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RESUMO
1
Título Superior em Anestesiologia (TSA-SBA). Coordenador
do serviço de anestesiologia do Hospital Ascomcer. Profes- O diabetes mellitus é um distúrbio metabólico crônico com consequências agudas
sor da disciplina de anestesiologia da Faculdade de Medici- e crônicas. Portanto, é importante que os anestesiologistas conheçam as principais
na de Barbacena. Anestesiologista do HU–CAS (UFJF), da
Rede Fhemig e do Centro de Restauração Plástica. complicações e saibam manusear as principais drogas utilizadas para o controle da
2
ME3 do CET-SBA do Hospital Universitário da UFJF. doença. O controle rígido da glicemia pré-operatória é importante para evitar compli-
3
Título de Especialista em Anestesiologia (TEA–SBA) e de
Terapia Intensiva pela AMIB. Anestesiologista do Hospital cações no intra e no pós-operatório.
Ascomcer, do HU–CAS (UFJF), da Rede Fhemig e do
INTO (Paraíba do Sul – RJ).
Palavras-chave: Diabetes Mellitus/cirurgia; Anestesia; Cuidados Pré-Operatórios;
4
ME2 do CET-SBA do Hospital Universitário da UFJF. Cuidados Pós-Operatórios; Anestésicos/administração e dosagem; Hipoglicêmicos/ad-
ministração & dosagem; Hiperglicemia.
ABSTRACT
Diabetes Mellitus is a chronic metabolic disorder with acute and chronic consequences.
Therefore it is important that anesthesiologists know the principals handle complications
and know the main drugs used to control the disease. Strict control of blood glucose is
essential for preventing complications in intra-and postoperatively.
Key words: Diabetes Mellitus/surgery; Anesthesia; Hypoglycemic Agents/administration
& dosage; Preoperative Care; Postoperative Care; Anesthesics/ administration & dosage;
Hyperglycemia
introdução
Tipo III - Outros tipos específicos: defeitos genéti- Tabela 2 - Hipoglicemiantes orais
cos, doenças pancreáticas. Classe Nome Início ação Duração
Tipo IV - Diabetes gestacional: manifesta-se du- tolbutamina 1h 12 h
rante a gravidez. Sulfoniluréias Aceto-hexamida 3h 24 h
São critérios diagnósticos do DM qualquer um de 1ª geração tolazamida 4h 16 h
dos pontos a seguir, segundo orientação da ADA1: clorpropamida 2h 24 h
■■ Glicemia (colhida de forma aleatória) > ou igual a gliburide 30 min 24 h
Sulfoniluréias
200 mg/dL, associada a sinais e sintomas compa- de 2ª geração glipizida 2-4 h 24 h
tíveis com DM; Sulfoniluréias
glimepiride 2-3 h 24 h
■■ glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL, em mais de uma de 3ª geração
Glinidas: representadas pela repaglinida (Pran- ás, as evidências atuais não sugerem que isso real-
din®) e nateglinida (Starlix®). São drogas que aumen- mente aconteça.4
tam a secreção de insulina também por ação nos Em geral, as cirurgias nesses pacientes devem
canais K-ATP nas células beta, porém possuem curta ser agendadas para as primeiras horas da manhã, no
ação, sendo usadas para o controle de hiperglicemia intuito de minimizar significativo desequilíbrio endó-
pós-prandial. É necessário, portanto, que existam cé- crino decorrente do jejum prolongado.9
lulas beta funcionantes.
Inibidor da alfa-glicosidase: representada pela
acarbose (Glucobay®). Sua ação ocorre por inibição Pacientes em uso de hipoglicemiantes orais
desse complexo enzimático, retardando a absorção
de carboidratos e reduzindo a glicemia pós-prandial. Não há consenso sobre o manejo pré-anestésico
desses fármacos, porém sua farmacologia e a preco-
cidade com que se planeja realimentar o paciente
Considerações pré-operatórias são importantes guias.10
O ideal, na maioria das vezes, é a suspensão da
Conhecer o porte cirúrgico (pequeno, médio ou medicação, conforme a Tabela 3.11
grande) e o tempo de permanência prevista para o
Tabela 3 - Recomendação aos
paciente no hospital (ambulatorial ou internação) hipoglicemiantes orais
ajuda a tomar a melhor decisão acerca do manejo
Fármaco Recomendação
das medicações utilizadas pelo paciente. A necessi-
Suspender 48 – 72 h antes do
dade de jejum interrompe o ritmo regular das refei- Sulfoniluréias
procedimento
ções e, usualmente, o uso regular das medicações Suspender 24 h antes do
Metformina
hipoglicemiantes.3,5 procedimento
dade quanto a mortalidade (particularmente em pa- nhã da cirurgia, sem o risco de hipoglicemia,
cientes críticos e nas grandes cirurgias).3 além de ajudar o controle da hiperglicemia no
Entendendo que o período perioperatório é eta- intraoperatório.
pa única e tomando-se como base a literatura atual, ■■ A metformina, que tem sido associada ao desen-
■■ Alvos de glicemia entre 140 e 180 mg/ dL parecem pensão por 48-72 horas antes da cirurgia, para evi-
ser razoáveis e prudentes.4 tar a hipoglicemia, que pode ser desastrosa.
■■ Os fármacos antidiabéticos devem ser otimizados
no pré-operatório, para que tais metas sejam alcan- Há também aqueles que recomendam suspender
çadas e também para se evitar a hipoglicemia.3 todos os hipoglicemiantes no dia da cirurgia, exceto
a metformina, que deve ser suspensa por pelo menos
Entretanto, diversos estudos têm mudado a con- 24 horas antes da cirurgia3, em decorrência do risco
cepção de que controles rigorosos da glicemia (alvos de acidose lática intensa durante episódios de hipo-
plasmáticos entre 80 e 100 mg/dL) poderiam, de fato, tensão, hipoperfusão tecidual e hipóxia11. Há ainda
reduzir substancialmente tal morbimortalidade. Ali- autores que não mostraram aumento de morbimorta-