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CURRICULO E PROGRAMAS

Introdução

Muito se tem falado nas reuniões de planejamento, replanejamento, HTPCs e


outras capacitações, que a aula do professor tem que ser atrativa para
despertar o interesse dos alunos, mas o que se tem visto é que os professores
falam e os alunos escutam. Não são todos os professores que procuram inovar
para dar aulas diferenciadas e atrativas. Alguns professores com uma postura
tradicionais não se relacionam bem com o grupo gerando desrespeito e
indisciplina em sala de aula. Este Projeto de Intervenção será construído com
base nos interesses da comunidade escolar e será amplamente discutido,
problematizado num contexto real, e seu sucesso dependerá do interesse em
mudar algumas posturas que atrapalham o processo ensino-aprendizagem.

Desenvolvimento

O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente


escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma
implícita, para as aprendizagens sociais relevantes.

Precisamos saber “o que” se aprender no currículo oculto e através de


quais“meios”. Para a perspectiva crítica o que se aprender no currículo oculto
são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações que
permitem que crianças e jovens se ajustem da forma mais conveniente às
estruturas consideradas antidemocráticas e, portanto, indesejáveis da
sociedade capitalista. Entre outras coisas, o currículo oculto, ensina, o
conformismo, a obediência, o individualismo.

A Escola é denominada como um importante aparelho de Estado, afinal a


população permanece uma boa parte de sua vida convivendo neste âmbito,
sendo um espaço relevante para disseminar os dogmas sociais. Partindo desta
premissa, fica evidente que nenhuma prática pedagógica é exercida na
neutralidade ela é realizada transmitindo os aspectos ideológicos que estão
intrínsecos na conduta e formação pessoal e social do docente e também no
funcionamento da instituição de ensino. Assim como comenta Freire (2000).

Outro instrumento que transparece a intencionalidade de um currículo oculto é


a questão do modo compulsório de como é pedido o silêncio e a obediência,
isto faz com que os alunos tornem-se cidadãos acríticos e passivos que não
questionam as desigualdades, os problemas que cercam a sociedade.

O Currículo oculto pode ser observado de duas maneiras em sala de aula, uma
positiva e outra negativa. Esse tipo de currículo recebe esse nome, porque não
aparece nos planejamentos dos professores, mas sim nos comportamentos,
valores e atitudes passados por eles para os alunos em sala de aula.

A sala de aula é vista como um espaço de trocas de saberes e desde


pequenos os alunos são ensinados a praticar a disciplina. Essa disciplina é
ensinada através do currículo oculto, que mesmo não aparecendo nos
planejamentos é importante para os alunos, pois segundo Silva (1992): “ele
contribui para adaptar o estudante a certos aspectos da vida social”. Ou seja, o
currículo oculto é importante, porque vai fazer com que o aluno aprenda a
como se comportar perante a sociedade, já que é a partir dele que eles vão
aprender os comportamentos e os valores que são essenciais para a vida em
sociedade. Através do currículo oculto o aluno aprende, por exemplo, a cumprir
horários, a serem obedientes e cumprir comportamentos padrões, e tais
práticas serão decisivas em suas relações sociais.

O currículo oculto também se apresenta em sala de aula na forma como o


professor arruma as carteiras e também na questão de fazer uma fila sempre
que toca para ir para o intervalo, essas atitudes são vistas diariamente,
principalmente nas salas de educação infantil, como foi observado por mim na
Escola Estadual Nazle Jabur onde sou estágiaria.

O professor assim deve estar atento a essa prática do currículo oculto, pois o
mesmo não se encontra em livros didáticos e é ensinado a partir de
experiências e demonstrações práticas transmitidas em sala de aula por ele e
que vai ajudar na aprendizagem do seu aluno e em como o mesmo irá viver em
sociedade. É nesse sentido de formar um cidadão para a sociedade que o
currículo oculto torna-se um fator positivo.

A noção de currículo oculto aparece como forma negativa quando a escola


funciona como reprodutora da ideologia de um grupo dominante, ideologia que
foi um assunto discutido por Althusser no seu famoso ensaio. A ideologia e os
aparelhos ideológicos de estado, que segundo Silva (2011):

[...] expressava-se mais através de rituais, gestos e práticas corporais do que


através de manifestações verbais. Aprendia-se a ideologia através dessas
práticas: uma definição que se aproxima bastante da definição do currículo
oculto. (SILVA, 2011, p.77).

Já que o currículo oculto se manifesta através dos comportamentos vistos e


aprendidos em sala de aula desta mesma forma manifesta-se a ideologia que
aparece quando os professores não têm uma posição critica em relação a esse
tipo de currículo discutido. Ou seja, os professores não sabem exatamente
para que sirva esse tipo de currículo e não o aplica de maneira correta
mostrando, por exemplo, os valores sociais como honestidade e até mesmo a
identificação da raça e etnia, o que vai formar um cidadão menos
preconceituoso.

Outro fator negativo que é visto dentro desse tipo de currículo é o problema do
fracasso escolar, que acontece quando o professor exclui os valores culturais e
históricos presentes no cotidiano dos seus alunos, fazendo com que os
mesmos fracassem em sala de aula pela falta, por exemplo, de incentivos de
diálogos entre a escola e a família para melhor conhecer a realidade do aluno.
Para Silva (1992) Bourdieu via o fracasso escolar das crianças de classes
dominadas como uma espécie de currículo oculto.

Pois esse fracasso ocultava o funcionamento do papel da escola no processo


cultural e social, o que permitia que as crianças de classes dominadas
sentissem o fracasso escolar pelo motivo de não possuírem o “poder” como as
crianças vindas de classes dominantes. Sendo assim, O currículo oculto faz
parte do cotidiano escolar e como ressalta Silva (1992),

O poder de socialização da escola não deve ser buscado tão somente naquilo
que é oficialmente proclamado como sendo seu currículo explícito, mas
também no currículo oculto expresso pelas práticas e experiências que ela
propicia. (SILVA, 1992, p.80)

Neste caso, tanto o currículo oficial como o currículo oculto têm um papel
importante dentro da escola, pois os mesmos apresentam o poder de
socializar, ou seja, irá ajudar o aluno a viver em sociedade, e no sentido
ideológico o currículo irá preparar o aluno a ser um ser dominado ou dominante
neste tipo de sociedade em que vivemos.

Conclusão

Sendo assim, o currículo oculto é também muito importante para a prática


educativa quanto o currículo oficial, só que muitos professores ainda têm que
aprender seu verdadeiro significado, pois apesar de utilizarem diariamente
esse tipo de currículo eles não têm noção de como ele pode educar.
Esse tipo de currículo é aprendido através de práticas e experiências
vivenciadas todos os dias em sala de aula, que irão ajudar os educados a
viverem em sociedade, ou seja, é uma aprendizagem processual que irá
ensinar valores sociais. Sem esquecer que o currículo oculto se manifesta de
maneira positiva e também de maneira negativa em sala de aula, e o que irá
definir essas duas maneiras é a prática do professor, pois o mesmo deve
escolher uma prática que vai contra ou a favor do aluno, por isso que eles têm
que ter uma posição crítica em relação a esse tipo de currículo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

COSTA, Marisa Vorraber. O currículo: nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP,
2000.
JACKSON, P. Life in Classrooms. Nova York, Holt, Rinehart and Winston, 1968.
LIMA, Elvira Souza. Currículo e desenvolvimento humano. In: ______.Indagações sobre currículo.
Secretaria de Educação Básica. MEC/ Brasília-DF. 2006.

MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa e CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre Currículo: currículo,
conhecimento e cultura. Brasília: MEC, 2008.

SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade. Uma introdução às teorias do currículo. 3ªed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2011.

__________. O que produz e o que reproduzem educação: ensaios de sociologia da educação. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1992.

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