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Trabalho - Trabalho Na Contemporaneidade PDF
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O presente trabalho, tem como objetivo elaborar uma síntese dos dois textos
mencionados acima na tentativa de uma apropriação teórica destes para a utilização em
estudos posteriores relacionados à pesquisa de dissertação do autor desta síntese.
A elaboração dessa síntese assim como as breves linhas da conclusão também faz
parte de um movimento de problematização, reflexão e síntese de diversos questionamentos
que surgiram no decorrer da disciplina “Trabalho na contemporaneidade”.
SÍNTESE 1:
DIALÉTICA DA DEPENDÊNCIA
Ruy Mauro Marini
Essa relação possibilitou que o eixo de exploração do trabalho nas economias centrais
se deslocasse da exploração de mais-valor absoluto para a exploração do mais-valor relativo,
ou seja, possibilitou as condições materiais necessárias para um aumento da acumulação
através de um crescente e constante aumento de produtividade nos setores
industriais/manufatureiros visando um aumento da extração de mais-valor. A grande
quantidade de capital utilizado para a consolidação desse processo só foi possível através do
aumento geral da exploração dos proletários latino americanos.
3. A superexploração do trabalho
[...]a característica essencial está dada pelo fato de que se nega ao trabalhador as
condições necessárias para repor o desgaste de sua força de trabalho: nos dois
primeiros casos, porque ele é obrigado a um dispêndio de força de trabalho superior
ao que deveria proporcionar normalmente, provocando-se assim seu esgotamento
prematuro; no último, porque se retira dele inclusive a possibilidade de consumir o
estritamente indispensável para conservar sua força de trabalho em estado normal.(p.
126)
Esses mecanismos, que podem ou não aparecer de forma combinada, faz com que o
trabalho seja remunerado abaixo de seu valor, gerando assim uma situação de
superexploração de trabalho.
Neste caso, não é o tempo total da vida do trabalhador que está se levando em conta,
mas sim o tempo em que este se converte em força de trabalho no qual se produz valor e
mais-valor. A reprodução da força de trabalho em seu tempo “livre” fica ao encargo do
próprio proletário. Ao pensarmos na escravidão imposta ao trabalhadores da américa, vimos
que este se apresentava enquanto um entrave ao avanço do capital, visto que neste modo de
produção, apesar de reduzir drasticamente a vida do trabalhador, deixava a cargo da burguesia
todas as despesas relacionadas à reprodução da vida desses trabalhadores assim como os
gastos oriundos a reposição da força de trabalho.
Em síntese, num determinado momento da história, a própria escravidão na América
Latina representou um entrave ao avanço das forças produtivas. Na nova relação de trabalho
assalariado, a perda de um trabalhador pode ser reposta sem custos de aquisição e o valor
pago por esse trabalho não precisa corresponder ao mínimo necessário para reprodução de sua
vida. Apesar do trabalhador escravo também ser superexplorado, a substituição dessa forma
de trabalho gerou uma maior acumulação de mais-valor.
No Brasil, a convivência da produção baseado no trabalho escravo e trabalho
assalariado, juntamente com o desenvolvimento de suas exportações, se apresentaram como
uma das vias de integração da América Latina ao capitalismo.
São essas as bases que se deu a industrialização da América Latina, e o autor dedica o
próximo tópico em caracterizá-la apontando algumas tendências que despontaram em sua
época.
5. O processo de industrialização
Neste artigo/ensaio, Adrián Sotelo Valencia busca trazer elementos para analisarmos a
validade teórica da Teoria Marxista da Dependência(TMD), e particularmente da teoria da
superexploração da força de trabalho(Sft) , para a análise contemporânea dos países latino
americanos.
Em um primeiro momento, o autor retoma um debate sobre a questão da mais-valia
absoluta e relativa, com o intuito de fazer a diferenciação entre os conceitos exploração e
superexploração da força de trabalho assim como levanta a necessidade do desenvolvimento
de uma economia política da dependência e o papel de Ruy Mauro nesse movimento.
A partir disso, Sotelo Valencia(2018), resgata a importância da teoria da dependência
de Marini para o entendimento da realidade. Neste sentido o debate sobre a exploração e
superexploração em Marini aponta para quanto maior o desenvolvimento tecnológico maior a
exploração do trabalho.
Esta tese se confronta frontalmente com as teorias desenvolvimentista defendidas pela
Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) no qual defendia que o
modelo da industrialização por substituição de importações, traria uma retenção de
investimento e consequentemente um desenvolvimento e conquista da “autonomia”
econômica desses países industrializados.
Sotelo Valencia(2018) aponta ainda que Marini contribuiu para o debate ao explicitar
que “a América Latina contribuiu para apressar o passo da mais-valia absoluta à relativa no
capitalismo clássico, na época da revolução industrial; ideia concreta que se converte em fio
condutor de qualquer teorização contemporânea sobre a Sft. ”(p. 18)
Outro tema importante da Sft contemporânea é sua relação com a flexibilização do
trabalho assim como a introdução de novas tecnologias no ambiente produtivo latino
americano. Gerando um grande incremento na produtividade mas ainda subordinando à Sft.
Em seguida, o autor aborda como que a flexibilização do trabalho como dispositivo do
novo padrão de reprodução capitalista, aliado ao processo de globalização, contribuiu para
uma efetiva universalização da lei do valor, levando a extrapolação dos limites da Sft que
estava até então restrito aos países dependendentes.
Nos últimos anos, vem ganhando força uma ideia relativa à possibilidade de
que se esteja estendendo no mundo desenvolvido, isto é, nas economias avançadas
do capitalismo central, um intenso processo de Sft, em virtude das múltiplas
dificuldades que o capitalismo está experimentando em escala global.(p. 24)
Como tentativa de superação da atual crise capitalista “não há outra saída possível
senão continuar aprofundando as reformas, impulsionando, consequententemente, a entrada
do regime de superexploração nessas sociedades[de capitalismo avançado][...]”(p. 26).
No entanto, o autor afirma que esta hipótese ainda é uma conjectura, formulada por
Marini, e ainda está passível de um maior confronto com a realidade através de acúmulo de
dados e comparações entre os países para que esta seja comprovada.
Na tentativa de entender a relação da entre mais-valia absoluta, mais-valia relativa e
superexploração do trabalho o autor chega na seguinte síntese sobre as economias
dependentes contemporâneas:
CONCLUSÃO
MARINI, Ruy Mauro. Dialética da dependência. In: SADER, Emir (Org.). Dialética da
dependência: uma ontologia da obra de Ruy Mauro Marini. Petrópolis: Vozes, 2000. Cap. 2.
p. 105-166.