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2.

ELEMENTOS DA NOTÍCIA

Neste capítulo, serão abordados os elementos da notícia, expondo características dos


gêneros textuais, reunindo e desenvolvendo os critérios de noticiabilidade, enfatizando seu
impacto sobre o movimento LGBT, além de apresentar teorias como gatekeeper e newsmaking,
dando ênfase para as notícias LGBT.

2.1 Gênero Textual da Notícia

Segundo o pesquisador e jornalista Felipe Pena1, na década de 1920 a palavra mídia foi
ouvida e passou a ser citada entre as pessoas. Uma geração depois, em meados de 1950, ouve-
se a revolução da comunicação, sob o interesse dos meios de comunicação. Os quesitos de
opinião pública passaram a ser aceitos no século XVIII e a preocupação das massas sociais
passa a ser visível no século XIX, época em que os jornais serviam como ferramentas
auxiliadoras de uma consciência nacional, considerando as pessoas a ficarem atentas. Na
primeira metade do século XX, surgiu a curiosidade pelo estudo da propaganda, ampliando
assim o conceito de comunicação.
De acordo com o escritor José Maurício Capinussu2, a comunicação traz a compreensão
sobre a informação, entretenimento e ideias em forma de palavras e imagens, através da fala,
escrita, publicações, televisão e rádio e após algum tempo a internet. De forma significativa e
importante, foi com a era do rádio que o meio acadêmico reconheceu a importância da
comunicação, estimulando a mídia.
Para os historiadores Asa Briggs e Peter Burke3 com o surgimento das novas tecnologias da
comunicação, a impressa de uma forma geral, passa a se modificar, se adaptando as novas
formas de veiculação e tratamento da notícia. O jornalismo impresso é a forma de comunicação
mais antiga e deixa marcas importantes e significativas desde a revolução da gráfica de
Gutenberg com a conhecida terceira revolução da comunicação: a Internet.
Burke e Briggs declara que a profissão do jornalista se deu no século XV e desde os
princípios esteve associada as novas tecnologias, como a invenção da prensa por Gutenberg e

1
PENA, Felipe Teoria do Jornalismo São Paulo: Contexto, 2005
2
CAPINUSSÚ, José Maurício. Comunicação e transgressão no esporte. Ibrasa. São Paulo, 1997.
3
BRIGGS, Asa e BURKE Peter. Uma História Social da Mídia De Gutenberg à Internet edição revista e
ampliada. Tradução: MARIA CARMELITA PÁDUA DIAS Depto. Letras/puc-Rio Revisão Técnica: PAULO
VAZ ECO/UFRJ ZAHAR Jorge Zahar. Editor: Rio de Janeiro, 2006.
sempre está no advento de novas tecnologias e desenvolvimento. O jornalismo desde o início,
por conta da informática, pautou dois impactos determinantes para que a profissão pudesse estar
em crescimento e se tornasse o que é: a digitação da informação e a facilidade da transmissão
dos dados.
Para a melhor compreensão do estudo, faz se necessário o entendimento do termo
gênero. Segundo o filósofo Mikhail Bakhtin4, o gênero é conceituado a partir de critérios como
condições e finalidades, além de conteúdo temático e construção composicional. De acordo
com o doutor em linguística e pesquisador Nilson Lage5, a notícia, classificada em seus termos
como gênero, só é considerada assim, se conter informação, do contrário, ela é apenas um relato
do nada. Ou seja, a informação se transforma em notícia através de técnicas jornalísticas,
respeitando uma estrutura específica do seu gênero e seguindo uma série de regras de ética
jornalística.
Ainda sob a afirmação de Lage, a diferença entre o gênero literário e o jornalístico é a
forma industrial no qual o jornalismo processa as informações para consumo imediato da massa,
além da maneira comunicacional direta, objetiva e curta, comparada ao gênero literário. Sob o
mesmo ponto de vista, o pesquisador Elcias Lustosa6 afirma que “notícia é a técnica de relatar
um fato”, ou seja, a notícia é o relato do fato em si, não propriamente o fato, entretanto, além
da descrição dos fatos, é necessário que o mesmo, emocione e desperte o interesse no leitor.

Nilson Lage, citado anteriormente, complementa que a notícia se faz notícia enquanto relato, a
partir de um fato importante ou interessante, e que para a produção desse conteúdo é essencial
que o redator pesquise afundo, apure os fatos, selecione e filtre, os dados e informações
importantes para que enfim possa lhe interpretar. A notícia é a matéria prima do jornalismo,
fatos políticos, sociais, culturais e econômicos podem ser notícias, assim como outros assuntos
podem ser notícia se afetarem um grupo de indivíduos significativo para específico veículo de
imprensa. É importante destacar que nem todo texto jornalístico é noticioso, mas toda notícia é
objeto para apuração jornalística.
Uma característica importante em um texto noticioso é o lead, também conhecido como
“cabeça”, por iniciar o texto da notícia, fazendo a abertura do conteúdo. A palavra é originada

4
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. De Maria E. Galvão G. Pereira. 2 ed. São Paulo:
Martins fontes, 1997
5
LAGE, N. Ideologia e Técnica da Notícia. Petrópolis: Editora Vozes, 1998
6
LUSTOSA, E. O texto da notícia. Brasília: Editora UnB.,1986.
do inglês, Lead, que quer dizer “guiar”. O lead, localizado nos primeiros parágrafos do texto
apresenta o assunto de forma superficial ou podendo destacar explicitamente o fato principal.
O lead se encontra nas primeiras linhas do texto informativo e tem como característica
a estrutura textual em pirâmide invertida, quando as informações principais são dadas no início
do conteúdo, podendo diferenciar entre os principais tipos: Lide clássico, respondendo no
parágrafo as questões: “Quem?”, “O quê?”, “Quando?”, “Onde?”, “Porque?” e “Como?”, lide
resumo, lide flash e lide narrativo.
De acordo com o doutor em jornalismo José Marques Melo7, a pertinência de qualquer
pesquisa se acha nas perguntas, onde o pesquisador possui consciência do relativismo e não se
encaixe em hermetismo, levando a teoria à ênfase das questões. Livros e pesquisas que se
analisa e compreende a área do jornalismo são produzidos no Brasil, desde o século 20 passado,
com desenvolvimento a partir dos anos 60/70. Apesar disto somente em meados dos anos 90,
os principais cursos de graduação criaram cadeiras especificas para debater a Teoria do
Jornalismo.
Para Pena1 a natureza do jornalismo está no medo do desconhecido que leva o homem
a querer aquilo ao contrário, ou seja, conhecer. O autor ainda discute a noção do tempo e do
novo jornalismo, a objetividade que em casos sem revisão as novas contribuições de pesquisas
e classificação dos gêneros. Os empréstimos teóricos e conceituais são uma marca para que se
torne mais evidente com estudos psicológicos e sociais
Pena1 afirma que os veículos de comunicação foram unânimes em apontar o marco
oficial de um começo de século, fazendo que por através de suas lentes reconstruíram os
acontecimentos por inúmeras vezes ofertando ao mundo e a sociedade a ideia que estavam vem
do o espelho da realidade.
Pena1 enfatiza que os historiadores da atualidade, deram o uma era inicial da mídia. Não
basta atingir o símbolo do império capitalista, como também que o mundo fosse testemunha e
tivesse conhecimento dos fatos que ocorriam na época. Assim, o jornalismo (e os jornalistas)
passam a se aventurar em todos os tipos de lugares, e riscos para que assim possam trazer a
notícia ao conhecimento da população.
Discorrendo ainda sobre o assunto, o pesquisador André Filho Barbosa8, alega que por
representarem manifestações culturais e estarem ligados aos fatos que se alteram as decisões

7
MELO, José Marques. Jornalismo Brasileiro. Porto Alegre: Sulina, 2006.
8
BARBOSA Filho, André. Gêneros radiofônico: os formatos e os programas de áudio. São Paulo:
Paulinas, 2003.
sociais, os gêneros e formatos jornalísticos devem ser estudados como um todo histórico, visto
que os gêneros estão sempre a se transformar e se alteram a cada país. Para uma análise mais
profunda dos gêneros, se apropria a conceitos de Platão, onde o mesmo definiu três tipos de
gêneros, sendo mimesis (tragédia e comedia), expositivo (nomo) e misto (epopeia).
Barbosa8 adentra que os gêneros passam a ser formas que elevam a compreensão dos
textos veiculados pela mídia, onde as definições aparecem no estilo e no manejo da linguagem.
Existe assim também a diferença na justa forma de como o texto é descrito, podendo ser
jornalismo noticioso ou literário, e devido a essa dificuldade de análise e múltiplas propostas.
Melo7 traz que os gêneros não devem ser misturados, como um voto de obediência,
fidelidade ou compromisso e sim ser fiel a lei da pureza. Os gêneros discursivos podem ser de
ordem expositiva, sobre um determinado assunto, discorrido em atos de comunicação
linguística. Os gêneros midiáticos jornalísticos são os mais difíceis de se definir, visto que a
identidade do jornalismo, quanto objeto científico e alcance autônomo que passa pela
sistematização dos processos sociais inerentes a captação, registros e difusão da informação da
atualidade, assim o discurso manifesto tornam a classificação indireta perceptível.
Barbosa8 traz que dado o século XIX, a notícia passa a ser mais evidente e se consolida
como acontecimentos da época, Melo enfoca que o gênero e o formato jornalístico tomam a
base das publicações do século, onde esse momento um acordo
visto que o jornalista não pode transgredir no campo que separa o real da ficção, surge o acordo
de cavalheiros entre leitores e jornalistas para que seja possível a leitura de notícias reais.
Melo7 aborda que a notícia é o que o público precisa, e o mesmo também deseja falar,
pois a sinergia entre leitor e publicação acaba por alterar formatos, linhas editoriais e conteúdo,
lidando com interesses humanos e informações atuais. Para designar melhor os gêneros de uma
época e país, Melo propõe que haja uma classificação dos gêneros jornalísticos configurando
em agrupamento de categorias correspondentes a relatos em dois tipos:
1. A reprodução do real: através da qual o jornalista comunica os fatos noticiosos
2. Leitura do real: jornalismo opinativo, no qual existe uma análise da realidade dentro de
uma conjuntura temporal.
Barbosa8 enfatiza os gêneros e os formatos jornalísticos podem servir para integrar um
diálogo entre jornal e leitor, através de exigências dos leitores que os conteúdos se alteram,
sendo os gêneros informativos, como notas, notícias, reportagens, títulos e chamadas; os
gêneros opinativos como comentários, resenhas e artigos; os gêneros ilustrativos como gráficos,
tabelas e ilustrações; propaganda sendo ela comercial, legal e institucional e entretenimento,
como passatempos, jogos, folhetins, palavras cruzadas e afins.
2.2 Critérios de noticiabilidade e o seu impacto
Pena1 traz a teoria do jornalismo, acredita-se que não se passa de um reducionismo,
estando na natureza do assunto, significando que é preciso enquadra-lo a um ponto de vista
determinado, mesmo que se utilize dos mais diversos conceitos e metodologias. A teoria do
jornalismo, se faz para aprofundar o conhecimento sobre ela, ampliando de forma que se utilize
métodos de análise que promovem questões que possam servir para incentivar a criação de
outros métodos, produzindo novas questões.
Melo7 adentra a teoria do jornalismo se preocupa em abordar duas questões, como são
as notícias e quais os efeitos que estas geram. Assim a primeira se preocupa com a produção
jornalística enverada pelo estudo da circulação do produto, ou seja, a notícia que por sua vez é
resultante da interação histórica e da combinação de vetores, como cultura, pessoal, social,
tecnológico e outras. Já o efeito pode ser dividido em afetivos, cognitivos e comportamentais,
incluindo as pessoas, a sociedade, cultura e as civilizações.
Pena1 relata que acabam sendo influenciadas na própria produção da notícia em um
movimento mais retroativo de repercussão. A teoria do jornalismo se encaixa as obras sobre o
tema e a sua interação e influência sobre a sociedade e cultura desde o ponto de vista mais
acadêmico, filosófico e científico, com exceção das obras de opinião pública.
O pesquisador Jorge Pedro Sousa9 aborda que os fatos que determina a seleção dos
ocorridos – fatores organizacionais, profissionais e situacionais, pressupõe-se que os critérios
de noticiabilidade não são tão rigorosos como deviriam ser e nem de caráter universal. Assim
atuam de forma determinante da organização inter-relacionada no processo de construção de
notícias, operando conforme a determinação da empresa jornalística e através da hierárquica de
produção.
Já o sociólogo Mauro Wolf10 aponta os critérios de seleção dos elementos dignos a
serem inclusos na versão final vão desse o material disponível até a redação, funcionando como
linhas-guias para que o material seja realçado, o que deve ser omitido, o que é prioridade a se
apresentar ao público. As notícias são então, regras práticas que abordam um corpus de
conhecimento profissional que de forma implícita, muitas vezes explicam procedimentos
operativos redatoriais.

9
SOUSA, Jorge Pedro. As Notícias e os seus Efeitos: as “teorias” do jornalismo e dos efeitos sociais dos media
jornalísticos. Coimbra: Minerva Coimbra, 2000
10
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 8. ed. Lisboa: Editorial Presença, 1985
Mesmo que os critérios de noticiabilidade ocorram variações ao longo do tempo, Nelson
Tranquina11 , destaca que alguns valores-notícia possuem longa duração, ou seja, são capazes
de resistir ao longo dos anos. O autor ainda destaca três épocas que comprovam tal informação,
como os anos 70 do século XX, os anos 30-40 do século XIX e as primeiras décadas do século
XVII, demostrando que a notícia com informações extraordinárias, atuais, insólitas,
ilegalidades, calamidades, guerras e mortes sempre estiram presentes em publicações
jornalísticas.
De acordo com o autor Roque Moraes12 alguns dados do site G1.com, mostram a
decorrência a informação, notícia perante o público LGBT. A página de informação, possui
cerca de 50 milhões de visitantes e 510 milhões de páginas visitadas mensalmente. 61% do
público usuário de acesso, são compostos por pessoas de classe A e B e faixa etária entre 25 a
34 anos. Dada ênfase ao gênero, existe uma desigualdade de acessos, sendo 51% composto por
mulheres e 49% homens. Estando em atividade desde 2006, o portal concentra suas notícias em
carros, política, econômica, saúde, educação e cultura em caráter mundial. Em virtude, busca-
se os principais temas de cobertura jornalística perante a homossexualidade. Forma
identificadas 47 publicações em temas homossexuais, dividindo-se em apoio a causa, debates
homossexuais, violência incluindo assassinatos, agressões e ofensas, direitos sobre a política
pública LGBT e luta dos movimentos e manifestações sociais.
Para os pesquisadores e autores Aldenor da Silva Pimentel e Ana Carolina Rocha
Temer13 baseado no valor-notícia tempo, esteve presente o maior número de publicações sendo
37, evidenciando o trabalho jornalístico aos temas atuais, usado como gancho para ligar um
acontecimento a outro recente. A notícia por trás da bandeira LGBT usada como ganho para
evidenciar a luta do homossexualismo e a morte do criado da bandeira. Diante desse mundo de
notícias e canais de grande relevância, ainda sim, é pouco a credibilidade e o impacto das
notícias perante ao tema homossexual, visto que esse tema é somente abordado quando se tem
fatos sobre mortes, envolvimentos de tráfico de drogas, agressões, mobilizações, ou seja,
impactos negativos, excluindo e silenciando atitudes positivas e opostas a tais notícias.
Segundo a jornalista Luciana Moherdaui14, as publicações pouco são aprofundadas
sobre a homofobia e direitos ou até falta de direitos LGBT, realizando de forma majoritária

11
TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Vega, 2008.
12
MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, 1999
13
PIMENTEL, Aldenor da Silva; TEMER, Ana Carolina Rocha Pessôa. Newsmaking in Portuguese: uma
discussão das hipóteses de Gaye Tuchman no contexto brasileiro. Comunicação & Informação, v. 15, n. 2, 2012.
14
MOHERDAUI, Luciana. Guia de estilo web – produção e edição de notícias online. 2ª ed. São Paulo: Senac,
2002.
uma cobertura factual e não problematiza os desdobramentos dos reais problemas e barreiras
homossexuais. O movimento LGBT passou por grandes transformações nas últimas décadas, e
nesse período, as organizações não governamentais trabalharam para que houvesse uma
identidade para o grupo intensificar os diálogos com a sociedade, amparada na defesa dos
direitos humanos.
Na tentativa de unificação em uma sigla LGBT todos os amparados: conceitos, conflitos
e disputas sociais diversificadas. Autores como Traquina11 apontam que o grupo de lésbicas por
exemplo, é elencado nas discussões perante o universo homossexual pois sofrem duplo
processo preconceituoso: pela sexualidade e pelo fato de serem mulheres.
De acordo com o filósofo Michel Foucault15, a história da sexualidade já foi muito marcada
por repressão. No século VXII surgiu já as proibições maiores além da valorização exclusiva
da sexualidade adulta e matrimonial. A expressão sexual tem a função a repressão decerta, como
condenação ao desaparecimento, mas como injuria ao silêncio da abstinência do corpo.
Entretanto, para a pesquisadora Angele Murad16, torna-se importante a abordagem para
a compreensão do relato produzido pelos veículos de comunicação diante da comunidade
LGBT. Para compreender a forma que se estabelece atualmente, faz-se necessário a questão da
relação entre o jornalismo e a prática rotineira da profissão. Muitas teorias foram elaboradas,
como o lead já mencionado aqui anteriormente e o modelo de pirâmide invertida fortalecendo
uma ilusão ideal objetividade que com o passar dos anos a visão desses critérios se torna a
escolha das publicações nos veículos de comunicação de forma crítica.

15
FOUCAULT, Michel. A história da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988
16
MURAD, Angèle. Os valores notícia na imprensa oligopolizada e multimídia: olhares a partir do
newsmaking. Trabalho apresentando no NP02 - Núcleo de Pesquisa Jornalismo, XXV Congresso Anual em
Ciência da Comunicação, Salvador/BA, 04 e 05 de setembro, 2002.
2.3 Gatekeeper como agente de inclusão

Ainda segundo Moherdaui14, o equilíbrio entre a agilidade, credibilidade e


envolvimento do usuário no processo produtivo do jornalismo, não tem sido uma fácil tarefa
dentro da convergência das mídias. Para que se compreenda melhor tal abordagem, é preciso
que se discorra sobre a gatekeeper e a newsmaking, que abordam o processo produtivo das
redações dos meios de comunicação.
Traquina11 acrescenta que as hipóteses herdadas do jornalismo americano, e que
dissiparam no Brasil no final da década de 80, auxiliaram os profissionais a administrarem o
trabalho da redação, mesmo que aconteça de forma implícita, logo por meio desses conceitos,
os temas são avaliados e selecionados perante o seu potencial de virarem notícia. O cenário
atual não chega a colocar essas teorias em suspeição, porém exige uma realidade que permite
olhar essas hipóteses de uma forma mais crítica incluindo novas variáveis de interação.

Moherdaui14 aborda que o newsmaking aborda a notícia como uma construção que vê a
atividade jornalística como um reflexo da realidade. Os critérios de um veículo jornalístico
regem a noticiabilidade de acontecimentos e de fatos homofóbicos, que regem a identidade da
empresa de comunicação, de relacionamento com a sociedade, de posicionamento político-
ideológico, aspectos técnicos e até de circunstâncias de cobertura e identidade de cada
jornalista.
Traquina11 completa que a previsibilidade das notícias consiste em um
compartilhamento de valores-notícias por meio da comunidade jornalística, dessa forma os
jornalistas possuem um conjunto de processos e critérios que determinam os fatos,
acontecimentos que são merecedores de transformar o fato em notícia.
De acordo com os pesquisadores Bruno Souza Leal e Carlos Alberto Carvalho17, a
notícia é vista como um produto, resultado de um processo produtivo que exige técnicas e
racionalidades do profissional da comunicação baseando em estratégias que supõem o trabalho
através dos critérios de noticiabilidade.
João Pedro Sousa9 , já citado, afirma que o processo de seleção de notícias, incluindo
acontecimentos até a produção e construção da redação e da publicação, serve para legitimar o
trabalho jornalístico precavendo as empresas e os profissionais das críticas da sociedade.
Perante a publicação, as narrativas jornalísticas passam a agendar os temas que geram debate
na sociedade.
Leal e Carvalho17 descrevem que assim o gatekeping se volta ao conceito jornalístico
para edição, definindo o que será noticiado conforme o valor-notícia, linha editorial e outros
critérios, podendo ser considerado o ponto inicial da redação, responsável pela filtragem da
notícia, definindo os critérios editoriais. O seu uso, pode ser de grande auxílio para as notícias
LGBT, abordando os temas, verdades e notícias realmente relevantes.
Moherdaui14 aborda que resultado de todo esse processo é que muitas vezes no relato do
ocorrido, é efetuado sem a confirmação do ocorrido e na seleção rápida alguns jornalistas não
tomam a posse real de todos os dados necessários para efetuar a notícia. O newsmaking aborda
então a importância da cultura profissional dos jornalistas e da organização do trabalho e dos
seus processos. O objetivo dos órgãos de informação deve relatar os acontecimentos reais e
significativos parecendo um objetivo simples que precisa de uma explicação complexa.
Moherdaui14 enfatiza que o resultado de todo esse processo é que muitas vezes no relato
do ocorrido, é efetuado sem a confirmação do ocorrido e na seleção rápida alguns jornalistas
não tomam a posse real de todos os dados necessários para efetuar a notícia. O newsmaking
aborda então a importância da cultura profissional dos jornalistas e da organização do trabalho
e dos seus processos. O objetivo dos órgãos de informação deve relatar os acontecimentos reais
e significativos parecendo um objetivo simples que precisa de uma explicação complexa.
Segundo os escritores Carlos Alberto de Carvalho e Bruno Leal, 17 afirmam que a notícia
enfatiza a ilusãoD da realidade e leva o leitor a acreditar que lê um fato e não uma narrativa
perante um acontecimento social, através de técnicas, rotinas e procedimentos lógicos. Se o
conteúdo da notícia é estranho, a forma narrativa e o jornal são familiares, já que o receptor está
habituado a aquele veículo, e passa a não estranhar as relações que marcam a mídia e deixa de
observar a moldura para ver o que se apresenta de fato.
Moherdaui14 afirma que dessa forma se faz presente a reflexão dos pesquisadores,
criando estereótipos sobre a LGBT e seus símbolos que remetem de forma direta a causa. Assim
pode ser vista o uso da imagem da repetição gerada pelas entidades mediáticas, como a bandeira
de arco-íris, que já o símbolo do LGBT, logo quando se tem essa associação de imagem, já se
compreende que com mais naturalidade a notícia.
Sousa9 descrevem que newsmaking abordam o processo de construção da notícia como
dado interesse social. A investigação cientifica sobre o jornalismo e as notícias são executadas

17
LEAL, Bruno Souza; CARVALHO, Carlos Alberto de. Sobre jornalismo e homofobia ou: pensa
que é fácil falar. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação -
E-compós, 2009.
por uma corrente chamada comunication reserach. Através desses meios os estudos sobre o
newsmaking trata os meios de comunicação como emissores de mensagem produzidas, que
refletem as rotinas dos profissionais no ramo. A rotina é marcada pelos fatos, acontecimentos
regionais, nacionais e internacionais, atingindo a sociedade de forma impactante ou não.
Fatos extremamente consideráveis para a sociedade tomam conhecimento das notícias
a sua volta, sendo conhecido pelos programas veículos do jornalismo. Murad16 afirma que na
área do jornalismo os valores de notícia na impressa oligopolizada são dadas a partir do
newsmaking. Cada espaço, veículo de mídia, desenvolveu características próprias, e a seleção
de notícias dada pela variação representada pelo que os teóricos descrevem como gateeeper.
Sousa9 descreve que para montar um noticiário, todo meio de transmissão deve
apresentar uma rotina de três fases, sendo capacitação da notícia, seleção e apresentação do
conteúdo jornalístico. Por meio da captação das notícias, diversos temas podem ser beneficiados
e incluídos de forma correta, segura e abastecendo o ramo da mesma, com informações
relevantes e que ocasionam impacto informacional a sociedade.
De acordo com a jornalista Olga Curado18, a importância da notícia em geral, é julgada
conforme sua abrangência, logo se cabe a quantidade de pessoas que irá impactar. O público
LGBT precisa de informações, considerado que os mesmos não procuram e não devem ser
vinculados somente a notícias violentas ou quando agride e impacta nos direitos humanos, e
sim deve ter um conteúdo positivo para ler, uma notícia impactante de forma benéfica a
sociedade e ao seu público.
Murad16 aborda que quando as informações chegam na redação, passam por avaliações
podendo ou não serem submetidas ao julgamento de vários profissionais. É necessária essa
seleção para que modelos adotados em jornalismo não seja maçante e que não tenha falta de
espaço para todas as informações, porém nem sempre isso ocorre de forma clara, ficando
algumas notícias e informações arquivadas.
Leal e Carvalho17 descrevem que é categórico que os veículos jornalísticos querem
público, visibilidade e dissipação da notícia associada a sua marca, porém deve-se compreender
que notícias para o público LGBT estão em minoria quando o assunto é visto de forma positiva,
e isso deve ser levado em consideração ao dissipar uma nova informação, pois o público
crescente aos destaques jornalísticos e de acesso aos veículos informacionais, estão crescendo
e querendo que essas informações não violentas sejam capas, sejam destaques e assunto nas
redes de informação jornalística.

18
CURADO, Olga. A notícia na TV – o dia-a-dia de quem faz Telejornalismo. São Paulo: Alegro, 2002

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