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4º Grupo
Mariana Florindo
Resumo
Neste trabalho pretende-se defender a tese sobre como as políticas sociais e serviços
sociais se manifestam e desenvolvem em Moçambique como país que adoptou o sistema
capitalista olhando também, para o vigorar do monopólio capitalista que se observa no mundo
globalizado. Paralelamente, procura-se apresentar os principais aspectos que desencadearam no
surgimento da questão social no capitalismo monopolista, a partir do conflito de classes, e de
uma abordagem teórica acerca dos desdobramentos económicos e sociais da divisão do trabalho,
que colocam as necessidades sociais as quais implicam nas demandas de intervenção a partir das
políticas sociais, configurando-se na base sócio ocupacional do Serviço Social. Para isso,
recorremos a pensadores contemporâneos e renomados, inspirados no pensamento de Marx, com
o objectivo de oferecer algumas reflexões no tocante aos conceitos que centram esta discussão.
Introdução
Neste texto pretende-se defender a tese de que o Estado usa da desgraça do povo para levar a
cabo certas políticas sociais como mecanismo de monopolizar o capital por via dos serviços
sociais.
A Política Social é um tema bastante estudado por várias vertentes teóricas e, por isso
mesmo, identifica-se diversas interpretações sobre seus impactos para a sociedade e para o
Estado. Há os que defendam que ela impõe o Estado e há os que defendam que ela é fruto de
uma conquista da classe que vive do trabalho, contudo, torna-se difícil a partir de uma análise
mais profunda, defender posições tão extremadas, sem perceber que uma teoria, não
necessariamente invalida a outra.
Tratar sobre a relação entre a denominada questão social, as políticas sociais e o Serviço
Social na fase do capitalismo monopolista, com o intuito de analisar os fundamentos económicos
e sociais do surgimento da denominada questão social e, de que maneira, diante dos
desdobramentos da sociedade capitalista em sua fase monopólica, se configuraram suas
expressões enquanto alvo da administração do Estado por meio de políticas sociais e enquanto
espaço sócio ocupacional para o Serviço Social.
Nesta óptica a estrutura do trabalho está orientada nos seguintes aspectos: 1) para o
entendimento da denominada questão social mostra-se necessário estabelecer os fundamentos
económico-sociais do seu surgimento e de sua explicitação a partir das leis internas do
desenvolvimento capitalista em seu processo de acumulação e expansão; 2) é imprescindível
uma discussão acerca do papel do Estado na fase monopólica do capitalismo, o qual tenta
administrar as expressões da questão social por meio de políticas sociais; e 3) faz-se necessário
também um estudo acerca do surgimento do Serviço Social como profissão e como parte das
estratégias do Estado para responder às necessidades provenientes da relação antagónica entre
capital e trabalho.
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Na grande indústria o grande capital eliminou os embaraços à sua plena expansão. Com a
introdução da máquina os trabalhadores passaram a ser vistos como dispensáveis, motivo de
revolta por parte das massas trabalhadoras. Ocorre a anulação subjectiva do trabalho e o capital
passa a controlar os salários, objectivando a substituição do trabalhador por máquinas,
equipamentos e instalações.
Nesse período do capitalismo evidencia-se uma classe operária urbana que não tem suas
necessidades básicas atendidas. Constata-se uma intensa distinção entre as condições de vida do
operariado e da burguesia detentora dos meios de produção e controle. Observa-se a existência
marcante de interesses diferentes que separa as massas trabalhadoras da burguesia.
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Conforme Engels (s/d) a concorrência leva a confrontação não apenas das diferentes
classes sociais, mas também dos diferentes membros dessas classes entre si. “Os trabalhadores
concorrem entre si, tal como o fazem os burgueses” (ENGELS, s/d, p. 112).
O Estado Social, que tem como marco o Welfare State, terá múltiplas funções, tornando-
se também permeável as demandas das classes trabalhadoras, no que se refere ao atendimento de
determinados interesses. Resulta daí a concessão de direitos sociais, configurados enquanto
políticas sociais, tratando-se de mecanismos que ocultam o antagonismo entre as classes e
favorecem a reprodução das massas trabalhadoras. “Entretanto, o fim último consiste em
assegurar o pleno desenvolvimento do capital monopolista” (SANTOS; COSTA, 2006, p. 13).
De acordo com Netto (1992) na idade do monopólio o capital para efectivar-se com êxito
necessitou de mecanismos de intervenção extra-económicos, sendo o Estado a instância
responsável por essa intervenção que incide directamente na organização e no interior da
dinâmica económica. “Mais exactamente, no capitalismo monopolista, as funções políticas do
Estado ligam-se com as suas funções económicas”.
fundos que são administrados e investidos pelo próprio Estado; e redistribuir à sociedade os
custos da exploração monopólica sobre a vida dos trabalhadores (NETTO, 1992).
Vale referir, a política pode ser entendida como contenção e ao mesmo tempo, ampliação
dos direitos da classe trabalhadora. Pois, embora ela seja um potencializador de controlo da
pobreza, nunca é pensada para a superação da mesma ou para superação das desigualdades
geradas por este sistema. A caridade e a repressão constituídas nesta política não permitem que
os sujeitos usuários da mesma sejam entendidos como sujeitos históricos, frutos de um sistema
que não permite a superação da ordem (e dos papéis) instituída e com isso, os usuários são vistos
como “coitados e/ou gatunos”.
Políticas Educacionais
Contexto Moçambicano
O direito à educação está também plasmado na Lei do Sistema Nacional de Educação (SNE) e
nos demais documentos nacionais referentes a este assunto.
O Estado assegura o direito à educação através da sua rede de instituições e tem como parceiros
a sociedade civil e o sector privado, que participam activamente na provisão de serviços de
educação, sobretudo nos locais e nas áreas em que a presença do Estado se faz sentir com menos
intensidade (Ministério da educação, 2015:4).
Desta forma, a formulação das políticas sociais se dá para actuar e/ou intervir nas
refracções da questão social, directamente vinculadas às suas sequelas que são apreendidas como
problemáticas sociais.
Vale ressaltar que a concretização das políticas sociais é decorrente da luta de classes e
da capacidade de mobilização da classe trabalhadora. Destarte, as políticas sociais não se
originaram naturalmente do Estado burguês no período do capitalismo monopolista.
Netto (1992) ao analisar a emergência do Serviço Social como profissão coloca que é
particularmente na intercorrência do conjunto dos processos económicos, sociais, políticos e
teórico-culturais ocorridos no período monopolista do capitalismo que é instaurado o espaço
histórico-social que permite o surgimento do Serviço Social enquanto profissão inserida na
divisão social (e técnica) do trabalho.
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A ruptura se dá aos poucos, quando os agentes passam a desempenhar novos papéis e actividades executivas em
projectos de intervenção cuja funcionalidade independe da intencionalidade dos mesmos e sim das determinações
objectivas (NETTO, 1992).
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Nesse ponto de vista, para Netto (1992), o Serviço Social é um executor terminal de
políticas sociais, embora os assistentes sociais também possam actuar no seu planeamento. Esses
profissionais em seu espaço sócio ocupacional se engajam junto às acções executivas
contemplando diferentes procedimentos, desde a administração de recursos, ainda que tímida, à
implementação de serviços sociais.
Este campo amplia-se também porque a alternância e/ou coexistência dos enfrentamentos
‘públicos’ e ‘privado’ das manifestações da ‘questão social’ oferecem a ‘especialização’ dos
profissionais neles envolvidos.
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A natureza inclusiva das políticas sociais está no fato de que há uma tendência dessas políticas a se formularem
políticas sectoriais em um leque cada vez mais abrangente (NETTO, 1992). Desta forma, há um aumento da
demanda para o Serviço Social em decorrência do aumento no número de políticas sociais cada vez mais
serializadas.
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burocráticas e formais. Contudo, vale ressaltar que o surgimento do Serviço Social enquanto
profissão está articulado ao capitalismo monopolista e que a denominada questão social atribui
as bases para sua profissionalização.
Considerações Finais
Referência Bibliográfica
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1992.