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PADRONIZAÇÃO: EFEITOS DA VERCATILIZAÇÃO DAS

RESPONSABILIDADES “OS CULPADOS”


Andriely Ferreira Ferraz
Daiany Benjamim da Vitória
Jhony Barbosa Godoi Moreira
Robert Kennedy dos Santos Melo
Marilda de Oliveira Costa1

RESUMO:
Palavras-Chave:

1 Introdução

Deve-se iniciar o texto com uma breve introdução informando do que se trata. Nela deve
conter o objetivo, metodologia do estudo...

2 O que são os testes padronizados?

Foi na década de 90 do século XX que surgiu a implantação do Sistema de Avaliação


da Educação Básica – SAEB, que veio com a intenção de avaliar o desempenho da qualidade
da educação por meio dos testes padronizados, ocasionando assim o monitoramento do ensino
das escolas do Brasil. Através desse artigo precisamos compreender que avaliar não deve ser
sinônimo de medir, quando medimos o conhecimento de um aluno, pretendemos indicar o
quanto de certo conteúdo ele entende/conhece.
Os testes por muito tempo tem se proliferado, averiguando formas e métodos de
avaliar a escola, o ensino dos professores e os alunos. O tempo gasto nas preparações para os
testes são sistematicamente frisada somente nas matérias de relevância no caso, “português e
matemática” dessa maneira, deixando as outras matérias da grade curricular jogada para
escanteio, ou seja, eles enaltecem as disciplinas citadas acima, pois acreditam que podem
oferecer mais resultados.

1
Professora orientadora. Doutorado em Programa de Pós-graduação em Educação pela UFRGS pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia
UNEMAT, campus Cáceres-MT.
2

O atual sistema chamado de avaliação [...], mas que na verdade não passa de um
conjunto de testes padronizados de português e matemática, é claramente
insuficiente para aferir a qualidade da educação oferecida pelos sistemas de ensino,
mesmo considerando os limites dos objetivos postos pela legislação. (PINTO, 2008,
p. 59).

O sistema de avaliação requer certificar se o aluno tem obtido conhecimento perante


os conteúdos, analisar a forma de ensino do professor e observar como a gestão tem se
preocupado com os resultados. O termo responsabilização (accountability) vem significar a
prestação de contas sobre as informações das ações públicas. No caso da nossa pesquisa
vamos falar das políticas educacionais, as informações que as instituições prestam aos
indicadores de avaliações de ensino (Ideb)2
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é um suposto indicador de
qualidade, fazendo conhecer as competências e habilidades dos alunos e da escola. Elemento
fundamental para avaliar a educação e seus respectivos processos. O Ideb tem sido alvo de
muitas discussões por ser uma área de grande importância para as políticas educacionais. No
entanto, ele enfatiza muito os resultados dos discentes de acordo com sua aprendizagem, ou
melhor, avaliam as instituições de ensino de acordo com os resultados advindos dos alunos,
nesse caso por meio dos testes padronizados.
Nessa pesquisa pretendemos enfatizar o quanto esse modo de avaliar do Ideb tem
gerado uma preocupação enorme para as escolas, no viés que a realidade da escola diante ao
desenvolvimento dos conteúdos e da infraestrutura escolar são alguns elementos que vale uma
observação mais aprofundada, ou seja, as metodologias de ensino de certa maneira vão
intensificar o avanço no processo da aprendizagem, mas precisamos levar em consideração no
processo de cada aluno, mesmo diante a diversos métodos, alguns ainda tem dificuldades,
nesse caso a realidade do âmbito escolar precisa ser analisada.
Os testes extremante complexos quando entregue aos discentes causam na maioria das
vezes a sensação de incapacidade e frustração, uma vez que o mesmo teste efetua-se para
várias instituições de ensino, isto é, requer apenas uma visão de indicar a qualidade,
posicionando uma visão neutra diante da realidade.
[...] Podemos afirmar que educação de qualidade custa caro e que, por mais que o
Estado exerça suas diferentes formas de pressão sobre as escolas – umas mais
diretas (leis e decretos, por exemplo), outras mais indiretas (como, por exemplo,
pela intensa difusão de conceitos como descentralização, democratização,
flexibilização, autonomia, participação, etc.) – ou proponha estímulos pecuniários,
por meio da remuneração por competência avaliada com base na produtividade e
certificações, e por meio de bônus vinculados aos resultados do IDEB e IDESP, o

2
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas de Anísio Teixeira (Inep), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e
estabelecer metas para a melhoria do ensino. (MEC, 2018)
3

que define a qualidade nos processos educativos é o investimento massivo na


qualidade da formação dos professores (inicial e continuada), melhoria nas
condições de trabalho, salários dignos e infraestrutura adequada à excelência dos
processos educativos. (CHIRINÉA e BRANDÃO, 2015, p.467)

Ao analisar podemos perceber que para se obter uma boa qualidade, quanto no ensino,
tanto na aprendizagem dos alunos o Estado deve articular o investimento para os requisitos
necessários, para que o ensino se ajuste para boas condições de aquisição do conhecimento.
Para atingir qualidade não basta somente cobrar das instituições, ou que o aluno tenha
empenho e responsabilidade diante os conteúdos mas deve-se também impor formas de
qualidade ampla para essas redes escolares públicas, como mencionados a cima.
Podemos analisar a padronização dos testes através do contexto em que foram inseridos,
posto que Freitas (2018) expõe que resumindo, os testes são uma forma de mostrar o baixo
desempenho das escolas públicas e enfatizar o fato de que as privatizando o ensino cresceria
no entendimento de rendimento e de qualidade.

Freitas (ano) defende que através da base nacional comum as escolas estariam voltadas
a ensinar somente o que se encaixa como importante para a reforma do mercado educacional.
Dessa forma, o Estado controla as competências que devem ser ensinadas nas instituições e
postula também os conteúdos dos testes, sendo assim, pode-se entender que fica a critério do
governo o resultado de tais testes.

A lógica esperada é que, definindo o que se deve ensinar, a escola saberá o que
ensinar, os testes verificarão se ela ensinou ou não, e a responsabilização premiará
quem ensinou e punirá quem não ensinou. A isso a reforma chama de
“alinhamento”. (FREITAS, 2018, p.78)

Entende-se que, os testes não se encaixam somente na finalidade de medir o rendimento


da aprendizagem dos alunos em determinadas áreas, como é apresentado. Mas vai além,
servindo como um dos mecanismos da reforma empresarial, posto que, as escolas que não
tiveram um rendimento esperado correm risco de privatização, levando isso como a solução
para o problema de baixo desempenho. Como explana Freitas:

Mecanismos estão em uma dinâmica: bases nacionais curriculares(tanto relativas ao


que deve ser ensinado aos estudantes nas escolas quanto relativas à formação dos
profissionais da educação) fornecem as competências e habilidades para
“padronizar” o ensino e a aprendizagem; os testes (usualmente censitários) cobram a
aprendizagem especificada pela base e fornecem, por sua vez, elementos para inserir
as escolas em um sistema meritocrático de prestação de contas (accountability) de
seu trabalho, alimentando a competição entre escolas e professores. Nesse processo
as escolas que “falham” nas metas ficam vulneráveis à privatização. (2018, p.80)
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Sendo assim, o governo tem um controle sobre o que devesse ensinar, pois se os
resultados dos testes não forem de bom agrado e dentro do estimado as escolas (professores)
são punidas, fazendo com que as mesmas fiquem marginalizadas, posto que os resultados são
expostos publicamente.

Segundo Freitas (2018) nada é feito para que as condições de estudos melhorem, pois, a
intenção do Estado seria criar condições para induzir a privatização da educação, “ou seja,
acrescentam mais exigências sem remover os impedimentos que afligem as redes públicas”.
Através disso podemos observar que a padronização dos testes são um dos elementos usados
para a privatização das escolas, ideia essa que vem desde o neoliberalismo posto que uma de
suas vertentes era transformar instituições públicas em setores privados.

3 Efeitos das políticas de avaliações, o accountability

O movimento ideológico de neoliberalização que tem seus efeitos econômicos e


políticos mais acentuados a partir da década de 1990, no Brasil, também projeta seus
interesses em larga escala na educação. Quando se encerra o governo FHC e temos a ascensão
a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, alguns acreditavam que teríamos uma guinada
imediata contra todas as políticas neoliberais, porem isso não ocorre conforme o esperado. A
continua interferência dessa ideologia mostra-se ainda mais aprofundada mediante a criação
da Prova Brasil criada pelo Ministério da Educação brasileiro com a Portaria Normativa nº10,
de 24 de abril de 2007 e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Mesmo
quando “ao passo que a política de avaliação do ensino superior, com a eliminação do Provão
e a constituição do SINAES, parece caminhar no rumo certo, a política de avaliação do
Ensino Fundamental envereda por caminhos duvidosos”. (FREITAS, 2007, p. 967)

A criação dessas políticas tem um entrelaçamento a intenção de aferição da qualidade


e eficiência das práticas curriculares, como leitura, escrita e cálculos matemáticos, não apenas
dos sistemas de ensino, mas na mesma proporção dos professores e de suas práticas
pedagógicas. A maneira com a qual essa aferição é conduzida é apenas uma forma de
prestação de contas, nas palavras de Amaury Patrick Gremaud, diretor Avaliação da Educação
Básica do INEP: “O objetivo é usar o sistema de avaliação para prestar conta à sociedade[...]
(Seminário realizado em Salvador, em julho de 2007). Nessa ótica concordamos com Freitas:

“Por isso concluo que o IDEB é mais um instrumento regulatório do que um


definidor de critérios para uma melhor aplicação dos recursos da União visando
alterar indicadores educacionais. O resultado de cada município e de cada estado
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será (e já está sendo) utilizado para ranquear as redes de ensino, para acirrar a
competição e para pressionar, via opinião pública, o alcance de melhores resultados.
Ou seja, a função do MEC assumida pelo governo Lula mantém a lógica perversa
vigente durante doze anos de FH”. (FREITAS, 2007, p.697)

Essa política de accountability é um mecanismo operante das convicções liberais que,


dada a incapacidade e ineficiência das políticas econômica-sociais do sistema neoliberal, não
podem criar igualdade de resultados, haja vista a sua capacidade de remeter a fabula
meritocrática. Situação na qual, criam um engodo sob a égide da universalização do acesso
como forma de superação a necessidade da exigente universalização da qualidade, conforme
Freitas (2002). Ainda nesse sentido:

Eles não podem aceitar que uma espécie de “acumulação primitiva” (Marx) ou um
ethos (Bourdieu) cultural sequer interfira com a obtenção dos resultados do aluno.
Se aceitassem, teriam de admitir as desigualdades sociais que eles mesmos (os
liberais) produzem na sociedade e que entram pela porta da escola. (FREITAS,
2007, p.698).

A mecânica estabelecida nesta conjuntura de testes não surge por mero acaso. A
importação da política do accountability de um país de supremacia neoliberalista, é feito de
forma completa, que segundo Freitas (2019) são os vetores de privatização da escola pública
para o mercado. Assim, o autor utiliza as ideias de Castro (2011), um defensor da reforma
empresarial na educação, para nos apresentar os procedimentos pelo qual a reforma da
educação, por viés de padronizações e testes se fez nas escolas estadunidenses e fora
incorporada a educação brasileira, como procedimentos positivos e necessários para a
ampliação e melhoramento de nossa educação. Esses procedimentos são divididos por ele em
três etapas: padronização através de bases nacionais curriculares, testes censitários e
responsabilização verticalizada. Por esses “alinhamentos” torna-se possível a premiação de
quem ensinou e a responsabilização/punição de quem não ensinou, uma vez que a base
estabelece o que as escolas devem ensinar.

Uma vez instalado o ciclo, leis passam a regulamentar os processos de


responsabilização e definir como o cumprimento ou não das metas afeta o acesso e
recursos federais ou locais (editais de licitações específicos, acesso a programas ou
dotações especiais, bônus de mérito etc.) e define também a responsabilização dos
gestores (FREITAS, 2018, p.78,79).

É certo que a punição no meio educacional nuca foi e nunca será algo duradouro e
nem mesmo eficaz. Porem para os empreendedores da educação, a punição é uma vertente
necessária para suas pretensões privatistas e mercadológicas. Sendo assim, competição, e a
aferição de resultados promove a dinâmica perfeita.
6

O neoliberalismo, segundo Gentile (2009) “formula um conceito específico de


qualidade, decorrente das práticas empresariais é transferido, sem mediações, para o campo
educacional.” Para os novos liberais, a escola deve funcionar como uma empresa, devendo
todos os seus agentes cumprirem metas e adequar-se a padronizações verticalizadas. Nestes
contextos podemos perceber que não é levado em conta por essa ideologia as situações
condicionantes que, quase sempre se tornam determinantes, externas e alheia as condições da
escola.

Esse processo de prestação de contas (accountability) serve como pano de fundo para
despercebermos a realidade dos demais processos sociais: as desigualdades socioeconômicas
que o sistema capitalista produz. Quando WOOD (2003), nos brinda com sua compreensão de
que, capitalismo e democracia são incompatíveis, uma vez que as práticas humanas
convertidas em mercadoria deixam de ser acessíveis a todos, deixando assim de ser
democrática. Isso explica porque a universalização da qualidade é impensável, sendo
necessário assim, avaliar as escolas e não as políticas. Talvez por isso, curiosamente, de todas
as metas do PNE (Plano Nacional de Educação) a única que está em pleno funcionamento seja
a de mecanismo de avaliação, como a própria Prova Brasil.
As políticas de responsabilização fazem com que professores e gestores, tanto se
tornem reféns de empresas que vendem serviços e sistemas que prometem “qualidade” no
ensino, como também, inibem a possibilidade de apropriação e construção de currículos que
sejam capazes de formar cidadãos com capacidade de transformação do mundo e de suas
condições. No momento em que a escola, na necessidade de cumprir os acordos feitos pela
união, estados e municípios, para não perderem recursos, voltam-se apenas as disciplinas
cobradas nos testes. Nesse sentido, apresentamos a seguir a realidade de duas escolas
........para atender o pbjetivo.................

Considerações finais

Referências

CHIRINÉA, Andréia Melanda. BRANDÃO, Carlos da Fonseca. O IDEB como política de


regulação do Estado e legitimação da qualidade: em busca de significados. Ensaio: aval.
pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 23, n. 87, p. 461-484, abr./jun. 2015.
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FREITA, Luiz Carlos de, Educ. Soc. , Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 965-987, out.
2007 Disponível em http://www.cedes.unicamp.br : FREITA, Luiz Carlos de. A Reforma
Empresarial da Educação: nova direita, velhas ideias. São Paulo: Expressão Popular,
2018.

GENTILE, Pablo, Neoliberalismo e educação (Texto tirado do livro "Escola S.A.", Tomaz
Tadeu da Silva e Pablo Gentili - org.) 2014 Disponivel em <http://www.scridb.com.br>

PINTO, J. M. R. O custo de uma educação de qualidade. In: CORREA, B. C.; GARCIA, T.


O. (Org.). Política educacionais e organização do trabalho na escola. São Paulo: Xamã,
2008.

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