Você está na página 1de 5

Palestra História da Curadoria e das Exposições: dos Gabinetes de

Curiosidades à Era das Bienais

Gabinete de Acervo do Museu de Arte


Johann Zoffany, A
curiosidades, o de São Paulo Assis Exposição
naturalista Tribuna de Uffizi, óleo Chateaubriand, com a na Bienal de
dinamarquês Ole sobre tela, 1772-77. The célebre expografia de
Veneza 2001
Worm foi um Lina Bo Bardi
Royal Collection, Her
Wunderkammer
pioneiro e famoso Majesty Queen Elizabeth
que contém muitas II/The Royal Collection
criaturas e conchas
,2011, Her Majesty
retiradas das águas
do Ártico. Litografia Queen Elizabeth II.

18 de junho, quinta-feira, das 19h às 22h, na Academia de Letras da Grande São


Paulo, no complexo da sede da Fundação Pró-Memória, localizado à Avenida Dr.
Augusto de Toledo, 255, bairro santa Paula, São Caetano do Sul.

A palestra / aila-aberta percorrerá a História da Curadoria e das Exposições, a


partir dos Gabinetes de Curiosidade, dos salões de arte na França, das Bienais, bem
como das curadorias no Brasil.
Uma exposição artística (ou exposição de arte) designa tradicionalmente o
espaço e o tempo onde objetos de arte ou objetos ordinários musealizados vão ao
encontro de um público (espectador). A exposição é normalmente organizada em
função de um período de tempo definido, por oposição a uma “exposição
permanente”.
Uma exposição pode apresentar pinturas, desenhos, fotografias, esculturas,
instalações, trabalhos em vídeo, som ou performances de artistas ou de grupos de
artistas, vídeo arte, assim como coleções de uma forma específica de arte. As obras
podem ser expostas em instituições especializadas (museus, centros de arte),
em galerias privadas, ou em locais cuja função principal não é nem a exposição nem a
a venda de arte (câmaras municipais, átrios de empresas, espaços abandonados, etc.).
Existe uma distinção relevante entre as exposições que se destinam à venda das obras
e aquelas com o intuito educativo e de divulgação As exposições artísticas são
habitualmente inauguradas por uma vernissage, aberta ao público em geral ou
reservada a convidados. A maioria das exposições elabora catálogos, onde estão
presentes fotografias das obras e comentários de especialistas. Os catálogos são na
sua maioria obras impressas, embora algumas exposições atualmente façam uso de
suportes digitais.
A primeira prática que suscita a ideia de se expor objetos, de natureza varada,
para contemplação ou para fins de estudos nasce com os Gabinetes de Curiosidades.
Os Gabinetes de curiosidades, também são bastante citados como a origem dos
museus modernos, que traziam coleções variadas, de objetos quase sempre híbridos
de arte e natureza, que marcaram os séculos XVI e XVII. As coleções dos gabinetes
eram ordenadas apenas em torno de dois grandes eixos – o Naturalia e o Mirabilia. Na
categoria de NATURALIA, encontravam-se exemplares do reino animal, vegetal e
mineral, ou objetos sobre os aspectos biológicos do homem, como por exemplos
aberrações, fetos siameses etc; Já o eixo MIRABILIA se dividia em duas seções – os
objetos produtos da ação humana (Artificialia) e as antigüidades e objetos exóticos
que remetem a povos desconhecidos. Os Gabinetes de Curiosidades, especialmente o
de Albertus Seba, contribuíram para o desenvolvimento cultural a partir do século XVII
na Holanda. Com o tempo, a própria imagem desses objetos colecionados passou a ser
a síntese do conhecimento sobre História Natural. O surgimento da ilustração
científica promoveu questionamentos sobre as diferentes visões de mundo reunindo a
ciência e a arte, enquanto a Europa – imersa em um planeta em processo de
transformação – voltava-se para conhecer um Novo Mundo recém-descoberto.
Nas últimas década do século XVIII, em decorrência da crescente disfunção das
feiras que estimulavam o consumo imediato, setores mais progressistas da sociedade,
como a ascendente burguesia, promoviam, como maior ou menos envolvimento dos
governantes, eventos cada vez mais popularizados denominados de exposições,
particularmente na Inglaterra (exhibitions) e na França (expositions), fruto do
capitalismo, da industrialização e urbanização das cidades. Pouco a pouco, assumindo
um caráter nacional, essas mostras estavam voltadas para a “venda do progresso das
nações”, e traziam por meio de objetos, a formação de hábitos que garantissem, no
futuro, um consumo de serviços e mercadorias, acabando por fetichizá-los. Para tanto,
eram pedagogicamente expostas a diversificado público tanto as novas técnicas e
fontes de energia quanto os novíssimos maquinismos delas decorrentes. Passo a
passo, as exposições, além de apropriadas politicamente pelos governos, foram
acentuando um outro caráter, o de Universais, pois tendiam a cobrir o universo da
“indústria humana”, enfim, de todas as forças produtivas de bens materiais. Em
meados do século XIX e como reflexo do processo de expansão do capitalismo
industrial, ideologicamente liberal e competitivo, as exposições sofreram substanciais
transformações, de um lado agregavam bens simbólicos (as belas artes) e ampliavam
seu universalismo, do outro lado, ao convidarem “em nome do progresso que
unificaria a humanidade”, os expositores de vários cantos dos continentes assumiam
uma feição internacional, e ainda mudavam a paisagem urbana com edifícios-sede
temporários, que após de seis meses do evento, tornavam-se descartáveis.
Historicamente, a prática das exposições de arte remonta pelo menos a 1673,
quando a instituição real francesa de patronato artístico, a Academia Real de Pintura e
Escultura, uma divisão da Academia de Belas Artes , organizou a sua primeira
exposição semi-pública de obras de arte no Salón Carré. Este foi o início de um tipo
particular de exposição regular onde qualquer artista podia submeter obras para
exposição. Este tipo de exposição tornar-se-ia importante, e seguidamente
controverso, nos séculos XIX e XX, servindo de estímulo ao desenvolvimento do
academicismo. Assim, o estudo da História da Arte, enquanto disciplina, destes séculos
não pode ser feito sem haver referências a estas exposições frequentes, que se
multiplicaram por todas as nações ocidentais. As maiores exposições foram o Salão de
Paris, organizado desde 1725 no Louvre e em Londres a exposição da Royal Academy
(Royal Academy Summer Exhibition) organizada anualmente desde 1769.
A história Americana das exposições de arte moderna tem início em Nova
Iorque, em 1913, com o Armory Show, onde as vanguardas europeias estiveram
presentes pela primeira vez aos Estados Unidos. A nona exposição “Street art” (9th
Street Art Exhibition) foi uma exposição histórica pela inauguração de novos
movimentos artísticos e apresentação de artistas da vanguarda nova-iorquina.
A exposição internacional de arte contemporânea mais notável é
provavelmente a Documenta realizada anualmente desde 1955 na cidade da Kassel na
Alemanha, apresentando os artistas internacionais mais relevantes e as novas
tendências. De influência similar, a Bienal de Venza na Itália, organizada a cada dois
anos, apresenta obras repartidas por pavilhões de diferentes países.
A Palestra irá abordar as exposições marcantes dentro da história da arte,
incluindo o processo de montagem, a começar pelos Gabinetes de Curiosidades, no
século XVII, pelas curadorias dos séculos XVIII e início do século XIX, Londres e Paris,
inclusive sobre as exposições internacionais no século XIX, e também apresentará as
possibilidades do pensamento e do olhar curatorial moderno, de alguns Diretores de
Museus e suas grandes coleções como Alfred Barr no MoMA, Pietro Maria Bardi no
MASP, entre outros. Discutirá o ofício do curador e a função da curadoria, assim como
exposições pontuais de acervos de museus de arte nos séculos XX e XXI, com foco nas
diferentes formas de apresentar as obras e as coleções específicas de cada museu
estudado. A proposta é analisar criticamente as diversas camadas de leitura que a
escolha das obras e a distribuição das mesmas no espaço implicam, tanto na formação
de narrativas que constituem possíveis histórias da arte, quanto na capacidade de criar
interfaces relacionadas ao tempo presente para apresentar a coleção ao público de
forma dinâmica e potente, tomando como exemplo curadorias a partir do conceito de
Aby Warburg, “ o museu imaginário” de André Malraux, Bienais de Veneza e da
Documenta de Kassel, Bienais de São Paulo e Bienais Latino Americana. Além de trazer
à luz o trabalho do curador no museu de arte, palestra tem especial interesse nas
mostras que foram realizadas em colaboração entre os curadores/diretores de museu
e artistas da época. E finalizará com a discussão do papel do curador como criador.

SOBRE A MINISTRANTE:

Mariana Zenaro é jornalista e historiadora, pós-graduada no MBA em Bens Culturais:


Cultura, Economia e Gestão, pela Fundação Getúlio Vargas e pós-graduanda no curso
de especialização em Arte: Crítica e Curadoria na Pontifícia Universidade de São Paulo
(PUC-SP). Frequentou os cursos livres de História da Arte na Escola do Museu de Arte
de São Paulo (MASP) por quatro anos. Trabalhou em Museus, Arquivos e Instituições
Culturais. Foi voluntária no Centro de Documentação e Biblioteca do Museu de Arte
Moderna de São Paulo. Dá cursos e palestras sobre história da arte em fundações,
centros culturais e no Centro de Capacitação para professores da rede pública
municipal de São Caetano do Sul (CECAPE- SCS). Atualmente trabalha na Pinacoteca
Municipal de São Caetano do Sul e na Divisão de Pesquisa e Produção da Difusão
Cultural da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul.

70 vagas. Inscrições pelo e-mail da Pinacoteca Municipal, eventos@fpm.org.br, e por


telefone, na Fundação Pró-Memória, 4223-4780.

Público Livre. Gratuito.

Bibliografia Empregada e Sugerida:

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte e crítica de arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1995.

ALTSHULER, Bruce (dir.), Salon to Biennial - Exhibitions That Made Art History, Volume
1: 1863-1959, Londres / New York: Phaidon, 2008.

BELTING, Hans. O fim da História da Arte. São Paulo: Cosac & Naif, 2012.

CASTILLO, Sonia Salcedo Del. Cenário da Arquitetura da Arte. São Paulo: Martins
Fontes, 2008.

CINTRÃO, Rejane. Algumas exposições exemplares - As salas de exposição na São Paulo


de 1905 a 1930. São Pualo, Zouk, 2011.

CHAIMOVICH, Felipe (Org.). Grupo de estudos de curadoria do Museu de Arte Moderna


de São Paulo. 2ª Ed. Revista e ampliada – São Paulo: Museu de Arte Moderna de São
Paulo, 2008.

CRIMP, Douglas. Sobre as Ruínas do Museu. São Paulo: Martins fontes, 2005.

DANTO, A. Após o fim da arte: A arte contemporânea e os limites da história. São


Paulo: Odysseus Editora, 2006.

FREIRE, Cristina. Poéticas do Processo – Arte Conceitual no Museu. São Paulo:


Iluminuras; São Paulo: Mac, 1999.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Entre Cenografias: O museu e a Exposição de Arte no


Século XX. São Paulo: EDUSP, 2004.
GRAHAM, Beryl, COOK, Sarah. Rethinking Curating. Art After New Media. London,
England: The Mit Press, 2010.

GROYS, Boris. “Art Power”. In: The Logic of Equal Aesthetic Rights. Massachusetts;
Londres, UK; The MIT Press Cambridge, 2008.

LOURENÇO, Maria Cecilia França Lourenço. Museus acolhem o moderno. São Paulo,
EDUSP, 1999.

MALRAUX, André. O Museu Imaginário. Lisboa: Edições 70, 2011.

MAURIÉS, Patrick. Cabinets of Curiosities. London, England: Thames & Hudson, 2002.

O’DOHERTY, Brian. No interior do Cubo Branco. São Paulo: Martins Fontes, 2002

OLBRISTl, Hans Ulrich. Uma breve história da curadoria. São Paulo: BEI Comunicação,
2010.

OSÓRIO, Luiz Camillo. Razões da Crítica. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2005.

RAMOS, Alexandre Dias. Sobre o ofício do Curador. São Paulo: Zouk,2010.

REZENDE, Renato; BUENO, Guilherme. Conversas com curadores e críticos. Rio de


Janeiro. Circuito, 2011.

SCHIEDER, Martin. Expansion / Integration: die Kunstausstellungen der französischen


Besatzung im Nachkriegsdeutschland. München, 2003.

SERROTA, Nicholas. Experience or interpretation. The dilemma of Museums of Modern


art. London: Thames & Hudson, 2000.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o_art%C3%ADstica

Você também pode gostar