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https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2018/base-reflexoes-
sobre-a-formacao-de-professores-no-brasil
BNCC
Sabemos que, quando adultos, nossos jovens vão trabalhar com conhecimentos que
ainda não existem, com uma tecnologia não criada por enquanto e problemas que não
sabemos quais serão, e vão precisar lidar com isso! E quais os impactos dessa realidade
para os estudantes e escolas? No novo currículo brasileiro, achei interessante que o
texto indique a importância de interagir, explorar, colaborar, ter empatia e ética. É
importante lidar com a aprendizagem sócioemocional, até porque isso vai ser
necessário na aquisição dos conteúdos. Por toda a vida, como já dizia Paulo Freire, as
pessoas precisam aprender, se sentirem capazes disso e de desenvolver sua própria
identidade como pessoa capaz de saber mais. Neste sentido, os professores devem
colaborar para que os alunos aprendam em diferentes contextos, aliando o
conhecimento ao que os estudantes já sabem, sem padronização da forma de ensinar.
Isso exige grande planejamento dos professores, sabendo como os alunos estão, o que
já conhecem, e no que devem avançar. Mas como nem sempre os professores tiveram
a vivência de aprender dessa forma, é importante mostrarmos a eles outras maneiras
de trabalhar. Às vezes não basta ler para incorporar essas ideias. Além disso, as
políticas de contratação, retenção, formação e salário também devem ser levadas em
conta porque moldam o desempenho e a aprendizagem profissional dos educadores.”
Elba Siqueira, professora da USP Foto: Divulgação
Os anos seguintes foram bastante auspiciosos para a América Latina, com grandes
recursos para Ministério da Educação e para as áreas de educação nos estados e
municípios. O governo federal cria um grande aparato para a formação continuada de
docentes da educação básica, com estrutura a distância, presencial ou semi-presencial,
ações realizadas em colaboração com universidades, outras esferas de governo e
iniciativa privada. Houve programas de formação de grande envergadura, com
concepções e estratégias muito diferentes, parte voltados para a alfabetização.
Essas iniciativas todas nos trazem algumas lições. Então temos um grande desafio de
não jogar fora o conhecimento já criado nesse período, porque os estados produziram
materiais preciosos e é preciso recuperar a experiência acumulada, sem incidir nos
mesmos erros!
Vimos, por exemplo, que as ações formativas realizadas em larga escala não são
suficientes se o educador não tiver apoio nas escolas, quando vai colocar em prática o
que aprendeu e se depara com necessidades variadas. Também notamos que embora
exista preocupação para avaliar a aprendizagem das crianças, não temos avaliações
rigorosas dos programas de formação de professores. Verificamos ainda que nesse
período também foram realizados cursos voltados para questões de gênero,
diversidade, étnico-raciais, meio ambiente e outras, inclusive desenvolvidos com a
colaboração de instituições sociais. Em 2011, publicamos com apoio da Unesco uma
publicação que reunia o estado da arte da formação dos professores brasileiros em
diversas regiões.
“Quando falamos de BNCC, devemos levar em conta muitos aspectos, com olhos
atentos para as pessoas e o futuro. Em um grupo de 42 professores em que trabalho,
por exemplo, há pessoas tão distintas e com percursos tão variados, como recém-
formados ou profissionais experientes. Então é essencial planejar de forma
diferenciada para uma efetiva formação dessas pessoas.
Falar sobre Base também é falar sobre espaço físico, cuidar das salas e dos espaços
abertos, o que confere dignidade e identidade a quem os frequenta. Não estou
dizendo que a ausência de condições do espaço físico impossibilita a implementação
da Base, mas que ao falar desse assunto, a melhoria dos locais precisa ser
considerada.