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1.

A educação tem de ser igual e gratuita a todos

Jaana Palojärvi é veemente ao afirmar que as escolas na Finlândia oferecem a todos


ensino de qualidade e gratuito. Por lá, apenas 2% das instituições de ensino são
particulares, e mesmo estas são subsidiadas pelo governo. Além disso, a diretora
defende que o padrão de ensino é o mesmo em todas as escolas finlandesas e, por isso,
as crianças passam a frequentar a escola do bairro, que está mais próxima de onde elas
vivem. Um princípio de igualdade que equaliza oportunidades.

2. “Mantenha as coisas simples”

Quando perguntada qual o principal conselho que ela teria para os educadores
brasileiros, Jaana hesitou, mas definiu: “foco nos níveis mais locais”.

Na Finlândia, a educação fica ao encargo do município e, mais do que isso, do


professor. É ele, após muito treinamento, que decide como passar o conteúdo. Cada
escola é livre para criar seu próprio material de ensino. Para Jaana, isso faz toda a
diferença, já que motiva os professores e incentiva novos modos de ensino, que
acomodem as necessidades de cada criança.

“Tem de prestar atenção na realidade da sala de aula. É lá que a mudança acontece”,


disse.
3. Valorização do professor

“O professor é a primeira pessoa na vida do aluno”, explica a diretora. Em seu país, eles
podem não ter os maiores salários (ganham uma remuneração média em relação a
outros setores), mas a carreira de professor é uma das mais populares. E por quê?

O professor na Finlândia é bem preparado. Ele precisa ser graduado e ter um mestrado.
Passa ainda por treinamento específico para dar aulas e tem plano de carreira. Nesse
contexto, faz sentido que ele tenha a palavra final dentro da sala de aula. Para o governo
finlandês, isso faz toda a diferença, já que estimula o professor a inovar e torna a
profissão mais inspiradora.

A diretora ressaltou, no entanto, a importância da educação obtida pelo próprio


professor para que ele se torne autoridade máxima. “Nós demos o preparo e, agora,
temos de confiar neles”, explica. Esse quadro de preparo, oferta de oportunidade e
consequente confiança nem sempre se repete no Brasil.

“Não é o dinheiro, eles não fazem pelo dinheiro”, explica Jaana. Na Finlândia, não
existe bônus financeiro para professores com melhor desempenho. Aliás, tal estímulo
financeiro, para eles, é inconcebível.

4. A quantidade de dinheiro não importa

Enquanto no Brasil há projetos propondo o aumento da verba do PIB destinada a gastos


com ensino, na Finlândia o movimento foi contrário. Por lá, apenas 6% do PIB é
dedicado à educação. E mesmo assim eles lideram as avaliações internacionais junto
com a Coreia do Sul.

Jaana afirma que a questão não é a quantidade de dinheiro separada para alguma coisa,
mas como você organiza o dinheiro que usa. Lá, há menos burocracia para se alterar a
maneira como se gasta o dinheiro investido. Em poucos anos a máquina administrativa
foi alterada para que o investimento, embora não o maior do planeta, estivesse entre os
melhores em destinação.
5. A quantidade de horas de estudo não importa

A Finlândia não tem escolas de período integral – e os alunos não têm muita lição de
casa. Segundo Jaana, “a qualidade do ensino existe na sala de aula, e isso se alcança
com bons professores”. O sistema básico e obrigatório de educação também segue essa
linha de raciocínio e só começa com a criança aos sete anos: “nós acreditamos que
nossas crianças têm de ser crianças. Elas não têm de aprender a ler ou escrever antes
dessa idade”, explica a diretora.

No Brasil, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, lançado pelo governo
federal no ano passado, foi criticado por prever que as crianças estejam aptas a ler e
efetuar operações matemáticas básicas já com oito anos.

6. Atenção aos alunos que podem apresentar mais dificuldades

Na Finlândia, o foco não está no aluno que vai melhor. Pelo contrário, os professores
tentam identificar aqueles que podem ter problemas, para conseguir mantê-los no
sistema.
7. Valorização das diferentes formas de aprendizagem

Existem crianças mais visuais, outras aprendem melhor com música, outras se podem
usar das mãos para compreender um novo conceito. Na Finlândia, os modelos
pedagógicos sustentam diferentes estilos de ensino, segundo a diretora. O foco não é
tanto em conteúdo, mas em análise e apoio de diferente métodos.

8. Menos tecnologia, mais ensino

Ao contrário do que se pode imaginar, tecnologia não é supervalorizada na Finlândia.


Segundo Jaana, os professores até usam novos recursos tecnológicos, mas eles não são
tão importantes. “São só ferramentas, não são o conteúdo, que é a chave de tudo”,
explica.
9. Nada de testes

Esqueça Enem, vestibular, Enade… Na Finlândia não há provas nacionais e cada


professor está livre para avaliar seus alunos como bem entender. “Nós não acreditamos
muito em testes, estamos mais interessados em aprender”, explica a diretora. Com
professores menos empanhados em provas, eles passam seu tempo individualizando
métodos de ensino ou criando novos.

10. Valorização das artes

Enquanto por aqui a preocupação maior é trazer mais meninas para as áreas das Exatas,
lá é exatamente o contrário. As escolas finlandesas já têm aulas de artes e música no
currículo básico, e a carga horária delas deve aumentar ainda mais, tentando atrair
também a atenção dos meninos mais matemáticos das salas. “A cada dez anos, muda
tudo em Física. Muda tudo em Química. Por isso o conteúdo não é tão importante, mas
ter jovens criativos e comunicativos é essencial”, opina Jaana.

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