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Disciplina: Finanças Corporativas e Reorganização Societária

Case: Lorena Stilluz

A empresa Lorena Stilluz que confecciona a marca de roupas Stillbrilho com


alto padrão de qualidade, foco da empresa desde o início do projeto de criação da
empresa por suas sócias Clara Ada e Cloe Silva. Há algum tempo a empresa vem
apresentando resultados abaixo do esperado pelas proprietárias o que as fizeram
decidir, em uma de suas reuniões semanais, a avaliarem a situação da empresa de
forma mais detalhada para uma tomada de decisão relacionada aos novos rumos do
negócio. A empresa tem apresentado queda de desempenho e lucratividade. Após
discutirem alguns pontos por meio de uma breve análise de cenário, inferiram que os
resultados insatisfatórios da empresa foram ocasionados pela forte e crescente
concorrência ocasionada pelos chineses e pela crise econômica que o país vem
passando. "Tenho a impressão de que nos perdemos em algum momento e
precisamos tomar uma decisão em que não percamos mais dinheiro" diz a Sra Clara
Ada, em reunião com a outra sócia e com os diretores da empresa. Como
responsável pela administração das finanças, a Sra. Clara Ada apresenta alguns
dados históricos sobre o desempenho financeiro da Lorena Stillluz Confecções
relatando a grande redução do faturamento da empresa o que vem gerando uma
redução de, aproximadamente, 50% do lucro da organização ao longo dos anos.

A confecção Lorena Stilluz foi fundada em 2010 pelas sócias Clara Ada e
Cloe Silva. Na época, a Sra. Cloe Silva formada em Design de Moda e retornando
de uma viagem ao exterior comentou com sua amiga Clara Ada o quanto gostaria de
empreender para ser dona de seu próprio negócio e gerir sua empresa de acordo
com suas vontades. Sendo assim, por que não amadurecer a ideia de abrir uma
confecção de roupas femininas na cidade de São Paulo, local onde residiam as duas
amigas. Cloe propôs para Clara Ada a proposta de uma sociedade entre as duas,
ideia que foi aceita imediatamente fazendo com que Ada negociasse sua saída do
atual emprego em uma multinacional em que ocupava o cargo de gerente de
marketing.

Decidia a montagem de uma pequena fábrica de roupas voltadas para o


público feminino. Por saberem que este mercado possui um grande número de
concorrentes, as sócias planejaram todos os aspectos para garantir uma produção
baseada no baixo custo. Neste sentido, tiveram a ideia de instalar a confecção em
uma cidade no interior de São Paulo, mas que não fosse tão longe da capital,
escolheram Embu Guaçu devido aos baixos custos de produção, grande
disponibilidade de mão de obra e baixo valor de aluguel. O inicio do projeto contou
em grande parte com o capital próprio das sócias e o restante angariado de capital
de terceiros: recursos oriundos do BNDES.

Nos 3 primeiros anos de seu funcionamento a confecção teve um crescimento


acima do esperado pelas sócias o que atraiu o interesse de seus concorrentes,
inclusive uma grande fábrica havia se interessado em comprar a marca da empresa.
Após o 4º ano, a empresa começou a sofrer redução de seu faturamento, fato que
persistiu nos anos posteriores. A confecção tinha em seu planejamento de gestão
uma agenda de reuniões semanais com uma pauta fixa na qual o orçamento e o
desempenho em relação ao mesmo eram analisados. Abrindo a última reunião da
semanal a Sra. Clara Ada expôs o cenário pelo qual a empresa atravessava,
relatando a rápida mudança nos resultados dos últimos anos, principalmente o que
pôde ser observado no relatório de demonstrativo de resultados.
Demonstração do Resultado do Exercício – Confecções Lorena Stilluz
Valores em Reais (R$) Mil
2014 2015 2016 2017
Vendas 8.108,00 7.085,10 6.061,20 6.152,10
(-) Impostos sobre Vendas 583,85 510,20 436,40 443,02
(-) Custo dos Produtos Vendidos 3.148,74 2,942,90 2616,90 2.6303
Lucro Bruto 4.375,51 3.632,00 3.007,90 3.079,28
(-) Despesas Adm Fixas 1.891,00 1.952,20 2.284,11 2.652,17
(-) Comissões Vendas 243,20 212,60 157,61 123,04
(-) Propaganda/Marketing 154,33 150,50 130,61 120,35
Lucro antes do IRPJ/ CSLL 2.087,00 1.316,70 435,62 183,88
(-) IRPJ/ CSLL 689,00 434,50 143,73 60,66
Lucro Líquido 1.398,00 882,20 291,97 123,29

A Sra. Clara Ada expôs para todos os presentes na reunião o que, em sua
opinião, considerava ser a origem do baixo desempenho da empresa, julgando como
os mais relevantes: A crise econômica vivida pelo país nos últimos anos, o que
refletiu na queda de rendimento dos consumidores e o aumento do desemprego; o
constante aumento do dólar, uma vez que os tecidos eram importados, a
sensibilidade aos preços das roupas da empresa; a ampliação da concorrência,
principalmente dos chineses; o aumento dos custos de produção.

A Sra Cloe Silva, também expôs o que em sua opinião era muito importante
para a continuidade da empresa que era o potencial de crescimento do consumo de
roupas. A sócia acreditava fortemente neste crescimento, pois tomava como base os
levantamentos realizados do setor. De acordo com o último levantamento realizado
pela ABIT (Associação Brasileira de Indústria Têxtil), o faturamento da Cadeia Têxtil
e de Confecção atingiu US$ 45 bilhões em 2017, ou seja, no Brasil, o setor está em
constante crescimento. Para Cloe a empresa possui grande espaço para ampliar o
seu share, basta apenas traçar a trajetória a ser seguida para sair da estagnação.
Ela acredita que a empresa precisa investir na modernização das instalações da
fábrica e diagnosticou que os relatórios que demonstravam queda na produtividade
dos funcionários de aproximadamente 35% eram justificados pelo obsoletismo de
algumas máquinas de corte, de costura e estamparia. Era preciso modernizar a
fábrica e adquirir mais equipamentos para a automação de processos que,
atualmente, eram realizados de forma manual. Cloe também questionou o modelo
de negócios utilizado pela empresa, ou seja, a estratégia de diferenciação pela
qualidade do produto deveria ser substituída pela estratégia focada na redução de
custos, principalmente para concorrer com os chineses e alcançar um outro nicho de
mercado. Após colocar sua visão de negócios para todos os presentes, Cloe pediu
para que Ada demonstrasse o que pensava sobre todos estes pontos levantados.
Ada se mostrou muito preocupada e argumentou que estes possíveis novos rumos
da confecção podem ser muito arriscados no atual momento de crise em que o país
se encontra. Mudar a estratégia de foco na qualidade pra baixo custo não seria bem
visto pelo mercado, uma vez que, a qualidade sempre esteve presente no DNA da
Stilluz e investir em novas instalações somente agravaria a situação.

Cloe retomou o direcionamento da reunião e acrescentou que a


Confederação Nacional de Indústria quer motivar o Brasil a exportar e está
incentivando e contribuindo para a exportação de produtos e que se a confecção
conseguisse investir, poderia ter um retorno de 20% exportando suas roupas.
Lembrou também que a dois anos atrás, alguns concorrentes as procuraram com a
propostas de compra da empresa.

O cenário apresentado na reunião, de baixo desempenho da confecção pode


ser materializado em alguns dos indicadores levantados. Houve, uma queda
acentuada no faturamento, o que impactou diretamente na baixa lucratividade. A
política de diferenciação adotada pela empresa também pode ser evidenciada em
função da receita marginal. O volume de vendas decaiu fortemente o que pode
representar produto com alta sensibilidade com o fator preço. Também como
observado pela Sra. Ada há uma perda de produtividade dos funcionários. E, com
relação à estrutura de custos, percebe-se uma ampliação dos custos fixos o que
também compromete a lucratividade da operação.

Também pode ser observada a ampliação dos custos fixos.


Dados e Indicadores 2014 2015 2016 2017

Receita Bruta - R$ mil 8.108,00 7.085,10 6.061,22 6.152,10

Preço atacado médio (R$/peça) 1,85 1,90 1,95 2,23

Quantidade vendida (milhares peças) 4.601,00 3.950,00 3.380,00 2.902,00

Receita Marginal (R$/peças) 1,76 1,79 1,79 2,12

Custo do Produto Vendido - R$ mil 3.148,7 2,942,9 2.616,9 2.630,0

Custos Fixos (custos e despesas fixas e


2.734,30 2.537,20 2.558,40 2.833,00
propaganda) - R$ mil
Peças / hora trabalhada 174 159 146 138

Conforme evidenciado pela Sra. Cleo, caso a empresa adotasse a política de


exportação o retorno previsto seria de 20%. Também foi cogitada novamente na
reunião a hipótese de venda da operação da empresa, assim como o de se criar
uma linha de roupas mais populares.

E agora? O que fazer? Ouvidas as argumentações das duas sócias na


reunião parece não haver consenso e, o que é pior, parece que as proprietárias não
sabem qual direção a confecção deverá tomar. O tempo está passando e os
problemas associados ao fluxo de caixa da empresa só tendem a piorar. O fato
concreto é que a empresa passa por uma situação séria e preocupante e se nada for
feito para reverter este quadro, poderá levar a Stilluz à uma crise que dificilmente
será superada. Este foi o tom utilizado pela Sra. Cleo para colocar em discussão as
seguintes propostas:

1) Captar recursos no mercado financeiro para investimento em modernização da


fábrica viabilizando a política de exportação e a mudança de foco em baixos custos
ao invés de qualidade.
2) Procurar novos sócios e mudar a Reorganização Societária da confecção.
3) Investir na criação de roupas mais populares.
4) Descontinuar o empreendimento das sócias, procurando interessados para a sua
aquisição.
Coloque-se no papel do gestor financeiro da empresa e levando em consideração os
textos dos Capítulos 6 - Análise das Demonstrações Financeiras e Capítulo 7
Desempenho Operacional e Alavancagem Financeira do livro Finanças Corporativas
e Valor e Capítulo 1 - Introdução às Operações de Fusões Aquisições e
Reestruturação Societária Métodos mais Utilizados para Precificação de Empresas e
Capítulo 10 - Fusões, Aquisições, Reorganizações Societárias das páginas 287 a
306, responda as seguintes questões.

a) Qual das ações propostas levaria à ampliação da riqueza dos sócios?


b) Qual seria o método mais indicado para justificar qual das ações e investimentos
a empresa deveria tomar?
c) Na hipótese de se colocar em venda a empresa, como estabelecer o seu valor de
mercado?

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