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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

Trabalho de Conclusão de Curso

Avaliação das Externalidades Ambientais da Matriz


Elétrica Brasileira

Autor: Ricardo Lourencini Assumpção


Orientador: Prof. Dr. Joaquim Eugênio Abel Seabra

Campinas, junho de 2016.


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

Trabalho de Conclusão de Curso

Avaliação das Externalidades Ambientais Produzidas pela


Matriz Elétrica Brasileira

Autor: Ricardo Lourencini Assumpção


Orientador: Prof. Dr. Joaquim Eugênio Abel Seabra

Curso: Engenharia Mecânica

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Graduação da


Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro
Mecânico.

Campinas, 2016
S.P. – Brasil
Agradecimentos:

Ao professor Joaquim Seabra pela orientação e crítica construtiva.


Aos amigos e colegas de Unicamp, em especial aos companheiros de República
e à turma 010 de Engenharia Mecânica, por estarem presentes em tantas situações
da vida universitária e pela companhia nas noites em claro, estudando ou festejando.
Aos amigos do peito que seguiram por outros caminhos, espero que a sorte
continue nos sorrindo.
À minha família, pelo apoio e suporte incondicionais durante estesanos
transformadores.
À minha namorada, por ser minha ancoragem e porto seguro.

i
Sumário

Sumário ......................................................................................................................... ii
Resumo ......................................................................................................................... v
Lista de Figuras ............................................................................................................ vi
Lista de Tabelas .......................................................................................................... viii
Lista de Equações ........................................................................................................ xi
Nomenclatura .............................................................................................................. xii
Letras Latinas .......................................................................................................... xii
Letras Gregas .......................................................................................................... xii
Subscritos ................................................................................................................ xii
Abreviações, abreviaturas e siglas .......................................................................... xiii
1. Introdução ............................................................................................................... 1
2. O Setor Elétrico Brasileiro....................................................................................... 4
2.1. Evolução Histórica do Setor Elétrico Brasileiro ................................................ 4
2.2. Planejamento Energético e Tendências Futuras da Matriz Elétrica Brasileira.
14
3. Externalidades no Contexto de Planejamento Energético .................................... 20
3.1. Externalidades ............................................................................................... 20
Externalidades Negativas ..................................................................................... 20
Externalidades Positivas ....................................................................................... 21
3.2. Valoração de Externalidades e Planejamento Energético.............................. 21
3.3. Externalidades da energia elétrica valoradas por outros autores ................... 25
a) Resultados obtidos por Alves (2009).............................................................. 25
b) Resultados obtidos por Reis (2001) ............................................................... 27
c) Resultados obtidos por Prado (2007) ............................................................. 29
4. Metodologias empregadas neste trabalho para valorar externalidades produzidas
pelo setor elétrico brasileiro......................................................................................... 32
4.1. Valoração de externalidades utilizando os fatores de emissão e fatores de
dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). ....................................... 34
4.2. Valoração de externalidades ambientais conforme a metodologia adaptada da
ExternE .................................................................................................................... 38
a) Emissões por tipo de empreendimento .......................................................... 40
- Usinas, eólicas e fotovoltaicas ....................................................................... 40

ii
- Usinas Nucleares ........................................................................................... 40
- Combustíveis Fósseis .................................................................................... 41
- Térmicas a bagaço de cana de açúcar .......................................................... 42
- Usinas Hidroelétricas ..................................................................................... 44
b) Valoração dos impactos devido à emissão de GEE ....................................... 46
c) Valoração dos impactos à saúde humana ..................................................... 49
- Dispersão de poluentes.................................................................................. 49
- Coeficientes de dose resposta e número de pessoas afetadas ..................... 52
- Custo de doença e vida estatística ................................................................ 53
- Impactos à saúde humana ............................................................................. 55
4.3. Composição da oferta de energia no SIN para suprimento da demanda futura
58
5. Resultados e Discussão ....................................................................................... 66
5.1. Externalidades produzidas pelo setor elétrico brasileiro em 2014 ................. 66
a) Externalidades valoradas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano
empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). ............................................. 67
b) Externalidades ambientais valoradas conforme a metodologia adaptada da
ExternE ................................................................................................................. 70
5.2. Externalidades produzidas pelo setor elétrico para se atender a demanda
futura 73
a) Externalidades valoradas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano
empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). ............................................. 73
b) Externalidades ambientais valoradas conforme a metodologia adaptada da
ExternE ................................................................................................................. 77
5.3. Análise dos resultados e discussão ............................................................... 81
a) Comparação entre metodologias de cálculo .................................................. 81
b) Externalidades Produzidas pela matriz elétrica em 2014 ............................... 84
c) Externalidades Produzidas para se atender a demanda futura ...................... 86
6. Conclusões ........................................................................................................... 91
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 94
ANEXOS ..................................................................................................................... 98
ANEXO A – Classes de estabilidade atmosférica e coeficientes para cálculo de
dispersão ................................................................................................................. 98
ANEXO B – Comparação entre modelos de dispersão de poluentes ...................... 99
ANEXO C – Sensibilidade da variação de concentração de poluentes em relação ao
afastamento da linha do vento ............................................................................... 101

iii
ANEXO D - Conta de Luz ...................................................................................... 104
ANEXO E – Participação na potência instalada termoelétrica por estado em abril de
2016 e densidades demográfica ............................................................................ 105

iv
Resumo

ASSUMPÇÃO, Ricardo Lourencini, Avaliação das Externalidades Ambientais Produzidas pela


Matriz Elétrica Brasileira, Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas,
Trabalho de Conclusão de Curso, 121 p. Campinas. Junho de 2016.

A valoração de externalidades pode ser uma ferramenta útil para subsidiar


políticas energéticas favoráveis a uma maior inserção de energias renováveis e ao
desenvolvimento sustentável país. Este trabalho de conclusão de curso teve como
objetivo, após discorrer brevemente sobre a evolução histórica e as tendências
futuras do setor elétrico brasileiro, valorar as externalidades ambientais geradas pela
matriz elétrica atual e também pela sua composição futura. O estudo foi baseado em
trabalhos afins publicados pelos autores citados em revisão bibliográfica e também
em dados e previsões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública
vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Foram utilizadas duas metodologias distintas de valoração. A primeira consistiu


em adaptar à realidade brasileira os fatores de emissão de poluentes e dano
monetário por poluente utilizados por Rentizelas e Georgakellos (2014). A segunda
consistiu em realizar adaptações na metodologia empregada pelo projeto ExternE de
forma a se estimar os impactos causados por tipo de empreendimento de geração de
energia.

Verificou-se que as fontes não renováveis de energia, excetuando a nuclear,


são significativamente mais impactantes que as renováveis, e que os impactos devido
a externalidades do setor elétrico brasileiro chegam a cifras bilionárias, embora este já
possua elevada participação de renováveis. A incorporação das externalidades nos
preços da energia, ao menos como ferramenta de planejamento energético, poderia
garantir maior competitividade para as fontes renováveis, consolidando sua alta
participação na matriz elétrica, proporcionando economia ao sistema de saúde e
contribuindo para que o país atinja metas de controle de emissões de gases do efeito
estufa e combate ao aquecimento global.

Palavras Chave: Externalidades, Matriz Elétrica, Planejamento Energético

v
Lista de Figuras

Figura 1.1 Sistema Interligado Nacional. Fonte: ONS ....................................................................................... 2


Figura 2.1 Evolução da Potência Instalada de 1900 a 1945. Fonte: Elaboração própria. Dados:
Ipeadata. ................................................................................................................................................................... 5
Figura 2.2 Evolução da Potência Instalada de 1945 a 1985. Fonte: Elaboração própria. Dados:
Ipeadata e Balanço Energético Nacional (BEN) 2015 ....................................................................................... 6
Figura 2.3 Capacidade instalada ao longo dos anos. Fonte: Elaboração própria. Dados: BEN 2015 ....... 8
Figura 2.4 Evolução da participação de cada fonte na potência instalada. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015 .................................................................................................................................................... 8
Figura 2.5 Participação relativa de cada fonte na potência instalada em agosto de 2015. Fonte:
Elaboração própria. Dados: Banco de Informações de Geração da ANEEL ............................................... 11
Figura 2.6 Evolução da energia gerada por fonte no país. Fonte: Elaboração própria. Dados: BEN 2015
.................................................................................................................................................................................. 12
Figura 2.7 Evolução da participação de cada fonte na energia gerada no país. Fonte: Elaboração
própria. Dados: BEN 2015 ................................................................................................................................... 13
Figura 2.8: Participação relativa de cada fonte na energia gerada em 2014. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015 .................................................................................................................................................. 14
Figura 2.9: Evolução esperada do consumo de energia elétrica entre 2013 e 2050. Fonte: PNE 2050 . 15
Figura 2.10: Evolução esperada da potência instalada no SIN entre 2016 e 2023. Fonte: Elaboração
própria a partir de dados do PDE 2023 .............................................................................................................. 18
Figura 2.11: Evolução esperada da composição da potência instalada no SIN entre 2016 e 2023. Fonte:
Elaboração própria a partir de dados do PDE 2023 ......................................................................................... 18
Figura 2.12: Participação relativa esperada por fonte na capacidade de geração do SIN em 2023.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do PDE 2023 ............................................................................ 19
Figura 4.1: Externalidades da energia elétrica por fonte primária conforme a primeira metodologia de
valoração. Fonte: Elaboração própria. ............................................................................................................... 37
Figura 4.2: Externalidades da energia elétrica por tipo de empreendimento, conforme segunda
metodologia de valoração. Fonte: Elaboração própria. ................................................................................... 39
Figura 4.3: Dispersão em pluma gaussiana. Fonte: Reis (2001) ................................................................... 49
Figura 4.4 Oferta e demanda de energia futuras conforme prioridade de despacho . Fonte: Elaboração
própria. .................................................................................................................................................................... 64
Figura 4.5 Evolução esperada da participação relativa no despacho por fonte . Fonte: Elaboração
própria. .................................................................................................................................................................... 65
Figura 5.1 Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculadas
utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014).
Fonte: Elaboração própria .................................................................................................................................... 74

vi
Figura 5.2 Valor total das externalidades causadas pelos GEE emitidos para se atender a demanda
futura calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria. ............................................................................................. 75
Figura 5.3 Valor total das externalidades devido a impactos à saúde humana calculadas utilizando os
fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte:
Elaboração própria. ............................................................................................................................................... 76
Figura 5.4 Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculado a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria. ..................................................... 78
Figura 5.5 Impactos devido mudança climática produzidos para se atender a demanda futura
calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria. .............................. 79
Figura 5.6 Impactos à saúde humana produzidos para se atender a demanda futura calculados a partir
de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria. ............................................................... 80
Figura 5.7 Participação relativa por fonte no total de externalidades produzidas para se atender a
demanda futura calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por
Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria ....................................................................... 87
Figura 5.8 Participação por tipo de usina no total das externalidades produzidas para se atender a
demanda futura calculado a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria. ... 87
Figura 5.9 Participação relativa por fonte nas externalidades causadas pelos GEE emitidos para se
atender a demanda futura calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados
por Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria. ............................................................... 88
Figura 5.10 Participação por fonte nos impactos devido a mudanças climátics produzidos para se
atender a demanda futura calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração
própria. .................................................................................................................................................................... 89
Figura 5.11 Participação relativa por fonte nas externalidades devido a impactos à saúde humana
calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria.............................................................................................. 90
Figura 5.12 Participação por fonte nos impactos à saúde humana produzidos para se atender a
demanda futura calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria. . 90

vii
Lista de Tabelas

Tabela 2.1: Número de empreendimentos em operação e potência instalada em agosto de 2015. Fonte:
Banco de Informações de Geração da ANEEL. ............................................................................................... 10
Tabela 2.2: Energia Gerada por fonte em 2014, inclusive autoprodução. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015 .................................................................................................................................................. 13
Tabela 2.3: Evolução esperada do consumo de energia elétrica no Brasil. Fonte: PDE 2023 ................. 16
Tabela 2.4: Evolução esperada da potência instalada no SIN. Fonte: PDE 2023 ...................................... 16
Tabela 3.2: Externalidades valoradas por Alves (2009). Fonte: adaptado de Alves (2009) ...................... 26
Tabela 3.3: Dados técnicos da UHE Simplício e externalidades valoradas por Reis (2001) para a
mesma usina. Fonte: elaboração própria. Dados: Reis (2001) ...................................................................... 28
Tabela 3.4: Dados técnicos da UHE Serra da Mesa e externalidades valoradas por Reis (2001) para a
mesma usina. Fonte: elaboração própria. Dados: Reis (2001) ...................................................................... 28
Tabela 3.5: Dados técnicos do complexo termoelétrico RioGen e externalidades valoradas por Reis
(2001) para o mesmo. Fonte: elaboração própria. Dados: Reis (2001) ........................................................ 29
Tabela 3.6: Emissão de poluentes e GEE por fase do ciclo de vida da cana. Fonte: Adaptado de
Ometto (2005) ........................................................................................................................................................ 30
Tabela 3.7: Valor das externalidades devido à emissão de GEE Fonte: Prado (2007).............................. 31
Tabela 3.8: Valor das externalidades por poluente. Fonte: Prado (2007) .................................................... 31
Tabela 3.9: Valor das externalidades por categoria de impacto. Fonte: Prado (2007) ............................... 31
Tabela 4.1:Fatores de emissão de poluentes por fonte de energia. Fonte: NEEDS (2009, Apud
Rentizelas e Georgakellos (2014))...................................................................................................................... 34
Tabela 4.2: Dano por poluente. Fonte Rentizelas e Georgakellos (2014) .................................................... 35
Tabela 4.3: Fatores de escala. Fonte: Elaboração Própria. Dados: IBGE, European Comission e Banco
Mundial. ................................................................................................................................................................... 36
Tabela 4.4: Dano por poluente . Fonte: Elaboração Própria. ......................................................................... 36
Tabela 4.5: Externalidades da energia elétrica por fonte primária e tipo de emissão. Fonte: Elaboração
Própria. .................................................................................................................................................................... 37
Tabela 4.6: Externalidades por tipo de empreendimento conforme a segunda metodologia de
valoração. Fonte: Elaboração Própria ................................................................................................................ 39
Tabela 4.7: Emissões de GEE e outros poluentes de usinas eólicas e fotovoltaicas. Fonte: adaptado de
EC (2005a). ............................................................................................................................................................ 40
Tabela 4.8: Morbidade, mortalidade e risco de morte por acidentes graves da energia Nuclear . Fonte:
EC (1995b). ............................................................................................................................................................ 41
Tabela 4.9: Emissões de GEE e poluentes por fonte primária. Fonte: PNE 2030. ..................................... 41
Tabela 4.10: Poderes Caloríficos e eficiência das centrais geradoras por fonte primária. Fonte:
Elaboração própria. Dados: PNE 2030 e BEN 2015. ....................................................................................... 42

viii
Tabela 4.11: Emissão de GEE e poluentes por tipo de térmica a combustível fóssil. Fonte: elaboração
própria ..................................................................................................................................................................... 42
Tabela 4.12: Emissão de GEE e poluentes por fase do ciclo da cana por MWh exportados à rede.
Fonte: Adaptado de Ometo (2005) ..................................................................................................................... 44
Tabela 4.13: Emissão de GEE a partir dos reservatórios de algumas hidroelétricas brasileiras. Fonte:
Adaptado de Brasil (2014) .................................................................................................................................... 45
Tabela 4.14: Emissões estimadas de GEE a partir dos reservatórios das hidroelétricas por ano
brasileiras. Fonte: elaboração própria ................................................................................................................ 46
Tabela 4.15: Potencial de efeito estufa dos gases selecionados. Fonte: adaptado de IPCC (2007) ....... 47
Tabela 4.16: Emissões de GEE das térmicas a bagaço de cana. Fonte: Elaboração própria (2007) ..... 47
Tabela 4.17: Custos devido à emissão de GEE por tipo de empreendimento . Fonte: Elaboração própria
.................................................................................................................................................................................. 48
Tabela 4.18: Custos anuais devido à emissão de GEE pelos reservatórios de hidroelétricas. Fonte:
Elaboração própria. ............................................................................................................................................... 48
Tabela 4.19: Ocorrência das diferentes classes de estabilidade atmosférica durante o ano. Fonte:
Elaboração própria. ............................................................................................................................................... 52
Tabela 4.20: Coeficientes dose resposta. Fonte: Elaboração própria ........................................................... 53
Tabela 4.21: Valor da vida estatística. Fonte: Elaboração própria ................................................................ 53
Tabela 4.22: Custo de doença. Fonte: Elaboração própria............................................................................. 54
Tabela 4.23: Impactos à saúde humana por tipo de empreendimento. Fonte: Elaboração própria ......... 56
Tabela 4.24 Fatores de multiplicação de impacto de usinas térmicas devido à sua localização. Fonte:
Elaboração própria ................................................................................................................................................ 57
Tabela 4.25: Expectativa de evolução de demanda no SIN . Fonte: Elaboração Própria. Dados: PDE
2023 ......................................................................................................................................................................... 58
Tabela 4.26: Fatores de capacidade médio por tipo de empreendimento de geração . Fonte:
Elaboração Própria. Dados: Banco de Informações de Geração da ANEEL (agosto de 2015), BEN
2015, ONS. ............................................................................................................................................................. 59
Tabela 4.27: Máxima quantidade de energia que pode ser ofertada no SIN por fonte. Fonte: Elaboração
própria. .................................................................................................................................................................... 60
Tabela 4.28: Prioridade de despacho por fonte de energia. Fonte: Elaboração própria. ........................... 62
Tabela 4.29: Despacho esperado de energia por fonte. Fonte: Elaboração própria. ................................. 64
Tabela 5.1: Produção de energia elétrica no Brasil em 2014, em GWh. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015 .................................................................................................................................................. 66
Tabela 5.2: Externalidades totais geradas pela produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração
Própria. .................................................................................................................................................................... 68
Tabela 5.3: Impactos negativos à saúde humana devido à geração de energia elétrica no Brasil em
2014 conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014).. Fonte:
Elaboração Própria. ............................................................................................................................................... 68

ix
Tabela 5.4: Custos devido à emissão de GEE devido à produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014).. Fonte: Elaboração
Própria. .................................................................................................................................................................... 69
Tabela 5.5: Participação relativa de cada fonte de energia na geração e nos impactos em 2014,
conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração
Própria. .................................................................................................................................................................... 69
Tabela 5.6: Externalidades totais geradas pela produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. .................................................. 71
Tabela 5.7: Impactos devido a mudanças climáticas geradas pela produção de energia elétrica no
Brasil em 2014 conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. ....................... 71
Tabela 5.8: Impactos à saúde humana geradas pela produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. .................................................. 72
Tabela 5.9: Participação relativa de cada fonte de energia na geração e nos impactos em 2014,
conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. .................................................. 72
Tabela 5.10: Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculado
utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014).
Fonte: Elaboração Própria. .................................................................................................................................. 74
Tabela 5.11: Custos devido à emissão de GEE produzidas ao se atender a demanda futura de energia
elétrica calculados utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração Própria. ............................................................................................ 75
Tabela 5.12: Impactos à saúde humana produzidos ao se atender a demanda futura de energia elétrica
calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração Própria. ............................................................................................ 76
Tabela 5.13: Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculado a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. .................................................... 78
Tabela 5.14: Impactos devido mudança climática produzidos para se atender a demanda futura
calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. ............................. 79
Tabela 5.15: Impactos à saúde humana produzidos para se atender a demanda futura calculados a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria. .................................................... 80
Tabela 5.16: Comparativo entre metodologias das emissões de GEE em toneladas de CO 2 equivalente.
Fonte: elaboração própria. ................................................................................................................................... 82
Tabela 5.17: Comparativo entre metodologias entre os impactos devido à emissão de poluentes. Fonte:
elaboração própria................................................................................................................................................. 84

x
Lista de Equações

Equação 1 ............................................................................................................................................................... 46
Equação 2 ............................................................................................................................................................... 50
Equação 3 ............................................................................................................................................................... 50
Equação 4 ............................................................................................................................................................... 50
Equação 5 ............................................................................................................................................................... 51
Equação 6 ............................................................................................................................................................... 52
Equação 7 ............................................................................................................................................................... 54
Equação 8 ............................................................................................................................................................... 55

xi
Nomenclatura

Letras Latinas

C Concentração de poluentes [ μg / m³]

h Altura de liberação efetiva dos poluentes [m]

Q Taxa de emissão de poluentes [ μg / s ]

u Velocidade do vento [m / s]

x Direção do vento

y Direção perpendicular horizontal à linha do vento

z Direção perpendicular vertical à linha do vento

Letras Gregas

σ Desvio padrão da distribuição gaussiana

Subscritos

2,5 Diâmetro aerodinâmico menor que 2,5 μm (in Material Pariculado)


10 Diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm (in Material Pariculado)

eq Equivalente (in CO2)

y Em relação à direção perpendicular horizontal à linha do vento

z Em relação à direção perpendicular vertical à linha do vento

xii
Abreviações, abreviaturas e siglas

BEN Balanço Energético Nacional

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CGH Central Geradora Hidroelétrica

CH4 Metano

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CO Monóxido de Nitrogênio

CO2 Dióxido de Carbono

CPFL Companhia Paulista de Força e Luz

CVU Custo Unitário Variável

EC European Comission

Eletrobras Centrais Elétricas Brasileiras

EOL Central Geradora Eólica

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ExternE Externalities of Energy

FC Fator de Capacidade

FHC Fernando Henrique Cardoso

GEE Gases de Efeito Estufa

GF Garantia Física

GW Gigawatt

GWm Gigawatt médio

hab Habitante

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

kW Kilowatt

xiii
kWh Kilowatt-hora

MME Ministério de Minas e Energia

MP Material Particulado

MW Megawatt

MWh Megawatt-hora

N2O Óxido Nitroso

NO3 Nitrato

NOx Óxidos mono nitrogênio

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PCH Pequena Central Hidroelétrica

PDE Plano Decenal de Expansão de Energia

PNE Plano Nacional de Energia

PPT Programa Prioritário de Térmicas

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

SIN Sistema Interligado Nacional

SO2 Dióxido de enxofre

SO4 Sulfato

SUS Sistema Único de Sáude

TWh Terawatt-hora

UFV Central Geradora Fotovoltaica

UHE Usina Hidroelétrica

UTE Usina Termoelétrica

UTN Usina Termonuclear

xiv
1. Introdução

A matriz elétrica de um país corresponde ao conjunto de todas as fontes


utilizadas na geração de energia elétrica. Essas fontes podem ser renováveis, no
caso de uso de recursos hídricos, eólicos, geotérmicos, solares, e marítimos, ou não
renováveis como os derivados do petróleo, carvão, gás natural e nuclear. (DOLLE,
2013)

Historicamente, a Matriz Elétrica Brasileira possui alta participação de fontes


hidráulicas desde os primórdios da eletrificação do país. A capacidade instalada
passou por uma forte expansão a partir da ditadura militar, período marcado pela
construção de grandes usinas hidroelétricas.

Mais recentemente, notoriamente após a dita “crise do apagão”, embora a


energia hidroelétrica ainda predomine, verificou-se uma maior penetração de usinas
térmicas na matriz elétrica nacional, além de incentivos a fontes alternativas de
energia que culminaram com a inserção de um parque gerador eólico significativo.

Outra característica interessante da Matriz Elétrica Brasileira é que todos os


grandes geradores país e todos os grandes centros de carga são conectados entre si
através do Sistema Interligado Nacional (SIN). A operação do SIN é feita de forma
centralizada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Existem várias
vantagens técnicas em se possuir um sistema elétrico totalmente integrado, tais como
a possibilidade de se exportar excedentes de energia de uma região para outra, o
aumento da confiabilidade e flexibilidade operacional e a possibilidade de se
minimizar o preço da energia em âmbito nacional (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, 2015).

1
Figura 1.1 Sistema Interligado Nacional. Fonte: ONS

Além dos efeitos benéficos para a sociedade, quase todas as formas de


geração de eletricidade causam efeitos indesejáveis, como por exemplo, a emissão
de poluentes atmosféricos prejudiciais à saúde humana e a degradação ambiental.
Em geral estes efeitos adversos, por não serem computados no preço final da
energia, caracterizam uma externalidade.

Em economia, externalidade é a ação de um produtor ou consumidor que afeta


outros produtores ou consumidores, mas que não é considerada no preço de
mercado. Essas externalidades podem ser negativas, quando a ação de uma das
partes impõe custos à outra, ou mesmo positivas, quando a ação de uma das partes
beneficia a outra.

Conforme aponta Reis (2001), considerar os custos socioambientais relativos


aos grandes projetos de investimento tornou-se um desafio mundial, não fugindo à
regra o setor elétrico. Internalizar tais custos impactaria diretamente na

2
competitividade de diferentes fontes energéticas e nas tendências da política
energética de um país.

A mensuração dos custos de externalidades relativos à produção de energia


elétrica é objeto de estudo de diversos trabalhos. De uma forma geral, destaca-se o
projeto ExternE, “Externalities of Energy”, que vem sido desenvolvido pela “European
Comission” (EC), órgão ligado à União Europeia, desde 1991. Um dos principais
desenlaces do Projeto ExternE foi a criação (e aprimoramento) de uma metodologia
de mensuração de custos de externalidades dos setores energéticos. Tal metodologia
é considerada referência mundial e é amplamente aceita pela comunidade científica.
(ALVES, 2009).

Contabilizar as externalidades geradas pelo setor elétrico também tem sido


alvo de estudos em âmbito nacional. Os escopos dos trabalhos, em geral
empregando metodologias baseadas na ExternE, variam desde a valoração das
externalidades geradas pela matriz elétrica para fins de planejamento energético e
vão até a mensuração das externalidades de uma forma específica de geração,
considerando o ciclo produtivo completo.

Dado que a valoração de externalidades pode ser uma ferramenta útil para
subsidiar políticas energéticas favoráveis a uma maior inserção de energias
renováveis e ao desenvolvimento sustentável país, este trabalho de conclusão de
curso teve como objetivo, após discorrer brevemente sobre a evolução histórica e as
tendências futuras do setor elétrico brasileiro, valorar as externalidades geradas pela
matriz elétrica atual e também pela sua composição futura. O estudo é baseado em
trabalhos afins publicados pelos autores citados em revisão bibliográfica e também
em dados e previsões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública
vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

3
2. O Setor Elétrico Brasileiro.

2.1. Evolução Histórica do Setor Elétrico Brasileiro

Os primeiros dias da eletricidade no Brasil remontam ao Império. Segundo


Silva (2011), este período inicial, compreendido entre o final do reinado de D. Pedro II
e o final da República velha em 1930, foi marcado pela expansão descentralizada e
pouco regulada da geração, promovida pelo capital estrangeiro. A atuação do Estado
resumia-se a medidas isoladas de regulamentação e de concessão. Dolle (2013)
aponta que ao final do período estimasse que a capacidade instalada no país era de
aproximadamente 780 MW dos quais cerca de 80% era oriundo de usinas
hidroelétricas, a maioria de pequeno porte.

Com a expansão do setor produtivo e também dos centros urbanos na Era


Vargas (1930-1945), houve também aumento da demanda por energia elétrica. A
regulação dessa indústria em desenvolvimento ganhou seu primeiro grande marco
com o Código de Águas em 1934. Dentre outros, esse código definiu regras para
aproveitamentos hídricos. (SILVA, 2011).

Ainda que o Código não tenha sido plenamente implantado, sua inspiração
nacionalista acabou por desencorajar os investimentos dos grandes grupos
estrangeiros instalados no país. O desestímulo dos empresários e a restrição às
importações de máquinas e equipamentos durante a Segunda Guerra Mundial
reduziram o ritmo de expansão da capacidade instalada, em descompasso com o
crescimento do consumo. Em vista desse ambiente, o estado ampliou seu papel para
além das atribuições reguladoras e fiscalizadoras e, com a criação da CHESF, passou
a investir diretamente na produção (GOMES et. al, 2002).

4
Potência instalada (1900 - 1945)
1400
1200
1000
MW 800
600
400
200
0
1900 1905 1910 1915 1920 1925 1930 1935 1940 1945

Hidro Termo

Figura 2.1 Evolução da Potência Instalada de 1900 a 1945. Fonte: Elaboração própria. Dados:
Ipeadata.

Em 1946 o Governo Federal apresentou o Plano Nacional de Eletrificação. O


Plano não apresentava um programa seriado de obras, mas propunha, entre outras
medidas, a concentração dos investimentos em usinas elétricas de pequeno e de
médio porte, cabendo ao Estado o papel de coordenador. (GOMES. et. al, 2002).

“Com as bases lançadas no segundo governo Vargas, define-se no governo


Juscelino Kubitschek (1956-1961) o projeto de desenvolvimento do setor elétrico sob
o comando de empresa pública”. (GOMES et. al, 2002, p. 07). Dolle (2013) destaca
que no período de 1956 a 1961 a capacidade instalada saltou de 3148 MW para 5204
MW. Durante todo esse período, as hidrelétricas foram sempre a principal fonte de
geração e de investimentos no setor elétrico.

Ainda de acordo com Dolle (2013), a construção da hidrelétrica de Furnas,


controlada pelo governo federal, marcou o início da interligação do sistema elétrico
nacional ao interconectar os sistemas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A
partir disso, diversos outros sistemas começaram a ser interligados, dando origem ao
o que viria a se tornar o SIN.

O Período da Ditadura Militar (1964 – 1985) foi marcado pela ampliação da


participação do Estado no setor elétrico e pela opção de investir maciçamente
recursos na área de grandes barragens hidroelétricas como uma resposta à crise do

5
petróleo de 1973 (FURTADO, 1990). Neste contexto foram concebidos os projetos de
Itaipu, Tucuruí e do Programa Nuclear.

“Na década de 1980, o BNDES financiou diversas obras de geração


hidrelétrica, o que adicionou 20 mil MW de capacidade à matriz do país. Nesse
momento, a participação da hidroeletricidade na matriz elétrica brasileira (em termos
de despacho) chega a 92,5%.” (DOLLE, 2013, p. 14). Entre as grandes usinas que
entraram em operação nesta época destacam-se Tucuruí e Itaipu, em 1984, as duas
maiores em capacidade instalada do país, e a Usina Nuclear de Angra I em 1985,
adicionando energia de origem nuclear à Matriz Elétrica Brasileira.

Potência instalada (1945 - 1985)


45000
40000
35000
30000
MW

25000
20000
15000
10000
5000
0
1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985

Hidro Térmica Convercional Nuclear

Figura 2.2 Evolução da Potência Instalada de 1945 a 1985. Fonte: Elaboração própria. Dados:
Ipeadata e Balanço Energético Nacional (BEN) 2015

Gomes (2005) aponta que a partir de 1985, a construção de uma nova ordem
democrática em meio a uma crise econômico-financeira somada às altas taxas de
juros no mercado internacional comprometeu seriamente a capacidade de
investimento do país, particularmente no setor elétrico. “A desarticulação do setor teve
como consequência a paralisação de um programa de geração que agregaria 10 mil
MW ao sistema” (GOMES et. al., 2002).

Como consequência, o setor elétrico entrou na década de 1990 em uma


situação bastante delicada. Segundo Lorenzo (2002) o Estado não possuía condições
de investir e as empresas do setor se viam endividadas, sem poder dar continuidade

6
aos planos de expansão. A possibilidade de falta de energia passou a ser uma
realidade.

Ainda segundo Lorenzo (2002), nos anos 90, o governo optou pela redução do
papel do Estado, lançando um abrangente programa de desestatização. Assim,
também no caso do setor elétrico, as primeiras privatizações foram efetuadas antes
da regulamentação do setor. Apesar disso foi promulgada uma reforma institucional
que amparam a mudança para um novo modelo que enfatiza o papel da iniciativa
privada.

Conforme apontado por Gomes (2005), no segundo mandato do governo FHC


houve a continuação do programa de privatizações e uma drástica redução de
investimentos federais na área de energia elétrica. Com o crescimento natural da
demanda restou ao sistema elétrico consumir suas reservas de água. Giannini e
Carpio (2002) destacam que “com o intuito de atenuar o crescente risco de déficit no
país o Ministério de Minas e Energia elaborou em fevereiro de 2000 o Programa
Prioritário de Termelétricas (PPT), dando claros sinais de estimulo à implantação de
geração termelétrica a gás natural”. Apesar da medida, a hidrologia desfavorável do
ano de 2001 somada à falta de investimentos da década anterior levou ao
racionamento.

Frente ao cenário de crise de abastecimento, a cogeração a partir do bagaço


de cana se mostrou a alternativa de curto prazo mais viável, levando o BNDES a
lançar em junho de 2001 o Programa de Apoio à Cogeração de Energia Elétrica a
Partir de Resíduos de Cana-de-Açúcar. (GOMES et. al., 2002). Como consequência
tanto deste programa quanto do PPT, verifica-se um sensível aumento da velocidade
de expansão da capacidade instalada em usinas térmicas e também na participação
deste tipo de usina na matriz elétrica nos anos subsequentes.

7
Potência Instalada (1985 - 2014)
140
120
100
80
GW

60
40
20
0
1985 1990 1995 2000 2005 2010

Hidro Térmica Nuclear Eólica Solar

Figura 2.3 Capacidade instalada ao longo dos anos. Fonte: Elaboração própria. Dados: BEN 2015

Participação relativa na potência instalada


(1985 - 2014)
100%

90%

80%

70%

60%
1985 1990 1995 2000 2005 2010

Hidro Térmica Nuclear Eólica Solar

Figura 2.4 Evolução da participação de cada fonte na potência instalada. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015

Conforme Silva (2011), o setor elétrico passou por reformas regulatórias entre
os anos de 2003 e 2004. Segundo o autor, o novo marco regulatório tem sido capaz
de garantir a expansão da capacidade de geração de forma eficiente e segura, sendo
que entre 2005 e 2010 foram contratadas a construção de usinas que somam
aproximadamente 59 GW em potência instalada, algumas em construção até os dias
atuais, como por exemplo, Santo Antônio, Jirau e Belo Monte, que cujas potências
somadas ultrapassarão 18,5 GW.

8
Ainda segundo Silva (2011), o novo marco regulatório também permitiu a
remoção de entraves que inibiam o investimento em fontes limpas de energia que, na
maioria dos casos, possui um retorno sobre o capital mais lento. A energia eólica, por
exemplo, antes tida como muito cara, tornou-se competitiva com fontes mais
tradicionais e hoje, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) já
representa mais 4,5% da potência instalada, conforme pode ser constatado na Figura
2.5. Destaca-se ainda a criação Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica (PROINFA) em 2002. O programa foi criado com o intuito de
incentivar a utilização de fontes de energia alternativas e renováveis, tais como eólica,
pequenas centrais hidroelétricas (PCHs) e usinas térmicas a biomassa (bagaço de
cana, casca de arroz, cavaco de madeira, biogás e lixo), de modo a promover a
diversificação da matriz e aumentar a confiabilidade e a segurança de fornecimento. A
quantia de empresas que se apresentaram para participar do programa foi maior que
o esperado pelo governo. Foram apresentados projetos envolvendo a geração de
6600 MW (FUNCHAL, 2008), tendo sido 2650 MW de fato instalados até o presente
momento.

Atualmente, segundo dados da (ANEEL), a matriz elétrica brasileira é


composta por 4249 empreendimentos, totalizando 144,080 GW em potência instalada
e cerca de 74 GWm em termos de garantia física1 (GF) (dados de agosto de 2015). A
relação destes empreendimentos por tipo é mostrada na Tabela 2.1:

1
A garantia física do sistema é a maior carga que pode ser atendida respeitando simultaneamente um
critério de segurança de abastecimento (risco anual de déficit menor que 5%) e um critério econômico,
baseado na igualdade entre o custo marginal de se expandir o sistema construindo novas usinas e o
custo marginal de operação (BRANDÃO; CASTRO, 2009).

9
Tabela 2.1: Número de empreendimentos em operação e potência instalada em agosto de 2015.
Fonte: Banco de Informações de Geração da ANEEL.
Quantia de Potência
Tipo Fonte Primária Tipo
empreendimentos (MW)
Bagaço de Cana de
390 10436.42
Açúcar
Resíduos
Biogás-AGR 2 1.72
Agroindustriais
Capim Elefante 3 65.70
Casca de Arroz 11 39.53
Biocombustíveis
Óleos vegetais 2 4.35
líquidos
Biomassa Carvão Vegetal 7 51.40
Gás de Alto Forno -
8 109.87
Florestas Biomassa
Licor Negro 17 1885.65
Resíduos de Madeira 49 381.93
Resíduos animais Biogás - RA 9 1.80
Resíduos Sólidos
Biogás - RU 11 70.87
Urbanos

Eólica Cinética do vento Cinética do vento 268 6537.20

Calor de Processo -
1 24.40
CM
Carvão Mineral Carvão Mineral 13 3389.47
Gás de Alto Forno -
9 200.29
CM
Calor de Processo -
1 40.00
Gás Natural GN
Fóssil Gás Natural 141 12864.36
Calor de Processo -
Outros Fósseis 1 147.30
OF
Gás de Refinaria 7 339.96
Óleo Combustível 40 4091.35
Petróleo Óleo Diesel 2033 4503.09
Outros Energéticos
16 937.93
de Petróleo
UHE 197 81878.71
PCH 467 4815.41
Potencial
Hidráulica CGH 519 360.98
Hidráulico
Importação
1 5650.00
Contratada de Itaipú
Nuclear Urânio Fissão Nuclear 2 1990.00
Solar Radiação Solar Fotovoltaica 25 11.24
TOTAL - - 4249 144080

10
Participação relativa de cada fonte na
capacidade instalada em 2015
2,840% 2,508% 0,989% 1,381% UHE
PCH e CGH
3,125%
Eólica
Bagaço de Cana

0,512% 8,956% Lixívia


1,309% Outras renováveis
7,244% Gás Natural
56,829%
Diesel
Óleo Combustível
4,537%
Carvão Mineral
3,776%
Outras Fósseis
74.21% Renovável 60.61% Hidro Nuclear

Figura 2.5 Participação relativa de cada fonte na potência instalada em agosto de 2015. Fonte:
Elaboração própria. Dados: Banco de Informações de Geração da ANEEL

Em termos de despacho, conforme dados do Balanço Energético Nacional


(BEN) publicado em 2015, verifica-se a predominância histórica da energia hidráulica
na matriz elétrica brasileira. Contudo, a partir de 2001, em decorrência da crise de
abastecimento de energia elétrica, verifica-se um aumento da participação de usinas
térmicas no despacho. A participação de usinas térmicas no montante despachado
manteve-se relativamente elevada desde então, reflexo do aumento da sua
participação na potência instalada, conforme pode ser observado nas figuras 2.3 e
2.4, decorrente de ações tais como o PPT e o Programa de Apoio à Cogeração de
Energia Elétrica a Partir de Resíduos de Cana-de-Açúcar, conforme apontado por
Giannini e Carpio (2002) e Gomes. et. al, (2002).

No ano de 2009, Alves (2009) constatou a tendência de diversificação da


Matriz Elétrica Brasileira baseada em fontes térmicas e previu um aumento da
participação deste tipo de energia na matriz.

“O Setor Elétrico Brasileiro é constituído por um sistema basicamente


hidrotérmico que, historicamente, vem sendo suprido, predominantemente,
por empreendimentos hidrelétricos. Assim, tradicionalmente, a Matriz
Elétrica Brasileira é considerada uma matriz renovável. Entretanto, devido
ao processo de diversificação baseado em fontes poluidoras, estima-se que

11
esta característica será modificada no médio prazo, passando a geração
termelétrica a ter maior participação.” (ALVES, 2009, p. 01)

Nos anos seguintes, o cenário hidrológico desfavorável, presente desde 2012


conforme apontam LIGHT (2014), CPFL Energia (2014) e Santo Antônio Energia
(2014), fizeram com que o despacho de usinas térmicas atingisse níveis recordes
tanto em geração bruta quanto em participação, destacadamente a geração térmica
a gás. Dados do Balanço Energético Nacional (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA [EPE], 2015a) mostram a evolução da composição da energia gerada
no país.

600
Energia gerada por fonte
500

400
TWh

300

200

100

0
1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014
HIDRÁULICA TÉRMICA NÃO RENOVÁVEL TÉRMICA RENOVÁVEL NUCLEAR EÓLICA

Figura 2.6 Evolução da energia gerada por fonte no país. Fonte: Elaboração própria. Dados: BEN
2015

12
Participação relativa na geração por fonte
100%

90%

80%

70%

60%
1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014
HIDRÁULICA GÁS NATURAL BAGAÇO DE CANA CARVÃO
ÓLEO COMBUSTÍVEL NUCLEAR DIESEL EÓLICA
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS LIXÍVIA OUTRAS RENOVÁVEIS

Figura 2.7 Evolução da participação de cada fonte na energia gerada no país. Fonte: Elaboração
própria. Dados: BEN 2015

Segundo dados do BEN 2015 (EPE, 2015a), em 2014 foram gerados mais de
590 TWh de energia Elétrica, sendo 63,24% deste montante oriundo de fontes
hídricas e 73,14% de fontes renováveis.

Tabela 2.2: Energia Gerada por fonte em 2014, inclusive autoprodução. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015
Energia Gerada
Fonte
(TWh)
HIDRÁULICA 373.4
GÁS NATURAL 81.1

BAGAÇO DE CANA 32.3

CARVÃO 18.4

ÓLEO COMBUSTÍVEL 18.3

NUCLEAR 15.4
DIESEL 13.4
EÓLICA 12.2

OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 12.1

LIXÍVIA 10.5

OUTRAS RENOVÁVEIS 3.4

TOTAL 590.5

13
Participação relativa de cada fonte na energia
gerada em 2014
2,604% 2,271% 2,053% HIDRÁULICA
3,092% BAGAÇO DE CANA
3,114%
EÓLICA
LIXÍVIA
OUTRAS RENOVÁVEIS
13,730% GÁS NATURAL
0,579%
CARVÃO
1,774% ÓLEO COMBUSTÍVEL
63,243%
2,068% NUCLEAR

5,471% DIESEL
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS
73,14% Renováveis

Figura 2.8: Participação relativa de cada fonte na energia gerada em 2014. Fonte: Elaboração
própria. Dados: BEN 2015

2.2. Planejamento Energético e Tendências Futuras da Matriz


Elétrica Brasileira.

Após a promulgação do novo marco regulatório do sistema elétrico entre 2003


e 2004 ficou a cargo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realizar o
planejamento de longo prazo do setor elétrico (ONS, 2014). A EPE é uma empresa
pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) que desenvolve estudos e
pesquisas de forma a subsidiar o planejamento do setor energético como um todo,
inclusive o elétrico. (EPE, 2009)

Entre os estudos de publicados pela EPE destacam-se O Plano de Decenal


de Expansão de Energia (PDE) e o Plano Nacional de Energia (PNE). O MME utiliza
esses estudos para preparar um plano de investimento de expansão para todo o
setor. (DOLLE, 2013).

O Plano Nacional de Energia (PNE) é um estudo de longo prazo realizado


pela EPE que respalda a elaboração de políticas públicas de longo prazo para o
setor energético. Além de definir uma trajetória desejável de expansão da matriz

14
elétrica e de combustíveis, o PNE visa antecipar mudanças tecnológicas,
econômicas, mudanças de hábitos socioeconômicos ou mesmo o surgimento de
novos recursos energéticos, de forma a antecipar tendências que gerem
oportunidades ou tragam ameaças e que necessitam de um posicionamento
estratégico. (EPE, 2015b).

Atualmente está em curso a elaboração do PNE 2050, cujo horizonte de


previsões se estende até o ano de 2050, já tendo sido publicados os estudos acerca
dos cenários macroeconômicos e de demanda de energia. Entre as premissas
adotadas chama à atenção a inclusão de veículos elétricos e híbridos à frota
nacional. Nesse contexto, a EPE projeta que o consumo de energia elétrica no país,
frente a 2013, mais que triplicará até 2050, atingindo 1624 TWh.

Figura 2.9: Evolução esperada do consumo de energia elétrica entre 2013 e 2050. Fonte: PNE 2050

O Plano Decenal de Expansão de Energia é um documento publicado


anualmente pela EPE que consiste em um estudo sobre os investimentos
necessários para atender à demanda crescente em um horizonte de médio prazo,
nos dez anos seguintes. Conforme consta no Plano Decenal de Expansão de
Energia 2023, projeta-se que a demanda total por energia elétrica atinja 781,7 TWh
em 2023, dos quais 689 TWh seriam supridos pelo SIN e o restante por
autoprodutores. Para atender essa demanda planeja-se expandir o parque gerador
do SIN até que este atinja 196 GW instalados ao final do mesmo período. Ainda
segundo o mesmo documento, destaca-se que a expansão da matriz elétrica será
norteada priorizando fontes renováveis. (EPE, 2014)

15
Tabela 2.3: Evolução esperada do consumo de energia elétrica no Brasil. Fonte: PDE 2023

Demanda Demanda descontada Variação percentual


Ano Período
Total (TWh) a autoprodução (TWh) ao ano do total

2013 534,6 448,2 2013-2018 4,5%


2018 640,6 558,7 2018-2023 4,1%
2023 781,7 689,0 2013-2023 4,3%

A tabela 2.4 mostra a evolução esperada da potência instalada no SIN nos


próximos anos. Vale ressaltar que na metodologia empregada pela EPE para
realizar suas projeções, “a autoprodução clássica é representada nas simulações
energéticas como abatimento da carga de energia. Dessa forma, a autoprodução
clássica não é explicitada nos totais de oferta de energia“. (EPE, 2014, p71). Além
disso, é importante destacar que entre as térmicas a biomassa, o PDE 2023
considera apenas a biomassa de cana em suas projeções.

Tabela 2.4: Evolução esperada da potência instalada no SIN. Fonte: PDE 2023
Evolução esperada da Potência Instalada no SIN (desconsiderada autoprodução)
(GW)
ANO 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
UHE 87,183 92,193 96,123 100,935 101,874 103,344 106,167 108,941 112,178
IMPORTAÇÃO
CONTRATADA 5,935 5,829 5,712 5,583 5,441 5,285 5,114 4,925 4,716
DE ITAIPÚ
PCH 5,308 5,701 5,854 6,289 6,439 6,619 6,799 6,919 7,319
EÓLICA 5,671 10,816 14,099 17,439 18,439 19,439 20,439 21,439 22,439
BIOMASSA 9,019 10,905 10,905 11,603 12,353 13,053 13,453 13,723 13,983
SOLAR 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
GÁS NATURAL 12,169 12,169 12,516 12,516 13,016 14,516 16,016 17,516 20,016
NUCLEAR 1,99 1,99 1,99 3,395 3,395 3,395 3,395 3,395 3,395
CARVÃO 3,21 3,21 3,21 3,21 3,21 3,21 3,21 3,21 3,21
ÓLEO
3,493 3,493 3,493 3,493 3,493 3,493 3,493 3,493 3,493
COMBUSTÍVEL
ÓLEO DIESEL 1,402 1,294 0,947 0,947 0,947 0,947 0,947 0,947 0,947
GÁS DE
0,687 0,687 0,687 0,687 0,687 0,687 0,687 0,687 0,687
PROCESSO
TOTAL
123,961 125,444 133,193 142,849 146,046 149,74 154,472 158,947 164,135
RENOVÁVEL
TOTAL NÃO
22,951 22,843 22,843 24,248 24,748 26,248 27,748 29,248 31,748
RENOVÁVEL
TOTAL 146,912 148,287 156,036 167,097 170,794 175,988 182,22 188,195 195,883

16
Seguindo as diretrizes estipuladas no PDE 2023, verifica-se que a presença
de renováveis no SIN deve se manter elevada apesar de sofrer leve queda,
atingindo 83,79% de participação em termos de potência instalada ao final de 2023
frente aos 84,59% esperados ao final de 2016. A participação de grandes usinas
hidroelétricas, incluindo a energia de Itaipu não consumida pelo Paraguai e
importada pelo Brasil, deve perder espaço, caindo de 66,10% de participação ao
final de 2016 até 59,67% em 2023, dando lugar a outras fontes, notoriamente à
energia eólica e em menor grau à energia solar e térmica a gás. Destacam-se:

 A expansão da capacidade de geração eólica, que deve atingir cerca de


22,4 GW instalados em 2023, frente aos atuais 6,5 GW (dados de 2015) .

 A inserção de capacidade de geração solar na matriz elétrica, que deve


atingir 3,5 GW. Conforme consta no PDE 2023, espera-se que usinas
solares despachadas de forma centralizada estejam presentes na matriz
elétrica já em 2017.

 A redução da participação relativa usinas hidroelétricas, ainda que esta


fonte de energia seja a que apresentará a maior expansão bruta.
Ressalta-se também que a capacidade de armazenamento de usinas
deste tipo irá aumentar apenas 2% frente a dados de 2013, enquanto a
capacidade instalada aumentará 36% em relação ao mesmo período,
indicando uma preferência por novas usinas enquadradas na categoria
“fio d’água”.

 A preferência por usinas a gás natural no que tange a expansão da


capacidade de geração de fontes fósseis, além da entrada em operação
da usina nuclear de Angra III

Por fim, as figura 2.10 e 2.11 exibem a evolução esperada da potência


instalada no SIN e de sua composição. A figura 2.12 mostra a composição esperada
do SIN em 2023.

17
Aumento Projetado da Potência Instalada por
Fonte
200

180

160
GW

140

120

100
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Hidráulica Eólica Térmica Renovável Solar
Gás Natural Nuclear Outras Fósseis

Figura 2.10: Evolução esperada da potência instalada no SIN entre 2016 e 2023. Fonte: Elaboração
própria a partir de dados do PDE 2023

Evolução Projetada da Participação Relativa


Instalada por Fonte
100%

90%
GW

80%

70%

60%
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Hidráulica Eólica Térmica Renovável Solar Gás Natural Nuclear Outras Fósseis

Figura 2.11: Evolução esperada da composição da potência instalada no SIN entre 2016 e 2023.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do PDE 2023

18
Composição Esperada da Matriz Elétrica em 2023
0,483%
1,639% 1,783%
UHE
0,351%
IMPORTAÇÃO DE ITAIPÚ
1,733%
PCH e CGH
EÓLICA
1,787% 10,218% BIOMASSA
SOLAR
GÁS NATURAL
7,138%
NUCLEAR
CARVÃO
11,455% 57,268%
ÓLEO COMBUSTÍVEL
ÓLEO DIESEL
GÁS DE PROCESSO
3,736% 63.41% Hidro
2,408% 83.79% Renováveis

Figura 2.12: Participação relativa esperada por fonte na capacidade de geração do SIN em 2023.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do PDE 2023

19
3. Externalidades no Contexto de Planejamento
Energético

3.1. Externalidades

Em economia, externalidade é a ação de um produtor ou consumidor que


afeta outros produtores ou consumidores, mas que não é considerada no preço de
mercado.

Mankiw (2007, apud ALVES, 2009, p. 31), em acordo com a definição acima,
diz que “as externalidade surgem quando a ação de um agente econômico provoca
impacto no bem-estar de outro agente econômico que não participa dessa ação sem
pagar nem receber nenhuma compensação por esse impacto”.

Conforme Alves (2009), as externalidades podem ser tanto negativas quanto


positivas. Quando o valor dos custos ou benefícios extras não é refletido nos preços
das transações de mercado, ocorre uma falha de mercado.

Externalidades Negativas

Conforme material publicado pela Brigham Young University (2015), quando


uma externalidade negativa se faz presente, um custo ou efeito adverso é imposto a
um terceiro não envolvido na produção ou consumo do bem ou serviço que originou
a externalidade. A poluição do ar gerada pela queima de combustíveis é um
exemplo de externalidade negativa.

Segundo Alves (2009), quando uma externalidade negativa se faz presente o


custo de bem estar para a sociedade é maior do que o custo para o produtor ou
consumidor de determinado serviço.

20
Em linhas gerais, o valor de uma externalidade negativa representa o valor
que a sociedade está disposta a pagar à fonte causadora para se evitar que a
externalidade negativa seja produzida.

Externalidades Positivas

Segundo Alves (2009, p. 32), “A externalidade positiva ocorre quando a ação


de um agente econômico provoca um impacto positivo ao bem estar de um terceiro.
Este aproveita dos benefícios adicionais pelos quais não produziu”.

3.2. Valoração de Externalidades e Planejamento Energético

“Quase todas as opções de geração de eletricidade, além de suas


consequências benéficas para a sociedade, causam efeitos indesejáveis, como por
exemplo, a degradação ambiental” (RENTIZELAS e GEORGAKELLOS, 2014, p. 01,
tradução nossa). Segundo os mesmos autores, a produção de eletricidade pode
exercer influência sobre diversos pontos, tais como solo, níveis de ruído, clima global
e saúde humana.

Reis (2001) aponta que a consideração dos custos socioambientais relativos


aos grandes projetos de investimento tornou-se um desafio mundial. Conceitos e
instrumentos que viabilizem a internalização destes custos tem sido objeto estudo de
universidades, empresas e centros de pesquisa ao redor do globo. O setor elétrico
não foge à regra e enfrenta dificuldades em identificar os custos socioambientais de
seus empreendimentos e, consequentemente, na definição da competitividade e
viabilidade de seus projetos.

Alves (2009) aponta que uma das funções primordiais da valoração dos
impactos ambientais é dar suporte ao desenvolvimento de políticas que buscam
internalizar os custos dos mesmos.

21
Em 1991 a “European Comission (EC)” iniciou o projeto “Externalities of
Energy” (ExternE). Como resultado, foi elaborada uma metodologia possível de ser
utilizada para quantificar financeiramente as externalidades geradas pelos ciclos de
vida de diversos combustíveis. (EUROPEAN COMISSION, 2005b). Com o passar
dos anos foram realizadas atualizações da metodologia empregada de forma de
forma a cobrir uma maior gama de danos, impactos e fontes de energia.

Conforme informações disponíveis no site institucional do projeto ExternE


(EC, 2006), de uma maneira geral, os seguintes aspectos e são levados em conta na
metodologia de análise do projeto: Impactos à saúde humana decorrentes de efeitos
fatais e não fatais, efeitos sobre a produção agrícola e plantações e efeitos sobre
materiais e construções. Além disso, danos causados pelo aquecimento global
também foram considerados, apesar do maior nível de incertezas agregado.
Em linhas gerais, a valoração de externalidades ambientais pela metodologia
do projeto ExternE consiste em utilizar um coeficiente dose-resposta2 para se
estimar os impactos causados pela variação de concentração de um determinado
poluente emitidos por uma determinada fonte emissora. O modelo de disperão de
poluentes recomentado é o de pluma gaussiana. Tal metodologia é largamente
aceita pela comunidade científica, sendo considerada referencia mundial no assunto
(ALVES, 2009), e será descrita em maior detalhe no capítulo 4.

A metodologia ExternE serviu como base a para diversos estudos voltados à


valoração das externalidades negativas geradas pela expansão da Matriz Elétrica
Brasileira. Na virada do milênio, a Eletrobras (2000), constatando que a priorização
da construção de empreendimentos futuros não considerava o valor das
externalidade ambientais, elaborou um estudo identificando as principais
externalidades geradas pela geração hidroelétrica e termoelétrica, propondo
metodologias de valoração a fim de incluir as externalidades no planejamento do
setor elétrico.

Tolmasquim et. al. (2001) elaboraram uma adaptação da metodologia


proposta pela Eletrobras (2000), simplificada a fim de tornar prático o seu uso em

2
Coeficientes dose-resposta determinam a razão de variação de um determinado parâmetro
(resposta) em função da variação outro (dose). Por exemplo, o número de doenças respiratórias
(resposta) varia de acordo com a variação da concentração de poluentes (dose) de acordo com um
coeficiente dose-resposta.

22
estudos de planejamento de longo prazo. Reis, M. M. (2001) comparou os custos
das externalidades ambientais decorrentes da geração de energia elétrica a partir de
hidroelétricas e usinas térmicas a gás natural. Além disso, o autor exemplificou na
prática os conceitos abordados em seu trabalho através estudos de caso, aplicando
as metodologias para as Usinas Hidroelétricas Serra da Mesa e Simplício e no
complexo termoelétrico RioGen, composto pelas usinas RioGen e RioGen Merchant.

Prado (2007) Utilizou a metodologia ExternE de forma a valorar as


externalidades sociais, ambientais e econômicas presentes em todo o ciclo da
produção de energia através do bagaço de cana-de-açúcar, desde a lavoura até a
conversão da biomassa em energia elétrica.

No contexto de planejamento energético de longo prazo, Alves (2009) aplicou


a adaptação da metodologia ExternE proposta por Tolmasquim et. al (2001) para
estimar o valor financeiro dos impactos ambientais causados pela expansão
planejada da matriz elétrica brasileira entre 2007 e 2016, utilizando como base o
PDE 2016 publicado pela EPE.

Avelino, Hewings e Guihoto (2011), elaboraram uma ferramenta para


avaliação das externalidades positivas e negativas da expansão do setor elétrico
combinando georreferenciamento ao “Impact Pathway Aproach", da metodologia
ExternE. Em seu trabalho, os autores além de consideraram os impactos sobre o
ambiente e a saúde causados pela construção e operação, também levam em conta
os efeitos sobre a economia causados pela interdependência entre indústrias. Os
autores também chamam à atenção quanto à influência da localização do novo
empreendimento sobre os impactos que ele causará.

Estudos interessantes sobre a influência do custo das externalidade sobre


tendências futuras das matrizes elétricas foram elaborados por Nguyen (2008), no
caso do Vietnã, e por Rentizelas e Georgakellos (2014), no caso da Grécia.
Segundo Nguyen (2008), a internalização das externalidades geradas pelo o setor
elétrico vietnamita levariam não só a uma redução na participação do carvão na
matriz elétrica daquele país e ao aumento da participação de fontes renováveis, mas
também verificar-se-ia uma maior participação do gás natural e de térmicas a carvão
que utilizam tecnologias mais avançadas e menos poluentes.

23
Rentizelas e Georgakellos (2014) verificaram quais seriam as tendências de
evolução da matriz elétrica grega no longo prazo se as externalidades fossem ou
não internalizadas considerando dois possíveis cenários, um com baixos custos de
emissão CO2 e outro com custos elevados, considerando o ciclo de vida completo
das diversas fontes de energia. Segundo os autores, com a internalização das
externalidades a maior parte da nova capacidade de geração seria oriunda de fontes
renováveis, com uma penetração mais rápida deste tipo de fonte no cenário de alto
custo de emissão de CO2. Além disso, na maior parte dos cenários o gás natural foi
a única fonte fóssil escolhida. Outro resultado interessante foi de que caso as
externalidades fossem levadas em conta, haveria um aumento da participação da
energia eólica enquanto energia hidroelétrica substituiria porções significativas das
usinas a biomassa que seriam construídas caso as externalidades fossem
desconsideradas.

24
3.3. Externalidades da energia elétrica valoradas por outros
autores

Para efeito de comparação, nesta seção serão apresentados valores de


externalidade obtidos por outros autores.

a) Resultados obtidos por Alves (2009)

A Tabela 3.1 apresenta os valores de externalidades obtidos por Alves (2009)


ao aplicar de maneira adaptada a metodologia proposta por Tolmasquim et. al.
(2001), utilizando valores de emissão disponíveis no PNE 2030. Comparados à tarifa
média cobrada pelo kWh de um cliente de classe residencial na região de Campinas,
aproximadamente R$ 0,69/kWh em março de 2016 com tributos já inclusos 3, Os
resultados obtidos por Alves (2009), principalmente para o carvão, foram bastante
elevados, o que indica possíveis problemas com modelos de dispersão de poluentes
ou funções dose-resposta.

Algumas considerações adotadas pela autora também levaram a resultados


peculiares, tais como valores nulos para externalidades produzidas por usinas
eólicas, nucleares e PCHs e valores que não dependem da geração para UHEs,
mas sim da área alagada por potência instalada. Entre tais considerações destacam-
se as seguintes:

 Foram consideradas apenas as externalidades geradas pela emissão de


gases de efeito estufa (GEE) e material particulado.

 Para se estimar a emissão de material particulado GEE de cada


empreendimento de geração, foi considerada apenas a fase de operação,
excluindo as demais (construção, ciclo de vida do combustível, entre
outras).

3
Vide conta de luz no anexo C

25
 Emissão de material particulado nulo por parte de usinas eólicas,
termonucleares e hidroelétricas.

 Emissão nula de GEE por parte de usinas eólicas e termonucleares

 Emissão de GEE por parte de hidroelétricas como função apenas da área


alagada por megawatt instalado, independente da potência despachada.
Além disso, foi considerado que as emissões de GEE decaem com o
tempo até tornarem-se nulas 10 anos após a entrada em operação, uma
vez que toda a matéria orgânica atingida pelo reservatório teria se
decomposto totalmente após este tempo.

 Área alagada pelo reservatório de PCHs pode ser considerada


desprezível

Tabela 3.1: Externalidades valoradas por Alves (2009). Fonte: adaptado de Alves (2009)
Custos em valores
Fonte Tecnologia empregada de 2009
(R$ / kWh)
Termonuclear - R$ 0,00
Eólica - R$ 0,00
Hidroelétrica PCH R$ 0,00
Hidroelétrica** UHE** R$ 5,48 **
[R$/(MW instalado. h)]
Gás natural Ciclo combinado R$ 0,03
Óleo
- R$ 0,56
combustível
Diesel - R$ 0,56
Bagaço de Gaseificação do bagaço e turbina a
R$ 1,08
cana gás
Bagaço de Turbina de condensação e extração
R$ 2,65
cana - 80 bar
Bagaço de Turbina de condensação e extração
R$ 2,76
cana - 60 bar
Bagaço de Turbina de condensação e extração
R$ 10,57
cana - 40 bar
Carvão Carvão importado R$ 160,00
Carvão Carvão nacional R$ 1.444,00
* Valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
** A externalidade gerada pelas emissões de GEE das grandes usinas hidroelétricas foi considerada
função da área alagada média das usinas no SIN por potência instalada, não da potência
despachada.

26
b) Resultados obtidos por Reis (2001)

Reis (2001) conduziu três estudos de caso a fim de valorar as externalidades


geradas pelas usinas hidroelétricas Simplício e Serra da Mesa, que possuem relação
de área alagada por potência instalada de 0,038 e 1,399 km² / MW respectivamente,
e pelo complexo termoelétrico RioGen, que utiliza como combustível o gás natural.

Comparada com a metodologia empregada por Alves (2009), Reis (2001)


realizou uma análise mais detalhista, obtendo resultados válidos apenas para
empreendimentos de geração já em operação ou que já possua grande quantidade
de informações disponível acerca da localização, população residente nos
arredores, área atingida pelo reservatório, regime de ventos, entre outros, enquanto
a abordagem de Alves (2009) é mais generalista, com maior índice de incerteza
agregado, porém significativamente mais simples e adequada para aplicação
estudos preliminares em um horizonte de longo prazo.

É importante observar que além das emissões de GEE e impactos à saúde da


população circunvizinhas devido à emissão de poluentes na fase de operação, Reis
(2001) também levou em conta as emissões de GEE durante a fase de extração do
combustível das usinas térmicas. O autor também considerou como externalidades
de um empreendimento de geração os itens seguintes:

 Perda de área agrícola, extrativista ou de exploração mineral devido a


inundação.

 Redução de volume útil de reservatórios por assoreamento.

 Impactos à navegabilidade de rios.

 Impactos à saúde ocupacional, relacionados a acidentes de trabalho


durante a construção e operação do empreendimento.

27
Acidentes de trabalho e assoreamento de reservatórios estão diretamente
atrelados à atividade produtiva. Embora a inclusão de tais valores sejam
recomendados pela EC (2005b), contabilizar tais impactos pode levar a flutuações
nos valores finais de externalidades mensuradas para o empreendimento de
geração. O caso mais gritante é o da UHE Simplício, onde a estimativa de custos
devido a acidentes de trabalho representa mais de 80% do valor total das
externalidades calculado por Reis (2001). As tabelas a seguir mostram de forma
adaptada os resultados obtidos por esse mesmo autor:

Tabela 3.2: Dados técnicos da UHE Simplício e externalidades valoradas por Reis (2001) para a
mesma usina. Fonte: elaboração própria. Dados: Reis (2001)
UHE Simplício - dados técnicos
Curso d'água Rio Paraíba do Sul
Potência instalada 180 [MW]
[MW
Garantia física 100
médio]
Área alagada 6,8 [km²]
Vazão média de longo termo anual 451 [m³/s]
Volume do reservatório 0,128 [km³]
Queda nominal 40,30 [m]
UHE Simplício - externalidades mensuradas
Tipo de externalidade Valores de 2000
Perda de área agrícola 76.595,37 [R$/ano]
Sedimentação, erosão e assoreamento do reservatório 63.380,82 [R$/ano]
Emissão de gases de efeito estufa 19.061,16 [R$/ano]
Saúde ocupacional (acidentes de trabalho) 704.141,00 [R$/ano]
Total* 0,99 [R$/MWh]
Total desconsiderando saúde ocupacional* 0,11 [R$/MWh]
Total considerando apenas emissões de GEE e poluentes* 0,02 [R$/MWh]
*Para se calcular os valores das externalidades em R$/MWh, a produção anual foi
considerada igual à garantia física

Tabela 3.3: Dados técnicos da UHE Serra da Mesa e externalidades valoradas por Reis (2001) para
a mesma usina. Fonte: elaboração própria. Dados: Reis (2001)
UHE Serra da Mesa - dados técnicos
Curso d'água Rio Tocantins
Potência instalada 1275 [MW]
Garantia física 755 [MW médio]
Área alagada 1784 [km²]
Vazão média anual 769 [m³/s]
Volume do reservatório 54,4 [km³]
Volume útil 43,25 [km³]
Queda nominal 125,8 [m]
UHE Serra da Mesa - externalidades mensuradas

28
Tipo de externalidade Valores de 2000
Perda de área agrícola 34.889.834,00 [R$/ano]
Sedimentação, erosão e assoreamento do reservatório 2.508,00 [R$/ano]
Emissão de gases de efeito estufa 5.000.351,18 [R$/ano]
Saúde ocupacional (acidentes de trabalho) 5.196.234,00 [R$/ano]
Total* 3,90 [R$/MWh]
Total desconsiderando Saúde Ocupacional* 3,12 [R$/MWh]
Total considerando apenas emissões de GEE e poluentes* 0,76 [R$/MWh]
*Para se calcular os valores das externalidades em R$/MWh, a produção anual foi
considerada igual à garantia física

Tabela 3.4: Dados técnicos do complexo termoelétrico RioGen e externalidades valoradas por Reis
(2001) para o mesmo. Fonte: elaboração própria. Dados: Reis (2001)
Complexo termoelétrico Rio Gen - Dados Técnicos
Usina UTE RioGen
Potência instalada 1000 [MW]
Combustível Gás Natural -
Ciclo termodinâmico Combinado -
Complexo termoelétrico Rio Gen - Externalidades mensuradas*
Tipo de externalidade Valores de 2000
Saúde ocupacional (acidentes de trabalho) 9.678.130,00 [R$/ano]
Emissão de gases de efeito estufa 57.988.882,28 [R$/ano]
Emissão de poluentes e material particulado 82.808.149,53 [R$/ano]
Total 12,68 [R$/MWh]
Total considerando apenas emissão de GEE e poluentes 11,86 [R$/MWh]
*Foi considerado por Reis (2001) produção ininterrupta a plena potência durante a totalidade do ano

c) Resultados obtidos por Prado (2007)

Prado (2007) estimou o valor das externalidades da energia elétrica produzida


a partir do bagaço de cana-de-açúcar. Ao contrário de Alves (2009) e Reis (2001),
que consideraram apenas a fase de operação do empreendimento de geração,
Prado (2007) considerou em sua análise as externalidades geradas pelo ciclo de
vida completo do combustível, desde o preparo da terra na lavoura até a utilização
da vinhaça no processo de fertirrigação dos canaviais, passando pelo processo de
geração de vapor e energia elétrica. Para tanto o autor utilizou os valores de
emissões atmosféricas obtidos por Ometto (2005) para o ciclo de vida do álcool.

29
Ometto (2005), por sua vez, que por sua vez levou em consideração emissões
devido ao ciclo de vida dos fertilizantes utilizados na lavoura e fases agrícolas.

Deve-se observar que à época da publicação do trabalho de Ometto (2005)


era comum a queima da palha da cana durante a fase de colheita, e as
externalidades foram valoradas considerando que à época 75% da cana do estado
de São Paulo era colhida queimada. Segundo dados do Instituto de Economia
Agrícola (2014), na safra 2013/14 o percentual de cana queimada se reduziu a
16,3%, sobretudo devido ao aumento da mecanização. A Tabela 3.5 mostra as
emissões atmosféricas calculadas por Ometto (2005), em kg / t álcool hidratado
produzido. O autor estima que para cada tonelada de etanol produzido há um
excedente de 300,13 kWh de energia elétrica.

Tabela 3.5: Emissão de poluentes e GEE por fase do ciclo de vida da cana. Fonte: Adaptado de
Ometto (2005)
Geração
Emissões por fase Colheita*
Preparo Tratos de vapor e
do ciclo de vida Plantio Queimada* (inclui Fertirrigação Total
do solo culturais energia
[kg / tálcool] queimada)
elétrica
CO2 1,975 1,283 3,191 5782,270 5895,510 2307,030 0,937 13992,196
NOx 0,019 0,016 0,046 9,000 10,815 1,485 0,013 21,394
CO 0,006 0,005 0,009 302,400 303,031 0,495 0,002 605,948
SO2 0,004 0,002 0,025 0,000 0,186 0,000 0,001 0,218
Hidrocarbonetos 0,001 0,002 0,005 60,300 60,497 0,000 0,002 120,807
NO2 0,000 0,004 0,000 0,000 0,293 0,000 0,000 0,297
SOx 0,001 0,0004 0,0005 0,000 0,011 0,000 0,0003 0,013
Tolueno 0,000 0,00003 0,000 0,000 0,002 0,000 0,000 0,002
N2O 0,000 0,081 0,151 0,250 0,000 0,000 0,020 0,502
K** 0,000 0,000 0,000 1,260 1,260 0,000 0,000 2,520
Ca** 0,000 0,000 0,000 2,160 2,160 0,000 0,000 4,320
Mg** 0,000 0,000 0,000 0,520 0,522 0,000 0,000 1,042
S** 0,000 0,000 0,000 0,560 0,576 0,000 0,000 1,136
CH4 0,001 0,0003 0,001 5,050 5,106 0,000 0,00002 10,158
Material
6,78E-04 4,62E-04 3,75E-03 45,000 45,04 1,76 0,00 93,51
Particulado
* Foi considerado por Ometto (2005) que 75% da cana era queimada e 25% colhida crua.
** Substâncias associadas à emissão de material particulado.

Foi estimado por Prado (2007) que de todo o vapor produzido pela queima do
bagaço de cana, 67,3% é consumido para suprir a necessidade de calor e
eletricidade do processo de produção de açúcar e etanol, sendo os 32,7% restantes
utilizados para gerar a eletricidade de fato exportada à rede. Dessa forma, as

30
externalidades geradas pela produção de cana de açúcar e pela queima do bagaço
foram divididas na mesma proporção entre a produção de açúcar e álcool e a
produção de energia elétrica. As tabelas de Tabela 3.6 a Tabela 3.8 mostram os
valores das externalidades da energia elétrica oriunda do bagaço de cana, já
considerando essa divisão.

Tabela 3.6: Valor das externalidades devido à emissão de GEE Fonte: Prado (2007)
R$ / kwh*
€ / kWh
(valores de 2007)
CO2 0,25 0,699
CH4 0,0179 0,05
N2O 0,0169 0,047
TOTAL 0,2848 0,796
*Cotação do euro utilizada por Prado (2007): R$ 2,794

Tabela 3.7: Valor das externalidades por poluente. Fonte: Prado (2007)
R$ / kWh*
€ / kWh
(valores de 2007)
O3 0,10 0,27
Particulado 0,07 0,19
Sulfato 0,01 0,02
Nitrato 0,01 0,02
TOTAL 0,18 0,50
*Cotação do euro utilizada por Prado (2007): R$ 2,794

Tabela 3.8: Valor das externalidades por categoria de impacto. Fonte: Prado (2007)
€ / kWh R$ / kWh*
Valores de
valores de 2007
2007
Efeito
0,2848 0,796
estufa
Saúde
0,1811 0,506
Humana
Materiais 0,06 0,002
Total 0,5259 1,304
*Cotação do euro utilizada por Prado (2007): R$ 2,794

31
4. Metodologias empregadas neste trabalho para valorar
externalidades produzidas pelo setor elétrico
brasileiro.

Neste capítulo serão descritas as metodologias de valoração utilizadas neste


trabalho para realizar uma estimativa do valor das externalidades ambientais
produzidas pelo setor elétrico brasileiro no ano de 2014, ano mais recente cujo
Balanço Energético Nacional encontrava-se disponível à época da sua elaboração,
bem como uma estimativa das externalidades que seriam produzidas para atender
as projeções de demanda futura no SIN.

De acordo com a EC (2005b), há três tipos de externalidades relevantes


relacionados aos processos de geração de energia elétrica: risco de acidentes,
mudanças climáticas devido à emissão de gases do efeito estufa e impactos
ambientais causados pela emissão de substâncias poluentes, sendo as duas últimas
duas categorias relacionadas às externalidades negativas ambientais.

A título de comparação, foram empregadas duas metodologias distintas,


definidas em maior detalhe nas próximas seções deste capítulo. A primeira
metodologia consistiu em utilizar fatores de emissão empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014), multiplicando-os diretamente pelos valores monetários de dano
utilizados pelos mesmos autores e então multiplicando pela produção de energia
elétrica no ano de 2014 e pela expectativa de produção futura. Os valores
monetários de dano foram adaptados à realidade brasileira através de fatores de
correção de renda e de densidade demográfica.

O segundo método consistiu em estimar os valores das externalidades devido


à emissão de material particulado e gases de efeito estufa conforme uma
metodologia baseada na ExternE contemplando algumas simplificações descritas na
seção 4.2.

Em linhas gerais, além de estimar os impactos causados pela emissão de


GEE, essa segunda metodologia consistiu em estimar a variação da concentração
de determinado poluente devido à operação de empreendimentos de geração de

32
energia elétrica conforme um modelo de pluma gaussiana. À variação de
concentração aplicou-se um coeficiente de dose-resposta, a fim de se determinar o
aumento do risco de incidência de doenças e mortes causadas pela exposição das
populações humanas aos poluentes. Atribuindo-se então um valor monetário ao
custo de uma doença e à perda de uma vida humana obteve-se um valor monetário
do dano causado pela emissão de um determinado poluente. Com os valores de
dano e fatores de emissão adequados em mãos, procedeu-se da mesma maneira
que na primeira metodologia.

Abre-se aqui um espaço para uma observação, quando se fala em dano


monetário causado por um determinado poluente, entende-se o valor que a
sociedade está disposta a pagar para evitar a emissão de desse poluente e as
consequências dessa emissão. Quando se fala em valor monetário da perda de vida
humana, entende-se valor da vida estatística, uma vez que atribuir valor à vida
humana pode ser controverso devido a questões éticas, morais ou religiosas
(ALVES, 2009).

Inicialmente, cogitou-se utilizar o modelo de dispersão de poluentes


simplificado recomendado por Tomalsquim et. al (2001) mas, devido aos elevados
valores de externalidades obtidos por Alves (2009), foi feita uma investigação mais a
fundo da validade do modelo e chegou-se à conclusão que ele realmente leva a
valores superestimados. A verificação se encontra disponível no Anexo B.

Também será descrita neste capítulo a maneira como foi estimada a


composição da oferta futura de energia no SIN, de forma a se determinar as
externalidades produzidas para atender a demanda futura.

33
4.1. Valoração de externalidades utilizando os fatores de emissão
e fatores de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos
(2014).

A Tabela 4.1 mostra os fatores de emissão de poluentes e GEE por fonte de


energia empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). Os fatores de emissão
da energia nuclear foram obtidos de REEDS (2009), mesma fonte utilizada pelos
dois autores anteriormente citados. É importante observar que tais fatores de
emissão consideram o ciclo de vida do combustível, além das fases de construção e
operação dos empreendimentos de geração elétrica. As emissões de GEE também
já se encontram convertidas em CO2 equivalente.

Tabela 4.1:Fatores de emissão de poluentes por fonte de energia. Fonte: NEEDS (2009, Apud
Rentizelas e Georgakellos (2014))
Carvão Gás Óleo
Lignito Biomassa Hidráulica Fotovoltaica Eólica Nuclear*
Hulha Natural Combustível
[kg/kWh] [kg/kWh] [kg/kWh] [kg/kWh] [kg/kWh] [kg/kWh]
[kg/kWh] [kg/kWh] [kg/kWh]
Compostos
Orgânicos
2,36E-05 5,94E-05 1,01E-05 3,45E-05 2,22E-04 1,17E-06 7,09E-05 8,05E-05 8,01E-06
Voláteis não
Metano
NOx 7,38E-04 8,07E-04 3,09E-04 6,34E-03 1,76E-03 2,36E-05 1,36E-04 3,86E-05 3,20E-05
MP10 7,61E-05 7,48E-05 1,23E-05 1,20E-04 4,86E-05 3,22E-07 4,73E-05 1,17E-05 7,45E-06
MP2.5 6,47E-05 5,31E-05 8,22E-06 0,00E+00 4,25E-05 0,00E+00 2,37E-05 0,00E+00 4,99E-06
SO2 1,69E-04 6,18E-04 1,47E-04 6,16E-04 5,31E-04 8,99E-06 2,33E-04 3,83E-05 2,82E-05
CO2 9,21E-01 7,76E-01 3,98E-01 6,74E-01 1,80E-02 2,51E-03 5,52E-02 9,56E-03 6,27E-03
*NEEDS(2009)

A Tabela 4.2 mostra o valor monetário de dano causado pelos poluentes


destacados por Rentizelas e Georgakellos (2014).

34
Tabela 4.2: Dano por poluente. Fonte Rentizelas e Georgakellos (2014)
Impacto por Poluente (€ / tonelada)
Saúde Biodiversidade Produção agrícola Danos materiais Mudanças climáticas
Compostos
Orgânicos
9,41E+02 -7,00E+01 1,89E+02 0,00E+00 0,00E+00
Voláteis não
Metano
NOx 5,77E+03 9,42E+02 3,28E+02 7,10E+01 0,00E+00
MP10 1,33E+03 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
MP2.5 2,46E+01 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
SO2 6,35E+03 1,84E+02 -3,80E+01 2,59E+02 0,00E+00
CO2 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 7,00E+00

Os valores apresentados na Tabela 4.2 são valores médios válidos para


países da União Européia, conforme apontado por NEEDS (2009). Para aplicar
esses mesmos valores para o Brasil, é necessário realizar algumas correções
conforme descrito por Nguyen (2008) e detalhadas a seguir.

Primeiramente é necessário definir um fator de escala de renda, para refletir


as diferenças de renda entre Brasil e União Européia e, consequentemente, a
diferença de disposição a pagar para se evitar as emissões dos poluentes
relacionados. Em seguida é necessário realizar um paralelo entre as densidades
demográficas da União Europeia e do Brasil, de forma a modular a intensidade do
impacto causado pelos poluentes. Por fim, para se obter valores em moeda nacional,
utiliza-se a cotação média do Euro no ano de 2014, de R$ 3,12, calculada a partir
das séries históricas do Banco Central.

Os impactos causados pela emissão de CO2, um GEE, não são corrigidos


pelos fatores de correção supracitados, uma vez que suas consequências são
sentidas em nível global e não local. Os impactos relacionados à perda de
biodiversidade foram corrigidos apenas pelo fator de escala de renda, uma vez que
a perda de biodiversidade não está diretamente ligada à concentração de pessoas.
A Tabela 4.3 apresenta os fatores de escala de renda e de população, enquanto a
Tabela 4.4 apresenta os valores da Tabela 4.2 corrigidos para o caso brasileiro.

35
Tabela 4.3: Fatores de escala. Fonte: Elaboração Própria. Dados: IBGE, European Comission e
Banco Mundial.
União
Brasil
Européia
PIB per Capta
36.422,60* 11.912,11**
[US$]
Densidade demográfica
116,70 ** 24,07****
[hab/ km²]
Fator de escala de renda 1 0,2031
Fator de escala populacional 1 0,2063
* Banco Mundial
** IBGE, cotação média do Dólar do ano de 2014 R$ 2,35.
*** European Comission
**** IBGE

Tabela 4.4: Dano por poluente . Fonte: Elaboração Própria.


Impacto por Poluente (R$ / tonelada)
Saúde Produção Danos Mudanças
Biodiversidade TOTAL
humana agrícola materiais climáticas
Compostos
Orgânicos
198,07 -71,43 39,78 0,00 0,00 166,42
Voláteis não
Metano
NOx 1214,92 961,22 69,04 14,94 0,00 2260,12
MP10 279,31 0,00 0,00 0,00 0,00 279,31
MP2.5 5,17 0,00 0,00 0,00 0,00 5,17
SO2 1336,15 187,75 -8,00 54,52 0,00 1570,43
CO2 0,00 0,00 0,00 0,00 21,84 21,84

De posse dos valores da Tabela 4.1 e da Tabela 4.4 foi possível estimar os
valores das externalidades por tipo de fonte primária. Os valores obtidos são
exibidos na Tabela 4.5. Verifica-se que a maior parte dos impactos ocorre devido à
emissão de CO2. Isto acontece porque os impactos devido ao aquecimento global
não estarem sujeitos aos fatores de correção da Tabela 4.3. Os menores impactos
devido aos demais poluentes refletem a menor densidade populacional média e a
menor renda média da população brasileira em relação à europeia.

Deve-se lembrar que ao se trabalhar com valores médios o valor ocorre um


aumento na incerteza agregada. O Brasil é um país de dimensões continentais
apresenta grandes contrastes tanto de densidade populacional quanto de renda, e
os impactos de um empreendimento de geração real são dependentes de sua
localização.

36
Tabela 4.5: Externalidades da energia elétrica por fonte primária e tipo de emissão. Fonte: Elaboração
Própria.
Compostos
Orgânicos TOTAL
NOx MP10 MP2.5 SO2 CO2
Voláteis não [R$/MWh]
[R$/MWh] [R$/MWh] [R$/MWh] [R$/MWh] [R$/MWh]
Metálicos
[R$/MWh]
Lignito 3,93E-03 1,67E+00 2,13E-02 3,35E-04 2,65E-01 2,01E+01 2,21E+01
Carvão Hulha 9,89E-03 1,82E+00 2,09E-02 2,75E-04 9,71E-01 1,69E+01 1,98E+01
Gás Natural 1,68E-03 6,98E-01 3,44E-03 4,25E-05 2,31E-01 8,69E+00 9,63E+00
Óleo Combustível 5,74E-03 1,43E+01 3,35E-02 0,00E+00 9,67E-01 1,47E+01 3,01E+01
Biomassa 3,69E-02 3,98E+00 1,36E-02 2,20E-04 8,34E-01 3,93E-01 5,26E+00
Hidráulica 1,95E-04 5,33E-02 8,99E-05 0,00E+00 1,41E-02 5,48E-02 1,23E-01
Fotovoltaica 1,18E-02 3,07E-01 1,32E-02 1,23E-04 3,66E-01 1,21E+00 1,90E+00
Eólica 1,34E-02 8,72E-02 3,27E-03 0,00E+00 6,01E-02 2,09E-01 3,73E-01
Nuclear 1,33E-03 7,23E-02 2,08E-03 2,58E-05 4,43E-02 1,37E-01 2,57E-01

Externalidades por tipo de usina


25

20
R$ / MWh

15

10

Mudança Climática Saúde humana Perda de Biodiversidade


Perda de produção agrícola Danos Materiais

Figura 4.1: Externalidades da energia elétrica por fonte primária conforme a primeira metodologia de
valoração. Fonte: Elaboração própria.

37
4.2. Valoração de externalidades ambientais conforme a
metodologia adaptada da ExternE

Esta seção foi dedicada a detalhar a segunda metodologia de valoração de


externalidades ambientais empregada neste trabalho. Conforme a EC (2005b),
existem duas categorias de impactos ambientais principais devido à geração de
energia elétrica: mudança climática devido à emissão de GEE e impactos ao meio
ambiente devido à emissão de poluentes. Portanto, esta seção se dividirá em três
partes, a primeira detalha as emissões de GEE e poluentes por tipo de usina, a
segunda descreve a metodologia de valoração dos impactos devido à emissão de
GEE e a terceira detalha a metodologia de valoração dos impactos devido à emissão
de poluentes.

Foram valorados os impactos para os seguintes tipos de empreendimentos de


geração:

 Térmicas a carvão vapor


 Térmicas a óleo combustível pesado
 Térmicas a óleo combustível leve (diesel)
 Térmicas a gás natural
 Térmicas a biomassa de cana de açúcar
 Hidroelétricas
 Eólicas
 Solares fotovoltaicas

Para usinas eólicas e fotovoltaicas, foram utilizados os valores de emissão


recomendados pela EC (2005a). Para usinas nucleares foram considerados os
valores recomendados pela EC (1995b) e NEEDS (2009). Para os demais tipos de
empreendimento de geração fóssil foram utilizados os dados de emissão disponível
no PNE 2030 (EPE, 2008b). Para usinas hidroelétricas e térmicas a biomassa de
cana, foram utilizados os dados de Brasil (2014) e Ometto (2005) respectivamente.

38
É importante observar que os dados de emissão do PNE 2030 e de Brasil
(2014) consideram apenas a fase de operação dos empreendimentos, excluindo o
as fases de construção e o ciclo do combustível. Contudo, conforme observa Reis
(2001), a maior parte das emissões dos empreendimentos termoelétricos a
combustível fóssil se concentra na fase de operação.

Os valores das externalidades calculadas nos próximos itens são exibidas


de antemão na Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Externalidades por tipo de empreendimento conforme a segunda metodologia de


valoração. Fonte: Elaboração Própria
Impactos à saúde Mudança
TOTAL
Tipo de Usina humana climática
[R$/MWh]
[RS /MWh] [R$ / MWh ]
Carvão vapor 28,21 69,67 97,88
Óleo combustível pesado 7,09 41,62 48,71
Óleo combustível leve (diesel) 7,66 44,28 51,94
Gás natural 3,52 27,98 31,50
Eólica 0,23 0,62 0,86
Fotovoltaica 0,85 3,18 4,03
Biomassa de cana em 2014 36,40 5,48 41,88
Biomassa de cana a partir de 2015 11,51 4,70 16,21
Nuclear 2,00 0,37 2,38
Hidroelétricas em 2014* 0,00 1,57 1,57
Novas hidroelétricas* 0,00 0,47 0,47
*Considerando um fator de capacidade de 0,6. Não depende da geração, mas sim da área
alagada

Externalidades por tipo de empreendimento


100
80
R$ / MWh

60
40
20
0

Impactos à saúde humana Custos devido a mudança climática


[RS /MWh] [R$ / MWh ]

Figura 4.2: Externalidades da energia elétrica por tipo de empreendimento, conforme


segunda metodologia de valoração. Fonte: Elaboração própria.

39
a) Emissões por tipo de empreendimento

- Usinas, eólicas e fotovoltaicas

Embora não apresentem emissões significativas durante a fase de operação,


devido às fases de produção de matéria prima, fabricação e instalação dos
aerogeradores e painéis fotovoltaicos, a EC (2005a) recomenda os valores de
emissão de GEE e poluentes exibidos na Tabela 4.7.
É importante observar que o tipo de material particulado emitido durante a
produção de matéria prima, fabricação dos painéis e fabricação dos aerogeradores
considerado pela EC (2005a) foi o material particulado com diâmetro aerodinâmico
menor que 2,5 μm (MP2,5), considerado mais danoso que o com diâmetro
aerodinâmico menor que 10 μm (MP10).

Tabela 4.7: Emissões de GEE e outros poluentes de usinas eólicas e fotovoltaicas. Fonte: adaptado
de EC (2005a).

Eólica Fotovoltaica
[kg/ MWh] [kg / MWh]

CO2 equivalente 10,5 53,6


MP 2,5 0,0118 0,0172
SO2 0,0381 0,149
NOx 0,0385 0,183

- Usinas Nucleares

A EC (1995b) conduziu estudos que indicam a ocorrência de câncer devido


à exposição à radiação do combustível nuclear, mesmo que em níveis baixos e em
situações controladas, como normalmente ocorre durante o ciclo de produção do
combustível e na fase de operação da planta. Também foi estimado pela EC
(1995b) o risco de morte à exposição à radiação devido a acidentes graves durante
a operação da planta e durante a produção do combustível. As emissões de CO2
resultantes do ciclo do combustível foram consideradas iguais a 6,27 kg / MWh,
conforme NEEDS (2009)

40
Tabela 4.8: Morbidade, mortalidade e risco de morte por acidentes graves da energia Nuclear . Fonte:
EC (1995b).
Impacto [Ocorrência / MWh]
Casos de câncer não fatais 1,56E-06
Mortes por câncer 6,50E-07
Risco de morte devido a acidentes graves 1,10E-11

- Combustíveis Fósseis

A Tabela 4.9 mostra as emissões por combustível de GEE e outros poluentes,


disponibilizadas no PNE 2030. A Tabela 4.10 mostra os poderes caloríficos de cada
um desses combustíveis, também disponíveis no PNE 2030, e as eficiências médias
das centrais geradoras térmicas, calculadas a partir das séries históricas de geração
de energia elétrica e de consumo de combustível dos anos de 2009 a 2014,
explicitados no BEN 2015. A janela para cálculo da média histórica foi limitada a
cinco anos para refletir o atual estado da tecnologia dos empreendimentos de
geração fóssil.
Com tais dados em mãos, foram calculadas as emissões de GEE e poluentes
para cada MWh gerada a partir de fontes fósseis. Os resultados são exibidos na
Tabela 4.11. É importante observar que segundo a EC (2005b), o tipo de material
particulado tipicamente emitido por usinas termoelétricas é o MP 10.

Tabela 4.9: Emissões de GEE e poluentes por fonte primária. Fonte: PNE 2030.
Óleo Óleo
Carvão Gás
Emissão Unidade combustível combustível
vapor natural
pesado leve (diesel)
CO2 [g CO2 eq / MJ] 106,40 78,00 74,20 56,48

MP10 [kg/t] 18,12 3,00 3,00 0,32

SO2 [kg/t] 3,80 4,00 4,00 1,00

NOx [kg/t] 8,25 7,50 7,50 7,55

Hidrocarbonetos [kg/t] 0,10 0,40 0,40 0,04

CO [kg/t] 0,75 0,55 0,55 0,32

41
Tabela 4.10: Poderes Caloríficos e eficiência das centrais geradoras por fonte primária. Fonte:
Elaboração própria. Dados: PNE 2030 e BEN 2015.
Eficiência média das Geração elétrica
Poder calorifico*
centrais geradoras** por tonelada
Combustível
Série histórica
[MJ/kg] [MWh / t]
2009-2014
Carvão vapor 26,10 32,59% 2,36
Óleo combustível pesado 40,50 39,99% 4,50
Óleo combustível leve (diesel) 41,90 35,76% 4,16
Gás natural 37,20 43,08% 4,45
*PNE 2030
** BEN 2015

Tabela 4.11: Emissão de GEE e poluentes por tipo de térmica a combustível fóssil. Fonte: elaboração
própria
CO2
Particulado SO2 NOx Hidrocarbonetos CO
equivalente
[kg/MWh] [kg/MWh] [kg/MWh] [kg/MWh] [kg/MWh] [kg/MWh]
Carvão vapor 1175,33 7,67 1,61 3,49 0,04 0,32
Óleo combustível
702,18 0,67 0,89 1,67 0,09 0,12
pesado
Óleo combustível
746,98 0,72 0,96 1,80 0,10 0,13
leve (diesel)
Gás natural 471,98 0,07 0,22 1,70 0,01 0,07

Verifica-se que embora não seja considerado o ciclo do combustível


completo, os valores de emissão obtidos são superiores aos usados por Rentizelas e
Georgakellos (2014), o que pode indicar que foram consideradas pela EPE (2008b)
tecnologias menos avançadas de controle de poluentes, ou então foi considerado
por Rentizelas e Georgakellos (2014) maiores eficiências na geração termoelétrica.
De todo modo, ambos os valores são condizentes, pois se encontram na mesma
ordem de grandeza e as emissões de empreendimentos termoelétricos a
combustível fóssil tipicamente se concentram na fase de operação (REIS, 2001).

- Térmicas a bagaço de cana de açúcar

Foram usados os valores de emissão utilizados por Ometto (2005),


disponibilizados na Tabela 3.5. Contudo, à época da realização do trabalho de
Ometto (2005), era comum a prática de queimar a cana antes de colhê-la. O autor
considerou que 75% da cana era colhida queimada. O Instituo de Economia Agrícola

42
de São Paulo (2014) apurou que na safra de 2013/2014 87% da cana foi colhida
mecanicamente, enquanto a publicação especializada Nova Cana (2015) estima que
a mecanização deve atingir 97% no centro-sul na safra 2014/2015.

Ometto (2005) estimou de que a cada tonelada de álcool hidratado produzido,


é produzido bagaço suficiente para gerar uma quantia de vapor que cubra os gastos
energéticos do processo industrial e ainda possibilita exportar um excedente médio
de 300,13 kWh de energia elétrica. De posse dessas informações e das emissões
informações da Tabela 3.5 foram estimadas as emissões devido à geração de um
MWh de energia elétrica a partir da biomassa de cana.

Conforme consta na seção 3.3, foi estimado por Prado (2007) que de todo o
vapor produzido pela queima do bagaço de cana, 67,3% é consumido para suprir a
necessidade de calor e eletricidade do processo de produção de açúcar e etanol,
sendo os 32,7% restantes utilizados para gerar a eletricidade de fato exportada à
rede. As emissões foram então alocadas nessa mesma proporção ao processo
industrial e ao excedente de eletricidade.

Para o ano de 2014 foi considerado para a fase da queimada que 87% da
cana foi colhida crua. Foi empregada uma relação linear sobre as emissões
estimadas por Ometto (2005) para 25% de cana crua. Para 2015 em diante, devido
ao avanço da mecanização evidenciado pela Nova Cana (2015), foi considerado por
simplificação que a cana será 100% colhida crua.

Deve-se ressaltar que as emissões de CO e CO2 durante as queimadas e


geração de energia elétrica, embora explicitadas na Tabela 4.12, são reabsorvidas
pela cana durante seu crescimento e não são contabilizadas para cálculo de
impactos devido a mudanças climáticas. As demais são resultantes do uso intensivo
de óleo diesel em caminhões e máquinas agrícolas, sobretudo durante a fase da
colheita (PRADO, 2007).

43
Tabela 4.12: Emissão de GEE e poluentes por fase do ciclo da cana por MWh exportados à rede.
Fonte: Adaptado de Ometo (2005)
Geração
Emissões por fase
Preparo Tratos de vapor e
do ciclo de vida Plantio Queimada** Colheita Fertirrigação Total
do solo culturais energia
[kg / MWh]
elétrica
CO2 2,15E+00 1,40E+00 3,47E+00 1,14E+03 1,23E+02 2,51E+03 1,02E+00 1,31+02***
NOx 2,07E-02 1,74E-02 5,01E-02 1,78E+00 1,98E+00 1,62E+00 1,42E-02 3,75E+00
CO 6,53E-03 5,44E-03 9,80E-03 5,97E+01 6,87E-01 5,39E-01 2,18E-03 5,63E-01***
SO2 4,36E-03 2,18E-03 2,72E-02 0,00E+00 2,03E-01 0,00E+00 1,09E-03 2,03E-01
Hidrocarbonetos 1,09E-03 2,18E-03 5,44E-03 1,19E+01 2,15E-01 0,00E+00 2,18E-03 1,21E+01
NO2 0,00E+00 4,36E-03 0,00E+00 0,00E+00 3,19E-01 0,00E+00 0,00E+00 3,19E-01
SO2 1,09E-03 4,36E-04 5,44E-04 0,00E+00 1,20E-02 0,00E+00 3,27E-04 1,20E-02
Tolueno 0,00E+00 3,27E-05 0,00E+00 0,00E+00 2,18E-03 0,00E+00 0,00E+00 2,18E-03
N2O 3,27E-04 8,82E-02 1,64E-01 4,94E-02 0,00E+00 0,00E+00 2,18E-02 4,94E-02
K* 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 2,49E-01 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 2,49E-01
Ca* 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 4,26E-01 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 4,26E-01
Mg* 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 1,03E-01 2,18E-03 0,00E+00 0,00E+00 1,05E-01
S* 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 1,11E-01 1,74E-02 0,00E+00 0,00E+00 1,28E-01
CH4 1,09E-03 3,27E-04 1,09E-03 9,97E-01 6,10E-02 0,00E+00 2,18E-05 1,06E+00
Material
7,39E-04 5,03E-04 4,08E-03 8,89E+00 4,41E-02 1,92E+00 4,16E-04 8,93E+00
Particulado
*Substâncias associadas à emissão de material particulado
**Considera 87% de cana colhida crua
*** Não inclui as emissões da queimada e da geração de vapor

- Usinas Hidroelétricas

Embora não emitam quantidades significativas de material particulado ou


outros poluentes durante sua operação, as hidroelétricas podem emitir quantias
substanciais de GEE devido à decomposição de matéria orgânica no fundo de seus
reservatórios.
Conforme estudo conduzido por Brasil (2014) e empresas parceiras, foram
medidas as emissões líquidas de CO2 equivalente nas áreas alagadas pelos
reservatórios de algumas hidroelétricas brasileiras considerando três cenários
distintos: O de floresta remoção, em que a vegetação nativa da área alagada pelo
reservatório aprisionava mais GEE do que emitia, o cenário de floresta neutra, em
que há um equilíbrio de emissões, e o de floresta emissão, em que a vegetação
nativa de fato emitia mais GEE do que aprisionava antes de ser alagada.
Para o âmbito de valoração das externalidades devido à emissão de GEE
pelos reservatórios de usinas hidroelétricas, será considerado um valor médio de

44
emissão considerando o cenário de “floresta remoção” do estudo publicado por
Brasil (2014). A Tabela 4.13 mostra os valores utilizados.

Tabela 4.13: Emissão de GEE a partir dos reservatórios de algumas hidroelétricas brasileiras. Fonte:
Adaptado de Brasil (2014)
Emissão
Potência Área
Emissões de GEE específica
UHE Bioma Instalada alagada
[tCO2 eq / dia] [tCO2
[MW] [km²]
eq/(km².dia)]
Floresta
Balbina 250 7176,78 2360,00 3,04
amazônica
Funil Mata atlântica 216 -3,92 40,00 -0,10
Itaipu Mata atlântica 14000 786,51 1350,00 0,58
Segredo Mata atlântica 1260 66,48 81,00 0,82
Serra da
Cerrado 1275 516,00 1784,00 0,29
Mesa
Três Marias Cerrado 396 284,83 1040,00 0,27
Floresta
Tucuruí 8370 5207,99 3023,00 1,72
amazônica
Xingó Caatinga 3162 -28,62 60,00 -0,01
MÉDIA - - - - 0,83

Segundo Brasil (2014), os valores negativos de emissão dos reservatórios


das usinas Funil e Xingó são explicadas pelo processo de sedimentação
permanente no caso da primeira e pelo alto grau de fotossíntese realizada pelos
microrganismos que vivem no reservatório da segunda.
Verificou-se também que as emissões de usinas localizadas na floresta
amazônica contribuíram para elevar o valor do fator de emissão médio, contudo,
como a maior parte do potencial hidráulico ainda disponível para ser explorado se
encontra na região Norte do país (EPE, 2014), julgou-se razoável manter esse
mesmo fator de emissão.
Segundo o PDE 2023, as hidroelétricas em operação em 2013 possuíam uma
relação entre a área alagada e potência instalada de 0,46 km² / MW . . . instalado. A
relação de área alagada média por potência instalada das novas usinas que
entrariam em operação a partir de então seria de 0,14 km² / MW instalado.
Utilizando o fator médio de emissão da Tabela 4.13, a potência instalada ao
final de 2014, disponível no BEN 2015, a evolução esperada da potência instalada
da Tabela 2.4 e as relações entre potência instalada e área alagada, foi possível
estimar as emissões de GEE oriundo de usinas hidroelétricas conforme a
Equação 1

45
𝐸𝑖 = 𝐹. [0,46. 𝑃2013 + 0,14. ∑ 𝛥𝑃𝑖 ] Equação 1

Onde:
Ei é a emissão de GEE em toneladas de CO2 equivalente por dia
F é o fator de emissão médio em tonelada de CO2 equivalente por dia por km²
P2013 é a potência instalada em hidroelétricas no ano de 2013, inclusive PCHs
ΔPi é o acréscimo de potência instalada em PCHs e UHEs no ano i

Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 4.14.

Tabela 4.14: Emissões estimadas de GEE a partir dos reservatórios das hidroelétricas por ano
brasileiras. Fonte: elaboração própria
Área Emissão
Potência instalada [GW] Emissão específica
Ano alagada total
UHE PCH TOTAL [km²] [t CO2 eq / ano [t CO2 eq / (MW instalado.ano)]
2014 88,66 5,54 94,20 43.331,54 13.093.887,40 139,00
2015 93,12 5,67 98,79 44.020,04 13.301.937,74 134,65
2016 98,02 5,70 103,72 44.760,14 13.525.580,52 130,40
2017 101,84 5,85 107,69 45.355,04 13.705.346,89 127,27
2018 106,52 6,29 112,81 46.122,74 13.937.329,81 123,55
2019 107,32 6,44 113,75 46.264,79 13.980.254,36 122,90
2020 108,63 6,62 115,25 46.488,89 14.047.972,71 121,89
2021 111,28 6,80 118,08 46.913,69 14.176.338,40 120,06
2022 113,87 6,92 120,79 47.319,44 14.298.947,59 118,38
2023 116,89 7,32 124,21 47.833,64 14.454.328,10 116,37

b) Valoração dos impactos devido à emissão de GEE

Segundo a EC (2005b), gases de efeito estufa permanecem na atmosfera


por tempo suficiente para se dispersar por todo o planeta, portanto não são
necessários modelos de dispersão de poluentes neste caso. Ainda segundo a EC
(2005b), é recomendado o valor de 19 euros para o preço da tonelada de carbono.
Para converter os valores para moeda corrente nacional, será utilizada a cotação
média do Euro em 2014 de R$ 3,12, conforme a série histórica disponibilizada pelo
banco central.

46
A Tabela 4.15 apresenta o potencial de efeito estufa de alguns gases,
utilizados para calcular a quantidade de CO2 que causaria o mesmo impacto que a
sua emissão. Esses dados serão utilizados para estimar as emissões de CO 2
equivalente do ciclo de combustível do bagaço de cana.

Tabela 4.15: Potencial de efeito estufa dos gases selecionados. Fonte: adaptado de IPCC (2007)
Potencial de efeito
Gás
estufa
CO2 1
CO* 1,53
CH4 21
N2O 310
* Supondo que todo CO reaja com o oxigênio e se transforme em CO 2

É importante lembrarmos que no caso da biomassa de cana os GEE


emitidos pela queimada antes da colheita, pela queima do bagaço na produção de
vapor e pelo consumo de etanol combustível são reabsorvidos no ciclo de
crescimento da planta (PRADO, 2007).
Para efeito de cálculo de externalidades, as emissões totais de GEE do ciclo
da cana, isto é, a soma das parcelas alocadas para a geração de energia elétrica
exportada e para o processo industrial, foram dividas entre todo o conteúdo
energético da cana, supondo que todo o caldo resultante da moagem seja utilizado
para produzir etanol hidratado.

Tabela 4.16: Emissões de GEE das térmicas a bagaço de cana. Fonte: Elaboração própria (2007)

Emissões de GEE das térmicas a bagaço de cana

Emissão total de GEE com 13% de cana colhida


769,005 [kg CO2 eq / MW exportado]
queimada
Emissão total de GEE com cana colhida 100% crua 659,920
Máxima produção associada de etanol hidratado 3,332 [t / MWh exportado]
Poder calorifico do etanol hidratado * 7,315 [MWh/tonelada]
Emissão de GEE rateada pelo conteúdo energético
92,48 [kg/MWh]
com 13% de cana colhida queimada
Emissão de GEE rateada pelo conteúdo energético
79,365 [kg/MWh]
com cana colhida 100% crua
*Fonte: Agência Nacional De Petróleo, Gás Natural E Biocombustíveis (2011)

Os valores dos danos de devido à emissão de GEE são então calculados


para cada empreendimento de geração a partir das taxas de emissão apresentadas

47
na seção 4.1 e na Tabela 4.16. Os valores obtidos são exibidos nas tabelas Tabela
4.17 e Tabela 4.18.

Tabela 4.17: Custos devido à emissão de GEE por tipo de empreendimento . Fonte: Elaboração
própria
Emissões de CO2
Dano
Fonte de energia Equivalente
[kg CO2 / MWh] [R$ / MWh]
Carvão vapor 1.175,33 R$ 69,67
Óleo combustível pesado 702,18 R$ 41,62

Óleo combustível leve (diesel) 746,98 R$ 44,28

Gás natural 471,98 R$ 27,98


Biomassa de cana a partir de
79,37 R$ 4,70
2015
Biomassa de cana em 2014 92,48 R$ 5,48
Eólica 10,50 R$ 0,62
Fotovoltaica 53,60 R$ 3,18
Nuclear 6,27 0,37

Tabela 4.18: Custos anuais devido à emissão de GEE pelos reservatórios de hidroelétricas. Fonte:
Elaboração própria.

Emissão Dano
Ano
[t CO2 eq / (MW [R$ / (MW
instalado.ano)] instalado.ano)]
2014 139 8239,92
2015 134,65 7982,05
2016 130,4 7730,11
2017 127,27 7544,57
2018 123,55 7324,04
2019 122,9 7285,51
2020 121,89 7225,64
2021 120,06 7117,16
2022 118,38 7017,57
2023 116,37 6898,41

48
c) Valoração dos impactos à saúde humana

Neste item são estimados os impactos à saúde humana devido à emissão de


poluentes. Embora seja um efeito importante e prejudicial à saúde humana, este
trabalho ignora os efeitos da formação de ozônio troposférico. Reis (2001) aponta
que a maioria dos esforços de modelagem se limitam a emissões bem misturadas a
baixa altitude, em proporções próximas de NOx e compostos orgânicos voláteis e
em regiões com altas concentrações de ozônio, típica situação de emissões
veiculares urbanas. No caso de usinas termoelétricas as emissões se dão em
altitudes maiores e em taxas de NOx bem maiores em relação às de compostos
orgânicos voláteis. As modelagens existentes não obtiveram êxito em incorporar as
complexidades das reações químicas que levam à formação de ozônio nessas
condições.

- Dispersão de poluentes

Para se calcular a dispersão dos poluentes emitidos por cada um dos tipos de
usina térmica, a EC (2005b) recomenda que seja utilizado um modelo de pluma
gaussiana, mostrado na Equação 2.

Figura 4.3: Dispersão em pluma gaussiana. Fonte: Reis (2001)

49
Equação 2

Onde:

 C(x,y,z) é a concentração de um determinado poluente no ponto de


coordenada (x, y, z) [ μg / m³ ]
 Q é a taxa de emissão de poluentes [ μg / s ]
 u é a velocidade do vento na direção x [ m / s ]
 σy é desvio padrão da distribuição gaussiana na direção perpendicular
horizontal à linha do vento [m]
 σz é o desvio padrão da distribuição gaussiana na direção perpendicular
vertical à linha do vento [m]
 h é a altura de liberação efetiva dos poluentes [m], grandeza que depende da
altura da chaminé da fonte de emissão e velocidade dos gases por ela
emitidos.

σy e σz são respectivamente calculados pela Equação 3 e pela Equação 4,


conforme as utilizadas por Reis (2001). Os valores das constantes M1, M2, N1, N2 e
N3 podem ser encontrados no ANEXO A – Classes de estabilidade atmosférica e

coeficientes para cálculo de dispersãoconforme a classe de estabilidade


atmosférica.

𝜎𝑦 = 𝑀1 . ln(𝑥) + 𝑀2
Equação 3

1
𝜎𝑧 = 𝑒𝑥𝑝(𝑁1 + 𝑁2 . ln(𝑥) + 𝑁3 )
2,15 Equação 4

Algumas simplificações que serão assumidas para o modelo são descritas a


seguir.

50
 Conforme recomendado pela EC (2005b), o raio de influência das usinas
térmica é considerado igual a 50 km. As concentrações de poluentes serão
estimadas em intervalos discretos de 5 km.
 A emissão de poluentes para a geração de 1 MWh de energia elétrica é feita
uniformemente ao longo do ano.
 Para efeitos de simplificação para planejamento de longo prazo, Tolmasquim
et al. (2001) recomenda que sejam utilizadas velocidades do vento da ordem
de 3 m/s.
 Para realizar uma estimativa sem dados a respeito da altura das chaminés e
velocidade dos gases emitidos, é recomendado pela University of Western
Ontario (2016) considerar h = 50 m.
 Ao nível do solo, z é igual a zero
 Foi verificado que a concentração de poluentes é muito sensível ao
afastamento à linha do vento4, decaindo rapidamente, portanto as
concentrações de poluentes serão calculadas para y = 0.
 Para efeito de simplificação para planejamento de longo prazo, foi
considerado que o vento sopra igualmente em todas as direções, portanto
para se estimar a concentração efetiva de poluentes a uma determinada
distância da fonte, deve-se dividir a Equação 2 por 2π, dessa forma, a
concentração de poluentes é efetivamente calculada conforme a Equação 5.

𝑄 502
𝐶(𝑥, 𝑦 = 0, 𝑧 = 0) = 𝑒𝑥𝑝 ( ) Equação 5
2𝜋 2 𝑢𝜎𝑦 𝜎𝑧 2𝜎𝑧 2

Para o efeito de cálculo de σy e σz, considerando a velocidade do vento igual


a 3m/s será considerado que as classes e estabilidade atmosférica disponíveis no
anexo A ocorrem conforme as frequências da Tabela 4.19, considerando 25% de
dias chuvosos e que o sol percorre no céu um arco de 180 graus no período diurno.
Deve-se levar que as frequências da Tabela 4.19 são uma estimativa grosseira,
utilizada para simplificar o modelo para planejamento de longo prazo. Para
empreendimentos reais deve-se considerar as condições meteorológicas locais.

4
Vide anexo C

51
Tabela 4.19: Ocorrência das diferentes classes de estabilidade atmosférica durante o ano. Fonte:
Elaboração própria.
Classe de
Frequência Consideração
estabilidade
A 0,00% Não ocorre
Ocorrência durante 33,3% do período diurno, 25% de dias
B 12,50%
chuvosos.
C 25,00% Ocorrência durante 66% do período diurno, 25% de dias chuvosos.
D 12,50% 25% de dias chuvosos
E 25,00% Ocorrência em 50% das noites
F 25,00% Ocorrência em 50% das noites

- Coeficientes de dose resposta e número de pessoas afetadas

O total de pessoas que vivem na área de influência do empreendimento


termoelétrico é calculado conforme a Equação 6:

𝑃𝑜𝑝 = ∑ 𝐷. 𝜋(𝑟𝑖 2 −𝑟𝑖−5 2 ) Equação 6


0

Onde:
 Pop é a população residente na área de influência do empreendimento
termoelétrico,
 D é a densidade demográfica, no caso do Brasil 24,07 habitantes / km²
segundo o IBGE
 ri é o raio incremental, que varia discretamente de 5 em 5 km
 R é o raio da zona de influência do empreendimento, 50 km, conforme
recomenda a EC (2005b)

A Tabela 4.20 mostra os coeficientes dose resposta utilizados a fim de se


estimar a ocorrência de doenças respiratórias e mortalidade devido às variações de
concentração de poluentes. Para usinas nucleares, serão considerados os valores
de ocorrência de câncer da Tabela 4.8.
É considerado que cada área incremental possui concentração de poluentes
igual à concentração calculada em seu ponto limítrofe.

52
Tabela 4.20: Coeficientes dose resposta. Fonte: Elaboração própria
Dose Resposta Fonte

Aumento de 1 Adultos com doença respiratória a cada


95 EC (1995a)
μg/m³ na 100.000 habitantes
concentração de
MP10 1,2 mortes por doença respiratória a cada
1,2 Sala (1999, apud ELETROBRAS, 2000)
100.000 habitantes

- Custo de doença e vida estatística

Para se estimar os custos devido à morbidade e mortalidade devido à


emissão de poluentes faz se necessário definir um valor para vida estatística e
utilizar o método do custo de doença.
O valor da vida estatística, em economia, é quantidade de dinheiro que a
sociedade estaria disposta a pagar para salvar uma vida (MAXWELL SCHOOL OF
SYRACUSE UNIVERSITY, 2003). Neste trabalho, ele será usado para quantificar o
custo de se perder uma vida humana.
Alves (2009) utilizou em seu trabalho um valor de R$ 1.885.407,00 para a
vida estatística no Brasil. Este valor também será adotado neste trabalho, porém
será corrigido pela relação entre os PIB per capita de 2009 e 2014, a fim de
quantificar a diferença de renda entre os dois períodos.

Tabela 4.21: Valor da vida estatística. Fonte: Elaboração própria


PIB per Valor da vida
Ano capita Estatística
[R$] [R$]
2009 17.223,00* 1.885.407,00*
2014 28.046,00** 3.070.204,07
* Alves (2009)
** Dados do IBGE

O método do custo de doença é utilizado para se atribuir valor monetário à


morbidade causada pela exposição das populações aos poluentes. O custo de
doença pode ser calculado conforme a Equação 7, conforme adaptado de Reis
(2001):

53
𝐷𝑝. 𝑅𝑚
𝐶𝐷 = (𝐺𝑇 + )𝐾 Equação 7
30

Onde:
 CD é o custo de doença [R$]
 GT representa os gastos com tratamento e internações: [R$]
 Dp representa os dias perdidos de trabalho
 Rm é a renda média mensal [R$]
 K é uma constante, que representa a real disposição a pagar, uma vez que os
termos anteriores não contabilizam gastos preventivos, dores, sofrimento e
sequelas. Foi utilizado neste trabalho K = 1,85, conforme recomendado por
Reis (2001).

Para se calcular o custo de doença serão utilizados dados de morbidade.


hospitalar do ano de 2014 do Sistema Único de Saúde (SUS), disponibilizados pelo
do DATASUS (2016). Também serão utilizados dados da Pesquisa Nacional por
amostra em domicílios contínua (PNAD), realizada pelo IBGE (2016).
Para o cálculo do custo de doença foram feitas as assumpções seguintes, os
resultados são mostrados na :

 GT foi considerado igual ao gasto médio por internação por doença


 Dp foi considerado igual ao tempo médio de internação
 Rm foi considerada igual à renda média da população na força de trabalho
multiplicada pela fração da população que participa da força de trabalho

Tabela 4.22: Custo de doença. Fonte: Elaboração própria


Informação Doenças respiratórias Câncer Unidade
Número de internações* 1.247.935 725.685,00
Valor desprendido com as internações* 1.089.127.048,80 1.449.210.257,61 [R$]
Valor médio por internação* 872,74 1.997,02 [R$]
Tempo médio de Permanência* 5,5 5,4 [dias]
Renda média mensal da população na força de trabalho** 1913,00 1913,00 [R$]
Fração da população com mais de 14 anos** 80,44% 80,44%
Participação na força de trabalho da população com mais
48,97% 48,97%
de 14 anos**
Custo de doença 1.932,31 4.006,45 [R$]
* Datasus (2016)
** IBGE (2016), dados referentes ao quarto trimestre de 2014.

54
- Impactos à saúde humana

De posse das informações dos itens a), b) e c) desta seção foram calculados
valores para as externalidades devido à emissão de poluentes. Para efeito de
cálculo, foram assumidas algumas considerações feitas pela EC (2005b)

 O material particulado tipicamente emitido pelas usinas termoelétricas


durante sua operação é o MP10 (EC, 2005b, p. 85)
 Os sulfatos aerossóis possuem toxicidade equivalente ao MP10 (EC,
2005b, p. 85)
 Os nitratos aerossóis possuem metade da toxicidade do MP10 (EC,
2005b, p. 85)
 O MP10 possui 60% da toxicidade do MP2,5 (EC, 2005b, p. 85)

Foi considerado que todo o SO2 emitido pelas termoelétricas reage até se
transformar em sulfatos aerossóis (SO4). Também foi considerado que todo o NOx
emitido é na forma de NO2 e reage até se transformar em nitratos aerossóis (NO3).
Logo, considerando as massas atômicas do oxigênio, enxofre e nitrogênio
respectivamente iguais a 16, 32 e 14, a emissão de 1 kg de SO2 dará origem a 1,5
kg de sulfatos aerossóis e a emissão de 1 kg de NO2 dará origem a 1,35 kg de
nitratos aerossóis.

Os impactos causados pela emissão uniforme de uma tonelada de MP10 ao


longo de um ano foram então calculados conforme a Equação 8, multiplicando a
população residente em uma determinada área dentro da zona de influência pela
concentração de poluentes dentro dessa mesma área, multiplicando em seguida
pelos coeficientes de dose-resposta apropriados, estando estes multiplicados pelos
custos de doença e pelo valor da vida estatística. Os resultados são mostrados na
Tabela 4.23.

𝐼 = ∑ 𝐶𝑟𝑖 . 𝐷. 𝜋(𝑟𝑖 2 −𝑟𝑖−5 2 ) (𝐶𝐷. 𝐷𝑅𝐷 + 𝑉𝐸. 𝐷𝑅𝑀 ) Equação 8


0

Onde

55
 I é o impacto à saúde humana em valores monetários. [R$]
 Cri é a concentração de poluentes na área delimitada pelas
circunferências de raio ri e ri-5, calculada discretamente conforme a
Equação 5 de cinco em cinco quilômetros. [ μg / m³ ]
 D a densidade populacional. [hab / km²]
 ri é o raio incremental, que varia discretamente de 5000 em 5000
metros. [ m ]
 R é o raio de influência, no caso, 50 km. [ m ]
 CD é o custo de doença [R$]
 VE é o valor da vida estatística [R$]
 DRD é o coeficiente de dose-resposta de morbidade, apresentado na
Tabela 4.20. [ m³ / μg ]
 DRM é o coeficiente de dose-resposta de mortalidade, apresentado na
Tabela 4.20. [ m³ / μg ]

Tabela 4.23: Impactos à saúde humana por tipo de empreendimento. Fonte: Elaboração própria
Emissão equivalente Custo de Custo de
Impacto total à
de MP10 morbidade mortalidade
Fonte de energia saúde humana
[R$/GWh]
[t/GWh] [R$/GWh] [R$/GWh]
Emissão de 1 tonelada de MP10 1 108,22 2.161,19 2.269,41
Carvão vapor 12,43 1.345,17 26.863,65 28.208,82
Óleo combustível pesado 2,60 281,24 5.616,42 5.897,65
Óleo combustível leve (diesel) 2,81 304,00 6.070,92 6.374,91
Gás natural 1,55 167,76 3.350,14 3.517,90
Eólica 0,10 11,12 222,01 233,13
Fotovoltaica 0,38 40,62 811,22 851,84
Biomassa em 2014 16,04 1.735,59 34.660,31 36.395,90
Biomassa a partir de 2015 5,07 548,69 10.957,58 11.506,27
Nuclear - 8,11 1.995,67 2.003,77

Fica evidente o benefício da eliminação da queimada durante a colheita da


cana de açúcar, prevista para 2015. Os impactos à saúde humana são reduzidos em
68,4% em relação a 2014.

Deve-se lembrar de que os valores da Tabela 4.23 são calculados a partir da


densidade populacional média do Brasil. Neste trabalho não serão consideradas a
localizações exatas de cada empreendimento termoelétrico nem as respectivas

56
densidades populacionais em sua área de influência. Como exercício, foram
calculados a partir do Anexo E quais seriam os fatores multiplicadores de impacto à
saúde devido à localização de cada tipo de usina (Tabela 4.24), levando em
consideração a densidade populacional de cada unidade da federação e sua
participação na potência instalada por tipo de empreendimento.

Tabela 4.24 Fatores de multiplicação de impacto de usinas térmicas devido à sua localização. Fonte:
Elaboração própria
Fator de
Combustível
multiplicação
Carvão Mineral 2,075
Óleo Combutível 2,424
Óleo Diesel 1,852
Gás Natural 7,749
Bagaço de Cana de Açúcar 4,749

57
4.3. Composição da oferta de energia no SIN para suprimento da
demanda futura

Conforme descrito no capítulo 2, é esperado que a demanda total por


energia elétrica no Brasil atinja 781,7 TWh em 2023, dos quais 689 TWh seriam
supridos pelo SIN e o restante por autoprodutores. Conforme explicitado no capítulo
2, a EPE considera a autoprodução clássica como um abatimento de carga,
desconsiderando-a do total de energia ofertada. Por esta razão, este trabalho se
restringiu a estimar apenas a oferta suprirá a demanda que será futuramente suprida
pelo SIN. A Tabela 4.25 mostra a expectativa de evolução de demanda por energia
elétrica.

Tabela 4.25: Expectativa de evolução de demanda no SIN . Fonte: Elaboração Própria. Dados: PDE
2023
DEMANDA NO SIN AUTOPRODUÇÃO TOTAL
Ano
TWh GW médio TWh GW médio TWh GW médio
2016 511,6 58,4 84,3 9,6 595,9 68,0
2017 534,6 61,0 83,2 9,5 617,8 70,5
2018 558,7 63,8 81,9 9,3 640,6 73,1
2019 582,6 66,5 84,0 9,6 666,6 76,1
2020 607,6 69,4 86,1 9,8 693,7 79,2
2021 633,6 72,3 88,3 10,1 721,9 82,4
2022 660,7 75,4 90,5 10,3 751,2 85,8
2023 689,0 78,7 92,7 10,6 781,7 89,2

Embora Tabela 2.4 mostre a evolução esperada da potência instalada, é


necessário estimar a oferta máxima de energia no período analisado. Para tanto, é
necessário definir um fator de capacidade (FC) máximo para cada um dos diferentes
tipos de empreendimento de geração. Segundo a Itaipu Binacional (2016), fator de
capacidade nada mais é que a geração média dividida pela capacidade de geração
disponível em um determinado período. Foram assumidas as seguintes hipóteses:

 Para usinas hidroelétricas e nucleares, foi considerado como FC


máximo a razão entre a GF e a potência instalada, disponível no Banco
de Informações de Geração da ANEEL (dados de agosto de 2015).

58
 Para a energia solar, adotou-se o FC assumido pela EPE (2012) para
despacho centralizado.

 Para as usinas termoelétricas a combustível fóssil, o FC máximo foi


considerado igual a um menos as taxas equivalentes de
indisponibilidade forçada e programada médias do ano de 2015, na
falta de uma série histórica mais longa, disponibilizadas pelo ONS
(2016b)

 No caso dos empreendimentos a biomassa, como estes


empreendimentos estão sujeitos à sazonalidade de disponibilidade do
combustível, o fator de capacidade foi considerado igual à média das
razões entre a geração total das térmicas a bagaço de cana pela
potência instalada das mesmas, calculadas a partir da série histórica
entre 2005 e 2014, disponíveis no BEN 2015

 No caso de usinas eólicas, embora a razão entre GF e potência


instalada disponíveis no Banco de Informações de Geração da ANEEL
seja de 39%, para obter estimativas mais conservadoras foi assumido o
fator de capacidade médio calculado a partir das séries históricas de
2005 a 2014 de potência instalada e geração anual, disponíveis no
BEN 2015. O ano de 2006 foi desconsiderado, pois o FC nesse ano foi
de apenas 11,4%, cerca de um terço dos demais anos.

Tabela 4.26: Fatores de capacidade médio por tipo de empreendimento de geração . Fonte:
Elaboração Própria. Dados: Banco de Informações de Geração da ANEEL (agosto de 2015), BEN
2015, ONS.
Potência Instalada Garantia Física Fator de capacidade
Fonte de Energia
(MW) (MW médio) assumido
Eólica* 6537* 2549,55* 29,56%
PCH + CGH 5176 2622,61 50,67%
Solar* - - 18,00%
Itaipu 14000 8182,00 58,44%
Outras UHEs 69229 42072 60,77%
Nuclear 1990 1714,50 86,16%
Biomassa*** 9881 - 37,83%
Demais térmicas**** 39587 - 81,07%
* FC assumido como sendo o FC médio conforme série histórica de 2005 a 2014 do BEN 2015

59
**Fator de capacidade conforme EPE (2012) .
***Média das razões entre a geração total das térmicas a bagaço de cana pela potência
instalada, calculadas a partir da série histórica entre 2005 e 2014
***Fator de capacidade calculado a partir das taxas de indisponibilidade disponibilizadas pelo
ONS.

Ao multiplicar a capacidade instalada futura apresentada na Tabela 2.4 pelos


fatores de capacidade adequados da

Tabela 4.26 obtém-se uma estimativa da máxima quantidade de energia que


poderá ser ofertada pelo SIN no período analisado.

Tabela 4.27: Máxima quantidade de energia que pode ser ofertada no SIN por fonte. Fonte:
Elaboração própria.
Energia Disponível
[GW médio]
ANO 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
UHE* 52,80 55,83 58,21 61,12 61,69 62,58 64,29 65,97 67,93
IMPORTAÇÃO
CONTRATADA DE 3,47 3,41 3,34 3,26 3,18 3,09 2,99 2,88 2,76
ITAIPÚ
PCH 2,69 2,89 2,97 3,19 3,26 3,35 3,45 3,51 3,71
EÓLICA 1,68 3,20 4,17 5,15 5,45 5,75 6,04 6,34 6,63
BIOMASSA 3,41 4,13 4,13 4,39 4,67 4,94 5,09 5,19 5,29
SOLAR 0,00 0,00 0,09 0,18 0,27 0,36 0,45 0,54 0,63
GÁS NATURAL 9,87 9,87 10,15 10,15 10,55 11,77 12,98 14,20 16,23
NUCLEAR 1,71 1,71 1,71 2,92 2,92 2,92 2,92 2,92 2,92
CARVÃO 2,60 2,60 2,60 2,60 2,60 2,60 2,60 2,60 2,60
ÓLEO
2,83 2,83 2,83 2,83 2,83 2,83 2,83 2,83 2,83
COMBUSTÍVEL
ÓLEO DIESEL 1,14 1,05 0,77 0,77 0,77 0,77 0,77 0,77 0,77
GÁS DE
0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56
PROCESSO
TOTAL 82,75 88,07 91,52 97,13 98,77 101,52 104,98 108,31 112,86
* Considera a metade brasileira de Itaipu.

Fez-se então necessário estabelecer uma ordem de mérito para definir a


prioridade de despacho para em seguida determinar a composição da energia
efetivamente gerada para atender a demanda. A Tabela 4.28 sumariza as
prioridades assumidas. As hipóteses adotadas são descritas a seguir:

60
 Conforme o ONS (2013), usinas nucleares possuem inflexibilidade5 da
ordem de 90% de sua potência instalada. Por simplificação, é
assumido que elas devem despachar sempre na base. As barras de
combustível nuclear não param de emitir calor mesmo quando a usina
não está gerando e, por motivos de segurança, devem sempre ser
resfriadas.

 Usinas solares e eólicas possuirão prioridade de despacho devido à


intermitência da geração e à impossibilidade de armazenamento,
sendo sua geração considerada 100% inflexível

 Usinas a gás de processo terão sua geração considerada 100%


inflexível, de forma a não interferir no processo industrial atrelado e
evitar que os gases combustíveis ou calor produzidos deixem de ser
aproveitados.

 Em seguida, PCHs, devem possuir prioridade de despacho, devido à


baixa capacidade de armazenamento de seus reservatórios.

 Segundo o ONS (2013), a inflexibilidade dos empreendimentos a


biomassa é da ordem de 93,5%. Por simplificação, é assumido que
eles devem despachar na base sempre que possível. O bagaço de
cana sofre degradação quando estocado por longos períodos,
conforme evidenciado por Santos et al. (2011). Foi apontado pelos
autores que além dos procedimentos de estocagem empregados pelas
usinas favorecerem a deterioração, mais de 50% do poder calorífico é
perdido após 150 dias de estocagem. Além disso, é considerado pelo
ONS que térmicas a biomassa possuem custo variável unitário 6 (CVU)
zero e inflexibilidade da ordem 93,5%.

5
Geração inflexível é a geração mínima que uma usina é obrigada a manter devido a motivos de
segurança, conservação dos equipamentos ou então à impossibilidade de deixar de comprar
combustível por razões contratuais.
6
Segundo a EPE (2012), o CVU é constituído por duas parcelas, uma devido a custos de combustível
e outra devido a outros custos varíaveis, em R$/MWh.

61
 Em seguida, possuirão prioridade as parcelas de geração inflexível de
térmicas a gás e a carvão. É considerado pelo ONS (2013) que partir
de 2014 térmicas a gás natural possuirão despacho inflexível médio de
25,5% de sua potência instalada. Ainda segundo o ONS (2013),
térmicas a carvão possuirão inflexibilidade média da ordem de 35,7%
de sua potência instalada a partir do mesmo ano.

 Em seguida, serão acionadas as UHEs.

 Por fim, são acionadas as parcelas flexíveis de térmicas a carvão e


gás, além de térmicas a óleo combustível e óleo diesel, nesta ordem,
conforme os valores médios do CVU destes empreendimentos. O ONS
(2013) considera que inflexibilidade média de 2,4% para o óleo diesel e
óleo combustível a partir de 2014. Por simplificação, é assumido que a
geração a partir destas duas fontes é 100% flexível

Tabela 4.28: Prioridade de despacho por fonte de energia. Fonte: Elaboração própria.
ORDEM DE
TIPO DE USINA
DESPACHO
NUCLEAR 1
SOLAR 2
EÓLICA 3
GÁS DE PROCESSO 4
PCH 5
BIOMASSA 6
CARVÃO INFLEXÍVEL 7
GÁS NATURAL INFLEXÍVEL 8
UHE 9
CARVÃO FLEXÍVEL 10
GÁS NATURAL FLEXÍVEL 11
ÓLEO DIESEL 12
ÓLEO COMBUSTÍVEL 13

Assume-se então que o sistema consumirá primeiro a energia disponibilizada


pelo primeiro tipo de usina na ordem de mérito de despacho até que a energia
ofertada por este tipo de usina se esgote ou a demanda seja totalmente suprida.
Caso a energia ofertada pelo primeiro tipo de usina não seja suficiente para suprir a

62
demanda, o sistema consumirá energia do próximo tipo de usina para suprir o
restante da demanda, e assim sucessivamente.

Utilizando esta lógica, foi determinada uma composição esperada para o


despacho futuro de energia elétrica. Verificou-se que caso as previsões se
concretizem só será necessário acionar a parcela inflexível de geração térmica para
se atender a demanda.

É importante observar que este modelo pode não refletir a realidade, uma
vez que não considera as restrições de transferência de energia entre regiões,
aumento de carga no horário de pico, possibilidade dos agentes geradores alterarem
sua inflexibilidade, nem outras restrições técnicas, eletroenergéticas ou climáticas.
Observa-se também que os resultados obtidos não refletirão a realidade de 2015 e
2016 devido à hidrologia desfavorável descrita no capítulo 2 e à consequente
necessidade de acionamento de usinas térmicas. Verifica-se forte predominância de
fontes renováveis, caso a previsão de despacho se concretize. Embora a energia
hidráulica perca algum espaço, sua participação deve se manter próxima a 75%.

Verifica-se que haverá forte predominância de fontes renováveis, caso a


previsão de despacho se concretize. Observa-se também que, embora a energia
hidráulica perca alguma participação relativa, a participação desta fonte deve se
manter próxima a 75%.

A Verifica-se que caso as previsões de despacho se concretizem, haverá


forte predominância de geração a partir de fontes renováveis. Observa-se também
que embora a energia hidráulica perca algum espaço, sua participação deve se
manter próxima a 75%. Da Figura 4.4 também é possível concluir que haverá um
razoável excedente de oferta de energia hídrica, e que a parcela flexível de geração
térmica não precisará ser acionada para atender a demanda.

Tabela 4.29 e as figuras Figura 4.4 e Figura 4.5 sumarizam os resultados


obtidos. Verifica-se que caso as previsões de despacho se concretizem, haverá forte
predominância de geração a partir de fontes renováveis. Observa-se também que
embora a energia hidráulica perca algum espaço, sua participação deve se manter
próxima a 75%. Da Figura 4.4 também é possível concluir que haverá um razoável

63
excedente de oferta de energia hídrica, e que a parcela flexível de geração térmica
não precisará ser acionada para atender a demanda.

Tabela 4.29: Despacho esperado de energia por fonte. Fonte: Elaboração própria.
Despacho por fonte [TWh]
ANO 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
UHE 372,01 372,86 385,32 385,18 401,71 417,49 435,31 454,94 472,72
EÓLICA 14,68 28,01 36,51 45,16 47,75 50,34 52,93 55,52 58,10
BIOMASSA 29,49 35,65 35,65 37,93 40,38 42,67 43,98 44,86 45,71
GÁS NATURAL 22,04 22,04 22,67 22,67 23,57 26,29 29,00 31,72 36,25
PCH 23,25 24,97 25,64 27,55 28,20 28,99 29,78 30,31 32,06
NUCLEAR 15,02 15,02 15,02 25,62 25,62 25,62 25,62 25,62 25,62
CARVÃO 8,14 8,14 8,14 8,14 8,14 8,14 8,14 8,14 8,14
GÁS DE PROCESSO 4,88 4,88 4,88 4,88 4,88 4,88 4,88 4,88 4,88
SOLAR 0,00 0,00 0,79 1,58 2,37 3,15 3,94 4,73 5,52
DEMANDA 489,50 511,56 534,61 558,70 582,62 607,57 633,58 660,71 689,00
FÓSSEIS 10,23% 9,79% 9,48% 10,97% 10,68% 10,69% 10,68% 10,65% 10,87%
RENOVÁVEIS 89,77% 90,21% 90,52% 89,03% 89,32% 89,31% 89,32% 89,35% 89,13%

Figura 4.4 Oferta e demanda de energia futuras conforme prioridade de despacho . Fonte:
Elaboração própria.

Oferta x Demanda
120

100
Gigawatt médio

80

60

40

20

0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

NUCLEAR SOLAR EÓLICA GÁS DE PROCESSO


PCH BIOMASSA CARVÃO INFLEXÍVEL GÁS NATURAL INFLEXÍVEL
UHE CARVÃO FLEXÍVEL GÁS NATURAL FLEXÍVEL ÓLEO COMBUSTÍVEL
ÓLEO DIESEL DEMANDA

64
Composição esperada do despacho
100%

95%

90%

85%

80%

75%

70%

65%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
UHE PCH EÓLICA BIOMASSA NUCLEAR GÁS NATURAL CARVÃO GÁS DE PROCESSO SOLAR

Figura 4.5 Evolução esperada da participação relativa no despacho por fonte . Fonte: Elaboração
própria.

65
5. Resultados e Discussão

5.1. Externalidades produzidas pelo setor elétrico brasileiro em


2014

Nesta seção são apresentados os valores das externalidades produzidas pelo


setor elétrico brasileiro no ano de 2014 conforme cada uma das metodologias de
cálculo propostas no capítulo 4. A Tabela 5.1 mostra a produção total de
eletricidade no Brasil no ano de 2014 conforme disponível no BEN 2015. Os dados
da Tabela 5.1foram utilizados para calcular os impactos da geração de energia
elétrica no ano de 2014.

Tabela 5.1: Produção de energia elétrica no Brasil em 2014, em GWh. Fonte: Elaboração própria.
Dados: BEN 2015
GWh
Autoprodução Autoprodução
Produção Serviço Autoprodução
Fonte Primária exportada à consumida in
total Público Total
rede loco
GÁS NATURAL 81.074,91 70.071,83 409,32 11.003,08 10.593,76
CARVÃO VAPOR 18.385,43 17.278,97 35,06 1.106,46 1.071,40
ÓLEO DIESEL 13.412,16 11.772,37 22,21 1.639,79 1.617,58
ÓLEO COMBUSTÍVEL 18.255,44 16.998,36 95,88 1.257,08 1.161,20
GÁS DE COQUERIA 1.344,89 0,00 111,61 1.344,89 1.233,28
OUTRAS SECUNDÁRIAS 3.220,00 0,00 464,41 3.220,00 2.755,59
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 7.559,88 580,64 607,34 6.979,24 6.371,89
NUCLEAR 15.378,46 15.378,46 0,00 0,00 0,00
LENHA 1.952,36 315,78 233,67 1.636,58 1.402,91
BAGAÇO DE CANA 32.303,25 0,00 19.051,39 32.303,25 13.251,86
LIXÍVIA 10.477,50 0,00 1.931,64 10.477,50 8.545,86
OUTRAS RENOVÁVEIS 1.465,07 555,48 81,70 909,59 827,89
EÓLICA 12.210,25 12.207,70 0,00 2,55 2,55
HIDRÁULICA 373.439,06 351.350,87 18.676,87 22.088,19 3.411,33

66
a) Externalidades valoradas utilizando os fatores de emissão e fatores de
dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014).

Foram calculados os valores das externalidades gerados por tipo de fonte


primária para o ano de 2014 a partir dos dados das tabelas Tabela 5.1 e Tabela 4.5.
Para efeito de cálculo as seguintes considerações foram adotadas a respeito das
fontes primárias da Tabela 5.1:

 Diesel, óleo combustível e outras fontes não renováveis tiveram suas


externalidades estimadas como se fossem óleo combustível.
 Carvão Vapor foi teve suas externalidades estimadas como se fosse
carvão hulha.
 Gás de coqueria teve suas externalidades estimadas como se fosse
carvão hulha
 Lenha, bagaço de cana, lixívia e outras renováveis tiveram suas
externalidades estimadas como se fossem biomassa.

Os valores obtidos para as externalidades totais são mostrados na Tabela


5.2. As tabelas Tabela 5.3 e Tabela 5.4 mostram os valores dos impactos específicos
à saúde humana e devido à emissão de GEE respectivamente. As demais
categorias de impacto são omitidas a título de comparação, pois não foram
contempladas na segunda metodologia de cálculo, descrita no item 4.2. Somadas,
as categorias de impacto “perda de biodiversidade”, “perda de produção agrícola” e
“danos materiais” representam pouco mais de 15% dos impactos totais calculados
conforme primeira metodologia, sendo que as duas últimas representam menos de
1%.

67
Tabela 5.2: Externalidades totais geradas pela produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração
Própria.
Externalidades totais geradas pela produção de energia elétrica em 2014 [R$]
Autoprodução Autoprodução
Fonte Primária Produção total Serviço Público
exportada à rede consumida in loco
GÁS NATURAL 780.484.536,64 674.561.082,36 3.940.371,31 101.983.082,97
CARVÃO VAPOR 363.541.210,49 341.662.750,85 693.335,60 21.185.124,03
ÓLEO DIESEL 403.115.347,87 353.829.831,42 667.590,38 48.617.926,07
ÓLEO COMBUSTÍVEL 548.684.792,33 510.902.094,76 2.881.741,56 34.900.956,01
GÁS DE COQUERIA 26.592.929,13 - 2.206.930,72 24.385.998,40
OUTRAS
30.997.958,76 - 4.470.697,50 26.527.261,26
SECUNDÁRIAS
OUTRAS NÃO
227.219.459,89 17.451.814,65 18.254.274,68 191.513.370,57
RENOVÁVEIS
NUCLEAR 3.952.054,77 3.952.054,77 - -
LENHA 10.260.764,43 1.659.596,59 1.228.062,82 7.373.105,02
BAGAÇO DE CANA 169.771.846,37 - 100.125.824,97 69.646.021,40
LIXÍVIA 55.065.204,94 - 10.151.873,24 44.913.331,69
OUTRAS
7.699.750,82 2.919.337,70 429.379,34 4.351.033,78
RENOVÁVEIS
EÓLICA 4.552.507,00 4.551.555,63 - 951,37
HIDRÁULICA 45.768.691,64 43.061.562,52 2.289.037,04 418.092,08
TOTAL 2.677.707.055,06 1.954.551.681,25 147.339.119,15 575.816.254,66
R$/MWh 4,53 3,94 3,53 11,02

Tabela 5.3: Impactos negativos à saúde humana devido à geração de energia elétrica no Brasil em
2014 conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014).. Fonte:
Elaboração Própria.
Externalidades geradas pela produção de energia elétrica em 2014 [R$]
Autoprodução Autoprodução
Fonte Primária Produção total Serviço Público
exportada à rede consumida in loco
GÁS NATURAL 46.804.714,14 40.452.612,64 236.299,30 6.115.802,20
CARVÃO VAPOR 33.812.872,27 31.777.962,50 64.486,96 1.970.422,81
ÓLEO DIESEL 114.888.369,14 100.841.936,43 190.264,08 13.856.168,63
ÓLEO COMBUSTÍVEL 156.375.839,56 145.607.724,35 821.299,88 9.946.815,32
GÁS DE COQUERIA 2.473.401,34 - 205.266,05 2.268.135,29
OUTRAS
1.858.910,11 - 268.102,32 1.590.807,79
SECUNDÁRIAS
OUTRAS NÃO
64.757.825,08 4.973.788,60 5.202.490,70 54.581.545,78
RENOVÁVEIS
NUCLEAR 1.234.122,19 1.234.122,19 - -
LENHA 5.672.613,47 917.499,86 678.928,53 4.076.185,08
BAGAÇO DE CANA 93.857.535,64 - 55.354.073,05 38.503.462,59
LIXÍVIA 30.442.529,46 - 5.612.413,51 24.830.115,95
OUTRAS
4.256.769,61 1.613.941,58 237.380,27 2.405.447,76
RENOVÁVEIS
EÓLICA 1.432.051,23 1.431.751,96 - 299,27
HIDRÁULICA 15.313.132,56 14.407.390,55 765.858,20 139.883,82
TOTAL 573.180.685,81 343.258.730,68 69.636.862,85 160.285.092,28
R$/MWh 0,971 0,69 1,67 3,07

68
Tabela 5.4: Custos devido à emissão de GEE devido à produção de energia elétrica no Brasil em
2014 conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014).. Fonte:
Elaboração Própria.
Externalidades geradas pela produção de energia elétrica em 2014 [R$]
Autoprodução Autoprodução
Fonte Primária Produção total Serviço Público
exportada à rede consumida in loco
GÁS NATURAL 704.729.074,96 609.086.772,72 3.557.910,63 92.084.391,62
CARVÃO VAPOR 311.593.321,94 292.841.164,76 594.262,05 18.157.895,12
ÓLEO DIESEL 197.429.143,07 173.291.145,52 326.958,02 23.811.039,53
ÓLEO COMBUSTÍVEL 268.723.006,80 250.218.611,86 1.411.357,24 17.093.037,70
GÁS DE COQUERIA 22.792.956,86 - 1.891.573,38 20.901.383,48
OUTRAS
27.989.232,04 - 4.036.762,25 23.952.469,80
SECUNDÁRIAS
OUTRAS NÃO
111.282.647,74 8.547.173,48 8.940.185,05 93.795.289,21
RENOVÁVEIS
NUCLEAR 2.105.877,44 2.105.877,44 - -
LENHA 767.512,31 124.138,98 91.859,95 551.513,38
BAGAÇO DE CANA 12.699.052,16 - 7.489.481,33 5.209.570,83
LIXÍVIA 4.118.915,62 - 759.367,18 3.359.548,44
OUTRAS
575.946,72 218.368,49 32.117,87 325.460,35
RENOVÁVEIS
EÓLICA 2.549.383,33 2.548.850,57 - 532,76
HIDRÁULICA 20.471.331,79 19.260.492,32 1.023.836,06 187.003,42
TOTAL 1.687.827.402,79 1.358.242.596,15 30.155.671,00 299.429.135,64
R$/MWh 2,86 2,74 0,72 5,73

Tabela 5.5: Participação relativa de cada fonte de energia na geração e nos impactos em 2014,
conforme calculado com fatores de emissão de Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração
Própria.
Participação nos Participação Participação
Participação
Fonte Primária impactos devido nos impactos à nos impactos
na Geração
ao efeito estufa saúde humana totais
GÁS DE COQUERIA 0,23% 1,35% 0,43% 0,99%
OUTRAS RENOVÁVEIS 0,25% 0,03% 0,74% 0,29%
LENHA 0,33% 0,05% 0,99% 0,38%
OUTRAS SECUNDÁRIAS 0,55% 1,66% 0,32% 1,16%
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 1,28% 6,59% 11,30% 8,49%
LIXÍVIA 1,77% 0,24% 5,31% 2,06%
EÓLICA 2,07% 0,15% 0,25% 0,17%
ÓLEO DIESEL 2,27% 11,70% 20,04% 15,05%
NUCLEAR 2,60% 0,12% 0,22% 0,15%
ÓLEO COMBUSTÍVEL 3,09% 15,92% 27,28% 20,49%
CARVÃO VAPOR 3,11% 18,46% 5,90% 13,58%
BAGAÇO DE CANA 5,47% 0,75% 16,37% 6,34%
GÁS NATURAL 13,73% 41,75% 8,17% 29,15%
HIDRÁULICA 63,24% 1,21% 2,67% 1,71%

69
b) Externalidades ambientais valoradas conforme a metodologia adaptada
da ExternE

Foram calculados os valores das externalidades gerados por tipo de fonte


primária para o ano de 2014 a partir dos dados das tabelas Tabela 5.1, Tabela 4.6 e
Tabela 4.18. Para efeito de cálculo as seguintes considerações foram adotadas a
respeito das fontes primárias da Tabela 5.1:

 Diesel teve suas externalidades valoradas como se fosse óleo diesel


 Óleo combustível e outras fontes não renováveis tiveram suas
externalidades estimadas como se fossem óleo combustível.
 Carvão Vapor foi teve suas externalidades estimadas como se fosse
carvão vapor.
 Gás de coqueria teve suas externalidades estimadas como se fosse
carvão hulha
 Bagaço de cana teve suas externalidades valoradas como se fosse
biomassa de cana em 2014, a diferenciação entre biomassa de cana
para 2014 e demais anos ocorre devido às expectativas de avanço de
mecanização e aumento de cana colhida crua.
 Lenha, lixívia e outras renováveis tiveram suas externalidades
estimadas como se fossem biomassa de cana em 2015. Essa
aproximação, embora grosseira, é realizada porque, conforme
apontado no item 4.2, a partir de 2015 é considerado que não são mais
realizadas queimadas na colheita da cana.
.
Os valores obtidos para as externalidades totais são mostrados na
Tabela 5.6. As tabelas Tabela 5.7 e Tabela 5.8 mostram os valores dos
impactos específicos à saúde humana e devido à emissão de GEE
respectivamente.

70
Tabela 5.6: Externalidades totais geradas pela produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Externalidades totais [R$ milhões]
Autoprodução Autoprodução
Produção Serviço
consumida in exportada à
total Público
loco rede
HIDRÁULICA* 776,21 - - -
GÁS NATURAL 2.553,60 2.207,03 333,67 12,89
CARVÃO VAPOR 1.799,61 1.691,31 104,87 3,43
ÓLEO DIESEL 696,65 611,47 84,02 1,15
ÓLEO COMBUSTÍVEL 889,26 828,02 56,56 4,67
GÁS DE COQUERIA 131,64 - 120,72 10,92
OUTRAS SECUNDÁRIAS 156,85 - 134,23 22,62
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 368,26 28,28 310,39 29,58
NUCLEAR 36,53 36,53 - -
LENHA 7,87 1,27 5,65 0,94
BAGAÇO DE CANA 1.352,81 - 554,97 797,84
LIXÍVIA 42,22 - 34,43 7,78
OUTRAS RENOVÁVEIS 5,90 2,24 3,34 0,33
EÓLICA 10,45 10,44 0,00 -
TOTAL* 8.827,84 5.416,61 1.742,85 892,17
R$/MWh 14,95 10,91 33,36 21,38
*A emissão de GEE de uma usina hidroelétrica é função da área alagada e não da geração.
Não foi realizado levantamento das áreas alagadas por usinas do serviço público e usinas de
autoprodutores.

Tabela 5.7: Impactos devido a mudanças climáticas geradas pela produção de energia elétrica no
Brasil em 2014 conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Impactos devido mudanças climáticas [R$ milhões]
Autoprodução Autoprodução
Produção Serviço
Consumida in exportada à
total Público
loco rede
HIDRÁULICA* 776,21 - - -
GÁS NATURAL 2.268,38 1.960,53 296,40 11,45
CARVÃO VAPOR 1.280,98 1.203,89 74,65 2,44
ÓLEO DIESEL 593,90 521,29 71,63 0,98
ÓLEO COMBUSTÍVEL 759,88 707,56 48,33 3,99
GÁS DE COQUERIA 93,70 - 85,93 7,78
OUTRAS SECUNDÁRIAS 134,03 - 114,70 19,33
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 314,68 24,17 265,23 25,28
NUCLEAR 5,72 5,72 - -
LENHA 6,20 1,00 4,46 0,74
BAGAÇO DE CANA 177,10 - 72,65 104,45
LIXÍVIA 33,29 - 27,15 6,14
OUTRAS RENOVÁVEIS 4,66 1,76 2,63 0,26
EÓLICA 7,60 7,60 0,00 -
TOTAL* 6.456,33 4.433,52 1.063,77 182,85
R$/MWh 10,93 8,93 20,36 4,38
*A emissão de GEE de uma usina hidroelétrica se é função da área alagada e não da
geração. Não foi realizado levantamento das áreas alagadas por usinas do serviço público e
usinas de autoprodutores.

71
Tabela 5.8: Impactos à saúde humana geradas pela produção de energia elétrica no Brasil em 2014
conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Impactos à saúde humana [R$ milhões]
Autoprodução Autoprodução
Produção Serviço
consumida in exportada à
total Público
loco rede
HIDRÁULICA - - - -
GÁS NATURAL 285,21 246,51 37,27 1,44
CARVÃO VAPOR 518,63 487,42 30,22 0,99
ÓLEO DIESEL 102,74 90,18 12,39 0,17
ÓLEO COMBUSTÍVEL 129,38 120,47 8,23 0,68
GÁS DE COQUERIA 37,94 - 34,79 3,15
OUTRAS SECUNDÁRIAS 22,82 - 19,53 3,29
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 53,58 4,12 45,16 4,30
NUCLEAR 30,81 30,81 - -
LENHA 1,66 0,27 1,20 0,20
BAGAÇO DE CANA 1.175,71 - 482,31 693,39
LIXÍVIA 8,93 - 7,28 1,65
OUTRAS RENOVÁVEIS 1,25 0,47 0,71 0,07
EÓLICA 2,85 2,85 0,00 -
TOTAL 2.371,51 983,09 679,08 709,33
R$ /MWh 4,02 1,98 13,00 17,00

Tabela 5.9: Participação relativa de cada fonte de energia na geração e nos impactos em 2014,
conforme metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Participação nos Participação nos
Participação nos
Fonte Primária Participação na Geração impactos devido impactos à
impactos totais
ao efeito estufa saúde humana
GÁS DE COQUERIA 0,23% 1,45% 1,60% 1,49%
OUTRAS RENOVÁVEIS 0,25% 0,07% 0,05% 0,07%
LENHA 0,33% 0,10% 0,07% 0,09%
OUTRAS SECUNDÁRIAS 0,55% 2,08% 0,96% 1,78%
OUTRAS NÃO RENOVÁVEIS 1,28% 4,87% 2,26% 4,17%
LIXÍVIA 1,77% 0,52% 0,38% 0,48%
EÓLICA 2,07% 0,12% 0,12% 0,12%
ÓLEO DIESEL 2,27% 9,20% 4,33% 7,89%
NUCLEAR 2,60% 0,09% 1,30% 0,41%
ÓLEO COMBUSTÍVEL 3,09% 11,77% 5,46% 10,07%
CARVÃO VAPOR 3,11% 19,84% 21,87% 20,39%
BAGAÇO DE CANA 5,47% 2,74% 49,58% 15,32%
GÁS NATURAL 13,73% 35,13% 12,03% 28,93%
HIDRÁULICA 63,24% 12,02% 0,00% 8,79%

72
5.2. Externalidades produzidas pelo setor elétrico para se atender
a demanda futura

Aqui são apresentados os valores estimados das externalidades geradas para


se atender a demanda futura no SIN. Recomenda-se certa cautela ao interpretar os
resultados dos anos de 2015 e 2016, pois conforme evidenciado na seção 4.3,
devido à crise hidrológica e à consequente necessidade de acionamento de usinas
térmicas, o perfil de despacho assumido diferirá do efetivamente realizado. Para se
obter informações mais precisas a respeito da energia efetivamente despachada no
ano de 2015 recomenda-se consultar o BEN 2016 tão logo ele seja publicado.

a) Externalidades valoradas utilizando os fatores de emissão e fatores


de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014).

Foram calculados os valores das externalidades gerados por tipo de fonte


primária para se atender a demanda futura a partir dos dados das tabelas Tabela
4.29, Tabela 5.1 e Tabela 4.5. Para efeito de cálculo as seguintes considerações
foram adotadas a respeito das fontes primárias da Tabela 4.29:

 Diesel e óleo combustível tiveram seus impactos calculados como se


fossem óleo combustível.

 Carvão teve suas externalidades estimadas como se fosse carvão


hulha.

 Gás de processo teve suas externalidades estimadas como se fosse


gás natural

 Biomassa de cana tiveram suas externalidades estimadas como se


fossem biomassa.

73
As tabelas Tabela 5.10 a Tabela 5.12 mostram os resultados obtidos,
enquanto as figuras de Figura 5.1 a Figura 5.3 exibem os mesmos resultados em
forma gráfica.

- Impactos Totais

Tabela 5.10: Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculado
utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014).
Fonte: Elaboração Própria.
Externalidades totais [R$]
Ano 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
NUCLEAR 3.859.683 3.859.683 3.859.683 6.584.736 6.584.736 6.584.736 6.584.736 6.584.736 6.584.736

SOLAR - - 1.501.103 3.002.206 4.503.309 6.004.412 7.505.515 9.006.618 10.507.722

EÓLICA 5.475.127 10.442.422 13.612.029 16.836.667 17.802.128 18.767.588 19.733.049 20.698.509 21.663.970

GÁS DE
46.967.651 46.967.651 46.967.651 46.967.651 46.967.651 46.967.651 46.967.651 46.967.651 46.967.651
PROCESSO
PCH 2.849.402 3.060.370 3.142.502 3.376.016 3.456.538 3.553.164 3.649.790 3.714.208 3.928.933

BIOMASSA 154.961.436 187.366.056 187.366.056 199.358.858 212.245.107 224.272.272 231.144.938 235.783.988 240.251.221

UHE 45.593.478 45.697.319 47.224.773 47.207.790 49.233.660 51.167.044 53.351.540 55.756.846 57.936.262

GÁS
212.147.135 212.147.135 218.196.527 218.196.527 226.913.231 253.063.342 279.213.453 305.363.564 348.947.082
NATURAL
CARVÃO 160.922.730 160.922.730 160.922.730 160.922.730 160.922.730 160.922.730 160.922.730 160.922.730 160.922.730

TOTAL 632.776.641 670.463.364 682.793.053 702.453.179 728.629.087 771.302.938 809.073.401 844.798.849 897.710.305

R$ / MWh 1,29 1,31 1,28 1,26 1,25 1,27 1,28 1,28 1,30

Custos totais
1.000
900
800
700
R$ milhões

600
500
400
300
200
100
0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

GÁS NATURAL CARVÃO BIOMASSA


GÁS DE PROCESSO UHE EÓLICA
NUCLEAR SOLAR PCH

Figura 5.1 Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura
calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria

74
- Impactos devido a mudança climática

.
Tabela 5.11: Custos devido à emissão de GEE produzidas ao se atender a demanda futura de
energia elétrica calculados utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por
Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração Própria.
Impactos devido à emissão de GEE [R$]
Ano 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
NUCLEAR 2.056.657 2.056.657 2.056.657 3.508.718 3.508.718 3.508.718 3.508.718 3.508.718 3.508.718
SOLAR - - 950.470 1.900.940 2.851.409 3.801.879 4.752.349 5.702.819 6.653.289
EÓLICA 3.066.046 5.847.709 7.622.674 9.428.457 9.969.111 10.509.764 11.050.418 11.591.072 12.131.725
GÁS DE
42.408.872 42.408.872 42.408.872 42.408.872 42.408.872 42.408.872 42.408.872 42.408.872 42.408.872
PROCESSO
PCH 1.274.475 1.368.836 1.405.572 1.510.018 1.546.033 1.589.252 1.632.471 1.661.284 1.757.326
BIOMASSA 11.591.223 14.015.111 14.015.111 14.912.181 15.876.082 16.775.722 17.289.802 17.636.806 17.970.958
UHE 20.392.963 20.439.408 21.122.605 21.115.009 22.021.136 22.885.896 23.862.973 24.938.814 25.913.619
GÁS
191.555.690 191.555.690 197.017.916 197.017.916 204.888.558 228.500.484 252.112.411 275.724.338 315.077.549
NATURAL
CARVÃO 137.927.823 137.927.823 137.927.823 137.927.823 137.927.823 137.927.823 137.927.823 137.927.823 137.927.823
TOTAL 410.273.749 415.620.107 424.527.701 429.729.934 440.997.743 467.908.412 494.545.838 521.100.546 563.349.879
R$ / MWh 0,84 0,81 0,79 0,77 0,76 0,77 0,78 0,79 0,82

Custos de mudança climática


600

500

400
R$ milhões

300

200

100

0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

GÁS NATURAL CARVÃO GÁS DE PROCESSO


UHE BIOMASSA EÓLICA
NUCLEAR PCH SOLAR

Figura 5.2 Valor total das externalidades causadas pelos GEE emitidos para se atender a
demanda futura calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por
Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria.

75
- Impactos à saúde humana

Tabela 5.12: Impactos à saúde humana produzidos ao se atender a demanda futura de energia
elétrica calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração Própria.
Impactos à saúde [R$]
Ano 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
NUCLEAR 748.452 748.452 748.452 1.276.881 1.276.881 1.276.881 1.276.881 1.276.881 1.276.881

SOLAR - - 246.714 493.427 740.141 986.855 1.233.568 1.480.282 1.726.996

EÓLICA 1.069.496 2.039.793 2.658.935 3.288.826 3.477.417 3.666.007 3.854.597 4.043.188 4.231.778

GÁS DE 1.749.045 1.749.045 1.749.045 1.749.045 1.749.045 1.749.045 1.749.045 1.749.045 1.749.045
PROCESSO
PCH 592.006 635.838 652.902 701.418 718.148 738.223 758.299 771.682 816.295

BIOMASSA 53.199.064 64.323.739 64.323.739 68.440.930 72.864.846 76.993.834 79.353.256 80.945.866 82.479.490

UHE 9.472.730 9.494.304 9.811.656 9.808.127 10.229.032 10.630.722 11.084.584 11.584.322 12.037.129

GÁS 7.900.223 7.900.223 8.125.499 8.125.499 8.450.103 9.423.916 10.397.730 11.371.543 12.994.565
NATURAL
CARVÃO 9.294.429 9.294.429 9.294.429 9.294.429 9.294.429 9.294.429 9.294.429 9.294.429 9.294.429

TOTAL 84.025.444 96.185.822 97.611.369 103.178.582 108.800.041 114.759.912 119.002.388 122.517.237 126.606.607
R$ / MWh 0,17 0,19 0,18 0,18 0,19 0,19 0,19 0,19 0,18

Impactos à saúde humana


210
180
150
R$ milhões

120
90
60
30
0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

BIOMASSA UHE GÁS NATURAL


CARVÃO EÓLICA GÁS DE PROCESSO
NUCLEAR SOLAR PCH

Figura 5.3 Valor total das externalidades devido a impactos à saúde humana calculadas utilizando os
fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte:
Elaboração própria.

76
b) Externalidades ambientais valoradas conforme a metodologia adaptada
da ExternE

Foram calculados os valores das externalidades gerados por tipo de fonte


primária para se atender a demanda futura a partir dos dados das tabelas Tabela
4.29, Tabela 5.1, Tabela 4.6 e Tabela 4.18. Para efeito de cálculo foram adotadas as
seguintes considerações a respeito das fontes primárias da Tabela 4.29:

 Óleo Diesel teve suas externalidades valoradas como se fosse óleo


combustível leve

 Óleo combustível teve suas externalidades valoradas como se fosse


óleo combustível pesado.

 Carvão teve suas externalidades estimadas como se fosse carvão


vapor.

 Gás de processo teve suas externalidades estimadas como se fosse


gás natural

 Biomassa de cana teve suas externalidades estimadas como biomassa


de cana a partir de 2015.

As tabelas de Tabela 5.13 a Tabela 5.15 mostram os resultados obtidos,


enquanto as figuras de Figura 5.4 a Figura 5.6 exibem os mesmos resultados em
forma gráfica.

77
- Externalidades Totais

Tabela 5.13: Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculado a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Externalidades totais [R$ milhões]
Fonte Primária 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA 788,54 801,80 812,45 826,20 828,75 832,76 840,37 847,64 856,85
NUCLEAR 35,68 35,68 35,68 60,87 60,87 60,87 60,87 60,87 60,87
SOLAR 0,00 0,00 3,18 6,35 9,53 12,71 15,88 19,06 22,24
EÓLICA 12,56 23,96 31,24 38,64 40,85 43,07 45,28 47,50 49,71
GÁS DE PROCESSO 153,67 153,67 153,67 153,67 153,67 153,67 153,67 153,67 153,67
BIOMASSA 477,99 577,94 577,94 614,93 654,68 691,78 712,98 727,29 741,07
GÁS NATURAL 694,10 694,10 713,90 713,90 742,42 827,97 913,53 999,09 1.141,69
CARVÃO 796,60 796,60 796,60 796,60 796,60 796,60 796,60 796,60 796,60
TOTAL 2.959,14 3.083,75 3.124,65 3.211,16 3.287,36 3.419,43 3.539,19 3.651,71 3.822,69
R$ /MWh 6,05 6,03 5,84 5,75 5,64 5,63 5,59 5,53 5,55

Externalidades totais
4000
3500
3000
R$ Milhões

2500
2000
1500
1000
500
0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA GÁS NATURAL CARVÃO BIOMASSA
GÁS DE PROCESSO NUCLEAR EÓLICA SOLAR

Figura 5.4 Valor total das externalidades produzidas para se atender a demanda futura calculado a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria.

78
- Impactos devido mudança climática

Tabela 5.14: Impactos devido mudança climática produzidos para se atender a demanda futura
calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Impactos devido mudança climática [R$ milhões]
Fonte Primária 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA 788,54 801,80 812,45 826,20 828,75 832,76 840,37 847,64 856,85
NUCLEAR 5,58 5,58 5,58 9,52 9,52 9,52 9,52 9,52 9,52
SOLAR - - 2,51 5,01 7,52 10,02 12,53 15,03 17,54
EÓLICA 9,14 17,43 22,72 28,11 29,72 31,33 32,94 34,55 36,17
GÁS DE PROCESSO 136,51 136,51 136,51 136,51 136,51 136,51 136,51 136,51 136,51
BAGAÇO DE CANA 138,72 167,73 167,73 178,47 190,00 200,77 206,92 211,07 215,07
GÁS NATURAL 616,58 616,58 634,16 634,16 659,50 735,50 811,50 887,50 1.014,17
CARVÃO 567,03 567,03 567,03 567,03 567,03 567,03 567,03 567,03 567,03
TOTAL 2.262,10 2.312,66 2.348,69 2.385,01 2.428,54 2.523,44 2.617,32 2.708,86 2.852,86
R$/MWh 4,62 4,52 4,39 4,27 4,17 4,15 4,13 4,10 4,14

Custos de mudança climática


3000

2500

2000
R$ Milhões

1500

1000

500

0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA GÁS NATURAL CARVÃO BAGAÇO DE CANA
GÁS DE PROCESSO EÓLICA NUCLEAR SOLAR

Figura 5.5 Impactos devido mudança climática produzidos para se atender a demanda futura
calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria.

79
- Impactos à saúde humana

Tabela 5.15: Impactos à saúde humana produzidos para se atender a demanda futura calculados a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração Própria.
Impactos à saúde humana [R$ milhões]
Fonte Primária 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
NUCLEAR 30,09 30,09 30,09 51,34 51,34 51,34 51,34 51,34 51,34
SOLAR 0,00 0,00 0,67 1,34 2,01 2,69 3,36 4,03 4,70
EÓLICA 3,42 6,53 8,51 10,53 11,13 11,73 12,34 12,94 13,55
GÁS DE PROCESSO 17,16 17,16 17,16 17,16 17,16 17,16 17,16 17,16 17,16
BAGAÇO DE CANA 339,26 410,21 410,21 436,47 464,68 491,01 506,06 516,21 525,99
GÁS NATURAL 77,53 77,53 79,74 79,74 82,92 92,48 102,03 111,59 127,52
CARVÃO 229,57 229,57 229,57 229,57 229,57 229,57 229,57 229,57 229,57
TOTAL 697,05 771,10 775,96 826,15 858,83 895,99 921,87 942,85 969,84
R$/MWh 1,42 1,51 1,45 1,48 1,47 1,47 1,46 1,43 1,41

Impactos à saúde humana


1000
900
800
700
R$ Milhões

600
500
400
300
200
100
0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA BAGAÇO DE CANA CARVÃO GÁS NATURAL
NUCLEAR GÁS DE PROCESSO EÓLICA SOLAR

Figura 5.6 Impactos à saúde humana produzidos para se atender a demanda futura calculados a
partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria.

80
5.3. Análise dos resultados e discussão

a) Comparação entre metodologias de cálculo

As diferenças entre valores de externalidades por empreendimento de


geração quando se realiza uma comparação entre metodologias de cálculo são
dignas de nota e merecem uma discussão mais a fundo.

As emissões de GEE por MWh assumidos em cada uma das metodologias


são condizentes entre si, estando os valores na mesma ordem de grandeza, embora
tenham sido utilizadas diferentes referências em cada metodologia. As diferenças
entre os valores monetários dos impactos se explicam principalmente devido aos
diferentes valores monetários atribuídos à tonelada de CO 2, sete euros no caso da
primeira metodologia e 19 euros no caso da segunda. Entre as principais
divergências, destacam-se a biomassa, o carvão e as hidroelétricas. Enquanto os
reservatórios de usinas hidroelétricas emitem GEE de maneira independente ao
despacho, na primeira metodologia de cálculo a emissão foi vinculada à geração, o
que gerou distorções na participação dessas usinas nas externalidades totais. Na
segunda metodologia de cálculo ela foi condicionada apenas à área alagada,
independente da energia gerada.

No caso da biomassa as emissões de CO2 da segunda metodologia são,


dependendo do cenário, de 4,4 a 5,1 vezes maiores em relação à primeira. Deve-se
observar que o cultivo da cana de açúcar utiliza intensivamente veículos a diesel,
principalmente na fase da colheita. Além disso, parte das palhas e pontas da cana,
que poderiam ter fim energético, costuma ser deixada no campo ou então são
queimadas antes da colheita. Rentizelas e Georgakellos (2014) não especificam
qual é o tipo de biomassa por eles considerado ou como é realizado seu transporte,
portanto as discrepâncias podem se dar devido às particularidades do ciclo de vida
das culturas e de seus respectivos poderes caloríficos.

No caso do carvão, as emissões de CO2 são aproximadamente 51% maiores


conforme a segunda metodologia de cálculo. Isso pode indicar que por Rentizelas e
Georgakellos (2014) levaram em consideração um maior poder calorífico para o

81
carvão hulha em relação ao carvão vapor ou então tecnologias mais avançadas de
geração termoelétrica. Além disso, segundo a EPE (2008b), o carvão nacional é
considerado de baixa qualidade, devido à grande quantidade de cinzas e inertes, o
que consequentemente acarreta em baixo conteúdo energético.

Tabela 5.16: Comparativo entre metodologias das emissões de GEE em toneladas de CO2
equivalente. Fonte: elaboração própria.

Tipo de
Tipo de Emissõ de GEE
Empreendimento
empreendimento
equivalente da
da segunda Segunda Primeira
primeira
metodologia metodologia metodologia
metodologia
[t CO2 eq/MWh] [t CO2 eq/MWh]
Carvão vapor Carvão Hulha 1175,27 776,00
Óleo combustível
Óleo Combustível 702,09 674,00
pesado
Óleo combustível
Óleo Combustível 746,96 674,00
leve (diesel)
Gás natural Gás Natural 472,00 398,00
Eólica Eólica 10,46 9,56
Fotovoltaica Fotovoltaica 53,64 55,20
Biomassa de cana
Biomassa 92,44 18,00
em 2014
Biomassa de cana a
Biomassa 79,28 18,00
partir de 2015
Nuclear Nuclear 6,24 6,27
Hidroelétricas em
Hidráulica 3,43 2,51
2014*
Novas
Hidráulica 1,04 2,51
hidroelétricas**
*Área alagada: 0,46 km²/MW instalado. Considera um fator de capacidade de 0,6
**Área alagada: 0,14 km²/MW instalado. Considera um fator de capacidade de 0,6

No caso emissão de material particulado, NOx e SO2, verifica-se que as


emissões por MWh também são condizentes, pois estão da na mesma ordem de
grandeza. No caso dos combustíveis fósseis, verifica-se que os valores da segunda
metodologia são ligeiramente superiores aos da primeira, o que pode indicar que
foram consideradas pela EPE (2008b) tecnologias menos avançadas de controle de
poluentes, ou então foram consideradas por Rentizelas e Georgakellos (2014)
maiores eficiências na geração termoelétrica. Verifica-se ainda que Rentizelas e
Georgakellos (2014) consideram maiores valores de emissão de NOx no caso do
óleo combustível quando comparado às emissões consideradas no PNE 2030 para
derivados do petróleo.

82
O carvão destaca-se novamente, uma vez que os valores de emissão de
particulados e outros poluentes são substancialmente superiores na segunda
metodologia que na primeira, principalmente em relação à emissão de material
particulado, uma ordem de grandeza maior. O carvão nacional é considerado de
baixa qualidade, possuindo em sua composição grande quantidade de cinzas e
inertes. Por causa disso, o uso de carvão para termoeletricidade no Brasil sempre foi
acompanhado pelo paradigma de que as usinas deveriam se situar próximas às
minas, utilizando carvão in natura, de forma a evitar o transporte e processamento
de um recurso com baixo valor energético (EPE, 2008b).

No que diz respeito aos impactos à saúde, verifica-se que os impactos por
tipo de empreendimento são condizentes. As divergências encontradas não fogem
ao esperado quando se considera a pior qualidade do carvão nacional, as
particularidades dos ciclos de vida da cana de açúcar, a prática de queimar a cana
antes da colheita e os maiores valores de emissão de NO x utilizados por Rentizelas
e Georgakellos (2014) no caso do óleo combustível. Para usinas nucleares, as
discrepâncias se justificam pelo fato de que na segunda metodologia de cálculo foi
considerado como principal impacto à saúde a ocorrência de câncer devido à
exposição à radiação, e não doenças respiratórias devido a poluentes emitidos
durante o ciclo de vida do combustível.

Com tais considerações feitas acerca dos impactos à saúde, pode-se concluir
que embora a formação de ozônio tenha sido desconsiderada e as hipóteses
assumidas na seção 4.2 simplifiquem significativamente os modelos de dispersão de
poluentes utilizados na segunda metodologia de cálculo, elas não tornam o modelo
de todo inválido.

Curiosamente, os impactos à saúde da geração termoelétrica a carvão


conforme os fatores de dano de Rentizelas e Georgakellos (2014) são inferiores aos
impactos devido à geração com óleo combustível, biomassa ou mesmo gás natural,
uma vez que os autores atribuíram um maior valor de impacto ao NOx do que ao
material particulado.

83
Tabela 5.17: Comparativo entre metodologias entre os impactos devido à emissão de poluentes.
Fonte: elaboração própria.
Tipo de Impactos devido à emissão de
Tipo de
Empreendimento poluentes
empreendimento da
equivalente da Segunda Primeira
segunda
primeira metodologia metodologia
metodologia
metodologia [R$/MWh] [R$/MWh]
Carvão vapor Carvão Hulha 28,21 2,82
Óleo combustível
Óleo Combustível 7,09 15,31
pesado
Óleo combustível leve
Óleo Combustível 7,66 15,31
(diesel)
Gás natural Gás Natural 3,52 3,75
Eólica Eólica 0,23 0,16
Fotovoltaica Fotovoltaica 0,85 0,70
Biomassa de cana em
Biomassa 36,40 4,86
2014
Biomassa de cana a
Biomassa 11,51 4,86
partir de 2015
Nuclear Nuclear 2,00 0,12

b) Externalidades Produzidas pela matriz elétrica em 2014

No ano de 2014 a geração de energia elétrica foi responsável por impactos de


2,67 bilhões de reais, conforme a primeira metodologia de cálculo, dos quais 1,69
bilhões se devem à emissão de GEE e 573,2 milhões se devem a impactos à saúde
humana causados pela emissão de poluentes. Conforme a segunda metodologia de
cálculo, os impactos totais chegam a 8,83 bilhões de reais, sendo 6,45 bilhões
devido à emissão de GEE e 2,37 bilhões devido a impactos à saúde humana.
No caso dos impactos devido à emissão de GEE, as diferenças observadas
se devem principalmente ao maior valor monetário atribuído à tonelada de CO 2 na
segunda metodologia do que primeira: respectivamente 19 e sete euros. Também é
digna de nota a maior participação das usinas hidroelétricas nos impactos totais
calculados conforme a segunda metodologia, uma vez que foi considerado que a
emissão da GEE por parte das mesmas não depende da geração. Já no caso dos
impactos à saúde, as principais diferenças se devem aos maiores impactos
considerados para a biomassa e para o carvão na segunda metodologia de cálculo.
Apesar das divergências, as semelhanças entre os resultados obtidos
conforme cada uma das metodologias também são dignas de nota. As usinas
térmicas a combustível fóssil, apesar de terem gerado apenas 26,9% da energia
consumida em 2014, concentraram a maior parte das emissões de GEE, 97,4% no

84
caso da primeira metodologia e 84,3% no caso da segunda. Também em ambos os
casos, a geração termoelétrica, fóssil ou renovável, concentrou mais de 90% dos
impactos à saúde humana, embora aproximadamente 65% da geração em 2014
tenha tido de origem hidráulica ou eólica. As usinas nucleares, ao contrário das
demais térmicas, tiveram participação nos impactos à saúde inferiores à sua
participação na geração.
Em termos relativos de impactos relativos, a incorporação das externalidades
geraria um acréscimo no preço da energia elétrica de R$ 4,53 / MWh conforme a
primeira metodologia de cálculo e um acréscimo de R$ 14,95 conforme a segunda.
Em ambos os casos verificou-se que as externalidades produzidas pelo Serviço
Público foram mais baixas que a média nacional devido à maior participação de
hidroelétricas, eólicas e termonucleares, significativamente menos poluentes e
menos impactantes quanto ao efeito estufa.
No caso de da autoprodução, em ambas as metodologias verificou-se que a
energia excedente exportada à rede era menos impactante em termos de efeito
estufa do que a energia consumida pelo próprio autoprodutor. Isso se deve,
sobretudo, ao fato de que a energia exportada por autoprodutores era oriunda em
sua maior parte do bagaço de cana. No caso dos impactos à saúde humana, os
impactos relativos causados pelos autoprodutores foi superior à média nacional para
as duas metodologias devido à maior participação de usinas termoelétricas. Deve-se
ressaltar, porém, que muitas vezes a autoprodução de energia elétrica resulta do
aproveitamento de um subproduto de um processo industrial que de outra maneira
seria descartado, ou então de um processo de cogeração que implica em um uso
mais racional de um recurso energético.
É importante observar que em ambas as metodologias de cálculo não foi
considerada a localização dos empreendimentos de geração, tendo sido utilizada a
densidade populacional média do Brasil. Como os empreendimentos termoelétricos
costumam ser construídos mais próximos aos centros de carga, se espera que os
impactos à saúde humana sejam de fato maiores que os estimados.

85
c) Externalidades Produzidas para se atender a demanda futura

Caso a expectativa de despacho descrita no item 4.3 se concretize, é


esperado que as fontes renováveis de energia aumentem sua participação na
geração em relação a 2014. Enquanto a parcela inflexível de geração a carvão e a
gás deve ser mantida, hidroelétricas, eólicas e usinas solares deverão representar
entre 82% e 85% da energia gerada no período analisado. As térmicas a bagaço de
cana possuirão participação de aproximadamente 7%, enquanto a energia nuclear
terá 3% e 5% de participação.

Como consequência, espera-se um despacho mais limpo em comparação a


2014. Em 2023 as externalidades produzidas pela geração que atenderá a demanda
suprida pelo SIN, desconsiderada a autoprodução, devem chegar a 897,7 milhões
de reais conforme a primeira metodologia de cálculo, sendo 563,3 milhões relativos
à emissão de GEE e 126 milhões devido à emissão de poluentes. Conforme a
segunda metodologia de cálculo, os impactos totais devem chegar a 3,82 bilhões de
reais em 2023, sendo 2,85 bilhões relativos à emissão de GEE e 969,8 milhões
devido a impactos à saúde.

Em termos relativos, os impactos calculados conforme a primeira metodologia


seriam de R$ 1,30 / MWh dos quais R$ 0,82 / MWh representam impactos devido à
emissão de GEE e R$ 0,18 / MWh representam impactos devido à emissão de
poluentes. Conforme a segunda metodologia de cálculo, os impactos relativos totais,
devido à emissão de GEE e à saúde humana são respectivamente R$ 5,55 / MWh,
R$ 4,14 / MWh e R$ 1,41 / MWh. As diferenças observadas se devem
principalmente aos diferentes valores assumidos para a tonelada de CO 2 e aos
impactos assumidos para a geração térmica a carvão e a bagaço de cana em cada
uma das metodologias.

Em termos de participação relativa por fonte de energia, verifica-se que em


ambos os casos a biomassa de cana, o carvão e o gás natural dominam as
externalidades. Observa-se também uma forte participação das hidroelétricas no
caso da segunda metodologia de cálculo. Ressalta-se, porém, que embora a
geração térmica não represente mais de 15% da energia gerada no cenário
considerado, ela é responsável por aproximadamente 83% das externalidades totais

86
conforme a primeira metodologia de cálculo e por aproximadamente 75% conforme a
segunda.

Participação relativa nas Externalidades Totais


Primeira Metodologia
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

GÁS NATURAL CARVÃO BIOMASSA


GÁS DE PROCESSO UHE EÓLICA
NUCLEAR SOLAR PCH
Figura 5.7 Participação relativa por fonte no total de externalidades produzidas para se atender a
demanda futura calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por
Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria

Participação relativa nas externalidades totais


Segunda Metodologia
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA GÁS NATURAL CARVÃO
BIOMASSA GÁS DE PROCESSO NUCLEAR
EÓLICA SOLAR
Figura 5.8 Participação por tipo de usina no total das externalidades produzidas para se atender a
demanda futura calculado a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria.

Ao se analisar exclusivamente a participação de cada tipo de usina nos


impactos devido à emissão de GEE, no caso da primeira metodologia de cálculo
verifica-se o forte predomínio das fontes fósseis, com participação próxima a 90% do

87
total, com tendências de aumento da participação do gás natural, como pode ser
visto na Figura 5.9. No caso da segunda metodologia de cálculo, conforme pode ser
visto na Figura 5.10, também é verificada forte participação do carvão e do gás
natural, porém também há uma importante participação das usinas hidroelétricas,
além de uma maior participação relativa da biomassa.

Deve-se ressaltar que a emissão de GEE pelas usinas hidroelétricas na


segunda metodologia de cálculo não está condicionada à sua geração como na
primeira ou como em usinas térmicas, mas sim à área alagada pelos seus
reservatórios. Dessa maneira, verifica-se uma maior participação na emissão de
GEE por parte das hidroelétricas na segunda metodologia de cálculo quando
comparado à primeira.

Participação relativa nos custos de mudança climática


Primeira Metodologia
100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

GÁS NATURAL CARVÃO GÁS DE PROCESSO


UHE BIOMASSA EÓLICA
NUCLEAR PCH SOLAR

Figura 5.9 Participação relativa por fonte nas externalidades causadas pelos GEE emitidos para se
atender a demanda futura calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano
empregados por Rentizelas e Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria.

88
Participação relativa nos custos de mudança climática
100% Segunda metodologia

80%

60%

40%

20%

0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA GÁS NATURAL CARVÃO
BAGAÇO DE CANA GÁS DE PROCESSO EÓLICA
NUCLEAR SOLAR
Figura 5.10 Participação por fonte nos impactos devido a mudanças climátics produzidos para se
atender a demanda futura calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte:
Elaboração própria.

No caso dos impactos à saúde devido à emissão de poluentes, a energia


gerada a partir do bagaço de cana é responsável pela maior parte dos impactos
conforme ambas as metodologias. Verifica-se uma disparidade na participação do
carvão, em decorrência dos diferentes valores de impacto considerados em cada
metodologia de cálculo para as térmicas que utilizam este combustível. Verifica-se
também que no caso da primeira metodologia as usinas hidroelétricas também são
responsáveis por uma parte substancial dos impactos à saúde humana, enquanto na
segunda os impactos à saúde causados pelas usinas hidroelétricas são
simplesmente nulos. Deve-se ressaltar, contudo, que as emissões de poluentes
consideradas por Rentizelas e Georgakellos (2014) para as hidroelétricas se
concentram na fase de construção.

É importante observar que em ambas as metodologias de cálculo não foi


considerada a localização dos empreendimentos de geração, tendo sido utilizada a
densidade populacional média do Brasil. Como os empreendimentos termoelétricos
costumam ser construídos mais próximos aos centros de carga, se espera que os
impactos à saúde humana sejam de fato maiores que os estimados.

89
Participação relativa nos impactos à saúde humana
Primeira Metodologia
100%

90%

80%

70%

60%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

BIOMASSA UHE GÁS NATURAL


CARVÃO EÓLICA GÁS DE PROCESSO
NUCLEAR SOLAR PCH
Figura 5.11 Participação relativa por fonte nas externalidades devido a impactos à saúde humana
calculadas utilizando os fatores de emissão e fatores de dano empregados por Rentizelas e
Georgakellos (2014). Fonte: Elaboração própria.

Participação relativa nos impactos à saúde humana


100% Segunda Metodologia

90%

80%
R$ Milhões

70%

60%

50%

40%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
HIDRÁULICA BAGAÇO DE CANA CARVÃO
GÁS NATURAL NUCLEAR GÁS DE PROCESSO
EÓLICA SOLAR
Figura 5.12 Participação por fonte nos impactos à saúde humana produzidos para se atender a
demanda futura calculados a partir de metodologia adaptada da ExternE. Fonte: Elaboração própria.

90
6. Conclusões

Após uma breve discussão acerca da evolução histórica e das tendências


futuras do setor elétrico brasileiro, foram definidas conforme duas metodologias
distintas os valores de externalidades ambientais produzidos para se gerar um MWh
de energia elétrica a partir de diversas fontes. A primeira metodologia de cálculo
consistiu em adaptar à realidade brasileira fatores de emissão e dano utilizados por
Rentizelas e Georgakellos (2014), enquanto a segunda consistiu em estimar os
impactos devido à emissão de GEE, material particulado e outros poluentes através
de adaptações da metodologia do projeto ExternE.

Durante a elaboração da segunda metodologia de cálculo, devido aos altos


valores de externalidades obtidos por Alves (2009), foi levantada a suspeita que o
modelo de dispersão de poluentes simplificado recomendado por Tolmasquim et al.
(2001) levavam a resultados superestimados. Após uma investigação mais a fundo,
chegou-se à conclusão de que o modelo realmente levava a valores muito
superiores quando comparados ao modelo de dispersão de pluma gaussiana
recomendado pela EC (2005b), adotando-se então o modelo de pluma gaussiana
para calcular os impactos devido à emissão de poluentes na segunda metodologia
de cálculo.

Durante a elaboração de ambas as metodologias de cálculo foi verificado que


as usinas a combustível fóssil produzem externalidades significativamente maiores
do que quando a maioria das fontes de energia renovável. Verificou-se que as fontes
renováveis emitem consideravelmente menos GEE que as fósseis, excetuando-se
as termonucleares, menos impactante em termos de mudança climática que as
demais fósseis. No que tange os impactos à saúde humana, as renováveis também
se mostraram significativamente mais limpas do que as fósseis, novamente
excetuando-se as termonucleares, mais limpa que as demais fósseis.

Abre-se também uma exceção para a biomassa de cana, embora a geração a


partir desta fonte de energia seja menos impactante em termos de emissão de GEE
em relação às térmicas fósseis, ela causa impactos significativos devido à emissão
de material particulado e outros poluentes. Durante a elaboração da segunda

91
metodologia de cálculo também ficou evidente o benefício de se eliminar a queimada
antes da colheita da cana. Se toda a cana for colhida crua, os impactos à saúde
humana por MWh exportado à rede seriam reduzidos em 68,4% frente ao ano de
2014, em que 13% da cana foi colhida queimada.

Após definidos os valores das externalidades por fonte de energia para se


gerar 1 MWh de energia elétrica, foram então estimadas as externalidades
ambientais produzidas pelo setor elétrico em 2014 a partir de dados do BEN 2015.
Também foram avaliados os impactos que seriam produzidos para se atender a
demanda futura de energia suprida pelo SIN a partir das previsões de demanda do
PDE 2023 e da composição da energia ofertada estimada no item 4.3.

Ao analisar os resultados obtidos, devido ao fato das usinas a combustível


fóssil produzirem externalidades significativamente maiores quando comparadas às
renováveis, observou-se que embora a matriz elétrica brasileira possua base
predominantemente hídrica e boa participação de outras renováveis, as fontes
fósseis tiveram participação acentuada nos impactos, em proporções muito
superiores à sua participação na geração.

Evidenciando ainda mais o impacto nocivo das térmicas a combustível fóssil,


verificou-se que para o ano de 2014 o quociente entre as externalidades totais e a
energia gerada superior ao mesmo quociente calculado para as previsões de oferta
e demanda futuras. O ano de 2014 foi marcado por um maior despacho de usinas
térmicas uma vez que a geração hidráulica foi limitada por razões hidrológicas. Para
o horizonte futuro, com a normalização da situação hidrológica e a maior inserção de
renováveis na matriz elétrica, é esperada a redução dos valores das externalidades.
Ainda assim, os impactos devido à geração por inflexibilidade de usinas a carvão e a
gás natural foram responsáveis por parte significativa dos impactos no horizonte
futuro.

Em valores absolutos, mesmo com predominância da energia hidráulica e a


participação de outras renováveis na matriz elétrica brasileira, tanto a parcela das
externalidades referente aos impactos de mudança climática quanto a parcela
referente aos impactos à saúde humana representam cifras bilionárias. Ao se
considerar que este trabalho utilizou a densidade demográfica média do Brasil para

92
calcular os impactos à saúde humana, é razoável supor que estes podem ser ainda
maiores que o estimado, uma vez que usinas termoelétricas se concentram nos
estados mais populosos.

Visto que as externalidades geradas pelas fontes renováveis são


significativamente menores que as geradas por fontes fósseis, a incorporação dos
valores das externalidades ao preço da energia, ao menos como mecanismo de
planejamento energético, pode ser um instrumento de grande serventia para tornar
fontes renováveis e pouco poluentes mais competitivas, consolidando sua alta
participação na Matriz Elétrica Brasileira ou mesmo fazendo com que sua
participação na matriz elétrica aumente.

Como consequência, o país poderia garantir com que o setor elétrico opere e
se expanda de maneira pouco impactante ao sistema de saúde, proporcionando
economias milionárias com o tratamento de doenças respiratórias e reduzindo a
mortalidade relacionada à poluição do ar. Além disso, o emprego extensivo de fontes
renováveis no setor elétrico pode ser um fator de peso para que o país cumpra suas
metas de emissão de GEE e de combate ao aquecimento global.

93
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97
ANEXOS

ANEXO A – Classes de estabilidade atmosférica e coeficientes para


cálculo de dispersão
Tabela A.1 Classes de estabilidade de Pasquill: Fonte Pasquill (1974, apud Reis (2001))
Classe Estabilidade Atmosférica
A Atmosfera extremamente instável
B Atmosfera moderadamente instável
C Atmosfera levemente instável
D Atmosfera neutra
E Atmosfera levemente estável
F Atmosfera moderadamente estável
Condições Diurnas - Irradiação solar que entra Condições noturnas

Velocidade Cobertura
do vento a Forte (altitude Moderada fina de Cobertura de
Fraca (altitude solar
10 da solar maior (maior que 60o nuvens total nuvens menor
de 15 a 35 com dias
superfície que 60o com com 5/8 a 7/8 ou cobertura que 3/8 do
claros)
(m/s) dias claros) de nuvens) de nuvens céu
maior que
4/8 do céu
menor que
2 A A-B B - -
2a3 A-B B C E F
3a5 B B-C C D E
5a6 C C-D D D D
Maior que 6 C D D D D
A classe D é aplicável para dias com o céu totalmente carregado por nuvens

Tabela I.2. Coeficientes de dispersão classe para cálculo de σy e σz. Fonte Pasquill (1974, apud Reis
(2001))
Coeficientes de dispersão classe para cálculo de σy e σz
Coeficiente Classe A Classe B Classe C Classe D Classe E Classe F
M1 -0,0234 -0,0147 -0,0117 -0,059 -0,059 -0,0029
M2 0,35 0,248 0,175 0,108 0,088 0,054
N1 0,88 -0,985 -1,186 -1,535 -2,88 -3,8
N2 -0,152 0,82 0,85 0,793 1,255 1,419
N3 0,1475 0,0168 0,045 0,0045 -0,042 -0,055

98
ANEXO B – Comparação entre modelos de dispersão de poluentes

De maneira a simplificar o cálculo dos impactos à saúde humana causados


pelos empreendimentos de geração elétrico para planejamento de longo prazo,
Tolmasquim et al. (2001) recomendam o uso da equação B1 para calcular a
concentração de poluentes à uma determinada distância da fonte de emissão.

𝑄
𝐶= Equação B1
2. 𝜋. 𝑢. 𝑟

Onde:

 C é a concentração de poluentes em um ponto a uma distância r da fonte


emissora [ μg / m³ ]
 Q é a taxa de emissão de poluentes [ μg / s ]
 u é a velocidade do vento [ m / s ], Tolmasquim et al (2001) recomendam que
seja usado o valor de 3 m / s para planejamento de longo prazo.
 r é a distância da fonte emissora em relação ao ponto em que se mede a
concentração de poluentes. [ m ]

Alves (2009) utilizou a equação B1 para modelar a dispersão de poluentes e


então calcular os impactos à saúde humana causados pela geração de energia
elétrica. Conforme evidenciado no item a) da seção 3.3 deste trabalho, os altos
valores de externalidades obtidos por Alves (2009) colocaram o modelo de dispersão
de poluentes proposto por Tolmasquim et al (2001) sob suspeita de produzir
resultados superestimados. Além disso, a equação B1 possui uma inconsistência
dimensional: a unidade resultante do termo do lado direito da equação ( [ µg / m ] )
não é igual à unidade do termo à esquerda ( [ µg / m³ ] )

Para investigar a validade da equação B1, foram calculados os impactos à


saúde humana por fonte de geração conforme descrito no item c) da seção 4.2,
utilizando a equação B1 no lugar da equação 5. Os resultados obtidos são
mostrados na tabela B1. Também são mostrados para efeito de comparação os

99
resultados obtidos na seção 4.2. Os resultados obtidos usando a equação B1 foram
2947% maiores que os obtidos na seção 4.2.

Tabela B1: Impactos à saúde humana calculados com dispersão de poluentes modelada
conforme a equação B1. Fonte: Elaboração própria.
Emissão Custo total
Custo de Custo de
Fonte de energia equivalente TOTAL obtido na
morbidade mortalidade
de MP10 seção 4.2
[t/GWh] [R$ / MWh] [R$ / MWh] [R$ / MWh] [R$ / MWh]
Emissão de 1 tonelada de MP10 1 3,19 63,69 66,88 2,27
Carvão vapor 12,43 39,64 791,67 831,31 28,21
Óleo combustível pesado 2,6 9,96 198,89 208,85 7,09
Óleo combustível leve (diesel) 2,81 10,77 214,99 225,76 7,66
Gás natural 1,55 4,94 98,73 103,67 3,52
Eólica 0,1 0,33 6,54 6,87 0,23
Fotovoltaica 0,38 1,20 23,91 25,10 0,85
Biomassa em 2014 16,04 51,15 1.021,43 1.072,58 36,40
Biomassa da partir de 2015 5,07 16,17 322,92 339,09 11,51

100
ANEXO C – Sensibilidade da variação de concentração de
poluentes em relação ao afastamento da linha do vento

Foi verificado como que varia a concentração de poluentes dada pela


Equação 2 da seção 4.2 em relação ao afastamento da linha do vento. A análise foi
feita para ambos os extremos das classes de estabilidade atmosférica de Pasquill,
disponíveis no Anexo A. O processo de análise consistiu, conforme a equação C1,
em calcular o quociente entre a concentração de poluentes em dois pontos, estando
ambos os pontos ao nível do solo (z = 0) e afastados da mesma distância x da fonte
emissora na direção do vento, porém o numerador da fração encontra-se afastado
de uma distância y da linha do vento, enquanto o denominador situa-se na linha do
vento.

𝐶(𝑥, 𝑦, 𝑧 = 0)
𝑅=
𝐶(𝑥, 𝑦 = 0, 𝑧 = 0) Equação C1

Onde:

 R é a razão entre concentrações


 C(x,y,z=0) é a concentração de poluentes ao nível do solo de um ponto
afastado de uma distância x da fonte emissora na direção do vento e afastado
de uma distância y da linha do vento, calculada conforme a Equação 2 da
seção 4.2
 C(x,y=0,z=0) é a concentração de poluentes ao nível do solo de um ponto
afastado de uma distância x da fonte emissora na direção do vento e
localizado sobre a linha do vento, calculada conforme a Equação 2 da seção
4.2

Os resultados encontram-se nas tabelas C.1 para a classe de estabilidade


atmosférica A e C.2 para a classe de estabilidade atmosférica F. Verificou-se que
para a classe de estabilidade atmosférica A, a mais estável das classes de
estabilidade do Anexo A, que um ponto afastado de 250 metros da linha do vento a
50 km de distância na da fonte emissora possui uma concentração de poluentes 637
vezes menor que um ponto à mesma distância da fonte emissora localizado sobre a

101
linha do vento. Para um afastamento de 5km na direção do vento, um afastamento
de 100 metros da linha do vento produz efeitos similares, reduzindo a concentração
em 763 vezes em relação à linha do vento.

Para a classe de estabilidade F, a mais estável das classes de estabilidade do


Anexo A, queda na concentração de poluentes mostrou-se ainda mais sensível em
relação ao afastamento à linha do vento, uma vez que a pluma gaussiana é mais
estável e portanto há uma menor dispersão, tanto vertical quanto horizontal, em
torno da linha do vento.

Dado que um reduzido afastamento em relação à linha do vento frente ao


afastamento em relação à fonte emissora provoca uma acentuada queda na
concentração de poluentes, a simplificação assumida na seção 4.2 de calcular a
concentração de poluentes para y=0 é válida.

Tabela C.1 Módulo da concentração de poluentes no ponto (x, y, 0) divido pelo módula da
concentração de poluentes no ponto (x, 0,0) para a classe de estabilidade atmosférica A, conforme a
Equação 2Equação 5 da seção 4.2

X (m)
5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
y (m)

0 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00

50 1,90E-01 3,95E-01 5,13E-01 5,89E-01 6,43E-01 6,82E-01 7,12E-01 7,36E-01 7,56E-01 7,72E-01

100 1,31E-03 2,43E-02 6,95E-02 1,21E-01 1,70E-01 2,16E-01 2,57E-01 2,94E-01 3,27E-01 3,56E-01

150 3,28E-07 2,33E-04 2,48E-03 8,60E-03 1,87E-02 3,18E-02 4,71E-02 6,35E-02 8,06E-02 9,79E-02

200 2,97E-12 3,48E-07 2,33E-05 2,13E-04 8,44E-04 2,18E-03 4,37E-03 7,45E-03 1,14E-02 1,61E-02

250 9,73E-19 8,09E-11 5,77E-08 1,83E-06 1,58E-05 6,93E-05 2,05E-04 4,73E-04 9,17E-04 1,57E-03

300 1,16E-26 2,93E-15 3,77E-11 5,46E-09 1,21E-07 1,03E-06 4,90E-06 1,63E-05 4,22E-05 9,18E-05

450 4,38E-59 2,00E-33 3,52E-24 2,56E-19 2,75E-16 3,35E-14 1,13E-12 1,68E-11 1,44E-10 8,25E-10

500 8,97E-73 4,28E-41 1,11E-29 1,12E-23 6,16E-20 2,31E-17 1,78E-15 5,01E-14 7,06E-13 6,11E-12

102
Tabela C.2 Módulo da concentração de poluentes no ponto (x, y, 0) divido pelo módula da
concentração de poluentes no ponto (x, 0,0) para a classe de estabilidade atmosférica F, conforme a
Equação 2 da seção 4.2

X (m)
5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
y (m)

0 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00 1,00E+00

50 1,97E-04 1,03E-02 4,11E-02 8,44E-02 1,31E-01 1,78E-01 2,21E-01 2,61E-01 2,98E-01 3,31E-01

100 1,51E-15 1,10E-08 2,86E-06 5,07E-05 2,98E-04 9,93E-04 2,38E-03 4,65E-03 7,86E-03 1,20E-02

150 4,47E-34 1,25E-18 3,37E-13 2,17E-10 1,16E-08 1,75E-07 1,26E-06 5,64E-06 1,84E-05 4,79E-05

200 5,14E-60 1,49E-32 6,70E-23 6,62E-18 7,86E-15 9,73E-13 3,23E-11 4,66E-10 3,82E-09 2,09E-08

250 2,30E-93 1,86E-50 2,25E-35 1,44E-27 9,15E-23 1,71E-19 4,06E-17 2,63E-15 7,02E-14 1,00E-12

300 3,98E-134 2,44E-72 1,28E-50 2,22E-39 1,84E-32 9,41E-28 2,49E-24 1,01E-21 1,14E-19 5,28E-18

450 7,06E-301 7,42E-162 5,54E-113 1,07E-87 3,94E-72 1,55E-61 7,82E-54 5,73E-48 2,41E-43 1,33E-39

500 0,00E+00 1,19E-199 2,58E-139 4,25E-108 7,02E-89 8,45E-76 2,73E-66 4,75E-59 2,42E-53 1,02E-48

103
ANEXO D - Conta de Luz

104
ANEXO E – Participação na potência instalada termoelétrica por
estado em abril de 2016 e densidades demográfica

Tabela E1. Participação na potência termoelétrica instalada por estado e densidades demográficas
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco de Informação de geração da ANEEL e do
IBGE
Densidade Participação na potência instalada por tipo de empreendimento de geração
Estado Populacional Carvão Óleo Óleo Gás Bagaço de Cana de
[hab/km²] Mineral Combutível Diesel Natural Açúcar
AC 5,27 0,00% 0,00% 4,56% 0,00% 0,00%
AL 120,32 0,00% 0,00% 0,02% 0,04% 3,20%
AM 2,51 0,00% 23,90% 20,31% 1,57% 0,00%
AP 5,37 0,00% 0,00% 7,08% 0,00% 0,00%
BA 26,92 0,00% 14,60% 2,03% 7,45% 0,19%
CE 59,83 24,10% 4,12% 3,12% 5,20% 0,00%
DF 502,39 0,00% 0,00% 0,40% 0,00% 0,00%
ES 85,29 0,00% 4,29% 0,11% 0,14% 0,21%
GO 19,44 0,00% 0,88% 13,72% 0,00% 11,95%
MA 20,8 14,57% 8,15% 0,09% 0,00% 0,00%
MG 35,58 0,00% 3,22% 0,81% 2,94% 8,88%
MS 7,42 0,00% 0,00% 0,04% 5,21% 9,48%
MT 3,53 0,00% 0,00% 2,06% 4,66% 1,94%
PA 6,55 3,48% 2,11% 4,69% 0,00% 0,02%
PB 70,38 0,00% 12,54% 0,02% 0,00% 0,71%
PE 95,06 0,00% 9,36% 12,48% 5,25% 3,39%
PI 12,74 0,00% 0,00% 1,70% 0,00% 0,11%
PR 56 0,67% 0,00% 0,22% 4,40% 4,68%
RJ 378,75 0,00% 0,00% 1,38% 40,00% 0,00%
RN 65,2 0,00% 0,00% 3,89% 2,89% 0,74%
RO 7,44 0,00% 0,00% 8,34% 3,76% 0,00%
RR 2,25 0,00% 0,00% 3,63% 0,00% 0,00%
RS 39,92 28,51% 2,35% 0,62% 7,88% 0,00%
SC 71,52 28,68% 0,00% 0,51% 0,00% 0,10%
SE 102,37 0,00% 0,00% 0,41% 0,06% 0,32%
SP 178,87 0,00% 14,47% 7,73% 8,54% 54,07%
TO 5,46 0,00% 0,00% 0,03% 0,00% 0,00%

105

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