x100x4 e SHS200x200x4 nos três tipos de aço
mencionados são utilizadas também no estudo de elementos sujeitos a flexão
composta com compressão mas apenas à temperatura de 500 ºC. Foram analisadas
vigas-coluna com comprimentos de 3 m e sujeitas a diferentes diagramas de
momento fletor (ψ=1 correspondente a momento uniforme, ψ=0 correspondente a
um diagrama triangular e ψ=-1 correspondente a um diagrama bitriangular).
A lei constitutiva dos aços inoxidáveis é conhecida por possuir relações tensão-
extensão sempre não-lineares (EuroInox, 2006; Gardner, 2005). A relação tensão-
deformação σ (ε ) do aço inoxidável considerada neste estudo, foi a indicada na
Parte 1-2 do EC3 (CEN, 2005a) descrita na Tabela 2 e na Figura 2.
E ⋅ε (
E 1+ a ⋅ε b − a ⋅b ⋅ε b )
ε ≤ εc,θ 1+ a ⋅ε b (1 + a ⋅ ε )b 2
d (ε u ,θ − ε )
f 0.2 p ,θ − e + (d c ) c − (ε u ,θ − ε )
c c 2 − (ε u ,θ − ε )2
2
εc,θ < ε < εu,θ
2
f
u,θ
σ
α
f
0.2p,θ
E = tan α
ct,θ
E = tan α
a,θ
α
α
ε
ε k ε ε
c,θ u,θ
O aço inoxidável não tem uma tensão de cedência bem definida, sendo usualmente
considerado o limite convencional de proporcionalidade a 0.2%, f y = f 0.2 proof . Em
55
f y ,θ = f 2,θ , para os elementos de secções de Classe 1, 2 e 3. Para os elementos com
Para os modelos com elementos finitos de casca (colunas com secção de Classe 4), a
modelação do aço inoxidável foi feita considerando uma condição de estado plano de
tensão não-elástico, com base na superfície de von Mises e endurecimento isotrópico
(Doneux e Franssen, 2003).
O elemento finito de casca foi programado para ser utilizado com grandes
deslocamentos em condições de estado planos de tensão. Este elemento finito foi
56
introduzido pela primeira vez para materiais elásticos e, posteriormente, para a lei
constitutiva elasto-plástico bidimensional (Doneux e Franssen, 2003). A mesma
formulação usada no aço carbono foi aplicada para o aço inoxidável.
L πx
y = 0,8 sin (1)
750 L
Nas colunas SHS200x200x4 para além das imperfeições globais obtidas com a mesma
expressão (1), foram consideradas também imperfeições locais com uma amplitude
máxima de 0,8b/100 (sendo b a dimensão em largura do tubo). A Figura 1 apresenta
estas imperfeições de forma ampliada.
57
De acordo com a Parte 1-5 do EC3 deve ser introduzida no modelo numérico uma
combinação das imperfeições, em que se escolhe uma imperfeição principal e as
imperfeições de acompanhamento poderão ter os valores reduzidos para 70%.
Análises prévias concluíram que não existe significativa influência na consideração da
combinação com a redução de 70%. Por conseguinte, foi aplicada no estudo
numérico a adição simples das imperfeições.
Nos presentes modelos numéricos adotaram-se nas zonas dos cantos tensões
resistentes aumentadas de acordo com Ashraf et al. (2005). De acordo com esta
proposta, considerou-se que as tensões aumentadas estavam localizadas nos cantos
da secção e que se estendiam a uma distância igual a duas vezes a espessura destas.
A tensão do limite convencional de proporcionalidade nos cantos é dada por (Ashraf
et al., 2005)
1,881σ 0.2.v
σ 0, 2.c = (2)
(ri t )0,194
58
em que σ 0.2, v é a tensão da parte central da placa
Figura 4 – Consideração das tensões de canto aumentadas nas cargas últimas das
colunas em aço inoxidável da classe 1.4301.
Para colunas em aço inoxidável sujeitas a temperaturas elevadas, a Parte 1-2 do EC3
refere que deve ser utilizada a mesma formulação prescrita para elementos de aço
carbono. De acordo com a EN 1993-1-2, o esforço axial resistente é
1
N fi ,b, Rd = χ fi Af y ,θ
γ M , fi
(3)
59
sendo A:
1
χ fi = (4)
φθ + (φθ ) 2
( )
− λθ
2
com
φθ =
1
2
[1 + αλθ + (λθ )
2
] (5)
0 ,5
ky
λ θ = λ ,θ (7)
k E ,θ
de Classe 4.
Com base num estudo anterior (Lopes et al., 2010a) realizado em colunas de secção
em I de Classe 1 e 2 foi desenvolvida a proposta que se apresenta neste ponto. A
formulação principal do EC3 mantém-se modificando os seguintes parâmetros:
1
χ fi = (8)
(φθ ) − β (λ θ )
2
φθ + 2
com
φθ =
1
2
[
1 + αλθ + β (λθ )
2
] (9)
60
Em que β vale 1,0 para encurvadura no eixo forte e 1,5 para encurvadura no eixo
fraco. No presente trabalho realizado em secções quadradas utilizou-se β = 1,0 .
235 E k E ,θ
α =η (10)
f y 210000 k y ,θ
em que η é igual a 1,3 para todas as classes de aço inoxidável exceto para a classe
1.4462 em que toma o valor de 0,9.
Com vista a facilitar a utilização destas fórmulas por parte de projetistas é proposta
uma simplificação da anterior formulação que garanta a segurança e um nível de
precisão satisfatório no dimensionamento destes elementos. A única alteração às
expressões do EC3 é apenas no fator de imperfeição que passa a ser dado por
a) b)
61
inoxidável. Neste trabalho analisou-se o comportamento da proposta desenvolvida
por Ng e Gardner (2007).
φθ =
1
2
[
1 + α (λθ − 0,2 ) + (λθ )
2
] (12)
Nos gráficos comparam-se as curvas obtidas utilizando a Parte 1-2 do EC3 “EN1993-1-
2” (ponto 3.1.1), a proposta desenvolvida para colunas com secção em I de Classes 1
e 2 “Proposta para perfis I” (ponto 3.1.2) e a proposta desenvolvida por Ng e Garnder
“Ng e Gardner, 2007” (ponto 3.1.3) com os resultados obtidos para a secção
SHS100x100x4 (Figura 6) e para a secção SHS200x200x4 (Figura 7).
62
Conclui-se que para colunas com secções tubulares pouco esbeltas o EC3 fornece
boas aproximações aos resultados numéricos. No entanto, para colunas curtas em
aço 1.4462 a proposta desenvolvida por Ng e Gardner (2007) é mais precisa. A
proposta desenvolvida para perfis em I é demasiado conservativa para todos os tipos
de aço inoxidável.
63
aplicação destas diferentes formulações a vigas-coluna com secções tubulares
quadradas.
O EC3 (CEN, 2005a) preconiza que a verificação da segurança deve ser feita com as
mesmas expressões utilizadas em elementos de aço carbono, que são
N fi , Ed M i , fi , Ed
+ ki ≤1 (13)
fy fy
χ i , fi Ak y ,θ Wi k y ,θ
γ M , fi γ M , fi
µ iθ N fi , Ed
k y = 1− ≤3 (14)
fy
χ i , fi Ak y ,θ
γ M , fi
em que,
Com base em estudos recentes (Lopes et al., 2012) foram desenvolvidas novas
fórmulas, para a determinação da resistência ao fogo de vigas-coluna em aço
inoxidável.
64
µ y ,θ N fi , Ed
K y , fi = 1 − com K y , fi ≤ 0,8λ y ,θ + 0,9 e K y , fi ≥ µ y ,θ − 0,5 (17)
fy
χ y , fi Ak y ,θ
γ M , fi
65
- da proposta desenvolvida para secções em I das Classes 1 e 2 “Proposta para perfis
I”, considerando a curva de encurvadura obtida numericamente (Lopes et al., 2012).
a)
b)
c)
Figura 9 – Vigas-coluna com a secção SHS100x100x4 de Classe 2 a 500 ºC: a) aço
66
Ψ=1
Ψ=0 Ψ=-1
a)
Ψ=1
Ψ=0 Ψ=-1
b)
Ψ=1
Ψ=0 Ψ=-1
c)
Figura 10 – Vigas-coluna com a secção SHS200x200x4 de Classe 4 a 500 ºC: a) aço
67
5 Conclusões
Para vigas-coluna sujeitas a flexão composta com compressão axial conluiu-se que:
iii) o EC3 apresenta de forma geral resultados seguros mas pouco precisos,
principalmente para secções de Classe 4;
Dos resultados obtidos neste trabalho percebe-se que são necessários mais estudos
para melhor se aferir o comportamento à encurvadura por flexão dos elementos
estudados neste trabalho. Concluiu-se também que os elementos em diferentes
68
classes de aço apresentam diferente comportamento e que esse comportamento
deve ser tido em consideração em futuros desenvolvimentos de formulações de
cálculo simplificado. As curvas de interação podem também ser melhoradas
principalmente para diagramas de momento diferentes do de momento uniforme.
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70
Volume 3 Número 1 (Abril/2014) p. 71-88 ISSN 2238-9377
Resumo
O presente trabalho propõe duas soluções analíticas diferentes para o cálculo da carga crítica
elástica de torres de telecomunicações em aço, constituídas por troços rectos de secção circular
oca com diâmetros diferentes, e sujeitas a uma carga axial concentrada no seu topo. Estas
soluções foram obtidas por um método energético, com base em diferentes configurações da
deformada transversal da torre. A comparação entre os seus resultados e os obtidos por via
numérica mostram que estas soluções analíticas oferecem uma boa alternativa para o cálculo
da carga crítica, sobretudo no caso da segunda solução, que fornece muito bons resultados
para uma gama geométrica de torres mais alargada, com variações importantes de inércia.
Palavras-chave: Carga crítica elástica / Colunas de secção variável / torres de telecomunicações.
Abstract
This paper suggests two different analytical solutions for the evaluation of the elastic critical
load of steel telecommunications towers, consisting of straight segments made of circular
hollow sections with different diameters, and subjected to a concentrated axial load at the top.
These solutions were obtained by means of an energy method, based on different deformed
configurations of the tower. The comparison between their results and those obtained by
numerical methods shows that these analytical solutions offer a good alternative to the
calculation of the critical load, especially in the case of the second solution, which provides
very good results for a wider geometric range of towers, with important variations of inertia.
Keywords: Elastic stability / buckling load/ non-uniform columns / multi-step towers.
1 Introdução
* Correspondent Author 71
Uma solução possível para este problema reside na utilização de métodos de cálculo
numéricos, baseados na técnica dos elementos finitos por exemplo (Baptista, 1994).
Contudo, os programas de cálculo com uma formulação específica para elementos
finitos de inércia variável, que permitam determinar a carga crítica elástica ou a carga
máxima desses elementos estruturais (Baptista, 1997), não se encontram, em geral, à
disposição da generalidade dos projectistas.
Outra solução para o cálculo da carga crítica de pilares de inércia variável consiste na
utilização de expressões analíticas que forneçam o seu valor em função dos principais
parâmetros que influenciam a estabilidade destes elementos (Baptista e Muzeau,
2001; Baptista, Muzeau e Boissonnade, 2002). Embora a dedução destas soluções
analíticas seja um problema clássico da análise da estabilidade de estruturas
(Timoshenko, 1936; Bleigh, 1952), as equações que têm vindo a ser propostas são por
vezes bastante complexas (Gere, 1963; Garth Smith, 1988; Li, 2001c; Darbandi,
Firouz-Abadi e Haddadpour, 2010; Ermopoulos, 1999) e não permitem isolar os
principais parâmetros que influenciam a estabilidade destes elementos.
O presente trabalho propõe duas soluções analíticas distintas para o cálculo da carga
crítica destes elementos estruturais. A sua introdução numa folha de cálculo permite
a obtenção imediata do resultado procurado, em função dos principais parâmetros
que condicionam o seu valor. A sua validação é evidenciada neste trabalho através da
comparação dos seus resultados com os fornecidos por cálculos numéricos.
72
2 Estudo das torres de telecomunicações
73
A verificação da resistência destas estruturas passa, assim, pela avaliação da sua
carga crítica, quando submetidas a cargas verticais devidas ao peso próprio da torre e
dos equipamentos nela instalados.
(a) (b)
Figura 2 – Aspecto de uma coluna de secção transversal poligonal,
com diagonal linearmente variável ao longo da sua altura (a)
e de uma coluna constituída por troços rectos de secção circular oca (b)
74
O presente trabalho baseia-se num método analítico de dedução da carga crítica de
torres de inércia variável, sujeitas a diferentes tipos de carregamentos, com base no
qual foram deduzidas expressões analíticas para o cálculo da carga crítica do segundo
tipo de monopolos, Figura 2 (b).
Figura 3 – Aspecto de uma junta entre dois troços rectos de secção circular oca
No caso particular das colunas constituídas por troços rectos com diâmetros
diferentes, Timoshenko (1936) propôs duas soluções distintas para o cálculo da carga
crítica de colunas deste tipo com dois troços diferentes e sujeitas a uma carga axial
no topo da coluna, Figura 4 (a).
Pcr.var = m E I 2 l 2 (1)
75
(a) (b) (c)
Figura 4 –Colunas constituídas por dois troços rectos com secções transversais
diferentes (a), com n troços rectos, sujeita a carga axial concentrada no seu topo (b),
e com n troços rectos, sujeita a carga transversal concentrada no seu topo (c)
A segunda solução, fornecida pela Eq. (2), foi deduzida através de um método
energético, considerando a hipótese de a deformada da coluna, Figura 4 (a), ser
representada pela Eq. (3):
π2 E I2 1
Pcr . var =
l2 l1 I 2 1 I 2 π l
2
4l (2)
+ − − 1 sen 2
l l I1 π I1 l
π x
y = δ 1 − cos
(3)
2 l
π 2 E I1
Pcr . var = k n ,1 (4)
4 L2
em que:
76
1
k n,1 =
1 n−1 1 1
β i + sen (π β i )
1
I1 + ∑ − (5)
I n i=1 I i I i+1 π
i
βi = ∑α k (6)
k =1
α k = Lk L (7)
Tabela 1
Diferenças relativas entre os resultados da Eq. (4) e os resultados numéricos
Diferença
L1=L2 Pcr . var ( N ) Pcr . var ( N )
Coluna A2 / A1 I2 / I1 Relativa
(mm) (4) Sol. numérica (%)
1 20000 1,00000 1,00000 5466900 5461954 0,09
2 20000 0,90474 0,91378 5374763 5368940 0,11
3 20000 0,80842 0,82468 5263588 5255093 0,16
4 20000 0,71105 0,73262 5126931 5112862 0,28
5 20000 0,61263 0,63754 4955068 4930675 0,49
6 20000 0,51316 0,53938 4732599 4690010 0,91
7 20000 0,41263 0,43807 4433612 4363267 1,61
8 20000 0,31105 0,33355 4010846 3884002 3,27
9 20000 0,25987 0,28006 3726413 3562007 4,62
É possível constatar que a Eq. (4) fornece valores muito próximos dos da solução
numérica quando as relações I 2 I1 são próximas de 1, ou seja, quando a coluna é
relativamente próxima de uma coluna de secção constante (caso em que I 2 I1 = 1 ).
Porém, à medida que a variação de inércia entre as secções transversais dos dois
troços é mais significativa, a diferença entre as duas soluções aumenta rapidamente,
pelo que os resultados da Eq. (4) são menos satisfatórios.
77
4 Análise da deformada transversal das colunas de inércia variável
A fim de se tentar ultrapassar esta limitação, foi decidido recorrer de novo ao mesmo
método energético para o cálculo da carga crítica deste tipo de colunas de inércia
variável, utilizando outras funções que se adaptassem melhor à sua deformada
transversal.
78
próprio de equipamentos colocados nesta zona, tais como antenas e respectivas
interfaces de suporte, Figura 1 (a);
provocada por uma carga transversal Q concentrada no seu topo, Figura 4 (c). Esta
x
Se β i −1 ≤ ≤ βi :
L
1 x 2 x
3 − + L
Q L3 I1 I i L (8)
yi ( x ) =
L
2 i −1
1 2 x
L + ∑ I − I β k (3 − β k ) + 3 β k (2 − β k ) L − β k
3 E I1
1
k =1 k k +1
em que o índice i se refere a cada um dos troços da torre, tomando valores entre 1 e n ,
sendo β 0 = 0 e β n = 1 .
O termo δ1 = Q L3 ( ) (3E I ) , que funciona nesta Eq. (8) como um factor de escala,
1
79
(ou I k I1 ) entre os momentos de inércia da secção transversal do troço 1 e de cada
um dos troços k ( k = 1, i ) situados abaixo ou ao nível da secção localizada à cota x
em questão, e ii) das relações β k entre as cotas dos topos de cada um dos troços,
situados abaixo da secção localizada à cota x , e a altura total da torre, L .
A fim de ilustrar a influência destes dois parâmetros, as Figuras 5 (a) e 5 (b) mostram
diferentes configurações de deformadas transversais de colunas constituídas por dois
troços, com L1 L = 0,5 ou L1 L = 0,25 respectivamente, e secções transversais com
diferentes relações I 2 I1 .
1,0 1,0
x/L x/L
0,9 β1=0,5 0,9
0,8 0,8
I2/I1=1; 1-cos β1=0,25
0,7 I2/I1=1 0,7
I2/I1=0,9138
0,6 0,6 I2/I1=1; 1-cos
I2/I1=0,8247
I2/I1=1
0,5 I2/I1=0,7326 0,5 I2/I1=0,9138
0,4
I2/I1=0,6375 0,4 I2/I1=0,8247
I2/I1=0,5394 I2/I1=0,7326
0,3 I2/I1=0,4381 0,3 I2/I1=0,6375
I2/I1=0,5394
0,2 I2/I1=0,3335 0,2
I2/I1=0,4381
I2/I1=0,2801 I2/I1=0,3335
0,1 0,1
y/δ1 I2/I1=0,2801 y/δ1
0,0 0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
(a) (b)
Figura 5 – Colunas constituídas por dois troços com β1 = L1 L = 0,5 (a) e
com β1 = L1 L = 0 ,25 (b), e diferentes secções transversais
1,0 1,0
x/L x/L
0,9 0,9
I2/I1=0,7326 I2/I1=0,2801
0,8 0,8
0,7 0,7
β1=1 β1=1
0,6 0,6
β1=0,9 β1=0,9
0,5 β1=0,8 0,5 β1=0,8
0,4 β1=0,7 0,4 β1=0,7
β1=0,6 β1=0,6
0,3 β1=0,5 0,3
β1=0,5
0,2 β1=0,4 0,2 β1=0,4
β1=0,3 β1=0,3
0,1 0,1
β1=0,2 y/δ1 β1=0,2 y/δ1
0,0 0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
(a) (b)
Figura 6 – Colunas constituídas por dois troços com diferentes comprimentos
relativos, e secções transversais iguais em cada um dos troços
80
É possível constatar que a influência desta relação I 2 I1 é tanto mais acentuada
quanto mais curto for o primeiro troço, em relação à altura total da torre. Além disso,
estas duas figuras permitem constatar a excelente concordância entre a deformada
de uma coluna de secção uniforme ( I 2 I1 = 1 ) e a representação da deformada
definida pela Eq. (3): y = δ (1 − cos (π x 2 l )) , quando a sua amplitude máxima é igual
à deformação transversal máxima no topo da torre de secção uniforme (ou seja,
quando δ = δ1 ), facto que explica a conformidade da solução numérica (Tabela 1)
com a fornecida pela Eq. (4) e, consequentemente, com a solução de Euler,
( )
Pcr = π 2 E I 4 L2 , que coincide com este caso particular de aplicação da Eq. (4),
Por sua vez, as Figuras 6 (a) e 6 (b) mostram diferentes configurações de deformadas
transversais de colunas constituídas por dois troços com diferentes comprimentos
relativos (ou seja com diferentes relações β1 = L1 L ), cujas secções transversais
mantêm as mesmas relações de inércia, I 2 I1 = 0 ,7326 e I 2 I1 = 0,2801 , nos casos da
Figuras 6 (a) e 6 (b), respectivamente.
Faz-se notar que as deformadas transversais das colunas indicadas na Tabela 1 são
representadas, sob forma adimensional, pelas curvas apresentadas na Figura 5 (a).
Sendo assim, comparando as deformadas indicadas na Figura 5 (a), com as
apresentadas na Figura 5 (b) ou na Figura 6 (b), conclui-se que os desvios no valor da
carga crítica fornecido pela Eq. (4) para as colunas indicadas nestas duas figuras
poderão ser ainda mais importantes que os indicados na Tabela 1.
81
5 Carga crítica de uma torre submetida a uma carga axial concentrada
π 2E I1
Pcr . var = kn , 2 (9)
4 L2
I 2
n −1
I 2
vn = an + ∑ ai 1 − i + 2 bi ci+1 − ci i +b i (β i+1 − β i ) (10)
i =1
I I i+1
i+1
2
I βi 3 βi 4 β i 5
ai = 1 − + (11)
3 4 20
Ii
i
I I β
bi = ∑ 1 − k 1 1 − k β k (12)
k =1 I k +1 I k 2
I 1 β 2
ci = 1 − i β i (13)
Ii 2 6
I1 i−1 I1
2
(d i − ei−1 ) (β i − β i−1 ) − (d i − ei−1 ) f i − f i−1 + ∑ rki + g i − g i−1 + K
2
I i k =1 Ii
n
un = ∑
i − 2 i −1 (14)
i =1
i −1
K+ s + t + 2
i −1
∑ ki ∑ ki ∑ ∑ kji
k =1 j = k +1
w
k =1 k =1
i
I I β
+ ∑ 1 − k 1 1 − k (1 − β k ) β k
1 I1
d i = ei − (15)
3 I n k =1 I k +1 I k 2
i
I
ei = ∑ ck 1 − k (16)
k =1 I k +1
82
I1 β i β i 3
f i = 1 − (17)
Ii 4 3
2
I 1 βi βi 2 βi5
gi = 1 − + (18)
5 9 63 4
Ii
I β
hi = 1 1 − i β i (19)
Ii 2
I I
[ ]
rij = 1 1 − i (β j − β i ) − (β i − β j −1 ) hi
2 2
(20)
I i I i+1
I I 3 + βi
sij = 1 1 − i ( β
) (
β j − β j −1 − i β j − β j −1 −
4 4 3 3 1
) (5
β j − β j −1 hi
5
) (21)
I i I i+1 12 3 15
I (β − β j −1 ) − (β i − β j ) 2
2 3 3
tij = 1 − i i hi (22)
I i+1 3
2 β β j + βk β i−1 β j + β k
I k I j β i i − − β i−12 − + K
wkji = hk h j 1 − 1 −
3
3 2 2 (23)
I k +1 I j +1 K + (β − β ) β β
i i −1 j k
Faz-se notar que, apesar de a expressão analítica do cálculo da carga crítica da torre,
através das Eqs. (9) a (23), ser relativamente complexa, estas equações podem ser
introduzidas numa folha de cálculo e fornecer, assim, uma solução imediata do
problema, em função dos parâmetros β i e das relações entre as inércias das
83
As Figuras 7 (a) e 7 (b) representam a forma da deformada transversal de cada uma
das últimas seis colunas indicadas na Tabela 2, a qual se supõe ser geometricamente
idêntica à forma do seu primeiro modo de instabilidade quando submetidas a uma
carga axial concentrada no seu topo. É possível constatar que estas deformadas
transversais diferem consideravelmente da deformada transversal de uma coluna
uniforme ( β = 1 ) com uma secção igual à do primeiro troço de cada uma das outras
colunas, pelo que estes exemplos são bastante mais gravosos que os anteriormente
considerados, na Tabela 1 e na Figura 5 (a).
1,0 1,0
x/L x/L
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
β=1 β=1
0,4 β=0,4; 0,7; 0,9; 1
0,4
β=0,4; 0,7; 0,9; 1
0,3 β=0,25; 0,5; 0,75; 1 0,3
β=0,25; 0,5; 0,75; 1
0,2 β=0,1; 0,3; 0,6; 1 0,2
Ii+1/Ii=0,6 β=0,1; 0,3; 0,6; 1
Ii+1/Ii=0,4
0,1 0,1
I4/I1=0,216 y/δ1 I4/I1=0,064 y/δ1
0,0 0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
(a) (b)
Figura 7 – Deformadas transversais de colunas constituídas por quatro troços com
relações de inércias entre secções consecutivas I i +1 I i = 0,6 (a) e I i +1 I i = 0,4 (b)
Para além dos resultados obtidos por via numérica e dos fornecidos pelas duas
soluções analíticas propostas neste artigo, representadas pela Eq. (4) e pela Eq. (9)
respectivamente, a Tabela 2 apresenta também, para efeitos comparativos, as
diferenças relativas entre os resultados de cada uma das soluções analíticas e os
resultados numéricos.
84
Faz-se notar que as dimensões das secções transversais de cada troço são iguais para
cada grupo de três colunas com a mesma relação I i +1 I i , mas são diferentes entre
diferentes), pelo que os valores absolutos das cargas críticas de colunas pertencentes
a grupos diferentes não são comparáveis entre si. Dentro de um mesmo grupo,
constata-se que a carga crítica é em geral mais elevada quando o comprimento do
primeiro troço (de maior inércia) é mais longo (ver Tabela 2).
Ainda assim, a Eq. (4) constitui uma boa alternativa, quando a variação de inércia
entre os diferentes troços é menos acentuada, como acontece no caso das primeiras
três colunas, que apresentam uma relação I 4 I1 = 0 ,83 = 0 ,512 .
Tabela 2
Diferenças relativas entre os resultados das soluções analíticas,
fornecidas pela Eq. (4) e pela Eq. (9), e os resultados numéricos
2 0,8 0,40 0,30 0,20 0,10 576604 576273 -0,06 577731 0,20
3 0,8 0,10 0,20 0,30 0,40 455053 455530 0,10 456001 0,21
4 0,6 0,25 0,25 0,25 0,25 806244 827703 2,66 809637 0,42
5 0,6 0,40 0,30 0,20 0,10 1045380 1059465 1,35 1049044 0,35
6 0,6 0,10 0,20 0,30 0,40 586528 599515 2,21 588506 0,34
7 0,4 0,25 0,25 0,25 0,25 402253 446947 11,11 405708 0,86
8 0,4 0,40 0,30 0,20 0,10 702037 745305 6,16 707574 0,79
9 0,4 0,10 0,20 0,30 0,40 233458 253015 8,38 234752 0,55
85
6 Conclusões
A primeira solução, obtida com base num método energético, a partir de uma
configuração clássica da deformada transversal da torre (idêntica à adoptada por
Timoshenko, 1936) fornece bons resultados se a variação de inércia entre secções for
pequena, e a sua deformada transversal for próxima da de uma coluna de secção
uniforme; caso contrário, os resultados podem apresentar diferenças importantes
em relação ao valor de referência da carga crítica, obtido através de um cálculo
numérico.
Em alternativa, foi proposta uma segunda solução analítica, também deduzida com
base num método energético, a partir de uma configuração deformada da torre mais
bem adaptada à deformação transversal real da torre. A expressão analítica desta
configuração deformada, que se considerou ser próxima da provocada por uma carga
transversal concentrada no seu topo, é também apresentada neste trabalho.
Esta conclusão permite validar não só esta segunda solução analítica, que promete
uma potencialidade de aplicação mais vasta em termos da geometria da torre, mas
também a metodologia seguida na sua dedução, através do recurso a deformadas
resultantes de carregamentos transversais proporcionais aos carregamentos axiais a
que a torre se encontra sujeita.
Esta metodologia está na base de outras soluções obtidas pelo autor para este
género de torres, quando submetidas a outros tipos de carregamentos axiais,
concentrados ou distribuídos.
86
7 Agradecimentos
8 Referências bibliográficas
87
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Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil,
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88
Volume 3 Número 1 (Abril/2014) p. 89-108 ISSN 2238-9377
Resumo
Os tabuleiros suspensos axialmente de pontes atirantadas e do tipo “bowstring” apresentam
indiscutíveis vantagens estéticas e de simplicidade construtiva. A existência de um único plano
de cabos de suspensão ao eixo do tabuleiro cria contudo um conjunto de dificuldades em
relação aos tabuleiros com suspensão lateral, nomeadamente devido à maior deformabilidade
sob acções excêntricas das sobrecargas e à estabilidade estática e aerodinâmica do tabuleiro.
Referem-se neste artigo os aspectos de concepção e da análise de estabilidade estática e
aerodinâmica de tabuleiros mistos aço-betão com suspensão axial.
Palavras-chave: Ponte de tirantes; Ponte “bowstring”; Suspensão axial; Tabuleiro misto aço-
betão; Estabilidade do tabuleiro.
Abstract
Cable-stayed and bowstring bridges with axial suspended decks present indisputable aesthetic
advantages and construction simplicity. However, the existence of a single plan of stays at the
deck axis creates a set of new issues when compared to lateral suspended solution,
particularly due to increased deformability under eccentric live loads and buckling and
aerodynamic stability of the deck. This article presents the aspects of design and the buckling
and aerodynamic stability analysis of composite steel-concrete decks with axial suspension.
Keywords: Cable-stayed bridge; Bowstring bridge; Axial suspension; Composite steel-concrete
deck; Deck stability.
1 Introdução
Um tabuleiro atirantado com suspensão axial possui um único plano de tirantes (Fig. 1)
ou de pendurais (no caso de uma ponte em “bowstring”) localizado ao eixo da
superstrutura. Este tipo de suspensão apresenta inquestionáveis vantagens estéticas,
porque não existe cruzamento visual dos tirantes quando a ponte é vista de viés. Por
outro lado, o número de ancoragens é reduzido a metade, em relação a um tabuleiro
* Correspondent Author 89
com suspensão lateral. Como desvantagens, pode referir-se a necessidade de utilizar
uma secção com largura acrescida para conseguir inserir o plano de tirantes ao eixo do
tabuleiro, a necessidade a plataforma rodoviária em duas faixas de rodagem com
separador central (com a eventual introdução de bermas interiores) e, do ponto de
vista estrutural, a quase inevitabilidade de adopção um tabuleiro em caixão, embora
para tabuleiros com pequenos vãos a laje vazada possa ser utilizada (Reis, 2001).
2 Concepção
A utilização de um tabuleiro
com suspensão axial deve ter
em consideração os seguintes
aspectos (Fig. 1):
(c) estabilidade aerodinâmica Fig. 1 Tabuleiro com suspensão axial: (a) Sobrecargas
excêntricas; (b) Estabilidade estática sob acção da
do tabuleiro. compressão dos tirantes, e (c) Estabilidade
aerodinâmica do tabuleiro
90
Para efeitos do comportamento estático, no caso de pontes com tirantes ou com
pendurais pouco espaçados, o tabuleiro funciona como uma viga sob fundação elástica
e os momentos flectores induzidos pelas cargas permanentes são muito pouco
influenciados por essa rigidez. As sobrecargas tendem a induzir momentos flectores
que são proporcionais ao parâmetro (EI/k)1/2 em que EI é a rigidez de flexão do
tabuleiro e k a rigidez da “fundação” a qual corresponde à rigidez vertical conferida
pelos tirantes. Aliás, as linhas de influência dos momentos flectores no tabuleiro são
características das vigas sobre fundação elástica (Walther, 1985).
A secção transversal mista mais eficiente para um tabuleiro com suspensão axial é um
caixão unicelular, em que transmissão das forças dos tirantes às almas é feita por
diagonais metálicas do tipo utilizado nas pontes com tabuleiro em betão pré-esforçado
(Fig. 2). Contudo, esta solução é muito menos utilizada nos tabuleiros mistos do que a
solução bi-viga, a qual requer necessariamente uma suspensão lateral. O peso próprio
dos tabuleiros mistos por m2 de superfície não é, no entanto, mais elevado nas secções
em caixão do que nas secções bi-viga com suspensão lateral (Fig. 3). O valor médio é
da ordem dos 8,2 kN/m2. O peso da estrutura metálica do tabuleiro, não é também
mais elevado nas secções em caixão do que nos tabuleiros bi-viga que requerem uma
suspensão lateral (Fig. 4). Esse peso encontra-se normalmente entre os 125 e
300 kg/m2 para tabuleiros atirantados mistos, e apresenta um valor médio da ordem
dos 213 kg/m2, para o conjunto de configurações de tabuleiro e de suspensão – lateral
ou axial (Pedro, 2013).
Peso próprio do tabuleiro [kg/m2] Tabuleiros rodoviários - duas viga I Tabuleiros rodoviários - quatro viga I treliça plana
Tabuleiros rodoviários - caixão Tabuleiros rodo-ferróviários - em treliça
1400
caixão
1000
duas vigas I
quatro vigas I
600
0 100 200 300 400 500 600 700
vão principal [m]
Fig. 3 Peso próprio dos tabuleiros mistos atirantados (kg/m2) em função do vão (m)
treliça plana
400
caixão
quatro vigas I
0
0 100 200 300 400 500 600 700
vão principal [m]
Fig. 4 Peso de aço estrutural dos tabuleiros mistos atirantados (kg/m2) em função do vão (m)
As duas soluções que se propõem para tabuleiros mistos com suspensão axial, quer
para pontes de tirantes, quer para pontes em “ bowstring”, são as secções triangular
com 3 almas, como no caso da secção da Fig. 5(c), ou as secções trapezoidais com 3
banzos superiores (Fig. 7). Atente-se que a quantidade de aço na solução triangular da
Fig. 5(c), com área metálica média de 0,583 m2, é da ordem do valor médio referido
0,583 m2x7850 kg/m3 / 21,5 m= 213 kg/m2. Uma outra alternativa, em termos de
secção transversal para as pontes com suspensão axial, consiste na utilização de almas
treliçadas e banzos em betão armado pré-esforçado, como se apresenta na Fig. 6.
O esforço axial no tabuleiro depende das forças instaladas nos tirantes, que são
proporcionais à carga permanente G do tabuleiro e ao afastamento a entre tirantes ao
nível do tabuleiro (por exemplo, o esforço axial total no tabuleiro é Ntotal = G L2/ (8H)
para uma suspensão em leque e Ntotal = G L2/ (4H) para uma suspensão em harpa, em
que L é o vão principal e H a altura do mastro acima do tabuleiro).
Modelando um tabuleiro como um tubo rectangular com uma área homogeneizada A,
a inércia do tabuleiro para um coeficiente de homogeneização médio de 11, é da
ordem de I≈0,2 Ah2. Para tabuleiros de betão pré-esforçado em caixão monocelular,
92
Comprimento total = 200 m
(a)
este valor tende a ser um pouco superior (I ≈ 0,25 Ah2). A área A da secção, e
consequentemente o peso próprio do tabuleiro por unidade de comprimento, não são
muito influenciadas pela altura h do tabuleiro.
Da modelação como viga sobre fundação elástica, conclui-se que os momentos
flectores no tabuleiro são proporcionais a I ½, ou seja, são proporcionais a h. O módulo
de flexão inferior é da ordem de Wi= 0,3 Ah , ou seja, as tensões de flexão no banzo
metálico inferior, devidas a M , são muito pouco influenciadas pela altura do tabuleiro.
Em conclusão, a altura h do tabuleiro, não influencia muito as tensões normais no
banzo inferior devidas aos efeitos de flexão com esforço axial. E, em consequência, a
altura h da secção de um tabuleiro com suspensão axial é fundamentalmente
dependente da deformabilidade transversal sob acção das sobrecargas,
nomeadamente do comportamento à torção, da estabilidade estática em flexão ou
torção e da estabilidade aerodinâmica.
Uma outra possibilidade muito menos frequente para tabuleiros mistos com
suspensão axial, consiste na adopção de um tabuleiro em caixão com banzos em betão
pré-esforçado e almas em treliça metálica tubular, conforme se concebeu para a Ponte
sobre o Mondego em Coimbra (Fig. 6, Reis, 2004).
93
Tratou-se
se da primeira utilização do aço S460 NH em Portugal. Concluída
oncluída em 2004, esta
ponte possui um único vão de 186 m com suspensão axial. Os tirantes neste vão têm
entre 31 e 55 cordões de 15 mm de diâmetro e estão agrupados em dois planos
paralelos afastados de apenas 0,8m entre si. Os tirantes de retenção – dois planos que
abrem transversalmente a partir do mastro, têm entre 37 e 91 cordões, constituindo
com os tirantes do vão principal uma disposição tridimensional. Os tirantes de
retenção
ão são ancorados ao nível da fundação do pilar-encontro,
pilar encontro, contribuindo para o
equilíbrio global de forças e reduzindo assim fortemente a componente horizontal
passada à fundação. A laje do tabuleiro superior é pré-esforçada
pré esforçada longitudinal e
transversalmente, enquanto a inferior, projetada para ser utilizada como passadiço de
peões, só possui pré-esforço
esforço longitudinal.
30.00
1.0 1.0 10.50 1.0 3.00 1.0 10.50 1.0 1.0
4.20
2.20
[m]
3.00
11.40
Fig. 6 Ponte sobre o Rio Mondego, em Coimbra: um tabuleiro em suspensão axial em treliça
mista tridimensional; Almas em treliça mista tubular em S460NH e banzos de betão
armado pré-esforçado – Projecto GRID
94
ferroviária mais extensa em Portugal, com quase 3 km (Fig. 7), e que se revelou ser
uma solução economicamente, esteticamente e construtivamente, muito favorável.
2600
O tabuleiro é contínuo ao longo dos 480 m de extensão entre juntas de dilatação com
os viadutos de acesso também executados com um tabuleiro misto aço-betão. O
tabuleiro da ponte principal é um caixão trapezoidal com 3 banzos superiores (laterais
com 1500 mm de largura e central com 1200 mm, com espessuras de 30 a 60 mm) e
almas de espessura constante de 30 mm só com reforços transversais. A altura do
caixão metálico em aço S355NL, é de 2,60 m igual à dos viadutos de acesso construídos
com tabuleiros do tipo bi-viga. O arco, com 29,8 m de altura e uma relação flecha vão
de 1/5,4, tem uma secção hexagonal, aumentando em largura da base para o topo, e
possui chapas de espessura variáveis entre 60 e 120 mm (Reis, 2010).
95
superior à espessura t dos banzos, e sendo a altura h da secção bastante inferior a
1.5 b, pode mostrar-se que J≈1,33bh2twc (Reis, 2011).
Para o caso da secção tubular ser mista, com espessura da laje de betão da ordem de
10 vezes a espessura do banzo inferior ti , com a espessura das almas tws ≈ 2/3 ti , e
considerando um coeficiente de homogeneização médio Es/Ec=11, obtém-se uma
espessura do banzo superior homogeneizado (ts Gc/Gs , em que Gc e Gs são os módulos
de distorção do betão e do aço, respetivamente, e Gs/Gc ≈ 10), da mesma ordem da
espessura do banzo inferior. Calculando, para este caso, o factor de rigidez à torção,
obtém-se J ≈ 2 bh2tws. Deste modo, a relação entre a rigidez de torção homogeneizada
em aço GsJs do caixão misto, e a rigidez equivalente do mesmo caixão em betão é dada
por GsJs / GcJc = 1,5 (Gs/Gc) (tws/twc). Como Gs/Gc ≈ 10, obtém-se uma relação de
15 tws/twc , ou seja, o caixão misto só apresenta uma rigidez de torção uniforme
superior ao caixão de betão se a espessura das almas for superior a 1/15 da espessura
das almas do caixão unicelular de betão.
Para pontes atirantadas assimétricas (um só mastro) com suspensão axial, a opção de
projeto preferida pelos autores é a de uma suspensão tridimensional constituída por 3
planos de tirantes – um plano de tirantes de suspensão no vão principal e 2 planos de
tirantes de retenção. Com efeito, nas pontes de médio vão, diga-se até à ordem dos
200 m, a suspensão axial pode ser feita apenas no vão principal. O resultado é nesse
caso uma ponte de concepção assimétrica com um só mastro (Reis, 2001), sendo nesse
caso o vão equivalente da ponte Leq correspondente ao vão de uma ponte de vão 2L
mas com dois mastros. Isso significa que a altura dos mastros será, na ponte de
tirantes assimétrica de cerca de 0,2 (2L) = 0,4L a 0,25 (2L) = 0,5L. A configuração
(disposição) dos tirantes de retenção, não é necessariamente axial, embora o possa ser
e, nesse caso, esses tirantes têm ancoragens localizadas ao longo do eixo do tabuleiro
semelhantes às do vão principal (Fig. 8(a)).
96
(a)
(b)
Fig. 8 Disposição dos tirantes nas pontes de tirante assimétricas: a) totalmente axial, ou
b) utilizando uma configuração tridimensional
(a) (b)
Fig. 9 Ancoragem dos tirantes de retenção ao nível do tabuleiro (viaduto sobre a VCI no Porto
(L=120 m), e Ponte sobre o Rio Mondego em Coimbra (L=186 m) – Proj. GRID
97
100
40
Este parâmetro apresenta
30 grande dispersão quando se
20
Tabuleiros rodoviários
10
analisa em função do vão
Tabuleiros rodo-ferroviários
0
0 100 200 300 400 500 600 700
principal do tabuleiro (Fig.
Comprimento do vão principal [m]
10(a)). Contudo, a partir dos
(a)
100
200 m de vão em que a
90
Peso de aço em tirantes por metro quadrado
80
tabuleiros mistos
tabuleiro misto dispersão é menor, pode
70
utilizar-se para tabuleiros
de área do tabuleiro [kg/m²]
60
98
No entanto, no caso dos tabuleiros
ferroviários, a suspensão axial impõe
restrições importantes do ponto de
vista de fadiga: (1) ao nível das
ancoragens dos pendurais no
tabuleiro (Fig. 11(a)), requerendo a
utilização de rótulas esféricas; (a)
(2) nos pormenores de ligação das
diagonais metálicas ao fundo do
caixão (Fig. 11(b,c)), justificando a
utilização de peças de ligação em aço
vazado.
Outro aspecto importante do ponto
de vista conceptual, corresponde à
escolha da secção dos pendurais nas
pontes em “bowstring” ferroviárias.
A necessidade de limitar a
deformabilidade do tabuleiro para a
acção das sobrecargas ferroviárias,
conduz a que os pendurais não (b)
sejam em geral condicionados pela
sua resistência mas sim pela rigidez
conferida ao tabuleiro, pelo menos
para vãos a partir dos 100 m. No
caso da ponte sobre o Rio Sado os 18
pendurais de cada arco estão
afastados de 8,0 m (os mais longos
com 22,8 m), sendo constituídos por
(c)
barras de secção maciça circular com
Fig. 11 Nova Ponte Ferroviária sobre o Rio Sado:
120 mm de diâmetro em aço (a) Ancoragens no tabuleiro; (b) e (c) Ligação
das diagonais metálicas ao banzo inferior /
S355NL. almas utilizando peças em aço vazado
99
3 Estudo comparativo
Tabela 1 – Inércia e rotação de torção para secções vazadas mistas e lajes de betão
Secção Homogeneizada Laje de Betão
4 1
= =
∮ 3
Factor de Rigidez J [m4]
! "!
′ = ′ = =
Rotação de Torção [rad/m]
100
torção considerando o tabuleiro como uma viga encastrada à torção na secção sobre
os pilares do vão central (Walther, 1985, Bernard-Gely,
B 1994):
1,1 , 1
#$ = + #- +
2& '() 2 *
(1), (2)
em que '() éé a flecha máxima sob acção da carga permanente , do tabuleiro de vão
,
é a rigidez elástica de torção uniforme e * o momento mássico polar de inércia
da secção transversal ( * . / 0
1 ). Em alternativa a estas expressões,
expressões utilizou-
se um modelo numérico de EF de casca no programa SAP 2000 para estimar as
frequências de flexão e torção de ambas as soluções (Tabela 3) (Fig. 12).
fT=1.63 Hz fT=1.92 Hz
101
4 Estabilidade dos tabuleiros com suspensão axial
Por outro lado, um sistema não conservativo em que a direcção da força acompanha a
deformada da estrutura, como o representado na Fig. 13, a sua estabilidade não pode
avaliada por um método estático. Num sistema com dois graus de liberdade, por
exemplo, quando a carga aumenta as frequências de vibração correspondentes aos
dois modos, tendem a aproximar-se. A partir de um certo nível de carga, não existe
possibilidade de garantir a estabilidade dinâmica do sistema porque a resposta (em
termos dos deslocamentos) aumenta exponencialmente com o tempo. A carga
correspondente é a carga de instabilidade por “flutter”, que resulta da interação entre
os dois modos de instabilidade, os quais num tabuleiro com suspensão axial são
essencialmente um modo puro de flexão e um modo de torção.
Em relação à instabilidade estática por divergência, essa pode ser por flexão ou por
torção. O tabuleiro funciona em flexão como uma coluna sobre fundação elástica, com
um módulo de reacção de “Winkler” (rigidez da fundação introduzida pelos tirantes) 2.
Fig. 13 (a) Instabilidade estática por divergência, como caso particular da instabilidade dinâmica
em sistemas conservativos e (b) Instabilidade dinâmica por “flutter“ num sistema não
conservativo (F – carga aplicada; w0i – frequências angulares)
102
No caso particular da suspensão axial, o facto de não existirem dois planos de tirantes
que suspendem transversalmente o tabuleiro, torna possível a instabilidade por
torção, funcionado neste caso o tabuleiro como uma coluna encastrada, com
empenamento admitido livre nas secções sobre os apoios nos mastros. As respectivas
cargas críticas elásticas, são dadas por:
1 & 9
34,5 = 262 34,- = 8
+ :
7
(3), (4)
A equação (3) para obter Ncr,f não é mais do que a fórmula de “Engesser” (Reis, 2012)
para uma coluna sobre fundação elástica, com rigidez de flexão e esforço axial 3
constantes ao longo do vão (Fig. 14). A rigidez de fundação 2/<1, na secção à distância
< do mastro onde está ancorado um tirante de rigidez axial ( ), é dada por:
rigidez da fundação e o
esforço axial não são
constantes ao longo do vão,
como admitido na fórmula βi
de “Engesser” e, por outro Fig. 14 Modelo equivalente de um tabuleiro atirantado de
uma coluna sobre fundação elástica.
lado, o topo do mastro não
é rígido como é admitido para deduzir o valor 2/<1 da expressão (5), devido à
flexibilidade à flexão do próprio mastro, à deformabilidade axial dos tirantes de
retenção e até à flexibilidade vertical dos vãos laterais do tabuleiro. A primeira
limitação pode ser eliminada pois pode mostrar-se que a instabilidade é condicionada
pela secção crítica = em que 2/<1⁄3/<1 atinge o seu valor mínimo (Fig. 14) (Klein,
1991, Pedro, 2007).
103
A segunda limitação pode ser parcialmente ultrapassada dividindo o valor de 2 por um
coeficiente µ > 1 (em que µ tende para 1,0 no caso de um mastro rígido e 2,0 para o
caso de um mastro muito flexível) (Feijóo, 2011).
Num tabuleiro em caixão tem-se
≫ & 9 ⁄ , pelo que, a tensão crítica de torção
se torna praticamente independente do vão L e muito elevada, nunca sendo portanto
condicionante em relação à tensão de cedência do aço. O mesmo não sucede se a
suspensão for axial e o tabuleiro tiver uma rigidez de torção uniforme baixa (o caso
limite corresponde a tabuleiro de secção aberta). Nesse caso, passa a ser o termo
correspondente à rigidez de empenamento (& 9 ⁄ ) a controlar a estabilidade,
decrescendo de forma rápida a carga de instabilidade por torção com o aumento do
vão. Efectivamente, tome-se o caso de um tabuleiro em caixão monocelular típico, o
qual por razões de simplificação é simulado, como anteriormente, por um tubo
rectangular de altura h, largura b (distância entre almas) e banzo superior
homogeneizado com a mesma espessura do banzo inferior. Admita-se, ainda, que as
almas do caixão têm uma espessura tws da ordem de 2/3 da espessura do banzo
inferior t. A área da secção é neste caso dada por A = (3b+2h) tws e J ≈ 2 bh2tws como
referido na secção 2. Pode mostrar-se que o raio de giração r é dado por:
!/
5 ℎ 3 ℎ
7 8 + + G H :
3 0 2ℎ/ 12 2 4
(6)
o que permite concluir que para ℎ/ entre 0,2 e 0,4, como é corrente na prática, o raio
de giração 7 varia entre 0,40 e 0,43 . Assim a tensão crítica de torção é
aproximadamente dada por:
12
ℎ
I4,- =
(2 + 2ℎ)
(7)
104
4.2 Instabilidade Aerodinâmica
Considere-se agora o caso geral da instabilidade aerodinâmica que envolve, como caso
particular, a estabilidade estática. O tabuleiro, reduzido a um modelo seccional (de
comprimento J, largura e altura ℎ) utilizado normalmente nos ensaios em túnel de
vento, quando é submetido à acção do vento (com ângulo de ataque α, Fig. 15) é
submetido às seguintes três acções aerodinâmicas:
Fig. 15 Modelo seccional de um tabuleiro sob acção do vento, com velocidade U (m/s) e ângulo
de ataque α. Forças aerodinâmicas de arrastamento (“Drag”) D, de sustentação (“Lift) L
e o momento M
A instabilidade aerodinâmica, pode ocorrer nos seguintes modos:
Instabilidade por torção pura – Divergência torsional
Instabilidade por flexão pura – Galope
Instabilidade por flutter num modo único de torção – Flutter por torção
Instabilidade por interacção dos modos de flexão e torção – Flutter Clássico
com CD e (∂CL /∂α) calculados para um ângulo de ataque do vento α=0. Os valores de
CD e CL são definidos, em geral, a partir dos resultados dos ensaios em túnel de vento.
Na Fig. 16, apresentam-se os resultados obtidos no ensaio em túnel de vento para o
tabuleiro da Fig. 5, o qual é geometricamente muito semelhante ao da solução mista.
105
Tendo em conta que CD > 0 e
∂CL /∂α > 0 , a instabilidade por
galope está colocada de parte.
R4 9 #- (12)
em que 9 é um coeficiente
pelo menos da ordem de 9,0
para o tabuleiro referido. Da
equação (12) obtém-se uma
velocidade crítica de 385 m/s,
valor suficientemente elevado
que permite concluir que o
modo de “flutter” por torção
nunca é condicionante.
#5
7
R4 3,7#- + T 1 − 8 : V
. #-
(14)
106
crítica Ucr no modo de “flutter” com interacção. No caso da solução mista do tabuleiro
essa relação ε = ft / ff = 2,0/1.3 =1,5; Em geral nos tabuleiros com ε > 3 a estabilidade
aerodinâmica no modo interativo está garantida. Para o caso da solução alternativa
mista da Fig. 5(c), em que m = 20 016 kg/m, r = 2.78 m e os valores das restantes
variáveis foram já referidos, obtém-se para a placa fina Ucr = 256 m/s. O coeficiente
corrector η ≈ 0,6, com base nos valores referidos em ECCS, 1978, pelo que a velocidade
crítica do tabuleiro será da ordem de Ucr,f = 154 m/s. Este valor é mesmo assim elevado
em relação às velocidades do vento de projecto que são expectáveis, o que permite
concluir que o factor de segurança à instabilidade por “flutter” com interação entre os
modos de flexão e torção é pelo menos superior a 3,0 (note-se que esse factor deve
ser avaliado por comparação com a velocidade média característica de projecto e não
com a velocidade de rajada; a velocidade média de projecto é da ordem de 34 m/s o
que corresponde a uma velocidade de rajada de cerca de 50 m/s, ou seja 180 km/h).
5 Conclusões
6 Agradecimentos
107
7 Referências bibliográficas
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