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CONFRONTAR OS MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE VAZÃO


WINTER KENNEDY E GIBSON
Componentes Hidromecânicos (Universidade Federal de Itajubá)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Alexandre de Oliveira (adlv81@gmail.com)
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Universidade Federal de Itajubá – MG


Instituto de Recursos Naturais – IRN

Romulo Valerio Borges – 24959


Priscilla de Souza Vasconcelos – 23687
Luiz Henrique Gomes Ventura – 21036
Johnson Herlich Roslee Mensah – 23893

EHD024
COMPONENTES HIDROMECÂNICOS

CONFRONTAR OS MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE VAZÃO


WINTER KENNEDY E GIBSON

24 de Novembro de 2015
Itajubá – MG

Descarregado por Alexandre de Oliveira (adlv81@gmail.com)


lOMoARcPSD|19790533

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Romulo Valerio Borges – 24959


Priscilla de Souza Vasconcelos – 23687
Luiz Henrique Gomes Ventura – 21036
Johnson Herlich Roslee Mensah – 23893

EHD024
COMPONENTES HIDROMECÂNICOS

CONFRONTAR OS MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE VAZÃO


WINTER KENNEDY E GIBSON

Este trabalho é submetido ao prof. Dr. Oswaldo, como


requisito parcial para capacitação na disciplina de
Componentes Hidromecânicos – EHD024 do curso de
graduação em Engenharia Hídrica da Universidade
Federal de Itajubá.

24 de Novembro de 2015
Itajubá – MG

Descarregado por Alexandre de Oliveira (adlv81@gmail.com)


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1 Sumário
1. INTRODUÇÃO 4
2. OBJETIVO 6
3 DESENVOLVIMENTO 7
3.1 Método Winter-Kennedy 7
3.1.1 ESTUDO DE CASO – DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO “K” DE WINTER-KENNEDY
9
3.1.2 ESTUDO DE CASO – DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO “K” DE WINTER-KENNEDY
DA USINA DE ARENAL, COSTA RICA 12
3.2 Método de Gibson 14
3.2.1 Principio de Funcionamento Gibson 18
3.2.2 ESTUDO DE CASO – MÉTODO DE GIBSON 19
3.3 Análise comparativa dos métodos de medição de vazão 24
3.4 Método Winter-Kennedy 26
3.5 Método Pressão por Tempo (Gibson) 27
4 CONCLUSÃO 28
5 REFERÊNCIAS 29

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1. INTRODUÇÃO
“Com certeza, a vazão é a variável mais medida na indústria de um
modo geral”. Sua necessidade existe desde a época dos antigos romanos.
De acordo com a História, as primeiras medições de vazão de água foram
realizadas pelos egípcios e romanos, cujas obras de adução de água
ficaram famosas, tanto é que um texto do governador e engenheiro romano
Julius Frontinus (30 – 103 d.C.) traz referências precisas sobre o assunto.

Como a vazão é a variável mais importante, acaba sendo a mais


medida. Em geral, sua medição é a que totaliza o maior erro de medição
somado, conforme dados de imprecisão de medição de vazão reunidos em
torno do mundo. Devido ao status alcançado por essa variável de processo,
nos dias de hoje é a variável que dispõe de recursos tecnológicos mais
diversos para sua medição, além de requerer também um grande esforço
para sua medida em determinadas aplicações. Pois, para medir a vazão
corretamente foi sempre necessário muito conhecimento técnico, além do
desenvolvimento das técnicas de medição já existentes em situações
distintas de medição.

A medição volumétrica de vazão de líquidos, que é a mais utilizada na


maioria dos processos, depende do conhecimento, comportamento e
estudo de outras variáveis que a influenciam, tais como: velocidade de
escoamento do fluido, viscosidade, temperatura, pressão, densidade
específica e relativa. Assim que forem conhecidos os valores dessas
variáveis de influência, será possível compensá-los, descartá-los ou ainda
selecionar um tipo de medidor específico para uma determinada aplicação.

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A vazão é considerada geralmente a variável mais importante dentro do


território industrial. Além de estar ligada com a qualidade dos produtos a
serem produzidos, também está ligada ao custo desses produtos, da
matéria-prima e demais produtos que serão adicionados numa mesma
etapa do processo.

A vazão também é utilizada como set point, valor alvo que um sistema
de controle automático tentará alcançar, operacional de equipamentos
industriais de alto custo e elevada importância, tais como: geradores de
energia convencionais, motores a combustão, turbogeradores de energia
elétrica, geradores de vapor, etc. Com a vazão dentro do set point, esses
equipamentos irão operar de maneira satisfatória, sem perdas, sem erros e
dentro dos padrões certificados.

Isso garante o bom funcionamento desses equipamentos e ajuda a


prolongar sua vida útil, pois se a vazão de consumo de um gerador não está
de acordo com o set point, com certeza ele deve estar com algum problema
que precisa ser sanado o quanto antes. A importância da vazão como
variável de processo, chega a ser infinita.

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2. OBJETIVO
O objetivo do presente trabalho é apresentar, descrever e confrontar os
métodos de medição de vazão Winter-Kennedy e Gibson, utilizados na
determinação do rendimento de turbinas hidráulicas, uma vez que a precisão
do cálculo do rendimento depende fortemente dos métodos utilizados.

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Método Winter-Kennedy

O método Winter-Kennedy é um dos mais antigos e mais utilizados


mundialmente em instalações hidrelétricas. Dentre grandes usuários deste
método podemos citar a Hydro Québec (maior concessionária de energia do
Canadá) e a CEMIG (concessionária de energia em Minas Gerais), estando
presente na Usina Hidrelétrica de Três Marias, construída em 1960, e na Usina
Hidrelétrica de Igarapava, construída em 1999.
O método foi desenvolvido por I. A. Winter e A. M. Kennedy na década de
1920 é aplicado à medição de vazão em turbina hidráulica e baseia-se em
equacionar a vazão e a diferença de pressão estática entre duas tomadas de
pressão localizadas no raio interno da caixa espiral, próximo ao rotor da
turbina, e no raio externo da caixa espiral, longe do rotor, conforme pode ser
observado nas figuras a seguir retiradas da CEI/IEC 60041 (1991).

Figura 1: Localização das tomadas de pressão para o método de Winter-Kennedy em turbinas


com caixa espiral.

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Figura 2: Diagrama de bloco de medição contínua de vazão através da turbina, por meio do
método de pressão diferencial.

Este método usa um fator que relaciona a vazão com a diferença de


pressão, medida entre dois pontos, determinado com modelo reduzido e depois
aplicado na instalação. Ele possui a vantagem de utilizar equipamentos de
baixo custo, além de aplicar-se a condutos com qualquer diâmetro. Uma
desvantagem é a necessidade de um modelo em escala reduzida. (PUCP,
2007). Ele é indicado para novos projetos, uma vez que a construção de um
modelo reduzido somente para a medição da vazão é inviável (ANDRADE et
al., 2010).
O método é recomendado pela norma internacional IEC 41, especialmente
para os testes de otimização de turbinas de tipo clássico ou turbina Kaplan de
Bulbo. Supõe-se que a incerteza sistemática deste método é igual à incerteza
do método de medição utilizado para a calibração. Além dos testes de
calibração, este método resume-se a construção de um simples sistema de
medição, que inclui um preciso transdutor de pressão diferencial, ligado
hidraulicamente para as recepções de pressão na caixa espiral, e eletricamente
pelo módulo de medição - ao sistema informatizado de aquisição de dados.

A equação de Winter-Kennedy a ser obtida tem a forma a seguir:

𝑛
𝑄 = 𝐾 ∆𝑃

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Sendo:
− Q ฀ vazão (m3 /s);
− 𝛥P ฀ diferença de pressão entre os pontos de Winter-Kennedy (Pa);
− K ฀ constante obtida de Winter-Kennedy (ms-1.Pa-n )
− N ฀ expoente obtido durante a calibração do método, que aparece, na
literatura, com valores iguais ou próximos de 0,5.

A constante K, que relaciona a vazão com a diferença de pressão entre dois


pontos, deve ser determinada no ensaio de modelo reduzido. Com relação à
viabilidade de implementação, uma limitação do método é a necessidade de se
ter um modelo reduzido, pois o fator que relaciona a vazão com a diferença de
pressão entre dois pontos deve ser determinado no modelo reduzido. A grande
vantagem deste método em relação ao demais é a utilização de equipamentos
baixo custo de instalação, fato que torna o método Winter-Kennedy bastante
utilizado. Uma vez instaladas as tomadas de pressão a unidade opera sem
interferência, sendo a precisão do método entre ±1 a 1,2%.

3.1.1 ESTUDO DE CASO – DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO “K” DE


WINTER-KENNEDY

Contrariamente ao método Gibson, este é um que pode ser utilizado em


testes de eficiência somente após a calibragem por meio de um método
absoluto.

Teoria
A medição da vazão é realizada através da seguinte relação:
𝑛
𝑄 = 𝑘 ∆𝑝

Onde 𝛥p é a diferença de pressão, k é um coeficiente constante e n é o


expoente de energia, teoricamente, igual a 0,5. Os valores das constantes K e
n são determinados experimentalmente durante a calibração.
Os resultados da medição de vazão, utilizando o método de Gibson,
foram usados para calibrar o Winter-Kennedy sistemas instalados na caixa em
espiral de uma turbina de medição.

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A diferença de pressão entre dois pontos estabelecidos no caso em


espiral da turbina examinado foi medida usando um transdutor de pressão
diferencial classe de alta precisão da precisão de 0,08%.

Instrumentação

Em instalações com espiral de aço, os pontos de recepção de pressão


estão localizados, em regra, a mesma secção radial do caso. O furo exterior
localiza-se no lado exterior da caixa em espiral, enquanto que o furo interno do
lado de fora das lâminas de apoio.
No caso de caso espiral horizontal, recomenda-se distribuir os orifícios
na metade superior, proporcionando melhores condições para a lavagem (IEC
41: 1991). Os pontos de recepção de pressão não devem ser localizados
próximos a articulações ou áreas de rápida mudança de seção transversal
espiral soldados. Para a medição de pressão com este método, foi utilizado
transdutor de pressão diferencial 3051 Tipo de CD, gama de 0-120 kPa, cl.
0,06, e 0,1 s de tempo constante (Adamkowski 2006).

Resultados

A partir das medições realizadas por meio do método de Gibson em uma


turbina no México, foi calibrado o sistema Winter-Kennedy, obtendo-se o
coeficiente K. A primeira figura mostra a determinação do coeficiente K, o qual,

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neste caso, corresponde ao um valor de 29,42. Além disso, na segunda figura


temos o valor médio de vazão de acordo com as medidas de diferença de
pressão.
É notável que, uma vez calibrado, o sistema de Winter-Kennedy pode
ser utilizado para medição de vazão e para determinar o desempenho da
turbina (eficiência).

Figura 3: Determinação do fator "k"

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Figura 4: Vazão x Diferença de pressão

3.1.2 ESTUDO DE CASO – DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO “K” DE


WINTER-KENNEDY DA USINA DE ARENAL, COSTA RICA

A PCH utilizada nesse estudo de caso está situada no município de


Arenal, Costa Rica e encontra-se em operação comercial desde 2003, época
em que os ensaios de campo foram realizados.

−3
𝑃ℎ (𝑘𝑊) = ρ. 𝑔. 𝐻. 𝑄. 10

Tabela 6: Dados de entrada para o método de W-K.


Pressão na
Diferença Vazão-Sensor
Potência entrada da
Teste Hora de Pressão Hn (m) ultrassônico
Elétrica (MW) Turbina
(cm) (m3/s)
(kgf/cm^2)
1 10:40 6,54 198,69 8,71 89,42 8,23
2 11:25 6,90 224,84 8,62 88,65 8,77
3 12:39 5,98 169,77 8,79 90,07 7,54
4 13:11 5,02 125,43 8,91 91,08 6,50
5 13:35 4,00 84,23 9,01 91,94 5,29
6 14:02 3,56 69,87 9,04 92,19 4,83
7 14:22 3,12 57,78 9,09 92,66 4,38
8 14:50 4,55 105,70 8,95 91,40 5,92

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O fator K pôde ser calculado utilizando-se a seguinte equação, no qual


Q é a vazão medida pelo sensor ultrassônico:
𝑛
𝑄 = 𝐾 ∆𝑃

Gráfico 2: Estimativa do valor do coeficiente K

A partir dos dados de entrada, massa especifica (997,66 kg/m³) e aceleração


da gravidade (9,78 m/s²), foi gerada a seguinte tabela:

Tabela 7: Valores calculados e dados de saída


Diferença de Dif. De Ph Ph
Vazão WK
Teste pressão WK pressão Fator "k" Winter-Kenn ultrassônico
(m3/s)
(m) (^0.5) edy(kW) (kW)
1 1,987 1,410 5,8055 8,18 7139,8 7180,5
2 2,248 1,499 8,71 7529,7 7585,8
3 1,698 1,303 7,56 6647,7 6626,3
4 1,254 1,120 6,50 5778,1 5776,4
5 0,842 0,918 5,33 4779,7 4745,5
6 0,699 0,836 4,85 4365,1 4344,6
7 0,578 0,760 4,41 3989,7 3959,9
8 1,057 1,028 5,97 5322,9 5279,5

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Gráfico 3: Vazão calculada de Winter-Kennedy x Diferença de Press

3.2 Método de Gibson

O método proposto por Normam Rothwell Gibson em 1923 para medição de


vazão em tubulações fundamenta-se no fenômeno hidráulico denominado
Golpe de Aríete e na Segunda Lei de Newton (Bortoni, 1997).
Quando a massa d’água em movimento dentro de um conduto forçado tem
a sua velocidade reduzida ou o seu fluxo totalmente interrompido, ela exerce,
por efeito de inércia, uma sobrepressão na parte inferior do conduto e por isso
uma compressão da água e uma dilatação do conduto forçado. Esse processo
se desenvolve em sentido contrário ao do escoamento, numa velocidade que
corresponde à velocidade de propagação do som na água, isto é, com
aproximadamente 1.200 m/s.
Na extremidade do conduto forçado ou no nível da represa, essa onda de
pressão é refletida e volta a se propagar pelo conduto forçado em sentido
contrário. O tempo de propagação dessa onda nos dois percursos, isto é, ida e
volta, é denominado “tempo de reflexão” e resulta na fórmula:
2𝐿
𝑇𝑅 = 1200

Tendo sido normalizado pela CEI / IEC 60041(1991) e pela PTC 18 (1992),
o método permite a utilização de transdutores que possibilitam o registro
pressão-tempo em diagramas separados.

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Para o equacionamento do método, considere o escoamento permanente


estacionário mostrado na figura a seguir, com velocidade média v em (m/s) e
vazão Q em (m3/s) no trecho 1-2, de uma tubulação reta de comprimento L (m),
diâmetro interno D (m) e área de seção transversal A em (m 2).
Atuando-se na válvula V durante um tempo tv (s) em que a velocidade cai
de vi para vf (m/s) ocorre o Golpe de Aríete, representado pela elevação de
energia 𝛥p (m) entre os pontos 1 e 2, a qual varia segundo (A,B,F). De acordo
com a IEC 60041 (1991), a partir do princípio da quantidade de movimento,
pode-se chegar à:
𝑔𝐴𝐷𝐴
𝑄 = 𝐿
+ 𝑞

A vazão Q (m³ /s) poderá ser calculada desde que, previamente, conheça-se:

− A vazão residual, q (m³ /s);


− A área do diagrama (AD) delimitada pelo segmento (A,B,F,A), a qual para
ser determinada, exige o conhecimento da linha AF que pode ser
traçada considerando que as energias 𝛥h, perda de carga e energia
cinética, variam proporcionalmente com o quadrado das vazões;
− O comprimento L (m) e a área A (m 2) da tubulação;

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Figura 3: Características geométricas, cinemáticas e dinâmicas do método de Gibson. Fonte:


Souza, Z. Medição de Vazão-Monografia, 1997;

Sendo assim, para a utilização do método de Gibson deve-se medir a


diferença de pressão que ocorre entre dois pontos da tubulação de alta
pressão, durante um transitório de desaceleração do fluido. Esta medição é
feita diretamente através de um transdutor diferencial de pressão ou através de
dois transdutores de pressão manométrica, procedendo-se, via software, uma
operação de subtração entre os dois sinais.
O aspecto crítico para a realização dos cálculos e fundamental para o
sucesso da aplicação do método de Gibson é a determinação dos limites de
integração (Bortoni, 1997). Neste aspecto, observam-se algumas divergências
entre as normas que consideram o método de Gibson. No entanto, em função
dos sucessivos casos estudados, tem-se observado que há certa liberdade na
escolha dos pontos iniciais e finais. Como o que se deseja como produto final é
calcular a área do diagrama, quando se trabalha com valores médios, tem-se
que ruídos que provoquem áreas acima da linha de variação de pressão são
cancelados por ruídos que provoquem áreas abaixo da linha média. Este
fenômeno, a menos para a obtenção do ponto inicial de integração, garante
que somente haverá áreas significativas durante a sobrepressão causada pelo
fechamento da válvula. Da mesma forma, porém, com um pouco mais de

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critério, acontece com o ponto final de integração. Outra questão que provoca
dificuldade na obtenção da vazão é a determinação da vazão residual. O
conhecimento do seu correto valor é de fundamental importância, uma vez que
este atua diretamente sobre o valor da vazão calculada. No entanto, a sua
identificação depende muito das condições físicas da instalação e do arranjo da
central, além do fato de que os fatores que influenciam no seu valor muitas
vezes se caracterizam por serem variáveis não controláveis.
Uma análise de sensibilidade mostra que a variação no resultado do
cálculo da vazão é muito pequena quando se toma como limite final de
integração um ponto cujo valor de pressão é exatamente igual à média da
pressão estática verificada após o transitório, ou seja, em regime permanente
(Bortoni, 1997).
As perdas d’água através do distribuidor da turbina ou em qualquer outro
dispositivo utilizado para produzir a elevação de pressão devem ser medidas
separadamente com o dispositivo de fechamento em posição fechada. Tais
perdas, em condições de ensaio, não devem ultrapassar, considerando a
NB228 (1990), a 5% da vazão de plena carga e devem ser determinadas com
erro máximo de 0,2% da vazão de plena carga. A PTC 18 (1991) é mais rígida
com relação a estas perdas, sendo estipulados os valores de 2% da vazão de
plena carga e erro máximo de 0,1% da vazão de plena carga.
Considerando que as tomadas de pressão no conduto forçado foram
previstas no projeto, a instalação dos sensores é simples e não exige
mão-de-obra especializada. Se não foram previstas, deve-se considerar a
viabilidade técnica de instalação das mesmas. Os custos de instalação são
baixos, uma vez que não requer equipamentos especiais. É necessário que o
elemento regulador de vazão (distribuidor com pás móveis) tenha mecanismos
de regulagem e leitura para diferentes posições de abertura. A vazão que
passa pelo conduto deverá ser interrompida, portanto, a unidade não poderá
estar operando em regime normal.
A simplicidade dos equipamentos (transdutores de pressão) e sua
instalação tornam o custo de instalação baixo. Porém, há de se considerar que,
o fato de ser demorada a seção de ensaios e a máquina estarem fora de
operação (sem gerar energia) leva a um custo adicional, representado pela
energia que deixa de ser vendida. A boa precisão e a facilidade de operação

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são benefícios deste método e leva a uma relação de custo médio-baixo com
benefícios satisfatórios. Este tipo de método é bastante utilizado para a
realização de ensaios.

3.2.1 Principio de Funcionamento Gibson


Este método de medição de vazão é baseado nas leis de Newton e nas
leis derivadas da mecânica dos fluidos, que dão a relação entre a força de
gradiente de pressão entre duas seções e a aceleração ou desaceleração da
massa de água entre estas secções devido ao movimento de um portão ou
qualquer dispositivo de fechamento (Ex.: Válvulas). Embora este método seja
teoricamente válido para turbinas, bombas e para o fechamento ou abertura de
portões, na prática, é utilizado somente no caso de desligamento de corte na
operação de turbina.
Em um fluido sem fricção, uma alteração da velocidade de dv / dt, num
conduto de secção transversal constante A, de massa ρLA, conduziria a uma
diferença de pressão (Δp) entre montante e jusante no corte transversal do
comprimento L considerada:

Onde:

Se t é o tempo no qual ocorrem as mudanças de velocidade e ξ é a


pressão perdida devido ao atrito entre as duas secções, nós obtemos:

Assim a vazão de descarga Q antes da comporta começar a fechar é


dada por:

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A descarga q = A.u, após o fim do fechamento é a fuga do fluxo após a


comporta e deve ser determinada separadamente com a máquina funcionando.
Está determinação normalmente não precisa de grande precisão, já que
representa uma pequena porção da descarga a ser medida.
O gráfico de pressão x tempo e os dados da passagem de onda de
pressão podem ser obtidos fechando-se gradualmente a comporta em um
movimento continuo e a mudança de pressão entre as duas secções
transversais deve ser integrada em função do tempo.
Varias variações desse método têm sido desenvolvidas, mantendo o
mesmo principio se diferem principalmente na instrumentação e técnicas
computacionais.

3.2.2 ESTUDO DE CASO – MÉTODO DE GIBSON

A PCH Alto Jauru está situada no município de Araputanga em Mato


Grosso e encontra-se em operação comercial desde 2002, época em que os
ensaios de campo foram realizados.

Características Gerais da PCH Alto Jauru

A PCH Alto Jauru é uma usina do tipo Fio D’água, cuja casa de força é
composta de dois grupos geradores de eixo horizontal, onde a turbina forma
com o gerador uma linha de eixo composta de 02 (dois) mancais, sendo 01
(um) mancal combinado guia/escora localizado do lado acoplado ao rotor da
turbina e 01 (um) mancal guia localizado do lado oposto ao acoplamento. Um
desenho de implantação da turbina está representado na figura a seguir, com
as principais dimensões necessárias para a realização dos ensaios.

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Figura 1: Desenho de Implantação da Turbina na PCH em estudo

Anteriormente a realização dos ensaios foi realizada uma reunião entre


os proprietários da central, o fabricante da turbina e o responsável pelos
ensaios. Nesta reunião foram definidos os procedimentos de testes tendo como
objetivo principal à determinação da curva de rendimento da turbina, para que
esta pudesse ser comparada com os valores garantidos pelo fabricante,
conforme apresentado na tabela a seguir:

Tabela 1: Garantias para queda líquida nominal de 44,70 m

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Foi também acordado entre as partes, que os ensaios se restringiriam às


potências de 90%, 95% e 100% da potência nominal.
Tabela 2: Dimensões de projeto do Estudo 1 – PCH Alto Jauru

Procedimento de Teste

Os ensaios foram realizados em 04 (quatro) dias e o procedimento


utilizado para a sua realização é apresentado a seguir:
- Análise dos certificados de calibração da instrumentação a ser utilizada
no ensaio;
- Análise dos desenhos de implantação do projeto, a partir dos quais
foram retiradas as grandezas geométricas a serem utilizadas nos cálculos.

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- Desobstrução dos anéis piezométricos das tomadas de pressão


estática; - Instalação dos transdutores e demais instrumentação;
- Calibração dos transdutores;
- Para cada um dos pontos, após estabilização hidráulica e elétrica,
foram realizadas as medições listadas a seguir:
- Medição da potência elétrica, através de um wattímetro digital
trifásico, conectado ao secundário dos transformadores de corrente e
potencial do gerador;
- Medição da diferença de pressão entre os anéis piezométricos
instalados no conduto forçado, através do registro da onda
tempo/pressão (método de Gibson) pela rejeição de carga. A onda de
pressão durante o fechamento do distribuidor foi registrada através de
um transdutor diferencial, conectado a uma placa de aquisição ligada a
um microcomputador. Para determinação da área sob a curva
tempo/pressão (vazão) foi utilizado método computacional de integração,
conforme recomendado pela CEI/IEC 60041 (1991).
- Medições da pressão na entrada da caixa espiral e na saída do
tubo de sucção através de transdutores de pressão, cujos sinais de
saída também foram levados até a placa de aquisição;
- Medida da temperatura de entrada e saída da água do trocador
de calor localizado no mancal de escora, pois como este se encontra
localizado no gerador, e como durante os ensaios do gerador este
mancal não foi submetido a esforço axial, foram determinadas as perdas
no mesmo, tendo esta sido considerada quando da determinação do
rendimento da turbina; Os valores obtidos foram trabalhados em uma
rotina de cálculo, baseada nas especificações da norma CEI / IEC 60041
(1991), para a configuração de montagem da central, o que permitiu a
determinação dos parâmetros necessários para a determinação do
rendimento da turbina.

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Tabela 3: Valores registrados – PCH Alto Jauru

Com os valores registrados apresentados na tabela acima, foi possível


calcular os valores apresentados:

Tabela 4: Valores calculados

As correções da queda líquida nominal e vazão dos valores medidos


foram calculados, e os valores estão apresentados na tabela a seguir:

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Tabela 5: Valores corrigidos

As curvas de rendimento medido (em vermelho) foram obtidas para 90,


95 e 100% da potência nominal e de forma geral, os rendimentos medidos
encontram-se superiores àqueles garantidos pelo fabricante, à exceção de uma
pequena porção da curva da máquina, localizada próximo de 90% da potência
nominal. O restante da curva de ensaio que foi extrapolada, também
mantém-se abaixo do rendimento garantido, porém, ressalta-se que essa parte
da curva pode não corresponder a valores reais de funcionamento da máquina.

Gráfico 1: Rendimento

3.3 Análise comparativa dos métodos de medição de vazão

A Tabela 1 mostra um quadro comparativo entre os dois métodos estudados


para determinação da vazão. Através de uma representação gráfica, conforme
observado na Figura 4, foi realizada uma análise comparativa entre os
métodos. Os métodos foram comparados segundo critérios de viabilidade
técnica e viabilidade econômica. O objetivo desta sistemática foi o de
simplificar a visualização e memorização dos conceitos relativos, possibilitando

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identificar claramente o desempenho de um método em relação aos demais, de


acordo com sua posição no gráfico.

Método Precisão Interferência da Dificuldade


qualidade de água
Parada de máquina;
Gibson-Pressão ±1,0% a ±2,3% BAIXA Grandes trechos retos;
por tempo Medir vazamentos.

Winter Kennedy ±1% a ±1,2% BAIXA Necessidade do


modelo reduzido.
Tabela 1 – Quadro comparativo dos métodos de medição de vazão

De acordo com Martinez (2001), a precisão do método de medição de vazão é


o parâmetro de maior relevância e que impacta diretamente na precisão do
rendimento. As principais características de um método idealizado são:
❖ Viabilidade técnica de implementação: aplicação a todos os tipos de
instalações, sem restrições geométricas de diâmetro ou trecho reto de
tubulação, nem limitações quanto à natureza do fluxo;
❖ Viabilidade econômica de implementação: utilização de equipamentos
sofisticados, porém de baixo custo de instalação e manutenção, e que
resultem em ganhos devido à otimização de operação;
❖ Relação Custo x Benefício: baixo custo, alto benefício;
❖ Tipo de utilização: possibilidade de utilização tanto para ensaios como
para monitoramento permanente, sem perda de desempenho;
❖ Precisão do método: a precisão do método de medição de vazão é o
parâmetro de maior relevância e que impacta diretamente na precisão
do rendimento.

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Figura 4 – Viabilidade técnica e econômica dos diversos métodos de medição de


vazão

Dentro deste escopo, podem-se identificar os métodos que apresentam maior


precisão e selecionar aqueles que melhor se aproximam do conceito ideal.

3.4 Método Winter-Kennedy

● Viabilidade técnica e econômica de implementação:

Uma limitação técnica deste método é a necessidade de se ter um modelo


reduzido, uma vez que o fator que relaciona a vazão com a diferença de
pressão, medida entre dois pontos, deve ser determinado no modelo reduzido
e depois aplicado na instalação. A construção de um modelo reduzido, para
uma usina já existente, somente para este fim é economicamente inviável.
Assim, as máquinas que não têm o modelo não utilizam este método. É mais
indicado para novos projetos. Uma vantagem deste método é utilizar
equipamentos de tomada de pressão de baixo custo e fácil utilização, fato este
que torna o método W.K. (Winter-Kennedy) bastante utilizado.

● Interferência no funcionamento da unidade (parada de máquina):

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Outra vantagem é que o método W.K. não interfere no funcionamento da


turbina. Uma vez instaladas as tomadas de pressão, a unidade opera sem
interferência.

● Relação Custo X Benefício:

Considerando que já existe um modelo reduzido e que a instalação dos


sensores foi prevista no projeto, o custo é reduzido e a precisão é de ±1 a
1,2%. Além da precisão, a facilidade de instalação e manutenção dos
equipamentos também é uma vantagem. Estes fatores definem uma vantajosa
relação, baixo custo e alto benefício.

● Tipo de utilização – Medição permanente X Ensaio de medição:

Devido às suas características de concepção, o método W.K. é utilizado,


predominantemente, para monitoramento permanente da vazão.

3.5 Método Pressão por Tempo (Gibson)

● Viabilidade técnica e econômica de implementação:

Considerando que as tomadas de pressão no conduto forçado foram


previstas no projeto, a instalação dos sensores é simples e não exige
mão-de-obra especializada. Se não foram previstas, deve-se considerar a
viabilidade técnica de instalação das mesmas. Os custos de instalação são
baixos, uma vez que não requer equipamentos especiais. É necessário que o
elemento regulador de vazão (distribuidor com pás móveis) tenha mecanismos
de regulagem e leitura para diferentes posições de abertura, pois será
importante medir a vazão para diferentes ângulos de abertura das pás do
distribuidor.

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● Interferência no funcionamento da unidade (parada de máquina):

Segundo o princípio de funcionamento deste método, a vazão que passa


pelo conduto deverá ser interrompida, portanto, a unidade não poderá estar
operando em regime normal.

● Relação Custo X Benefício:

A simplicidade dos equipamentos (transdutores de pressão) e sua


instalação tornam o custo de instalação baixo. Porém, há de se considerar que,
o fato de ser demorada a seção de ensaios e a máquina estar fora de operação
(sem gerar energia) leva a um custo adicional, representado pelo dinheiro que
deixa de ser arrecadado pela energia que deixa de ser vendida. A boa precisão
±1,2% e a facilidade de operação são benefícios deste método, e leva a uma
relação de custo médio-baixo com benefícios satisfatórios.

● Tipo de utilização – Medição permanente X Ensaio de medição:

Devido a suas características de concepção o método Gibson é usado


sempre para a realização de ensaios.

4 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a precisão do método de medição de vazão é o


parâmetro de maior relevância e que impacta diretamente na precisão do
rendimento. Com base nesta premissa, podem-se identificar os métodos que
apresentam maior precisão, e dentre estes, selecionar aquele que melhor se
aproxima do conceito ideal, ou o que menos apresenta aspectos negativos.
Assim, o Método de Gibson apresenta ótima precisão, mas seu alto custo,
dificuldades de instalação e grande interferência no funcionamento da unidade,
dificultam a sua utilização. Estes inconvenientes são efeitos do próprio princípio
de funcionamento do método, o que não sugere possíveis evoluções com o
avançar da tecnologia;

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O Método Winter-Kennedy apresenta ótima precisão, além de outras


vantagens como, baixo custo, baixa interferência na unidade e viabilidade
técnica. Estes pontos positivos explicam porque este é o método mais utilizado.
Um inconveniente é a necessidade da existência do modelo reduzido das
máquinas.

5 REFERÊNCIAS
BORTONI, E.C., Souza, Z; Santos, A. H. M., Centrais Hidrelétricas – Estudos
para Implantação, ELETROBRÁS, Rio de Janeiro, RJ, BR, 1999.
International Electrotechnical Commission, CEI / IEC 60041- Field
acceptance tests to determine the hydraulic performance of hydraulic turbines,
storage pumps and pump-turbines, 1999.
JUSTINO, L. A. Estudos de Procedimentos de ensaios de campo em turbinas
hidráulicas para PCH. Universidade Federal de Itajubá, 2006.
SOUZA, Z. Bortoni, E.C. Instrumentação para sistemas energéticos e
industriais. Itajubá, MG, 2006.

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