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Momentos reflexivos de superação ao lido.

Monique Rodrigues da Silva- 16-11-2019

No curso da escrita de minha monografia esbarro constantemente como o olhar elitista


dos postuladores do saber no Brasil. Principalmente quando em menção ao tempo de governo
sob a tutela do Partido dos trabalhadores representado na figura de Lula. Não importa o
posicionamento, defesa ou ataque, todos ele estão distante da realidade do Brasil. Em primeiro
por acobertar um sistema político econômico nacional que se perpetua por gerações, no qual
nossas elites mantêm-se poderosas através de exploração e manobras políticas de
apaziguamento com a insatisfação popular. Não seria 20 anos de governo a mudar 500 anos de
história.

Mas nossos intelectuais deixam a profunda impressão de fugirem desta seara, no curso
de algumas leituras sobre o governo petista há dos favoráveis a romantização do projetos
sociais, como se estes possibilitassem algum tipo de enriquecimento a população miserável.
Não isso só permitiu o acessa a comida, o que promove um melhor desenvolvimento em
consequência melhora nos rendimentos escolares. Isso nada mais foi do que investimento no
capital humano, que a nossa elite burra e preguiçosa insiste em ignorar.

Para piorar as análises temos os críticos negativos, estes querem atribuir todo a vilania
política deste país a um governo, dizendo que este governo consentiu que houve uma
perpetuação do governo de coalisão. Como se o sistematizado pela maior bancada do congresso
nacional fosse permitir, se observar o PMDB nunca – desde que me entendo por gente – fez
grande investimento em eleger um chefe do executivo, mas sempre foi a maior bancada do
congresso nacional. Temos neste país a doce ilusão que vivemos num presidencialismo, mas a
constituição de 88 delega poderes tácitos de um rei ao legislativo. Quando lhes dão tempo para
negociar travando pautas importantes que seriam a bem do povo. Ou podem negociar valores
para que algo seja aprovado. Esta forma de fazer política antecede qualquer governo
republicano.

Ela está presente numas das diversas brechas que os legisladores criam para beneficiar
algumas partes nas negociações. Outra crítica insensata deste grupo, diz respeito aos programas
de ação afirmativas do governo do PT, dizendo que isto traria o conformismo, e a imobilidade
dos movimentos sociais. Não me parece que isso atuaria sozinho neste sentido, mas a escassez
de tempo para alto reflexão, o temor numa sociedade na qual tudo tem preço de perder o
emprego. Sim, ações afirmativas só te fazem ver neste cenário a possibilidade de sobreviver
numa competição que antes você teria como perdida. E simplesmente ocupar o lugar de quem
explora.

Apesar de ser uma síndrome postulada para relações duais, a síndrome de Estocolmo
diria muito do fenômeno sobre o qual discorremos. Esta agressão pelo agressor, este desejo de
substituí-lo e gozar da mesma maneira que virá ele gozar sobre você, cria uma aliança para atos
de perversão. Neste sentido podemos apostar que a imobilidade das pessoas em sentido de
revolta social dar-se-ia muito mais por um fenômeno coletivo de síndrome de Estocolmo, do
que das ações afirmativas das políticas do PT. Essa na verdade só serviram de instrumento para
realização do desejo de exercício de poder.

Em minha simplória opinião, o governo Lula em suas políticas e associações foi uma
tentativa de inserção por identidade, em primeiro vejo Lula querendo que todos superassem
uma realidade da qual ele tem experiência real – a fome. Por isso grande investimentos em
programas de assistência, outro foi o acesso a informação através da cotas de acesso ao ensino
superior. Isso era acessar não só conhecimento do letramento, mas uma realidade tão irreal para
que não sabe com chegar ao final do mês com o que ganha. Era permitir que as pessoas
sonhassem, questionassem o porquê de alguém sentir-se pobre por não poder viajar duas vezes
no ano. O cara nem viajava, e sua pobreza dizia de não saber seria só arroz com feijão no final
do mês. Para quem não vive, isso revolta. Enfim, todo pobre sabe que isso não muda nada. E
prosseguem.

Mas achar que isso seria de graça com a elite que temos, se não for inocência, é de um
mau-caratismo intelectual. Todos vimos o que aconteceu com a presidente Dilma Rousseff ao
tentar sustentar os juros de empréstimos em 2%. Rapidamente as elites se rearranjaram em torno
de uma falsa nova classe média (não teve tempo hábil para quem sair da miséria perceber sua
real realidade, estas pessoas ainda estariam inebriadas pela sensação de enriquecimento por
frequência do mesmo espaço social), mobilizando acerca de um discurso moralizante de não
corrupção sobre um escândalo político do mensalão, no qual tudo se engendrou para
responsabilizar um único partido.

O que me surpreende como psicóloga é o comportamento infantilizado dos oprimidos,


atuando praticamente na fase o operatório concreto, no qual o juízo se faz sobre o que é
concretamente visível, sem qualquer capacidade de abstração. Nem perceber que o interesse da
elite estaria em jogo quando estas pessoas despertassem do sonho de equidade, e percebessem
que seu estado era momentâneo e assegurado numa política de Estado. Já que nada seria para
sempre, as crianças crescem, a universidade acabe e o mundo continuaria te explorando. Você
teve acesso a universidade, mas os cursos preparatórios não cabem no seu bolso. Você teve
acesso a universidade, mas os melhores empregos exigem que você tenha intercâmbio. Você
teve acesso a universidade, mas poucos conseguiram com isso para sem modelos de vitória. Por
não ser possível manter todos de fora, senão as falhas sociais da sociedade de capital começam
a aparecer.

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