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Capitulo8 PDF
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Turbinas Hidráulicas
8.1 Introdução
Turbinas são máquinas para converter energia hidráulica em energia elétrica. O custo
total de uma usina hidrelétrica (reservatório, tubulações, turbinas, etc.) é mais alto do que o de
uma central termelétrica mas ela tem muitas vantagens, algumas das quais são:
1. Alta eficiência
2. Flexibilidade de operação
3. Fácil manutenção
4. Baixo desgaste
5. Suprimento de energia potencialmente inesgotável
6. Nenhuma poluição
8.2 Classificação
Em 1847 o inglês James Bicheno Francis (1815-1892) trabalhando nos EUA melhorou
uma máquina de escoamento centrípeta desenvolvida em 1838 por Samuel Dowd (1804-
1879), de modo que a partir disso, elas receberam o nome de turbinas Francis.
A Figura 8.1 (8.1) mostra um corte longitudinal de uma turbina Francis, indicando os
órgãos principais. Essencialmente constam das seguintes partes:
1) uma caixa, geralmente com forma de caracol do tipo fechado, Figura 8.2 (3.41), a qual é
substituída por uma câmara ou poço de adução no tipo aberto, Figura 8.3 (3.35 e 3.36);
2) um distribuidor dotado de pás orientáveis, para proporcionar a descarga correspondente à
potência demandada, com o ângulo mais adequado para a entrada da água no rotor, Figura
8.4 (3.7);
3) um rotor dotado de pás com formato especial, Figura 8.5 (3.5);
4) um tubo de sucção que conduz a água que sai do rotor a um poço ou canal de fuga, Figura
8.6 (8.65).
As turbinas Francis são máquinas de reação do tipo ação total (a água ao passar pelo rotor
preenche simultaneamente todos os canais das pás). Quanto ao posicionamento do eixo
podem ser:
- de eixo vertical
- de eixo horizontal.
Quanto às velocidades do rotor, as turbinas Francis podem ser:
- lentas (55<ns<120 rpm);
- normais (120<ns<200 rpm);
- rápidas (ou Deriaz) (200<ns<300);
- extra rápidas ou ultra-rápidas (300<ns<450).
n P
Com a velocidade específica definida pela fórmula: ns = 4 e ; [n] em rpm, [Pe] em CV e
H H
[H] em m.
Quanto ao modo de instalação que caracteriza como recebem a água motriz, as turbinas
Francis podem ser: de instalação aberta ou fechada.
Instalação aberta. Quando a turbina é colocada num poço, ao qual vem ter a água conduzida
em um canal de adução, havendo geralmente uma comporta ou adufa para que se possa
esvaziá-la na manutenção. Este tipo de instalação é conveniente apenas para pequenas quedas
(até 10 m) e potências pequenas (algumas centenas de CV). Vale ressaltar que quando a
descarga é grande e o desnível é pequeno, há vantagem de se utilizar um tubo de sucção
curvo.
Instalação fechada. Quando a queda é superior a 10 m é preferível colocar a turbina numa
caixa à qual vem ter a água conduzida em uma tubulação forçada (pentstock). Estas caixas
tem a forma de caracol, voluta ou espiral e são envolvidas pelo concreto armado.
As Figuras 8.3, 8.7 (3.40) mostram os tipos de instalações e o posicionamento do eixo
das turbinas Francis. As vantagens das turbinas de eixo horizontal sobre as de eixo vertical é
que nas primeiras a turbina e o gerador podem ser independentes; há uma melhor disposição
da sala das máquinas já que a turbina e o gerador estão no mesmo nível; fácil montagem e
entendimento; facilidade de manutenção e custo reduzido em cerca de 20% para as mesmas
condições.
Figura 8.8 Corte transversal de turbina Pelton de dois jatos e eixo horizontal.
2) Rotor. O rotor consta de um certo número de pás com forma de concha especial, dispostas
na periferia de um disco que gira preso a um eixo.
A figura 8.9 a e b mostram fotos de um rotor da turbina Pelton.
Fig.8.9.a.b.: Rotor de uma turbina Pelton com as pás desmontadas.
A pá possui um gume médio, que fica sobre o plano médio da roda, e que divide
simetricamente o jato e o desvia lateralmente.
As figuras 8.10 e 8.11 mostram respectivamente uma foto e um desenho esquemático da
pá.
3) Defletor de jato. O defletor intercepta o jato, desviando-o das pás, quando ocorre uma
diminuição violenta na potência demandada pela rede de energia. Nessa hipótese, uma
atuação rápida da agulha para reduzir a descarga poderia vir a provocar uma sobrepressão no
bocal, nas válvulas e ao longo do encanamento adutor. O defletor volta à sua posição inicial
liberando a passagem do jato, logo que a agulha assume a posição que convém, para a
descarga correspondente à potência absorvida.
A figura 8.14 mostra detalhes do defletor de jato.
Figura 8.14 Detalhes do bocal injetor e do defletor de jato.
4) Bocal de frenagem. O bocal de frenagem faz incidir um jato nas costas das pás,
contrariando o sentido de rotação, quando se desejar frear a turbina rapidamente.(ver figura
8.8).
As turbinas Pelton são do tipo tangenciais e de ação parcial como visto no item anterior.
Quanto ao número de jatos as turbinas Pelton podem ser de um jato, dois, quatro ou seis
jatos e, excepcionalmente, de 3 jatos. Quanto maior o número de jatos maior a potência para
uma mesma queda, maior o desgaste por abrasão se a água tiver areia em suspensão e menor o
tamanho do rotor (o que representa uma redução no custo por unidade de potência instalada).
A incidência de jatos sobre o rotor em cada volta depende do número de jatos, de modo
que, quanto maior a queda, menor deverá ser o número de impactos sobre a pá por minuto(ver
figura 8.15)
Quanto ao posicionamento do eixo as turbinas Pelton podem ser de:
Eixo horizontal: geralmente utilizada para um ou dois jatos, a instalação é mais
econômica, de fácil manutenção, além de ser possível montar, numa mesma árvore, dois
rotores.
Eixo vertical: geralmente utilizado para quatro ou seis jatos sobre as pás do rotor.
A figura 8.16 mostra as características da turbina Pelton em função da queda e da
potência. A figura 8.17 mostra o número de jatos em função da rotação e da queda. A figura
8.18 mostra um gráfico para determinação da potência, da rotação e do diâmetro do rotor da
turbina Pelton em função da queda e da vazão.
Figura 8.15 Número de impactos do jato sobre uma pá, por minuto.
Figura 8.18 Gráfico da Escher Wyss para determinação de N (MW), n (rpm) e Droda (m).
As turbinas Pelton são recomendadas para quedas elevadas, para as quais a descarga
(vazão) aproveitável normalmente é reduzida, uma vez que a captação se realiza em altitudes
onde o curso d'água ainda é de pequeno deflúvio.
Por serem de fabricação, instalação e regulagem relativamente simples, além de
empregadas em usinas de grande potência, são também largamente empregadas em micro-
usinas, em fazendas, etc., aproveitando quedas e vazões bem pequenas para geração de
algumas dezenas de CV.
8.3.3. Turbinas Hélice
A necessidade de obtenção de turbinas com velocidades consideráveis em baixas quedas
e grandes descargas, o que não é viável com as turbinas Francis, deu origem em 1908 às
turbinas Hélice ou Propeller.
O rotor assumiu a forma de uma hélice de propulsão, o que explica o nome dado a estas
turbinas, figura 8.19.
O distribuidor mantêm o aspecto que tem nas turbinas Francis, mas a distância entre as
pás do distribuidor e as do rotor é bem maior do que a que se verifica para as turbinas Francis
de alta velocidade específica.
A figura 8.20 mostra o rotor e o distribuidor da turbina hélice.
Figura 8.20 Rotor de 8 pás de uma turbina Hélice com as pás direcionadas ao distribuidor.
As turbinas Hélice são do tipo axial, de reação e de ação total como as turbinas Francis.
As demais características são as mesmas que as das turbinas Kaplan que serão vistas a seguir.
Elas são utilizadas em baixa quedas e com grandes descargas (vazões).
A figura 8.22 mostra o mecanismo de controle do ângulo das pás do rotor. Os principais
componentes de uma turbina Kaplan são descritos a seguir.
1) Distribuidor. Se assemelha ao das turbinas Francis, tendo as mesmas finalidades. As pás do
distribuidor, tem sua inclinação comandada por um sistema análogo ao das turbinas Francis, e
ficam a uma distância considerável das pás do rotor. Deve haver uma sincronização entre os
ângulos das pás do rotor e as do distribuidor.
2) Rotor: Possui pás que podem ser ajustáveis variando o ângulo de acordo com a demanda de
potência.
3) Tubo de sucção: Tem as mesmas finalidades e a mesma forma dos tubos de sucção para
turbinas Francis.
Figura 8.22a Detalhe do sistema de movimentação das pás de uma turbina Kaplan.
4) Caracol ou caixa espiral: Pode ter seção transversal circular nas turbinas de pequena
capacidade e nas quedas consideradas relativamente grandes para turbinas Kaplan, mas, nas
unidades para grandes descargas e pequenas quedas, a seção é aproximadamente retangular ou
trapezoidal com estreitamento na direção do distribuidor e recebe a denominação de
semicaracol.
As turbinas Kaplan são do tipo axial, de reação e ação total como visto no item anterior.
Quanto ao número de pás as turbinas Kaplan podem ser de:
-4 pás (para 10 < H < 20m);
-5 pás (para 12 < H < 23m);
-6 pás (para 15 < H < 35m);
-8 pás (para H > 35m).
São utilizadas para rotações específicas acima de 350 rpm. Permitem uma ampla
variação da descarga e da potência sem apreciável variação do rendimento total.
Figura 8.23 Rotor de uma turbina-bomba Deriaz (tipo diagonal de pás móveis)
Figura 8.30 Seção transversal típica de turbina Straflo de pás fixas e mancais convencionais;
1- pás diretrizes fixas, 2- pás diretrizes móveis do distribuidor, 3- pás fixas do rotor, 4-
gerador.
Figura 8.33 Campo de ampliação das turbinas Pelton, Francis e Kaplan de acordo com a
queda e a velocidade específica.
8.7. Características de algumas Turbinas Hidráulicas instaladas no Brasil
A tabela 4 mostra H, Q, n e N bem como o fabricante e o tipo das Turbinas Hidráulicas
instaladas nas principais usinas brasileiras.
Voith GMBH
Dominion
Escher Wyss
Escher Wyss
Charmilles
Charmilles, Voith, Allis Chalmers
Charmilles, Dominion
Escher Wyss
- Quedas (H);
- Vazões (Q);
- Altura do nível d'água de jusante;
- Características do sistema que será acionado.
b) CÁLCULOS PRELIMINARES
c) ESCOLHA DO TIPO
Baseado na rotação específica (ηqa) e também na altura máxima (hsmáx) que poderá ser instalada a turbina livre do
perigo de cavitação. Determina-se o coeficiente de cavitação (δmin) no gráfico 1.
Gráfico 1 - Elementos para Pré-Dimensionamento de Rotores Francis
onde:
-forma;
-comprimento;
-diâmetro de entrada e saída.
b) CÁLCULOS PRELIMINARES
-y
-ηt ,ηm , ηh
-Ph, Pef
c) ESCOLHA DO TIPO
-Q;
-H.
b) CÁLCULOS PRELIMINARES
-Y;
-η qa;
-ηt , ηm , ηh;
-Ph, Pef.
c) ESCOLHA DO TIPO
d) CÁLCULO DO ROTOR
-Elementos de orientações (gráfico 3).
-Dimensões principais : (diâmetro externo do rotor, diâmetro do cubo, seção livre para passagem de água).
-Características das pás (passo, número, comprimento);
-Traçado do diagrama de velocidades.
e) CÁCULO DO DISTRIBUIDOR
-Determinação do diâmetro;
-Determinação do número de pás;
-Determinação das velocidades e ângulos de incidência.
f) DETERMINAÇÃO DA ESPIRAL