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Curso de Licenciatura em Letras - 2º ano Noturno

Disciplina: Práticas de Leitura e Produção de Textos II


Docente: Profª. Drª. Lília Abreu-Tardelli
Discentes: Nadjob Abrahão Nhaga

Seminário:

As falas da exposição:
Boa noite a todos! (apresentação dos integrantes do grupo + título do seminário

Bom, a começar pelo sumário, teremos a seguinte sequência: Objetivo,


Contextualização:. ..., Conclusão e Referências bibliográficas.

O nosso objetivo nessa exposição é:

O surgimento da discriminação como um poder de dominação foi um instrumento


utilizado durante inúmeros períodos da História. O processo de construção da humanidade,
isto passando pelo período Pré-Histórico onde poderíamos associar a ideia de discriminação
no processo de dominação de algumas nações antigas, mas foi na Europa que a concepção da
discriminação contemplou uma ideologia progressista de humanidade.
A compreensão de que estabelecer graus de inferioridade e superioridade entre
indivíduos surgido na Pré-História, culminou em um processo de imposição de alguns povos
sobre outros considerados inferiores por aqueles que detinham mais habilidades na guerra ou
estivessem em maior número.
A ideia de anular uma cultura considerada inferior ganhou mais credibilidade a
partir do surgimento do conceito de civilização, que segundo entendimentos a evolução de
um povo/cultura é determinada pela natureza de certos paradigmas, comportamentos
estabelecidos ou regras predeterminadas. Para antropologia, que possui um conceito mais
acertado, civilização nada mais é que a existência de uma organização adequada à
determinada sociedade específica não havendo, portanto inferioridades entre si. Não é
possível comparar civilizações, pois as sociedades humanas possuem graus de
transformações diferentes.
Para o sociólogo Boaventura de Souza Santos há um vínculo entre o crescimento
do Estado do Bem-Estar Social ao fim da 2ª Grande Guerra e a promulgação de leis mais
substantivas que as até então existentes, por conseguinte, um aumento exponencial da
atividade legal. Com a crise no final dos anos de 1.970, o Estado perdeu a habilidade de
promover o bem-estar social da sociedade como um todo, como resultado houve a reforma
dos procedimentos judiciais, guiada pela ideologia neoliberal. Logo, aumento da importância
do Poder Judiciário e diminuição da ação efetiva do Poder Executivo.
A partir do momento em que o Estado Brasileiro se consagrou como Estado
Democrático de Direito por estar assim ligado ao respeito da hierarquia das normas, da
separação de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e dos direitos fundamentais, o
Estado foi destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
como cita o preâmbulo da Constituição Federal promulgada, em Assembleia Nacional
Constituinte, formada por representantes do povo brasileiro.

A Carta Magna estatui que:

Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Entretanto, uma leitura menos comprometida pode nos fazer acreditar ao


interpretar literalmente a norma supracitada que devemos tratar igualmente a todos, sendo
que a regra da igualdade consiste senão em proporcionar aos desiguais determinadas medidas
de desigualdade para que os tornem iguais, ou seja, tratar os iguais de maneira igual e os
desiguais na medida da desigualdade de cada um, segundo notória afirmação do grande
filósofo grego Aristóteles.
Por outro lado, no texto da nossa Constituição não é prudente conceituar
igualdade de maneira formal, isto é, em sua literalidade, e sim alçar uma igualdade material,
aquela que melhor atenda as necessidades dos que por algum infortúnio não possam gozar
plenamente de seus direitos e deveres generalizados pelo art. 5º da Constituição Federal.
Há uma grande dificuldade em identificar até que ponto a desigualdade não gera
inconstitucionalidade. Celso Bandeira de Mello estabelece três questões a serem observadas
atentamente, a fim de verificar o respeito ou desrespeito ao aludido princípio, visto que o
desrespeito de qualquer dessas gerará inexorável afronta ao princípio da isonomia:

a) identificação e caracterização de um fato gerador de desigualdade;


b) correlação lógica abstrata existente entre o fator erigido em critério de
discrímen e a disparidade estabelecida no tratamento jurídico diversificado;
c) consonância da correlação lógica e com os interesses no sistema constitucional
e destarte jurídico.

De qualquer forma, para que se tenha presente o relevo nos regimes


democráticos, vale lembrar, que Forsthoff no Tribunal Constitucional da Alemanha, repetidas
vezes, afirmou que o princípio da igualdade, como regra jurídica, tem um caráter
suprapositivo, anterior ao Estado, e que assim teria de ser respeitado.
Não podemos atrelar a disparidade de tratamento injustificada com
discriminações positivas, haja vista que as segundas nada mais são que medidas
compensatórias para um tipo de restrição sofrida por grupo de indivíduos, mas que na atual
conjuntura histórica tal falta de assistência, acessibilidade, enfim, amplas condições de
existência possam ser supridas e resgatadas.
Sanada as principais determinações que cerceiam os entendimentos sobre o
princípio da igualdade ou isonomia, bem como seu desenvolvimento histórico e
implementação no sistema jurídico mundial e brasileiro já se torna possível iniciarmos os
estudos sobre as ações afirmativas.
Em alguns países como Estados Unidos e África do Sul, findado o período
escravagista houve uma forte política de segregação a ser enfrentada, impedindo os negros de
ter acesso a diretos primários e essenciais como, educação, saúde, moradia, trabalho, enfim,
necessidades básicas.
Nesses países, a unicidade da comunidade negra e a força de resistência dela
suportou firmemente a marginalização, logo, o reconhecimento tardou, mas foi considerado.
Diante disso, surgiu nos Estados Unidos, mais precisamente na década de 1960, através do
então Presidente Jonh F. Kennedy e prosseguida pelo Presidente Lyndon B. Jonhson, um
embrião das ações afirmativas.
Após um cenário de inércia diante da discriminação vívida existente em relação a
sexo, raça e cor, e demais segmentos, uma posição neutralizadora do Estado Norte-
Americano foi adotada. O governo americano fez frente às relações existentes entre a própria
população diante da diversidade de grupos minoritários. Por fim, essa atitude estatal foi
aderida em vários países, mais recentemente no Brasil, transformando-se num programa de
incentivo às classes discriminadas a reerguerem-se após passarem por tantas privações sem
fundamento.
Ação afirmativa, ou Affirmative action, é um emaranhado de medidas públicas e
privadas direcionadas à prática do princípio constitucional da igualdade material e à
neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de idade, de nacionalidade e
compleição física, ou seja, é um tipo de enfrentamento ao próprio preconceito, a partir de
suas políticas de oferta de oportunidades nos ramos da política, cultura, educação, dentre
outros.
Tais medidas podem ser impositivas ou sugestivas, por iniciativa dos Estados e
seus entes vinculados ou até mesmo por entidades puramente de direito privado que se
disponham a implantar medidas de apoio às dadas minorias desfavorecidas.
O doutrinador e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim B. Barbosa
Gomes fez um amplo estudo de conceituação sobre o tema ações afirmativas:

Atualmente, as ações afirmativas podem ser definidas como um conjunto de políticas públicas e
privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, concebidas com vistas ao combate à
discriminação racial, de gênero, e de origem nacional, bem como a educação e o emprego.
Diferentemente das políticas governamentais antidiscriminatórias baseadas em leis de conteúdo
meramente proibitivo, que se singularizam por oferecerem às respectivas vítimas tão somente
instrumentos jurídicos de caráter reparatório e de intervenção ex post facto, as ações afirmativas
têm natureza multifacetária, e visam a evitar que a discriminação se verifique nas formas
usualmente conhecidas – isto é, formalmente, por meio de normas de aplicação geral ou
específica, ou através de mecanismos informais, difusos, estruturais, enraizados nas práticas
culturais e no imaginário coletivo. Em síntese, trata-se de políticas públicas, privadas e por órgãos
dotados de competência jurisdicional, com vistas à concretização de um objetivo constitucional
universalmente reconhecido – o da efetiva igualdade de oportunidades a que todos os seres
humanos têm direito.
A aplicabilidade das medidas afirmativas são peculiares e adequadas à realidade
da população alvo e suas respectivas necessidades, por isso é importante que destaquemos a
transitoriedade dessas medidas até que a desvantagem seja anulada, ou seja, utilizam-se as
ações afirmativas até que esta se faça necessária, visto que não será eterna, pois tais medidas,
com o passar do tempo e sua eficácia sendo plena, deixará de ser meio de combate à
discriminação e passará a ser meio de discriminação, caso não seja mensurada a sua real
necessidade.
Não confundamos, entretanto, ações afirmativas com política de cotas. As cotas,
ou reserva de vagas preestabelecidas que proporcionem o acesso das minorias à determinadas
funções, cargos, vagas em processo seletivo de universidades públicas, dentre outras
exemplificações, são apenas uma das formas de implantação das ações afirmativas.
As cotas raciais são uma espécie de ação afirmativa que fazem parte de inúmeros
debates, mormente quanto a sua aplicabilidade e eficácia na sociedade brasileira. No cenário
nacional, institucionalmente, as cotas raciais visam proporcionar tanto maior acesso à
educação de ensino superior, por meio de reserva de vagas em instituições públicas e
privadas de ensino, como também a cargos públicos dentro do Poder Judiciário, em que o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que administra o Judiciário, aprovou uma
resolução que obriga os tribunais do país a reservar no mínimo 20% das vagas nos concursos
para servidores e juízes para negros. A resolução diz que em 2020, quando o CNJ fizer um
novo censo do Judiciário, o percentual de 20% poderá ser revisto.

Referências:

ARANTES, Rogério B.; COUTO, Cláudio G. Construção democrática e modelos de


constituição. Dados, Rio de Janeiro, Vol. 53, 2010, pp.545–585.

ARANTES, Rogério B.; COUTO, Cláudio G. The judicialization of politics in Latin


America. Constitutionalism, the Expansion of Justice and the Judicialization of Politics in
Brazil. Palgrave, Rio de Janeiro, Vol. 1, 2005, pp. 231-262.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3.


ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2010.

DAVID ARAÚJO, Luiz Alberto, NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito
constitucional. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
FERNANDES, Florestan. Ianni, Octávio (organizador). Sociologia (Grandes Cientistas
Sociais). São Paulo: Ática, 2008.

GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa & princípio constitucional da igualdade: (o


Direito como instrumento de transformação social. A experiência dos EUA). Rio de Janeiro:
Renovar, 2001.

MENEZES, Paulo Lucena de. A ação afirmativa (Affirmative action) no direito norte
americano. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

Dicionário

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.


3. ed. Curitiba: Positivo, 2004, p.1232.

Legislação

BRASIL. Constituição Federal de 5 de outubro de 1888.

BRASIL. Decreto-Lei n° 5.452 de 1 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho.

BRASIL. Lei n° 8.112 de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.

BRASIL. Lei n° 8.213 de 24 de julho de 1994. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da


Previdência Social e dá outras providências.

BRASIL. Lei n° 8.666 de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências.

BRASIL. Lei n° 9.504 de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as eleições.

BRASIL. Lei n° 12.288 de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera
as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de
julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.

BRASIL. Resolução CNJ n° 23 de junho de 2015. Dispõe sobre a reserva aos negros, no
âmbito do Poder Judiciário, de 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos
públicos para provimento de cargos efetivos e de ingresso na magistratura.
ONU. Resolução 34/180 de 18 de dezembro de 1979 e ratificada pelo Brasil em 01 de
fevereiro de 1984. Convenção Sobre A Eliminação de Todas As Formas De Discriminação
Contra A Mulher.

ONU. Resolução 2.106-A (XX) de 21 de dezembro 1965 e ratificada pelo Brasil em 27 de


março 1968. Convenção Internacional para Eliminação De Todas As Formas De
Discriminação Racial.

ONU. Resolução 217-A (III) de 10 de dezembro de 1948. Declaração Universal de Direitos


Humanos.

Jurisprudência

STF _ ADPF n° 186. Rel. Min, Ricardo Lewandowski. DOE 25.04.2012.

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