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Mecânica Aplicada -Resistência dos materiais

Indice
Introdução ....................................................................................................................................... 2
Conceito .......................................................................................................................................... 3
Tensões e Deformações .................................................................................................................. 3
O Ensaio de Tracção ................................................................................................................... 5
Elasticidade ..................................................................................................................................... 7
Tensão Admissível .......................................................................................................................... 8
Elasticidade Linear e Lei de Hooke ............................................................................................ 9
Relação de Poisson .................................................................................................................... 11
Deformações de Barras Carregadas Axialmente ....................................................................... 11
Solução .......................................................................................................................................... 13
Vigas ............................................................................................................................................. 14
Apoios ........................................................................................................................................... 16
Classificação.............................................................................................................................. 16
1. CARGAS .............................................................................................................................. 18
1.1. Carga Concentrada .......................................................................................................... 18
1.2. Carga Distribuída Uniforme ........................................................................................... 18
Momento Flector ....................................................................................................................... 19
Vigas engastadas com carga concentrada: .................................................................................... 19
Deformação na Flexão .............................................................................................................. 19
Tensão de Flexão .......................................................................................................................... 21
Dimencionamento ..................................................................................................................... 22
Conclusão...................................................................................................................................... 25
Referências .................................................................................................................................... 26

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1. Introdução

Na engenharia, a resistência dos materiais é estudada para que o engenheiro possa entender e
para que ele possa usar cada material no local certo e de maneira correcta, tendo em mãos, dados
que estudamos nessa matéria como, por exemplo: a capacidade do material resistir a uma força a
ele aplicada. A resistência de um material é dada em função de seu processo de fabricação e
dentre eles estão: encruamento (deformação a frio), adição de elementos químicos, tratamento
térmico e alteração do tamanho dos grãos.

Entretanto, tornar materiais mais fortes pode estar associado a uma deterioração de outras
propriedades mecânicas, por exemplo: na alteração do tamanho dos grãos, embora o limite de
escoamento seja maximizado com a diminuição do tamanho dos grãos, grãos muito pequenos
tornam o material quebradiço.

O dimensionamento de peças, que é um dos maiores objectivos de resistência dos materiais, se


resume em analisar as forças actuantes na peça para que a inércia da mesma continue existindo e
para que ela suporte os esforços empregados. Para isso é preciso conhecer o limite do material.
Isso pode ser obtido através de ensaios como, por exemplo: ensaio de tracção e impacto.

A ciência de resistência dos materiais é também muito importante para que não se tenha
prejuízos gastando mais material do que o necessário, acarretando também em outro problema
que é o excesso de peso e gastos desnecessários, que através de um cálculo bem feito, podem ser
reduzidos.

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2. Conceito
A resistência dos materiais é um ramo da mecânica aplicada que estuda o comportamento dos
sólidos quando estão sujeitos a diferentes tipos de carregamento.
Os sólidos considerados nesta disciplina são barras carregadas axialmente, eixos, vigas e
colunas, bem como estruturas que possam ser formadas por esses elementos. Geralmente, o
objectivo da análise será a determinação das tensões, deformações específicas e deformações
totais produzidas pelas cargas; se essas quantidades puderem ser determinadas para todos os
valores crescentes de carga, até o ponto da fractura, tem-se um quadro completo do corpo.

3. Tensões e Deformações
Os conceitos de tensão e deformação podem ser ilustrados, de modo elementar, considerando-se
o alongamento de uma barra prismática, Fig. 1(a). Uma barra prismática tem secção constante
em todo o comprimento e eixo recto.
Nesta figura, supõe-se a barra carregada nas extremidades por forças axiais, P, que produzem
alongamento uniforme ou tracção na barra. Fazendo um corte imaginário (corte mm) na barra,
normal ao seu eixo, é possível isolar parte dela como corpo livre, Fig. 1 (b). A força P é aplicada
na extremidade direita, aparecendo à esquerda as forças que traduzem a acção da parte removida
sobre a que ficou.

Figura 1 - Barras carregadas.

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A força por unidade de área é denominada tensão, sendo comummente designada pela letra grega
. Supondo que a tensão seja uniformemente distribuída sobre toda a secção transversal, pode-se
ver facilmente que a resultante é dada pelo produto da intensidade de  pela área A, da secção
transversal da barra, equação a seguir:

P
=
A
Nesta equação, percebe-se que a unidade que mede a tensão é uma força dividida por uma área,
ou seja, N/m2 (Pascal - Pa). Quando a barra está sendo alongada pela força P, como na figura, a
tensão resultante é uma tensão normal de tracção; se as forças tiverem o sentido oposto,
comprimindo a barra, a tensão é de compressão. Inicialmente, supõem-se que a força é aplicada
no centróide da barra. Quando isto não acontecer e houver uma excentricidade na aplicação da
barra, surgirá um esforço de flexão na mesma, sendo este caso, objecto de estudos futuros. O
alongamento total de uma barra que suporta uma força axial será designado pela letra grega .
Assim, o alongamento por unidade de comprimento, ou alongamento específico, denominado
deformação, , é calculado pela equação:


=
L

onde L é o comprimento total da barra. Note-se que a deformação ( é uma quantidade a


dimensional, podendo ser determinada pela equação, caso o alongamento seja uniforme ao longo
da barra. Se a barra estiver sob tracção, ter-se-á uma deformação de tracção, representando um
alongamento do material; se a barra estiver sob compressão, tem-se uma deformação de
compressão, o que significa que as secções transversais adjacentes aproximar-se-ão.

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4. O Ensaio de Tracção
A relação entre as tensões e as deformações, para um determinado material, é encontrada por
meio de um ensaio de tracção.
Um corpo de prova que pode ser uma barreta circular ou rectangular, é colocado na máquina de
testar e submetido à tracção. A força actuante e as deformações resultantes são medidas à
proporção que a carga aumenta. Obtém-se as tensões dividindo as forças pela área da secção
transversal da barra, e a deformação específica dividindo o alongamento pelo comprimento ao
longo do qual ocorre deformação. Deste modo, obtém-se um diagrama tensão x deformação
completo para o material em estudo.
A forma típica do diagrama tensão x deformação para o aço estrutural aparece na Fig. 2 onde as
deformações axiais estão representadas no eixo horizontal, sendo as tensões correspondentes
dadas pelas ordenadas dos pontos OADCDE. DeO até A, as tensões são directamente
proporcionais às deformações e o diagrama é linear. A partir deste ponto, a proporcionalidade já
não existe mais e o ponto A é chamado limite de proporcionalidade. Com o aumento da carga, as
deformações crescem mais rapidamente do que as tensões, até um ponto B, onde uma
deformação considerável começa a aparecer, sem que haja aumento apreciável da força de
tracção. Este fenómeno é conhecido como escoamento do material e a tensão no ponto B é
denominada tensão de escoamento ou ponto de escoamento. Na região BC, diz-se que o material
tornou-se plástico e a barra pode realmente, deformar-se plasticamente, da ordem de 10 a 15
vezes o alongamento ocorrido até o limite da proporcionalidade. No ponto C, o material começa
a oferecer resistência adicional ao aumento da carga, acarretando acréscimo de tensão para um
aumento da deformação, atingindo o valor máximo ou tensão máxima2, no ponto D. Além deste
ponto, a deformação aumenta ocorrendo diminuição da carga até que aconteça, finalmente, a
ruptura do corpo-de-prova no ponto E do diagrama.
Durante o alongamento da barra, há uma contracção lateral, que resulta na diminuição da área de
secção transversal. Isto não tem nenhum efeito no diagrama tensão x deformação até o ponto C,
porém, deste ponto em diante, a diminuição da área afecta de maneira apreciável o cálculo da
tensão. Ocorre estrangulamento (estricção) na barra, Figura 2 a) que, no caso de ser considerado

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no cálculo de  , tomando-se a área real da secção reduzida, fará com que a curva do diagrama
tensão x deformação verdadeiro siga a linha interrompida CE’ da Figura 2 b). A carga total que a
barra suporta diminui depois de atingir a tensão máxima, linha DE, porém tal diminuição decorre
da redução da área e não por perda da resistência do material. Este resiste realmente a um
acréscimo de tensão até o ponto de ruptura. Entretanto, para fins práticos, o diagrama tensão x
deformação convencional, OABCDE, baseado na secção transversal original, dá informações
satisfatórias para fins de projecto.

(a) (b)

Figura 2 – Diagrama tensão x deformação do aço: (a) sem escala; (b) em escala.

Figura 3 - Corpo de prova, máquina de ensaio e estricção.

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É possível traçar diagramas análogos aos de tracção, para vários materiais sob compressão,
estabelecendo-se tensões características, tais como limite de proporcionalidade, escoamento, e
tensão máxima. Os materiais costumam ser divididos em dúcteis e frágeis. Os materiais dúcteis
que compreendem o aço estrutural e outros metais, se caracterizam por apresentarem um patamar
de escoamento bem definido. Já os materiais frágeis, como ferro fundido, vidro e pedra, são
caracterizados por uma ruptura que ocorre sem nenhuma mudança sensível no modo de
deformação do material. Então, para os materiais frágeis não existe diferença entre tensão última
e tensão de ruptura. Além disso, a deformação até a ruptura é muito menor nos materiais frágeis
do que nos materiais dúcteis.

5. Elasticidade
Os diagramas tensão x deformação apresentados anteriormente, ilustram o comportamento de
vários materiais, quando carregados por tracção. Quando um corpode-prova do material é
descarregado, isto é, a carga é gradualmente diminuída até zero, a deformação sofrida durante o
carregamento desaparecerá parcial ou completamente. Esta propriedade do material, pela qual
ele tende a retornar à forma original, é denominada elasticidade. Quando a barra volta
completamente à forma original, perfeitamente elástica; mas se o retorno não for total, é
parcialmente elástica.
Neste último caso, a deformação que permanece depois de retirada a carga é denominada
deformação permanente. Ao se fazer um ensaio de tracção em determinado material, a carga
pode ser levada até um certo valor (pequeno) e, em seguida, removida. Não havendo deformação
permanente, isto é, se a deformação da barra voltar a zero, o material é elástico até aquele valor
atingido pela carga. Este processo de carregar e descarregar o material pode ser repetido para
sucessivos valores, cada vez mais alto. Em certo momento, atingir-se-á um valor que fará com
que a deformação não volte a zero quando se retirar o carregamento da barra. Desta maneira,
pode-se determinar a tensão que representa o limite superior da região elástica; esta tensão é
chamada limite elástico. Para os aços e alguns outros materiais, os limites elásticos e de
proporcionalidade são aproximadamente coincidentes. Materiais semelhantes à borracha,
entretanto, possuem uma proporcionalidade – a elasticidade – que pode continuar muito além do
limite de proporcionalidade.
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6. Tensão Admissível
Ao projectar uma estrutura, é necessário assegurar-se que, nas condições de serviço, ela atingirá
o objectivo para o qual foi calculada. Do ponto de vista da capacidade de carga, a tensão máxima
na estrutura é, normalmente, mantida abaixo do limite de proporcionalidade, porque somente até
aí não haverá deformação permanente, caso as cargas sejam aplicadas e, depois, removidas. Para
permitir sobre cargas acidentais, bem como para levar em conta certas imprecisões na construção
e possíveis desconhecimentos de algumas variáveis na análise as estrutura, normalmente
emprega-se um coeficiente de segurança, escolhendo-se uma tensão admissível, ou tensão de
projecto, abaixo do limite de proporcionalidade. Há outras situações em que a tensão admissível
é fixada tomando-se um coeficiente de segurança adequado sobre a tensão máxima do material.
Isto é normal quando se trata de materiais quebradiços, tais como o concreto ou a madeira. Em
geral, quando se projecta em função da tensão admissível, uma das equações seguintes deve ser
usada no cálculo da tensão admissível, adm.

 lim
adm = ne ouadm =
1 n2

onde e e lim representam, respectivamente, a tensão no ponto de escoamento e a tensão


máxima do material, e n1 e n2, os coeficientes de segurança. A escolha adequada do coeficiente
de segurança é assunto complicado pois depende do tipo de material e das condições de serviço.
Quando as cargas são dinâmicas (súbita mente aplicadas ou com intensidade variável), tais como
as que ocorrem nas máquinas, aviões, pontes, etc., é necessário usar maiores coeficientes de
segurança do que os correspondentes às cargas estáticas, dada a possibilidade de falhas por
fadiga do material.
Uma alternativa ao uso da tensão admissível no projecto é calcular a estrutura com um
coeficiente de segurança que evite o colapso completo. A intensidade da carga (ou cargas) que
causará a ruptura da estrutura deve ser determinada em primeiro lugar para, em seguida,
determinar-se a carga admissível (ou carga de trabalho), dividindo-se a carga de ruptura por um
factor de carga adequado. Este método de cálculo é conhecido como projecto por carga de
ruptura. Verifica-se que, nestes casos, as intensidades das tensões reais na estrutura não têm

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participação directa na determinação das cargas de trabalho. No cálculo das estruturas metálicas,
tanto o método da tensão admissível quanto o da carga de ruptura são de uso corrente.

7. Elasticidade Linear e Lei de Hooke


Os diagramas tensão x deformação da maioria dos materiais estruturais apresentam uma região
inicial de comportamento elástico linear. Quando um material se comporta elasticamente e
apresenta, também, uma relação linear entre tensão e deformação, diz-se que é linearmente
elástico. Esta é uma propriedade extremamente importante de muitos materiais sólidos, incluindo
a maioria dos metais, plásticos, madeira, concreto e cerâmicas.
A relação linear entre a tensão e a deformação, no caso de uma barra em tracção, pode ser
expressa pela equação seguinte:
lim = E
onde E é uma constante de proporcionalidade conhecida como módulo de elasticidade
do material.

Este é o coeficiente angular da parte linear do diagrama tensão x deformação e é diferente para
cada material. Alguns valores de E são apresentados na tabela abaixo (as unidades do módulo de
elasticidade são iguais às de tensão). Nos cálculos, as tensões e deformações de tracção são, em
geral, consideradas positivas, enquanto as de compressão são negativas. O módulo de
elasticidade é conhecido também como módulo de Young, por referência ao cientista inglês
Thomas Young (1773-1829), que estudou o comportamento elástico das barras. A equação é
conhecida como Leide Hooke, pelos trabalhos de outro cientista inglês, Robert Hooke (1635-
1703), que foi o primeiro a estabelecer experimentalmente a relação linear existente entre tensões
e deformações.

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Material Massa Módulo de Módulo de Tensão de Tensão


específica elasticidade elasticidade escoamento máxima de
(N/m3) E transversal G (MPa = ruptura σlim
(MPa = (Mpa = 103KN/m2) (MPa = 103
103 KN/m2 ) 103 KN/m2 ) kN/m2))
Aço 7,85 . 104 205.000 77.000 a 210 a 420 350 a 700
84.000
Aço (alta 7,85 . 104 77.000 a 350 a 1120 700 a 1960
205.000 84.000
resistência)
Ferro fundido 7,77 . 104 105.000 42.000 42 a 280 210 a 420

Madeira 0,277 a 0,832 7.000 a - - 28 a 70


(compressão) . 104 14.000
Concreto 2,36 . 104 14.000 a - - 14 a 70
28.0003
(compressão)
Tabela 1: Relação linear existente entre as tensões e deformações.

Quando uma barra é carregada por tracção simples, a tensão axial é  = P/A e a deformação
específica (alongamento relativo) é  = /L, como mostrado nas equações. Combinando-se estes
resultados com a Lei de Hooke, tem-se a seguinte expressão para o alongamento da barra.
P. L
E . A

Esta equação mostra que o alongamento de uma barra linearmente elástica é directamente
proporcional à carga e ao comprimento e inversamente proporcional ao módulo de elasticidade e
à área da secção transversal. O produto EA é conhecido como rigidez axial da barra.
A flexibilidade de uma barra é definida como a deformação decorrente de uma carga unitária. Da
equação anterior, tem-se que a flexibilidade é L/EA. De modo análogo, a rijeza da barra é
definida como a força necessária para produzir uma deformação unitária; então, a rijeza é igual a

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EA/L, que é a recíproca da flexibilidade. Esses dois elementos, flexibilidade e rijeza têm grande
importância na análise de vários tipos de estrutura.

8. Relação de Poisson
Quando uma barra é traciona da, o alongamento axial é acompanhado por uma contracção
lateral, isto é, a largura da barra torna-se menor e seu comprimento cresce. A relação entre as
deformações transversal e longitudinal é constante, dentro da região elástica, e é conhecida como
relação ou coeficiente de Poisson ; assim,
deformação lateral
 deformação axial

Esse coeficiente é assim conhecido em razão do famoso matemático francês S. D. Poisson (1781-
1840), que tentou calcular essa relação por meio de uma teoria molecular dos materiais. Para os
materiais que têm as mesmas propriedades elásticas em todas as direcções, denominados
isotrópicos, Poisson achou = 0,25. Experiências com metais mostraram que ,usualmente cai na
faixa de 0,25 a 0,35. Após definir-se o coeficiente de Poisson, pode-se obter então a deformação
transversal,
t = -

9. Deformações de Barras Carregadas Axialmente


Há uma variedade de casos que envolvem barras com carregamento axial em que as deformações
podem ser calculadas pela equação que se segue. Por exemplo, é fácil determinar as deformações
de uma barra carregada axialmente não somente pelas extremidades como também por uma ou
mais forças axiais intermediárias, como se vê na Figura 4(a). O procedimento para determinação
da deformação da barra representada nesta figura consiste em se obter a força axial em cada parte
da barra, isto é, nas partes AB, BC e CD e, em seguida, calcular separadamente o alongamento
(ou encurtamento) de cada parte. A soma algébrica dessas variações de comprimento dará a
variação total da barra. O mesmo método pode ser usado quando a barra é formada por partes de
diferentes secções transversais, como ilustrado na Figura 4(b).
Assim, vemos que, em geral, a deformação total, de barras formadas por várias partes, sob acção
de forças axiais ou tendo áreas diferentes de secções transversais, pode ser obtida pela equação

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PL
 = ∑ni=1 E iAi
i i

na qual o índice i identifica as várias partes da barra, sendo n o número total de partes.

Figura 4 – Barras carregadas axialmente.

Exemplo 1
1. A barra circular de aço apresentada na figura abaixo possui d = 20 mm ecomprimento
l = 0,80 m. Encontra-se submetida à ação de uma carga axial de 7,2 kN.
Pede-se determinar:

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(a) tensão normal actuante na barra


(b) o alongamento
(c) a deformação longitudinal
(d) a deformação transversal

Dados:
E aço = 210.000 MPa
aço = 0,3 (coeficiente de Poisson)

Solução
(a) tensão normal actuante()

F F 4F
A =d2 =d2
MPa
4.7200N 4.7200N 4.7200N ⏞
106N
(20∗10−3 m)2 +  ∗202 ∗10−6 m2 + *
 ∗202 m2

22,9 Mpa

(b) alongamento da barra ()


PL L 22,9∗106 Pa∗0,80m
 = EA = =
E 210000 8 106 Pa

0,087 ∗ 10−3 = 0,087mm

(c) a deformação longitudinal ()

 0,087
L = ∗ 10−3 m
0,80m

 0,000109 m/m = 109 

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(d) a deformação transversal (t)


t = -  = - 0,3 * 109
t = - 33 

10. Vigas
Estrutura linear que trabalha em posição horizontal ou inclinada, assentada em um ou mais apoios e
que tem a função de suportar os carregamentos normais a sua direcção (se a direcção da viga e
horizontal, os carregamentos são verticais).
Muitos problemas envolvendo componentes sujeitos a flexão podem ser resolvidos aproximando-os
de um modelo de viga, como mostra o exemplo nas figuras abaixo:

Figura 5 - (a) Talha transportadora; (b) o problema representado por um modelo de viga.

A figura acima mostra que um modelo de viga apresenta elementos que a definem, tais como os
apoios e carregamento suportado. Estes elementos podem variar a cada modelo, e por isso são
classificados quanto:

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Figura 6 - Vigas na posição (a) horizontal, (b) inclinada e (c) vertical

Figura 7 - Vigas (a) recta, (b) angular e (c) curva.

Figura 8 - Perfis estruturais: (a) perfil T, tubular, perfil C ou U e perfil L ou cantoneira;


(b) Perfil I ou duplo T, rectangular e quadrado vazado.

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11. Apoios
Apoios ou vínculos são componentes ou partes de uma mesma peca que impedem o Movimento
em uma ou mais direcções. Considerando o movimento no plano, podemos estabelecer três
possibilidades de movimento
• Translação horizontal;
• Translação vertical;
• Rotação.
As cargas externas aplicadas sobre as vigas exercem esforços sobre os apoios, que por sua vez
produzem reacções para que seja estabelecido o equilíbrio do sistema. Portanto, estas reacções
devem ser iguais e de sentido oposto as cargas aplicadas.

Figura 9 - Reacções nos apoios A e B da viga. De acordo com as condições de equilíbrio


Apresentadas anteriormente, temos que, para este exemplo: Carga = Reacção A + Reacção
B

12. Classificação
Os apoios são classificados de acordo com o grau de liberdade, ou seja, os movimentos
que permitem. Desta forma temos:

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Tabela 2: Classificação dos apoios.


De acordo com o tipo e numero de apoios, as vigas podem ser classificadas em:
Apoiadas (a) Engastadas (b)

Embalanço (c)

Figura 10 - Vigas apoiadas (a), engastadas (b) e embalanço (c).

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13. CARGAS

a. Carga Concentrada
Classificamos como carga concentrada, quando a superfície ocupada pela carga quando a
superfície ocupada pela carga e relativamente pequena em relação a viga. Exemplos: pés das
bases de máquinas; rodas de veículos, etc.

Figura 11 a) - Viga com carga concentrada.

b. Carga Distribuída Uniforme


Quando o carregamento e igualmente distribuído em um determinado comprimento ou portoda a
viga.

Figura 11 b) - Viga com carga distribuída.

c. Carga Distribuída Variável


Quando o carregamento e distribuído de forma variável em um terminado comprimento ou por
toda a viga.

Figura 11 c) e d) - Vigas com cargas distribuídas variáveis.

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14. Momento Flector


No dimensionamento de pecas submetidas a flexão, admitem-se somente deformações elásticas.
A tensão de trabalho e fixada pelo factor de segurança, através da tensão admissível.
A formula da flexão e aplicada nas secções criticas, ou seja, nas secções onde o momento flector
e máximo. O momento flector máximo pode ser obtido analisando os momentos no decorrer da
viga. Segue alguns exemplos mais comuns de vigas carregadas e a forma como calcular o
momento flector máximo.

Vigas engastadas com carga concentrada:

Figura 12 - Vigas engastadas com carga concentrada.

15. Deformação na Flexão


Sob acção de cargas de flexão, algumas fibras longitudinais que compõem o corpo sólido são
submetidas a tracção e outras “a compressão, existindo uma superfície intermediária onde a
deformação (ε) e a tensão (σ) para as fibras nela contidas tornam-se nulas, isto é, não se
encurtam e nem se alongam. Esta superfície e chamada de superfície neutra. A superfície neutra
intercepta uma dada secção transversal da barra segundo uma recta chamada linha neutra.

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Figura 13 - Deformações em vigas.


Os esforços de tracção e compressão aumentam a medida que se afastam da superfície neutra,
atingindo sua intensidade máxima nas fibras mais distantes a ela. O material obedece a Lei de
Hooke, ou seja, as tensões e deformações produzidas no sólido estão abaixo do limite de
escoamento do material (regime elástico).
Supondo uma viga submetida a esforços de flexão, constituída por uma serie de fibras planas
longitudinais, as fibras próximas a superfície convexa estão sob tracção e portanto sofrem um
aumento em seu comprimento. Da mesma forma, as fibras próximas a superfície côncava estão
sob compressão e sofrem uma diminuição no seu comprimento. Como na superfície neutra o
esforço é nulo, a deformação resultante também serão nulos, sendo assim um plano de transição
entre as deformações de tracção e compressão. De acordo com a Lei de Hooke, a tensão varia
linearmente com a deformação. Desta forma temos que a tensão de flexão varia linearmente
numa dada secção transversal de uma viga, passando por zero (tensão nula) na linha neutra.

Figura 14 - Superfície e linha neutra apresentadas num trecho de uma viga flectida.

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16. Tensão de Flexão


A equação abaixo e conhecida como fórmula da flexão, e a tensão normal σF, provocada quando
a barra se flexiona, e chamada de tensão de flexão.

Onde I e o momento de inércia da secção transversal em relação a linha neutra. O momento de


inércia e uma característica geométrica que fornece uma noção da resistência da peça. Quanto
maior for o momento de inércia da secção transversal de uma peça, maior será sua resistência.
Esta equação representa a distribuição linear de tensões apresentadas na figura 28. A tensão de
flexão assume seu valor máximo na superfície mais distante da linha neutra, ou seja, no maior
valor de y, onde y simboliza a distância a partir da L.N., podendo chegar até a superfície da peça.
Em vigas com secção simétrica (em relação a linha neutra), as tensões de tracção e compressão
produzidas durante a flexão terão o mesmo valor. Nas vigas com secções assimétricas, a tensão
máxima ocorrera na superfície mais distante da linha neutra.

Figura 15 - Diferentes distribuições de tensão para um mesmo perfil tipo “U” utilizado no
modelo de viga, conforme sua posição em relação ao momento flector aplicado.

A distribuição de tensões para o caso de perfis com secção assimétrica a linha neutra, como
apresentado Figura, deve ser observada durante o dimensionamento de componentes fabricado

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sem materiais que apresentam valores diferentes para os limites de resistência, como o ferro
fundido.

17. Dimencionamento
Para a equação de distribuição de tensões apresentada no item anterior, podemos observar que as
dimensões da viga estão associadas ao momento de inércia (I) e a distância da linha neutra a
fibra mais distante (y). A relação entre estas grandezas pode ser expressa pelo módulo de flexão:

O módulo de flexão W só depende da geometria da secção transversal da viga, veja a Tabela


abaixo:

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Tabela 3: O módulo de flexão W só depende da geometria da secção transversal da viga.

Substituindo esta relação na equação do item 6.7, temos:

, onde Mmax e o momento c máximo. Para que uma viga trabalhe em segurança, e necessário
que a tensão admissível estipulada para o projecto seja igual ou maior que a tensão máxima de
flexão:

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Essa relação mostra que a tensão máxima e inversamente proporcional ao modulo resistente W,
de modo que uma viga deve ser projectada com maior valor de W possível, nas condições de
cada problema. Em nosso estudo, o problema de dimensionamento estará associado a
determinação de W. Com esta grandeza, podemos decidir quanto ao perfil a ser utilizado, de
acordo com as restrições de projecto. O valor de W calculado na fórmula anterior serve como
base para escolhermos uma viga de um fabricante.

Exemplo 2:
Determinar o modulo de flexão para uma barra de secção rectangular de 3x8 cm, para (a)
b=3cm e (b) b=8cm.

b∗h2 3∗82
W= = = 16mm3
12 12
b∗h2 8∗32
W= = = 6mm3
12 12

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18. Conclusão
O conhecimento e a habilidade da elaboração de um Diagrama correcto é sem dúvida um
diferencial para o profissional da engenharia nos dias de hoje. Juntamente com Elementos
Finitos, a elaboração de Diagrama vem sendo cada vez mais solicitado em virtude de sua ampla
utilidade, como por exemplo, para se projectar uma determinada peça muito custosa para a
empresa, a engenharia de projectos utiliza-se desses artifícios para retirar materiais de sobra de
uma área ou mudar o tipo de reforço nos locais mais frágeis da peça.

Concluímos, portanto, que não basta saber quais as forças externas actuantes em uma peça, o
mais importante são as forças internas à ela.

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19. Referências
1. Apostila_resmatIX (Acessado em 27/08/2015 as 11h: 01mim);
2. ApostilaTensao-usada paravtrabalho de Vicente (Acessado em 27/08/2015 as
13h:13min);
3. Capitulo1 e resmat2007a (Acessado em 28/08/2015 as 16h:15min);
4. DUTRA, K., Resistência dos materiais, aprenda praticando, 2005;
5. GASPAR, R., Mecânica dos materiais, São Paulo, 2005;
6. http://www.cesec.ufpr.br/etools/firstapplets/montanha/java/tarefas/tarefa4/resistencia/resi
stencia.html (Acessado em 05/09/2015 as 14h:10min);
7. http://www.civil.ist.utl.pt/~cneves/estatica/Folhas/Diagramas%20de%20esforcos.pdf
(Acessado em 27/08/2015 as 10h: 29min).

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