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ESTADO
DO .....
AUTOS Nº.....
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua
....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu
(sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de .....,
portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e
bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito
à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e
intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar
CONTESTAÇÃO
à ação de indenização decorrente de acidente de trabalho proposta por ....., pelos motivos
de fato e de direito a seguir aduzidos.
DO MÉRITO
Conforme relato inicial, o Autor foi admitido nos quadros de funcionários da Ré no dia
.... de ........ de ......, lá permanecendo até a presente data.
O cargo do Autor junto à Ré era o de ajudante geral, quando em ..... de ......... de ....... foi
promovido a soldador.
Segundo a inicial, teria o Autor em .......... de ......., executado um serviço de solda em
chapa de ferro "...e, encandecida esta, ato contínuo, ao martelá-la, expeliram-se faíscas e
uma delas atingiu-lhe o olho esquerdo" (inicial fls. ....).
Alega haver sido atendido no Ambulatório do Hospital ..........., porém nenhuma prova a
respeito traz aos autos.
O primeiro exame constante dos autos, já no mês seguinte, feito pelo Hospital .........,
atesta a lesão descrita no documento de fls. ....., só que, ao contrário do que afirma o
Autor, tal exame não constatou ter a fagulha provocado aludida lesão.
Difícil crer que uma lesão causada por acidente do trabalho, a qual levaria à perda da
visão esquerda do Autor, fosse constatada por qualquer médico, sem um documento
específico que a atestasse.
Observe-se que somente em .......... de ........, ou seja, 05 (cinco) meses após "...sentiu o
Autor que lhe faltava a visão do olho esquerdo..." (fls. .... da inicial).
Da mesma forma que o aludido documento de fls. ....., também os de fls. .... e ...., não
declaram haver sido a lesão causada por elemento externo.
Como dito anteriormente, ao apresentar o exame de fls. ....., datado de ..... de ...... de ......,
este não faz menção alguma de que a doença que danificou a visão esquerda do Autor
tenha sido provocada pela fagulha, como tenta fazer crer o mesmo.
Pelas explicações médicas do Dr. ........, o acidente que afirma o Autor ter sofrido, jamais
poderia feri-lo como demonstrado no exame.
Tal fato restará plenamente provado no decorrer da instrução processual, após a realização
de perícia médico-oftálmica e, também, pelos depoimentos de testemunhas.
Recai sobre o Autor o ônus de provar o nexo de causalidade entre a ação e a lesão sofrida
e, também, que a Ré agiu com culpa contribuindo assim para a concretização do acidente,
coisa que não fez. Com isso, fica afastada desde logo a existência da mesma e o dever de
indenizar por parte da Ré.
Entende-se por "nexo causal" o vínculo entre o prejuízo e a ação. Somente a ocorrência
do dano oriundo da ação produzida, caracterizaria o nexo de causalidade.
Mas, não haverá o nexo causal se o evento danoso se der por alguns fatores, como por
exemplo: culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito e força maior.
Conforme ensina a I. Maria Helena Diniz, in Curso de Direito Civil Brasileiro, 7o.
Volume, Responsabilidade Civil, Editora Saraiva, 9a. Edição, página 78:
A doença ocorreu por uma infelicidade sobre a visão do Autor, caso este que foi
impossível tanto à própria pessoa do Autor evitá-la, bem como para a Requerida.
Assim sendo, tem-se como inverídicos os fatos alegados na exordial, devendo ser
totalmente afastada a idéia de culpa por parte da Requerida, eis que não agiu
culposamente, não sendo negligente nem tampouco imprudente com os cuidados
dispendidos aos seus funcionários.
O Autor tenta enquadrar a Ré no segundo tipo, ou seja, culpa em sentido estrito, por
negligência e imprudência.
Data vênia, a Ré não pode ser enquadrada em nenhuma das hipóteses, simplesmente
porque não agiu ou se omitiu culposamente para tanto.
Para que seja caracterizado um ilícito, é preciso que ele tenha sido praticado
culposamente, violando direito subjetivo individual por infração de um dever
preexistente.
Muito embora não tenha sido pelo Autor comprovado o acidente e nem que a lesão em
seu olho seja oriunda do mesmo, há que se ter em conta que:
a) A atividade do Autor como ajudante geral que era, jamais consistiu em serviços de
solda, eis que sua função não era de soldador. Como ajudante, após um soldador proceder
à solda em chapas de ferro, o Autor - assim como outro funcionário na mesma função -
praticava o ato de martelá-la, a fim de atingir o objetivo inicial, de unir umas chapas às
outras;
Destarte, tem-se como totalmente inverídico o relato inicial, de que a responsável pelo
acidente seria a Ré.
Quanto aos danos estético e moral, não assiste razão ao Autor em pleitear indenização,
visto que a lesão provocada em sua visão esquerda, não produziu os prejuízos pretendidos.
O fator indenizatório não encontraria guarida no caso em tela, de forma alguma.
Se realmente algum acidente houvesse ocorrido, o fator indenizatório estaria afastado por
haver o Autor contribuído, exclusivamente, para que o mesmo viesse a ocorrer, por não
se haver utilizado dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.
Em segundo, o resultado da lesão que atingiu a visão do Autor foi causado por uma
doença não profissional, para a qual nenhuma das partes litigantes contribuiu para que
viesse a ocorrer, ficando excluído, assim, o dever de indenizar por parte da Ré.
Face a elucidação dos pontos de forma clara e objetiva, tem-se que os fatos alegados na
exordial não refletem a verdade sobre os mesmos, sendo que o Autor adquiriu uma doença
não profissional, a qual acabou por atingir de forma fatal sua visão esquerda.
Alegando uma série de prejuízos que teriam nexo de causalidade com o fato narrado nos
autos, o Autor pleiteia a condenação da Ré em valor a ser apurado a título de dano estético
e moral.
Como visto, a culpa dos fatos narrados não pode recair sobre a Ré, dada a inexistência de
nexo causal e falta de provas contra a mesma, o que já eliminaria a possibilidade do
pedido. Tal valor, no entanto, ainda que a culpa fosse da Ré - o que não se admite e se
alega apenas para argumentar -, é ilegítimo, como restará demonstrado a seguir.
Alega, para tanto, que pelo fato da Ré haver agido de forma negligente e imprudente
quanto à segurança de seus funcionários, culminou no acidente envolvendo o Autor.
Por toda a exposição já declinada anteriormente e, por tudo mais que restará provado
durante a instrução do feito, conclui-se absurdos os valores pretendidos, eis que o Autor
não restou inválido com o decorrer dos acontecimentos. Sofreu a perda da visão em um
dos olhos, por fato alheio à vontade de qualquer das partes, podendo exercer qualquer
atividade profissional em áreas diversas e, até a presente data, continua trabalhando na
Ré.
O pedido inicial é formulado como se o Autor fosse absolutamente incapaz para qualquer
atividade profissional, como se inválido tivesse ficado pela perda da visão em um dos
olhos. Argumento esse, de invalidez permanente, não procedente.
Quanto ao dano estético (físico), deixou o Autor de demostrar seu real prejuízo pelo fato
ocorrido.
Quanto ao dano moral, descabe a pretensão do Autor, eis que a lesão é imperceptível. Não
há possibilidade de que seus familiares, assim como seus amigos e a comunidade como
um todo, venham a rejeitá-lo, eis que a lesão ocorrida, por fato alheio à vontade do Autor
ou da Ré, é somente interna, não ocasionando repulsa de qualquer ordem.
Portanto, requer, desde já, sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais pela falta de
comprovação efetiva de sua condição de inválido e danos efetivamente sofridos.
Sendo assim, requer, em sendo julgada procedente a ação, o que realmente não se acredita
e não se espera, sejam excluídos da condenação os valores supra mencionados, por não
guardarem relação de causalidade com os fatos relatados na exordial.
VI - DA CONCLUSÃO
A improcedência da ação se impõe, porque:
a) Não provou o Autor a ocorrência de qualquer acidente, nem sequer informa o(s) dia(s)
do(s) alegado(s) acidente(s);
b) Não provou, também, que as lesões informadas nos documentos de fls. ...., .... e ...., são
oriundas de acidente de trabalho (faísca de chapas de ferro encandecidas);
DOS PEDIDOS
EX POSITIS, e por tudo mais que restará provado durante a instrução processual, requer:
f) Requer, ainda, caso venha a Ré a ser condenada a pagar indenização ao Autor, o que
realmente não se espera, não pode exigir que as mesmas sejam pagas de uma única vez,
devendo ser ajustada, a condenação, de acordo com as prestações vincendas, para
pagamento mês a mês.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]