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28/05/2019 O voto tem consequências - 28/05/2019 - Hélio Schwartsman - Folha

Hélio Schwartsman (/colunas/helioschwartsman/)


helio@uol.com.br (mailto:helio@uol.com.br)

O voto tem consequências


Sabemos desde Platão que o eleitorado é presa fácil para demagogos

28.mai.2019 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2019/05/28/)

Fica cada vez mais fundo o buraco em que o Reino Unido se meteu ao decidir
pelo brexit. Com a renúncia de Theresa (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/05/primeira-
ministra-britanica-theresa-may-anuncia-renuncia.shtml)May (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/05/primeira-

ministra-britanica-theresa-may-anuncia-renuncia.shtml), ampliam-se as chances de o país deixar a

União Europeia (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/05/o-que-a-renuncia-de-theresa-may-significa-para-


o-brexit.shtml) sem nenhum tipo de acordo, o que seria desastroso para a

economia.

Também fica maior a probabilidade de “remainers” encontrarem alguma


brecha política ou jurídica para exigir um segundo plebiscito, que, na
hipótese de produzir um resultado diferente daquele do primeiro, causaria
danos para o mecanismo de consulta popular e, por extensão, para a própria
democracia.

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Theresa May durante discurso, em Londres, em que anunciou a sua renúncia ao cargo de
primeira-ministra - Toby Melville/Reuters

Como os britânicos puderam cair nessa armadilha? A triste verdade é que a


democracia, em especial a democracia sem filtros, traz esses riscos. Nós
sabemos desde Platão que o eleitorado é presa fácil para demagogos. O que a
ciência política e a psicologia modernas fizeram foi descrever com minúcia
os vieses pelos quais as pessoas se deixam levar, além das aporias irredutíveis
de processos de decisão por maioria.

O curioso é que, apesar das possibilidades quase infinitas de a democracia


dar errado, os países que a adotam estão no geral muito melhor do que os
que a desprezam. Ao que tudo indica, ela funciona, mas não pelas razões que
gostaríamos.

As virtudes da democracia (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/04/democracia-liberal-esta-


sendo-corroida-afirma-cientista-politico.shtml)não estão nas escolhas que ela gera, mas em

efeitos secundários que vêm no pacote de produtos que costumam


acompanhá-la. São itens como liberdades individuais, direito de
propriedade, segurança jurídica e, também, a percepção de que a disputa

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pelo poder segue regras justas e que a parte derrotada não enfrentará
ameaça existencial, podendo até vencer no próximo ciclo. Juntos, esses
elementos costumam promover a moderação. 

O problema do populismo (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/12/populismo-e-a-democracia-


vingando-seu-proprio-fracasso-escreve-filosofo.shtml) é que, ao vender falsas soluções fáceis, ele

desequilibra o jogo e pode colocar países em caminhos totalmente


inadequados ou mesmo sem volta. Como os brasileiros estão descobrindo, o
voto tem consequências.

Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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