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O

MOINHO
DO
Meu
MUNDO
Esta é uma obra não-ficcional dedicada a todos os corações intensos.

Autor: Guilherme M. Sales


“ATÉ ONDE AGUENTAMOS”

Sinto algo estranho: na minha alma, nos meus melancólicos pensamentos.

Sinto um vazio: um vazio que já busquei de todas as formas preencher.

Acho que as coisas verdadeiras são ditas através do coração.

Precisamos dialogar, as palavras nos sufocam e são capazes de arruinar nossas vidas.

O coração chora, ele diz que precisa de ajuda, e não adianta ignorá-lo.

Muito menos ignorar a si, pois você convive consigo vinte e quatro horas por dia.

O único descanso ilusório que podes encontrar é nos sonhos.

Mas para que ilusões, se podes curar este machucado que te inflama tanto?

Não se deixe perder, de certo, muitas vezes é necessário se perder para se reencontrar.

Digo de modo absoluto, o quão fácil é uma pessoa tirar a própria vida.

Suicídios silenciosos, corações que cansaram de gritar por um minuto de atenção.

Mas estávamos mais preocupados com os boletos, ou com a roupa da moda.

Estávamos preocupados demais tentando forjar um sorriso falso no rosto.

Estavam ocupados demais para lhe ouvirem.

Rosto este;

Onde caberia apenas lamúrias e desespero, esteja atento aos sinais.

A vida não costuma esvair-se repentinamente, é um processo lento.

E um processo muito traiçoeiro, primeiro você começa aliviando a tensão em algo.

Depois vira refém da válvula de escape, e então não consegue se libertar.

Do cárcere privado que criastes para si, tudo que é além da dose é excesso.

Tudo que é feito todo dia é vício, saiba encontrar o equilíbrio.

A mente mata e a mente cura.

Antes de buscar saber da vida de terceiros, priorize-se.

Se for necessário, se afaste, não tenha medo de ficar sozinho.

A melhor companhia que irás encontrar nesta vida é você mesmo.

Não são os amigos de conveniência, e muito menos as falsas promessas.

Portanto se cuida, tenha força, não é necessário ser forte o tempo todo.

Pois afinal de contas somos humanos, mas quando não aguentares mais e cair.

Não se culpe, muito menos se destrua, tenha carinho consigo.

Lembre-se que você um dia foi criança, e um dia alguém cuidou de você, zele por ti.

Seja seu melhor amigo, ache essa força imensa que há dentro do teu peito.

No final, olharás para a ferida, e verás o quanto valeu a pena continuar.


“Lições Interpessoais”

Guarde boas lembranças das pessoas


jamais guarde raiva ou rancor.

Cada um que passou pela sua vida


passou ou para ensinar algo
ou para aprender contigo.
Jamais caia na triste submissão
de pensar
no que teria acontecido
se o passado tivesse dado certo.
O passado jamais deve
ocupar o espaço do presente
senão é difícil desatolar
e partir para o futuro.
Perdemos nosso tempo
com coisas tão bobas
enquanto a vida passa
e desaparece minuto
após minuto.

Eu já morri muitas vezes


já renasci
e aprendi a nascer
no final das contas
o que realmente
faz a diferença
é o quanto
você é capaz
de manter seus valores
caráter e empatia
até o final
o mundo então fica melhor.
“Má influência ou Personalidade Fraca?”

Existem muitas pessoas que são proclamadas como ‘más influências’


Eu não acredito em más influências

Cada um usa o livre-arbítrio para o que bem entender


E está aí uma arma poderosa que os deuses deram em nossas mãos
Que muitos usam para fazer maldades
Para mim
Uma pessoa não precisa ser exemplo
Nem tampouco sair por aí pregando verdades absolutas
O dever mínimo de cada cidadão
É respeitar seu semelhante
E as decisões de seus semelhantes
Uma pessoa oferece algo a outra aceita
Quem é certo e quem é errado?
Se a pessoa que aceitou não quisesse de fato teria dito um simples “não”
Apenas é corruptível quem possui tendências
E quem se deixa levar
E nesse joguinho de se deixar levar
Muitos perder o que tem de mais especial: suas originalidades

Querendo um ser a cópia do outro


Pensando Igual
Falando merda igual
O que é um total desperdício
E reflexo da insegurança que aflige nossa sociedade
Porque se alguém estiver bem resolvido consigo
Pouco liga para modas ou tendências
Vive de maneira virtuosa
Da maneira que acha melhor
Aceitação? Foda-se, sou mais eu!
O meu “EU” é meu
E não de um padrão estético, sistemático, que empurram goela-baixo e muitos engolem.
“Ah, o amor...”

Amor é o buquê de flores jogado no lixo.


Amor é a velha senhora aguando suas plantas.
Amor é o abraço eterno que durou minutos.
Amor é se colocar no lugar da outra pessoa.
Amor é não desistir quando tudo parece perdido.
Amor é o gol aos quarenta e cinco do segundo tempo.
Amor é o que você acha que a outra pessoa arruinou.
Amor é um gato ronronando em suas pernas.
Amor é o cigarro apagado pela metade.
Amor é aquela música de vocês dois.
Amor é o que falta no mundo.
Amor é a poesia escrita com carinho.
Amor é aquela mensagem inesperada.
Amor é o que raramente encontramos.
Amor é subestimado e superestimado.
Amor mata.
Amor salva vidas.
Amor é um significado pessoal.
Amor é tudo e nada ao mesmo tempo.
“Estranhos conhecidos”

Muitos dos quais confiamos


Informações e sentimentos

Preciosos
Não sabem fazer uso
Desta lisonjearia
E acabam lhe decepcionando.

Eu não confio facilmente


Podem chamar isto de paranoia
Mas existem muitos lobos
Ou lobas
Em pele de cordeiro por aí
Fingindo ser uma coisa
Que de fato não são.

Você pode ser seu pior inimigo


Ou seu melhor amigo
Tudo é uma questão do quanto

Aprofundaste em buscar
Conhecer e buscar seu próprio equilíbrio
E sua verdade pessoal.

Muitos buscam outras pessoas


Como se fossem a solução
Como se fossem a cura
Errados...
A cura está dentro de ti
Apenas não enxergaste
Ainda.
“meu coração pediu para falar “
meu coração está cansado
mas ainda tem muito a dizer.
me vejo em
uma mudança brusca
olho para o espelho
e não me reconheço
mas eu deveria
me sentir triste por isso?
isso é sinal de evolução
toda mudança assusta
mas para isso que estamos vivos:
viver
mudar
crescer
evoluir
fazer a diferença.
é uma questão de saber ter gratidão
aproveitar as coisas simples
porque o simples é muito complexo.
e o que jaz de materialismo
pode não haver amor algum envolvido.
imprevisibilidades:
de um momento para o outro
o que é dito como perpétuo
desliza-se pelo bueiro
tornando-se nada.
nos acostumamos a não valorizar
vivemos em uma sociedade ingrata
que não agradece pelo pouco que tem
ao contrário:
prefere reclamar que o próximo tem mais
enquanto muitos viveriam melhor
tendo menos que a metade do ser que reclama.
o afeto
a demonstração
tornam-se apáticos
“amanhã será igual”
o tolo pensamento
o tolo conformismo
e só quando perde
enxerga o valor
só quando coloca a mão no fogo
percebe que realmente dói
não é preciso aprender pela dor
existe sempre a opção do amor.
e quando menos se espera
já não é mais igual antes
não deixe para depois
as demonstrações
as boas ações;
se não podes ser bom para com o próximo
que ao menos sejas consigo.
matam por diferenças
não respeitam divergências
exageram
exageram
e exageram
até no amor
as taxas de feminicídio crescem assombrosamente
até os policiais estão se suicidando
ninguém está suportando mais
se existe o tal apocalipse
o presenciamos diariamente
e cada vez mais o individualismo perpetua.
apontam vários dedos e julgam
mas fazem até pior do que os julgados
então busquemos fazer de nossas existências o menos
medíocre
possíveis
reflita
use a racionalidade
ande com suas pernas
e vigie sua caminhada
desligue-se da opinião de terceiros
muitos fazem críticas construtivas
sendo que nunca te ajudaram
a construir porra nenhuma.
não é uma questão de ser frio
é uma questão de deixar a razão
o raciocínio
e sua serenidade
agirem
ao invés de uma tomada de decisão cega
tomada pela emoção.
viva como se não tivesse amanhã
pode realmente não haver
o futuro é incerto
mas não é nada mais que
consequência do presente
use o passado como lição
e apenas para isso.
é sempre bom se cobrar
só assim poderá se aprimorar
mas não se cobre ao extremo
aproveite a dádiva da vida
não crie expectativas
crie um mundo melhor
para você e para o próximo.
dizem que só vivemos uma vez
mentira!
vivemos todos os dias
morremos uma vez
às vezes morremos em vida
ressuscite
resgate-se
há esperança!
cedo ou tarde irá se encontrar
nunca desista
principalmente de você mesmo.
“Remédio ou veneno?”

A diferença está apenas na dosagem


Portanto cuidado com os exageros

Falando de modo geral


Não torne algo destrutivo em
Hábito
Pois quando menos perceberes estás
Refém
Do que antes estava “sob controle”
Aí você sai do posto de piloto
E vira o passageiro
Para um rumo desgovernado e corrosivo
Um lugar famoso chamado
Fundo do poço
Muitos se perdem encontrando
Falsas ilusões e falsos prazeres
Mas a dor é tamanha que só querem
Alívio, mesmo que seja momentâneo
Estes que caminham sob

Este tipo de estrada


São os que precisam de ajuda
São os que precisam de ouvidos
Abraços, e principalmente:
Uma salvação
A que melhor convir
Ninguém é um caso perdido
Apenas falta assistência adequada
E vontade de mudar.
“Carência ou solidão?”

Me acostumei tanto com a solidão


Que agora, raramente me integro

Em grupos, multidões
Ou qualquer coisa do tipo.

Tenho aproveitado tanto


Minha própria companhia
Que só quero sair
Do meu bunker
Apenas quando necessário
Mas isso não me parece certo.

Sinto falta de companhia


Não de um relacionamento
Propriamente dito
Ou de algo rotulado
Apenas de uma boa companhia.

Não fico me jogando em cima das mulheres


Sei que elas odeiam isso
Apenas espero como um lobo solitário
Espero encontrar minha lua
Para finalmente uivar
Ou gritar tão alto
Que por fim ela possa me escutar
Aonde quer que esteja
Neste momento.
“Fim de tarde”

A tarde se aproxima do fim


Um calor dos diabos

Baratas circulam pela calçada


Zumbis caminham pela rua
Mas para quem viveu o inferno
Estou em pleno habitat.

Minhas relações nunca foram


Duradouras
E boa parte da culpa é minha
Mas é aquela coisa: sempre atraímos
Aquilo que vibramos
Jamais iremos atrair escuridão
Se houver uma exacerbada luz
Dentro.

Sempre quis fugir


Do meu eu

Da realidade
Dos meus demônios
Até que não pude fugir mais.

O aprendizado que retirei


Ou a moral da história
É que não se pode forçar nada
Nem tentar esconder a sujeira
Debaixo do tapete
Pois afinal de contas
A verdade sempre aparece
Cedo ou tarde.
“Sunday”

Os domingos sempre
São sinônimos de

Melancolia
E certa dramaticidade
Sempre busquei entender o real motivo disto
Chego a algumas conclusões:
É o dia em que estamos sozinhos
Em contato profundo com nós mesmos
E quando olhamos para dentro
Sempre parece existir um espaço vazio
Carecendo de preenchimento
Por outro ponto de vista
É o último dia de descanso
Antes de voltar para a massiva e cansativa rotina
Nunca odiei o domingo
O problema não está no dia
E sim no rumo que escolhemos para nossas vidas
Seria o mesmo que culpar uma sexta-feira 13 por algum azar

Precisamos nos achar, para quando olhar para nossos reflexos


Sentirmos então a cobiçada paz
Mesmo que seja por alguns instantes.
“As tendências”

Virou moda pensar que desinteresse


Torna-te uma pessoa desejável

Para mim todos tem o direito


De não querer algo ou alguém
Mas joguinhos e testes
São coisas imaturas
E vejo muitos adultos fazendo isso
Digo o mesmo sobre indiretas
Se for para falar algo para alguém
Porque não falar cara-a-cara
E assim resolver seus problemas com a pessoa
Sequer sabemos se acordaremos
Vivos no dia seguinte
Então se você se interessa
Demonstre, não entre na onda
Não tenha medo de ser rejeitado
Rejeições, haverá muitas na vida...
O desejo de querer parecer moderno

Ou normal demais
Te afasta de quem realmente és
As multidões erram, erraram por séculos
Portanto siga o seu jogo
Não se deixe virar um personagem
Uma marionete de um jogo moldado pela sociedade.
“As mulheres que conheci”

Já conheci muitas mulheres


Dizem que elas amadurecem mais cedo

São as fontes da vida


O toque final que a arte precisa.
Tenho que admitir
Não tive sorte com as que me envolvi
Mas ainda guardo minhas esperanças
Todas as mulheres que conheci
Agradeço por tudo
Não lhes quero mau
Apenas não lhes quero mais
A fila anda, como dizem
Apesar da minha fila não existir
Mas quero deixar o passado enterrado.
“São Paulo capital”

Ah, terra da garoa...


É assim que é conhecida

Eu definiria SP como a divina comédia


Em forma real e mundana
Tantos mendigos na rua
Tanta desigualdade
As garoas realmente caem
Em cima da cabeça dos desamparados
Enquanto os que podem ajudá-los
Desfrutam de suas luxúrias caras
Igualdade social, está aí algo que
Quero presenciar, antes de morrer
Será que conseguirei?
Não defino ninguém pelas suas posses
Pela roupa ou pela aparência
E sim pelo caráter
Um coletor de lixo
Um desses cidadãos invisíveis da sociedade

Pode lhe fornecer muito mais conteúdo


Que um ser esnobe de terno que não sabe nada da vida
Pois tudo caiu em seu colo
Bom, um dia quem sabe as coisas mudam...
“Lugar Ideal”

Nasci em uma metrópole


Mas gostaria de ter nascido

Em um lugarzinho deserto
Com paz
Sem barulhos de carro
Sem tiros
Sem acidentes
Deveria existir um lugar
Um refúgio para todos
Que cansam das coisas grandes
Que no final são tão pequenas
Passei a valorizar as coisas simples
E percebi que o essencial
Muitas vezes passa despercebido
Sou um amante do silêncio
Não há maior paz
Que estar sozinho
Junto do silêncio

Ouvindo apenas uma música que gosta muito


O silêncio diz tanto...
Pode falar mais que dezenas de dicionários.
“Atormentados”

Constantemente encontramos
Os famosos atormentadores

Não tendo paz, nem tampouco sossego


Irão querer sugar sua luz
Eles querem propagar
Toda sua toxicidade
Aos seus semelhantes
Como se fosse uma praga contagiosa...

E não é difícil se contagiar


Basta estar com a guarda aberta
Ou com as vibrações baixas
Que esses vampiros encontram
Suas vítimas preferidas
Vulneráveis a seus ataques.

Deixe que se afoguem em seus


Próprios venenos

Eles fazem questão de infernizar


Pois a vida deles é um inferno
Cuidado com os vampiros
Não falo do Drácula
Falo destes embotados que estão
Sempre por aí em busca de
Alimento para suas vazias almas.
“Mais um cigarro”

Não consigo dormir


Portanto sigo escrevendo

Não é mais um passatempo


Se tornou uma relação amorosa
Eu e a escrita estamos
Em um relacionamento seríssimo
Eu escrevo estas palavras
Para aliviar o tornado
Que se passa dentro de mim
Nunca pensei em ganhar dinheiro
Em troca das minhas palavras
E tentar me entender
Nem eu me entendo
Mas às vezes as coisas ficam confusas
Então acendo meu Marlboro, e vejo que horas são
Santo Deus, deveria estar dormindo
Mas estou aqui escrevendo para você ler
Bom, boa sorte, para mim nem adianta desejar.
“Época errada”

Sou meio antiquado


Prefiro buquês de rosa a mensagens com emojis

Tudo que é velharia me atrai


Me vem aquele famoso pensamento:
“Nasci na época errada”
Mas não dá para saber
Só vemos glamour e coisas boas
Nas fotografias de época
Raramente descobrimos o lado oculto da história
Mas sempre me vejo viajando
No passado
Sempre quando compro um vinil
Ou quando aprecio obras de séculos passados
Hoje em dia tudo anda tão igual
Não há mais originalidade
Não há mais unicidade
Não há mais brilho próprio
Um pegando a bosta do outro

Cheirando e cagando pior.


“A ironia do tempo”

Quando eu era criança


Tudo o que mais queria

Era crescer e me tornar adulto


Hoje em dia
Vejo que foi mera ilusão
Perdi a inocência
Bebo
Trepo
Pago contas
Dirijo um carro
Tomo remédios tarjados
Pago mais contas
E não sobra tempo
Nem para bater umazinha
A vida te abocanha
E deixamos de viver
Entramos na clássica submissão:
Emprego

Relacionamentos
Faculdades
Parece que estamos seguindo um manual...
É tão fácil parecer sábio
Quando a única coisa que sabe
É falar palavras bonitas e complexas.
“A escuridão”

Sempre gostei
Da escuridão

Se eu fosse
Um animal
Certamente seria
Um morcego
Minha cor favorita
É preto
O neutro
O mistério
Diferente das obviedades
A escuridão é importante
Sem ela
Como a luz apareceria?
Menos quando uma pessoa
Está tomada pela escuridão
Com uma alma e uma vibração negra
Entre outros causos.
“Senso-Comum”

Pensam que homens


São pedaços de pedra

Não podem chorar


Não podem sentir
Senão são considerados maricas
Não há vergonha
Na opção sexual
De alguém
O que é de fato vergonhoso
É relacionar
Sintomas de humanidade
Com sexualidade
Vivemos numa sociedade
Onde quanto mais desumano
Mais normal você é
Por essa e outras
Muitos homens surtam em silêncio
Se suicidam

Ficam loucos
Mas ainda assim
Querem manter a velha figura “macho”
Para mim
Macho de verdade
Tem empatia
Sentimentos
Lava a louça
Assume suas responsabilidades
E trata as mulheres com
Respeito.
“Distância Relativa”

A pessoa pode
Estar ao seu

Lado
Mas pode estar
Milhas distante de ti
Cada mexida no
Celular ao invés
De te olhar no olho
Cada olhar disperso
Quando vocês estão
Nos momentos seus.

Muitas vezes
Os presságios
Revelam o que está por vir
Uma separação não acontece
Repentinamente
Cuidado com os sinais

Sempre cultive
Trate como se fosse
A primeira vez
Todo dia
Conquiste e
Saia das rotinas chatas
Reinvente sua relação
Antes que seja de fato
A última vez
Conselhos de um péssimo
Conselheiro amoroso.
“Ouvindo aos Diabos”

Sento-me aqui
Coloco os caprices

De Paganini
Para tocar
E de repente
Começa a sair
Palavras
E mais palavras
Realmente
A música ajuda
No processo criativo da escrita
Todos precisam de uma inspiração
A minha é a música
Principalmente as músicas instrumentais
Niccolò Paganini, Giuseppe Tartini
Ambos relacionados ao diabo
Mas me ajudam como anjos
Com suas obras.
“Breve definição”

Poesia é
Aquilo

Que sai
Do lado
Esquerdo do
Peito
Os sentimentos
Toda a explosão
Toda a loucura
Todos os acúmulos
Sendo aliviados
Como num milagre
Podendo finalmente
Ser expressados
Poesias são palavras
Que extraem o que
Já não cabia mais
Dentro do coração

E nisto
O coração fala
No lugar das cordas vocais
Através da poesia.
“Sorrisos e Fumaças”

Eu gosto de
Fazer as pessoas

Sorrirem
Me sinto lisonjeado
Quando sou o motivo
Do sorriso de alguém
Não gosto que
Lembrem de mim
De maneira ruim
Mas para mim
Pouco importa
Se ocorrer isto
Estamos em
Constante mudança
Evoluímos
Crescemos
O meu eu de hoje
Agradece ao antigo

Por toda as lições


Por me tornar
Quem eu sou hoje
E o hoje que me
Importa
E de fato: o passado
É uma mera fumaça
De um cigarro
Apagado no cinzeiro.
“Poema para os animaizinhos”

Convivendo com
Meu cachorro

Aprendi muito
Com esse anjo peludo
Ele é leal
Gosta de carinho
Sempre me reconforta
Está comigo
Independentemente
Sempre abanando
Seu rabinho
Pedindo carinho.
Para ele não existe
Tempo ruim
(Exceto quando chove)
É tão triste e irônico
Como um ser animalesco
Consegue sentir

E fazer diversas coisas


Que muitos seres humanos
Sequer se esforçam para fazer.
“A minha puta favorita”

Ela era diferente das outras putas


Nem parecia que eu estava pagando

Conversávamos
Antes e depois do sexo
Monólogos
Desabafos
Mas nunca beijos.
-Por que você se esquiva toda vez que tento te beijar enquanto fodemos?
-Porque você chupou metade do bairro antes de transarmos! E acho beijo íntimo demais.
-Também acho, de qualquer maneira, não entendo o que faz aqui tão jovem.
-Sexo anda muito burocrático, prefiro vir até aqui, não tem muito lengalenga, e nem
aborrecimento.
-Um dia vamos envelhecer
-Eu sei disso, enquanto meu pau sobe faço uso dele, ou vocês fazem...
-O mais estranho é que você não me trata como puta.
-Porra! Eu nasci de uma mulher, como destrataria qualquer uma de vocês?
-Nem todos são assim.
-Eu não sou todos, baby.

E então cheguei em casa


Assisti um pouco do jogo do São Paulo
E dormi no final do primeiro tempo.
“Individualismo”

Existe muita facilidade


Para se perder

E muita dificuldade
Para se achar
Cuidado
Os espertos estão
Cada vez mais
Se aproveitando dos fragilizados.
“Melodias energéticas”

A música
Para mim

É como
Uma vida extra
Que
Sempre me
Reabastece
Quando estou
Sem energia
Ou sendo sugado
Pelo buraco negro
A música me
Proporciona vida
O suficiente
Para seguir em frente.
Gosto de ter
Uma trilha sonora
Para cada

Acontecimento
Gosto de ter uma canção
Para me lembrar
De cada pessoa
Que marcou minha vida
A música
Como toda arte:
É capaz de
Salvar e reviver.
“Criticismo”

É difícil
Ouvir críticas

Supostamente
Construtivas
De quem nunca
Lhe ajudou a construir
Absolutamente nada
Apenas está ali
Para apontar erros
Anulando todos
Os seus acertos
Mesmo que estes
Sejam maioria
Relaxe...
Os que mais apontam
Erros
São os que mais possuem
Pendências

Então se ocupam demais


Com a vida dos outros
Esquecendo dos deveres
De sua própria vida
Alguns criticam
Apenas para abalar
Mas quem acaba
E continua fodido
São eles
Perdedores de merda...
“É possível voltar do inferno”

Às vezes
Quando pensamos

Passar pela
Nossa pior fase
Estamos vivendo
Uma provação
E não falo de
Algo divino
É uma prova
Do quanto podemos
Sermos fortes
O bastante
Para vencer
Nossos infernos pessoais
E depois dessa vitória
Torna-te invencível
Não é para qualquer um
Ir ao inferno

E voltar para
Contar história
Então seja forte
Existe uma luz
No fim do túnel.
“Desencane um pouco”

É preciso
Saber que

O medo
De errar
Te impede
De acertar
Ou de
Sequer tentar
É preciso
Correr riscos
Para estar
Com o troféu
Em mãos
No final.
“Morrer vivendo”

É possível assistir ao seu próprio velório


Enquanto está vivo, com os órgãos funcionando

Quando você deixa aquela vontade de lado por receio


Quando você deixa aquele sonho no papel
Quando você odeia a moda, mas quer parecer descolado
Não se mate enquanto vivo
Viva!
Viva!
Comemore cada dia como se fosse o último
Pois pode ser de fato.
“Sociedade Dos Mortos Vivos”

Raramente me
Deparo com

Pessoas conversando
Umas com as outras
As pessoas sequer se olham
E quando se olham
Se encaram
Como se fossem inimigas
O que mais vejo são
Zumbis encurvados
Olhando para
A tela do celular
Zumbis atualizados
Os vivos raramente
São encontrados por aí
É mais fácil mandar
Uma mensagem no aplicativo
Do que tomar uma cerveja

Ou conversar pessoalmente
Triste rumo
Escravizados pela tecnologia
Que deveria ser nossa aliada...
“Acelerado”

Gosto das
Coisas para

Ontem
Não gosto
De deixar
Para amanhã
O que posso
Muito bem
Fazer hoje
Tenho uma
Constante sensação
De que a vida se acaba
E nisso me cobro demais
Mas às vezes é necessário
Pisar no freio
Se poupar
Se amar
E respeitar seu próprio tempo

Pois tempos são singularidades


Cada um possui o seu
Não existe tempo certo
As coisas acontecem do modo
Que devem acontecer.
“Madrugada em claro”

Mais uma madrugada


Mais um turbilhão

De pensamentos
As horas mortas
Que insistem
Em ressuscitar
O que já se passou.
Meus nervos
Não me deixam
Ter sossego
Minha intensidade
Transborda
Como uma taça cheia
De vinho
E me sinto grande
Dentro de mim mesmo
Noites em claro
Minha mente

Trabalhando contra mim


Não deveria ser assim
Minha mente deveria ser
Minha aliada
Não deveria ser assim...
“Banalidades”

Jamais julgue
Ou opine

Sobre o que
Não lhe diz
Respeito
É fácil demais
Falar de algo
Quando jamais
Chegou perto
De sentir na pele
Como é
Opine apenas quando
For solicitado
Não seja inconveniente
Sua inconveniência
Pode atrapalhar
O processo de crescimento
De outra pessoa.
“Condicional”

A minha felicidade sempre vem com uma cláusula no contrato


Sempre com um porém

Sempre com algo para atrapalhar


O meu encontro comigo mesmo
Eu só queria ter o pacote completo
Mas eu me contento
Tem gente que não tem nem as metades que tenho
Mas às vezes sinto-me oco
Um ócio constante
Mas já foi pior...
“Conselhos”

Vigie seus
Pensamentos

Eles se
Tornarão
Palavras
Vigie suas
Palavras
Elas se
Tornarão
Atos
Vigie seus
Atos
Eles se tornarão hábitos
Vigie seus hábitos
Eles definirão seu caráter.
“Expectativas”

Não crie expectativas


Nem espere muito do próximo

Crie expectativas com moderação


Sobre você mesmo
Sobre seu futuro
E deixe que o destino
Ou qualquer coisa
Que nomeiem
Lhe surpreenda
Expectativa demais gera frustração
Frustração demais gera tristeza
E ninguém quer ficar triste.
“O detalhista”

Sou detalhista
Reparo em

Coisas
Que muitos
Despercebem
O jeito do
Olhar
O olhar diz muito
Sobre uma pessoa
Quando você consegue
Decifrá-lo...
As manias
De cada um
O modo como
Os tons de voz
Se alteram
Os trejeitos
De cada ser

Que navega por aí


Também reparo
No modo que
As pessoas se tratam
Ou se destratam
Eu sinto pelo
Próximo
Alguns chamam de empatia
Mas eu reparo demais
Eu sinto demais
Sinto muito...
“Garoas”

Quando eu era
Pirralho

Sempre imaginava
Que quando
Chovia
Era Deus
Chorando
Ou mijando
Hoje percebo
Que estava
Certo
As divindades choram
Por motivos
Certos
A humanidade
Se transformou
Numa regressão
Generalizada e bestial

E creio hoje
Que quando chove
Os deuses que antes
Mijavam em nossos
Miolos
Hoje em dia
Choram, choram, choram...
“O Primeiro Amor”

Ainda não
Encontrei meu

Primeiro amor
E isso não
Me faz sentir
Triste ou menor
Relações humanas
Cada vez mais
Duram menos
E são menos amigáveis
Mas parando
Para pensar
Na verdade
Eu encontrei
Meu primeiro
Amor: eu mesmo.
“Raridade”

Dificilmente encontro
Alguém com essência

Ou alma
Por aí...
Todos se deixaram
Levar
Ou a maioria
Para não generalizar
Foram tomados
A vontade de ser aceito
Prevaleceu em
Relação à vontade
De pertencer-se
A si
Vários personagens
Vários clichês
Várias cópias
Várias imitações

Terrível...
Eu sou eu
E você?
“Autonomia Abstrata”

As borboletas morrem
Cada vez mais

Um verdadeiro genocídio
Elas costumavam habitar estômagos
O coração eventualmente era aquecido
Mas voltava à solidão.
A solidão é boa
Muitas vezes necessária
O problema está em
Sentir-se sozinho
Através da escuridão
É o único modo
De enxergar a luz
Se não consegues se amar
De fato
Não podes exigir este sentimento
De ninguém.
“Fênix de cinzas”

Não tenho medo de morrer


Tenho medo de não viver.

Existem diversos modos


De morrer enquanto vivo
E a morte chega sem avisar.

A vida nos proporciona o presente


Nome que possui seu significado
Pois cada dia é um presente
De graça, entregue pela vida
Para você crescer, evoluir, aprender...

A realidade
É o inferno
Para quem
Vive de
Ilusões.
“Vontades”

Quanto mais eu vivo


Mais quero matar

Esse meu medo


De errar.

Tenho vontade de viver e sonhar


Tenho vontade de morrer e transar
Tenho vontade de revolução
Tenho vontade de intensidade
Tenho vontade de paixão
Tenho vontade de verdade
Tenho vontade de crescer
Tenho vontade de você
Tenho vontade de voar
Tenho vontade de mudar
Tenho vontade de amar
Tenho milhares de vontades...
“A divina tragédia”

Somos todos feitos


Da mesma matéria

Em decomposição
E já nascemos
Com um prazo
De validade.

Quem se acha melhor


Do que os outros
Não passa de um tolo
Seus ídolos, seus deuses intocáveis
Que cantam, dançam, atuam
Também cagam, peidam, vomitam, xingam
Adoecem, todos iguais a nós...
Brancos, negros, amarelos, azuis, verdes, ou qualquer outra cor étnica que poderá existir.

Tire seus semelhantes de pedestais


Estes nem sabem de sua existência

De seu fascínio, de seu fanatismo


Idolatre você mesmo
Sua mãe
Seu pai
Seu cachorro
Seu papagaio
Ou qualquer outra coisa
Que realmente mereça idolatria.
“Sinceridade com dose”

A sinceridade é uma virtude


Mas devemos saber

Quando a usar
Principalmente para não
Constranger ninguém

Mantenha suas opiniões


Firmes como paredes de concreto
Mas esteja aberto a novas ideias
Nunca se considere dono da verdade

A verdade não possui dono


E é tão relativa quanto um tipo sanguíneo
Cada um possui sua verdade
O que é bom para um pode ser ruim para o outro
E vice-versa.

Seja sincero primeiro com você mesmo

Busque seus defeitos


Corrija-os, mas lembre-se
Você é feito de carne e osso
Não entre na zona de conforto
Mas ao mesmo tempo não se torne
Perfeccionista de modo exacerbado

Muitas coisas podem ser retiradas de ti


Mas o conhecimento...
O conhecimento é algo que
Lhe acompanhará até sua morte
Junto com a sabedoria adquirida no decorrer dos anos.
“Há uma dependência”

O que seria do cigarro


Sem o fogo para acendê-lo?

O que seria dos humanos


Sem o oxigênio para respirar?
O que seria dos músicos
Sem as melodias que criam?
O que seria da luz
Sem a escuridão para colocá-la em cena?
O que seria dos mendigos
Sem a caridade que recebem?
O que seria do mundo
Sem o mínimo de compaixão?
O que seria da minha escrita
Se ela não ardesse em meu peito?
O que seria de você
Se sua vida não tivesse um propósito?
O que seria do café
Sem as xícaras?

O que seria dos homicídios


Sem os assassinos?
O que seria do alcoólatra
Sem a bebida?
Pois é...
Eu ficaria horas neste poema
Citando exemplos
Do quanto milhões de coisas
Dependem de outras para seguirem
Eu dependo do meu coração
Que muitas vezes chora
E às vezes sorri para o mundo.
“Será que sou um escritor?”

Odeio ser rotulado:


Escritor

Poeta
Vagabundo
Feio
Bonito
E por aí segue a linha...
Pessoas não são produtos
Para serem rotuladas
Nem tampouco objetos
Para serem usadas
Muitas se deixam levar
Mas não as culpo
A solidão é demonizada
Uma pessoa sozinha
Sempre parece ser
Alguém que ninguém quis
Eu acredito que o mundo

Tem salvação
Mas precisamos começar
A salvação
Salvando todos nossos semelhantes
E há trabalho para isso...
É possível mudar
Exige coragem
Mas se for para mudar
Que mude para melhor
Ou pelo menos melhor
Que suas versões antigas.
“A escola da vida”

A vida é uma escola


Aprende quem quer

Muitos preferem
O caminho da dor
Alguns optam
Pelo caminho do amor
Muita gente paga para ver
Acha que só vai acontecer
Com o vizinho, com o próximo
Mas quando sente na pele
A coisa muda completamente...
Aprendemos todo dia
Uma escola exigente
Mas se ao menos conseguirmos
Extrair o suficiente
Para nos aperfeiçoarmos
Já está de bom tamanho
É preciso primeiro aprender

Para depois ensinar.


“O primeiro beijo”

Meu primeiro beijo


Aconteceu quando

Eu tinha 12 anos
Foi atrás da igreja
E foi estranho
Porque eu não sabia beijar
Mas foi bom
E desde então não parei
Obrigado, mulheres
Por terem me aturado
Na maioria das vezes
Elas caiam fora
E eu também já quis
Cair fora, não me aguentava
Mas descobri que a vida dá sinais
E se você não está pronto para morrer
Há muita vida pela frente.
“Olhos maldosos”

Eles te desprezam se não é inteligente


O bastante para seus padrões

E te odeiam
Se você é acima da média estipulada.

Sucesso hoje em dia


É ofensa pessoal
Um sorriso no rosto
Fere mais que um tiro.

Tão estranho essa sociedade


Sempre resumem as pessoas
Pelos erros que cometeram
E esquecem de seus acertos.

Não há campeão
Não há vencedor
Há vaidade

Há egocentrismo.

Tão difícil viver assim


Meu senso empático grita
E não consigo me conformar
Com o rumo que os acontecimentos
Estão tomando por si
Cada vez mais uma competição
Cada um por si
E salve-se quem puder
Meu sentimentalismo verdadeiro
Se derrama, como uma chuva ácida.
“Inferno, Purgatório e Paraíso”

Dante foi um visionário


Inconscientemente conseguiu

Resumir a humanidade
Apenas pelos títulos de
Sua obra mais famosa.

Todos precisamos passar


Primeiro pelo inferno
Vencer os demônios
Tirar os tridentes de nossas entranhas
E então seguir para o próximo passo.

Então vivemos o purgatório


Lutamos contra nossas vulnerabilidades
Nos horrorizamos com nossos pensamentos
E por fim
Conseguimos encontrar nós mesmos
Encontrar quem estava adormecido ali

Esperando uma deixa para dar sinal de vida.

Por fim
Chegamos ao suposto paraíso
Depois de tanta luta
Depois de tantas lagrimas
Depois de tantas lamúrias
Depois de tanto sofrimento
O coração consegue enfim
Respirar
Não mais respirar enxofre
E sim um ar puro, o ar da liberdade.
“Nudismo”

A nudez não é o despir de roupas


E mostrar o corpo pelado

A nudez está na transparência


Da alma.

Quanto mais transparentes somos


Mais nus estamos
Os outros se assustam
Mas ao menos temos a liberdade
De jogar fora as roupas velhas
E sair por aí como bem querermos.

Não estou aconselhando ninguém


A sair por aí se exibindo pela rua
Estou apenas desmistificando
Uma metáfora mundana.
“Solitário”

Quanto mais me afasto da sociedade


Com mais frequência sinto-me bem

Isolado em meu casulo


Não desejo que ninguém me perturbe.

Antes buscava multidões


Tinha vontade de ser aceito
Hoje não faço questão disso
Se eu me aceito, basta.

A solidão é uma das dádivas da vida


Aprendi com ela que não preciso
Nem tampouco dependo
De outra pessoa para ser feliz.

Gosto de ouvir música


Tocar violão
Ver o dia acabando

Sem ninguém ter me perturbado


Jesus, que milagre
Raramente isso acontece.

Sempre há algo para importunar


Tua momentânea paz
Mas seja forte
O mundo é cheio de terror
Entre em sua toca
E só saia quando for necessário
É o que eu faço
E tem funcionado.
“Mortes”

Não entendo...
Existe grande comoção

Quando um famoso morre


E quando uma pessoa comum morre
Ninguém sequer liga.

Não entendo...
Um término de namoro de um casal famoso
Um fuxico, uma fofoca sobre pessoas ricas
É mais relevante do que abordar temas relacionados à
Pessoas de classe-média, ou pobres.

A mídia é muito oportunista


E o jogo está controlado
Existe gente que dita as cartas do jogo
E como as coisas devem funcionar.

Podem me chamar de teorista conspiratório

Mas eu estou cansado da velha cartada


Estou cansado da televisão manipulando
Estou cansado de pessoas alienadas
E não estou cansado delas em si
Estou cansado em relação
Ao quão fácil se deixam levar
E serem engolidas.
“Sympathy For The Devil”

Costumava gostar mais dos Beatles


Mais os Stones largaram na frente

Pelo menos no momento


Não quero fazer comparações
Como muitos fazem
Mas são duas bandas fantásticas.

Quanto talento desperdiçado:


Brian Jones morto misteriosamente.
Mas a banda seguiu em frente
E criou obras clássicas e lendárias.

Antigamente, costumavam dizer


Que o blues era a música do diabo
Tempos mais tarde disseram que era o rock
O diabo não está na música
Está nas pessoas.
“Hunter S. Thompson”

Quando assisti “Medo e Delírio em Las Vegas”


Com Johnny Depp interpretando Hunter

Junto de Benicio Del Toro interpretando


O advogado Dr. Gonzo
Ocorreu-me uma mistura de sentimentos
Pois de fato, Hunter vivia daquela maneira
Inclusive assistindo entrevistas
Fiquei impressionado com a
Fidelidade que Depp interpretou Thompson.

O jornalismo Gonzo é louvável


Irreverente, divertido, insano
Mas nunca perdendo o foco
Sem desvios em relação ao objetivo.

Hoje, fumando meus cigarros Dunhill


(Sem a famosa piteira de Hunter)
Brindo à genialidade incompreendida

De sua existência no mundo terreno


Estranho demais para viver
Raro demais para morrer.
“Herói”

Quando me perguntam:
Quem é seu herói?

Respondo que sou eu mesmo


Ou então meu pai.

Meu herói não é Che Guevara


Meu herói não é Kurt Cobain
Meu herói não é Martin Luther King
Meu herói não é John Lennon
Meu herói eu construo
Meu herói não é imortal.

Assim como o significado desta palavra


É muitas vezes banalizado ou confundido
Por exemplo: (Nada contra jogadores de futebol)
Um jogador faz o gol do título na final da World Cup
Todos o proclamam o herói da pátria
Enquanto médicos salvam vidas

Bombeiros apagam fogos


Clínicas ajudam pessoas
Entre outras pessoas ou entidades benevolentes
Portanto eu sou meu herói
Inspiração?
Me inspiro no humor que me encontro no dia
Pode ser variável
Narcisismo? Nada disso amigo...
Apenas mínima noção
De uma verdade pessoal
Pois cada um possui suas verdades
E não ousaria dizer que a minha é absoluta.
“Nunca entendi”

Gastam vários reais em whisky


Propriamente um bom whisky

E misturam com energético


Matando totalmente o gosto
Do whisky.

Sempre fui apreciador desta bebida


Então tomo as dores por ela
Odeio ver esse assassinato
Gosto de beber cowboy
Ou no máximo com um dedo de água.

Mas cada louco com suas manias


Querem ostentar
Então que ostentem
A babaquice que estão fazendo.
“Um poema sobre mim”

Sou geminiano
Para os leitores que gostam de astrologia

Nasci no dia dos namorados


No ano de mil novecentos e noventa e oito.

Gosto de ler
Gosto de transar
Gosto de tocar violão
Gosto de ficar sozinho.

Isso é o necessário
O resto eu deixo no mistério
Para alguém um dia desvendar
Minha existência.
“Sempre fugi, agora não seria diferente...”

Freud estava certo quando afirmou


Que era impossível encarar

A realidade sem nenhum mecanismo de fuga


Aí que está o problema ou o alívio.

Muitos escolhem drogas e acabam com suas vidas


Muitos escolhem livros e recheiam-se de conhecimento
Muitos escolhem fazer longas caminhadas
Muitos escolhem escrever (meu caso).

Devemos analisar nossas fugas da realidade


As consequências que elas podem remeter
Ao responsável
E conjuntamente para as pessoas que estão ao seu redor.

Todos precisamos de um tempo para respirar


Contanto que não afete o próximo
Respire

Fuja o quanto quiser.

Saiba que cada atitude


Possui consequências
E muitas vezes o prazer raso do calor momentâneo
Pode acabar com vidas inteiras.

Sem querer dar uma de santo


Apenas aconselhando meus irmãos
Que a vida vai muito além de
Sexo, Drogas e Rock and Roll.
“O bigodudo”

Nietzsche estava certo também


A vida sem a música seria um erro

Eu certamente já teria surtado


E que Deus abençoe a alma de
Quem inventou os fones de ouvido.

A música é o campo que caminho


Um gramado sereno e aparado
Onde caminho ao encontro
Do sentimento puro e belo
Que as melodias proporcionam.

Cada melodia é um milagre


Cada arranjo é uma dádiva
Cada acorde é uma construção
O conjunto da obra é a arte.

Música, a arte mais utilizada no mundo

Não há como escapar dela


Mas podes escapar através dela
E fugir da estressante realidade.
“Poema para o meu pai”

Você se foi cedo demais


Não pude te dizer tantas coisas

Não pude mais te abraçar


Não pude mais me sentar no seu colo
E ouvir você falar coisas engraçadas.

Eu espero que de onde quer que


O senhor esteja
Eu esteja orgulhando você
Hoje me tornei um homem prudente
Ajo pela razão, e meço as consequências.

Fique sossegado
Estou cuidando da mãe
E das meninas (minhas duas irmãs)
A vida continua.

Eu sempre lhe amarei

Nunca sairás de minha mente


E se derramar lágrimas por ti
Saibas que é por saudade.

Convivemos menos de uma quinzena de anos juntos


E mesmo assim o senhor me ensinou tanta coisa
Obrigado, Seu Claudio...
Você sempre será meu melhor amigo
E meu fiel companheiro
Para a minha vida
E depois que tudo se acabar no mundo mundano
Iremos nos reencontrar.
“Um trem desgovernado”

Não queira as coisas para ontem


Saiba que tudo acontece em seu determinado tempo

Todavia não se acomode, lute pelos objetivos


Mas sem muita afobação, pois a velocidade não é nada sem a direção
A ansiedade é um dos males que acomete nossa sociedade
Antes o que era uma ansiedade boa, como a espera por uma viagem inesquecível
Torna-se um estado constante de nervosismo, inclusive com as coisas mais triviais
As pessoas querem tanto dar passos mais largos que suas pernas possam alcançar
Que acabam tropeçando, e muitos ficam no meio do caminho...
O seu ritmo é diferente do ritmo de terceiros
Não apresse o que já está desenhado para ti
Apenas semeie o que há de melhor
Para colher os frutos que tanto esperastes
E quanto tivera-los em mãos, valorize
A gratidão é uma arma que possui vasta munição
O reconhecimento e a humildade também são ótimos arqueiros
E então estás preparado para entrar no campo de batalha
Outros mistérios e segredos são pessoais demais, impossível generalizar emoções

Nem tampouco estou tentando criar um manual de verdades absolutas


Ou como se sair bem na vida, apenas breves palavras que saem do meu coração
E meu senso empático, não aquieta minha vontade de querer o bem de meus irmãos.
“Direitos”

O que mais vejo hoje em dia é:


Injustiça

Desigualdade
Preconceitos.
Os anos se passam
E a humanidade regride
Ao invés de evoluir.

Todos sofrem algum tipo de preconceito


Ou pela cor da pele
Ou pelo seu peso
Ou pelo modo que pensa
Ou pela religião que crê
E por aí vai...

É tão difícil respeitar o próximo?


Talvez...
Nos dias de hoje

Ser diferente é sinônimo de ridículo.

Se todos fossemos iguais


Imagine como o mundo seria.
Por isso cada um tem seu jeito
E cada um possui seus direitos.
“Hoje eu morri”

Hoje eu morri, talvez amanhã eu renasça.


Precisamos morrer tantas vezes enquanto vivos

Para finalmente viver


E quando percebemos, a vida toda se passou.

Eu morro frequentemente
Às vezes ressuscito
Outras vezes fico abatido
É difícil aturar a vida em certos dias.

O mundo desmorona como as torres gêmeas


E só sobra a fumaça cobrindo todo o local
Essa fumaça demora para sumir
E quando some, perdemos tanto tempo.

Ao mesmo tempo que penso que nenhum tempo é perdido


Penso no quanto desperdiçamos nossas vidas
E isso me deixa realmente frustrado

Como um pássaro com uma asa quebrada.

Hoje eu morri
E só quero ficar no meu leito
Sem ser perturbado
Além de ter que conviver com suas angústias
Pessoas te perturbam
Parem!
Quando alguém não está bem
Tudo que a pessoa quer é paz
E um pouco de sossego
Que só a solidão é capaz de proporcionar.
“Novidade”

Muitos têm medo do novo


E o novo realmente assusta

Então entram num conformismo


E não se atualizam nem diversificam suas vidas.

Se tem uma coisa que odeio é: zona de conforto


Estraga e arruína tudo que pudera imaginar
Odeio mesmices e inalterabilidades
Odeio clichês e falas saídas de um suposto roteiro.

Eu gosto de novidades
Gosto de me reinventar
Gosto de mudar o que precisa ser mudado
Gosto de estar sempre atualizado.

Talvez seja a minha sede de mudança


Minha inquietude não me permite ficar parado
Esperando as coisas caírem no meu colo

Se queres algo de verdade


Então corra atrás
Não fique esperando que caia do céu.

Eu já fui vários em minha vida


Sempre busquei evoluir
Apesar de ter vivido um tempo de regresso
Depois que você conhece a evolução
Você não decai mais ao recesso
Claro, se estiver sempre atento...
“Calçada da Avenida”

Saio para caminhar


Observo as pessoas

Sempre fui abelhudo


Atento aos detalhes.

Eu me deparo com muitos animais


Vestidos de terno e gravata
Vejo morcegos voando no céu
E cagando na cabeça do Monumento.

O mundo anda meio estranho


Mas eu também sou estranho
Mas estranhamente
Não consigo me simpatizar com toda essa
Esquisitice.

É um estranho “ruim”
Entendem?

As pessoas nem sequer percebem


Que as outras existem
O ar está tão gelado
Mesmo quando faz um calor
De trinta e poucos graus.

Parece um filme mau-dirigido


Uma piada sem graça
Um ato de mau gosto
Mas é simplesmente
A realidade
Nos contentemos...
“O ato de escrever”

Escrever me alivia tanto


Parece que tive orgasmos

Ou que ouvi música boa


Sinto liberdade quando escrevo.

Parece que estou me conectando


Comigo mesmo de uma maneira
Mais íntima do que masturbação
Não sei se expliquei bem
Mas escrever me faz tirar coisas
Que estão guardadas no fundo do baú
E que eu nem sequer me dava conta
De que estavam ali escondidas.

Eu sou um viciado em escrever


Podem me mandar para os “Escritores Anônimos”
Porque não consigo parar de beijar as palavras
E elas me amaciam, me paparicam, cuidam de mim.

As palavras têm poder


Os pensamentos têm poder
Tu tens poder
Eu tenho poder
É uma questão de achar
Onde descarregar todos nossos poderes
A sociedade está repleta de super-heróis
Capados, que só fazem peso
E não usam seus dons ou virtudes
Que desperdício para o mundo...
“Pião”

Rodopio igual um pião


Rodo tanto até ficar tanto

E depois paro
E não saio do lugar.

Ando cansado demais;


Fisicamente
Mentalmente
Emocionalmente
De todas as maneiras possíveis
Se fosse possível dormir
E acordar quando o pesadelo acabar
Mas é preciso encarar a realidade dos fatos
E superar nossas próprias barreiras
A vida não é fácil
E nunca será.

Eu preciso desse descanso

Minha mente é elétrica demais


Eu preciso descansar
Mas não
Para sempre
Apenas
Por enquanto...
“Mãe Natureza”

A natureza possui tantos bens


Bens estes que são destruídos por nós: seres humanos

Por isso ela se revolta vez ou outra


Ela está cansada de ser massacrada por tantos séculos.

A natureza deve ser respeitada


Ela não é uma fonte econômica
Desmatamentos queimam folhas de sangue
Um dia iremos sofrer as consequências...
Parte II

“VERSOS
ENQUADRADOS”
“A luz imprevisível”

Em meio a tanta escuridão


Tantas névoas de obscuridade

Estou encontrando a claridade


Sinto uma tranquila sensação.

Não estou completamente bem


Mas valorizo as pequenas evoluções
Já não sou aquele alguém
Que não possuía emoções.

Acredito, milagres existem


As claridades em mim insistem
Então chame-a para conversar
E logo, irá lhe abraçar.

Todos os tempos são fases


Mudamos as prioridades
Nos tornamos nossa melhor versão

Um caminho aberto para a iluminação.

Tenho perspectiva
Acredito na vida
Tudo volta aos eixos
Apesar dos difíceis trechos.

Dentro de mi, só amor...


Jogo fora qualquer rancor
O futuro é incerto
Mas o presente está em aberto.
“Escuridão”

Estou andando numa corda bamba


Dirigindo um carro sem retrovisor

A tristeza descamba
Uma diária sensação de dor.

Altos e baixos
Trancos e barrancos
Já não mais me encaixo
Nesse mundo de prantos.

Meu violão me distrai


Um filho sem pai
Acho que vou explodir
Não sei se vou conseguir...

Escrevo meus desabafos


Mais um desses casos
De um jovem sem amor pela vida

Com vários pensamentos suicidas.

A vida é uma ambiguidade


Um dia é uma eternidade
Um sorriso é raridade
Caio-me na autopiedade.

Não consigo sequer chorar


Mas algo me diz para continuar
Apesar de estar vivendo esse dilema
Acabo de escrever mais um poema.
“Suicídio”

Já não tenho mais vontade de viver


Meu único desejo é morrer

Nada me deixa satisfeito


Caminho por um beco muito estreito.

Com um grande aperto no peito


Mal consigo respirar
A ansiedade não me deixa relaxar
Da vida não tiro mais nenhum proveito.

Sinto-me encurralado
Completamente desamparado
Busco uma possível solução
Mas só me deparo com destruição.

Estou apenas sobrevivendo


Gradativamente me perdendo
Como um fósforo queimado

Ou um cigarro apagado.

Uma música sem melodia


Uma noite sem um dia
Um pesadelo sem despertar
Um ferimento que não consigo estancar.
“Dois mil e dezenove”

O ano mais difícil de minha existência


Constante nervosismo, falta de paciência...

Não consigo sequer reagir


Ao que continuo a sentir.

Mas tenho tirado lições


Não precisei de sermões
Aprendi comigo
Aprendi estremecido.

Talvez chamem de redenção


Pois estava no caminho da perdição
Descobri minha depressão
E o amargo gosto da solidão.

Não priorizo mais o artificialismo


Me contento com o meu sentimentalismo
Busco sempre dos erros a reparação

Busco sempre das lições a evolução.


“Um elefante”

Sinto um elefante em cima de mim


Nascemos chorando, é um presságio

Tinha ideia do que estaria por vir


Um agonizante estado letárgico.

De mim não posso fugir


Ah, se eu pudesse sumir...
Não queria sequer ter nascido
Emocionalmente falido.

De repente se torna um passarinho


Que assovia bem baixinho
Que ainda existe uma perspectiva
Ele sussurra “levante-se e viva”.
“Efeito borboleta”

Sempre costumava tomar café às seis horas da manhã


Mas esqueci de comprar meu maço de cigarros

Então fui até a banca de jornal ler as notícias dos estados


E acabei saindo em disparada, entrei na van.

Mal tinha reparado


Que eu estava bem adiantado
Então parei para tomar café em um pequeno bistrô
Uma moça, a garçonete, me deixou paralisado
Ela era uma escultura que Da Vinci desenhou.

Fiquei observando-a, se eu fosse king, ela seria queen


Ela perguntou se tinha feito algo de errado
Respondi que não, errado fui eu que tinha me apaixonado
Ela não esperava um tipo de resposta assim.

Ela ficou sem reação, depois de um minuto me falou:


-Eu vou me atrasar – e seu número me passou

Respondi que também estava atrasado


Que depois a chamaria
Parecia uma doce ironia
Parecia algo predestinado.

Cheguei ao meu emprego, mesma rotina


Fui embora para minha casa, e mandei a mensagem para a moça que fez meu dia
Ela respondeu, e nos falávamos cada vez mais, sem nenhuma apatia
Parecia que o Cupido nos seguia
E isto eu pressentia...
Nos vimos novamente, desta vez ela estava ainda mais linda
Com o uniforme de trabalho já tinha achado ela espetacular
Imaginei, sem roupa nenhuma, deve ser melhor ainda
No fim da noite, ela começou a me beijar.

Estávamos no meu caro, estacionados


Em um lugar, um tanto quanto isolado
Ela falou:
-Não quero parecer uma tarada
-Mas você me deixou toda molhada
E então ela começou a me chupar, olhando para mim
Eu falei que ia gozar: -meu Deus, ohh, sim...

Depois levei-a até sua casa


Perguntei se podia entrar
Ela falou-me para acompanhar
E falou -Outro dia eu é que vou lhe visitar.

O sexo foi sensacional


Ela sentava no meu pau como uma profissional

Gozamos juntos, e depois começamos a rir


Um sentimento estava começando a surgir...

Uma semana depois, continuávamos nos falando


Fui visitá-la, ela estava me esperando
Conforme fui me aproximando, sabia que ela tinha bom gosto
Ouvi as melodias dos Rolling Stones tocando.

Pouca conversa, fomos direto ao ponto


Tinha bebido whisky, já estava tonto
Transamos intensamente, dava para ouvir-nos do outro lado da cidade
Sem pausa, incessantemente
Depois de muito sexo, a amizade
Conversamos, e ela me contou
Que nunca em sua vida se apaixonou
E que via em mim algo diferente

Eu respondi que sentia o mesmo, estava contente.

Então caímos fundo, era o amor


Depois de muitas visitas
Depois de muitas saídas divertidas
Nosso mundo tinha demasiada cor
E cada vez tudo ficava mais colorido
E ela se tornou o meu amor
O amor que eu nunca havia conhecido.
“Chuva em meu coração”

Uma nuvem tomou todo meu céu


Não sou culpado, nem tampouco réu

Às vezes a névoa toma conta


E a tempestade me desmonta.

O dilúvio começa a cair


Não quero chorar, então vou rir
Pois se eu chorar, causa enchente
Então faço diferente.

Mas a inundação veio, e não pude evitar


Meu coração transbordou e começou a palpitar
Mas se eu ouvir todos seus palpites, estou perdido
Quero sair daqui, não quero ficar escondido.

Depois que a chuva passa


Aparece um sol tímido
E então sinto a ameaça

De um coração sentido.

Vai passar, tenha calma


Alimente sua alma
Tenha muita perseverança
Não deixe morrer a esperança...
PARTE III

Poemas simples
Ou até mesmo
mais simples que
os anteriores.
“Manhã de sábado”

Escrevo de um modo diferente


Deixo de acender a luz

Deixo o sol clarear minha visão


E aquecer meu humilde coração.

Sinto calma
Desço a escadaria
Bebo um copo d’água
Fumo um cigarro e sorrio.

Engraçado, a alegria espontânea costuma fazer você se sentir meio bobo


Eu estou de bem com o mundo
Quando culpamos o mundo, estamos errando
O problema está na maneira que olhamos as coisas
Basta uma dose de otimismo para conseguir
Ter a perseverança
De continuar.

Eu escuto música
Escuto os pássaros
Escuto a serenidade vencendo a melancolia
Finalmente escuto melodias suaves
Nada é em vão ou por acaso.
“Um poema para Elis Regina e Tim Maia”

Elis era grande, uma gigante


Com seus metro e cinquenta e três de altura

Quando começava a cantar


Se engrandecia, como uma transformação
E sabia interpretar com paixão as músicas
Uma artista completa, ah, Elis...

Costume dizer que ninguém é melhor que ninguém


Mas em certos ramos e assuntos, existem comparações e preferências
E junto de Elis, outro homem que por sua vez era grande em tamanho
E conseguia juntar toda essa grandeza em sua imensidão vocal.

Tim Maia, guardo um vinil seu em meu quarto


Quando terminei um namoro, ouvi “Me Dê Motivos” durante um mês
Você iria rir, falando que eu era mais um formado em cornologia
Mas eu escuto muitos, e ninguém chega perto de ti
Se existe um título de rei no ramo musical, deveria ser seu.

A gauchinha Elis, seria a Rainha


Seu sorriso fazia qualquer um ficar abobado
Tão espontânea, tão verdadeira, tão intensa...
Faria jus a sua coroa.

Em memória de música brasileira


Escrevo sobre dois grandes cantores
Duas grandes almas as quais admiro
E espero que estejam fazendo um belo dueto
Onde quer que estejam
Neste momento.
“Sabores”

Por vezes sou amargo como absinto


Outrora sou doce como um brigadeiro

Depende de como me degustas


Depende de como me interpretas.

Mas também depende muito do meu humor


Meu humor costuma intercalar bastante
Estou cuidando deste assunto
Cuidar de você mesmo é uma das maiores provas de amor.

Um assunto para ser levado a sério


Muitas vezes precisa ser repetido
Muitos se entediam facilmente
Eu sou um desses, mas sei separar quando é chatice, e quando é algo agregador.

Já provei de muitos sabores também


As mulheres doces foram em minoria
As amargas sempre me escolhiam

Ou eu as escolhia de alguma forma.

Atraímos o que somos, uma questão de vibrações


Tudo é energia, ou nesse caso identificação
Quem se mistura aos porcos, come lavagem
Assim como
Quem se mistura com
Quem tem luz própria
Fica mais iluminado.
“Clarice”

Vejo uma entrevista de Lispector


Fico impressionado com seus olhos

Da mesma maneira que são sombrios


São hipnotizantes e mortais.

Quando ela diz que morreu


Eu entendo como é
Quando ela diz que vai ver se renasce
Eu entendo como é.

Foste uma revolucionária, Clarice


E eu sou um grande admirador
Parece que escrevo para ela
Mas costumo demonstrar meu apreço
Em primeira pessoa.

Se você estivesse viva


Ainda ensinaria muito

Assim como vosmecê, minhas influências são diversificadas


Misturei de tudo.

Se me perguntarem quais são minhas influências


Francamente não saberei responder com precisão
Pois já li tanto, já me deliciei tanto com a literatura
Que é uma mistura de tudo que consegui absorver.

Acho, que no final de tudo


Nossas inspirações somos nós mesmos
As experiências que passamos na vida
E o quanto conseguimos crescer no decorrer do caminho.
“Opinião absoluta”

Não consigo ter uma opinião absoluta


Quando se trata de determinados assuntos

Pois meu estado de consciência está em constante mudança


Não posso proclamar uma verdade, e deixar que ela fique perpetuada
Pois posso mudar de opinião, ou meus pensamentos posteriormente.

Jamais consigo opinar sobre algo que não vivi na pele


Quem tem propriedade para falar sobre, é quem vivenciou
É muito fácil falar estando fora das quatro paredes
Difícil é saber a situação e o que realmente acontece nos bastidores.

Por isso nunca liguei para opinião oca


Aquele tipo de opinião que não me agrega em nada
Mas, não sou arrogante o bastante para não ouvir conselhos
Sempre estou aprendendo, estou aprendendo agora.

Jamais tente ensinar


Se sequer aprendeste

Saiba seu lugar


Saiba sair
Saiba chegar
Isso já é bom
O bastante.
“O teatro da vida”

Quando acontece algo ruim em nossas vidas


Ficamos chateados, obviamente

Mas tudo é uma questão de cair na lona


E não se deixar ser nocauteado.

Vida é luta
Lutar para viver é bravura
Ser feliz é loucura
Como dinossauros destruindo a Torre Eiffel
Ou baratas gigantes destruindo prédios
Ou Mona Lisa mostrando os dentes
Ou Van Gogh com duas orelhas
Ou Hitler praticando Ioga
Ou matar por divergências
Ou destratar as pessoas pelo simples gosto de humilhar
Cada contradição...
Mas eu sou maluco
Sou doido de pedra

Quero ser cada vez mais feliz.


“O circo”

Às vezes somos o palhaço que alegra as pessoas


Às vezes somos o mágico que aparece com uma solução impossível

Às vezes somos os malabaristas lidando com os altos e baixos


Às vezes somos o domador domando o leão que quer te abocanhar.

Às vezes somos os atiradores de facas atirando contra nossos inimigos


Às vezes andamos numa corda bamba tão perigosa quanto um tiroteio
Às vezes temos que ser contorcionistas e contorcer a situação
Às vezes precisamos engolir facas.

Sempre haverá um espaço ou um papel


Nesse grande espetáculo que é a vida
Às vezes você escolhe
Noutras você é obrigado.

E o circo segue
Sem pegar fogo
E não me limito ao circo

Apenas tematizo este poema assim:


Simples e reflexivo
Do jeitinho que eu gosto.
“Responsabilidade”

As pessoas gostam de culpar algo


Algo que alivie suas frustrações

Culpam Deus, Diabo, o vizinho


Culpam todos, mas não assumem seus erros.

O orgulho é um veneno para a alma


O ego se infla e a alma se esvazia
Todos querem sair por cima
Esquecendo de que todos começam de baixo.

Cuidado com o veneno que cultivas


Sentimentos ruins são como bebidas ruins
Se não é bom, nem tome, ou jogue fora
Não desperdice tempo e comprometimento com o que
Não agrega.

Assuma seus erros


Assuma suas falhas

Assuma sua beleza


Assuma sua essência.
“O convencional”

Qualquer dia desses, saia do convencional


Saia na rua de roupão

Use bermuda e sapato social


Caia no ridículo.

O mundo já é um hospício
Que tal liberar sua loucura?
Liberte toda esta tormenta que jaz em ti
Deixe que a besta rosne para o mundo.

Brinque com seu cachorro, finja que é uma criança


Mande beijos para as pessoas enquanto dirige, finja que é o presidente
Compre rosas e presenteie desconhecidos
Coma a sobremesa antes da refeição principal.

Ajude a idosa a atravessar a rua enquanto vocês falam dos Beatles


Cumprimente o coletor de lixos e fale sobre a vida com esse filósofo
Assobie sua música favorita enquanto faz uma caminhada

Sorria para a vida, para a vida sorrir para ti.


“Blues”

Eu consigo sentir o blues em minhas veias


Quando Robert Johnson canta para o Diabo

Quando B.B. King toca seus solos divinos


Quando Elmore James usa seu slider com maestria.

Antigamente, falavam que o blues era a música do capeta


Nesses termos, sou um satanista fanático
O blues reanima meus sinais de vida quando não há mais nada
O blues deu origem à diversos gêneros musicais.

Eu consigo sentir vocês...


Eu consigo sentir o blues...
Obrigado pelas obras
Descobrir o blues foi melhor que a minha primeira foda.
“Um poema para a minha família”

Sou um rapaz abençoado


Minha família me escolheu

Digo em termos espirituais


E como num amor verdadeiro, fomos feitos um para os outros.

Quando um cai, os outros ajudam-lhe a levantar-se


Quando um sorri, todos festejam e ficam alegres
Quando um faz merda, todos dão conselhos
É uma união divina, e belíssima.

Eu amo minha família


Eu amo meu cachorro, ele faz parte da família
Eu amo nossa união
E eu amo a insistência da minha família em mim.

Eu era um caso perdido


E lutaram para me salvar
Me ajudaram muito

Eu me salvei
E boa parte desta redenção
E de tudo que habita em meu peito
Dedico à minha família.
“Se for para escrever para ganhar algo em troca, esqueça...”

A poesia é o milagre inesperado


É o conjunto de palavras que exprimem o que há dentro do poeta

Se fazes por dinheiro, esqueça...


Se fazes por reconhecimento, esqueça...

Eu escrevo para não entrar em um período terrível de letargia


Basicamente, eu escrevo para me manter vivo
A poesia é um órgão vital meu
E se alguém tirar a poesia de mim, eu morro.

Portanto, se não for para escrever com a alma, nem tente...


Existem poetas demais que se vendem por tão pouco
Não seja mais um deles
Se queres realmente ser um poeta, comece sendo verdadeiro consigo.

As palavras fluem, saem como um vômito depois de uma bebedeira


E você não consegue controlar
Quando se dá conta, a poesia tomou conta de você

E estás amaldiçoado
NECESSITA escrever, não é mais um passatempo.

Pelo menos é o que acontece comigo


O melhor modo que tenho de me expressar é pela arte
A música conseguia aliviar um pouco
Mas não há nada que me coloque em maior contato com meu perispírito
Do que
A poesia.
“Modos de escrever”

Alguns enfeitam muito, e no final não dizem nada...


Nenhuma mensagem, nenhum objetivo de fato

Escrevem palavras bonitas e complexas


Que não possuem significado algum.

Exceto para aqueles que se contentam com pouco


E eu não faço parte deste grupo
Gosto que a minha escrita mexa com o meu leitor
Não que ele apenas olhe e diga “Que coisa linda, vou mandar para a minha namorada”.

Não sou contra o romantismo, pelo contrário, sou sentimental


Mas simplesmente não aturo escritas que dizem mais que o necessário
Enrolam tanto, que o leitor de bom gosto boceja
Não entendo o motivo pelo qual eles não vão direto ao assunto.

Odeio enrolações
Odeio embotamento
Odeio palavras feitas para agradar gregos e troianos

Odeio palavras confeitadas e embaladas.

O mundo precisa de verdade


Mas vivemos em um mundo de ilusões
Tudo que é falso parece tão lindo
E o que é verdadeiro é feio, pois afinal de contas, quem gosta da verdade?
“O moinho do meu mundo”

Ouvia Cartola cantando


Que o mundo é um moinho

E realmente é, meu velho...


Um moinho que facilmente pode sugar tudo de uma hora para a outra.

Se não tomarmos cuidado


Somos levados
E não há nada pior
Do que algo que não há mais solução.

O título do meu livro faz alusão à sua famosa canção


Começaste a fazer sucesso depois de velho
E depois perdeu tudo que conquistou
Mas ao mesmo tempo conquistou coisas demais.

Suas palavras são sensatas


Uma melodia envolvente
Aprendi a gostar de samba contigo Cartola

E eu também preciso me encontrar...


Parte IV

Citações
“Esteja longe do que te distancia de ti”
“É muito fácil perder-se, difícil é reencontrar-se”
“Eu me isolo quando necessário, às vezes é necessário um período de solidão”
“A música é a trilha sonora do filme da vida de cada um”

“Sábio é um homem que sabe pensar com a cabeça de cima”


“Morri várias vezes, para finalmente aprender a viver de fato”
“Relembrar o passado é sofrer duplamente, atrele-se ao presente”
“Empatia, é isso que falta no mundo...”
“Eu me preocupo mais com a direção e a autonomia do que com a velocidade e inquietude”
“A riqueza da alma não se compara à riqueza material”
“Não adianta ser belo por fora e horrível por dentro”
“As aparências enganam até os mais astutos”
“A poesia diz tudo o que o coração não consegue falar”
“Não vivemos uma vez só, vivemos todos os dias, a morte que vem como unicidade”
“Paz deveria ser um dos direitos constitucionais concebidos pelo Estado”
“Ame ao próximo, mas não se esqueça que antes disso precisas amar-te primeiro”
“Aprender pelo amor é mais fácil, o ser humano não gosta de facilidade, então opta pela dor”
“Cada dia é uma oportunidade evoluir, crescer, e sempre aprender, valorize-o, faça-o render”
“O presente não recebe este nome à toa, é um presente dado a você de graça, pela vida”
“Eu quero mudar o mundo, mas não conseguirei sozinho, porém minha parte será feita”

“A poesia consegue dizer em poucas palavras o que romances custam a dizer em milhares”
“A tecnologia é essencial, mas distancia tanto as pessoas umas das outras...”
“O amanhã pode ser diferente, mas tens de agir, senão tudo continua igual”
“Eu gosto de mim, demorou, mas eu finalmente aprendi a me amar”
“Faça sua parte, para depois cobrar os outros, se é que tens o direito de fazer isso”
“Quem mais julga, é quem mais têm pendências a serem resolvidas”
“As pessoas que perseguem algo, perseguem suas próprias frustrações”
“O equilíbrio é a base de tudo, saber diferenciar a dosagem, encontrar a dose certa”
“Sem o cérebro, não pensas. Sem o coração, não amas. Há um meio termo entre os dois”
“As pessoas se preocupam demais e suas vidas vão se acabando por trivialidades”
“O amor é o sentimento mais nobre, não o deposite no que não é digno”
“A solidão é muito boa, sentir-se só é onde se encontra o dilema”

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