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O criticismo Kantiano
Curso de Filosofia do Direito – Eduardo Bittar & Guilherme de Almeida – Ed. Atlas –
São Paulo.
Lei Moral e autonomia em Kant
“Devo proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a minha
máxima se torne uma lei universal”.
Kant afirma que se as ações humanas se regulam por meio de uma intenção
egoísta, não podem se caracterizar como livres, pois estão ancoradas em inclinações, ou
seja, em desejos, intenções e impulsos egoístas.
Uma ação por dever não está fundada na conseqüência da ação, no objeto do
querer, mas no princípio formal e racional (ligado à intenção) que a determina. Portanto,
para se pensar uma ação por dever, é necessário pensar em um princípio formal da
vontade (ou do querer). Em segundo lugar, para Kant, esse princípio formal da vontade
deve ser compreendido como uma lei da razão, daí ele dizer que o “dever é a necessidade
de uma ação por respeito à lei”. Assim, a ação por dever respeita uma determinada lei da
razão. A moral kantiana não é prescritiva, no sentido de possuir um conteúdo prévio
gerador de valores, mas terá de ser compreendida como um procedimento racional de
avaliação das ações dos homens.
Uma ação somente pode ser considerada moral se for livre, e só pode ser vista
como livre no momento em que passa pelo critério de avaliação fornecido pela própria
razão, pela universalização de sua máxima por meio do imperativo. É a razão que,
portanto, determina a condição moral de uma ação.
Com relação ao conceito de autonomia, Kant afirma que todo ser racional deve se
submeter à lei moral e, portanto, deve obedecer à razão e a seu mandamento objetivo.
Entretanto, o homem, enquanto ser racional, dotado de razão, não é apenas o destinatário
da lei, mas também o seu próprio legislador, e, participa, assim, da legislação universal
da razão. Nesse sentido, o próprio conceito de dever é ampliado, pois o homem é obrigado
a respeitar a lei racional também porque a formulou. Uma ação é livre porque é autônoma,
porque além de seu princípio estar desvinculado de qualquer relação com inclinações
sensíveis, esse princípio possibilita que a ação seja compreendida como uma
autodeterminação do homem.
Curso de Filosofia do Direito – Eduardo Bittar & Guilherme de Almeida – Ed. Atlas –
São Paulo.
A reflexão hegeliana parte da premissa de que os indivíduos não são dados, mas
se formam por meio de um processo de socialização. Assim desde sempre o indivíduo se
encontra em convívio intersubjetivo. Esse convívio, na medida em que é sempre
determinado por costumes e valores, por vínculos éticos de maneira geral, é chamado por
ele de eticidade. Ele supõe para todo processo de socialização do indivíduo um conjunto
de obrigações intersubjetivas dadas na eticidade (civilização). Em uma determinada
comunidade pode haver o reconhecimento intersubjetivo da particularidade de todos os
seus membros.
Na dialética do crime e do castigo, Hegel afirma que o crime é visto como um ato
que gera cisões no todo da vida ética. Sentindo o castigo como destino, o criminoso pode
enfim compreender que, ao destruir a vida de um outro, destruiu a unidade de sua
existência. Ele passa então a sentir a nostalgia da vida unificada, da qual ele dependia.
Curso de Filosofia do Direito – Eduardo Bittar & Guilherme de Almeida – Ed. Atlas –
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