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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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27/03/2019 PLENÁRIO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.717 DISTRITO FEDERAL

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

EMENTA

CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. MEDIDA


PROVISÓRIA. ESTABELECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO BÁSICA DOS
ÓRGÃOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E DOS MINISTÉRIOS.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 62, CAPUT e §§ 3º e 10, CRFB.
REQUISITOS PROCEDIMENTAIS. REJEIÇÃO E REVOGAÇÃO DE
MEDIDA PROVISÓRIA COMO CATEGORIAS DE FATO JURÍDICO
EQUIVALENTES E ABRANGIDAS NA VEDAÇÃO DE REEDIÇÃO NA
MESMA SESSÃO LEGISLATIVA. INTERPRETAÇÃO DO §10 DO ART. 62
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CONVERSÃO DA MEDIDA
PROVISÓRIA EM LEI. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE
SUPERVENIENTE. ADITAMENTO DA PETIÇÃO INICIAL.
PRECEDENTES JUDICIAIS DO STF. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE.
1. O Supremo Tribunal Federal definiu interpretação jurídica no
sentido de que apenas a modificação substancial, promovida durante o
procedimento de deliberação e decisão legislativa de conversão de
espécies normativas, configura situação de prejudicialidade
superveniente da ação a acarretar, por conseguinte, a extinção do
processo sem resolução do mérito. Ademais, faz-se imprescindível o
aditamento da petição inicial para a convalidação da irregularidade
processual. Desse modo, a hipótese de mera conversão legislativa da
medida provisória não é argumento suficiente para justificar
prejudicialidade processual superveniente.
2. Medida provisória não revoga lei anterior, mas apenas suspende
seus efeitos no ordenamento jurídico, em face do seu caráter transitório e

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precário. Assim, aprovada a medida provisória pela Câmara e pelo


Senado, surge nova lei, a qual terá o efeito de revogar lei antecedente.
Todavia, caso a medida provisória seja rejeitada (expressa ou
tacitamente), a lei primeira vigente no ordenamento, e que estava
suspensa, volta a ter eficácia.
3. Conversão do exame da medida cautelar em julgamento do
mérito da demanda.
4. O argumento de desvio de finalidade para justificar o vício de
inconstitucionalidade de medida provisória, em razão da provável
direção de cargo específico para pessoa determinada não tem pertinência
e validade jurídica, porquanto, na espécie, se trata de ato normativo geral
e abstrato, que estabeleceu uma reestruturação genérica da
Administração Pública. Esse motivo, inclusive, autorizou o acesso à
jurisdição constitucional abstrata.
5. Impossibilidade de reedição, na mesma sessão legislativa, de
medida provisória revogada, nos termos do prescreve o art. 62, §§2º e 3º.
Interpretação jurídica em sentido contrário, importaria violação do
princípio da Separação de Poderes. Isso porque o Presidente da República
teria o controle e comando da pauta do Congresso Nacional, por
conseguinte, das prioridades do processo legislativo, em detrimento do
próprio Poder Legislativo. Matéria de competência privativa das duas
Casas Legislativas (inciso IV do art. 51 e inciso XIII do art. 52, ambos da
Constituição Federal).
6. O alcance normativo do § 10 do art. 62, instituído com a Emenda
Constitucional n. 32 de 2001, foi definido no julgamento das ADI 2.984 e
ADI 3.964, precedentes judiciais a serem observados no processo
decisório, uma vez que não se verificam hipóteses que justifiquem sua
revogação.
7. Qualquer solução jurídica a ser dada na atividade interpretativa
do art. 62 da Constituição Federal deve ser restritiva, como forma de
assegurar a funcionalidade das instituições e da democracia. Nesse
contexto, imperioso assinalar o papel da medida provisória como técnica
normativa residual que está à serviço do Poder Executivo, para atuações

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legiferantes excepcionais, marcadas pela urgência e relevância, uma vez


que não faz parte do núcleo funcional desse Poder a atividade legislativa.
8. É vedada reedição de medida provisória que tenha sido revogada,
perdido sua eficácia ou rejeitada pelo Presidente da República na mesma
sessão legislativa. Interpretação do §10 do art. 62 da Constituição Federal.
9. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para
declarar a inconstitucionalidade da Lei n. 13.502, de 1º de novembro de
2017, resultado da conversão da Medida Provisória n. 782/2017.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, preliminarmente, por maioria, em resolver a
questão de ordem no sentido de afastar a prejudicialidade da ação,
vencidos os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski. Em
seguida, por unanimidade, julgar procedente o pedido formulado na ação
direta para declarar a inconstitucionalidade do inteiro teor da Lei n.
13.502, de 1º de novembro de 2017, e fixar a seguinte tese: "É
inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida
provisória cujo conteúdo normativo caracterize a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória anterior rejeitada, de eficácia exaurida por
decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional
dentro do prazo estabelecido pela Constituição Federal", nos termos do voto da
Relatora, em sessão plenária presidida pelo Ministro Dias Toffoli, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas. Ausente,
justificadamente, o Ministro Celso de Mello.

Brasília, 27 de março de 2019.

Ministra Rosa Weber


Relatora

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REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora):

ESCLARECIMENTOS INICIAIS

I. Senhor Presidente, Senhores Ministros. Conforme apregoado,


foram chamadas para julgamento quatro ações diretas de
inconstitucionalidade que impugnam a validade constitucional da
Medida Provisória nº 782/2017.
II. As ações são: a ADI 5.709, ajuizada pelo Partido Rede
Sustentabilidade; a ADI 5.716, ajuizada pelo Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL); a ADI 5.727, ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores
(PT); e a ADI 5.717, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República.
Enquanto as ADIs 5.709, 5.727 e 5.717 têm por objeto a impugnação
do inteiro teor da Medida Provisória nº 782/2017, a ADI 5.716 questiona
dispositivos específicos desta Medida (“os artigos 7º, 8º, 35, 36 e 70, bem
como, por inconstitucionalidade por arrastamento, dos art. 2º. III; art. 21, VII;
art. 22, V; art. 32, VI; art. 70, I e II; arts. 71, 72 e 73; art. 74 (apenas incisos
IV,VI, VII, VIII, IX); art. 76; alterações promovida pelo art. 79 ao art. 7º (§1º, I, e
§5º) e art. 8º da Lei nº 13.334, de 13 de setembro de 2016, todos da Medida
Provisória nº 782, de 31 de maio de 2017, que “estabelece a organização básica
dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios”).
III. Em razão da conversão da Medida Provisória nº 782/2017 na Lei
nº 13.502, de 1º de novembro de 2017, as partes autoras promoveram o
aditamento à inicial, com o fim de impedir a situação de prejudicialidade.
IV. Quando do aditamento à inicial, as ADIS 5.727 e 5.717 buscaram
a declaração de inconstitucionalidade do inteiro teor da Lei nº
13.502/2017. Na ADI 5.709, o Partido Rede Sustentabilidade deu alcance

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mais restrito ao seu objeto, limitando-a a dispositivos específicos.


V. Como a ADI 5.727, ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores,
contém fundamentos jurídicos de impugnação mais amplos, porque nela
se alega também desvio de finalidade, tomarei como parâmetro para o
julgamento esta ADI 5.727, na medida em que abarca todos os pedidos e
fundamentos das demais.
VI. Liberei para julgamento do pedido de medida cautelar, de forma
colegiada e em Plenário, as quatro ADIs, em 09.5.2018, depois da juntada
da manifestação da Procuradoria-Geral da República.

RELATÓRIO

1. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de


medida cautelar, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República para
impugnar a validade constitucional da Medida Provisória n. 782, de 31 de
maio de 2017, que estabelece a organização básica dos órgãos da
Presidência da República e dos Ministérios, por motivo de ofensa ao art.
62, caput e §§ 3º e 10, da Constituição Federal.
2. A parte autora justifica a inconstitucionalidade do citado ato
normativo, com fundamento na violação do artigo 62, §§ 3º e 10, da
Constituição Federal. Alega que referido ato configura situação de
reedição, na mesma sessão legislativa, da revogada Medida Provisória
768, de 2 de fevereiro de 2017, a qual foi editada com o propósito de
reorganizar a Presidência da República e os seus Ministérios, tal como
regulamentados na Lei n. 10.683/2003, motivo pelo qual, entre outras
medidas, criou a Secretaria-Geral da Presidência da República, o cargo de
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República e incluiu referido
cargo no rol de Ministros de Estado.
Defende que a Medida Provisória 782/2017 e a Medida Provisória
768/2017 teriam o mesmo conteúdo normativo. A esse respeito, afirma:
“Próximo ao término do prazo de 120 dias de vigência do ato, o
Presidente da República editou a Medida Provisória 782, de 31 de
maio de 2017, que revogou a anterior e estabeleceu a organização
básica dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios. A

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MPv 782/2017, a despeito de possuir objeto mais amplo que a MPv


768/2017, reproduz a quase integralidade de suas normas.
O art. 70 da MPv 782/2017, ao criar a Secretaria-Geral da
Presidência da República e o Ministério dos Direitos Humanos, repete
integralmente o art. 1o da MPv 768/2017. Os arts. 71 e 72 da MPv
782/2017, ao extinguir secretarias especiais e cargos do Ministério da
Justiça e Cidadania, repetiu os arts. 2º e 3º da MPv 768/2017. O art.
73 da MPv 782/2017, ao criar os cargos de Ministro de Estado Chefe
da Secretaria-Geral da Presidência da República e Ministro de Estado
dos Direitos Humanos, repetiu o art. 6º da MPv 768/2017. O art. 74
da MPv 782/2017 repetiu os arts. 4º e 5º da MPv 768/2017. O art. 79
da MPv 782/2017 repetiu o art. 8º da MPv 768/2017.”

Sustenta que a norma em análise viola regra constitucional que


disciplina o procedimento para a formação da espécie normativa medida
provisória, conforme art. 62, §§ 3º e 10, da Constituição Federal.
Nesse contexto, explicita as circunstâncias fáticas e os argumentos
jurídicos que justificaram a formação dos precedentes judiciais no
julgamento da ADI 2.984-3/DF e da ADI 3.964-MC, justificando a
necessidade de sua aplicação ao caso em análise, porquanto versam
contextos fáticos e problemas jurídicos semelhantes.
Afirma a ausência dos requisitos constitucionais da relevância e da
urgência para a edição da Medida Provisória 782/2017, fato jurídico que
enseja a ilegitimidade do exercício da função legiferante excepcional por
parte do Poder Executivo. Com relação à ausência do requisito de
urgência, alega que o fato do Presidente da República rejeitar seu próprio
ato, com a retirada da sua apreciação pelo Congresso Nacional, no
seguimento procedimental legislativo, demonstra a inconsistência da
conduta com a urgência que conforma a medida provisória.
Nessa toada, assevera que a Constituição Federal prescreve
procedimento adequado para a situação de perda de eficácia de medida
provisória por decurso de prazo, o qual consiste na atribuição de
competência ao Congresso Nacional para editar decreto legislativo com a
finalidade de dispor sobre as relações jurídicas decorrentes, nos termos

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do art. 62, §3º, CRFB.


3. Requer seja concedida medida cautelar para suspender a eficácia
da Medida Provisória 782/2017, ao argumento de que configurados os
requisitos legais exigidos.
Quanto ao perigo da demora (periculum in mora), explicita que o ato
normativo impugnado acarreta impacto ilegítimo na autonomia do Poder
Legislativo, bem como permite utilização de instrumento constitucional
legiferante pelo Presidente da República, com o fim ilegítimo de
assegurar aos ocupantes dos cargos criados pelo ato normativo, como o
de Ministro de Direitos Humanos e de Ministro de Estado Chefe da
Secretaria-Geral da Presidência da República, prerrogativas indevidas,
como o “foro privilegiado” neste Supremo Tribunal Federal. Quanto à
plausibilidade jurídica (fumus boni juris), assevera a identidade normativa
entre as duas medidas provisórias em cotejo, fato jurídico que implica
situação inconstitucional, nos termos do art. 62, §§ 3º e 10, CRFB, como
decidido nos precedentes da ADI 3.964 e ADI 2.984.
4. No mérito, pede seja julgada procedente a presente ação direta,
com a declaração de inconstitucionalidade da Medida Provisória
782/2017.
5. Aplicado o rito do art. 10 da Lei nº 9.868/1999, foram solicitadas
informações à Presidência da República, à Câmara dos Deputados e ao
Senado Federal, no prazo de cinco dias, e determinada oitiva da
Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República, no
prazo legal.
6. A Câmara dos Deputados, nas informações prestadas, esclarece
que a Medida Provisória nº 782/2017 se encontra pendente de apreciação
pela Comissão Mista do Congresso Nacional, não tendo sido objeto de
análise pela Casa parlamentar.
7. Por seu turno, o Senado Federal relata o andamento
procedimental. Noticia que a Medida Provisória nº 782/2017 foi
submetida à Comissão Mista, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Todavia, até aquele momento, não houvera manifestação das Casas do
Congresso acerca do mérito.

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8. A Presidência da República, nas informações preliminares,


defende a juridicidade e a constitucionalidade da Medida Provisória nº
782/2017. Nesse sentido, argumenta ser ônus do requerente a
comprovação do alegado abuso de poder por parte do Presidente da
República na edição do ato normativo. Os requisitos constitucionais da
urgência e da relevância estão comprovados, nos termos de sua
explicitação. Sustenta a observância do art. 62, § 10, da Constituição
Federal, porquanto a regra trata de norma proibitiva que exige
interpretação restritiva, e o caso em análise não trata de reedição de
medida provisória rejeitada.
9. A Advocacia-Geral da União pede o indeferimento do pedido de
medida cautelar, ao argumento de que não restaram configurados os
requisitos legais exigidos, como o perigo da demora de dano e da
plausibilidade do direito. Justifica que o diploma impugnado não é mera
reedição da Medida Provisória nº 768/2017, motivo que afasta a
incidência à espécie do texto constitucional do art. 62, § 10, ao lado do
argumento de que a Medida Provisória nº 768/2017 não foi rejeitada, nem
perdeu seus efeitos por decurso de prazo.
10. A Procuradoria-Geral da República, em nova manifestação
referente ao determinado no despacho inicial, requereu o aditamento à
inicial, em decorrência da conversão da Medida Provisória em lei.
Alega jurisprudência formada por este Supremo Tribunal Federal no
sentido da possibilidade de, em parecer da Procuradoria-Geral da
República, ser feito o aditamento a inicial para incluir pretensão
declaratória de normas que façam parte do mesmo complexo normativo.
Aponta a aplicação dos precedentes firmados no julgamento das ADI
2.982-QO/CE e ADI 3.660/MS, ambas de relatoria do Min. Gilmar
Mendes, cuja publicação ocorreu, respectivamente, em 12.11.2004 e
9.5.2008.
Afirma que a conversão de medida provisória em lei não prejudica o
conhecimento e processamento da ação direta, desde que promovido o
aditamento da petição inicial, conforme o decidido na ADI 1.055, de
relatoria do Min. Gilmar Mendes, DJe 31.7.2017.

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ADI 5717 / DF

Requer o aditamento da petição inicial, com fundamento na mesma


causa de pedir deste ato processual, para incluir o pedido de declaração
de inconstitucionalidade da Lei n. 13.502/2017.
No mérito, defende as mesmas razões expostas na inicial, as quais
convergem para a argumentação da inconstitucionalidade da Medida
Provisória 782/2017, e, por conseguinte, pelo conhecimento da presente
ação constitucional e, no mérito, pela sua procedência.
É o relatório.

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