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© 1985 Living Stream Ministry

Edição para a Língua Portuguesa


© 2008 Editora Árvore da Vida

Título do original Inglês:


Life-Study of Mark

ISBN 978-85-7304-324-2

1ª Edição – Março/2008 — 5.000 exemplares

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida.

Editora Árvore da Vida


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Impresso no Brasil

As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 2ª


Edição, e Versão Restauração (Evangelhos), salvo quando indicado pelas abreviações:
BJ— Bíblia de Jerusalém
lit. — tradução literal do original grego ou hebraico
IBB-Rev. — Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
KJV — King James Version
NVI — Nova Versão Internacional
TB — Tradução Brasileira
VRC — Versão Revista e Corrigida de Almeida
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM TRINTA E QUATRO
A PREPARAÇÃO DO SALV ADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (1)

Leitura Bíblica: Mc 11:1-26

A CONCLUSÃO DO SERVIÇO EVANGÉLICO


DO SALVADOR-SERVO
No final do capítulo dez temos a conclusão do
ministério evangélico do Salvador-Servo. Marcos
4:35-10:52 é uma seção longa, que relata o mover do
serviço evangélico do Salvador-Servo. Nessa seção,
vinte e nove questões são abordadas: o Senhor
acalmou o vento e o mar (4:35-41); expulsou uma
legião de demônios (5:1-20); curou a mulher com
fluxo de sangue e ressuscitou uma menina (5:21-43);
foi desprezado pelos homens (6:1-6); enviou os
discípulos (6:7-13); o precursor foi martirizado
(6:14-29); o Senhor alimentou cinco mil (6:30-44);
andou sobre o mar (6:45-52); curou em toda parte
(6:53-56); ensinou acerca das contaminações que
vêm de dentro (7:1-23); expulsou um demônio da
filha de uma mulher cananéia (7:24-30); curou um
surdo-mudo (7:31-37); alimentou quatro mil (8:1-10);
não deu nenhum sinal aos fariseus (8:11-13); fez
advertência sobre o fermento dos fariseus e de
Herodes (8:14-21); curou um cego em Betsaida
(8:22-26); desvendou Sua morte e ressurreição pela
primeira vez (8:27-9:1); foi transfigurado no monte
(9:2-13); expulsou um espírito mudo (9:14-29);
desvendou Sua morte e ressurreição pela segunda vez
(9:30-32); ensinou acerca da humildade (9:33-37);
ensinou acerca da tolerância com vistas à unidade
(9:38-50); veio para a Judéia (10:1); ensinou contra o
divórcio (10:2-12); abençoou as crianças (10:13-16);
ensinou acerca dos ricos e da entrada no reino de
Deus (10:17-31); desvendou Sua morte e ressurreição
pela terceira vez (10:32-34); ensinou acerca do
caminho para o trono (10:35-45) e curou Bartimeu
(10:46-52). Por meio desses vinte e nove itens, o
Senhor Jesus preparou os discípulos para ser
introduzidos em Sua morte e ressurreição.

SER INTRODUZIDO NA MORTE E


RESSURREIÇÃO DO SENHOR
Por que era necessário que alguns dos discípulos
do Senhor fossem introduzidos em Sua morte e
ressurreição? A resposta a essa pergunta é que, de
outra forma, eles não poderiam participar do desfrute
do Senhor. Além disso, se não desfrutassem o Senhor
ao ser introduzidos em Sua morte e ressurreição, não
poderiam entrar no reino de Deus nem ter nada a ver
com ele.
Entramos no reino por meio do desfrute do
Senhor, por meio do desfrute do Cristo todo-inclusivo
como substituto universal. Para desfrutá-Lo dessa
forma, precisamos passar por Sua morte e
ressurreição. Assim o Senhor trabalhou nos
discípulos para deixá-los prontos para ser
introduzidos no processo de Sua morte e
ressurreição.
Vimos que o Senhor avançava em direção à
Jerusalém, a fim de ali morrer. Mas também
precisamos perceber que Ele não ia para Jerusalém
sozinho; pelo contrário, levava Consigo alguns de
Seus fiéis seguidores. Eles não tinham clareza do que
estava acontecendo. Talvez simplesmente achassem
que o Senhor era muito amável e queriam ir com Ele
aonde quer que fosse. Na verdade o propósito do
Senhor era introduzir todos eles em Sua morte e
ressurreição. Uma vez que isso acontecesse, poderiam
participar do desfrute Dele de maneira prática e real.
É mediante a morte e ressurreição que o Senhor se
torna nossa porção e substituto.

UMA VISÃO MARAVILHOSA


No Evangelho de Marcos vemos Pedro, João,
Tiago e outros fiéis que seguiram o Senhor Jesus. Do
ponto de vista deles, eles seguiam o Senhor. Mas do
ponto de vista do Senhor, Ele os preparava para
introduzi-los em Sua morte e ressurreição. Quando
chegaram a Jericó, já estavam plenamente
preparados para isso.
Entrando na morte e ressurreição do Senhor, os
discípulos podiam ter o desfrute Dele e
experimentá-Lo como seu substituto. Como
resultado, no dia de Pentecostes os cento e vinte eram
os que tinham sido substituídos pelo Senhor e O
desfrutavam. Todos haviam sido introduzidos na
morte e ressurreição do Senhor, por meio das quais
tinham parte Nele, uma Pessoa viva e todo-inclusiva,
como seu substituto.
Mediante a morte e ressurreição do Senhor
Jesus, os discípulos também tiveram uma rica
entrada no reino de Deus. Portanto no dia de
Pentecostes vemos um quadro do reino de Deus. Com
Pedro e os cento e vinte no dia de Pentecostes, temos
uma manifestação do reino de Deus. Essa
manifestação inclui o pleno desfrute de Cristo como o
substituto universal e todo-inclusivo, por meio de Sua
morte e ressurreição. Como foi possível aos cento e
vinte estar no reino de Deus no dia de Pentecostes?
Isso só se tornou possível porque entraram na morte
e ressurreição de Cristo.
De acordo com o capítulo um de Atos, os cento e
vinte eram galileus. Embora fossem da Galiléia, o
Senhor Jesus os fez passar por muitas coisas até
chegar a Jerusalém, onde entraram em Sua morte e
ressurreição. Quando o Senhor foi crucificado, eles
estavam lá e testemunharam Sua morte. Na
realidade, eles passaram pela crucificação com Ele.
Por fim foram introduzidos na ressurreição do
Senhor e viram Sua ascensão. Então, no dia de
Pentecostes, o Senhor como Espírito foi derramado
sobre eles, assim tudo o que tinham visto e passado
tornou-se realidade para eles. Eles tinham visto a
morte do Senhor, tinham entrado em Sua
ressurreição e tinham testemunhado Sua ascensão.
Mas, quando o Senhor, como o Espírito, foi
derramado sobre eles, tudo isso se tornou realidade
para eles. Isso quer dizer que estavam na morte,
ressurreição e ascensão do Senhor. Participavam do
pleno desfrute do Cristo todo inclusivo como
substituto universal.
Todos devemos ter tal visão ao ler o Evangelho
de Marcos; sem ela não podemos entrar nas
profundezas desse livro.
Aparentemente Marcos é um livro de histórias.
Na verdade não é; antes é um livro que contém uma
visão maravilhosa. Ao ler os capítulos desse livro, é
como se assistíssemos a uma televisão celestial, e
cena após cena é “transmitida” ao nosso espírito.
Louvado seja o Senhor por tal visão!
Agradecemos ao Senhor por nos mostrar como
Seus seguidores íntimos são qualificados,
aperfeiçoados, equipados e preparados para entrar
em Sua morte e ressurreição. A longa seção de 4:35 a
10:52 apresenta um quadro claro de como alguns
galileus, que haviam sido muito naturais, podiam ser
preparados para entrar na morte e ressurreição de
Cristo. No fim do capítulo dez, eles estão totalmente
prontos para ir a Jerusalém, isto é, para entrar na
morte e ressurreição de Cristo.

O MAIOR MILAGRE DO UNIVERSO


Precedidas apenas pelo próprio Cristo, Sua
morte e ressurreição são os dois maiores itens no
universo. Apenas a própria Pessoa de Cristo é maior
do que elas. Afora o próprio Cristo, nada é tão grande
como Sua morte e ressurreição.
Vimos que, na verdade, ao ir a Jerusalém o
Senhor Jesus avançava para a morte. Então, por meio
dela, Ele entrou em ressurreição. Ele caminhou
ousadamente de Cafarnaum a Jerusalém para entrar
na morte. Deus e toda a criação esperavam por isso.
Jesus sabia que ia a Jerusalém para levar a cabo uma
morte grandiosa e todo-inclusiva. Conhecendo o
tempo designado, a data de Sua morte, Ele caminhou
ousadamente em direção a Jerusalém.
Podemos dizer que o maior milagre do universo
foi o Senhor entrar em Sua morte todo-inclusiva e
realizá-la. De acordo com Hebreus 12, o Senhor
estava alegre com o que estava diante Dele (v. 2). Ele
sabia que havia uma alegria que Lhe estava proposta.
Por isso foi a Jerusalém a fim de cumprir o propósito
de Deus mediante a morte. Que grande passo foi esse
na economia de Deus!
É muito significativo que, ao levar a cabo Sua
morte todo-inclusiva, o Senhor nos tenha introduzido
a todos na morte com Ele. Se virmos isso não
consideraremos Marcos como mero livro de histórias,
mas veremos que ele transmite grande revelação.

OS PREPARATIVOS PARA A OBRA


REDENTORA DO SENHOR
No final do capítulo dez, o ministério evangélico
do Salvador-Servo fora completado. Vimos que esse
ministério incluía cinco questões como o conteúdo do
serviço evangélico: pregar o evangelho, ensinar a
verdade, expulsar demônios, curar os enfermos e
purificar os leprosos. Essas questões foram
concluídas no final do capítulo dez. Assim os
capítulos onze a dezesseis são diferentes em natureza
dos capítulos anteriores de Marcos. N0s últimos seis
capítulos, não temos mais ocorrências de expulsão de
demônios ou cura de enfermos; em vez disso, em
11:1-14:42 temos a preparação do Salvador-Servo
para Seu serviço redentor. Antes de Ele executar Sua
obra redentora, era necessária certa preparação.
Poucos leitores de Marcos percebem que o
capítulo onze se refere à preparação do Senhor para
Seu serviço redentor. Nesse capítulo Ele preparou o
ambiente. Preparou os que deviam crucificá-Lo e
também os discípulos. Ele foi a Jerusalém a fim de
realizar Sua morte redentora. Mas essa morte
requeria grande preparação. Assim Ele foi a
Jerusalém antes do tempo fazer esses preparativos,
como relata 11:1 a 14:42. Tudo que está registrado
nesses capítulos não é acidental, mas está relacionado
com a preparação do Salvador-Servo para a
realização de Seu serviço redentor.
ENTRAR EM JERUSALÉM E PERNOITAR EM
BET ÂNIA
O primeiro aspecto da preparação do
Salvador-Servo para Seu serviço redentor foi entrar
em Jerusalém e pernoitar em Betânia. Marcos 11:1-2
diz: “Quando se aproximavam de Jerusalém, em
Betfagé e Betânia, junto ao Monte das Oliveiras,
enviou Jesus dois dos Seus discípulos e disse-lhes:
Ide à aldeia que está defronte de vós e, logo que
entrardes nela, achareis preso um jumentinho, no
qual ainda nenhum homem montou; desprendei-o e
trazei-o”. Aqui vemos a onisciência do
Salvador-Servo, o que demonstra Sua deidade.
Marcos 11:7-8 diz: “Trouxeram o jumentinho a
Jesus, e sobre ele lançaram as suas vestes, e nele
Jesus montou. E muitos estenderam as suas vestes no
caminho, e outros, camadas de ramos cheios de
folhas tenras que haviam cortado dos campos”.
Vestes representam as virtudes humanas de conduta.
Os discípulos honraram o Salvador-Servo colocando
as vestes sobre o jumentinho para Ele sentar sobre
elas, e a multidão O honrou espalhando as vestes no
caminho para Ele passar.
As folhas (v. 8) provinham de ramos de
palmeiras (Jo 12:13), que representam a vida
vitoriosa (Ap 7:9) e a satisfação de desfrutar o rico
produto dessa vida, como tipifica a festa dos
Tabernáculos (Lv 23:40; Ne 8:15). A multidão usava
tanto as vestes como os ramos de palmeiras para
celebrar a vinda do Salvador-Servo.
O Salvador-Servo fez uma entrada gloriosa e
recebeu calorosa recepção. Isso aconteceu de acordo
com a sabedoria do Senhor. Como preparação para
Seu serviço redentor, a primeira coisa que Ele
arranjou foi essa recepção. Por meio dessa recepção
Ele recebeu a aprovação do povo. Foi como se tivesse
recebido o voto deles. O povo estava a favor Dele e O
reconhecia como Messias.
Marcos 11:9-10 diz: “Os que iam adiante e os que
seguiam atrás, clamavam: Hosana! Bendito o que
vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o
reino de nosso pai Davi! Hosana nas maiores
alturas!”. As palavras gritadas pelo povo foram
citadas do Salmo 118:26, uma profecia a respeito da
vinda do Messias. Essa declaração será repetida
quando de Sua segunda vinda. Naquele tempo o
Salmo 118. será cumprido de maneira completa.
Quando Ele vier pela segunda vez, estará montado
numa nuvem, e não num jumentinho, e virá dos céus,
e não de Jericó. Então os judeus convertidos
exclamarão: “Rosana! Bendito o que vem em nome do
Senhor!”. O que temos em Marcos 11:9-10 é um
antegozo ou prefiguração da recepção que o Senhor
terá naquele dia. Mas em ambos os casos o princípio é
o mesmo: o povo escolhido de Deus reconhece seu
Messias.
O Senhor sabia que em Jerusalém iria enfrentar
muitos opositores, mas, antes disso, Ele primeiro
recebeu a aprovação do povo. Esse foi o primeiro
passo em Sua preparação para Seu serviço redentor.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM TRINTA E CINCO
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (2)

Leitura Bíblica: Mc 11:1-26


Nesta mensagem continuaremos a considerar a
preparação do Salvador-Servo com vistas a Seu
serviço redentor. Na mensagem anterior vimos que o
primeiro passo de Sua preparação foi entrar em
Jerusalém de forma gloriosa e receber o
reconhecimento, a aprovação, do povo.

AMALDIÇOAR A FIGUEIRA E PURIFICAR O


TEMPLO
Em 11:12-26 vemos que o Senhor amaldiçoou a
figueira e purificou o templo. Ele viu a figueira com
nada além de folhas e no versículo 14 disse a ela:
“Nunca mais coma alguém fruto de ti”. Depois de
amaldiçoar a figueira, Ele entrou no templo e
“começou a expulsar os que no templo vendiam e
compravam, e derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombas” (v. 15). Então lhes
disse: “Não está escrito: A Minha casa será chamada
casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a
tendes feito covil de salteadores” (v. 17).
Estes dois atos: o amaldiçoar da figueira e a
purificação do templo, indicam que toda, a nação de
Israel, que fora escolhida por Deus para Seu
propósito, tornara-se infrutífera e corrupta. A figueira
amaldiçoada pelo Senhor tinha folhas, mas não
frutos. Tinha glória exterior, mas nenhum fruto,
nenhuma realidade, nada que pudesse satisfazer o
desejo de Deus.
O templo, que deveria ser um lugar de oração
para todas as nações, tanto aos gentios como aos
judeus, tornara-se covil de salteadores. Aos olhos de
Deus, os que adoravam no templo eram salteadores.
A casa de Deus na terra, na verdade, tornara-se covil
de salteadores. Por isso, depois de amaldiçoar a
figueira para acabar com sua vida, o Senhor purificou
o templo a fim de eliminar a corrupção.
Enquanto o Senhor fazia essas coisas, ninguém
ousava opor-se a Ele exteriormente, pois Ele já havia
recebido a aprovação do povo. Com respeito a isso o
versículo 18 diz: “E os principais sacerdotes e os
escribas ouviram isso, e procuravam um modo de
destruí-Lo; pois O temiam, porque toda a multidão
estava atônita com o Seu ensinamento”.
O amaldiçoar da figueira representa o término da
vida de Israel como nação. Daquele momento em
diante, a nação de Israel estava acabada no que diz
respeito à economia neotestamentária de Deus. Além
de amaldiçoar a figueira, o Senhor também purificou
a corrupção da casa de Deus.
Nos primeiros dez capítulos de Marcos o Senhor
era bondoso, misericordioso e compassivo. Mas aqui
em 11:12-26 parece que Ele é bem diferente, primeiro
amaldiçoando a figueira e então purificando o
templo, até mesmo derrubando as mesas dos
cambistas. Segundo o versículo 16, Ele “não permitia
que alguém transportasse qualquer utensílio através
do templo”. O Senhor foi muito ousado, forte e até
mesmo severo. Parecia não mostrar nenhuma
misericórdia.
Precisamos ver que o amaldiçoar da figueira e a
purificação do templo eram parte da preparação do
Salvador-Servo para Sua morte redentora. Ele
preparou o caminho para que os fariseus e escribas O
levassem a morte.
Era tarde naquele dia quando o Senhor purificou
o templo. O versículo 19 diz: “E quando anoitecia,
saíam da cidade”. É provável que durante a noite Ele
tenha pernoitado em Betânia.

PALAVRA A RESPEITO DE FÉ E ORAÇÃO


Marcos 11:20 diz: “E, passando eles pela manhã,
viram a figueira seca desde as raízes”. Pedro,
lembrando-se do que o Senhor havia dito no dia
anterior, disse-Lhe: “Rabi, olha: a figueira que
amaldiçoaste secou” (v. 21). O Senhor lhes
respondeu: “Tende fé em Deus. Em verdade vos digo
que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e
lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas
crer que o que diz acontece, assim será com ele”.
Então Ele prosseguiu falando sobre oração. Em
especial, enfatizou a necessidade que temos de
perdoar os outros: “E, quando estiverdes em pé
orando, se tendes alguma coisa contra alguém,
perdoai, para que também vosso Pai que está nos céus
vos perdoe as vossas ofensas” (v. 25). Aqui vemos que
perdoar as ofensas dos outros é a base para nosso Pai
celestial nos perdoar. Isso é especialmente verdadeiro
em nosso tempo de oração. Rigorosamente falando,
não podemos orar com coração que guarda algo
contra outrem, isto é, com coração que se sente
ofendido por alguém ou se lembra da ofensa de
outrem.

A MANEIRA DE O SENHOR LIDAR COM


ISRAEL
O que enfatizamos com respeito ao amaldiçoar
da figueira é que isso indica que Deus tinha
determinado abandonar a nação de Israel e ir para
outro povo, a igreja. A igreja é composta dos que
foram introduzidos na morte e ressurreição de Cristo
a fim de participar do pleno desfrute Dele. Esse povo
inclui tanto judeus como gentios.
Marcos 11:12 diz que o Senhor estava com fome.
Isso significa que queria comer os frutos dos filhos de
Israel para que Deus fosse satisfeito. A figueira, no
entanto, não tinha nenhum fruto. Vimos que essa
figueira é símbolo da nação de Israel (Jr 24:2, 5, 8). O
fato de ela estar cheia de folhas, mas sem nenhum
fruto, significa que naquele momento a nação de
Israel estava cheia de aparência, mas não tinha nada
que pudesse satisfazer a Deus.
Em 11:12-26 o registro da maldição do
Salvador-Servo sobre a figueira e o da purificação do
templo se fundem, indicando que Ele lidou
simultaneamente com diferentes aspectos da nação
corrupta e rebelde de Israel. A figueira era o símbolo
de Israel, e o templo, o centro do seu relacionamento
com Deus. Como figueira plantada por Deus, Israel
não Lhe dava fruto e, como centro do seu
relacionamento com Deus, o templo estava cheio de
corrupção. Assim o Salvador-Servo amaldiçoou a
figueira infrutífera e purificou o templo contaminado.
Esses atos podem ser considerados como presságio
da destruição predita em 12:9 e 13:2.

A DIGNIDADE E A AUTENTICIDADE
HUMANAS DO SENHOR E SUA SABEDORIA
E AUTORIDADE DIVINAS
Em Seu ministério para difundir o evangelho na
Galiléia (1:14-10:52), a obra do Salvador-Servo era
proclamar o evangelho, ensinar a verdade, expulsar
demônios e curar os enfermos. Nessa obra,
expressaram-se Suas virtudes humanas com Seus
atributos divinos, que eram Sua qualificação para o
serviço divino e também Sua beleza nesse serviço, que
Ele prestou por Deus aos pecadores. Ao preparar-se
para a obra redentora em Jerusalém (11:15-14:42), a
maior obra foi confrontar-se com os líderes judeus
opositores, que deveriam ter sido os construtores do
edifício divino (12:9-10), mas, na verdade, haviam
sido usurpados pelo inimigo de Deus, Satanás, e por
ele instigados a conspirar para matá-Lo. Nesse
confronto, sob as perguntas, provas e exames sutis e
malignos deles, a dignidade humana do Senhor foi
expressa em Sua autenticidade humana (11:15-18), e
Sua sabedoria e autoridade divinas foram expressas
em Sua conduta e perfeição humanas (11:27-12:37),
de modo que, por fim, os que O criticavam acabaram
comprovando Sua qualidade. Isso Lhe abriu o
caminho para demonstrar a esses opositores cegos
que Ele, o Cristo, o Filho de Davi, era o Senhor de
Davi, isto é, o próprio Deus (12:35-37), a fim de que
conhecessem Sua deidade em Sua humanidade, a
saber, que Ele era Deus vivendo no homem.
Ao lidar com os opositores, a dignidade humana
do Senhor certamente foi expressa em Sua
autenticidade humana. Enquanto era examinado por
eles, Ele expressou dignidade em Sua autenticidade.
Além disso, ao mesmo tempo, Sua sabedoria e
autoridade divinas foram expressas em Sua conduta e
perfeição humanas. Como resultado, os que tinham
vindo para apontar Suas falhas tiveram de se tornar
os que podiam provar Suas qualidades.

GRANDE SURPRESA PARA OS DISCÍPULOS


Em 11:1-26 há três pontos principais: entrar em
Jerusalém e pernoitar em Betânia, amaldiçoar a
figueira e purificar o templo. Essas três coisas devem
ter sido grande surpresa, até mesmo um choque, para
os seguidores do Salvador-Servo. Pedro, João, Tiago e
os outros já seguiam o Senhor havia três anos e meio.
Nesses anos eles observaram como Ele se conduzia,
como fazia as coisas e como lidava com as pessoas.
Eles tinham vindo com Ele da Galiléia, região
desprezada, para a Judéia, até mesmo para a cidade
de Jerusalém, o lugar mais importante no país, onde
estava o templo e onde se reunia o Sinédrio, o grande
conselho dos judeus. Muitas pessoas importantes
moravam naquela cidade. Agora entra nessa
formidável cidade um grupo de galileus desprezados
liderados por um carpinteiro.
Quando o Senhor e os discípulos “se
aproximavam de Jerusalém, em Betfagé e Betânia,
junto ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos
Seus discípulos e disse-lhes: Ide à aldeia que está
defronte de vós e, logo que entrardes nela, achareis
preso um jumentinho, no qual ainda nenhum homem
montou; desprendei-o e trazei-o”. Esses discípulos
obedeceram à palavra do Senhor sem dizer nada.
Haviam sido treinados a não expressar sua opinião.
Se Ele tivesse pedido isso antes, talvez perguntassem
o porquê disso. Mas agora que tinham passado por
tantas coisas, especialmente a cura em Jericó, eles
simplesmente obedeceram ao Senhor quando Ele lhes
disse que entrassem na aldeia, desprendessem o
jumentinho e o trouxessem. Isso mostra que o
treinamento ministrado aos discípulos nos capítulos
anteriores fora eficaz. O Senhor dera uma ordem
estranha aos dois discípulos, ordem em que a maioria
das pessoas não acreditaria ou que não aceitaria.
Contudo, como haviam sido treinados pelo Senhor, os
discípulos não expressaram nenhuma opinião sobre o
que Ele mandara fazer.
Marcos 11:7 diz: “Trouxeram o jumentinho a
Jesus, e sobre ele lançaram as suas vestes, e nele
Jesus montou”. Em mensagem anterior ressaltamos
que quando o cego Bartimeu ouviu que o Senhor o
chamava, ele lançou de si a capa. Aqui vemos que os
discípulos colocaram suas vestes sobre o jumentinho.
Isso significa que não mais se importavam com
posição. Queriam que o Senhor tivesse toda a posição.
Eram absolutos em exaltar ao Senhor.
O versículo 8 diz: “E muitos estenderam as suas
vestes no caminho”. Podemos dizer que a multidão
seguiu os discípulos em lançar as vestes. As pessoas
então passaram a dar ao Senhor grande recepção,
clamando: “Hosana! Bendito o que vem em nome do
Senhor! Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai
Davi! Hosana nas maiores alturas!” (vs. 9-10).
Os discípulos devem ter ficado surpresos com a
recepção dada ao Salvador-Servo. Certamente nunca
imaginaram que o Senhor Jesus, um carpinteiro da
Galiléia, teria recepção tão calorosa da multidão em
Jerusalém.
Os discípulos também devem ter ficado
surpresos pelo fato de o Senhor ter amaldiçoado a
figueira. Os seguidores galileus do Senhor podem ter
comentado entre si: “Temos seguido o Senhor por
três anos e meio e nunca O vimos fazer nada assim.
Por que Ele amaldiçoou a figueira? A figueira é um
símbolo do nosso país e temos alta consideração por
ela. Contudo Ele a amaldiçoou. Seu comportamento
certamente mudou. É muito diferente agora do que
era no passado”.
Após amaldiçoar a figueira, o Senhor entrou no
templo e começou a expulsar os que vendiam e
compravam ali. Ele até mesmo derrubou as mesas
dos cambistas e cadeiras dos que vendiam pombas (v.
15). Imagine o que os discípulos devem ter pensado
quando viram isso. Talvez tenham pensado: “É esse
nosso Mestre? Ele sempre foi bondoso, gentil e
compassivo. Que é que Ele está fazendo?”.
Naturalmente que os discípulos não tiveram coragem
de dizer nada para o Senhor.

O SENHOR PREPARA O AMBIENTE, OS


OPOSITORES E SEUS SEGUIDORES
Vimos que, ao amaldiçoar a figueira e purificar o
templo, o Senhor fazia os preparativos necessários
para Seu serviço redentor. Em especial, a purificação
do templo instigou os principais sacerdotes e
escribas, que procuravam como destruí-Lo (v. 18). Na
verdade o fato de ter purificado o templo fez com que
os opositores acelerassem os esforços para levá-Lo à
morte. Esse trabalho de preparação, acelerando a
atividade dos opositores, garantiu que o Senhor
morresse no dia da Páscoa. Portanto a purificação do
templo certamente era uma preparação para Sua
morte redentora.
Suponha que o Senhor Jesus entrasse no templo
e simplesmente olhasse ao redor, portando-se de
maneira muito polida. Então Seus seguidores
poderiam ter dito: “Senhor, tudo está excelente.
Vamos a algum lugar para descansar”. Se tivesse sido
assim, não creio que os opositores tivessem sido tão
sérios nos esforços para levá-Lo à morte. Poderiam
até tê-Lo deixado de lado por longo tempo. Nesse
caso Ele não teria sido crucificado na Páscoa.
Portanto o Senhor preparou a situação mediante a
purificação do templo, instigando assim os opositores
para que O levassem à morte no tempo designado por
Deus.
O Senhor não apenas preparou Seus opositores,
como também Seus seguidores. Sem dúvida o
amaldiçoar da figueira e a purificação do templo
causaram profunda impressão neles. Naturalmente,
não entenderam o significado dessas coisas no
momento em que elas ocorreram. Porém, mais tarde,
depois de Sua crucificação e ressurreição, devem
ter-se lembrado delas; aí então começaram a
entender por que Ele havia amaldiçoado a figueira e
purificado o templo.
No capítulo onze de Marcos podemos ver que
Pedro, João, Tiago e os outros discípulos estavam
muito influenciados pela tradição. Para eles,
Jerusalém era abençoada por Deus, e a figueira,
símbolo de Israel, a nação escolhida por Deus. A
mente deles estava cheia do entendimento
tradicional. Eles devem ter ficado chocados quando o
Senhor amaldiçoou a figueira e purificou o templo.
Agora precisamos perceber que, ao fazer isso, Ele não
apenas instigou os opositores para que O levassem à
morte, como também impressionou Seus seguidores,
mostrando-lhes que Deus estava irado com a nação
de Israel e ela estava amaldiçoada, condenada e em
breve seria destruída.
No dia em que o Senhor amaldiçoou a figueira e
purificou o templo, os discípulos não entenderam
muito o que havia acontecido. Todavia, mais tarde,
sem dúvida começaram a se lembrar dessas coisas e
conseguiram entender que Deus havia desistido de
Israel. Assim o amaldiçoar da figueira e a purificação
do templo foram uma preparação para os que iriam
levar o Senhor à morte e também para Seus
seguidores, a fim de que tomassem Sua morte e
recebessem Sua ressurreição.
A cena no capítulo onze é bem diferente daquela
nos capítulos um a dez. Nos primeiros dez capítulos
de Marcos, o Senhor Jesus é manso, misericordioso,
gentil e compassivo. Mas no capítulo onze Ele agiu de
modo totalmente diferente. O objetivo Dele era
preparar o ambiente, a situação, os opositores e Seus
seguidores para o grande evento de Sua morte
redentora.
Esse trabalho de preparação durou seis dias.
Podemos compará-los com os seis dias nos quais
Deus criou o universo. Nos seis dias que antecederam
Sua morte, o Senhor preparou o ambiente e todos os
envolvidos nela. Ele não realizou essa obra de
preparação ensinando, pregando ou explicando, mas
por Suas ações.

A REAÇÃO DOS DISCÍPULOS


Enquanto os discípulos pernoitavam em Betânia,
devem ter conversado entre si sobre o que o Senhor
tinha feito ao amaldiçoar a figueira e purificar o
templo. Talvez Pedro tenha dito para João e Tiago:
“Por que o Senhor amaldiçoou a figueira e purificou o
templo? A figueira é um símbolo do nosso país, mas
Ele a amaldiçoou. Daí, Ele logo entrou no templo,
acabou com todo o comércio e derrubou as mesas. Ele
até mesmo disse que faziam do templo um covil de
salteadores.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM TRINTA E SEIS
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (3)

Leitura Bíblica: Mc 11:27-12:44

ESTAR NA MORTE, RESSURREIÇÃO E


ASCENSÃO DE CRISTO
Quando o Senhor Jesus foi da Galiléia para a
Judéia, Sua intenção era ir a Jerusalém a fim de
entrar na morte e ressurreição e também introduzir
Seus seguidores juntamente com Ele. Pedro, João e
Tiago representavam todos os seguidores íntimos do
Senhor. Desde o início esses três O seguiram de perto.
Ao ler o Evangelho de Marcos, vemos que eles O
seguiram passo a passo. Por fim Ele os introduziu em
Sua morte todo-inclusiva. Naturalmente eles não
sofreram a morte física com o Senhor, mas passaram
pelo processo da morte. Viram como o Senhor se
preparou para morrer. Também viram como Ele
preparou o ambiente para Sua morte e até mesmo
preparou Seus opositores, que O levaram à morte.
Além disso, viram como Ele foi preso, julgado
segundo a lei judaica e pelo governador romano
segundo a lei gentia. Viram como Ele foi escarnecido,
perseguido e levado como cordeiro ao matadouro.
Viram como Ele foi posto na cruz e permaneceu lá por
seis horas.
O Senhor passou pela morte e os discípulos
passaram pela morte com Ele. A única diferença foi
que eles não sofreram a morte física. O próprio
Senhor pessoalmente sofreu a morte, enquanto os
discípulos passaram pelo processo da morte.
Naturalmente eles não foram colocados no túmulo
nem foram ao Hades. Contudo podemos dizer que os
dias entre a morte e a ressurreição do Senhor foram
um “túmulo” para eles. Também podemos dizer que,
em certo sentido, eles passaram pelo Hades. Então,
na manhã da ressurreição do Senhor, alguns
discípulos descobriram o túmulo vazio e perceberam
que o Jesus crucificado havia ressuscitado dentre os
mortos.
Não devemos ler o Evangelho de Marcos
meramente como um livro de histórias nem apenas
para aprender doutrina. Pelo contrário, ao lê-lo,
precisamos ter visão após visão. Ao lê-lo devemos ter
a sensação de que assistimos a uma “televisão
celestial”.
No dia de Pentecostes o Espírito foi derramado
sobre os cento e vinte. Mediante a morte e
ressurreição, o próprio Salvador-Servo, revelado em
Marcos, tomou-se o Espírito que dá vida, que foi
derramado sobre os discípulos. Isso significa que Ele
Se derramou sobre os que tiveram as visões
registradas em Marcos. Pelo derramamento do
Espírito, os cento e vinte receberam a realidade de
todas as visões que haviam tido.
Espero que estas mensagens do Estudo-Vida de
Marcos o ajudem a ter as visões contidas nesse
Evangelho. Por fim o Cristo ressurreto, como o
Espírito vivo, Se derramará sobre você para tomar em
realidade tudo o que você vê. Então você estará em
realidade na morte, ressurreição e ascensão de Cristo.
Você de fato O desfrutará como substituto completo e
universal.
SEIS DIAS PARA A NOVA CRIAÇÃO
Nesta mensagem prosseguiremos considerando a
parte final do capítulo onze de Marcos, que descreve
eventos ocorridos nos seis últimos dias da vida
terrena do Senhor. Esses seis dias visavam à nova
criação. Segundo o livro de Gênesis, em seis dias Deus
completou a velha criação. Então no sétimo dia, o
sábado, Ele descansou. De modo semelhante, o
Senhor levou seis dias para produzir a nova criação de
Deus, depois dos quais houve outro sábado. Ele foi
crucificado numa sexta feira e o dia seguinte era
sábado. Com isso podemos ver que Ele levou seis dias
para completar a preparação e trazer a nova criação à
existência. Nos seis dias, que concluíram com Sua
morte, o Senhor fez tudo o que era necessário para
trazer a nova criação à existência para Deus. Então,
após os seis dias, Ele descansou no sétimo dia, o
sábado. Nestas mensagens procuramos entender o
que aconteceu nesses seis dias.
No primeiro dos seis dias o Senhor Jesus entrou
triunfalmente em Jerusalém montado num
jumentinho. As pessoas gritaram: “Hosana! Bendito o
que vem em nome do Senhor!” (v. 9). Aqui vemos que
Ele recebeu a aprovação do povo. Após fazer tal
entrada em Jerusalém, Ele entrou no templo: “E,
tendo olhado tudo em redor, como fosse já tarde, saiu
para Betânia com os doze” (v. 11).
Voltando à cidade no dia seguinte, Ele
amaldiçoou a figueira e purificou o templo. Para ser
impressionados com a seriedade dessas coisas,
podemos compará-las com alguém que vai à capital
de um país, queima a bandeira e então entra em um
dos principais prédios do governo e causa grande
distúrbio. Certamente essas coisas apareceriam nos
jornais.
Depois de amaldiçoar a figueira, o símbolo da
nação judaica, o Senhor entrou no templo e derrubou
as mesas dos cambistas. Como Ele já havia recebido a
aprovação do povo, ninguém ousava pará-Lo.
Naquele momento todos os líderes estavam quietos,
contudo planejavam secretamente como destruí-Lo.
Segundo 11:19: “E quando anoitecia, saíam da
cidade”. Isso aconteceu na noite do segundo dia. Sem
dúvida, naquela noite os discípulos devem ter
conversado uns com os outros sobre o que o Senhor
tinha feito em Jerusalém. Provavelmente por toda
Jerusalém muitos falavam sobre o que Ele fez ao
purificar o templo.
Na manhã do terceiro dia, os discípulos viram
que a figueira secara desde as raízes (v. 20). Então
foram novamente a Jerusalém. O versículo 27 diz: “E
vieram de novo a Jerusalém. E, andando Ele pelo
templo, vieram a Ele os principais sacerdotes, os
escribas e os anciãos”. Se o Senhor não tivesse
recebido a aprovação do povo, não poderia ter
entrado no templo dessa forma; antes, teria sido
imediatamente preso e levado à morte. Mas, como
havia sido recebido pelo povo, Ele estava livre para
andar no templo.

INQUIRIDO PELOS PRINCIPAIS


SACERDOTES, ESCRIBAS E ANCIÃOS
Os principais sacerdotes, escribas e anciãos, as
três categorias dos que compunham o Sinédrio,
foram ao Senhor e Lhe disseram: “Com que
autoridade fazes essas coisas? ou quem Te deu tal
autoridade para fazer essas coisas?” (v. 28). Aqui os
principais sacerdotes, escribas e anciãos pareciam
dizer: “Tu amaldiçoaste a figueira e derrubaste as
mesas no templo. Com que autoridade fazes essas
coisas? Quem Te deu tal autoridade para fazer isso? O
que fizeste é extremamente sério. Por isso, queremos
saber da Tua origem e autoridade”.
Ao lidar com os principais sacerdotes, escribas e
anciãos, o Senhor Jesus foi muito digno. Ele não
estava com medo ao enfrentar essa situação, mas
respondeu às perguntas deles com intrepidez.

A Pergunta do Senhor
O Senhor Jesus lhes disse: “Eu vos farei uma
pergunta; respondei-Me, e Eu vos direi com que
autoridade faço essas coisas. O batismo de João era
do céu ou dos homens? respondei-Me” (vs. 29-30).
Por um lado, Ele não temia ser examinado pelos
principais sacerdotes, escribas e anciãos. Por outro,
Ele lhes devolveu a pergunta com dignidade.
Antes de responder a pergunta do Senhor, os
principais sacerdotes, escribas e anciãos reuniram-se
em conselho. “E eles arrazoavam entre si: Se
dissermos: Do céu, Ele dirá: Então por que não
crestes nele? Mas diremos nós: Dos homens? temiam
o povo, porque todos consideravam que João era
verdadeiramente um profeta” (vs. 31-32). Percebendo
que não havia maneira de responder ao Senhor sem
perder a questão, decidiram mentir. Assim Lhe
disseram: “Não sabemos” (v. 33). O Senhor sabia o
que estava no coração deles, sabia que estavam
mentindo.

A Resposta do Senhor
O Senhor Jesus prosseguiu dizendo aos
principais sacerdotes, escribas e anciãos: “Nem Eu
vos digo com que autoridade faço essas coisas” (v.
33). Isso indica que Ele sabia que os líderes judeus
não iriam dizer-Lhe o que sabiam. Assim nem Ele iria
responder-lhes o que perguntaram. Eles mentiram
para o Senhor ao dizer: “Não sabemos”. Mas Ele lhes
falou a verdade sabiamente, expondo-lhes a mentira e
evitando a pergunta deles.
Na resposta do Senhor devemos prestar atenção
à palavra nem. Esse termo indica que os líderes
judeus estavam mentindo para o Senhor. Uma vez
que não iriam dizer o que sabiam a respeito de João
Batista, assim também Ele não iria responder a
pergunta deles.
A sábia resposta do Senhor fez os líderes da
nação judaica passar vergonha. Eles foram expostos
como um grupo de mentirosos. Ao lidar com eles, o
Senhor manifestou tanto Sua dignidade como
sabedoria. Podemos dizer que Sua dignidade era
humana e Sua sabedoria, divina. Essa combinação de
dignidade humana e sabedoria divina subjugou os
principais sacerdotes, escribas e anciãos.
Creio que os discípulos do Senhor estavam muito
satisfeitos com a maneira com que Ele lidou com os
líderes judeus. Talvez se tenham entreolhado, anuído
com a cabeça e sorrido. Viram a dignidade e a
sabedoria do Salvador-Servo no meio daquela
situação no templo. Como devem ter ficado contentes
em ver os principais sacerdotes, escribas e anciãos
sendo vencidos pelo Senhor Jesus!

POSTO À PROVA PELOS FARISEUS E


HERODIANOS
Depois que o Salvador-Servo foi examinado pelos
principais sacerdotes, escribas e anciãos, Ele foi posto
à prova pelos fariseus e herodianos (12:13-17).
Marcos 12:13 diz: “E enviaram-Lhe alguns dos
fariseus e dos herodianos, para que O apanhassem
em alguma palavra”. Os herodianos eram partidários
do regime do rei Herodes e participavam com ele na
infiltração do estilo de vida greco-romano na cultura
judaica. Eles tomavam partido dos saduceus, mas se
opunham aos fariseus. Aqui, porém, se uniram aos
fariseus para apanhar o Senhor Jesus em alguma
palavra.
Os fariseus eram muito patriotas, totalmente a
favor da nação judaica. Os herodianos eram
favoráveis aos imperialistas romanos. Assim esses
dois partidos não conseguiam trabalhar juntos. Mas
para lidar com essa Pessoa maravilhosa, o
Salvador-Servo, os que eram inimigos se uniram para
fazer uma pergunta sutil ao Senhor, relacionada tanto
com o patriotismo como com o imperialismo.
Chegando a Ele, disseram-Lhe: “Mestre,
sabemos que és verdadeiro e não te importas com
quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos
homens, antes ensinas o caminho de Deus em toda a
verdade. É lícito pagar tributo a César, ou não?
Devemos pagar ou não devemos pagar?” (v. 14). Essa
era de fato uma pergunta ardilosa. Todos os judeus
eram contra pagar tributo a César. Se o Senhor Jesus
dissesse que era lícito fazê-lo, ofenderia todos os
judeus, cujos líderes eram os fariseus. Se dissesse que
não era lícito, os herodianos que apoiavam o governo
romano teriam boas razões para acusá-Lo.
Pode parecer-nos que não havia meio de o
Senhor Jesus responder essa pergunta. Suponha que
Ele dissesse: “Não, não devemos pagar tributo a
César”. Então os herodianos teriam dito: “Tu és
contra os romanos, por isso deves ser preso e lançado
na prisão”. Mas suponha que tivesse dito: “Sim, é
correto pagar tributo a César”. Então os fariseus
teriam dito: “Estás traindo Teu país, pois trabalhas
para os imperialistas romanos”. Quão diabolicamente
sutil foi a pergunta levantada pelos fariseus e
herodianos!
Embora tivesse sido questionado de forma
diabolicamente sutil, o Senhor não estava com medo.
Mas, mantendo a dignidade, disse-lhes: “Por que Me
pondes à prova? Trazei-Me um denário para que Eu o
veja” (12:15). Ele não lhes mostrou a moeda romana,
mas pediu que eles Lha mostrassem. Como possuíam
uma das moedas romanas, foram pegos.
Depois que Lhe trouxeram a moeda, Ele disse:
“De quem é esta efígie e inscrição?” (v. 16). Quando
responderam: “De César”, Ele prosseguiu: “Dai a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (v.
17). Dar a César o que é de César é pagar tributo a
César de acordo com suas leis governamentais. Dar a
Deus o que é de Deus é pagar o meio siclo para Deus
de acordo com Êxodo 30:11-16, e também ofertar os
dízimos a Deus de acordo com a lei divina.
Essa seção de Marcos a respeito de o
Salvador-Servo ser testado pelos fariseus e
herodianos conclui com essas palavras: “E muito se
admiravam Dele”. O Senhor lhes respondeu em Sua
sabedoria divina, e eles foram silenciados e
subjugados.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM TRINTA E SETE
A PREPARAÇÃO DO SALV ADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (4)

Leitura Bíblica: Mc 12:18-44


A prova e o exame do Salvador-Servo
(11:27-12:44) aconteceram nos dias imediatamente
anteriores à festa da Páscoa. Judeus de vários lugares
tinham vindo a Jerusalém para essa festa. O fato de o
Senhor ter purificado o templo chamou a atenção das
pessoas. Primeiro os principais sacerdotes, escribas e
anciãos vieram a Ele com uma pergunta a respeito de
Sua autoridade (11:27-33). Depois que os principais
sacerdotes, escribas e anciãos foram derrotados por
Ele, os fariseus e herodianos tentaram apanhá-Lo em
alguma palavra (12:13-17). Contudo, também foram
derrotados pelo Salvador-Servo.

OS SADUCEUS E A RESSURREIÇÃO
Em 12:18-27 os saduceus vieram ao Senhor
Jesus. Eles eram uma facção entre os judeus (At 5:17).
Não criam na ressurreição, nem em anjos ou em
espíritos (At 23:8). Tanto os fariseus como os
saduceus foram denunciados por João Batista e pelo
Senhor Jesus como raça de víboras (Mt 3:7; 12:34;
23:33). O Senhor. preveniu os discípulos a respeito da
doutrina deles (Mt 16:6, 12). Enquanto os fariseus
eram supostamente ortodoxos, os saduceus podem
ser considerados os modernistas de antigamente.
Em Marcos 12:18-27 os saduceus pensaram que
poderiam vencer o Senhor Jesus na questão da
ressurreição. Eles O indagaram dizendo: “Mestre,
Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de
alguém e deixar mulher sem deixar filhos, seu irmão
tome a mulher e suscite descendência a seu irmão.
Havia sete irmãos: o primeiro tomou mulher e, ao
morrer, não deixou descendência; o segundo a tomou
e morreu sem deixar descendência; e o terceiro da
mesma forma; e os sete não deixaram descendência.
Por último, depois de todos, morreu também a
mulher. Na ressurreição, quando eles ressuscitarem,
de qual deles será ela esposa? porque os sete a
tiveram por esposa” (vs. 19-23). Eles achavam que
eram muito espertos ao fazer essa pergunta ao
Senhor.
a Senhor Jesus lhes disse: “Não é por isto que
errais, por não conhecerdes as Escrituras nem o
poder de Deus?” (v. 24). Conhecer as Escrituras é
uma coisa; conhecer o poder de Deus é outra.
Precisamos conhecer ambos. Aqui “as Escrituras”
referem-se aos versículos do Antigo Testamento a
respeito da ressurreição e “o poder de Deus”, ao
poder da ressurreição.
O Senhor disse ainda que na ressurreição não
haverá nenhum casamento: “Pois quando
ressuscitam dentre os mortos, nem casam, nem se
dão em casamento; mas são como os anjos nos céus”
(v. 25).
O Senhor Jesus, no entanto, não parou aí; Ele
continuou: “E, quanto aos mortos, que eles
ressuscitam, não tendes lido no livro de Moisés, no
trecho referente à sarça, como Deus lhe disse: Eu sou
o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
Ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos. Errais
muito” (v. 26-27). Deus é Deus dos vivos e é chamado
o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, assim esses
três, que já tinham morrido, Abraão, Isaque e Jacó,
serão ressuscitados. Essa é a maneira pela qual o
Senhor Jesus expunha as Escrituras: não apenas pela
letra, mas pela vida e pelo poder que há nelas.
Nessa palavra aos saduceus, no versículo 26, o
Senhor Jesus na verdade se referia a Si mesmo, pois
Ele, como o Anjo de Jeová, foi quem falou a Moisés
em Êxodo 3. Aqui Ele parece dizer: “Fui Eu que falei a
Moisés. Eu, vosso Deus, era o Anjo que lhe falou de
dentro da sarça. Ademais, Jeová é o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó. Se eles não ressuscitarem, como Deus
pode ser chamado o Deus deles? Ele nunca seria
conhecido como o Deus dos mortos; Ele é o Deus dos
vivos. Portanto esse título indica ressurreição”.

RECEBER LUZ DO SENHOR


Não devemos pensar que para entender a Bíblia
basta conhecer as línguas originais em que foi escrita:
hebraico e grego. Os escribas conheciam o Antigo
Testamento em hebraico. Mas, embora tivessem o
conhecimento da língua, não tinham nenhuma luz. O
Senhor Jesus, pelo contrário, tinha a luz divina. Por
essa razão podia mostrar como é que a ressurreição
está implícita no título de Deus (o Deus de Abraão, de
Isaque e de Jacó). Sem a luz divina, ninguém seria
capaz de ver que esse título divino envolve a
ressurreição.
Eu encorajo os santos a aprender hebraico e
grego, mas pode-se ter doutorado em hebraico ou em
grego e mesmo assim estar cego. É preciso ter a luz de
Deus. Para recebe-la não se pode confiar no
conhecimento das línguas originais da Bíblia nem nas
exposições dos grandes mestres, mas é preciso
ajoelhar-se diante do Senhor e abrir-se a Ele,
dizendo: “Senhor Jesus, embora eu saiba hebraico e
grego, sem Ti não posso ver nenhuma luz, Senhor,
preciso do Teu iluminar. A luz não vem do meu
estudo ou análise, mas mediante Tua misericórdia. Ó
Senhor, como preciso receber luz de Ti!”.
Sem a luz de Deus, podemos ler o Evangelho de
Marcos muitas vezes e não ver nada. Precisamos que
as visões contidas nesse livro sejam “transmitidas” a
nosso ser. Posso testificar que, pela misericórdia do
Senhor, tive as visões contidas nesse livro. Às vezes a
luz vem enquanto falo. Por exemplo, foi durante uma
das mensagens que vi a relação entre os seis dias da
velha criação e os seis dias da preparação para a nova
criação. Luz assim não vem de conhecer as línguas
originais da Bíblia ou os escritos dos expositores, mas
vem do Senhor, mediante Sua misericórdia, quando
nos abrimos a Ele.

POSTO À PROVA POR UM ESCRIBA


Em 12:28-34 o Salvador-Servo foi posto à prova
por um escriba. Em Mateus 22:35 ele é chamado
doutor da lei. Escriba é termo mais amplo que inclui
os doutores da lei, que eram juristas mosaicos. Os
doutores da lei eram versados na lei de Moisés; eram
intérpretes profissionais da lei do Antigo Testamento.
Esse escriba, que conhecia profundamente a lei,
veio ousadamente ao Senhor Jesus. Sabendo que Ele
havia respondido bem aos que vieram discutir com
Ele, o escriba Lhe perguntou: “Qual é o primeiro de
todos os mandamentos?” (v. 28). O Senhor
respondeu: “O primeiro é: Ouve, Israel: o Senhor
nosso Deus é o único Senhor! Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de
toda a tua mente e de toda a tua força” (v. 29-30).
Amar o Senhor dessa forma é amá-Lo com todas as
partes de nosso ser, isto é, usando nosso espírito,
alma e corpo.
No versículo 31 o Senhor continuou Sua
resposta: “O segundo é este: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior
do que esses”.
Esses dois mandamentos estão relacionados com
o amor; trata-se de amar a Deus e de amar os
homens. Amor é o espírito dos mandamentos de
Deus. Os maiores mandamentos, portanto,
relacionam-se com amor, para com Deus e para com
os homens.

A IMPRESSÃO CAUSADA NOS SEGUIDORES


DO SENHOR
O versículo 34 termina assim: “E ninguém
ousava mais interrogá-Lo”. O Senhor Jesus
respondeu a todas as perguntas e obteve vitória total.
Sem dúvida, Pedro, João, Tiago e todos os outros
seguidores próximos do Senhor viram essas
confrontações e ficaram impressionados com o modo
como Ele as conduziu. Você não acha que eles
estavam profundamente impressionados com o modo
como Ele respondeu às perguntas levantadas pelos
opositores e como passou por prova e exame tão
traiçoeiros? Certamente Seus seguidores deviam
estar muito impressionados com Ele.

QUALIFICADO PARA SER O CORDEIRO


PASCAL
Em tipologia, o cordeiro pascal era examinado
por quatro dias antes de ser imolado (Êx 12:3-6). O
Salvador-Servo, como o verdadeiro Cordeiro pascal
(1Co 5:7), foi também examinado por quatro dias
antes de ser morto. Ele chegou a Betânia seis dias
antes da Páscoa (Jo 12:1; Mc 11:1). No dia seguinte
entrou em Jerusalém e voltou a Betânia (Jo 12:12; Mc
11:11). No terceiro dia foi novamente a Jerusalém
(11:12-15) e começou a ser examinado, segundo a lei
judaica pelos líderes judeus (11:27-12:37; 14:53-65; Jo
18:13, 19-24), e segundo a lei romana por Pilatos,
governador romano (Jo 18:28-19:6). Foi examinado
até o dia da Páscoa, quando foi crucificado (Mc 14:12;
Jo 18:28). Esse exame traiçoeiro e capcioso, de vários
ângulos, levou exatamente quatro dias; e Ele passou,
provando ser plenamente qualificado como Cordeiro
que Deus exigia para consumar Sua redenção, a fim
de que Deus pudesse passar por cima dos pecadores,
tanto judeus quanto gentios.
Como veremos, debaixo da soberania de Deus, o
Salvador-Servo foi julgado não apenas pelos líderes
judeus como ovelha diante dos tosquiadores (Is 53:7;
Mc 14:53-65), mas também pelo governador romano,
como criminoso diante dos acusadores (14:64;
15:1-15), a fim de morrer servindo os pecadores com
Sua vida como resgate (10:45). Ele não morreu
apenas pelos judeus, representados pelos líderes
judeus, mas também pelos gentios, representados
pelo governador romano.

UMA PERGUNTA COM RESPEITO A CRISTO


Marcos 12:35 diz: “Jesus, ensinando no templo,
dizia: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de
Davi?”. O Senhor fora interrogado sobre diversas
coisas, mas aqui Ele fez uma pergunta a respeito de
Cristo aos que O punham à prova e O examinavam.
Nesses dias em Jerusalém, o centro do judaísmo,
o Salvador-Servo foi rodeado pelos principais
sacerdotes, anciãos, escribas, fariseus, herodianos e
saduceus, que se esforçavam para apanhá-Lo
fazendo-Lhe perguntas intrigantes e insidiosas.
Primeiramente os principais sacerdotes,
representantes da autoridade da religião judaica, e os
anciãos, representantes da autoridade do povo judeu,
perguntaram-Lhe sobre Sua autoridade (11:27-33).
Essa pergunta foi conforme o conceito religioso deles.
Em segundo lugar, os fariseus, que eram
fundamentalistas, e os herodianos, que eram zelosos
pela política, fizeram-Lhe uma pergunta relacionada
com a política (12:13-17). Em terceiro lugar, os
saduceus, os modernistas de então, interrogaram-No
sobre crença fundamental, especificamente a respeito
da ressurreição. Em quarto lugar, um escriba, doutor
da lei, fez-Lhe uma pergunta sobre a interpretação da
Bíblia.
Após ter respondido a todas as perguntas deles
com sabedoria, Ele lhes fez uma pergunta relacionada
com o Cristo. Essa é a pergunta das perguntas. As
deles diziam respeito à religião, política, crença e a
interpretação das Escrituras. A Dele dizia respeito a
Cristo, que é o centro de todas as coisas espirituais e
divinas. Eles tinham conhecimento de religião,
política, crença e Escrituras na letra, mas não davam
atenção alguma a Cristo. Portanto em 12:35-37 Ele
lhes perguntou com respeito a Cristo.
Depois de perguntar por que os escribas dizem
que Cristo é filho de Davi, Ele continuou: “O próprio
Davi disse, no Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu
Senhor: Assenta-te à Minha direita, até que Eu ponha
os Teus inimigos debaixo dos Teus pés. O próprio
Davi chama-Lhe Senhor; como é Ele seu filho?” (vs.
36-37). A resposta à pergunta do Senhor é que, como
Deus, em Sua divindade, Cristo é o Senhor de Davi, e
como homem, em Sua humanidade, Ele é o filho de
Davi. Os fariseus e escribas tinham apenas parte do
conhecimento das Escrituras a respeito da Pessoa de
Cristo, ou seja, que Ele era filho de Davi de acordo
com Sua humanidade. Eles não tinham a outra parte,
a respeito da divindade de Cristo como o Filho de
Deus.
Depois que o Senhor respondeu às quatro
diferentes perguntas formuladas pelos que O
puseram à prova e O examinaram, e depois que fez a
pergunta das perguntas (a pergunta com respeito ao
Cristo) Ele prosseguiu dando uma advertência a
respeito dos escribas e elogiando uma viúva pobre.
Consideraremos essas questões na próxima
mensagem.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM TRINTA E OITO
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (5)

Leitura Bíblica: Mc 11:27-12:44

QUATRO TIPOS DE PERGUNTAS


Em 11:27-12:34 foram feitas quatro perguntas ao
Senhor Jesus, as quais representam diferentes
aspectos da cultura humana. A primeira (11:27-33)
referia-se à religião. Os principais sacerdotes,
escribas e anciãos fizeram ao Salvador-Servo uma
pergunta relacionada com a típica e genuína religião.
Eles O questionaram especificamente a respeito de
Sua autoridade. Achavam que assim serviam a Deus e
conheciam a lei de Moisés. Podemos dizer que tinham
uma religião típica. Agora queriam saber a origem das
coisas que o Senhor fazia. Assim a primeira pergunta,
feita ao Senhor em 11:27-33, estava relacionada com a
genuína religião.
A segunda foi formulada pelos fariseus e
herodianos (12:13-17), que vieram a Ele e disseram:
“Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas
com quem quer que seja, porque não olhas a
aparência dos homens, antes ensinas o caminho de
Deus em toda a verdade. É lícito pagar tributo a
César, ou não? Devemos pagar ou não devemos
pagar?” (v. 14). Essa pergunta estava relacionada com
a política.
A terceira, feita pelos saduceus (12:18-27), estava
relacionada com a crença. Em especial, queriam
saber aquilo em que Ele cria a respeito da
ressurreição. Como já comentamos, os saduceus, que
podem ser considerados os modernistas da época,
não criam na ressurreição. A terceira pergunta,
portanto, refere-se à crença.
A quarta (12:28-34) foi feita por um escriba.
Marcos 12:28 diz: “Aproximou-se um dos escribas
que os ouvira discutir; percebendo que Jesus lhes
respondera bem, perguntou-Lhe: Qual é o primeiro
de todos os mandamentos?”. Essa pergunta está
relacionada com a interpretação da Bíblia. O escriba
perguntou ao Salvador-Servo como Ele interpretava a
Bíblia, com respeito a qual mandamento era o mais
importante.

CRISTO COMO FILHO E SENHOR DE DA VI


OS assuntos abrangidos por essas quatro
perguntas incluem os componentes da mais alta
cultura humana. Contudo nenhuma delas dá atenção
a Cristo, o substituto completo e uni versal. Como
Seus examinadores não deram atenção a Cristo, o
Senhor mesmo preencheu essa falha quando lhes
perguntou de volta: “Como dizem os escribas que o
Cristo é filho de Davi? O próprio Davi disse, no
Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à Minha direita, até que Eu ponha os Teus
inimigos debaixo dos Teus pés. O próprio Davi
chama-Lhe Senhor; como é Ele seu filho?” (12:35-37).
Aqui Ele perguntou como os escribas podiam dizer
que Cristo é o filho de Davi, quando o próprio Davi O
chamava de Senhor. Ele demonstrou que os escribas
só conheciam Cristo como homem; não percebiam
que Cristo, o Messias, também é o próprio Deus e,
portanto, um homem-Deus.
O Senhor parecia dizer a todos os que O punham
à prova e examinavam: “Vocês Me conhecem apenas
como um nazareno; não Me conhecem como Deus.
Embora Eu seja franco e honesto com vocês, também
sou misericordioso. Embora Eu seja o Deus
Todo-Poderoso, criador de vocês, tenho a paciência
de ser examinado e posto à prova por vocês. Se Eu
não fosse misericordioso com vocês e Me
manifestasse em Minha essência divina, todos vocês
seriam mortos. Mas sou compassivo. Contudo sou o
próprio Deus a quem Davi se dirigiu como Senhor”.
Precisamos perceber que Pedro, João, Tiago e
todos os outros seguidores íntimos do Senhor Jesus
estavam ali observando o que Ele fazia e ouvindo o
que Ele dizia. Sem dúvida estavam profundamente
impressionados com o Salvador-Servo. Devem ter
comentado entre si. Talvez Pedro tenha dito para
João e Tiago: “Por um lado, nosso Mestre é filho de
Davi, mas, por outro, é o Senhor. Vocês já tinham
percebido isso? Sabiam que nosso Mestre não é
apenas homem, mas também Deus, o Senhor?”. Creio
que os discípulos falaram entre si dessa maneira.
Se você fosse um dos discípulos a observar como
Ele lidava com os opositores, não iria comentar com
os outros a respeito disso? Não iria ficar
impressionado com o fato de que seu Mestre revelou
aos opositores que Ele, não apenas era o filho como
também o Senhor de Davi? Sem dúvida Seus
seguidores próximos receberam uma impressão
profunda a respeito Dele.
Vimos que o Senhor Jesus levou Seus seguidores
com Ele para Jerusalém com um propósito. Ele não
pretendia entrar sozinho na morte; antes, introduziu
um grupo deles Consigo. Esses seguidores são nossos
representantes. Quando estavam com o Senhor em
Jerusalém, todos estávamos lá. Aleluia, hoje somos os
seguidores íntimos do Senhor! Como tais, obtemos no
Evangelho de Marcos uma série de visões celestiais,
que são “transmitidas” a nosso ser.
Em 12:37 o Salvador-Servo já tinha obtido vitória
total. Ele não apenas recebera a aprovação do povo,
como também subjugara os opositores. Os principais
sacerdotes, escribas, anciãos, fariseus, herodianos e
saduceus foram todos subjugados. Jesus, o nazareno,
foi manifestado como uma Pessoa maravilhosa. Para
ser exato, os discípulos estavam muito satisfeitos com
a situação.

UMA ADVERTÊNCIA COM RESPEITO AOS


ESCRIBAS
Imediatamente após ter subjugado todos os
opositores e ter-lhes falado a respeito de Cristo, o
Senhor prosseguiu dando-lhes uma advertência com
respeito aos escribas. Marcos 12:38-40 diz:
“Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com
vestes talares e das saudações nas praças, das
primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros
lugares nos banquetes; que devoram as casas das
viúvas e, como pretexto, fazem longas orações; estes
sofrerão juízo mais severo”. Em outra passagem, Ele
dissera aos discípulos que tomassem cuidado com o
fermento dos fariseus e de Herodes (8:15). O
fermento dos fariseus era a hipocrisia (Lc 12:1), e o de
Herodes, a corrupção e injustiça na política. O
problema dos escribas era ter conhecimento vão, até
mesmo conhecimento vão a respeito da Bíblia. Os
escribas ensinavam teologia ou doutrina de forma vã.
Nos capítulos onze e doze de Marcos os escribas
são mencionados várias vezes. Eles estavam entre os
que questionaram o Senhor a respeito da Sua
autoridade (11:27-28). Foi um escriba que fez a
pergunta ao Senhor a respeito de interpretação da
Bíblia (12:28). Ademais, em 12:35 o Senhor
perguntou: “Como dizem os escribas que o Cristo é
filho de Davi?”. Agora, em 12:38, o Senhor faz uma
advertência específica com respeito aos escribas.
Os escribas achavam que conheciam a Bíblia e
também doutrina e teologia. Embora pudessem
conhecer as Escrituras em letras, certamente não
conheciam Cristo. Assim, em Seu ensinamento, o
Senhor perguntou como é que eles diziam que Cristo
era o filho de Davi. Eles ensinavam teologia vã,
teologia sem Cristo como realidade.
Podemos ser os escribas de hoje. Nosso
ensinamento pode estar correto, mas vazio, isto é,
sem Cristo. Os antigos escribas ensinavam às pessoas
segundo o Antigo Testamento, mas não tinham luz a
respeito de Cristo. Não tinham entendimento Dele
como o Homem-Deus.
Precisamos saber discernir se determinada
mensagem ou ensinamento tem Cristo como centro,
realidade e essência viva. Certos pregadores e mestres
são naturalmente eloqüentes e conseguem apresentar
doutrina a outros de forma que agrada os ouvidos que
têm coceira. Tal ensinamento, pregação ou exposição
da Bíblia é de acordo com o conhecimento do homem
e a eloqüência humana. Devemos ser capazes de
discernir se Cristo é o centro, a realidade e a essência
de cada mensagem. Se Cristo não for o centro, então a
mensagem é vazia. Em princípio, ela pertence ao
ensinamento dos escribas e devemos ter cuidado com
ela.
Não devemos pensar que, desde que um
ensinamento seja de acordo com as Escrituras, não há
problema com ele. Há um meio de discernir todos os
ensinamentos, e esse meio é discernir se Cristo é o
centro, a realidade e a essência de cada um deles. Na
restauração do Senhor, Cristo deve ser o centro, a
realidade e a essência de cada mensagem. Uma
mensagem pode ser didática, acadêmica, bíblica e
eloqüente, e suprir bastante conhecimento bíblico.
Contudo talvez seja um ensinamento dos escribas de
hoje. Precisamos seguir isso como princípio básico
para discernir o ensinamento na restauração do
Senhor.
A religião hoje está cheia de escribas. Muitos
ensinamentos entre os cristãos são bíblicos e
didáticos. Muitos mestres sabem grego ou hebraico e
são versados em diversas exposições das Escrituras.
Mas Cristo pode não ser o centro, a realidade e a
essência do falar deles.

O ELOGIO À VIÚVA POBRE


Depois que fez a advertência com respeito aos
escribas, o Senhor Jesus elogiou uma viúva pobre em
sua lealdade (12:41-44). “Assentado defronte do
gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava
dinheiro no gazofilácio. Muitos ricos lançavam muito
dinheiro” (12:41). O Salvador-Servo era Deus vivendo
em Sua humanidade. Como tal, Ele se importava em
ver como o povo de Deus expressava sua lealdade nas
ofertas que Lhe fazia. Dessa forma elogiou a lealdade
da viúva para com Deus. A observação do
Salvador-Servo é mais perspicaz do que a do homem.
Quando Ele viu que “uma viúva pobre, lançou
duas pequenas moedas, que valem um quadrante”,
chamando a Si os discípulos, disse-lhes: “Em verdade
vos digo que esta viúva pobre lançou no gazofilácio
mais do que todos os ofertantes. Porque todos eles
lançaram do que lhes sobejava; ela, porém, da sua
carência, lançou tudo quanto possuía, todo o seu
sustento” (vs. 42-44). Os que deram da sua
abundância não tocaram o coração do Senhor.
Contudo o Senhor foi tocado pela viúva pobre que
lançou ali duas pequenas moedas de cobre. Ele a
admirou pela maneira como ela ofertou.

UM CONTRASTE ENTRE VAIDADE E


REALIDADE
É muito significativo que, depois de ter
subjugado todos os opositores, o Senhor tenha feito
uma advertência a respeito dos escribas e louvado
uma viúva pobre em sua lealdade. Primeiro Ele
advertiu os discípulos a que tivessem cuidado com os
ensinamentos vãos e vazios dos escribas. Então os
encorajou a apreciar a realidade interior de uma
viúva. Ele queria que olhassem para a situação entre o
povo de Deus não exteriormente, à maneira do
homem, mas interiormente: de acordo com a
realidade interior da pessoa. Por ter tal perspectiva,
Ele pôde prezar a viúva pobre.
Em 11:27-12:37 temos quatro perguntas
relacionadas com a cultura do homem, seguidas da
pergunta das perguntas a respeito de Cristo. As
quatro primeiras perguntas referem-se à religião,
política, crença e à maneira de interpretar a Bíblia. A
pergunta singular diz respeito a Cristo. O relato
acerca dessas cinco perguntas é seguido por dois
incidentes: o primeiro, a respeito da vaidade dos
ensinamentos vazios dos escribas; o segundo, a
respeito da realidade do ser interior de um crente.
Um escriba é alguém entre o povo do Senhor que fala
vaidade, mas essa viúva representa um crente com
realidade interior. Ao considerar esses dois
incidentes, vemos que, em vez de ser escribas,
devemos ser viúvas pobres. Todos devemos dizer:
“Não quero ser um escriba vazio falando vaidade.
Quero ser uma viu:, a pobre. Quero que tudo que eu
faça provenha da realidade em mim”.
Precisamos considerar se queremos ser escribas
ou viúvas. Você quer ser um escriba vazio ou uma
viúva cheia de realidade? Agradecemos ao Senhor,
pelo fato de que em Sua restauração há muitos irmãos
cheios de realidade interior, como aquela viúva. Sem
essas viúvas seria impossível a restauração continuar.
Graças ao Senhor, que entre nós há muitas
verdadeiras viúvas, muitos que têm realidade
interior.
Precisamos perguntar-nos por que, depois que o
Senhor respondeu às perguntas dos opositores e
depois que fez a pergunta a respeito de Si. mesmo, Ele
prosseguiu falando a respeito dos escribas e da viúva
pobre. Ele teve uma pequena reunião com os
discípulos, na qual lhes falou a respeito dos escribas e
da viúva. Os escribas são vazios, estão na vaidade, e a
viúva tem realidade interior. Precisamos aprender a
apreciar a realidade e tomar cuidado com a vaidade.
Alguém pode ser excelente orador, eloqüente e cheio
de conhecimento, mas seu falar pode ser vazio. Por
outro lado, alguém pode ser pobre no falar, sem
eloqüência nem conhecimento, mas com realidade
interior para com Deus. Esse é o significado de se
colocar esses dois incidentes no fim do capítulo doze:
a advertência a respeito dos escribas e o elogio à viúva
pobre.
Ao ler Marcos 12 sob a luz celestial, podemos ver
o significado do que está registrado ali. Vemos
especialmente o significado da advertência do Senhor
a respeito dos escribas e Seu elogio à viúva pobre. Por
um lado, vemos que o ensinamento de alguém pode
ser cheio de conhecimento e eloqüente, mas vão e
vazio. Por outro, alguém pode ser pobre, no entanto
cheio de realidade. Podemos ser pobres em todos os
aspectos, mas ter em nós a realidade do Senhor a
quem invocamos, uma realidade em relação ao
próprio Deus a quem servimos. Podemos não ter
muita eloqüência ou conhecimento, e não buscar
essas coisas, mas podemos ter algo: realidade
interior.
Nada põe à prova a realidade interior de alguém
mais do que o dinheiro. A razão pela qual o dinheiro
põe à prova a realidade interior do crente, é que, na
vida humana, nada é mais palpável do que dinheiro
ou posses. Seu dinheiro e posses testam se você tem
realidade em relação a Deus ou não.
Que todos tomemos cuidado com a vaidade,
especialmente no falar, eloqüência, conhecimento,
doutrina e ensinamento. Ao mesmo tempo, todos
precisamos aprender a apreciar, dar valor, ao que é
real aos olhos do Senhor.
Não nos devemos esquecer que Pedro, João e
Tiago e os outros seguidores próximos do Senhor
estavam presentes quando Ele fez a advertência a
respeito dos escribas e elogiou a viúva pobre. Eles
viram todas as coisas que ocorreram nos capítulos
onze e doze. Creio que depois do dia de Pentecostes,
todas essas coisas voltaram a eles, em seu viver, como
visões celestiais. Hoje precisamos que todas as visões
do Evangelho de Marcos sejam impressas uma a uma
em nosso ser. Então, quando nos abrirmos ao
Espírito que dá vida para que se mova em nós, todas
elas virão a nós de forma real e viva.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM TRINTA E NOVE
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (6)

Leitura Bíblica: Mc 13:1-37


Antes de considerar 13:1-37, onde o Senhor Jesus
fala de coisas por vir, gostaria de ainda falar sobre o
capítulo doze.

UMA ADVERTÊNCIA COM RESPEITO AOS


ESCRIBAS
Em 12:35 o Senhor Jesus, ensinando no templo,
diz: “Como dizem os escribas que o Cristo é filho de
Davi 7”. Então prosseguiu perguntando como o Cristo
podia ser o filho de Davi quando o próprio Davi O
chama de Senhor. Essa pergunta a respeito de Cristo
silenciou os opositores. O versículo 37 diz: “E a
grande multidão O ouvia com prazer”.
Como continuação imediata de 12:35-37, o
versículo 38 diz: “E, no Seu ensinamento, dizia Ele:
Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com
vestes talares e das saudações nas praças”. Essas
palavras, sem dúvida, são ditas em relação ao fato de
que, embora supostamente conhecessem a Bíblia, os
escribas conheciam muito pouco a respeito de Cristo.
Conheciam algo a respeito da humanidade de Cristo;
contudo nada conheciam a respeito de Sua deidade.
Portanto estavam destituídos do conhecimento
adequado da realidade de Cristo. Devido a essa
deficiência, o Senhor Jesus advertiu as pessoas para
que se acautelassem dos escribas.
Segundo a palavra do Senhor, os escribas não
apenas gostavam de andar com vestes talares e das
saudações nas praças, mas também das primeiras
cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos
banquetes (v. 39). Além disso, “devoram as casas das
viúvas e, como pretexto, fazem longas orações” (v.
40). Isso indica que só tinham aparência; não tinham
realidade. O fato de os escribas gostarem de andar
com vestes tal ares indica que se importavam com
posição, honra e glória. Também gostavam de receber
o respeito e a consideração das pessoas. Isso é forte
indicação de que eram vazios, mestres vãos da Bíblia,
totalmente carentes da realidade de Cristo. No viver
deles não havia realidade; antes, buscavam posição,
respeito, honra e glória.
Todos devemos atentar à advertência do Senhor
com respeito aos escribas. É possível que até mesmo
entre nós, na restauração do Senhor, alguns sejam em
princípio como eles, tendo algum conhecimento da
Bíblia e eloqüência, para falar de maneira que atraia
os outros, contudo sem a realidade do Homem-Deus,
Aquele que é tanto Deus como homem, o Cristo
todo-inclusivo, como nosso substituto universal.
Devemos estar alertas em relação aos que têm
carência da realidade interior de Cristo, no entanto
buscam posição, respeito, honra e glória.
Vimos que em 12:41-44 o Senhor Jesus elogiou
uma viúva pobre em sua lealdade. Essa viúva,
provavelmente, não tinha muito conhecimento da
Bíblia, contudo tinha realidade, pois seu coração era
sincero, honesto e fiel a Deus. Havia realidade
interior em seu viver diário. Essa viúva é apresentada
em contraste com os escribas em seu conhecimento
vazio.
PREPARAR OS DISCÍPULOS
Marcos 13:1-37 é geralmente considerado um
capítulo de profecias. Contudo esse capítulo não é
meramente uma profecia, mas também parte da
preparação do Salvador-Servo para Seu serviço
redentor. Em 13:1-14:42 Ele preparou os discípulos
para Sua morte. Vimos que em 11:1-12:44 a
preparação do Salvador-Servo para Sua obra
redentora incluiu três questões: entrar em Jerusalém
e pernoitar em Betânia (11:1-11), amaldiçoar a figueira
e purificar o templo (11:12-26), e ser posto à prova e
examinado (11:27-12:44). Esse trabalho de
preparação envolvia tanto os seguidores do Senhor
como também os opositores. Se considerarmos os
capítulos onze e doze cuidadosamente, veremos que,
embora os opositores tenham sido subjugados pelo
Senhor, eles também foram acelerados nos esforços
para levá-Lo à morte. Os preparativos foram feitos
pelo Senhor para que os opositores O levassem à
morte no tempo designado, o dia da Páscoa.
Embora os opositores tivessem sido silenciados,
eles não pararam os esforços para Ievá-Lo à morte.
Na verdade, foram instigados pela situação para
intensificar os esforços para matá-Lo.
No que diz respeito aos opositores e ao ambiente,
tudo fora preparado. O povo fora conquistado pelo
Senhor, e a situação, subjugada por Ele. Os que O
puseram à prova e examinaram não acharam
absolutamente nada de errado Nele. Não tinham base
legal para fazer nada contra Ele. Contudo tinham sido
preparados mediante a confrontação do Senhor com
eles para fazer o que fosse necessário para matá-Lo.
Nos capítulos onze e doze o Senhor
exaustivamente preparou o ambiente e os opositores
para Sua morte. Em 13:1-14:42 Ele já não prestou
atenção aos opositores, mas voltou-se para os
discípulos e teve um tempo em particular com eles, a
fim de prepará-los para Sua morte.
Em Sua preparação para a obra redentora
(11:15-14:42), o Salvador-Servo, depois de confrontar
os opositores (11:1512:37), ficou com Seus seguidores
para prepará-los para Sua morte (13:1-14:42), um fato
chocante e desalentador para eles. Ele os preparou:
dizendo-lhes as coisas que viriam (13:2-37),
desfrutando do amor deles expresso numa festa e
sendo ungido com precioso nardo puro (14:3-9),
instituindo Sua ceia (1Co 11:20) para que se
lembrassem Dele (Mc 14:12-26), e advertindo-os a
respeito dos tropeços e exortando-os a vigiar e orar
(14:27-42). Logo após tal preparação, Ele foi preso
para ser crucificado (14:43-15:28).

COISAS POR VIR


Ao preparar os discípulos para Sua morte, o
Salvador-Servo primeiro lhes disse, no capítulo treze,
as coisas por vir. Essas são as coisas que
aconteceriam no mundo durante a era da igreja, após
Sua ressurreição, até o tempo da Sua volta. Ele não
deixou os discípulos nas trevas a respeito das
seguintes questões: a destruição do templo (vs. 1-2),
que aconteceria em 70 cf. C; os flagelos no princípio
das dores de parto, que iniciariam depois de Sua
ressurreição e continuariam até a grande tribulação
(vs. 3-8); a pregação do evangelho e as perseguições
na era da igreja (vs. 9-13); a grande tribulação nos
últimos três anos e meio desta era e Sua volta (vs.
14-27); e vigiar, orar e aguardar o Salvador-Servo
durante toda a era da igreja (vs. 28-37). Essa palavra
iluminadora para os seguidores do Salvador-Servo
que sofriam é como uma “candeia que brilha em lugar
tenebroso, até que o dia clareie” (2Pe 1:19).
Em 13:1 a situação a respeito do Senhor Jesus era
muito séria. Contudo Ele a suportou de forma
bastante confortável. Conduziu alguns discípulos
para fora de Jerusalém ao monte das Oliveiras, para
um nível mais elevado, onde a atmosfera era clara.
Assentando-se ali com eles, falou-lhes sobre o futuro,
a fim de prepará-los para o que viria. Esse foi o
ambiente no qual Ele falou aos discípulos a profecia
registrada em Marcos 13. Vamos agora considerar
esse capítulo versículo por versículo.

SAIR DO TEMPLO
Marcos 13:1 diz: “Ao sair Jesus do templo,
disse-Lhe um de Seus discípulos: Mestre, olha que
pedras e que construções!”. O fato de o Senhor sair do
templo indica que Ele o abandonava. Isso foi o
cumprimento de Sua palavra em Mateus 23:38 com
respeito a deixar o templo para os judeus que O
rejeitaram, como sua casa deserta. Isso eqüivale à
glória de Deus ter deixado o templo nos tempos
antigos (Ez 10:18).
Em Mateus 23:38 o Senhor Jesus diz: “Eis que a
vossa casa vos é deixada deserta”. Como casa nesse
versículo está no singular, deve referir-se à casa de
Deus, que era o templo (Mc 11:15, 17). Ela era a casa
de Deus, mas agora tornou-se a vossa casa, pois se
transformou em covil de salteadores.
Quando um dos discípulos Lhe falou sobre as
pedras e construções maravilhosas, o Senhor lhe
disse: “Vês estas grandes construções? De modo
nenhum ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derrubada” (v. 2). Isso se cumpriu no ano 70 d.C. ,
quando Tito, com o exército romano, destruiu
Jerusalém.
A palavra do Senhor em 13:2 corresponde a
deserta em Mateus 23:38. O templo foi deixado
deserto quando Jerusalém foi destruída.
Vimos que o Senhor Jesus recebeu uma calorosa
recepção do povo, amaldiçoou a figueira e purificou o
templo. A purificação do templo instigou os
opositores. Por essa razão, no dia seguinte à
purificação do templo, Ele confrontou os opositores,
que O examinaram e Lhe fizeram diversas perguntas.
Todas essas coisas aconteceram aos olhos de Seus
seguidores íntimos. Contudo, em 13:1, um deles ainda
conseguia dizer: “Mestre, olha que pedras e que
construções!”.
O Senhor Jesus procurou impressionar Seus
seguidores com o fato de que, nesse ponto, Ele não
tinha mais nada a ver com a nação judaica nem com o
templo. Ele amaldiçoou a figueira, o símbolo da nação
judaica, e purificou o templo. Esses atos indicam que,
como Deus, Ele estava farto de Israel e do templo
nesse momento.
Marcos 13:1 diz: “Ao sair Jesus do templo”.
Quando saiu do templo, Ele o abandonou. Como já
dissemos, o templo não era mais a casa de Deus; era a
vossa casa, a casa dos que fizeram dela um covil de
salteadores. Assim a casa deles lhes foi deixada para
desolação. Depois que o Senhor saiu do templo, Ele
nunca mais voltou lá. Segundo a predição do Senhor,
o templo foi totalmente destruído.
Os discípulos do Senhor testemunharam o
amaldiçoar da figueira e a purificação do templo, mas
não entenderam o significado dessas coisas. Foi por
isso que ainda admiraram as maravilhosas pedras e
maravilhosas construções. Isso tornou necessário que
o Senhor Jesus lhes falasse mais, a fim de prepará-los
para Sua morte.
Em 13:2 o Senhor diz aos discípulos: “Vês estas
grandes construções? De modo nenhum ficará aqui
pedra sobre pedra que não seja derrubada”. Essa
profecia se cumpriu no ano 70 d.C. Em seus escritos,
Josefo, historiador judeu, registra os detalhes da
destruição de Jerusalém e do templo. Jerusalém foi
completamente destruída.

ASSENTADO COM OS DISCÍPULOS NO


MONTE DAS OLIVEIRAS
Marcos 13:3-4 diz: “Estando Ele assentado no
Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro,
Tiago, João e André Lhe perguntaram em particular:
Dize-nos: Quando serão essas coisas? e que sinal
haverá quando todas essas coisas estiverem para
cumprir-se?”. O fato de o Senhor estar assentado com
os discípulos no Monte das Oliveiras indica que, para
receber a visão da profecia do Senhor das coisas por
vir, precisamos subir a um alto monte, para entrar em
Sua presença. Quando os discípulos O interrogaram
em particular, perguntaram a respeito do tempo em
que essas coisas aconteceriam e o sinal de quando se
cumpririam.
Podemos achar surpreendente que, nesse
momento, o Senhor Jesus ainda tivesse disposição
para sentar com os discípulos no Monte das Oliveiras
e lhes falar acerca das coisas por vir. Certamente não
era fácil ainda ter disposição para isso. Isso também
nos mostra que Ele estava em paz. Embora soubesse
que em poucos dias seria levado à morte, Ele ainda
estava em paz. Podia sentar tranqüilamente no alto
do monte e olhar para a cidade abandonada de
Jerusalém e para o templo abandonado. A Seus olhos,
Jerusalém e o templo já haviam sido abandonados.

ENGANADORES, GUERRAS, TERREMOTOS


E FOME
Nos versículos 5 e 6 o Senhor Jesus diz: “Vede
que ninguém vos engane. Virão muitos em Meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a
muitos”. Nesses versículos o Senhor diz que muitos
enganadores virão em nome de Cristo e enganarão a
muitos. A história nos mostra que isso realmente
aconteceu. Desde que ascendeu aos céus, muitos
vieram afirmando ser o Cristo.
No versículo 7 o Senhor prossegue: “Quando
ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não
vos alarmeis; é necessário que isso aconteça, mas
ainda não é o fim”. As guerras aqui se referem a todas
as guerras desde o primeiro século até agora. São
representadas pelo cavalo vermelho do segundo selo
em Apocalipse 6:3-4.
O fim no versículo 7 é a consumação dessa era
(Mt 24:3; Dn 12:4, 9, 6-7), que serão os três anos e
meio da grande tribulação.
Se você conhece a história mundial, percebe que,
desde o dia que o Senhor Jesus ascendeu aos céus, as
guerras têm aumentado. Podemos dizer que a história
humana é um registro de histórias de guerras. Em
13:7 o Senhor profetizou a respeito das guerras que
aconteceriam após Sua ressurreição e ascensão.
Em 13:8 o Senhor Jesus diz: “Porque se levantará
nação contra nação, e reino contra reino; haverá
terremotos em vários lugares; haverá fome. Essas
coisas são o princípio das dores de parto”. Nesse
versículo nação se refere ao povo, os gentios, e reino
se refere a um império. Levantar-se nação contra
nação, ou povo contra povo, refere-se à guerra civil e
levantar-se reino contra reino se refere à guerra
internacional. Desde que o Senhor ascendeu tem
havido tanto guerras civis como entre países. Além
disso, tem havido muitas fomes, que freqüentemente
são o resultado de guerra. Segundo a história, guerra
introduz fome, representada pelo cavalo preto do
terceiro selo em Apocalipse 6:5-6. Assim a seqüência
é guerra, fome e morte.
Em 13:8 o Senhor diz que haverá terremotos em
vários lugares. Desde o tempo da ascensão de Cristo,
os terremotos têm aumentado pelos séculos e serão
intensificados no final dessa era (Ap 6:12; 8:5; 11:13,
19; 16:18). Parece que a cada ano há mais terremotos
do que no ano anterior.

DORES DE PARTO
Ao falar de guerras, terremotos e fome, o Senhor
Jesus diz no versículo 8: “Essas coisas são o princípio
das dores de parto”. Os judeus, como os eleitos de
Deus, sofrerão “dores de parto” para gerar um
remanescente que terá parte no reino messiânico, a
seção terrena do milênio.
Aqui precisamos dizer uma palavra adicional a
respeito das dores de parto mencionadas pelo Senhor
em 13:8. Para entender essa expressão precisamos
perceber que desde a ressurreição do Senhor um
nascimento está ocorrendo: o nascimento do novo
homem universal.
O homem criado por Deus, o velho homem,
falhou diante Dele e se tornou inútil quanto ao
cumprimento de Seu propósito. Por isso, pela morte e
ressurreição de Cristo, Deus começou a gerar um
novo homem universal. O nascimento ou parto desse
novo homem começou com a ressurreição do Senhor,
pois nós, os chamados de Deus, fomos todos
ressuscitados com Cristo.
Ao tempo da ressurreição do Senhor, o parto do
novo homem universal ainda não havia terminado.
Na verdade ali foi apenas o início. Esse nascimento
irá continuar até o fim da grande tribulação.
De acordo com o livro de Atos, Pedro e os outros
discípulos sofreram as dores de parto. Através dos
séculos, muitas pessoas fiéis ao Senhor sofreram
essas dores, e hoje ainda muitos as sofrem. O motivo
pelo qual essas dores continuam é que o parto do
novo homem universal ainda não terminou.
Antes de morrer, o Senhor Jesus falou acerca do
nascimento do novo homem: “Em verdade, em
verdade vos digo que chorareis e vos lamentareis,
mas o mundo se alegrará; vós vos entristecereis, mas
a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher,
quando dá a luz, tem tristeza, porque chegou a sua
hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se
lembra da aflição, pela alegria de haver nascido ao
mundo um homem. Assim também vós agora tendes
tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se
alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará” (Jo
16:20-22). Em certo sentido, uma criança, o novo
homem, nasceu quando o Senhor ressuscitou. Mas,
em outro sentido, o novo homem universal, revelado
nos capítulos dois e quatro de Efésios, ainda não
nasceu totalmente. Pelo contrário, ainda está no
processo de nascimento, o que envolve sofrimento.
As perseguições sofridas pelos santos são
consideradas pelo Senhor Jesus como dores de parto,
que tiveram início ao tempo da ressurreição e
ascensão do Senhor. Desde o dia de Pentecostes,
essas dores não cessaram de ser experimentadas
pelos seguidores do Senhor. Como o nascimento do
novo homem ainda ocorre hoje, as dores continuam.
O que o Senhor diz em Marcos 13:1-8 está relacionado
com as dores de parto para gerar o novo homem
universal.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (7)

Leitura Bíblica: Mc 13:1-37


Em 13:1-37 o Senhor prepara os discípulos para
Sua morte, dizendo-lhes as coisas que haveriam de
vir. Aqui Ele fala a respeito de cinco assuntos: a
destruição do templo (vs. 1-2), os flagelos no início
das dores de parto (vs. 3-8), a pregação do evangelho
e as perseguições (vs. 9-13), a grande tribulação e a
vinda do Salvador-Servo (vs. 14-27), e vigiar, orar e
aguardar o Salvador-Servo (vs. 28-37). Já abordamos
a destruição do templo e o início das dores de parto
na mensagem anterior. Nesta consideraremos as
outras questões a respeito das quais o Senhor falou
aos discípulos no Monte das Oliveiras.

O EVANGELHO E AS PERSEGUIÇÕES
Em 13:9-13 o Senhor fala a respeito da pregação
do evangelho e das perseguições. No versículo 9 o
Senhor diz: “Vós, porém, olhai por vós mesmos. Eles
vos entregarão aos sinédrios, e sereis espancados nas
sinagogas; e, por Minha causa, vos farão comparecer
à presença de governadores e reis, para lhes servir de
testemunho”. “Vós” aqui se refere em especial aos
discípulos judeus. Os primeiros mártires foram
judeus.
O versículo 9 indica que as perseguições virão
tanto dos judeus como dos gentios. Os sinédrios e as
sinagogas estão relacionados com os judeus, mas os
governadores e os reis se referem aos governantes dos
gentios. Assim as perseguições descritas no versículo
9 virão tanto dos judeus como dos gentios.
No versículo 10 o Senhor diz: “Mas é necessário
que primeiro o evangelho seja proclamado a todas as
nações”. De acordo com Mateus 24:14, o evangelho
que será pregado a todas as nações é o evangelho do
reino, o qual inclui o evangelho da graça (At 20:24).
Contudo o evangelho do reino introduz as pessoas
não apenas na salvação de Deus, mas também em Seu
reino (Ap 1:9). A ênfase do evangelho da graça está no
perdão dos pecados, na redenção de Deus e na vida
eterna; a ênfase do evangelho do reino está no
governo de Deus e na autoridade do Senhor. O
evangelho do reino será pregado em todo o mundo,
para testemunho a todas as nações, antes que venha o
fim desta era. Esse testemunho deve se espalhar pela
terra antes do fim desta era, antes do tempo da
grande tribulação.
No versículo 11 o Senhor diz aos discípulos que
não fiquem ansiosos sobre o que falar quando forem
entregues, pois o Espírito Santo falará neles. Então
Ele continua: “Um irmão entregará à morte outro
irmão, e o pai ao filho; filhos se levantarão contra os
pais e os farão morrer. E sereis odiados de todos por
causa do Meu nome; aquele, porém, que perseverar
até o fim, esse será salvo” (vs. 12-13). Essa palavra é
breve, mas todo-inclusiva. A perseguição virá dos
judeus, dos gentios e até mesmo dos membros da
própria família. Essa perseguição aconteceu e ainda
acontece hoje.
É importante entender o significado da palavra
salvo no versículo 13. Aqui salvo pode significar ser
salvo dos que odeiam e perseguem. Mas, por fim,
significa ser salvo para entrar na manifestação do
reino na era vindoura, manifestação essa que será um
galardão para os crentes vencedores. Isso difere da
salvação eterna revelada em Efésios 2:8.

A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO
Em 13:14-27 o Senhor fala a respeito da grande
tribulação e da vinda do Salvador-Servo. O versículo
14 diz: “Quando virdes a abominação da desolação
em pé onde não deve estar (quem lê, entenda), então
os que estiverem na Judéia fujam para os montes”.
Quanto tempo levarão os acontecimentos dos
versículos 1 a 13, não sabemos. Mas a profecia nos
versículos 13 a 27 certamente será cumprida nos
últimos três anos e meio desta era, no tempo da
grande tribulação, a segunda metade da última
semana profetizada em Daniel 9:27. Esse período se
iniciará com a colocação da imagem do anticristo (um
ídolo) no templo (Mc 13:14) e terminará com a vinda
aberta de Cristo (v. 26).
No versículo 14 o Senhor fala da abominação da
desolação em pé onde não deve estar. Abominação
significa ídolo (Dt 29:17). Aqui se refere à imagem do
anticristo colocada no templo de Deus como ídolo (Ap
13:14-15; 2Ts 2:4) no início da grande tribulação (Mt
24:21).
A palavra grega traduzi da como desolação
significa causar desolação, desolar. A abominação, o
ídolo do anticristo, causará desolação. O anticristo é
chamado de o destruidor (Apoliom, Ap 9:11); ele fará
muita destruição (Dn 8:13, 23-25; 9:27).
A abominação da desolação estará em pé onde
não deve estar. De acordo com Mateus 24:15, ela
estará no lugar santo, isto é, no templo de Deus (Sl
68:35; Ez 7:24; 21:2).

A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM
Jerusalém já foi destruída mais de uma vez, e
novamente o será. Ela foi destruída pela primeira vez
por Nabucodonosor com o exército babilônico. Mais
tarde, no século II a. e. , depois de reconstruído, o
templo foi profanado por Antíoco Epífanes1. Muitos
estudiosos da Bíblia percebem que ele prefigurava
Tito, que veio para destruir Jerusalém em 70 d.C. Tito
prefigura o anticristo vindouro, que com o seu
exército uma vez mais destruirá Jerusalém.
Havia profecias tanto sobre Tito como sobre o
anticristo em Daniel. Antíoco Epífanes era uma
prefiguração de Tito, que por sua vez era uma
prefiguração do anticristo. O “pequeno chifre” em
Daniel 8 era prefiguração de Tito, e Tito é
prefiguração do anticristo vindouro. Com Tito
ocorreu a terceira destruição de Jerusalém e do
templo; com a vinda do anticristo, Jerusalém será
novamente destruída.
A palavra do Senhor em Marcos 13 se refere ao
anticristo e também implica a destruição de
Jerusalém em 70 d.C. por Tito. Para entender esse
trecho da Palavra, é útil perceber que Tito prefigura o
anticristo, e a destruição que ele infligiu a Jerusalém
prefigura a destruição que será executada pelo
anticristo.

OS ESCOLHIDOS
Em 13:19-20 o Senhor diz: “Porque aqueles dias
serão de tamanha tribulação como não tem havido
1
Ou: Antíoco Epifânio, rei da Síria, homem extremamente vil que viveu no século Il a. C. (N. do T.)
desde o princípio da criação, que Deus criou, até
agora, nem haverá jamais. Não tivesse o Senhor
abreviado aqueles dias, nenhuma carne seria salva;
mas, por causa dos eleitos, que Ele escolheu, abreviou
tais dias”. Aqui os escolhidos se refere aos judeus, o
povo escolhido de Deus (Rm 11:28). A tribulação
causada pelo anticristo será tão severa que ninguém
conseguirá suportar. Se o Senhor não a tivesse
abreviado, nenhuma carne se salvaria. Mas, por causa
dos escolhidos, os eleitos, aqueles dias serão
abreviados.

FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS


Em 13:21-23 o Senhor continua advertindo os
discípulos acerca dos falsos Cristos e falsos profetas:
“Então se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou:
Ei-Lo ali! não acrediteis; porque se levantarão falsos
cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios
para enganar, se possível, os eleitos. Vós, porém, ficai
de sobreaviso; tudo vos tenho dito de antemão”. Os
judeus rejeitaram Jesus como seu Messias e esperam
pela vinda de um Messias. Eles precisam ser
advertidos de que o Messias, o Cristo, não se
levantará “aqui” nem “ali” na terra, mas descerá sobre
a nuvem vindo do céu.
O Senhor diz que falsos Cristos e falsos profetas
se levantarão. O anticristo será o último dos falsos
Cristos e fará sinais e maravilhas enganadoras, com o
poder de Satanás, para enganar os que perecem (2Ts
2:3-10). A outra besta em Apocalipse 13:11 será o
último dos falsos profetas (Ap 19:20) e fará grandes
sinais a fim de enganar os moradores da terra (Ap
13:13-14).
A VINDA DO FILHO DO HOMEM
Em 13:24-27 o Senhor Jesus fala a respeito de
Sua vinda. Em 24-25 diz: “Mas naqueles dias, após
aquela tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a
sua claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes
que estão nos céus serão abalados”. Essas
calamidades sobrenaturais no céu seguirão a grande
tribulação no final desta era. Isso é diferente da
quarta trombeta em Apocalipse 8:12, que ocorrerá
bem próximo da grande tribulação.
No versículo 26 o Senhor continua: “Então verão
o Filho do Homem vindo nas nuvens, com grande
poder e glória”. Na primeira vinda de Cristo, Sua
autoridade foi manifestada mediante a expulsão de
demônios e a cura de doenças. Na segunda vinda, Seu
poder será exercido para executar o juízo de Deus,
destruir o anticristo e seus exércitos e amarrar
Satanás para o estabelecimento do reino de Deus na
terra.
Em Marcos 13:27 o Senhor diz que o Filho do
Homem “enviará os anjos e reunirá os Seus eleitos
dos quatro ventos, da extremidade da terra até a
extremidade do céu”. Depois da grande tribulação,
em Sua volta à terra, o Senhor reunirá os judeus
espalhados por todas as partes na terra santa. Esse
será o cumprimento não apenas da palavra do Senhor
em Mateus 23:37, como também da promessa de
Deus no Antigo Testamento (Dt 30:3-5; Is 43:5-7;
49:9-13, 22-26; 51:11; 56:8; 60:4; 62:10-12; 27:13; Ez
34:13; 37:21; 28:25).

VIGIAR, ORAR E AGUARDAR


Em 13:28-37 temos uma palavra a respeito de
vigiar, orar e aguardar o Salvador-Servo. O versículo
28 diz: “Mas aprendei da figueira a parábola: quando
já o seu ramo se toma tenro e brota folhas, sabeis que
está próximo o verão”. Essa figueira representa a
nação de Israel, que o Senhor amaldiçoou em 11:14.
Ela passou por um longo inverno, desde o primeiro
século d.C. até 1948, quando foi restaurada. Isso foi
seu ramo tomando-se tenro e brotando folhas. Essa
figueira é um sinal para os crentes do final dessa era.
Tornar-se tenro significa que a vida voltou, e brotar
folhas significa ocupar-se com atividades exteriores.
O inverno, estação em que as folhas secam,
representa o tempo de tribulação; o verão simboliza a
era do reino restaurado (Lc 21:30-31), que se iniciará
na segunda vinda do Senhor.
Nos versículos 29 e 30 o Senhor diz: “Assim
também vós, quando virdes acontecer essas coisas,
sabei que está próximo, às portas. Em verdade vos
digo que de modo algum passará esta geração sem
que tudo isso aconteça”. A geração aqui não é de
acordo com a idade das pessoas, como em Mateus
1:17, mas de acordo com a condição moral das
pessoas, assim como em Mateus 11:16; 12:39, 41, 42,
45; e Provérbios 30:11-14.
Nos versículos 31 e 32 o Senhor diz: “Passará o
céu e a terra, porém as Minhas palavras de nenhum
modo passarão. Mas a respeito daquele dia ou da
hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o
Filho, senão somente o Pai”. O Filho, permanecendo
na posição de Filho do Homem (v. 26), não sabe o dia
nem a hora de Sua volta.
Em 13:33-37 o Senhor fala enfaticamente sobre
vigiar. No versículo 33 Ele diz: “Estai de sobreaviso,
velai; porque não sabeis quando será o tempo”. No
versículo 35 Ele diz aos discípulos: “Portanto, vigiai,
porque não sabeis quando vem o Senhor da casa: se à
tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela
manhã”. Finalmente, no versículo 37, o último
versículo do capítulo, Ele diz: “O que vos digo, digo a
todos: Vigiai!”. Por certo, a palavra do Senhor sobre
vigiar é mais do que uma profecia, é também uma
exortação a todos os crentes. Por um lado, precisamos
conhecer as profecias a respeito das coisas que hão de
vir; por outro, precisamos vigiar.

O REVIVER DA FIGUEIRA E O NASCIMENTO


DO NOVO HOMEM
Muitos aspectos da profecia do Senhor em
Marcos 13 já se cumpriram. Em especial, vimos a
reestruturação da nação de Israel e a volta de
Jerusalém ao domínio dos judeus. Isso pode ser
considerado o revi ver da figueira que fora
amaldiçoada. Embora seu ramo já se tenha tomado
tenro e suas folhas começado a brotar, ainda não
vemos nenhum fruto. Antes, podemos dizer que as
folhas são mera ostentação exterior. A nação de Israel
hoje tem aparência exterior, mas ainda não tem fruto.
Se olhar o mapa, você verá que a nação de Israel
é o centro da terra habitada geográfica, política e até
militarmente. A situação no Oriente Médio é um
problema sério. As nações árabes em volta de Israel
parecem não ter meios de lidar com aquele pequeno
país.
A reestruturação de Israel é o cumprimento de
uma série de profecias cruciais da Bíblia. Israel foi
reestruturada, Jerusalém foi devolvida e a figueira
agora mostra as folhas. Isso nos deve levar a perceber
que o verão está próximo. Contudo não sabemos dizer
quanto tempo irá levar até que venha o verão.
Enquanto a nação de Israel floresce, o
nascimento, o parto, do novo homem continua a
acontecer. O florescimento de Israel e o nascimento
do novo homem acontecem em paralelo. Isso indica
que a restauração da vida da igreja deve ocorrer em
paralelo com o florescimento da nação de Israel. Esse
duplo desenvolvimento atingirá o clímax quase ao
mesmo tempo, o tempo da grande tribulação.
Após estudar os treze primeiros capítulos de
Marcos, vemos que não é tão simples estar preparado
para entrar na morte e ressurreição do Senhor.
Primeiro precisamos passar pelos passos do longo
processo registrado nos capítulos um a dez. Então
precisamos seguir o Salvador-Servo a Jerusalém,
onde Ele preparou o ambiente, os opositores e os
discípulos para Sua obra redentora. Também
precisamos ouvir Sua palavra a respeito das coisas
por vir acerca dos judeus, da igreja, da situação do
mundo, a grande tribulação e o anticristo.
A necessidade que temos de estudar as profecias
bíblicas não visa meramente que tenhamos
conhecimento delas, mas especialmente visão do que
o Senhor faz hoje e entendimento do propósito da
situação do mundo. A partir de nosso estudo das
Escrituras sabemos o que o Senhor faz e o propósito
da situação do mundo. Isso visa à completação da
nação de Israel, bem como a completação do
nascimento do novo homem. Embora não sejamos
parte da nação de Israel, como crentes em Cristo,
certamente somos parte do novo homem.
Para ter o novo homem, precisamos
experimentar a morte e a ressurreição de Cristo, pelas
quais podemos ter o pleno desfrute de Sua Pessoa
maravilhosa como nosso substituto. Essa é a visão
clara da economia divina apresentada nos capítulos
um a treze do Evangelho de Marcos.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E UM
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (8)

Leitura Bíblica: Mc 13:1-37


Nesta mensagem eu gostaria de falar um pouco
mais a respeito do capítulo treze, um dos capítulos
mais difíceis de entender. Muitos que lêem o Novo
Testamento consideram Marcos 13 como mera
profecia. Na verdade, não é; mas é também uma
preparação dada pelo Senhor Jesus a Seus
seguidores. Duas indicações disso são a palavra
templo no versículo 1 e a expressão dores de parto no
versículo 8.

CRISTO COMO SUBSTITUTO UNIVERSAL


No capítulo onze o Senhor Jesus purificou o
templo (11:15-17). Num sentido bem real, Ele o
condenou. Após purificá-lo, o Senhor lidou com os
líderes do judaísmo, os que mais se importavam com
o templo. Os discípulos ouviram tudo o que o Senhor
disse àqueles líderes. Após lidar com o templo e com
os líderes judeus por completo, Ele saiu do templo.
Marcos 13:1 diz: “Ao sair Jesus do templo, disse-Lhe
um de Seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que
construções!”. Eis um indício categórico de que os
discípulos do Senhor ainda estavam ocupados com o
conceito tradicional do templo, que era um sinal, ou
símbolo, da religião judaica. O fato de terem tal
consideração pelo templo mostra que estavam
plenamente ocupados com a velha religião.
Quando o Senhor Jesus esteve na terra, a
intenção de Deus em Sua economia era mudar a
dispensação, das coisas antigas para Cristo. Era o
desejo de Deus que Cristo substituísse as coisas da
antiga dispensação. Por isso é que dizemos que
Cristo, que é tanto Deus como homem, é o substituto
universal. Ele foi primeiramente revelado como
substituto universal no monte da transfiguração. Ele
conduziu três dos discípulos ao topo desse monte a
fim de mostrar-lhes que Deus, em Sua economia,
queria substituir tudo por Cristo. Não haveria mais
lugar para Moisés nem Elias, ou para o homem
natural. Tudo e todos devem ser substituídos por
Cristo, que é todo-inclusivo.
Quando o Senhor Jesus purificou o templo, Ele
fazia a preparação para substituir as coisas velhas por
Ele mesmo. Estava cancelando, anulando, as coisas
da velha dispensação, a fim de preparar o caminho
para que os discípulos O tomassem como substituto
deles. Ele os preparava para introduzi-los em Sua
morte e ressurreição, a fim de ser o substituto
todo-inclusivo deles.

A PRODUÇÃO DO NOVO HOMEM


Tomar Cristo como nosso substituto por meio de
Sua morte e ressurreição é ser tirado da velha criação
e entrar na nova criação. A economia de Deus
consiste em, primeiro, produzir a velha criação e
depois gerar a nova criação a partir dela.
A nova criação de Deus é principalmente o novo
homem. A produção do novo homem a partir da velha
criação envolve o processo de nascimento. A
expressão “dores de parto” em 13:8 se refere ao parto
envolvido no nascimento do novo homem.
O período entre a ressurreição e ascensão de
Cristo Sua volta destina-se ao parto do novo homem.
Cremos que vivemos hoje no final do período no qual
o novo homem nasce. Olhando para trás, por mais de
dezenove séculos de história desde a ascensão do
Senhor, é-nos fácil perceber que, através dos séculos,
muitos experimentaram as dores de parto para o
nascimento do novo homem. Os judeus, os gentios e
todas as culturas e civilizações do mundo têm sido
parte dessas dores de parto. Até mesmo as guerras
que ocorreram foram parte delas. Essas dores visam
uma só coisa: gerar o novo homem.
A situação atual do mundo com suas dores de
parto visam ao nascimento do novo homem. É por
isso que acompanho a situação mundial.

PREGAR O EVANGELHO E SOFRER


PERSEGUIÇÃO
Você sabe o que tem acontecido nos últimos mil e
novecentos anos? Do primeiro século até o vigésimo o
que tem ocorrido é o parto do novo homem por meio
da pregação do evangelho e de sofrer perseguição.
Precisamos entender por que o novo homem é
gerado por meio da pregação do evangelho em meio à
perseguição. Desde a queda do homem, a velha
criação tem estado sob a mão usurpadora de Satanás,
o inimigo de Deus. Deus agora trabalha para produzir
um novo homem a partir de Sua velha criação. O
inimigo, no entanto, não quer deixar que isso
aconteça, assim ele instiga tudo e todas as questões
para se opor à economia de Deus, a fim de frustrar o
nascimento do novo homem. Essa é a razão das
perseguições. Desde que Pedro se levantou para
pregar o evangelho no dia de Pentecostes, essa
perseguição tem acontecido. A perseguição
primeiramente veio dos judeus com sua religião e
depois dos gentios, incluindo os governantes
romanos em sua política. Através dos séculos essa
perseguição aos que pregam o evangelho não cessou.
Nos últimos mil e novecentos anos, duas coisas
sempre têm ocorrido: a pregação do evangelho e a
perseguição. É devido à soberania do Senhor que
essas coisas não cessaram. Século após século,
pessoas fiéis ao Senhor têm pregado o evangelho a
qualquer custo, até mesmo arriscando a vida.
Enquanto isso Satanás, tendo usurpado a velha
criação com o velho homem e sua sociedade e cultura,
tem instigado muita perseguição.
Qual será o resultado da oposição de Satanás à
economia de Deus? O resultado será que nem Satanás
nem o mundo ganharão nada com isso. Por fim, o
resultado será o pleno nascimento do novo homem.
Após o longo processo para o nascimento do
novo homem, o Senhor Jesus voltará para recebê-lo,
no arrebatamento dos santos. Isso quer dizer que,
quando o Senhor Jesus voltar, haverá um
arrebatamento, que será o final do parto do novo
homem. Se virmos isso e então lermos o capítulo
treze de Marcos novamente, receberemos nova luz da
Palavra. Nesse capítulo o Senhor estava introduzindo
Seus seguidores íntimos em tal entendimento da
economia de Deus.

O ENFOQUE DA ECONOMIA DE DEUS


O enfoque da economia de Deus é a produção do
novo homem por meio da morte e ressurreição de
Cristo. A morte de Cristo pôs fim à velha criação e Sua
ressurreição fez germinar a nova criação. Portanto ser
introduzido na morte e ressurreição de Cristo é ser
introduzido no término da velha criação e na
germinação da nova criação. Nessa germinação
desfrutamos o substituto todo-inclusivo e universal,
que é a viva e maravilhosa Pessoa de Cristo, o
homem-Deus.
Quando desfrutamos Cristo como substituto
universal, Ele se torna tudo para nós, pois substitui
tudo por Ele mesmo. Esse é o motivo pelo qual Paulo
diz que no novo homem “não pode haver grego nem
judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita,
escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos” (Cl
3:11). No novo homem não há diferenças raciais; não
há distinção cultural nem social. Em vez disso, Cristo,
o substituto universal, é tudo em todos.
Cristo irá substituir toda a velha criação e será
toda a nova criação. Como isso pode acontecer? Só
pode ser por meio de Sua morte e ressurreição. Assim
é necessário que sejamos introduzidos na morte e
ressurreição de Cristo. Em Sua ressurreição, nós O
desfrutamos como o Espírito todo-inclusivo,
processado, que habita interiormente e que dá vida.
Esse substituto universal tem tanto divindade como
humanidade. Hoje essa Pessoa maravilhosa é o
Espírito composto, como nosso desfrute, a fim de que
Deus tenha o novo homem para Sua expressão.
Espero que todos sejamos iluminados a fim de
ter a visão relacionada com as palavras dores de
parto em 13:8. Essas dores são necessárias para o
parto do novo homem, que ocorre por meio da
pregação do evangelho acompanhada sempre de
perseguições.
Aonde quer que formos pregar o evangelho,
devemos estar preparados para sofrer perseguição. Se
você prega o evangelho e ensina a verdade, mas
nunca sofre nada e é sempre bem recebido, precisa
verificar se sua atividade é realmente do Senhor. Se
sua pregação e ensinamento são do Senhor, você irá
enfrentar perseguição. A razão disso é que o parto do
novo homem sempre envolve dores. Mesmo hoje esse
nascimento com suas dores de parto ainda ocorre.

ENTRAR NA MORTE E RESSURREIÇÃO DE


CRISTO
Ao ler o capítulo treze de Marcos, não devemos
distrair-nos do ponto principal. A questão crucial
aqui é que o Senhor dizia a Seus seguidores íntimos
que toda a situação mundial visa produzir o novo
homem. Esse novo homem só pode ser produzido por
meio da morte todo-inclusiva de Cristo e Sua
maravilhosa ressurreição. Essa é a razão pela qual
precisamos ser introduzidos em Sua morte e
ressurreição.
Se estudar o relato da pregação de Pedro no dia
de Pentecostes, verá que ele enfatizou duas questões:
a morte e a ressurreição do Senhor Jesus. Ele disse às
pessoas que Aquele que eles haviam desprezado e
crucificado foi honrado por Deus, pois Deus O
ressuscitou dentre os mortos. Eles O crucificaram,
mas Deus O ressuscitou. Os seguidores do Senhor
eram Suas testemunhas. Em especial, eram
testemunhas de Sua morte e ressurreição.
Vimos que a morte de Cristo foi o término da
velha criação e a ressurreição foi a germinação da
nova criação. Na nova criação desfrutamos Aquele
que é todo-inclusivo como nosso substituto universal
provido por Deus. Cristo não é apenas nosso
Salvador; Ele é nossa vida e tudo para nós. Não
apenas é tudo para nós, mas é tudo na economia de
Deus, que consiste em produzir um novo homem, no
qual não há nada a não ser Cristo. No novo homem
Cristo está em todos, é todos e é tudo. Todos
precisamos ganhar essa maravilhosa visão.
A respeito da visão da economia de Deus, a
questão crucial que devemos ver é que precisamos
entrar na morte e ressurreição de Cristo, a fim de
participar do pleno desfrute Dele como o substituto
universal. Hoje, como nosso substituto, Cristo é o
Espírito que dá vida. Não é nossa intenção discutir
doutrinariamente a respeito da Trindade ou do
Espírito. Nosso alvo é ajudar os crentes a perceber
que precisamos entrar na morte todo-inclusiva de
Cristo, a fim de estar em Sua ressurreição. Então, em
ressurreição, participaremos Dele e O desfrutaremos
como Espírito que dá vida para ser nosso substituto.
Esse Espírito agora habita em nosso espírito. Na
verdade, somos um Espírito com Ele (1Co 6: l7). Ao
viver no Espírito e até mesmo viver esse Espírito, Ele
tornará a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo
reais para nós.

O OBJETIVO DA SITUAÇÃO MUNDIAL


Toda a situação do mundo visa a completação da
reestruturação de Israel e também a completação do
nascimento do novo homem. Visto que temos visão
clara a respeito dessas duas questões, podemos ver
coisas que pessoas do governo e políticos não
conseguem ver. Eles não percebem que a situação
mundial visa à reestruturação de Israel e ao
nascimento do novo homem. Graças ao Senhor que
sabemos o propósito das coisas que acontecem no
mundo. Nós Lhe agradecemos por nos ter dado visão
clara da situação mundial.

DESFRUTAR CRISTO COMO NOSSO


SUBSTITUTO
Não apenas sabemos onde o mundo está em
relação à economia de Deus, mas também sabemos
onde nós estamos, como crentes. Estamos na morte e
ressurreição de Cristo, e no desfrute Dele como nosso
substituto todo-inclusivo. Isso significa que estamos
em Cristo.
Muitos falam de estar em Cristo sem plena
percepção do que isso significa. Estar em Cristo é
estar no pleno desfrute Dele como nosso substituto
integral e universal por meio de Sua morte
todo-inclusiva e ressurreição maravilhosa.
Precisamos do Evangelho de Marcos para nos
ajudar a ver que Cristo é nosso substituto por meio de
Sua morte e ressurreição. Não foi de forma exterior
que os crentes do Novo Testamento entraram na
morte e ressurreição de Cristo. Por meio do
Evangelho de Marcos, podemos ver que os primeiros
discípulos, nossos representantes, seguiram o Senhor
desde o princípio. Por fim eles e nós também
passamos pelo processo que os introduziu na morte
todo-inclusiva de Cristo e em Sua ressurreição.
Se ganharmos a visão da morte todo-inclusiva de
Cristo, perceberemos que, quando Ele foi crucificado,
fomos crucificados com Ele e Nele. Da mesma forma,
quando ressuscitou, também ressuscitamos Nele.
Além disso, estamos em ascensão com Ele. Assim
agora podemos declarar: “Aleluia, estou participando
do desfrute de Cristo, como meu substituto, em Sua
ressurreição e ascensão!”.
Como nosso substituto, Cristo é o Espírito que
habita em nós e o Espírito que dá vida em nosso
espírito. Quando vivemos por esse Espírito, o Espírito
toma-se em nós a realidade do próprio Cristo com
Sua morte, ressurreição e ascensão como nosso pleno
desfrute. É dessa forma que o novo homem é gerado.
Que todos ganhemos a visão do gerar do novo homem
por meio de nossa participação em Cristo e Sua
morte, ressurreição e ascensão!
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E DOIS
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (9)

Leitura Bíblica: Mc 14:1-11


Em 13:1-14:42 o Senhor Jesus prepara os
discípulos para Sua morte. Em 13:1-37 Ele os prepara
dizendo-lhes as coisas que estavam por vir. Então, em
14:1-11, Ele os prepara desfrutando o amor deles,
enquanto os opositores conspiram para matá-Lo e
um dos discípulos planeja traí-Lo. Em 14:12-26, Ele
os prepara instituindo Sua ceia, a fim de que
pudessem lembrar-se Dele e, finalmente,
advertindo-os quanto a tropeçar e exortando-os a
vigiar e orar (14:27-42). Nesta mensagem iremos
considerar a preparação levada a cabo em 14:1-1l.
Em 14:1-11 três questões se fundem: a
conspiração dos opositores para matar o
Salvador-Servo, o Senhor desfrutando do amor de
Seus seguidores e o plano de Judas para traí-Lo.
Enquanto “os principais sacerdotes e os escribas
procuravam como O prenderiam por astúcia e O
matariam” (v. 1), os seguidores do Senhor
demonstravam seu amor por Ele. Simultaneamente,
Judas Iscariotes “um dos doze, foi ter com os
principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus” (v.
10).

PREFIGURAÇÃO DE CRISTO
Marcos 14:1 diz: “Dali a dois dias era a Páscoa e a
festa dos Pães Asmas”. Embora os principais
sacerdotes e os escribas quisessem matar o Senhor
Jesus, eles disseram: “Não durante a festa, para que
não haja tumulto da parte do povo” (v. 2). Por fim,
pela soberania de Deus, eles realmente mataram o
Senhor Jesus durante a festa (Mt 27:15) para o
cumprimento da prefiguração.
A Páscoa prefigurava Cristo (1Co 5:7). Ele é o
Cordeiro de Deus para que Deus possa passar por
cima de nós, pecadores, como retrata a Páscoa em
tipologia, em Êxodo 12. Assim era necessário que
Cristo, como o Cordeiro Pascal, fosse morto no dia da
Páscoa, para cumprir a prefiguração.
De acordo com o tipo, o cordeiro pascal tinha de
ser examinado, para ver se tinha algum defeito, nos
quatro dias que precediam a festa da Páscoa (Êx
12:3-6). Antes de Sua crucificação, Cristo foi a
Jerusalém pela última vez, seis dias antes da Páscoa
(10 12:1) e foi examinado pelos líderes judeus. Não se
achou nenhuma falha Nele, e foi comprovado que Ele
era perfeito e estava qualificado para ser o Cordeiro
Pascal por nós.

A CASA DE SIMÃO, O LEPROSO


Marcos 14:3 diz que Cristo estava em Betânia,
“na casa de Simão, o leproso”. Fora de Cristo, não era
possível alguém encontrar Deus. Cristo tinha deixado
o templo, Ele o tinha condenado para ser destruído.
Contudo os discípulos ainda estavam ocupados com
seu conceito religioso sobre o templo. Segundo o
entendimento deles, Deus estava no templo, pois o
templo era Sua casa. Duvido que os discípulos
tenham percebido que Deus havia abandonado
aquela casa, quando o Senhor Jesus saiu do templo
no capítulo treze. Como Cristo Jesus é Deus, quando
Ele deixou o templo condenado e o abandonou, Deus
também o abandonou. Ao ir para o Monte das
Oliveiras com alguns dos discípulos, Ele lhes
profetizou que o templo que admiravam seria
destruído. Ademais, aquele templo seria substituído
pelo próprio Cristo.
No capítulo catorze vemos que, depois de
abandonar o templo, o Senhor foi à casa de um
leproso purificado, em Betânia. Um leproso
representa um pecador. Simão, como leproso, deve
ter sido curado pelo Senhor. Por ser grato ao Senhor e
amá-Lo, ele preparou uma festa em casa para o
Senhor e os discípulos, a fim de desfrutar Sua
presença. Um pecador salvo sempre faz isso.
A casa de Deus hoje é composta de leprosos
purificados. Como crentes em Cristo, todos somos
leprosos purificados representados por Simão.
Simão amava o Senhor Jesus e preparou uma
festa para Ele. “Estando Ele em Betânia, reclinado à
mesa, na casa de Simão, o leproso, veio uma mulher,
trazendo um vaso de alabastro com ungüento de
nardo puro, caríssimo; quebrando o vaso,
derramou-Lhe o ungüento sobre a cabeça” (v. 3). Essa
mulher de fato amava o Senhor. A casa de Deus, a
igreja, compõe-se dos que O amam. Sua casa é
composta de leprosos purificados e dos que O ungem.

APROVEITAR A OPORTUNIDADE PARA


AMAR O SENHOR
A casa de Simão em Betânia é uma miniatura da
vida da igreja. De acordo com essa miniatura, a vida
da igreja é composta de leprosos purificados que
amam o Senhor. Os que O amam, assim como Simão
e a mulher que O ungiu, tomam-No como seu
substituto total. No coração deles não há lugar para o
templo. Eles não se distraíam nem para cuidar dos
pobres (v. 5).
Alguns ali presentes, “indignados, diziam entre
si: Para que se fez esse desperdício de ungüento? Pois
esse ungüento poderia ser vendido por mais de
trezentos denários, e dar-se aos pobres. E estavam
furiosos com ela” (vs. 4-5). Os que estavam
indignados consideraram a oferta de amor da mulher
como desperdício. Nos últimos dezenove séculos,
milhares de preciosas vidas, tesouros do coração,
altas posições e futuros brilhantes foram
“desperdiçados” sobre o Senhor Jesus. Para os que O
amam de tal maneira, Ele é totalmente amável e
digno da oferta deles. O que eles derramaram sobre
Ele não é uma perda, mas um testemunho fragrante
de Seu dulçor.
De acordo com os versículos 6 e 7, o Senhor
Jesus disse aos que repreendiam a mulher: “Deixai-a;
por que a molestais? Ela praticou uma nobre ação
para Comigo. Porque os pobres sempre os tendes
convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem;
mas a Mim nem sempre Me tendes”. A palavra do
Senhor “a Mim nem sempre Me tendes” indica que
devemos amar o Senhor e aproveitar a oportunidade
para amá-Lo.
Hoje muitos cristãos se preocupam mais com
obras de caridade do que com Cristo. A preocupação
de fazer caridade aos pobres freqüentemente
substitui Cristo. Mas em Marcos 14 o Senhor Jesus
não deixou que a preocupação com os pobres se
tornasse um substituto de Si mesmo. Aqui parece que
Ele não se preocupa com os pobres, mas se preocupa
apenas Consigo mesmo. Ele parece dizer: “Deixem
em paz essa que Me ama. Ela praticou uma nobre
ação para Comigo. Se querem cuidar dos pobres,
esperem outra oportunidade e vão para outro lugar.
Os pobres sempre estão com vocês, mas esse é o único
tempo para que vocês Me tomem como seu substituto
e derramem tudo sobre Mim”.

UNGIR O SENHOR PARA SEU


SEPULTAMENTO
No versículo 8 o Senhor prosseguiu: “Ela fez o
que pôde; antecipou-se a ungir o Meu corpo para o
sepultamento”. Ela antecipou a necessidade, ou
aproveitou a ocasião, para ungir o corpo do Senhor
para o sepultamento. Isso indica que ela recebeu a
revelação da morte do Senhor por meio de Suas
palavras. Assim ela agarrou a oportunidade de
derramar o melhor que tinha sobre Ele. Para amar o
Senhor com o melhor que temos, precisamos ter
revelação a respeito Dele.
No versículo 9 o Senhor continua: “Em verdade
vos digo: Onde for proclamado em todo o mundo o
evangelho, será também contado o que ela fez, para
memória sua”. No versículo anterior Ele se referiu a
Seu sepultamento. A palavra sepultamento implica
Sua morte e ressurreição para nossa redenção. Assim
o evangelho no versículo 9 deve referir-se ao
evangelho da morte, sepultamento e ressurreição de
Cristo (1Co 15:1-4).
A história do evangelho é que o Senhor nos
amou, e a história da mulher que O ungiu é que ela O
amou. Devemos pregar ambas as coisas: o Senhor nos
amando e nós amando o Senhor. Um visa nossa
salvação e o outro, nossa consagração.
Em mensagens anteriores vimos que, quando o
Senhor Jesus estava no Monte das Oliveiras com
quatro dos discípulos, Ele lhes falou a respeito do
princípio das dores de parto (13:8). Essas dores visam
ao nascimento do novo homem, que envolve longo
processo. Como pode esse homem nascer, ser gerado?
Vimos que só pode ser por meio da morte e
ressurreição de Cristo. Por meio de Sua morte e
ressurreição, Ele se torna tudo no novo homem.
Depois que o Senhor falou aos discípulos a
respeito das coisas por vir, especialmente as dores de
parto, Ele entrou na casa de Simão em Betânia, onde
Lhe fora preparada uma festa. Enquanto festejava,
uma mulher que O amava derramou sobre Ele o
melhor que tinha. Isso indica que Ele era tudo para
ela. O Senhor disse que essa mulher fez o que pôde,
ungindo Seu corpo antecipadamente para o
sepultamento.
O que o Senhor diz no versículo 8 é crucial, pois
indica que essa mulher certamente recebera Sua
palavra a respeito da morte e ressurreição. Não creio
que Pedro a tenha recebido, mas ela, sim. Ela sabia
que Aquele que ela amava logo seria morto e ela não
teria outra oportunidade de ungi-Lo. Por isso,
enquanto Ele ainda estava presente, ela aproveitou a
oportunidade de derramar seu ungüento sobre Ele.
Ao fazê-lo, ela O ungiu para Seu sepultamento.

SER INTRODUZIDO NA MORTE E


RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Sem dúvida, essa mulher fora introduzi da na
morte de Cristo. Sepultamento, naturalmente, está
entre a morte e a ressurreição. O melhor que tinha,
ela derramou sobre o Senhor, seu substituto
todo-inclusivo, e o fez para Seu sepultamento. Isso
significa que ela tomou a morte Dele a fim de
desfrutá-Lo plenamente.
Se tivéssemos apenas o Evangelho de Marcos,
não seríamos capazes de entender adequadamente o
que significa ser introduzido na morte e ressurreição
de Cristo. Em Atos e nas Epístolas de Paulo vemos o
desenvolvimento dessa questão. Quando estamos na
morte e ressurreição de Cristo, podemos desfrutá-Lo
ao máximo. Podemos ser como a mulher em Marcos
14, que entrou na morte e ressurreição do Senhor, e
assim O desfrutou como seu pleno substituto. Em seu
interior não havia interesse por nada ou nenhuma
outra pessoa que não o Senhor. Nela não havia lugar
para Moisés ou Elias, ou o templo, e não havia base
para ela mesma. Ela fora substituída por esse Amado.
Essa mulher fora plenamente preparada para
tomar o Senhor como seu substituto. Ela passara por
todos os passos do processo com Ele. Enquanto Pedro
era um tanto rude, ela era cuidadosa e refinada. Por
isso, certamente foi introduzida na morte do Senhor.
Ela percebeu que Ele seria morto, mas esse
pensamento não entrou em Pedro. Por ter assimilado
a palavra do Senhor a respeito de Sua morte, ela
também aproveitou a oportunidade de ungi-Lo para
Seu sepultamento. Com esse único passo ela tomou a
morte do Senhor e trabalhava para Seu sepultamento.
Essa foi a nobre ação que ela praticou para com Ele.
Então, alguns dias depois, ela estava junto com os que
entraram na ressurreição do Senhor. Assim foi uma
precursora, uma das primeiras a desfrutar o Cristo
ressurreto. Por meio da preparação do Senhor ela
entrou em Sua morte e ressurreição.

CRISTO COMO NOSSO SUBSTITUTO NA


VIDA DA IGREJA
Vimos que no capítulo treze o Senhor preparou
os discípulos para Sua morte. Ele continuou essa
preparação no capítulo catorze. A preparação do
Senhor iniciou-se quando Ele revelou aos discípulos
como a economia de Deus irá produzir o novo
homem. O nascimento desse novo homem requer o
sofrimento de dores de parto.
Em Marcos 14 o Senhor continuou a preparar os
discípulos desfrutando o amor deles. Entrando numa
casa composta de leprosos purificados, Ele desfrutou
a festa e também a unção. A festa representava
satisfação interior e o ungir representava derramar
sobre o Senhor algo com doce aroma. Portanto na
casa de Simão em Betânia o Senhor estava satisfeito e
ungido. Ele não fora ungido por Deus, e sim por uma
dentre os que O amavam.
Na casa de Simão em Betânia, o Senhor era o
substituto de tudo. Além Dele, os que O amavam não
tinham nada nem ninguém entre eles ou em volta
deles; só tinham essa Pessoa maravilhosa, que era
tudo para eles.
Comentamos que em 14:1-11 temos uma
miniatura da vida da igreja. Em especial, temos uma
miniatura da experiência de tomar Cristo como
substituto todo-inclusivo. Portanto na vida da igreja,
como retrata essa miniatura, temos Cristo como
nosso substituto. Na vida da igreja, somos leprosos
purificados por Ele e em nosso coração há espaço
apenas para Ele. Em nosso interior, à nossa volta e
conosco não há nada além do Senhor. Nós O
tomamos como tudo, por meio de Sua morte e
ressurreição.
No início desta mensagem dissemos que em
14:1-11 temos a fusão da conspiração dos opositores, o
amor dos seguidores do Senhor e a trama de Judas
para traí-Lo. Quanto à trama de Judas, 14:10-11 diz:
“E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os
principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus. Eles,
ouvindo-o, alegraram-se e prometeram dar-lhe
dinheiro. E buscava ele como O entregaria em ocasião
oportuna”. O dinheiro prometido a Judas eram trinta
peças de prata (Mt 26:15), o valor de um escravo (Êx
21:32). Enquanto uma dentre os seguidores do
Salvador-Servo expressava ao extremo seu amor para
com Ele, outro estava para traí-Lo. Uma O apreciava
e, ao mesmo tempo, outro O entregava.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E TRÊS
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (10)

Leitura Bíblica: Mc 14:12-26

UM SUBSTITUTO PARA A PÁSCOA


Depois que desfrutou do banquete em Betânia, o
Senhor participou da festa da Páscoa e então instituiu
Sua ceia em substituição à Páscoa (14:12-26). Ele
encarregou dois dos discípulos de preparar o que
fosse necessário para a festa da Páscoa (vs. 12-16). Na
história da economia de Deus, essa foi a última
Páscoa, pois daí em diante ela foi substituída pela
mesa do Senhor. Isso indica que a velha dispensação
foi substituída pela nova. Por isso hoje não temos a
Páscoa; antes, temos a mesa do Senhor, a Sua ceia.
Como veremos, o Senhor instituiu a ceia com o
pão e o cálice, que indicam Sua morte, ressurreição, o
próprio Senhor e Sua expansão, isto é, Seu Corpo. O
Senhor, Sua morte e ressurreição, e Sua expansão,
por fim, resultarão no reino de Deus.
Marcos 14:12 diz: “No primeiro dia da festa dos
Pães Asmos, quando imolavam a páscoa,
disseram-Lhe Seus discípulos: Onde queres que
vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?”.
No calendário judaico, que era segundo a Escritura
dos judeus, o dia começava ao anoitecer (Gn 1:5). Ao
anoitecer do dia da última Páscoa, o Salvador-Servo
primeiro comeu a Páscoa com os discípulos e lhes
instituiu Sua ceia (vs. 12-25); depois foi com eles ao
Jardim do Getsêmani no monte das Oliveiras (vs.
26-42). Foi preso ali e levado ao sumo sacerdote,
onde foi julgado pelo Sinédrio, tarde da noite (vs.
43-72). Pela manhã, foi entregue a Pilatos para ser
julgado por ele, e foi sentenciado à morte (15:1-15).
Foi então levado ao Gólgota e ali crucificado às nove
horas da manhã, permanecendo na cruz até as três da
tarde (15:16-41), para cumprir a prefiguração da
Páscoa (Êx 12:6-11).
De acordo com 14:13-16, o Senhor enviou dois
discípulos e lhes disse que entrassem na cidade, onde
iriam encontrar um homem carregando um cântaro
com água. Eles deveriam segui-lo e, onde ele entrasse,
deveriam dizer ao dono da casa: “O Mestre pergunta:
Onde é o Meu aposento de hóspedes no qual comerei
a páscoa com os Meus discípulos?”. Então ele lhes
mostraria uma grande sala no andar superior,
mobiliada e pronta; e ali eles fariam os preparativos.
“Saíram os discípulos e vieram à cidade, e acharam
tudo como Jesus lhes havia dito, e prepararam a
páscoa” (v. 16).
Esse relato sobre a preparação da páscoa é
misterioso. Ele nos faz lembrar a palavra do Senhor a
dois discípulos a respeito do jumentinho, sobre o qual
Ele montou para entrar em Jerusalém (11:1-6). Quem
providenciou a grande sala no andar superior,
mobiliou-a e aprontou? Em nenhum lugar da Bíblia
podemos achar a resposta a essa pergunta. Isso talvez
indique que a instituição da ceia do Salvador-Servo
era misteriosa.

JUDAS ISCARIOTES
Marcos 14:18 diz: “E, enquanto estavam
reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade
vos digo que um dentre vós, o que come Comigo, Me
trairá”. Comiam a páscoa (v. 16), e não a ceia do
Salvador-Servo, que está nos versículos 22 a 24.
Aquele que entregou o Senhor Jesus foi Judas
Iscariotes.
Nos versículos 19 e 20 lemos: “Eles começaram a
entristecer-se e a perguntar-Lhe, um após outro:
Porventura sou eu? E Ele lhes respondeu: É um dos
doze, o que mete Comigo a mão no prato”. Após ter
sido desmascarado, Judas saiu (10 13:21-30), antes
da ceia do Salvador-Servo (Mt 26:20-26). Ele não
participou do corpo e do sangue do Salvador-Servo,
pois não era crente de verdade, e sim filho da
perdição (10 17:12), considerado pelo Salvador-Servo
como diabo (10 6:70-71). Lucas 22:21-23 parece
indicar que Judas saiu depois da ceia do Senhor, o
que é mencionado em Lucas 22:19-20. Entretanto o
registro de Marcos, como o de Mateus, mostra que ele
foi identificado pelo Salvador-Servo como traidor (Mc
14:18-21), antes da instituição de Sua ceia (vs. 22-24).
O registro de Marcos é segundo a seqüência histórica,
ao passo que o de Lucas é segundo a moral. A
seqüência do registro de Mateus combina com a de
Marcos.

LEMBRAR-SE DO SALVADOR-SERVO
Marcos 14:22 diz: “E, enquanto comiam, tomou
Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho,
dizendo: Tomai; isto é o Meu corpo”. Eles comiam a
ceia do Salvador-Servo, após ter comido a páscoa nos
versículos 16 a 18. Ele iniciou essa nova festa, que era
para que os crentes se lembrassem Dele, em
substituição à festa da Páscoa do Antigo Testamento,
que era para que os eleitos se lembrassem da salvação
de Jeová (Êx 12:14; 13:3).
Essa nova festa do novo testamento visa à
memória do Salvador-Servo, comendo-se o pão, que
representa Seu corpo dado em favor dos crentes (1Co
11:24), e bebendo-se o cálice, que representa Seu
sangue derramado em favor dos pecados deles (Mt
26:28). O pão denota vida (10 6:35), a vida de Deus, a
vida eterna; e o cálice denota bênção (1Co 10:16), que
é o próprio Deus como porção dos crentes (Sl 16:5).
Como pecadores, os crentes deveriam ter tomado o
cálice da ira de Deus como porção (Ap 14:10). Mas o
Salvador-Servo o bebeu por eles (10 18:11) e Sua
salvação tomou-se-lhes a porção, o cálice da salvação
(Sl 116:13) que transborda (Sl 23:5), cujo conteúdo é
Deus como bênção todo-inclusiva dos crentes. Esse
pão e cálice são os elementos que constituem a ceia
do Salvador-Servo, que é uma mesa (1Co 10:21), uma
festa, preparada por Ele para que os crentes se
lembrem Dele desfrutando-O como tal festa. Assim, à
medida que se lembram Dele, exibem Sua morte
redentora e transmissora de vida (1Co 11:26 — o
sangue separado do corpo anuncia Sua morte),
testificando a todo o universo Sua rica e maravilhosa
salvação.

O SANGUE DA ALIANÇA
Nos versículos 23 e 24 lemos: “E tomou um cálice
e, tendo dado graças, deu-lho; e todos beberam dele.
Então lhes disse: Isto é o Meu sangue da aliança, que
é derramado por muitos”. Em Êxodo 24:3-8, Deus fez
com o Israel redimido uma aliança (Hb 9:18-21), que
se tornou o antigo testamento, base de Seu
relacionamento com Seus redimidos na dispensação
da lei. Por meio de Sua morte, segundo a vontade de
Deus (Hb 10:7, 9-10), o Salvador-Servo veio realizar a
redenção eterna de Deus em favor de Seus escolhidos;
e, com Seu sangue, instituiu nova aliança, superior
(Hb 8:6-13), que após Sua ressurreição tornou-se o
novo testamento (Hb 9:16-17), baseado na qual Deus
pode ser um com Seus redimidos e regenerados na
dispensação da graça. Essa nova aliança substituiu a
antiga e ao mesmo tempo mudou a antiga
dispensação de Deus em Sua nova dispensação. O
Salvador-Servo queria que Seus seguidores
conhecessem isso, e levassem uma vida baseada nisso
e segundo isso após Sua ressurreição.
Em 14:25 o Senhor prosseguiu: “Em verdade vos
digo que de nenhum modo beberei mais do fruto da
videira, até aquele dia em que o beba, novo, no reino
de Deus”. Aqui Ele fala da manifestação do reino, no
qual irá beber conosco após Sua vinda.
O versículo 26 é a conclusão da seção sobre a
instituição da ceia do Salvador-Servo: “E, tendo
cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras”.
Esse hino foi um louvor do Senhor com os discípulos
ao Pai, após a mesa do Senhor.

TORNAR-SE O CORPO MÍSTICO DE CRISTO


Vimos que, enquanto o Senhor e os discípulos
comiam, Ele tomou um pão e o abençoou, partiu e
deu a eles dizendo: “Tomai; isto é o Meu corpo” (v.
22). Primeiro o Senhor e os discípulos comeram a
páscoa; então Ele estabeleceu Sua mesa com o pão e o
cálice para substituir a festa da Páscoa. Ele fez isso
porque mui breve iria cumprir a prefiguração e se
tornar a verdadeira Páscoa para nós (1Co 5:7). Agora
guardamos a verdadeira festa dos Pães Asmos (1Co
5:8).
O pão da mesa do Senhor é um símbolo, que
representa Seu corpo partido por nós na cruz, para
liberar Sua vida, a fim de que participemos dela.
Participando dela, tornamo-nos o Corpo místico de
Cristo (1Co 12:27), também representado pelo pão da
mesa (1Co 10:17). Assim, participando desse pão,
temos a comunhão do Corpo de Cristo (1Co 10:16).
O Senhor foi partido na cruz a fim de liberar Sua
vida. A liberação da vida do Senhor ocorre em
ressurreição. Portanto partir é morte e liberar é
ressurreição. Depois de quebrado na cruz, o Senhor
foi capaz de liberar a vida divina de Seu interior a fim
de que participemos dela. Participando dela, ou seja,
desfrutando o pão, tornamo-nos o Corpo místico de
Cristo, Sua expansão.
Como expansão, o Corpo místico de Cristo
também é representado pelo pão sobre a mesa,
mostrado em 1 Coríntios I O:17. Assim, participando
desse pão, temos a comunhão do Corpo de Cristo.

O SANGUE, A ALIANÇA E O CÁLICE


O sangue do Senhor nos redimiu de nossa
condição caída, de volta para Deus, de volta para a
herança que perdemos mediante a queda de Adão e
de volta para a plena bênção de Deus. Quanto à mesa
do Senhor (1Co 10:21), o pão representa nossa
participação em vida e o cálice, nosso desfrute da
bênção de Deus. Assim é chamado de o cálice da
bênção (1Co 10:16). Nele estão todas as bênçãos de
Deus e até mesmo o próprio Deus como nossa porção
(Sl 16:5). Em Adão nossa porção era o cálice da ira de
Deus (Ap 14:10). Cristo bebeu esse cálice por nós (Jo
18:11) e Seu sangue constituiu o cálice da salvação
para nós (Sl 116:13). O cálice que transborda (Sl
23:5). Partilhando esse cálice também temos a
comunhão do sangue de Cristo (1Co 10:16).
Marcos 14:25 fala do fruto da vide. O fruto da
vide, no cálice da mesa do Senhor, também é um
símbolo. Representa o sangue do Senhor derramado
na cruz por nossos pecados. Seu sangue foi exigido
pela justiça de Deus para o perdão de nossos pecados
(Hb 9:22).
Marcos 14:24 diz que o sangue do Senhor é o
sangue da aliança. O sangue do Senhor, havendo
satisfeito a justiça de Deus, promulgou a nova
aliança, na qual Deus nos dá perdão, vida, salvação e
todas as bênçãos espirituais, celestiais e divinas.
Quando essa nova aliança nos é dada, ela é um cálice
(Lc 22:20), uma porção para nós. O Senhor derramou
o sangue, Deus estabeleceu a aliança e nós
desfrutamos o cálice, no qual Deus e tudo o que é
Dele são nossa porção. O sangue é o preço que o
Senhor pagou por nós, a aliança é o título de
propriedade que Deus fez para nós e o cálice é a
porção que recebemos de Deus.
Com respeito à mesa do Senhor, temos o sangue,
a aliança e 6 cálice. Com relação à ceia do Senhor,
vemos um cálice sobre a mesa. Esse cálice é uma
aliança e também se relaciona com o sangue.
Portanto o sangue, a aliança e o cálice são um. O
sangue é o preço pago por Cristo, a aliança é o título
de propriedade de nossa herança e o cálice é a porção
que recebemos e desfrutamos. Cristo pagou o preço,
Deus fez a aliança e nós desfrutamos a porção.

OS DISCÍPULOS DESFRUTAM A MORTE E


RESSURREIÇÃO DO SENHOR, O PRÓPRIO
SENHOR E SEU CORPO MÍSTICO
Pela instituição da mesa, o Senhor Jesus indicava
a Seus seguidores que eles entrariam em Sua morte e
ressurreição. O Senhor lhes serviu não apenas Seu
corpo e sangue, mas também Sua morte,
ressurreição, Ele mesmo e Sua expansão, Seu Corpo
místico. Em Sua mesa Ele serviu aos discípulos Ele
mesmo, Sua morte e ressurreição e Seu Corpo místico
como Sua expansão. Isso significa que eles deviam
desfrutar Sua morte, ressurreição, o próprio Senhor e
Sua expansão.
Duvido que os discípulos tivessem clareza a
respeito do significado da ceia do Senhor quando Ele
a instituiu. Eles ouviram as palavras faladas por Ele,
mas provavelmente não as entenderam. Segundo o
que o Senhor Jesus profetizou no Evangelho de João,
quando o Espírito da realidade veio, Ele os guiou a
toda a realidade (Jo 16:13), inclusive a realidade da
ceia instituída pelo Senhor. Então, certamente, se
lembraram das palavras I? ele. Talvez tenham dito:
“Na noite em que o Senhor foi preso, Ele instituiu
uma mesa com o pão e o cálice. Não entendemos o
significado disso naquele momento. Agora sabemos
que a intenção Dele era introduzir-nos na percepção
plena de Sua morte todo-inclusiva, de Sua
maravilhosa ressurreição, de Si mesmo e de Seu
Corpo místico como Sua expansão”.

A PRODUÇÃO DO NOVO HOMEM


A morte do Senhor, Sua ressurreição, o próprio
Senhor e Sua expansão visam produzir o novo
homem, que é o desenvolvimento da semente do
reino do capítulo quatro. O pleno desenvolvimento do
novo homem será o reino. Em vez de ler a Bíblia de
maneira superficial, precisamos ser iluminados para
ganhar essa visão.
Hoje o Senhor Jesus ainda nos introduz na
realidade de Sua mesa. Antes de entrar na morte, Ele
instituiu a mesa com Sua morte, ressurreição,
Consigo mesmo e Sua expansão, representados pelo
pão partido e o cálice. O pão representa Seu Corpo
místico. O sangue se tomou um cálice, como nossa
porção da aliança feita por Deus e paga por Cristo.
Semana após semana revemos essa história à mesa do
Senhor.
Quando chegamos à mesa do Senhor, não
celebramos uma comunhão religiosa ou uma missa.
Pelo contrário, na mesa do Senhor temos a revelação
de Sua morte, ressurreição, do próprio Senhor e Seu
Corpo místico como Sua expansão. Ao participar de
Sua morte e ressurreição, ao tomá-Lo como nosso
substituto todo-inclusivo, Ele se toma tudo para nós a
fim de produzir o novo homem, que, por fim, se
tomará o reino de Deus. Quando esse processo se
completar, o Senhor Jesus voltará para receber esse
novo homem e ter o reino. Que todos ganhemos essa
visão maravilhosa!
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E QUATRO
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (11)

Leitura Bíblica: Mc 14:1-26


Nesta mensagem gostaria de dar uma palavra
adicional sobre 14:1-26. Em especial, necessitamos
falar mais a respeito do fato de o Senhor instituir Sua
ceia como parte da preparação de Seus discípulos
para entrar em Sua morte e ressurreição.

VALORIZAR A PRECIOSIDADE DO SENHOR


Marcos 14:1-42 abrange a preparação que o
Senhor realizou nos discípulos visando a Sua morte.
Nessa seção, há duas festas além da festa da Páscoa. A
primeira foi preparada para o Senhor pelos que O
amavam. A segunda foi a ceia do Senhor, instituída
por Ele logo depois da festa da Páscoa. A ceia do
Senhor foi preparada por Ele para os discípulos.
Por séculos, muito tem sido dito a respeito da
festa preparada por Simão para mostrar seu amor
pelo Senhor Jesus. Nessa festa, uma mulher O ungiu
para mostrar seu amor. Muitas mensagens foram
dadas sobre esse fato em Marcos 14. Contudo é muito
mais difícil penetrar nas profundezas do significado
da mesa do Senhor. Essa questão é muito profunda,
muito além do que a mente humana consegue
entender.
O significado da festa preparada por um
discípulo é superficial, comparado ao significado da
mesa do Senhor. Na festa preparada pelos discípulos,
temos a valorização da preciosidade, dignidade e
amabilidade do Senhor. Simão, o leproso, uma vez
purificado pelo Senhor, preparou essa festa como
expressão de seu apreço pela misericórdia, graça e
preciosidade do Senhor. Ungir o Senhor também foi
expressão do apreço por Sua amabilidade e
dignidade. Contudo nessas questões pouco pode ser
considerado profundo. Parece que nada que seja
iniciado por nós tem muita profundidade.

SÍMBOLO DA ECONOMIA
NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS
A ceia instituída pelo Senhor, pelo contrário, é
extremamente profunda. Essa festa é um sinal, um
símbolo, de toda a economia neotestamentária de
Deus. A economia divina na era do Novo Testamento
está envolvida com a mesa do Senhor.
Não creio que algum discípulo tenha entendido o
significado da mesa do Senhor quando foi instituída.
Pedro, por exemplo, participou dela, mas certamente
não viu seu significado.

O Pão e o Cálice
Quando instituiu Sua ceia, “tomou Jesus um pão
e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai;
isto é o Meu corpo” (14:22). Então tomou o cálice,
deu-lhes e disse: “Isto é o Meu sangue da aliança, que
é derramado por muitos” (v. 24). Portanto a mesa do
Senhor inclui um pão e um cálice.
Segundo o uso bíblico, pão representa vida. O
Senhor Jesus disse: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6:35).
Isso indica que, na Bíblia, pão é vida.
Além disso, segundo o uso bíblico, o cálice
representa uma porção de bênção. Assim o cálice é
chamado de o cálice da bênção. O pão é de vida e o
cálice é de bênção.
Certamente a vida é a vida divina e a bênção é a
bênção divina. Na verdade, tanto a vida como a
bênção são o Deus Triúno, o próprio Deus em Cristo,
mediante o Espírito. Você sabe o que é vida eterna? É
o Deus Triúno. Você sabe o que é a bênção divina?
Também é o Deus Triúno. Assim tanto a vida divina
como a bênção divina são, na verdade, o próprio Deus
Triúno.

O Deus Triúno Torna-se Nossa Vida e Bênção


Como o Deus Triúno pode tomar-se nossa vida e
bênção? Não é simples o fato de algo tomar-se nossa
vida. Por exemplo, a comida que comemos e
digerimos toma-se nosso suprimento de vida. Para
que algo se tome nossa vida ou suprimento de vida,
ele precisa ser orgânico. Se você engolir uma pedra,
ela não poderá tomar-se seu suprimento de vida, pois
não é viva nem orgânica. Somente algo orgânico pode
ser digerido e então assimilado para se tomar nosso
suprimento de vida. De forma similar, para que o
Deus Triúno seja nosso suprimento de vida e até
mesmo nossa vida, Ele deve entrar em nós a fim de
ser digerido e assimilado. Por certo, o Deus Triúno é
vivo e orgânico.
Segundo o capítulo seis do Evangelho de João,
Cristo é o pão, o pão da vida, para que comamos. O
Senhor Jesus disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do
céu; se alguém comer desse pão, viverá eternamente”
(v. 51). Então Ele prosseguiu: “Assim como o Pai, que
vive, Me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim,
quem Me come, também viverá por causa de Mim” (v.
57). Qualquer crente que coma o Senhor Jesus como
pão da vida viverá por Ele. Quando comemos esse pão
da vida, Ele entra em nós para ser digerido e
assimilado organicamente. Essa é a única maneira
pela qual o Deus Triúno pode tomar-se nossa vida. O
Deus Triúno se toma nosso suprimento de vida e
nossa vida, entrando em nós organicamente para ser
assimilado nas próprias fibras de nosso ser espiritual.

Lembrar do Senhor Comendo-O


Ingerir o Senhor para digeri-Lo e assimilá-Lo, a
fim de que Ele se torne vida para nós, é representado
pelo comer do pão sobre a mesa. Sempre que nos
achegamos à mesa do Senhor, vemos um pão. Esse
pão não é meramente para ser visto, mas ser comido.
Quando o Senhor instituiu Sua ceia: “Tomou Jesus
um pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo:
Tomai; isto é o Meu corpo” (Mc 14:22).
De acordo com Lucas 22:19, o Senhor Jesus
disse: “Isto é o Meu corpo, que é dado por vós; fazei
isto em memória de Mim”. Esse versículo fala de nos
lembrar do Senhor. Por anos eu me lembrei do
Senhor à Sua mesa, apenas concentrando-me na Sua
encarnação, vida de sofrimentos, morte e
ressurreição. Ninguém me havia dito que a maneira
adequada de se lembrar do Senhor Jesus é comê-Lo.
O verdadeiro lembrar-se do Senhor é comer do pão e
beber do cálice (1Co 11:24, 26), isto é, participar e
desfrutar do Senhor que Se deu por nós mediante Sua
morte redentora. Comer o pão e beber o cálice é
ingerir o Senhor redentor como nossa porção, como
nossa vida e bênção. Isso é lembrar-se Dele de forma
autêntica.
O PROFUNDO SIGNIFICADO DE COMER O
PÃO E BEBER O CÁLICE DA MESA DO
SENHOR
Um dia, há mais de trinta anos, eu procurava
definir o significado da mesa do Senhor. Enquanto
considerava a respeito do pão e lia os versículos no
Novo Testamento a esse respeito, ganhei luz sobre o
que significa lembrar-se do Senhor à Sua mesa. Vi
que não é meramente pensar Nele, lembrar-se do que
Ele experimentou, mas é comê-Lo. Ele disse
claramente: “Isto é o Meu corpo, que é dado por vós;
fazei isto em memória de Mim”. Por meio disso
vemos que a lembrança adequada do Senhor é
comê-Lo, ingeri-Lo como suprimento de vida.
O pão sobre a mesa não é para ser analisado,
nem apenas para se pensar nele; é para ser ingerido,
comido, como suprimento de vida. Esse pão deve ser
digerido e assimilado para tornar-se nosso ser. Isso é
de profundo significado.
Comer o pão da mesa do Senhor indica que o
Senhor entra em nós como nosso suprimento de vida,
e então verdadeiramente se torna nós. Se
considerarmos a questão do comer, perceberemos
que a comida que ingerimos por fim se tornará nossa
pessoa. Podemos dizer não apenas que a comida se
torna nós, mas até mesmo que nós nos tornamos a
comida. Não apenas há união orgânica entre nós e a
comida que comemos, digerimos e assimilamos;
como também somos mesclados com ela.
É um erro sério dizer que a mescla não é bíblica.
Como é que alguém pode negar o fato de que somos
mesclados com o que comemos, digerimos e
assimilamos? Na verdade, assimilar comida em nosso
ser vai além da mescla. Não temos palavras para
descrever isso. Contudo realmente sabemos que
somos mesclados de forma profunda com o que
comemos. De forma semelhante, quando ingerimos o
Deus Triúno como nossa comida, somos de fato
mesclados com Ele. Para que se torne nossa vida, o
que comemos deve estar mesclado conosco. O
princípio é o mesmo quando ingerimos o Deus Triúno
como nosso alimento.
Já enfatizamos que ingerir envolve muito mais
do que união orgânica entre nós e a comida. Na
verdade comer, digerir e assimilar envolvem uma
mescla intrínseca da comida com nosso ser. O que
comemos, na verdade, torna-se parte de nós,
portanto não é apenas uma mescla, mas também é
um tornar-se. A comida que digerimos e assimilamos
se torna parte de nosso ser. Por essa razão, depois de
digerida totalmente e assimilada, é impossível
localizá-la em nós, porque se tornou parte de nós.
Usamos a assimilação da comida para ilustrar o
profundo significado de comer o pão da mesa do
Senhor.

Um Quadro do Senhor
Vimos que o cálice da mesa do Senhor representa
Seu sangue. No Antigo Testamento era proibido
beber o sangue (Gn 9:4; Lv 17:10). Na economia de
Deus só há um sangue bom para beber: o sangue do
Senhor Jesus. Em princípio, beber o sangue é o
mesmo que comer o pão: o que bebemos nos satura e
se torna nosso ser.

Um Quadro do Sangue do Senhor Separado


de Seu Corpo
O corpo do Senhor Jesus é representado pelo pão
e o Seu sangue é simbolizado pelo cálice com seu
conteúdo. Aqui temos um quadro do sangue do
Senhor separado de Seu corpo. Essa separação
significa morte. Assim em 1 Coríntios 11:26 Paulo diz:
“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e
beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até
que ele venha”. A palavra grega traduzida como
anunciar significa proclamar, declarar, demonstrar a
morte do Senhor. Tomar a ceia do Senhor é anunciar
e mostrar a morte do Senhor.
Para que o Senhor Jesus se tornasse nossa
comida, entrando em nós como suprimento de vida,
foi necessário passar pela morte. Se não tivesse sido
crucificado, Ele não poderia tornar-se nossa comida.
Muitos alimentos que comemos diariamente
precisam primeiro ser levados à morte. Por exemplo,
antes que se possa comer frango, ele precisa ser
morto. Comer frango requer a morte dele. Da mesma
maneira, a fim de que pudéssemos comê-Lo, o
Senhor Jesus tinha de morrer. Sempre que comemos
o pão e bebemos o cálice da mesa do Senhor,
declaramos Sua morte.

EXPERIMENTAR A RESSURREIÇÃO
INTERIOR
Vimos que a mesa do Senhor representa o
próprio Senhor, Sua morte, ressurreição e Seu Corpo
místico como Sua expansão. Como a mesa do Senhor
se relaciona com Sua ressurreição? Podemos dizer
que, sempre que O comemos, digerimos e
assimilamos como nosso suprimento de vida,
experimentamos a ressurreição interior. Podemos
usar o fato de comer alimento físico como ilustração.
Freqüentemente antes do jantar estou cansado e
fraco. Mas, depois de comer uma refeição nutritiva,
sou reavivado. Eu diria até que sou “ressuscitado”. A
vida que como contém um elemento de vida que me
reaviva. De forma semelhante, quando comemos o
Senhor Jesus, Ele se torna a vida de ressurreição em
nós.

O PLENO CRESCIMENTO DO NOVO HOMEM


O pão da mesa do Senhor também representa o
Corpo místico de Cristo como Sua expansão, a qual
visa produzir o novo homem; também é o
desenvolvimento da semente, o gene, do reino.
No capítulo quatro de Marcos temos a semente
do reino, mas por fim teremos o pleno
desenvolvimento do reino, sua manifestação. O pleno
desenvolvimento do reino será o pleno crescimento
do novo homem. Isso significa que, por fim, o novo
homem será o reino de Deus.
Ademais, o reino de Deus certamente não é uma
organização. Não! Em sua totalidade, o reino de Deus
é um organismo, o novo homem, produzido por meio
de Cristo substituindo-nos mediante Sua morte e
ressurreição. Que maravilhoso! Se virmos isso,
perceberemos que, ao instituir Sua ceia em Marcos
14, o Senhor Jesus estava preparando os discípulos
para receber Sua morte e ressurreição.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E CINCO
A PREPARAÇÃO DO SALVADOR-SERVO PARA SEU
SERVIÇO REDENTOR (12)

Leitura Bíblica: Mc 14:27-42

O SENHOR ADVERTE OS DISCÍPULOS


Em 14:27-42 o Senhor Jesus advertiu os
discípulos quanto a tropeçar e os exortou a vigiar e
orar. No versículo 27 Ele lhes disse: “Todos vós
tropeçareis; porque está escrito: 'Ferirei o Pastor, e as
ovelhas se dispersarão”. Então o Senhor lhes disse
que depois de ressuscitar iria adiante deles para a
Galiléia (v. 28).
Quando Pedro ouviu a palavra do Senhor a
respeito de os discípulos tropeçarem, disse-Lhe:
“Ainda que todos venham a tropeçar, eu não!” (v. 29).
Então, também como parte da preparação dos
discípulos para Sua morte, Ele prosseguiu dizendo a
Pedro: “Em verdade te digo que hoje, nesta noite,
antes que duas vezes cante o galo, tu Me negarás três
vezes”. No grego, o vocábulo traduzido como negar é
um verbo composto que quer dizer negar
completamente. Assim também nos versículos 31 e
72. Mas Pedro, sendo particularmente rude, confiante
e ousado, disse enfaticamente: “Ainda que me seja
necessário morrer Contigo, de nenhum modo Te
negarei. E todos também diziam o mesmo” (v. 31).

ORA NO GETSÊMANI
Depois de advertir os discípulos sobre tropeçar, o
Senhor Jesus foi com eles a um lugar cujo nome é
Getsêmani (v. 32), que significa lagar de azeite. Ele
foi premido ali para que o azeite, o Espírito, pudesse
fluir.
Tomando Consigo a Pedra, Tiago e João, Ele
“começou a sentir pavor e a angustiar-se
profundamente” (v. 33). Quanto a sentir pavor, C. E.
B. Cranfield diz que Ele estava “tomado de pavor
estremecedor em face da terrível perspectiva que se
Lhe propunha”.
O Senhor disse a Pedro, Tiago e João: “A Minha
alma está profundamente triste, até a morte. Ficai
aqui e vigiai. E, adiantando-se um pouco, prostrou-se
em terra, e orava para que, se fosse possível, passasse
Dele aquela hora”. A tristeza do Salvador-Servo e Sua
oração no versículo 35 são iguais às de João 12:27. Ali
Ele disse ter vindo para essa hora; isto é, sabia que a
vontade do Pai era que Ele morresse na cruz para o
cumprimento do plano eterno de Deus.
Segundo o versículo 36 o Senhor orou: “Aba, Pai,
tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice;
contudo, não seja o que Eu quero, e, sim, o que Tu
queres”. Na eternidade passada, o Deus Triúno
determinou em Seu plano divino que o Segundo da
Trindade Divina se encamaria e morreria na cruz
para realizar Sua redenção eterna, cumprindo assim
Seu eterno propósito (Ef 1:7-9). Portanto, antes da
fundação do mundo, isto é, na eternidade passada
(1Pe 1:19-20), foi determinado que o Segundo da
Trindade Divina seria o Cordeiro de Deus (10 1:29); e
aos olhos de Deus, Ele foi imolado como tal desde a
fundação do mundo, ou seja, desde que Deus fez as
criaturas, as quais se tomaram caídas (Ap 13:8). A
partir da queda do homem, cordeiros, ovelhas,
bezerros e touros foram usados como tipos em favor
do povo escolhido de Deus (Gn 3:21; 4:4; 8:20; 22:13;
Êx 12:3-8; Lv 1:2), apontando para Aquele que viria
como o verdadeiro Cordeiro determinado de antemão
por Deus. Na plenitude dos tempos, o Deus Triúno
enviou o Segundo da Trindade, o Filho de Deus, que
se encarnou, assumindo um corpo humano (Hb 10:5)
para oferecer-Se a Deus na cruz (Hb 9:14; 10:12), a
fim de fazer a vontade do Deus Triúno (Hb 10:7), a
saber, substituir os sacrifícios e ofertas, que eram
prefigurações, por Ele mesmo em Sua humanidade,
como sacrifício e oferta singulares pela santificação
dos escolhidos de Deus (Hb 10:9-10). Em Sua oração
aqui, imediatamente anterior à Sua crucificação, Ele
Se preparou para tomar o cálice da cruz (Mt 26:39,
42), disposto a fazer essa vontade singular do Pai
para a consumação do plano eterno do Deus Triúno.
No versículo 38 o Senhor Jesus exortou os três
discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; o espírito está disposto, mas a carne é
fraca”. A palavra grega traduzida por disposto,
também pode ser traduzi da por pronto. Em coisas
espirituais o espírito sempre está pronto, disposto,
mas a carne é fraca.

EXPÕE NOSSA SITUAÇÃO


Por que depois que instituiu Sua ceia, o Senhor
Jesus advertiu os discípulos quanto a tropeçar e os
exortou a vigiar e orar? A razão é que, sempre que
revela algo a Seu respeito na economia de Deus, Ele
expõe nossa real situação. Considere o caso de Pedro
no capítulo oito: ele recebeu a revelação de que Jesus
é o Cristo. Depois disso, o Senhor o expôs,
chamando-o de Satanás. Além do mais, Ele ainda
expôs o ego de Pedro, sua vida da alma.
A instituição da mesa do Senhor revela Sua
morte, ressurreição, o próprio Senhor e Sua
expansão, Seu Corpo místico. Logo após essa
revelação, Pedro e os outros discípulos foram
expostos. Seu homem natural, ego, teimosia, mente e
pensamentos foram todos expostos. Embora tenham
experimentado a instituição da mesa do Senhor, não
perceberam quanto estavam em si mesmos e quanto
agiam segundo o conceito natural. Assim o Senhor
Jesus os expôs. Essa exposição é a prática de ser
introduzido na morte do Senhor.

INTRODUZIDOS NA MORTE E
RESSURREIÇÃO DO SENHOR
Ao ler os capítulos catorze e quinze de Marcos,
vemos que Pedro foi introduzido na crucificação do
Senhor. Quando Pedro se gabou de que nunca
negaria o Senhor Jesus, ele ainda não fora
crucificado. Ele afirmava que, mesmo que todos os
outros tropeçassem, ele não iria. E disse também:
“Ainda que me seja necessário morrer Contigo, de
nenhum modo Te negarei” (14:31). Contudo, pouco
depois de se gabar dessa forma, ele negou o Senhor
Jesus completamente. Depois de negá-Lo, “Pedro se
lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que
duas vezes cante o galo, tu Me negarás três vezes. E,
pensando nisso, começou a chorar” (14:72). Num
sentido bem real essa foi a crucificação de Pedro. Ele
chorou porque tinha sido crucificado.
Embora tenha negado o Senhor, Pedro não
desistiu; pelo contrário, prosseguiu para entrar na
ressurreição do Senhor.
Talvez você se pergunte que indicação há no
Evangelho de Marcos de que Pedro entrou na
ressurreição de Cristo. Considere a palavra do anjo às
mulheres que vieram ao túmulo na madrugada do dia
da ressurreição do Senhor: “Não vos espanteis;
buscais a Jesus, o Nazareno, o crucificado. Ele
ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde O
puseram. Mas ide, dizei aos Seus discípulos, e a
Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali O
vereis, como Ele vos disse” (16:6-7). Aqui vemos que
o anjo especificamente cita Pedro. Isso indica que ele
foi introduzido na ressurreição de Cristo.
Não devemos ler Marcos como um livro de
histórias.
Precisamos ganhar a revelação contida nele.
Marcos revela que o Senhor Jesus não tinha a
intenção de passar pela morte e ressurreição sozinho,
pelo contrário, Sua intenção era introduzir Seus
seguidores com Ele. Se ganharmos essa revelação,
teremos a certeza de que, como O amamos, Ele nos
fará passar por Sua morte e nos introduzirá em Sua
ressurreição.
Quando chegamos ao final de Marcos, vemos que
todos os seguidores do Senhor foram introduzidos
não apenas em Sua morte e ressurreição, como
também em Sua ascensão. Em ascensão foram
enviados para pregar o evangelho aos confins da
terra. Louvado seja o Senhor, os discípulos foram
introduzidos em Sua morte, ressurreição e ascensão!

EXPOSIÇÃO E CRUCIFICAÇÃO
Embora Pedro estivesse presente quando o
Senhor instituiu Sua ceia, ele não entendeu o
significado. Logo após a ceia, o Senhor advertiu os
discípulos sobre tropeçar. Essa advertência era uma
indicação de que os discípulos ainda estavam na
carne. Embora tenha instituído a ceia e todos
tivessem participado dela, eles ainda estavam na
carne. Imediatamente Pedro se portou de maneira
natural, gabando-se de que não iria tropeçar nem
negar o Senhor.
Após advertir os discípulos a respeito de
tropeçar, o Senhor Jesus conduziu três deles (Pedro,
Tiago e João) ao Getsêmani e lhes disse: “Ficai aqui e
vigiai” (v. 34). Contudo, quando chegou até eles,
achou-os dormindo e disse a Pedra: “Simão, tu
dormes? não foste capaz de vigiar nem por uma
hora?” (v. 37). Pedro, o líder dos discípulos, tomou a
liderança em dormir; não tinha forças para nada,
exceto dormir.
Pedro também se portou naturalmente quando o
Senhor Jesus foi preso. Ele puxou da espada e “feriu o
servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha” (v.
47). Pedro novamente causou problemas. Enquanto
era preso, o Senhor ainda precisou fazer um milagre
para curar a orelha do escravo do sumo sacerdote (Lc
22:50-51).
De acordo com Marcos 14:66-72 Pedro negou
completamente o Senhor Jesus. Uma das criadas do
sumo sacerdote lhe disse: “Tu também estavas com o
nazareno, Jesus” (v. 67). Pedro, porém, o negou,
dizendo: “Não sei nem compreendo o que dizes” (v.
68). Logo em seguida Pedro negou o Senhor Jesus
mais duas vezes. Com essa exposição, Pedro foi posto
na cruz. O Senhor Jesus foi crucificado e Pedro
também. Sua exposição foi sua crucificação.

UMA REPRODUÇÃO DE CRISTO


De acordo com o Evangelho de Marcos e o livro
de Atos, Pedro não apenas passou pelo processo de
morte, mas também entrou na ressurreição e
ascensão do Senhor. Ao se levantar para pregar o
evangelho no dia de Pentecostes, Pedro era outra
pessoa. Era alguém crucificado, ressurreto e
ascendido, uma reprodução do Cristo crucificado,
ressurreto e ascendido. Pedro era cópia desse Cristo.
Por ter sido introduzido na morte, ressurreição e
ascensão, Pedro também estava saturado de Cristo.
Era um com Cristo e Cristo até mesmo se tornara ele.
Por isso, podemos dizer que, no dia de Pentecostes,
Pedro era uma cópia de Cristo.
O relato de Marcos mostra que Pedro passou por
longo processo para se tornar urna reprodução de
Cristo. Esse processo se iniciou no capítulo um,
quando Pedro,, um pescador, foi chamado pelo
Senhor Jesus. Depois de chamá-lo, o Senhor o
introduziu num processo que durou mais de três
anos. Como resultado, no dia de Pentecostes, ele era
alguém introduzido na morte, ressurreição e ascensão
de Cristo.
Talvez naquele momento Pedro pudesse
entender o significado da mesa do Senhor. O Senhor
tinha instituído a mesa como parte de Sua preparação
dos discípulos, como parte do processo de
introduzi-los na plena percepção de Sua morte e
ressurreição.
Precisamos ver que a intenção do Senhor é
introduzir-nos em Sua morte e ressurreição, por meio
das quais podemos desfrutá-Lo como nosso
substituto. Ao desfrutá-Lo como nosso substituto, Ele
se torna nós e nós nos tornamos um com Ele. O
resultado é que nos tornamos Sua reprodução, Sua
cópia. Essa é a visão que nos é transmitida no
Evangelho de Marcos.

A ECONOMIA DE DEUS PARA PRODUZIR O


NOVO HOMEM
Vimos que a economia de Deus é produzir o novo
homem. A maneira de fazê-lo é substituir-nos com
Cristo.
Na pregação do evangelho, Cristo, como
substituto universal, é ministrado a outros. Contudo,
quando O apresentamos como substituto
todo-inclusivo, sempre haverá conflito e perseguição.
Visto que Satanás usurpou a velha criação e instiga os
que estão nela a se opor às coisas do Senhor, as coisas
da velha criação nos atrapalham quanto a deixar
Cristo tornar-se nosso substituto.
Primeiro Cristo substitui todas as coisas velhas
do judaísmo. Nos capítulos nove e treze vimos que
Ele substitui Moisés e Elias e também o templo. Além
disso, Ele substitui as coisas do mundo gentio:
cultura, costumes, hábitos e a velha maneira de vi ver.
Por Cristo ser tal substituto, o conflito é
inevitável. Contudo esse conflito tem um propósito
positivo. Por meio dele somos levados à morte e
introduzidos na ressurreição. Isso significa que, por
fim, tudo o que o inimigo poderá fazer com
perseguição e conflito apenas ajuda a liberar o fluir da
vida de ressurreição. Aleluia pelo fluir que produz o
novo homem, que se tornará o reino de Deus! Esse
novo homem é produzido por meio da morte e
ressurreição de Cristo. Por meio da morte e
ressurreição do Senhor nós O desfrutamos como
substituto todo-inclusivo e universal para produzir o
novo homem.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E SEIS
A MORTE E A RESSURREIÇÃO DO SALVADOR-SERVO
PARA A CONSUMAÇÃO DA REDENÇÃO DE DEUS (1)

Leitura Bíblica: Mc 14:43-15:15


Nesta mensagem começaremos a considerar a
morte e a ressurreição do Salvador-Servo para a
consumação da redenção de Deus (14:43-16:18).

ESTA VA PREPARADO PARA MORRER


Podemos dizer que a morte de Cristo iniciou-se
no momento em que Ele foi preso. Antes de Judas vir
com os que O prenderam, o Senhor orava no
Getsêmani com respeito à Sua morte. Como já
ressaltamos, Ele foi propositadamente da Galiléia
para a Judéia, a fim de ser crucificado. Portanto, na
realidade, Ele não foi entregue por Judas, mas Ele
mesmo se entregou aos que foram prendê-Lo.
Enquanto ainda estava na Galiléia, o Senhor
sabia que Lhe era necessário ir a Jerusalém a fim de
ser morto no dia da Páscoa. Após ir a Jerusalém, Ele
preparou o ambiente, os discípulos e até mesmo os
opositores para Sua morte. Os opositores
conspiravam para matá-Lo. Marcos 14:1 diz que os
principais sacerdotes e os escribas procuravam como
O prenderiam por astúcia e O matariam. Eles diziam:
“Não durante a festa, para que não haja tumulto da
parte do povo” (14:2). Contudo, para cumprir a
prefiguração do cordeiro pascal, Ele foi crucificado no
dia da Páscoa, embora os opositores procurassem
evitá-Lo. O próprio Senhor preparou tudo o que foi
necessário para ser morto no tempo certo. Na última
festa da Páscoa, Ele disse aos discípulos que um deles
iria traí-Lo: “Em verdade vos digo que um dentre vós,
o que come Comigo, Me trairá” (14:18). Então Judas
foi exposto. A despeito de quão maligno Judas fosse,
pois ainda era ser humano, ele tinha vergonha de
permanecer com o Senhor e os discípulos. Depois que
saiu, Judas foi ao sumo sacerdote e liderou uma
multidão ao lugar onde prenderam o Senhor Jesus.
Uma vez que Judas tinha saído, o Senhor
instituiu Sua ceia. Ele sabia que em poucas horas
seria preso, julgado, sentenciado à morte e
crucificado.
Depois de instituir Sua ceia, o Senhor conduziu
os discípulos para um jardim. Ele foi ao melhor lugar
para ser preso. Isso mostra que Ele se apresentou aos
que O prenderam.

FEZ A VONTADE DE DEUS


No Getsêmani o Senhor Jesus orou: “Aba, Pai,
tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice;
contudo, não seja o que Eu quero, e, sim, o que Tu
queres” (14:36). Através dos séculos, muitos
estudiosos da Bíblia falaram a respeito da oração do
Senhor sobre a vontade de Deus. Mas poucos viram
qual é, especificamente, a vontade de Deus em 14:36.
Se quisermos saber qual é a vontade de Deus
nesse versículo, precisamos considerar Hebreus 10,
onde nos é dito que o Senhor Jesus veio para fazer a
vontade de Deus. Geralmente as pessoas pensam que
isso quer dizer que Ele veio para fazer todas as coisas
de acordo com a vontade de Deus, de maneira geral.
Mas, pelo contexto de Hebreus 10, vemos que a
vontade específica de Deus é a substituição das
ofertas. A vontade de Deus era enviar Cristo à terra
para ser o substituto das ofertas.
No Antigo Testamento havia muitas ofertas ou
sacrifícios. Deus enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para
substituir todas elas. Essa era a vontade de Deus e o
Senhor Jesus sabia disso. Por isso é que orou assim:
“Não seja o que Eu quero, e, sim, o que Tu queres”.
Depois da oração no Getsêmani, o Senhor Jesus
estava pronto para ser preso, julgado, sentenciado e
levado à morte. Tudo e todos tinham sido preparados,
e Ele tinha feito uma oração completa ao Pai, por
meio da qual tinha a confirmação de que era a
vontade de Deus que Ele morresse, a fim de substituir
todas as ofertas. Portanto, depois da oração, Ele
estava pronto para ser preso pelos principais
sacerdotes, anciãos e escribas.

PRESO E JULGADO
Marcos 14:43-52 nos diz como o Senhor Jesus foi
preso. No versículo 49, Ele disse aos que vieram
prendê-Lo: “Todos os dias Eu estava convosco no
templo, ensinando, e não Me prendestes; mas é para
que se cumpram as Escrituras”. Os opositores, que
haviam abandonado e ofendido a Deus, temendo o
povo que calorosamente acolhera o Salvador-Servo
(11:7-11) e O ouvia com prazer (12:37), não ousaram
prendê-Lo à luz do dia ou em público, como no
templo. Em vez disso, prenderam-No sutilmente, na
calada da noite (14:1), como se prendessem um
salteador (14:48).
Marcos 14:53-15:15 descreve como o
Salvador-Servo foi julgado. Primeiro foi julgado pelos
líderes judeus, representando os judeus (14:53-64).
Depois foi julgado pelo governo romano
representando os gentios (15:1-15).
Marcos 14:53 diz: “E levaram Jesus ao sumo
sacerdote, e reuniram-se todos os principais
sacerdotes, os anciãos e os escribas”. O
Salvador-Servo foi preso como salteador (v. 48) e
levado ao matadouro como cordeiro (Is 53:7).
Em 14:55-60 vemos que o Senhor Jesus não
disse nada em resposta aos que davam falso
testemunho contra Ele. “Ele, porém, guardava
silêncio, e nada respondeu. Tornou a interrogá-Lo o
sumo sacerdote, e Lhe disse: És Tu o Cristo, o Filho
do Deus Bendito?” (v. 61). O estonteado sumo
sacerdote da religião tradicional, a qual abandonara a
Deus e fora por Ele abandonada, chamou a Deus de
“Bendito” para mostrar quanto O reverenciava e
honrava. Com respeito à Sua conduta, o
Salvador-Servo não quis responder às falsas
acusações dos que procuravam Nele algum defeito;
entretanto, em relação à Sua Pessoa divina, Sua
deidade, Ele não ficou calado, mas no versículo 62
respondeu categórica e definitivamente, asseverando
Sua deidade em Sua humanidade ao declarar que,
como Filho do Homem, se assentaria à direita de
Deus.
Os versículos 63 e 64 dizem: “E o sumo
sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Que
necessidade ainda temos de testemunhas? Ouvistes a
blasfêmia! Que vos parece? E todos O condenaram
como réu de morte”. Quando o Salvador-Servo
afirmou Sua, deidade, os opositores cegos O
condenaram, considerando-O blasfemo, não
percebendo que eles é que, na verdade, blasfemavam
contra Deus, que era exatamente Aquele a quem
difamavam e escarneciam naquele momento.
O versículo 65 diz: “Alguns começaram a cuspir
Nele, a cobrir-Lhe o rosto, a dar-Lhe murros e a
dizer-Lhe: Profetiza! E os serventuários O tomaram a
bofetadas”. Esse foi o extremo desprezo e rejeição que
os judeus demonstraram para com o Salvador-Servo,
como foi profetizado em Isaías 53:3.

ENTREGUE A PILA TOS


Marcos 15:1 diz: “Logo pela manhã entraram em
conselho os principais sacerdotes com os anciãos,
escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus,
levaram-No e O entregaram a Pilatos”. Sob a
soberania de Deus, o Salvador-Servo foi julgado não
somente pelos líderes judeus (14:53-65), como ovelha
perante os tosquiadores (Is 53:7), mas também pelo
governador romano (15:1-15), como criminoso diante
dos acusadores (14:64), a fim de morrer para servir os
pecadores, dando a vida em resgate (10:45) não
somente pelos judeus, representados pelos líderes
judeus, mas também pelos gentios, representados
pelo governador romano.

SENTENCIADO PARA SER CRUCIFICADO


Marcos 15:15 nos diz que Pilatos, querendo
contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás e entregou
Jesus para ser crucificado. Isso desmascarou por
completo as trevas e a injustiça da política humana.
Foi o cumprimento da profecia de Isaías 53:5 e 8, com
relação ao sofrimento do Salvador-Servo.
A pena de morte dos judeus era por
apedrejamento (Lv 20:2, 27; 24:14; Dt 13:10; 17:5). A
crucificação era uma prática pagã (Ed 6:11), adotada
pelos romanos somente para a execução de escravos e
criminosos atrozes. A crucificação do Senhor Jesus
não foi apenas o cumprimento das profecias do
Antigo Testamento (Dt 21:23; GI3:13; Nm 21:8-9),
mas também da própria palavra do Senhor sobre a
maneira como morreria (10 3:14; 8:28; 12:32). Nada
disso poderia cumprir-se por apedrejamento.
Em 14:43-15:15 temos um relato da experiência
do Senhor Jesus bem como da de Pedro. Essas
experiências aconteciam ao mesmo tempo. Enquanto
o Senhor Jesus era julgado, Pedro também o era. O
fato de o Senhor Jesus ter sido julgado tanto pelos
líderes judeus como pelo governador romano é um
categórico indício de que Ele foi posto à prova pelo
mundo inteiro. Foi julgado pelos judeus de acordo
com a lei deles e pelos gentios de acordo com a lei
romana.
Naturalmente o Senhor não tinha motivo para
ser julgado; Pedro, contudo, foi exposto como quem
estava completamente errado. O relato no Evangelho
de Marcos funde o julgamento do Senhor Jesus pelos
judeus e gentios com a exposição e o julgamento de
Pedro.
Precisamos ver que tanto Pedro como o Senhor
Jesus foram crucificados. Podemos dizer que Pedro
foi ordenado e designado para ser nosso
representante.
Tudo o que aconteceu relacionado com a
crucificação de Jesus foi o cumprimento dos tipos ou
profecias do Antigo Testamento. Já ressaltamos que,
como cumprimento do tipo do cordeiro pascal, o
Senhor foi crucificado no dia da Páscoa. Ele foi preso
à noite. Segundo o calendário judaico, o dia não
começa de manhã, mas à noite. O Senhor Jesus
participou da festa da Páscoa ao entardecer do dia da
Páscoa. Isso quer dizer que Ele a comeu no início do
dia da Páscoa, e daí instituiu Sua ceia e foi ao
Getsêmani para orar.
Tarde da noite, o Senhor foi preso, conduzido ao
pátio do sumo sacerdote e julgado. Então pela manhã
foi levado a Pilatos. Foi bem cedo pela manhã que Ele
foi sentenciado à morte. Imediatamente depois de ter
sido sentenciado, foi levado ao Gólgota e, a partir das
nove horas da manhã, foi crucificado.
Os opositores do Senhor não deram ao povo
nenhuma oportunidade de fazer nada contra eles.
Eles O prenderam secretamente, e Ele cooperou com
eles. Ele foi propositadamente ao Getsêmani, e Judas
sabia que Ele estaria lá. Assim, tarde da noite,
enquanto as pessoas dormiam, Judas liderou uma
multidão para o Getsêmani a fim de prender o
Senhor. De maneira rápida, sem que as pessoas
soubessem de nada, o Senhor foi julgado pelos líderes
judeus;
depois foi julgado por Pilatos e sentenciado à
morte. A fim de satisfazer a multidão, Pilatos
rapidamente tomou a decisão de crucificá-Lo.

O FILHO DO HOMEM
Comentamos que enquanto o Senhor Jesus era
falsamente acusado, Ele permaneceu em silêncio.
Mas quando Lhe perguntaram a respeito da Sua
Pessoa, se era o Cristo, o Filho do Deus Bendito, Ele
respondeu: “Eu sou; e vereis o Filho do Homem
assentado à direita do Poder, e vindo com as nuvens
do céu” (14:62). Embora Lhe tenham perguntado se
Ele era o Filho do Deus Bendito, Ele se referiu a Si
mesmo como o Filho do Homem. Ele é o Filho do
Homem, não apenas na terra antes da crucificação,
mas também nos céus à direita de Deus, após a
ressurreição (At 7:56), e ainda será o Filho do
Homem até mesmo por ocasião de Sua volta sobre as
nuvens. Para realizar o propósito de Deus, o Senhor
tinha de ser um homem. Sem o homem, o propósito
de Deus não pode ser levado a cabo na terra.
Em 14:62 o Senhor Jesus parecia dizer aos
líderes judeus: “Vocês Me perguntam se sou o Cristo,
o Filho do Bendito; Eu digo: Sim, sou. Também sou o
Filho do Homem, e vocês verão o Filho do Homem
sentado à direita do Poder. Vocês falam do Bendito,
mas Eu falo do Poder”.
Tanto “Bendito” no versículo 61, como “Poder”
no versículo 62, referem-se ao Deus Todo-Poderoso.
O fato de o Senhor usar a palavra “Poder”, indica que
os líderes judeus não eram o governo, mas Ele é o
governo. Ele ainda lhes mostrou que voltaria como o
Filho do Homem. Ele também parecia dizer: “Vocês
reverenciam Deus como Bendito, mas Eu lhes digo:
Ele é o Poder para governar todas as coisas. Vocês
verão o Filho do Homem sentado à direita do Poder e
vindo com as nuvens do céu”.
Quando examinava o Senhor Jesus, Pilatos não
se importou se Ele era ou não o Filho de Deus; antes,
interrogou-O: “És Tu o Rei dos judeus?” (15:2). A essa
pergunta o Senhor respondeu: “Tu o dizes”. Isso quer
dizer que Ele admitiu para Pilatos ser o Rei dos
judeus. Portanto Ele era tanto o Filho de Deus como o
Rei dos judeus. Devido a isso, foi sentenciado à
morte. Isso significa que foi crucificado como o Filho
de Deus e como o Rei dos judeus.

PASSAR PELO PROCESSO DE MORTE


No capítulo catorze, enquanto o Senhor Jesus
passava pelo processo de julgamento nas mãos dos
homens, Pedra falhou. Em sua falha ele passou pela
experiência da morte do Senhor. Todos os seguidores
íntimos do Senhor também foram introduzidos em
Sua morte.
Não devemos pensar que o Senhor Jesus tenha
cortado relações com Pedro devido à sua falha. Não, a
falha de Pedra foi sua crucificação, e essa crucificação
foi a entrada na morte do Senhor.
Pedro precisava ser crucificado, a fim de ser
introduzido na morte de Cristo, porque era muito
natural. Como alguém ousado, ele sempre tomava a
liderança. Certamente é necessário que tal pessoa seja
eliminada, e Pedra foi, de fato, eliminado. Embora
não o percebesse naquele momento, ele entrou na
morte do Senhor. Sem dúvida, mais tarde, após a
ressurreição e ascensão do Senhor, Pedra se deu
conta que entrara na crucificação do Senhor.
Por anos eu não entendia porque o registro do
julgamento do Senhor se fundia com o relato da
experiência de Pedro. Eu pensava que era apenas
uma exposição de Pedra, mas agora vejo que Pedra
não apenas estava sendo exposto, mas passava pelo
processo de morte com o Senhor Jesus. Como Pedro é
nosso representante, isso significa que todos
entramos na morte do Senhor e com Ele.
O Senhor Jesus passou pela morte de forma
triunfante, mas Pedro, na forma de fracasso. Essa
falha expôs seu ser natural e fez com que fosse
crucificado.
O Senhor Jesus não foi o único que passou pelo
processo de morte, mas todos nós, representados por
Pedro, passamos por esse processo com Ele. Você não
pensa que é um Pedro? Todos somos Pedros
necessitando ser expostos, julgados e crucificados.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E SETE
A MORTE E A RESSURREIÇÃO DO SALVADOR-SERVO
PARA A CONSUMAÇÃO DA REDENÇÃO DE DEUS (2)

Leitura Bíblica: Mc 15:16-41


Nesta mensagem chegamos a 15:16-41, trecho
que fala da crucificação do Salvador-Servo.
O ESCÁRNIO SOFRIDO PELO
SALVADOR-SERVO Marcos 15:16 diz: “E os soldados
a levaram para dentro do pátio, que é o pretório, e
convocaram toda a coorte”. a pretório era a residência
oficial do governador.
O versículo 17 diz: “Vestiram-No de púrpura e,
tecendo uma coroa espinhosa, puseram-Lha na
cabeça”. Espinhos são símbolo de maldição (Gn
3:17-18). O Senhor Jesus se tomou maldição por nós
na cruz (Gl 3:13). Em 15:17 uma coroa espinhosa, que
representa realeza, foi usada como escárnio do
Salvador-Servo (v. 20).
Nos versículos 18 e 19 os soldados continuaram o
escárnio do Senhor Jesus: “E começaram a saudá-Lo:
Salve, Rei dos judeus! Batiam-Lhe na cabeça com um
caniço, cuspiam Nele e, pondo-se de joelhos, O
adoravam”. Depois de a terem escarnecido,
“despiram-Lhe a púrpura, vestiram-Lhe as Suas
vestes e O levaram para fora a fim de crucificá-Lo” (v.
20). O Senhor aqui, como Cordeiro pascal que seria
sacrificado por nossos pecados, foi levado como
cordeiro ao matadouro, cumprindo Isaías 53:7-8.

CRUCIFICADO NO GÓLGOTA
O versículo 21 diz: “E obrigaram a certo Simão,
cireneu, que passava, vindo do campo, pai de
Alexandre e de Rufo, a carregar-Lhe a cruz”. Cirene
era uma cidade colonial grega, capital da Cirenaica,
no norte da África. Parece que Simão era um judeu
cireneu.
De acordo com 15:22, “levaram-No ao lugar
chamado Gólgota, que, traduzido, significa: Lugar da
Caveira”. Gólgota é uma palavra hebraica (Jo 19:17)
que significa caveira. Seu equivalente em latim é
Calvaria, donde vem a palavra Calvário [em
português] (Lc 23:33 — VRA). Não significa lugar de
caveiras, mas simplesmente caveira.
O versículo 23 diz: “Davam-Lhe vinho misturado
com mirra; mas Ele não o tomou”. Esse vinho
misturado com mirra (e também com fel-Mt 27:34)
era usado como bebida de efeito estupefaciente. Mas
o Senhor não queria ficar estupefeito; Ele queria
beber o cálice amargo até o fim.
O versículo 24 diz: “Então O crucificaram, e
repartiram entre si as Suas vestes, lançando a sorte
sobre elas, para ver o que levaria cada um”. O Senhor
foi roubado ao extremo pelos pecadores, cumprindo o
Salmo 22:18. Isso também desmascarou as trevas da
política romana.
Marcos 15:25 diz: “Era a hora terceira, e O
crucificaram”. A hora terceira equivale às nove horas
da manhã.

MALTRATADO PELO HOMEM E JULGADO


POR DEUS
Marcos 15:29-31 nos diz que os que passavam
por ali “blasfemavam Dele, meneando a cabeça e
dizendo: Ah! Tu que destróis o templo e em três dias
o reedificas, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz! De
igual modo, também os principais sacerdotes com os
escribas, escarnecendo entre si, diziam: Salvou a
outros, a Si mesmo não pode salvar-Se”. Os que
blasfemaram do Senhor Jesus mudaram a Sua
palavra: “Destruí [vós] este templo” (102:19). Eles
também disseram que Ele salvou outros, mas não
podia salvar a Si mesmo. Se Ele tivesse salvado a Si
mesmo, não nos poderia salvar.
De acordo 15:33: “Chegada a hora sexta, houve
trevas sobre toda a terra, até a hora nona”. A hora
sexta correspondia ao meio-dia e a hora nona, às três
da tarde. O Senhor padeceu na cruz desde a hora
terceira, das nove da manhã, até a hora nona, às três
da tarde. Ele sofreu na cruz por seis horas. Nas
primeiras três horas sofreu a perseguição dos homens
por fazer a vontade de Deus; nas últimas três horas,
foi julgado por Deus para consumar nossa redenção.
Foi nessa hora que Deus O considerou como nosso
Substituto, que sofreu por nosso pecado (Is 53:10).
Houve trevas sobre toda a terra, pois nosso pecado e
pecados e todas as coisas negativas eram julgados ali;
e por causa de nosso pecado Deus O desamparou (v.
34).
Em 15:16-32 vemos como o Salvador-Servo foi
maltratado pelo homem. Ele foi escarnecido, batido,
blasfemado e crucificado. Todas essas foram ações de
Seus perseguidores.
O versículo 33 diz que na hora sexta houve trevas
sobre toda a terra. Exatamente ao meio-dia houve
trevas sobre toda a terra e permaneceram até a hora
nona, às três da tarde. Essas trevas foram causadas
por Deus e eram indício de que Ele viera julgar o que
estava pendurado na cruz.
Vimos que o Salvador-Servo permaneceu na cruz
por seis horas, das nove às quinze horas. As primeiras
três horas foram o período da perseguição do homem.
Podemos dizer que nessas horas o Senhor Jesus era
mártir. Então, ao meiodia, quando houve trevas sobre
toda a terra, Deus interferiu. Essas trevas eram sinal
do juízo de Deus sobre o pecado. Enquanto nas
primeiras três horas de crucificação o homem
perseguiu o Salvador-Servo, Deus entrou nas
segundas três horas a fim de julgar Cristo como nosso
Substituto. Foi nessas três horas que Deus pôs sobre
Ele todos os nossos pecados e O considerou pecador
como nosso Substituto. Portanto, nas primeiras três
horas de crucificação, o Senhor Jesus foi mártir, mas,
nas segundas três horas, Ele era o Redentor. Como
mártir Ele sofreu perseguição sob a mão do homem e
como nosso Redentor sofreu juízo por nós sob a mão
de Deus. As trevas eram símbolo de que Deus
interferiu para julgar Cristo como nosso Substituto
por nossos pecados.
Marcos 15:34 diz: “À hora nona clamou Jesus em
alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido,
significa: Deus Meu, Deus Meu, por que Me
desamparaste?”. Cristo foi desamparado por Deus na
cruz porque tomou o lugar dos pecadores (1Pe 3:18),
carregando nossos pecados (1Pe 2:24; Is 53:6) e
sendo feito pecado por nós (2Co 5:21).
Consideraremos esse versículo com mais detalhes na
próxima mensagem.
Os versículos 35 e 36 continuam: “E alguns dos
que estavam presentes, ouvindo isso, diziam: Eis que
chama por Elias. E um deles correu e embebeu uma
esponja em vinagre e, colocando-a num caniço,
dava-Lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias
vem tirá-Lo”. Esse vinagre foi oferecido ao Senhor
para matar Sua sede (Jo 19:28-30), mas foi oferecido
de forma escarnecedora (Lc 23:36).
O vinho misturado com fel e mirra, em Mateus
27:34 e Marcos 15:23, foi oferecido ao Senhor antes
de Sua crucificação como bebida estupefaciente, que
Ele não quis beber. Mas o vinagre em Marcos 15:36
foi-Lhe oferecido no fim da crucificação com
escárnio.
O versículo 37 diz: “E Jesus, dando um grande
brado, expirou”. Isso quer dizer que o Senhor deixou
de respirar. Mateus 27:50 nos diz que nesse momento
o Senhor clamou em alta voz e “entregou o espírito”.
Isso quer dizer que o Senhor rendeu Seu espírito (Jo
19:30 — VRA), indicando que o Senhor
voluntariamente entregou a vida.

O VÉU DO TEMPLO RASGOU-SE EM DUAS


PARTES
Depois que o Senhor Jesus expirou: “O véu do
templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo”
(15:38). Isso significa que a separação entre Deus e o
homem foi abolida, porque a carne do pecado
(representada pelo véu) assumida por Cristo (Rm
8:3) foi crucificada (Hb 10:20). O fato de o véu se
rasgar de alto a baixo indica que foi obra de Deus
desde as alturas.
O templo tinha vinte côvados 2 de altura, teria
sido impossível ao homem rasgar o véu de alto a
baixo, foi Deus que rasgou aquele véu.
O véu no templo era sinal da carne da qual Cristo
se tinha revestido. O rasgar do véu indica que a
2
'Cerca de 9 m. (N. do T.)
humanidade tomada por Cristo fora crucificada. Se
estudarmos a Bíblia cuidadosamente, perceberemos
que no véu havia querubins bordados, que são
símbolo das criaturas de Deus (Ez 1:4-14; Ap 4:6-9).
Portanto os querubins sobre o véu indicam que as
criaturas estavam relacionadas com a humanidade de
Jesus. Quando o Senhor se revestiu da humanidade,
Ele vestiu uma humanidade que continha as
criaturas. Isso nos dá base para afirmar que, quando
crucificou Sua humanidade, Cristo pôs fim às
criaturas.

AS PESSOAS PRESENTES À CRUCIFICAÇÃO


DO SENHOR
Marcos 15:39 diz: “O centurião que estava em
frente Dele, vendo que assim expirara, disse:
Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. O
centurião percebeu que esse homem não era comum,
mas realmente era o Filho de Deus.
Marcos 15:40-41 nos fala a respeito das mulheres
que estavam presentes: “Estavam também ali
algumas mulheres, observando de longe, entre elas
Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de
José, e Salomé, as quais, quando Jesus estava na
Galiléia, O seguiam e O serviam; e muitas outras que
haviam subido com Ele para Jerusalém”. Maria
Madalena era aquela da qual haviam sido expulsos
sete demônios. Maria, mãe de Tiago, o menor, era a
mãe do Salvador-Servo (Mt 13:55). A palavra menor
aqui pode significar tanto pequeno em estatura como
jovem em idade. Tiago, o menor, foi aquele que
escreveu a Epístola de Tiago. Salomé era a esposa de
Zebedeu e mãe de Tiago e João (Mt 27:56).
No relato de Marcos sobre a crucificação não há
menção de que algum irmão estivesse presente. Ele só
fala a respeito das irmãs. Podemos dizer que essas
irmãs são as nossas representantes. Quando Cristo foi
crucificado, um grupo de irmãs estava ali.

SEPULTADO COM HONRA PARA


DESFRUTAR SEU SÁBADO
Marcos 15:42-47 fala do sepultamento do
Salvador-Servo. Em 15:42-43 diz: “E, já ao cair da
tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do
sábado, vindo José, o ilustre membro do Conselho, de
Arimatéia, que também esperava o reino de Deus,
tomando coragem, entrou à presença de Pilatos e
pediu o corpo de Jesus”. Depois que o Senhor
realizou Sua morte redentora, a situação de
sofrimento logo se transformou em situação de
honra. José de Arimatéia, um homem rico (Mt 27:57),
e Nicodemos, chefe dos judeus (1019:39; 3:1), se
encarregaram de Seu sepultamento, atando Seu
corpo em panos de linho com mirra e aloés,
sepultando-o num túmulo novo. E, com honra
humana de alto padrão, o Senhor descansou no dia do
sábado (Lc 23:55-56), esperando pela hora de
ressuscitar dos mortos.
Em 15:43 José é chamado de o ilustre membro
do Conselho, de Arimatéia. O artigo definido aqui
denota alguém bem conhecido. Tendo comprado um
pano de linho fino, José baixou-O da cruz,
envolveu-O no pano e O depositou num túmulo que
tinha sido talhado em rocha; e rolou uma pedra
contra a entrada do túmulo (v. 46). Isso visava ao
cumprimento de Isaías 53:9.
Lendo 15:42-46, vemos que o Senhor Jesus
recebeu um excelente sepultamento. Ele foi sepultado
com vestes novas de linho e foi posto para descansar
num túmulo novo. Ele foi posto em tal túmulo a fim
de desfrutar Seu sábado.
Como já falamos, o Senhor criou a velha criação
em seis dias e então descansou no sétimo. No Novo
Testamento o Senhor realizou Sua plena redenção,
Sua obra redentora, em seis dias e Ele descansou no
sétimo dia, o sábado.
Marcos 15:47 diz: “Maria Madalena e Maria, mãe
de José, observavam onde Ele foi posto”. Isso indica
que tanto Maria Madalena como Maria, mãe do
Senhor Jesus, viram onde Ele foi posto.
Embora o Senhor pudesse descansar no sábado,
tendo realizado a obra da redenção, os discípulos não
conseguiram descansar. Também não creio que as
duas Marias conseguiram descansar. Duvido que eles
tivessem tido um bom descanso até que passassem
pelo dia da ressurreição e chegassem ao dia de
Pentecostes. No dia da ressurreição e no dia de
Pentecostes receberam o Espírito todo-inclusivo, que
aplicou ao viver deles a morte e ressurreição de
Cristo. Então foram capazes de perceber o significado
da morte, sepultamento e ressurreição do Senhor.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E OITO
A MORTE E A RESSURREIÇÃO DO SALVADOR-SERVO
PARA A CONSUMAÇÃO DA REDENÇÃO DE DEUS (3)

Leitura Bíblica: Mc 15:16-41


Vimos que o Senhor Jesus esteve na cruz por seis
horas, das nove da manhã às três da tarde. Nas
primeiras três horas, Ele foi perseguido pelo homem.
Mas nas últimas três horas foi julgado por Deus como
Substituto pelos nossos pecados. Marcos 15:33 indica
que na sexta hora, ao meio-dia: “Houve trevas sobre
toda a terra, até a hora nona. À hora nona clamou
Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que,
traduzido, significa: Deus Meu, Deus Meu, por que
Me desamparaste?” (v. 34). Nesta mensagem
precisamos prestar especial atenção a esse versículo.

DEUS DESAMPARA O CRISTO


CRUCIFICADO
Ao considerar o clamor do Senhor no versículo
34, precisamos fazer uma pergunta importante: Deus
abandonou Cristo? O Senhor disse que Deus O
desamparou, e desamparar significa abandonar.
Assim, de alguma forma, Deus O deixou.
O Senhor Jesus disse em João 5:43 que veio em
nome do Pai: “Eu vim no nome de Meu Pai”. Além
disso, o Pai sempre estava com Ele: “E Aquele que Me
enviou está Comigo” (Jo 8:29). Pouco antes de
morrer, o Senhor novamente disse: “Não estou só,
porque o Pai está Comigo” (Jo 16:32). O Pai não
estava apenas com Ele, mas também Nele, e Ele, no
Pai: “Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em
Mim? [...] Crede-Me que Eu estou no Pai, e o Pai em
Mim” (Jo 14:lOa, lla). Quanto a Seu relacionamento
com o Pai, Ele também disse: “Eu e o Pai somos um”
(Jo 10:30). Ele e o Pai sempre foram um. Além disso,
sempre que alguém O via, via o Pai. Por isso Ele podia
dizer: “Quem Me vê a Mim, vê o Pai” (Jo 14:9).
Desses versículos vemos que o Senhor veio no
nome do Pai, o Pai estava com Ele, Ele estava no Pai e
o Pai, Nele; Ele e o Pai são um e, quando alguém O
via, via o Pai. Esses versículos provam que o Senhor
nunca estava separado de Deus Pai. Contudo, à hora
nona, Ele clamou: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me
desamparaste?”. Sem dúvida isso indica que Deus O
deixou. Mas em que sentido Deus O deixou? Como
podemos entender essa pergunta, visto que envolve
uma questão maior relacionada com a Trindade?
Será que o fato de Deus desamparar Cristo
significa que Aquele que ficou na cruz era meramente
homem e não tinha mais a natureza divina? Se isso
fosse verdade, então o poder da redenção do Senhor
não seria eterno, pois não haveria o elemento divino e
eterno nela. Portanto devemos ser muito cuidadosos
ao responder o que significa Deus desamparar o
Cristo crucificado.
É muito difícil explicar o fato de Deus
desamparar o Senhor Jesus. Se quisermos entender
isso adequadamente, precisamos de uma
consideração cabal do que as Escrituras revelam a
respeito da Trindade.

CONCEBIDO DO ESPÍRITO SANTO


Quando foi concebido, o Senhor Jesus foi
concebido do Espírito Santo numa virgem (Mt 1:20).
Sua concepção foi divina, pois foi do Espírito Santo,
isto é, de Deus. Foi uma concepção de Deus no
homem, que envolveu a divindade e a humanidade.
Diferentemente do Senhor Jesus, todos fomos
concebidos de pai e mãe. O que estava envolvido em
nossa concepção foi mera e unicamente humanidade.
Mas a do Senhor foi a concepção de Deus numa
virgem humana, o que envolveu tanto a divindade
como a humanidade. Assim Ele nasceu como um
homem de duas naturezas: a humana e a divina. Isso
nos dá base para dizer que Ele era um Homem-Deus.
Era nascido de Deus no homem. De Deus Ele recebeu
o elemento divino, e de Maria, o elemento humano.
Esses dois elementos (divindade e humanidade)
constituem Jesus um Homem-Deus.
Aos trinta anos, Jesus foi batizado.
Imediatamente após sair da água, uma voz do céu
disse: “Este é o Meu Filho amado, em quem me
comprazo” (Mt 3:17). Ao mesmo tempo, o Espírito de
Deus desceu sobre Ele como pomba e veio sobre Ele
(Mt 3:16). O Senhor não nasceu do Espírito? O
Espírito não era uma das essências de Seu ser? Será
que antes de ser batizado Ele já não tinha o Espírito
Santo em Seu interior? A resposta a todas essas
perguntas é sim. O Senhor havia nascido do Espírito,
o Espírito era uma das essências do Seu ser e Ele
verdadeiramente tinha o Espírito Santo em Seu
interior. Por ter sido concebido do Espírito Santo
numa virgem, Seu ser era constituído de duas
essências, divindade e humanidade. Por que, então,
uma vez que Ele tinha o Espírito Santo no interior, foi
necessário que o Espírito Santo descesse sobre Ele?
Essa pergunta é crucial.
O ESPÍRITO DESCEU SOBRE O SENHOR
JESUS
Vemos no capítulo três de Mateus que o Espírito
Santo desceu sobre o Senhor Jesus como uma
unidade clara e distinta. Contudo não se pode negar
de forma razoável que Ele já não tivesse o Espírito
Santo no interior. Mateus 1:20 diz que: “O que nela
[Maria] foi gerado é do Espírito Santo”. O Espírito
Santo não apenas estava no Senhor Jesus, mas era
uma das essências de Seu ser. Portanto precisamos
descobrir a maneira de conciliar dois fatos
importantes: primeiro, que o Senhor Jesus tinha o
Espírito Santo no interior como uma de Suas
essências; segundo, que o Espírito Santo desceu sobre
Ele depois que Ele foi batizado. Uma vez que já era
parte de Seu ser, por que o Espírito de Deus desceu
sobre Ele? Através da história do cristianismo, tem
havido uma carência de entendimento adequado
sobre a Trindade. Na galeria de arte do Vaticano, há
um quadro que supostamente retrata a Trindade.
Nessa pintura um velho com barba representa Deus
Pai, um jovem representa o Filho e uma pomba
voando no ar representa o Espírito Santo. Talvez esse
quadro se baseie no conceito de Trindade do Credo de
Nicéia 3 . Esse entendimento está parcialmente
correto, pois até certo ponto, pode ter-se baseado em
Mateus 3. Nesse capítulo temos o Filho em pé, o Pai
falando dos céus e o Espírito Santo descendo como
pomba. Esses três (Filho, Pai, e Espírito)
apresentados em Mateus 3, não apenas são distintos,

3
Credo: Oração cristã iniciada, em latim, pela palavra credo (creio), e que encerra os artigos
fundamentais da fé católica (Dic. Aurélio). O Credo de Nicéia foi promulgado pelo concílio convocado
pelo imperador Constantino em 325 d.C. , na cidade de Nicéia, na Bitínia. (N. do T.)
como também parecem estar a certa distância um do
outro.
Ao considerar a Trindade retratada em Mateus 3,
precisamos perceber o que é dito a respeito do
Espírito Santo e do Senhor Jesus em Mateus 1.
Ressaltamos que Mateus 1:20 nos diz que Jesus foi
concebido do Espírito Santo. Assim Mateus 1
equilibra Mateus 3. Se tivéssemos apenas a revelação
da Trindade em Mateus 3, poderíamos pensar em
triteísmo, isto é, três Deuses: um nos céus, um na
terra e um no ar. Contudo o capítulo três de Mateus
procede do capítulo um. Em Mateus 1 a ênfase não
está no três, e sim no um. Portanto, quando
colocamos juntos os capítulos um e três de Mateus,
vemos que Deus é triúno, três-um.
Na realidade, não nos é possível conciliar
plenamente os dois aspectos da Trindade, o aspecto
de um em Mateus 1 e o aspecto de três em Mateus 3.
A razão de não poder conciliá-los é que a Trindade é
um mistério. Se pudéssemos entender plenamente o
Deus Triúno, Ele não seria mais um mistério. Além
disso, nas palavras de Martinho Lutero, se
pudéssemos entender plenamente o Deus Triúno,
isso significaria que somos os mestres de Deus.
Hoje alguns nos acusam falsamente de ensinar
heresia a respeito da Trindade. Se alguém o acusar
dessa maneira, você poderá perguntar-lhe como ele
concilia a revelação a respeito do Deus Triúno nos
capítulos um e três de Mateus.
O ponto crucial que devemos ver em Mateus 1 e 3
é que, quando o Espírito Santo desceu como pomba
sobre o Senhor Jesus, Ele já era humano e divino. Ele
tinha a natureza divina e a humana, pois o Espírito
Santo era uma das essências do Seu ser.
CRISTO A SI MESMO SE OFERECEU PELO
ESPÍRITO SANTO
O livro de Hebreus revela que, quando morreu, o
Senhor Jesus a Si mesmo Se ofereceu como oferta
todo-inclusiva para substituir todas as ofertas do
Antigo Testamento. De acordo com Hebreus 9:14,
Cristo, “pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu
sem mácula a Deus”. Embora seja tanto humano
como divino, Cristo a Si mesmo Se ofereceu a Deus
como a oferta todo-inclusiva, não apenas por Si
mesmo, Aquele que é divino-humano, mas também
pelo Espírito eterno.
O fato de o Senhor Se oferecer a Deus pelo
Espírito eterno pode ser comparado com Seu
ministrar na terra pelo Espírito. Antes de o Espírito
descer sobre Ele, Ele já era divino e humano; apesar
disso, quando estava para iniciar Seu ministério, foi
ungido por Deus com o Espírito. Isso foi o Espírito
que desceu sobre Ele, mas antes disso, em Seu
interior, Ele já tinha a essência da divindade de Deus.
Contudo, para o ministério, Ele foi ungido com o
Espírito Santo. Nos três anos e meio de Seu
ministério, Ele não agiu meramente por Si mesmo,
como Aquele que é tanto humano como divino, mas
também pelo Espírito que unge. Ele se movia e
ministrava por esse Espírito. Em especial, quando Se
oferecia a Deus na cruz como a oferta todo-inclusiva,
Ele o fez pelo Espírito eterno.

O ESPÍRITO QUE UNGE ABANDONA O


SENHOR JESUS
O Senhor Jesus clamou “Deus Meu, Deus Meu,
por que Me desamparaste?”, no momento em que
carregava nossos pecados (1Pe 2:24), tendo sido feito
pecado por nós (2Co 5:21) e tomando o lugar dos
pecadores (1Pe 3:18). Isso quer dizer que Deus O
julgou como nosso Substituto por nossos pecados.
Aos olhos de Deus, Cristo se tornou um grande
pecador. Com respeito a isso, 2 Coríntios 5:21 diz:
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado
por nós”. Quando é que Deus fez Cristo pecado por
nós? Será que foi em todo o período de trinta e três
anos e meio de Sua vida na terra? Não. Se Ele tivesse
sido feito pecado durante toda a vida, então Deus não
poderia estar com Ele e não poderia ter tido deleite
Nele. Creio que Deus O fez pecado durante as três
últimas horas em que esteve na cruz, das doze até às
quinze horas, quando houve trevas sobre toda a terra.
Deus não apenas O fez nosso Substituto; mas até
mesmo O fez pecado por nós. Como Cristo era nosso
Substituto e foi feito pecado aos olhos de Deus, Deus
O julgou. Creio que foi nesse momento, em torno da
hora nona, que o Espírito que unge O deixou.
Já falamos enfaticamente que antes de o Espírito
Santo, o Espírito que unge, descer sobre o Senhor
Jesus, Ele já tinha a essência divina no interior, como
uma das duas essências de Seu ser. Agora precisamos
ver que a essência divina nunca O deixou. Mesmo
quando estava na cruz clamando: “Deus Meu, Deus
Meu, por que Me desamparaste?”, Ele ainda tinha a
essência divina. Então quem O deixou? O Espírito
que unge, pelo qual Ele Se ofereceu a Deus. Depois
que Deus aceitou Cristo como a oferta todo-inclusiva,
o Espírito que unge O deixou, contudo Ele ainda
tinha a essência divina.

A EFICÁCIA ETERNA DA MORTE DO


SENHOR
A morte do Senhor Jesus não foi a mera morte de
um homem; foi a morte de um Homem-Deus. Por
isso Sua morte tem eficácia eterna, tem poder eterno
para nossa redenção. De outra forma, não seria
possível um homem morrer por tantas pessoas. Um
indivíduo é limitado, porque o ser humano não é
eterno. Se o Senhor tivesse morrido apenas como
homem, Sua morte estaria limitada em eficácia. Ele
poderia ter sido Substituto de uma pessoa, mas não
de milhões. Contudo a morte do Senhor foi a morte
do Homem-Deus e, portanto, foi eterna, realizando
eterna redenção, com poder e eficácia eternos.
Antes de o Espírito Santo descer sobre Ele, o
Senhor já tinha a essência divina. Quando foi
batizado, foi batizado como Homem-Deus. Depois do
batismo, o Espírito Santo desceu sobre Ele como o
Homem-Deus a fim de ungi-Lo para o ministério. Por
três anos e meio Ele ministrou por esse Espírito.
Então, na cruz, Ele Se ofereceu como o Homem-Deus
para ser o sacrifício todo-inclusivo pelo Espírito
eterno. Deus O considerou pecador, para ser nosso
Substituto, até mesmo fazendo-O pecado por nós, e
aceitou Sua oferta. Depois disso, Deus, como Espírito
Santo que viera sobre Ele, O desamparou. Contudo o
Senhor ainda era um Homem-Deus e morreu como
tal. Isso quer dizer que, apesar de Deus, como
Espírito, tê-Lo abandonado, o Senhor não morreu
meramente como homem, mas como Homem-Deus.
Assim sendo, em Sua morte há um elemento divino e
eterno. Sua morte realizou eterna redenção com
poder e eficácia eternos.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM QUARENTA E NOVE
A MORTE E A RESSURREIÇÃO DO SALVADOR-SERVO
PARA A CONSUMAÇÃO DA REDENÇÃO DE DEUS (4)

Leitura Bíblica: Mc 15:16-41


Nesta mensagem consideraremos o que foi
alcançado mediante a morte redentora de Cristo.
Contudo, antes de entrar nessa questão, ainda
gostaria de falar algo com respeito à Trindade.

O DEUS TRÊS-UM
No capítulo três de Mateus, vemos os três da
Trindade como unidades distintas: o Pai nos céus, o
Filho na terra e o Espírito descendo do ar como
pomba. Mas no capítulo um de Mateus há indicação
definitiva de que os Três são um.
De acordo com Mateus 1, Cristo foi concebido do
Espírito Santo. Isso corresponde a João 1:14, que nos
diz que o Verbo tornou-se carne. Segundo o
Evangelho de João, o Verbo é o Filho de Deus.
Quando o Senhor Jesus foi concebido do Espírito no
ventre de Maria, essa foi a encarnação do Filho de
Deus, o Verbo que se fez carne. Portanto 1 Timóteo
3:16 fala da grandeza do mistério da piedade, que é
Deus manifestado na carne.
Mateus 1:18 e 20, João 1:14 e 1 Timóteo 3:16
todos se referem à mesma questão. A concepção do
Senhor Jesus do Espírito Santo é a encarnação do
Filho de Deus, e a encarnação do Filho de Deus é
Deus manifestado na carne. Quando juntamos esses
versículos, temos o Espírito Santo para a concepção
de Jesus, o Filho para a encarnação e Deus para a
manifestação. Isso mostra que o Espírito, o Filho de
Deus e o próprio Deus são um.
Por um lado os Três da Trindade são três; por
outro, são um. E por isso que dizemos que Deus é
triúno, como três-um. O nosso Deus é o Deus Triúno,
o Deus três-um.
Visto que foi concebido do Espírito Santo, Cristo
é um Homem-Deus. Nele temos o mesclar da
divindade com a humanidade. Portanto, quando foi
batizado, Ele o foi como Homem-Deus. No mesmo
princípio, quando morreu na cruz, foi como
Homem-Deus.

O SANGUE DE JESUS, O FILHO DE DEUS


Primeira João 1:7 diz que o sangue de Jesus, o
Filho de Deus, nos purifica de todo pecado. O nome
Jesus denota a humanidade do Senhor, necessária
para o derramamento do sangue redentor, e o título
Seu Filho denota Sua divindade necessária para a
eficácia eterna do sangue redentor. Assim a frase: o
sangue de Jesus, o Filho de Deus, indica que esse é o
sangue adequado de um homem autêntico para
redimir as criaturas caídas de Deus, com garantia
divina quanto à sua eficácia eterna, uma eficácia
todo-prevalecente no espaço e eterna no tempo.
Os pecados do homem necessitam de sangue
humano para purificação. O sangue de Jesus é o
sangue de um homem autêntico. Contudo o próprio
Jesus que derramou o sangue para nossa redenção é o
Filho de Deus. Ele tem tanto humanidade como
divindade. Sua humanidade O qualificou para morrer
por nós. Por ser homem, Ele tinha sangue para
derramar para purificação de nossos pecados.
Contudo Ele é também o Filho de Deus. Sua
divindade garante a eficácia eterna de Seu sangue
redentor. Assim Sua humanidade O qualifica a ser
nosso Redentor e Substituto; Sua divindade confere
poder eterno a essa qualificação. Se Cristo não fosse
homem, não estaria qualificado para ser nosso
Substituto. Louvado seja o Senhor, porque Ele estava
qualificado por Sua humanidade para ser nosso
Substituto, e Seu autêntico sangue humano tem a
qualificação para purificar nossos pecados! Essa
qualificação necessita de algo para garantir sua
eficácia: a divindade do Senhor. Sua divindade
garante a eficácia eterna de Sua qualificação.
Primeira João 1:7 mostra que Aquele que morreu
na cruz e derramou o sangue era o homem Jesus, e é
o Filho de Deus, o Ser divino. Aquele que possui tanto
a natureza humana como a divina morreu na cruz
como Homem-Deus. Como tal, Ele foi crucificado
como nosso Redentor.
Isso que o Senhor nos mostrou na Palavra a
respeito dessas questões é diferente dos
ensinamentos tradicionais. Por isso, há algum
conflito entre o nosso ensinamento e o tradicional. A
esse respeito, você precisa exercitar o discernimento,
a fim de ver quais ensinamentos são baseados na
palavra pura de Deus e quais são baseados na
doutrina tradicional, transmitida de geração a
geração.

AS REALIZAÇÕES DA MORTE DE CRISTO O


Problema dos Pecados
Vamos agora considerar as realizações da morte
de Cristo. Primeiro, ela resolveu o problema de
nossos pecados, o problema de nossas ofensas,
delitos, transgressões e obras pecaminosas. Ela
resolveu o problema de nossos pecados, e o resolveu
eternamente. Com respeito a isso, Paulo diz em 1
Coríntios 15:3: “Antes de tudo, vos entreguei o que
também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras”. Ademais, 1 Pedro
2:24 diz que Cristo carregou “ele mesmo em seu
corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados”.

O Problema do Pecado
Segundo, a morte de Cristo, uma morte
todo-inclusiva, lidou com o pecado. Embora seja fácil
explicar o que são pecados, é difícil definir o pecado.
Os pecados se referem a atos, ofensas, transgressões.
Mas que é o pecado? Romanos 8:3 diz que Deus
enviou Seu próprio Filho em semelhança de carne
pecaminosa e no tocante ao pecado; e condenou na
carne o pecado. Para condenar o pecado, Cristo veio
em semelhança da carne pecaminosa. João 1:29 diz:
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!”.
De acordo com a Bíblia e também com nossa
experiência, vimos que o pecado é na realidade a
natureza pecaminosa de Satanás. Satanás é a fonte do
pecado. O pecado é invenção dele, e ele mesmo é o
elemento do pecado. Na verdade, aos olhos de Deus, o
pecado é Satanás.
De acordo com Romanos, o pecado é algo vivo,
algo que pode levar-nos a fazer o que não queremos,
que pode habitar em nós, enganar-nos e até mesmo
nos matar (Rm 6:14; 7:8, 11, 17). Que é isso que vive
em nós e faz todas essas coisas? É Satanás.
Quando o homem caiu, a natureza pecaminosa
de Satanás foi injetada na humanidade. Isso quer
dizer que, quando comeu do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, o homem ingeriu
essa natureza pecaminosa.
No universo há algo que as Escrituras chamam
de pecado: não é meramente objetivo, fora de nós;
mas também é subjetivo, em nosso interior, na carne.
Portanto exteriormente temos pecados, ofensas,
delitos e transgressões. Interiormente temos o
problema básico do pecado. Louvado seja o Senhor,
porque a morte todo-inclusiva de Cristo não apenas
resolveu o problema de nossos pecados, mas também
julgou e condenou o pecado!
Romanos 8:3 revela que, quando Cristo morria
na cruz, o pecado na carne foi condenado. Podemos
usar a condenação de um prédio inseguro como
ilustração. Quando um edifício está em situação
lastimável, precisa ser demolido e o governo pode
condenar esse prédio. De forma semelhante, o pecado
na carne foi condenado mediante a morte
todo-inclusiva de Cristo. Por Sua morte eterna, a
morte de um Homem-Deus, o pecado foi condenado.

Nosso Velho Homem


A terceira coisa com a qual a morte de Cristo
lidou é nosso velho homem. Romanos 6:6 diz: “Foi
crucificado com ele o nosso velho homem”.
Semelhante mente, Gálatas 2:19b diz: “Estou
crucificado com Cristo”. Por ser todo-inclusiva, a
maravilhosa morte do Homem-Deus nos incluiu.
Fomos colocados em Cristo por Deus, e estávamos
Nele quando foi crucificado, portanto estamos
incluídos em Sua morte todo-inclusiva e eterna.

A Velha Criação
Como nosso velho homem foi crucificado com
Cristo, toda a velha criação também o foi. Como seres
humanos, somos os líderes da velha criação e a
representamos. Quando o homem, representante da
velha criação, foi crucificado, toda a velha criação o
foi.

Satanás
Além disso, a morte eterna de Cristo destruiu
Satanás. A esse respeito, Hebreus 2:14 diz: “Visto,
pois, que os filhos têm participação comum de carne e
sangue, destes também ele, igualmente, participou,
para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o
poder da morte, a saber, o diabo”. Isso indica que, em
Sua humanidade e por Sua morte na carne, Cristo
destruiu Satanás, aquele que tem o poder da morte.
Isso significa que Satanás foi crucificado. Pela morte
de Cristo, Satanás foi crucificado; isto é um fato que
independe se o entendemos ou não.

O Sistema do Mundo
A Bíblia revela que Satanás formou um sistema
satânico, chamado de o mundo. Por meio do mundo,
o cosmos satânico, ele sistematizou a humanidade
caída sob sua mão usurpadora. Mas esse sistema
mundano maligno foi julgado.
Como o sistema do mundo está ligado a Satanás,
quando ele, o governante do mundo, foi julgado, o
mundo também foi julgado. A esse respeito o Senhor
Jesus disse: “Agora é o juízo deste mundo; agora o
príncipe deste mundo será expulso” (Jo 12:31). O
príncipe deste mundo foi expulso quando Satanás foi
destruído na cruz. Simultaneamente, o sistema do
mundo, relacionado com Satanás, foi julgado.
Esse juízo pode ser comparado com a
crucificação da velha criação quando nosso velho
homem foi crucificado. Quando o velho homem foi
crucificado, toda a velha criação foi crucificada. Da
mesma forma, quando Satanás foi destruído por meio
da morte de Cristo, o mundo foi julgado.

As Ordenanças
Outra questão com a qual a morte todo-inclusiva
de Cristo lidou está mencionada em Efésios 2:15:
“Aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na
forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si
mesmo, um novo homem, fazendo a paz”. Aqui vemos
que quando Cristo foi crucificado, Sua morte eterna
aboliu e anulou as diversas ordenanças da vida
humana e religião. Além disso, as diferenças entre
raças e classes sociais foram abolidas pela morte
eterna de Cristo.

O Liberar da Vida Divina


Além de lidar com tantas coisas negativas, a
morte de Cristo também tem um aspecto positivo. Em
João 12:24 o Senhor Jesus fala a esse respeito: “Em
verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo não
cair na terra e morrer, fica ele só; mas se morrer,
produz muito fruto”. Isso se refere à morte de Cristo.
Sua morte todo-inclusiva liberou a vida divina que
estava em Seu interior e essa vida produziu muitos
grãos.
Do lado negativo, a morte todo-inclusiva de
Cristo resolveu os problemas dos pecados, do pecado,
do velho homem, da velha criação, de Satanás, do
mundo e das ordenanças. Do lado positivo, Sua morte
eterna liberou a vida divina de Seu interior.

O DETERMINADO CONSELHO DE DEUS


Se virmos o significado da morte todo-inclusiva
de Cristo, veremos que foi um evento maior do que o
da criação do universo. A respeito dela, o Deus Triúno
determinou em Seu plano divino na eternidade
passada, que o Filho, o segundo da Trindade divina,
deveria encarnar-se e morrer na cruz para consumar
eterna redenção a fim de cumprir o propósito eterno
de Deus. Nas palavras de Pedra, ditas no dia de
Pentecostes Cristo foi “Entregue pelo determinado
conselho e presciência de Deus” (At 2:23 — VRC).
Devido a esse determinado conselho de Deus, o
Segundo da Trindade divina foi designado para ser o
Cordeiro de Deus (Jo 1:29) antes da fundação do
mundo, isto é, na eternidade passada (1Pe 1:19-20).
Aos olhos de Deus, Ele, como Cordeiro de Deus, foi
morto desde a fundação do mundo, isto é, desde a
existência das criaturas caídas de Deus (Ap 13:8).
Desde a queda do homem, cordeiros, ovelhas e
bois foram usados pelo povo escolhido de Deus como
prefigurações (Gn 3:21; 4:4; 8:20; 22:13; Êx 12:3-8;
Lv 1:2). Essas prefigurações apontam para Cristo, que
viria como o verdadeiro Cordeiro predeterminado por
Deus. Na plenitude dos tempos, o Deus Triúno enviou
o Segundo da Trindade divina, o Filho de Deus, para
passar pela encarnação, tomando um corpo humano
(Hb 10:5), a fim de ser oferecido a Deus na cruz (Hb
9:14; 10:12) para fazer a vontade do Deus Triúno (Hb
10:7), isto é, substituir os sacrifícios e ofertas, que
eram prefigurações, por Ele mesmo em Sua
humanidade, como o único sacrifício e oferta para a
santificação do povo escolhido de Deus. Portanto foi a
vontade de Deus que Cristo sofresse uma morte
todo-inclusiva e eterna.
Como é grandiosa a morte de Cristo! Ela
eliminou todas as coisas negativas do universo e
liberou a vida eterna, a fim de produzir o novo
homem, que será a última consumação da semente do
reino, o gene do reino, uma consumação final e
máxima, que será o reino eterno de Deus.

A MORTE ETERNA DO HOMEM-DEUS


Precisamos ficar impressionados com o fato de
que a morte de Cristo registrada em Marcos 15:16-41
é grandiosíssima. Precisamos perceber que ela foi a
morte eterna do Homem-Deus. Aquele que morreu
como nosso Substituto não era meramente homem;
era o Homem-Deus. Portanto Sua morte é eterna.
Essa morte eterna é maior do que a obra de criação de
Deus.
Quando lemos o relato da morte de Cristo em
Marcos, não devemos fazê-lo de maneira superficial;
pelo contrário, precisamos perceber que Aquele que
morreu, de acordo com o registro de Marcos, era o
Homem-Deus e Sua morte não foi comum. Essa
morte extraordinária, uma morte eterna, foi do
Homem-Deus. Portanto ela eliminou todas as coisas
negativas e liberou a vida divina para produzir o novo
homem. Por fim, esse novo homem se tornará o reino
eterno de Deus, como o pleno desenvolvimento do
gene do reino.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA
A MORTE E A RESSURREIÇÃO DO SALVADOR-SERVO
PARA A CONSUMAÇÃO DA REDENÇÃO DE DEUS (5)

Leitura Bíblica: Mc 16:1-18


No capítulo dezesseis do Evangelho de Marcos,
temos três assuntos: a ressurreição do Salvador-Servo
(vs. 1-18), Sua ascensão para Sua exaltação (v. 19) e a
propagação universal do evangelho por Ele efetuada
por meio dos discípulos (v. 20). Nesta mensagem
começaremos a considerar a ressurreição do
Salvador-Servo.

O RELATO DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO


EM ATOS
Como o Evangelho de Marcos, na prática, pode
ser chamado de o Evangelho de Pedra, vamos
considerar as palavras de Pedra a respeito da
ressurreição de Cristo registradas no livro de Atos.
Nas suas mensagens de evangelho nos capítulos dois,
três, quatro e cinco de Atos, Pedra fala a respeito da
ressurreição do Senhor. Na verdade, tal ressurreição
foi o centro das mensagens de Pedra.

Foi Impossível à Morte Retê-Lo


Em Atos 2:23-24 (VRC) Pedra, ao falar de Cristo,
diz: “A este que vos foi entregue pelo determinado
conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o
crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao
qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois
não era possível que fosse retido por ela”. Na primeira
pregação do evangelho de Pedro, no dia de
Pentecostes, ele testificou que o Jesus crucificado foi
ressuscitado por Deus. Ele testificou que Cristo não
podia ser retido pela morte. Como o próprio Cristo é
ressurreição (10 11:25), foi-Lhe impossível ser retido
pela morte. Como pode a ressurreição ser retida pela
morte? É impossível!
Em Atos 2:32-36 Pedro fala tanto sobre a
ressurreição como sobre a ascensão de Cristo. Sobre a
ressurreição, ele diz no versículo 32: “A este Jesus
Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas”. Aqui Pedra parece dizer: “Nós
estivemos presentes quando o Senhor Jesus foi
crucificado, e O vimos após a ressurreição. Portanto
somos testemunhas oculares de Sua ressurreição”.
No versículo 33 Pedra continua: “Exaltado, pois,
à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa
do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis”.
Esse versículo fala da ascensão de Cristo.
No versículo 36 Pedra se refere tanto à
ressurreição como à ascensão: “Esteja absolutamente
certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus,
que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. É
em ressurreição e ascensão que Jesus se tornou o
Senhor e o Cristo.

O Autor da Vida
Em Atos 3:15 Pedra disse às pessoas que elas
haviam matado o Autor da vida, a quem Deus
ressuscitou dentre os mortos. A palavra grega
traduzida por Autor significa origem, originador,
líder principal. Aqui denota Cristo como a origem ou
originador da vida; portanto, o Autor da vida. Pedro
estava dizendo-lhes que eles haviam matado o Autor
da vida, Aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos.
Aqui ele parece dizer: “Nós somos testemunhas
oculares Daquele que e a origem, a fonte, da vida.
Vocês O mataram, mas a morte não pôde retê-Lo.
Deus ressuscitou dos mortos Aquele que é a fonte da
vida”.

A Pedra Angular do Edifício de Deus


Em Atos 4:10-12 Pedro prega novamente a
respeito do Cristo ressurreto: “Tomai conhecimento,
vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de
Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a
quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu
nome é que este está curado perante vós. Este Jesus é
pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se
tornou a pedra angular. E não há salvação em
nenhum outra; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual
importa que sejamos salvos”. Aqui vemos que o Jesus
crucificado, a quem Deus ressuscitou dos mortos, é a
pedra angular rejeitada pelos líderes judeus.
Lendo cuidadosamente esses versículos, veremos
que a salvação está no Cristo ressurreto. Além disso,
essa salvação visa ao edifício de Deus. O Salvador em
ressurreição é a pedra angular do edifício de Deus, o
qual também está em ressurreição. Por meio disso
vemos que a ressurreição do Senhor não visa apenas a
nossa salvação, mas também ao edifício de Deus.
Tanto nossa salvação como o edifício de Deus estão
no Cristo ressurreto.

Exaltado como Líder e Salvador


Em. Atos 5:30-31, Pedra diz: “O Deus de nossos
pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes,
pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua
destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de
conceder a Israel o arrependimento e a remissão de
pecados”. O vocábulo Príncipe também pode ser
traduzido por Líder. Deus exaltou Cristo para ser
Líder e Salvador. Precisamos ver que Jesus é o
Senhor, o Cristo e a pedra angular do edifício de
Deus. Também é o Líder e Salvador para nossa
Salvação. Além disso, Ele concede arrependimento e
perdão. Tudo isso acontece em ressurreição. Nessas
mensagens de evangelho, Pedro testifica que o
Senhor Jesus está em ressurreição.

A EXPRESSÃO DO CRISTO PNEUMÁTICO


De acordo com o livro de Atos, Pedro também
enfatizou que Cristo, o Ressurreto, foi exaltado e está
agora nos céus. Além disso, Cristo derramou-se como
o Espírito sobre Seus crentes, os escolhidos de Deus,
para fazê-los os membros de Seu Corpo. Isso visa à
composição do novo homem.
O novo homem é a expressão do Cristo
ressurreto. Cristo é tudo para o novo homem, é seu
conteúdo e realidade. Como vimos, esse novo homem
é, na verdade, o reino de Deus, onde Deus governa,
reina e age para cumprir Seu desejo. Assim o reino de
Deus é a esfera do governo divino para Sua expressão.
Isso ocorre em ressurreição.
No livro de Atos, Pedro diz que o Cristo, que ele
viu e seguiu, está agora em ressurreição e ascensão.
Não é possível separar a ascensão do Senhor de Sua
ressurreição. Tanto ressurreição como ascensão têm
muito a ver com o Espírito. Hoje o Espírito é a
realidade do Cristo crucificado, ressurreto e
ascendido. Quando temos o Espírito, temos Cristo.
Em especial, temos o Cristo pneumático e, como
resultado, temos também a realidade de Sua
ressurreição e ascensão.

A MORTE TODO-INCLUSIVA DE CRISTO


Se tivermos entendimento do Novo Testamento
como um todo, perceberemos que ele nos revela uma
Pessoa que é o Deus Triúno encarnado para ser o
Homem-Deus, que foi à cruz e sofreu uma morte
todo-inclusiva maravilhosa. Esse fato foi maior do
que o da criação de Deus. A morte todo-inclusiva do
Senhor tirou nossos pecados, condenou o pecado,
crucificou o velho homem, pôs fim à velha criação,
destruiu o diabo, Satanás, julgou o cosmos satânico e
aboliu as ordenanças entre as várias raças e classes
sociais. Com isso vemos que a morte do Senhor
resolveu todos os aspectos negativos do universo,
uma vez por todas. Aos olhos de Deus, todas as coisas
negativas já foram eternamente eliminadas.
Naturalmente em nossa experiência ainda
enfrentamos tais problemas, contudo vem o dia em
que tanto a nossos olhos como aos olhos de Deus,
essas coisas não existirão mais.
Louvado seja o Senhor por tudo o que foi
realizado pela morte todo-inclusiva de Cristo! Ao ler o
relato da crucificação do Senhor em Marcos,
precisamos perceber que ela foi todo-inclusiva e pôs
fim a todas as coisas negativas. Como vimos, ela
também liberou a vida divina de Seu interior.

REGENERADOS PARA UMA VIVA


ESPERANÇA
Por meio da morte todo-inclusiva de Cristo, os
escolhidos de Deus foram introduzidos em Sua
ressurreição. Quando Cristo ressuscitou, os
escolhidos de Deus ressuscitaram com Ele. Considere
o que está em 1 Pedro 1:3 a esse respeito: “Bendito o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que segundo
a sua muita misericórdia, nos regenerou par~ um~
viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos”. Aqui vemos que o Pai nos
regenerou por meio da ressurreição de Cristo para
uma viva esperança, que será plenamente cumprida
na Nova Jerusalém.
Viva esperança é uma esperança de vida. E a
esperança que a vida em nós se desenvolverá até
atingir a maturidade.
Podemos usar o nascimento de uma criança
como ilustração da viva esperança. Depois que uma
mulher dá à luz, ela terá uma esperança para o filho,
quanto a seu crescimento e desenvolvimento. Talvez
tenha a esperança de que ele se torne médico ou até
mesmo o presidente do país. O fator básico dessa
esperança é a vida na criança. Como a criança tem
vida, a mãe tem esperança em seu futuro.
Semelhantemente, nós fomos regenerados para
uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus
Cristo. Essa é a esperança de vida, uma vida que irá
crescer e se desenvolver até culminar na Nova
Jerusalém.
A viva esperança resulta da nossa regeneração.
Você sabe quando foi regenerado? Talvez você
responda dizendo que, em sua experiência, foi
regenerado há alguns anos. Na verdade, foi
regenerado quando Cristo ressuscitou. Você foi
regenerado antes de nascer: isso é um fato divino. Aos
olhos de Deus, você teve o segundo nascimento antes
de experimentar o primeiro.

O PRIMOGÊNITO ENTRE MUITOS IRMÃOS


Atos 13:33 indica que a ressurreição de Cristo foi
um nascimento para Ele, pois em ressurreição Ele
nasceu como Filho de Deus. Em ressurreição e por
meio dela, Ele, como homem, nasceu para tornar-se o
Primogênito de Deus. A palavra primogênito indica
que o Senhor Jesus tem irmãos. Em Romanos 8:29
Paulo fala de Cristo como o Primogênito entre muitos
irmãos. Em ressurreição, todos nascemos com Cristo
para nos tornar Seus muitos irmãos. Que
maravilhoso!

CONDUZIDOS À RESSURREIÇÃO
Ao ler Marcos, precisamos perceber o que a
morte do Homem-Deus inclui e também quanto Sua
ressurreição abrange. Quando o processo de Sua
morte e ressurreição acontecia, nós, representados
por Pedro e os outros discípulos, estávamos
envolvidos. No capítulo catorze, Pedro chorou após
ter negado o Senhor Jesus (v. 72). Podemos dizer que
ele chorou porque estava espiritualmente falido.
Contudo, por ter sido introduzido na morte de Cristo,
Pedro foi, por meio dela, conduzido à ressurreição do
Senhor. Pelo menos por ocasião do Pentecostes ele
percebeu isso. Em vez de chorar ele proclamou o
evangelho ao povo de Israel. No dia de Pentecostes
ele podia dizer: “Posso anunciar-lhes boas novas a
respeito de Cristo, porque agora estou em Sua
ressurreição. O Cristo ressurreto está em mim. Ele é o
Espírito todo-inclusivo, composto, saturando-me. Ele
é um comigo, e eu sou um com Ele”. Pedro havia sido
introduzido na morte e ressurreição de Cristo, que se
tornara seu Substituto todo-inclusivo.
Vimos que a regeneração introduz viva
esperança, uma esperança a respeito do pleno
desenvolvimento da vida divina em nós. Temos a
esperança de que essa vida cresça e se desenvolva ao
máximo. Estamos nessa vida e ela está em nós,
crescendo e se desenvolvendo.
Primeiro, essa vida produz a vida da igreja hoje,
que é a realidade do reino. Até que, para muitos, ela
atingirá a maturidade no milênio, que será a
manifestação do reino de Deus. Por fim, a vida divina
no interior de todos os crentes atingirá o
desenvolvimento máximo na Nova Jerusalém, o reino
eterno de Deus no novo céu e nova terra. Isso será o
desenvolvimento final da vida que recebemos
mediante a regeneração.
Sem dúvida, falta-nos a percepção adequada da
vida divina que está em nós. Contudo já tivemos pelo
menos alguma percepção do fato de que fomos
regenerados por meio da ressurreição de Cristo para
uma viva esperança. Muitos santos podem testificar
que, em certas ocasiões, oraram a ponto de chegar a
um êxtase e, nessa situação, pareceu-lhes difícil dizer
onde estavam — na igreja, no milênio ou na Nova
Jerusalém — pois estavam fora de si, no Senhor.
Todos precisamos ter experiências assim.
Embora sejamos de diferentes nacionalidades e
tenhamos vindo de diferentes lugares do mundo,
todos tivemos a experiência real de estar em
ressurreição. Quando estamos fora de nós, no Senhor,
talvez sem saber onde estamos, isso é uma
experiência de estar em ressurreição. Uma vez
regenerados, fomos conduzidos à ressurreição de
Cristo.
Quão maravilhoso seria se estivéssemos sempre
em ressurreição! Contudo podemos encontrar
problemas que nos fazem sentir que fomos
enterrados e colocados num túmulo. Mas pela
experiência sabemos que, quando clamamos pelo
Senhor invocando Seu nome, novamente
experimentamos Sua ressurreição. Essa é a história
da nossa vida cristã. Os incrédulos, naturalmente,
não têm essas experiências, porque ainda não foram
regenerados. Louvado seja o Senhor, porque Ele nos
introduziu em Sua maravilhosa ressurreição!
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E UM
A RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO DO
SALVADOR-SERVO E A PROPAGAÇÃO UNIVERSAL DO
EVANGELHO POR MEIO DE SEUS DISCÍPULOS

Leitura Bíblica: Mc 16:1-20


O capítulo dezesseis do Evangelho de Marcos
aborda três questões: a ressurreição do
Salvador-Servo (vs. 1-18), Sua ascensão para
exaltação (v. 19) e a propagação universal do
evangelho efetuada por Ele por meio dos discípulos
(v. 20).

DESCOBERTA POR TRÊS MULHERES


Em 16:1-8 a ressurreição do Senhor Jesus foi
descoberta por três mulheres: Maria Madalena,
Maria mãe de Tiago e Salomé (v. 1). No versículo 6
um anjo lhes disse: “Não vos espanteis; buscais a
Jesus, o Nazareno, o crucificado. Ele ressuscitou, não
está aqui. Vede o lugar onde O puseram”. A
ressurreição do Salvador-Servo é prova de que Deus
estava satisfeito com o que Ele realizou mediante Sua
morte; é também confirmação da eficácia de Sua
morte redentora e transmissora de vida (At 2:24;
3:15).
Segundo o versículo 7, o anjo disse às mulheres:
“Mas ide, dizei aos Seus discípulos, e a Pedro, que Ele
vai adiante de vós para a Galiléia; ali O vereis, como
Ele vos disse”. Somente no relato de Marcos
encontra-se a expressão e a Pedra no recado que o
anjo deu às três irmãs que descobriram a ressurreição
do Salvador-Servo. Isso se deve, provavelmente, à
influência de Pedro no conteúdo desse Evangelho. De
qualquer modo, essa expressão indica que o
relacionamento íntimo de Pedro com o
Salvador-Servo era especial, de modo que foi
enfatizado até mesmo pelo anjo.

O SENHOR V AI À GALILÉIA
No versículo 7 o anjo disse que o Senhor Jesus
iria adiante dos discípulos para a Galiléia. Assim
como o Salvador-Servo iniciou Seu ministério na
Galiléia dos gentios (Mt 4:12-17), e não em
Jerusalém, que era a cidade santa da religião judaica,
assim também após a ressurreição Ele ainda iria à
Galiléia, e não a Jerusalém. Isso é forte indicação de
que o Salvador-Servo ressurreto abandonou o
judaísmo e iniciava nova era na economia
neotestamentária de Deus.

PREGAR O EVANGELHO A TODA A CRIAÇÃO


Em 16:9-11 o Senhor Jesus apareceu a Maria
Madalena; nos versículos 12 e 13, a dois dos
discípulos; nos versículos 14 a 18, aos onze discípulos.
No versículo 15 Ele lhes disse: “Ide por todo o mundo
e proclamai o evangelho a toda a criação”. Isso revela
que a redenção de Deus realizada pelo Salvador-Servo
mediante Sua morte e ressurreição não é apenas para
o homem, o líder da criação de Deus, mas para toda a
criação. Assim todas as coisas, tanto na terra como
nos céus, foram reconciliadas com Deus, e o
evangelho deve ser proclamado a toda a criação
debaixo do céu (Cl 1:20, 23). Com base nisso, toda a
criação espera ser libertada da escravidão da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de
Deus (Rm 8:19-22).

CRER E SER BATIZADO


No versículo 16 o Senhor Jesus ainda disse aos
discípulos: “Quem crer e for batizado será salvo;
quem, porém, não crer será condenado”. Crer é
receber o Salvador-Servo (10 1:12), não somente para
perdão dos pecados (At 10:43) mas também para
regeneração (1Pe 1:21, 23). Os que assim crêem
tornam-se filhos de Deus (Jo 1:12-13) e membros de
Cristo (Ef 5:30), em união orgânica com o Deus
Triúno (Mt 28:19). O batismo é confirmação disso.
Ser batizado é ser sepultado para pôr fim à velha
criação por meio da morte do Salvador-Servo, e é
também ressuscitar para ser a nova criação de Deus
mediante a ressurreição do Salvador-Servo. Esse
batismo é muito mais avançado do que o batismo de
arrependimento pregado por João (1:4; At 19:3-5).
Crer e ser batizado são duas partes de um passo
completo para receber a plena salvação de Deus. Ser
batizado sem crer é mero rito vazio; crer sem ser
batizado é ser salvo apenas interiormente sem a
confirmação exterior da salvação interior. Esse dois
devem andar juntos. Além do mais, o batismo nas
águas deve ser acompanhado pelo batismo no
Espírito, assim como os filhos de Israel foram
batizados no mar (nas águas) e na nuvem (no
Espírito) — 1 Coríntios 10:2 e 12:13.
Marcos 16:16 não diz: “Quem não crer e não for
batizado”. Isso indica que a condenação relaciona-se
somente a não crer, e não a não ser batizado. Crer,
por si só, é suficiente para ser salvo da condenação;
contudo, para a completação da salvação interior,
crer requer o batismo como confirmação exterior.
Em 16:17 e 18 o Senhor Jesus continua: “Estes
sinais acompanharão aqueles que crêem: em Meu
nome expulsarão demônios; falarão em novas
línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa
mortífera beberem, de nenhum modo lhes fará mal;
imporão as mãos sobre enfermos, e eles ficarão
curados”. Aqui vemos que falar em novas línguas é
somente um dos cinco sinais que acompanham os
crentes. Não é o único, contrário ao que alguns
enfatizam. Segundo a revelação divina em Atos e nas
Epístolas, o que o Senhor disse aqui não quer dizer
que todo crente deva ter todos os cinco sinais.
Significa que toda pessoa salva pode ter alguns desses
sinais, mas não necessariamente todos.

A ASCENSÃO DO SALVADOR-SERVO PARA


SUA EXALTAÇÃO

Aspectos do Cristo Ascendido


No versículo 19 temos a ascensão do
Salvador-Servo: “De modo que o Senhor Jesus,
depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e
assentou-se à destra de Deus”. O Salvador-Servo
ascendeu para ser exaltado por Deus, e isso foi sinal
de que Deus aceitou tudo o que Ele fez por Seu plano
eterno segundo Sua economia neotestamentária (At
2:33-36). Nessa exaltação, Deus O coroou de glória e
honra (Hb 2:9), concedeu-Lhe o nome que está acima
de todo nome (Fp 2:9) e O fez Senhor de tudo (At
2:36) e Cabeça sobre todas as coisas (Ef 1:22), para
ter toda a autoridade no céu e na terra (Mt 28:18) a
fim de governar os céus, a terra e as nações, de modo
que estes cooperem para a expansão universal de Seu
serviço evangélico.
Por meio de Sua ascensão, Cristo foi exaltado às
alturas, foi feito o Senhor, o Cristo, Cabeça da igreja,
Cabeça sobre todas as coisas para a igreja. Além
disso, foi entronizado, coroado com glória e honra, e
recebeu um nome que está acima de todo nome.

Ter Experiências com o Cristo Ascendido


A fim de experimentar Jesus como o Senhor, o
Cristo, Cabeça da igreja, Cabeça sobre todas as coisas,
Aquele que foi entronizado, coroado e cujo nome está
acima de todo nome, precisamos estar em
ressurreição. Quando estamos na realidade da
ressurreição, estamos no Espírito que dá vida. No
Espírito experimentamos o Cristo ressurreto como o
Senhor, o Ungido e o Cabeça de tudo para a igreja e
diretamente o Cabeça da igreja. Na realidade da
ressurreição, isto é, no Espírito todo-inclusivo,
percebemos que Ele foi coroado com glória e honra,
entronizado e recebeu o nome que está acima de todo
nome. Quando estamos em tal Espírito, todos os
aspectos da ascensão de Cristo não são meramente
doutrinas para nós; são realidade.
Podemos pensar que, afora o fato de o Espírito
que dá vida fazer a ascensão de Cristo real para nós, o
Cristo ascendido nada tem a ver conosco no viver
diário. Mas cada aspecto de Sua ascensão deve ser
parte de nossa experiência diária.
Se quisermos ter experiências com a ascensão de
Cristo precisamos andar segundo o Espírito. Quando
isso ocorre, andamos segundo a ressurreição e
ascensão de Cristo. Isso faz com que sejamos outro
tipo de pessoa. É por isso que tenho enfatizado que a
vida cristã não é questão de doutrina; o que
precisamos é andar segundo o Espírito que dá vida
que habita nosso espírito.
Em 1964 fui convidado para falar a certo grupo
cristão em Dallas. Em minha mensagem enfatizei que
o que precisamos não é doutrina, mas o Espírito.
Alguns que só se preocupavam com doutrina ficaram
ofendidos e depois da reunião tentaram discutir
comigo. Mas hoje eu seria ainda mais enfático,
dizendo que precisamos mais do Espírito. Em vez de
doutrina morta, precisamos do Espírito que dá vida.
Podemos estar no Espírito, porque mediante a
ressurreição de Jesus Cristo fomos regenerados,
renascemos (1Pe 1:3). Também podemos estar em
ascensão. Em nossa experiência, os céus vêm a nós,
porque o Espírito todo-inclusivo os traz a nós.
Portanto, quando estamos no Espírito, estamos nos
céus.

A PROPAGAÇÃO UNIVERSAL DO
EVANGELHO EFETUADA PELO
SALVADOR-SERVO POR MEIO DOS
DISCÍPULOS
Quanto à propagação universal do evangelho
efetuada pelo Salvador-Servo por meio de Seus
discípulos, 16:20 diz: “E eles, tendo saído, pregaram
em toda parte, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra por meio dos sinais que a
acompanhavam”. Essa pregação do evangelho de
Deus a toda a criação (v. 15) feita pelo Salvador-Servo
ressuscitado e ascendido, o Servo de Deus, mediante
Seus crentes, começou em Jerusalém e tem
prosseguido até os confins da terra (At 1:8), contínua
e universalmente por todos os séculos, e irá
prosseguir até que Ele venha estabelecer o reino de
Deus na terra (Lc 19:12; Dn 7:13-14).

Pregar em Toda Parte


Em 16:15 o Senhor disse aos discípulos: “Ide por
todo o mundo e proclamai o evangelho a toda a
criação”. Então, o versículo 20 nos diz que eles foram
e pregaram em toda parte. Isso nos mostra que
também nós devemos ir dizer às nações, e até mesmo
a toda a criação, a respeito do maravilhoso
Salvador-Servo, Sua morte todo-inclusiva e
maravilhosa ressurreição.

Muitos Pregadores do Evangelho


Vimos que no capítulo um de Marcos só havia
um pregador do evangelho. Mas quando chegamos ao
final desse Evangelho há muitos pregadores. Quem
pode dizer quantos pregadores do evangelho há hoje?
Além disso a pregação no capítulo um de Marcos era
principalmente aos judeus, mas no final do capítulo
dezesseis é para toda a criação, isto é, pelo menos
para os vários povos da terra. A fim de pregar o
evangelho a toda a criação, talvez precisemos estar
fora de nós mesmos no Senhor. Se você nunca foi
zeloso em pregar o evangelho a todo tipo de pessoas,
isso pode significar que você nunca esteve fora de si
no Senhor Jesus.
No dia em que fui salvo, fui chamado pelo
Senhor. Eu sabia que era meu destino pregar o
Senhor Jesus. Contudo meu entendimento naquele
tempo era pregá-Lo nos lugarejos da minha terra
natal. Agora estou neste país pregando o Senhor para
pessoas de todos os continentes4.
Oh! vamos falar a todos sobre o maravilhoso
Senhor Jesus! Contemos a todas as pessoas a respeito
de Sua morte todo-inclusiva e maravilhosa
ressurreição! Não fiquemos em silêncio, vamos
pregar o evangelho, apresentar a verdade e ministrar
vida.
Pregar o Evangelho para Produzir o Novo
Homem Havendo passado pelo Evangelho de Marcos,
podemos dizer que experimentamos as diferentes
curas: dos ouvidos, língua e olhos. Agora estamos
qualificados a falar pelo Senhor. Espero que por meio
deste Estudo-Vida de Marcos todos sejamos
introduzidos em Cristo, nosso substituto total,
universal e todo-inclusivo. Então poderemos
testificar com Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Tendo experimentado
Cristo como nosso substituto, seremos capazes de
falar a todas as nações a respeito Dele e Sua morte e
ressurreição.
Agradecemos ao Senhor por dar-nos visão clara
de que esta era visa produzir o novo homem pela
pregação do evangelho. Todas as coisas (a situação do
mundo, as questões internacionais, a economia, a
indústria, a educação e até mesmo as guerras) têm
esse fim. De acordo com Apocalipse 6, o primeiro dos
quatro cavalos é o branco que representa a pregação
do evangelho. Isso significa que o cavalo branco está
na frente, a liderar, e os outros o seguem. A pregação
do evangelho deve liderar. Esta era visa à pregação do
evangelho para produzir o novo homem. Agora que

4
Essas palavras foram ditas nos Estados Unidos, num treinamento em que havia pessoas de todas as
partes do mundo. (N. do T.)
ganhamos essa visão, vamos em frente para pregar
Cristo a toda a criação!
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E DOIS
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (1)

Leitura Bíblica: Mc 1:1, 9-11, 14-15; 9:2-9; 16:14-20


Com esta mensagem iniciaremos uma série de
mensagens complementares ao Estudo-Vida do
Evangelho de Marcos. Essas mensagens se referem à
vida do Salvador-Servo. Ele não só viveu totalmente
de acordo com a economia neotestamentária de Deus,
mas Seu viver também visava a essa economia.
Em Marcos vemos uma Pessoa, o Homem-Deus,
que viveu totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela. Se quisermos
entender essa vida, precisamos saber o que é essa
economia. Em outras palavras, é necessário todo o
Novo Testamento para explicar a vida que o Senhor
Jesus teve. Isso quer dizer que são necessários todos
os outros vinte e seis livros do Novo Testamento para
definir o Evangelho de Marcos. Se fizermos um
estudo detalhado do Novo Testamento com respeito à
economia de Deus, veremos que não há defeito,
deficiência ou falha na vida do Senhor Jesus. O viver
que Ele, teve foi absolutamente de acordo com a
economia de Deus e para ela. Em Sua vida não há
nada contrário a essa economia.
Embora possamos amar o Evangelho de João e o
de Mateus, nesses Evangelhos não temos uma
biografia completa da vida do Senhor. Essa biografia
completa, apresentada na sua seqüência histórica, é
encontrada em Marcos. Nele temos um registro
completo de uma vida, a vida do Senhor Jesus, que é
de acordo com a economia neotestamentária de Deus
e para ela. Nessa vida não há deficiência com respeito
à economia divina.
Marcos é a base de Mateus, João e até mesmo
Lucas, porque é uma biografia da vida do Senhor
Jesus escrita segundo a seqüência histórica. Se
quisermos entender alguma questão nos outros
Evangelhos, precisamos voltar a Marcos.
A esta altura gostaria de chamar sua atenção
para o diagrama impresso com essa mensagem. Ali
podemos ver como no Evangelho de Marcos o relato
da vida do Senhor progride passo a passo, até chegar
ao ápice. Então somos introduzidos na morte
todo-inclusiva e maravilhosa ressurreição do Senhor
a fim de desfrutá-Lo como nosso substituto. O
resultado de tomar Cristo como nosso substituto é o
novo homem, a realidade do reino de Deus, que
resulta primeiro na igreja, depois no milênio e por
fim na Nova Jerusalém.
Embora seja curto, o Evangelho de Marcos é
todo-inclusivo. Ele contém todos os fatores do Novo
Testamento, que são elementos da vida do
Salvador-Servo, uma vida totalmente de acordo com
a economia neotestamentária de Deus e para ela.

VIVER EM NOVA DISPENSAÇÃO


Como Aquele que viveu de acordo com a
economia neotestamentária de Deus e para ela, o
Senhor Jesus viveu em nova dispensação, pondo fim
à velha dispensação. Isso é claramente revelado e
retratado no capítulo um (1:1-8). João Batista nasceu
como típico sacerdote do Antigo Testamento, contudo
viveu no deserto de maneira não civilizada. Sua
aparência e comida eram bem diferentes das dos
sacerdotes. A obra e a maneira de falar de João
também eram incivilizadas. Sempre que alguém se
arrependia, ele o colocava na água, batizando-o. Tudo
isso eram indicações de que a velha dispensação
tivera fim. Essa era a situação e a atmosfera quando o
Senhor Jesus iniciou Seu ministério. Isso indica que
Seu ministério estava totalmente na dispensação do
Novo Testamento. Assim, na Sua vida não podemos
encontrar nada da velha dispensação.

FOI SEPULTADO
Quando o Senhor Jesus estava para iniciar Seu
ministério, Ele se deixou sepultar, batizar, por João
Batista (1:9-11). Ele não tinha pecado nem velhice,
contudo mesmo assim foi batizado. Seu batismo era
um testemunho ao universo de que Ele rejeitava a Si
mesmo e se colocava de lado a fim de viver por Deus.

VIVEU E MOVEU-SE PELO ESPÍRITO SANTO


Logo após o batismo, o Senhor Jesus foi impelido
pelo Espírito Santo ao deserto (1:12-13). Daí em
diante Ele cumpriu Seu ministério vivendo,
movendo-se e operando no Espírito Santo.

Pregou o Evangelho
Como Aquele que vivia e se movia pelo Espírito
Santo, o Senhor Jesus pregava o evangelho (1:14-20).
Ao fazê-lo, Ele semeava o Deus encarnado como a
semente do reino de Deus. Ele colocava no coração
dos homens uma semente que iria crescer
tomando-se o reino de Deus.
Ensinou a Verdade
No Espírito Santo o Senhor Jesus ensinava a
verdade (1:21-22), o que consistia em iluminar a
humanidade que estava nas trevas e dispersar as
trevas do homem.

Expulsou Demônios
O Senhor Jesus também expulsava demônios
(1:23-28). Isso visava à expansão do reino de Deus.

Curou os Enfermos
Em Seu ministério o Senhor Jesus curava os
enfermos (1:29-39). Curar enfermos é reavivar os
mortos, fazê-los viver.

Purificou os Leprosos
De acordo com o Evangelho de Marcos, o Senhor
purificava os leprosos (1:40-45). Purificar leprosos é
santificar quem foi vivificado. O Senhor fez isso
perdoando os pecados, festejando com pecadores,
sendo a alegria deles em justiça e vida,
satisfazendo-os e libertando-os.

Amarrou Satanás e Saqueou-lhe o Reino


Enquanto levava a cabo esse serviço evangélico, o
Senhor Jesus também amarrava Satanás e
saqueava-lhe o reino. Satanás não tinha nenhuma
base Nele. Em 3:22-30 vemos que o Senhor amarrou
Satanás e saqueou-lhe a casa pelo Espírito Santo.

Negou Seu Relacionamento Natural


Em 3:31-35 vemos que o Senhor Jesus negou Seu
relacionamento natural. Em vez de permanecer no
relacionamento da vida natural, Ele escolheu ficar no
relacionamento da vida espiritual. Por essa razão
podia dizer: “Porque qualquer que fizer a vontade de
Deus, esse é Meu irmão, irmã e mãe” (3:35). Em seu
viver não havia base para o relacionamento natural.

Sofreu a Rejeição e o Ódio do Mundo


Como Aquele que vivia totalmente de acordo com
a economia neotestamentária de Deus e para ela, o
Senhor Jesus sofreu a rejeição e o ódio do mundo. Em
6:1-6 Ele foi desprezado pelos nazarenos. Em outra
parte desse capítulo Ele sofreu a rejeição do mundo.

Expôs a Condição Interior Maligna do


Homem
Em 7:1-23 o Senhor Jesus expôs a condição
interior do homem, a condição maligna de seu
coração. Ele disse: “O que sai do homem, isso é o que
contamina o homem” (v. 20). Então falou de coisas
malignas que procedem do interior e contaminam o
homem (vs. 21-23).

Supriu Vida para Aquela que O Buscava


Após expor a condição do coração do homem, o
Senhor Jesus se apresentou como o suprimento de
vida para aquela que O buscava (7:24-30). Em 7:27
Ele se referiu a Si mesmo como o pão dos filhos, isto
é, como nosso suprimento de vida. Portanto Ele Se
apresentou como o pão da vida.

Curou os Órgãos dos que Foram Vivificados


Em 7:31-37 o Senhor Jesus curou um surdo e
mudo, e m 8:22-26 curou um cego. Nesses casos Ele
curou órgãos específicos dos que foram por Ele
vivificados.

O Substituto Universal e Completo mediante


Sua Morte Todo-inclusiva e Redenção
Maravilhosa
Em 8:27-9:13 o Senhor Jesus é revelado como
nosso substituto universal e completo. Mediante Sua
morte todo-inclusiva e ressurreição maravilhosa é
que podemos tomá-Lo como tal substituto.

Realizou Sua Morte Todo-inclusiva


O Evangelho de Marcos apresenta o Senhor
Jesus como Aquele que realizou uma morte
todo-inclusiva. Em Sua morte, Ele carregou nossos
pecados, condenou o pecado, crucificou o velho
homem, pôs fim à velha criação, destruiu Satanás,
julgou o mundo, aboliu as ordenanças e liberou a vida
divina.

Entrou em Sua Ressurreição Maravilhosa


Depois de ter realizado Sua morte todo-inclusiva,
Ele entrou em Sua ressurreição maravilhosa. Nela e
por meio dela Ele regenerou Seus seguidores e fez
germinar a nova criação.

Permaneceu em Sua Ascensão que Supera


Tudo
Após ressuscitar, o Senhor Jesus “foi recebido no
céu, e assentou-se à destra de Deus” (16:19). Ele agora
permanece em Sua ascensão que supera tudo, para
executar o que realizou mediante a morte e
ressurreição.
Introduziu Seus Seguidores em Sua Morte e
Conduziu-os à Sua ressurreição a fim de que
O Desfrutassem em Sua Ascensão
Em mensagens anteriores ressaltamos
enfaticamente que o Senhor Jesus não entrou em Sua
morte, ressurreição e ascensão sozinho. Mas
introduziu Seus seguidores em Sua morte e então os
conduziu à Sua ressurreição. Como aqueles que
foram conduzidos à ressurreição do Senhor, agora
Seus seguidores podem desfrutá-Lo em Sua ascensão
como vida e suprimento de vida, o Senhor de todos, o
Cristo de Deus, o Cabeça de todos para a igreja, a
Cabeça do Corpo, Aquele que foi glorificado,
entronizado, está acima de todos e enche tudo em
todos.

Gerou o Novo Homem como Realidade do


Reino de Deus
Mediante a morte, ressurreição e ascensão e
nelas introduzindo Seus seguidores, o Senhor Jesus
gerou o novo homem como realidade do reino de
Deus. Primeiro, o novo homem resulta na igreja e
depois, na era vindoura, ele se desenvolverá no
milênio. Por fim, no novo céu e nova terra, ele
culminará na Nova Jerusalém. Esse será nosso
destino eterno e também é a conclusão das
Escrituras.
Marcos não é mero livro de histórias. Esse
Evangelho transmite uma visão celestial, que deve
dirigir nossos passos, controlar nosso viver e nos
introduzir na consumação de Deus. Essa visão é capaz
de manter-nos na economia de Deus para viver a vida
da igreja com o alvo de alcançar o milênio e a Nova
Jerusalém.
Tal visão de Deus sempre irá dirigir nossos
passos e controlar nosso viver. Isso era verdade até
mesmo no Antigo Testamento, onde nos é dito que
sem visão o povo se corrompe (Pv 29: l8a — a
profecia revelada por meio do vidente-lit.). Sob a
visão celestial somos levados em direção ao objetivo
de Deus e nossa vida é controlada de acordo com a
economia divina.
Se quisermos conhecer a verdade, precisamos ter
a visão da economia divina. Posso testificar que anos
atrás fui capturado por essa visão. Por tê-la, podemos
prosseguir, a despeito de sofrimentos, difamação e
todos os problemas.
A visão se tornou o princípio que dirige nossos
passos e governa nosso caminho. Por que tomamos o
caminho do Senhor em Sua restauração? Nós o
tomamos porque fomos capturados pela visão da
economia divina. Por ter essa visão, através dos anos,
a luz celestial tem sido abundante na restauração do
Senhor. A razão para essa luz é que estamos sob a
visão. Sempre que vamos à Palavra de Deus, a luz
brilha porque estamos nessa visão que nos dirige,
controla e governa.
Meu encargo nesta mensagem é que vejamos que
o Evangelho de Marcos revela a vida totalmente de
acordo com a economia neotestamentária de Deus e
para ela. Essa vida não é meramente justa, santa,
espiritual e vitoriosa, como muitos cristãos sabem
que devemos ter. Mas você já ouviu falar em ter um
viver segundo a economia neotestamentária de Deus?
O Evangelho de Marcos apresenta a Pessoa do
Homem-Deus, Aquele que viveu, agiu, moveu-se e
trabalhou passo por passo segundo a economia
divina.
O autor da Epístola de Tiago, pelo contrário, não
era plenamente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus ou para ela. Antes, Tiago
continuou a viver segundo certas tradições e práticas
judaicas.
Marcos relata como o Senhor Jesus foi
examinado por diversos seguimentos, mas ninguém
conseguiu achar falha Nele. Ao considerar esse
Evangelho, nós também não conseguimos encontrar
nenhuma falha, defeito ou deficiência no viver do
Senhor em relação à economia divina. Os principais
sacerdotes, escribas, anciãos, fariseus, saduceus e
herodianos tentaram encontrar falhas no Senhor
Jesus em relação à lei, às práticas judaicas e à política
romana. Vamos examinar o Senhor segundo a
medida da economia neotestamentária de Deus, que
possui padrão muito mais rígido. Se O examinarmos
dessa forma não acharemos nenhuma falta Nele. Ele
não apenas cumpriu a lei, mas cumpriu a economia
de Deus.
Na verdade, a vida do Senhor Jesus registrada
em Marcos é um padrão completo, inteiro, perfeito e
total da economia neotestamentária de Deus. Por
essa razão se quisermos entender o que está revelado
em Mateus, Lucas ou João, precisamos considerar o
padrão apresentado em Marcos. Esse padrão se
tornará uma chave que abre os outros três
Evangelhos.
Hoje entre os cristãos há muita discussão e
divisão. Esse é o resultado de estar nas trevas e não
ter uma visão da economia neotestamentária de
Deus. O céu espiritual sobre muitos crentes é escuro.
O falar e o estudo deles são em trevas. Como
precisamos que nosso céu espiritual esteja claro!
Espero que este Estudo-Vida do Evangelho de Marcos
faça a luz celestial brilhar mais e mais sobre você, até
ser dia perfeito (Pv 4:18).
Louvado seja o Senhor pela visão clara a respeito
da economia neotestamentária de Deus! Essa visão
deve tornar-se nossa, para nos dirigir, controlar,
guardar, preservar e também levar adiante. Além do
mais, ela deve tornar-se a referência, o padrão, pelo
qual medimos as questões relativas à vida cristã. Se a
tivermos, veremos que não basta ser justo, santo,
espiritual e vitorioso. Tiago era tal pessoa piedosa,
contudo estava aquém da economia neotestamentária
de Deus. Que todos ganhemos a visão dessa economia
e vejamos em Marcos o retrato de uma vida
totalmente de acordo com ela e para ela!
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E TRÊS
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (2)

Leitura Bíblica: Gl 2:11-21; Mc 1:1


Na mensagem anterior ressaltamos que no
Evangelho de Marcos vemos uma vida totalmente de
acordo com a economia neotestamentária de Deus e
para ela. A expressão economia neotestamentária de
Deus é conhecida da maioria de nós, contudo, a fim
de ser renovados em nosso entendimento, vamos
considerar de forma simples e básica o que ela é.

A ECONOMIA DE DEUS
A economia neotestamentária de Deus é Deus
infundir-Se em Seus escolhidos a fim de fazê-los
membros de Cristo, para que Cristo tenha um Corpo
que seja Sua expressão. Nessa descrição vemos
algumas questões importantes: Deus quer
infundir-Se em Seus escolhidos; Deus quer fazer de
Seu povo membros do Corpo de Cristo, a igreja; e o
Corpo de Cristo visa a expressão de Cristo. No
Evangelho de Marcos vemos uma vida que é
totalmente de acordo com essa economia e para ela.

DOIS TIPOS DE VIDA


Como já ressaltamos, se compararmos a Epístola
de Tiago e o Evangelho de Marcos, veremos que esses
dois livros apresentam dois tipos de vida. Na Epístola
de Tiago vemos algo da vida de Tiago, e no Evangelho
de Marcos vemos a vida do Senhor Jesus. Cada um
desses livros nos ajuda a entender o outro. Sem
Marcos talvez não tivéssemos clareza a respeito da
Epístola de Tiago. Semelhantemente, sem Tiago
poderíamos não ter um entendimento tão claro do
Evangelho de Marcos. Quando os comparamos e
vemos as duas vidas neles reveladas é que temos um
entendimento adequado tanto da Epístola de Tiago
como do Evangelho de Marcos.

A REPUTAÇÃO E A INFLUÊNCIA DE TIAGO


Como a Epístola de Tiago enfatiza a perfeição
cristã prática, muitos cristãos têm profundo apreço
por ela. Como enfatizamos no Estudo-Vida de Tiago,
ele realmente enfatiza a perfeição cristã e o faz na
prática, e não na doutrina. Assim muitos crentes
piedosos e devotos amam o livro de Tiago. Ele nos diz
que oremos por sabedoria para comportar-nos
adequadamente. Também nos encoraja a restringir o
falar, a refrear a língua, a fim de ter um viver piedoso.
Em cada capítulo de sua epístola, ele traz certas
questões referentes à piedade.
Tanto na história da igreja como na Bíblia, Tiago
era conhecido por sua piedade. Ele gastava muito
tempo em oração e era tido em alta conta entre os
cristãos judeus nos tempos antigos. De acordo com os
capítulos quinze e vinte e um de Atos e o capítulo dois
de Gálatas, Tiago era tido em alta conta pelos santos.
Por exemplo, Gálatas 2:12 refere-se a alguns “que
chegaram da parte de Tiago” a Antioquia. Segundo
esse versículo, quando eles chegaram, Pedro
“afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os
da circuncisão”. Isso ilustra a influência que Tiago
exercia. Até mesmo Pedro, o apóstolo líder, estava
debaixo de sua influência.
Geograficamente, Jerusalém era no sul e
Antioquia no norte. Muitos mestres da Bíblia
consideram essas duas cidades como dois grandes
centros. Havia uma igreja em Jerusalém (At 8:1) e
outra em Antioquia (At 13:1).
Ao ler Atos pode parecer-nos que a igreja em
Jerusalém tinha uma aparência judaica e a de
Antioquia, uma aparência gentia. Alguns podem
pensar que, uma vez que Jerusalém era na Judéia, era
necessário que a igreja ali tivesse aparência judaica; e
já que Antioquia ficava no mundo gentio, a igreja ali
deveria ter aparência gentia. Talvez você dissesse:
“Como a igreja em Jerusalém, cidade dos judeus, não
seria judaica na aparência? E como a igreja em
Antioquia não seria gentia na atmosfera? Certamente
as igrejas no Japão têm aparência japonesa e as da
América têm aparência americana”. Isso pode ser
lógico do ponto de vista humano, mas o Novo
Testamento revela que a igreja não é judaica nem
gentia. Primeira Coríntios 10:32 fala de três
categorias de pessoas: os judeus, os gentios (gregos) e
a igreja. Isso mostra claramente que a igreja é algo
totalmente à parte tanto dos judeus como dos gentios.
Deus chamou Seus escolhidos dentre judeus e gentios
para formar a igreja. Portanto a igreja não deve ser
judaica nem gentia. Se há aparência judaica ou
gentia, então até certo ponto ela perdeu seu caráter
ou pelo menos algumas características.
Se lermos cuidadosamente Atos 15 e 21 e Gálatas
2, veremos que no tempo de Pedro, Paulo e Tiago,
Jerusalém exercia considerável influência sobre
Antioquia. Isso significa que a igreja em Jerusalém
exercia influência sobre as igrejas no mundo gentio.
Talvez Tiago estivesse preocupado com que as igrejas
no mundo gentio não praticassem a lei mosaica. Essa
pode ter sido a razão de ter enviado alguns de
Jerusalém para Antioquia. Eles talvez tenham ido lá
observar a situação entre os crentes.
Antes que alguns da parte de Tiago foram a
Antioquia, Pedro agia adequadamente, como irmão e
membro do Corpo de Cristo. Especificamente, ele
comeu com os gentios. Como Paulo diz de Pedro:
“Antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia
com os gentios” (GI2:12). Contudo quando eles
chegaram, Pedro ficou com medo e liderou o
fingimento, isto é, agiu novamente como judeu. A
palavra que Paulo usou para esse fingimento foi
hipocrisia: “E também os outros irmãos judeus
começaram a agir como hipócritas, do mesmo modo
que Pedro. E até Barnabé se deixou levar pela
hipocrisia deles” (GI2:13).
Alguns podem perguntar o que estava errado na
atitude de Pedro. Pode parecer que não havia nada de
errado, mas para os que conhecem a economia
neotestamentária de Deus está claro que ele cometeu
um erro sério. Sua atitude de se afastar e se apartar
dos crentes gentios envolveu uma mistura prejudicial
à economia divina.

TOMAR DEUS COMO VIDA E VIVÊ-LO


A economia neotestamentária de Deus não
consiste em guardar a lei ou praticar rituais; também
não se trata meramente de fazer o bem segundo a
ética ou filosofia humanas. Antes, é questão de Deus
infundir-Se em Seus escolhidos, a fim de que tenham
o Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito) como sua vida.
Quando o povo de Deus tem a Sua vida, eles
automaticamente estão capacitados a vivê-la. Viver a
vida de Deus significa simplesmente viver por Deus e
até mesmo viver o próprio Deus. Assim, a economia
divina não consiste em guardar a lei judaica nem em
fazer o bem de acordo com a filosofia humana; mas
trata-se de ter Deus como vida e então vivê-Lo. É
extremamente importante que todos vejamos isso.
Desde o tempo dos apóstolos até hoje tem havido
muita discussão a respeito de ensinamentos bíblicos e
teologia. Muitas dessas discussões são resultado de
uma só coisa: perder o alvo da economia
neotestamentária de Deus. Por séculos os mestres
cristãos têm discutido sobre doutrinas e práticas, mas
o alvo da economia de Deus tem sido negligenciado.
Que grande perda é desconhecer a economia divina!
Alguns cristãos, especialmente os
assim-chamados povo da santidade, discutem sobre
o estilo adequado das roupas. Por exemplo, talvez
discutam sobre o comprimento das saias e mangas
das irmãs. É uma ilustração muito simples de como
os santos têm sido desviados da economia
neotestamentária de Deus. Se os irmãos virem que
em Sua economia Deus deseja infundir-Se em Seus
escolhidos, a fim de que eles O tenham como vida e O
vivam, cremos que não haverá necessidade de
discutir a respeito da maneira de se vestir.
A economia neotestamentária de Deus não se
relaciona a guardar leis nem observar rituais.
Também não se trata de se fazer o bem de forma
ética; antes, é tomar Deus como vida e vivê-Lo.
Se lermos Gálatas 2:11-21 cuidadosamente,
veremos que a atmosfera em Antioquia mudou depois
que chegaram alguns da parte de Tiago. Antes que
eles chegassem, Pedro e os outros estavam em certa
atmosfera, a atmosfera de desfrutar a economia
neotestamentária de Deus. Mas então, devido à
influência de Tiago, a atmosfera espiritual mudou, e o
céu espiritual ficou nebuloso. Algo tinha entrado para
obscurecer a economia divina.
A situação em Antioquia era tão séria que Paulo
resistiu a Pedro face a face (Gl 2:11). Paulo lhe deu
uma boa lição. De acordo com Gálatas 2:14, Paulo lhe
disse na frente de todos: “Se, sendo tu judeu, vives
como gentio e não como judeu, por que obrigas o. s
gentios a viverem como judeus?”.
As palavras de Paulo, faladas naquela ocasião,
continuam até Gálatas 2:21. Talvez você tenha citado
Gálatas 2:19-20 muitas vezes, especialmente as
palavras “estou crucificado com Cristo”, mas talvez
não tenha percebido qual é o contexto desses
versículos. Esse contexto se inicia no versículo 11 e
inclui a repreensão pública de Paulo a Pedra. Essa
repreensão enfatiza que nós que cremos em Cristo
devemos ter apenas um viver, que é viver Cristo. Não
se trata de comer ou não com gentios. Pelo contrário,
trata-se de ter sido crucificado com Cristo e de Cristo
viver em nós. Portanto Paulo podia dizer: “Como fui
crucificado com Cristo e Cristo vive em mim, já não
sou eu quem vive na questão de comer. A pergunta
não é se como ou não com os gentios, e sim se Cristo
vive em mim ou não”.

COMO AVALIAR A EPÍSTOLA DE TIAGO


Tiago era piedoso, muito categórico em perfeição
cristã prática. Mas se o avaliarmos segundo a
economia neotestamentária de Deus, veremos os
defeitos em seu viver. Em sua Epístola, ele não fala
nada sobre Cristo viver em nós. Na verdade ele nem
mesmo fala da vida divina. Antes, refere-se a pessoas
e práticas do Antigo Testamento. Muito do que ele
escreve baseia-se no Antigo Testamento. Em sua
Epístola não encontramos muitos termos
neotestamentários. Mesmo quando ele usa uma
expressão neotestamentária, ele imediatamente a
reverte para uma prática do Antigo Testamento.
Não devemos avaliar a Epístola de Tiago segundo
o conceito natural, ético ou religioso; mas segundo a
economia neotestamentária de Deus. Sabemos que a
economia de Deus é infundir-Se em nós como nossa
vida, de modo que O vivamos como membros do
Corpo de Cristo. Quando usamos isso para avaliar a
Epístola de Tiago, somos capazes de ver onde ela se
situa em relação ao restante do Novo Testamento.
Por alguns séculos o status da Epístola de Tiago
era incerto. Apenas no Concílio de Cartago, no ano
397 d.C. , é que esse livro foi final e oficialmente
reconhecido como parte do Novo Testamento. Uma
das razões da discussão em torno dele é que, com
respeito à economia neotestamentária de Deus, ele
não é nem preto nem branco, mas cinza. Isso quer
dizer que é uma mistura do Antigo com o Novo
Testamento. Em certos aspectos o livro de Tiago tem
as “cores” do Novo Testamento. Um exemplo disso é
a palavra a respeito do Pai das luzes nos gerando,
para que sejamos as primícias de Suas criaturas
(1:18). Outros exemplos são a Palavra implantada, a
lei da liberdade e o Espírito habitando em nós (1:21,
25; 4:5). Todas essas questões pertencem à economia
neotestamentária de Deus, mas são encontradas
numa epístola com forte sabor e cor do Antigo
Testamento. É por essa razão que ressaltamos que
nesse livro vemos uma vida que não é totalmente de
acordo com a economia neotestamentária de Deus ou
para ela.

A VIDA REVELADA EM MARCOS


Quando nos voltamos da Epístola de Tiago para o
Evangelho de Marcos, vemos uma vida que não é nem
um pouco cinza. Pelo contrário, a vida do Senhor
Jesus como Salvador-Servo revelada em Marcos é
absolutamente “branca”. Isso significa que é
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.
Embora Marcos registre uma vida que é
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela, ainda
precisamos de visão espiritual para ver o que está
revelado nesse Evangelho. Sem essa visão espiritual,
podemos considerar Marcos mero livro de histórias.
Sem essa visão, não perceberemos que se trata da
biografia de uma vida totalmente de acordo com a
economia neotestamentária de Deus e para ela. Na
verdade, a vida apresentada em Marcos é a realidade,
a substância e o padrão da economia
neotestamentária de Deus.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E QUATRO
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (3)

Leitura Bíblica: Mc 1:1, 10-ll; 9:1-9; At 21:18-24

A SUBSTÂNCIA DA ECONOMIA
NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS
Na mensagem anterior ressaltamos uma
importante diferença entre a Epístola de Tiago e o
Evangelho de Marcos. Em Tiago, ao contrário de
Marcos, vemos uma vida que não é totalmente de
acordo com a economia neotestamentária de Deus
nem para ela. Na verdade, a vida apresentada em
Marcos é a realidade, a substância e o padrão da
economia neotestamentária de Deus.
Talvez você se pergunte por que dizemos que em
Marcos vemos uma vida que é a substância da
economia neotestamentária de Deus. Dizemos isso,
porque a vida do Senhor Jesus era a expressão de
Deus. De acordo com o Evangelho de Marcos, não há
indicação de que o Senhor vivesse meramente para
cumprir a lei, que fizesse certas coisas simplesmente
porque a lei exigia. Ademais, Marcos não indica que o
Senhor tenha vivido para fazer o bem. Como, então, é
que Ele viveu? Ele viveu Deus e O expressou. Tudo o
que Ele fazia era Deus fazendo de Seu interior e por
meio Dele. Isso quer dizer que tudo o que Ele fez não
foi apenas guardar a lei ou fazer o bem, num sentido
ético. Ele foi alguém que viveu Deus e O expressou
em tudo o que disse e fez.

VIVER NO REINO DE DEUS


Posso garantir-lhe que nunca houve outra vida
como a do Senhor Jesus. As biografias de outras
pessoas podem mostrar que elas foram boas ou
tentaram guardar a lei de Deus. Mas o Senhor é o
único que viveu Deus e O expressou de maneira
plena. Naturalmente, Ele nunca infringiu a lei nem
fez nada de errado. Contudo a questão crucial a
respeito da Sua vida não foi que Ele guardou a lei ou
fez o bem, e, sim, que viveu Deus e O expressou. O
viver Dele não foi no reino de guardar a lei ou de fazer
o bem. Ele viveu totalmente em outro reino, o reino
de Deus.
Você vive no reino de Deus? Podemos dizer que
vivemos no reino de Deus, mas na prática, no
dia-a-dia, podemos viver em outra esfera. Em vez de
viver no reino de Deus, podemos viver nos reinos da
lei, da ética ou da moral. Por séculos muitos irmãos
viveram nesses reinos e não no reino de Deus.
Especialmente desde o tempo de João Wesley
tem havido muita conversa entre os cristãos com
respeito à santidade. Alguns a consideram como a
perfeição sem pecado. Outros pensam que está
relacionada com as regras sobre coisas, como o estilo
das roupas. Regras como essas não estão no reino de
Deus; pertencem a outro reino, talvez o reino do bem.
Os que vivem no reino de Deus têm Deus como
sua vida e O vivem. Deus vive neles, por meio deles e
Se expressa neles. Como resultado eles têm um viver
que não expressa nada mais além do próprio Deus.
Deus é a verdadeira santidade, moralidade e ética.
Portanto ter Deus como vida e vivê-Lo é viver de
maneira mais elevada do que a moral e a ética
humana.

A VIDA QUE PRODUZ O CORPO DE CRISTO


Apenas a vida que vive Deus e O expressa produz
o Corpo de Cristo. Qualquer outro viver sempre
danifica o Corpo. Através da história, a igreja
geralmente não se dividiu por coisas malignas, mas
principalmente por coisas boas que não são o próprio
Deus. Se os cristãos se preocupassem apenas com o
próprio Deus, tê-Lo como vida e vivê-Lo, não haveria
divisão entre eles.
O motivo pelo qual não haveria divisões, se todos
nos preocupássemos apenas com o próprio Deus, é
que Deus é um. Em Efésios 4:4-6 Paulo fala de um
Corpo, um Espírito, um Senhor, e um Deus e Pai. Se
virmos a unidade em Efésios 4, saberemos como
manter a unidade do Corpo de Cristo, unidade essa
que é, de fato, o próprio Deus Triúno. Se todos
tivermos Deus como nossa santidade, justiça e tudo
para nós, não haverá divisões entre nós. Contudo, se
tivermos algo diferente de Deus, então haverá
divisões. Qualquer coisa que tivermos diferente do
próprio Deus é fator de divisão.
É a intenção de Deus em Sua restauração
trazer-nos de volta à Sua economia do Novo
Testamento. O padrão para a economia
neotestamentária de Deus é encontrado na vida do
Senhor Jesus, apresentada no Evangelho de Marcos.
Nem mesmo os escritos de Paulo nos apresentam um
padrão completo, porque pelo menos uma vez o
próprio Paulo foi desviado da economia divina.
Portanto nem mesmo Paulo é um padrão completo.
TIAGO E A PERFEIÇÃO CRISTÃ
No capítulo vinte e um de Atos, vemos uma
situação na qual Paulo foi desviado da economia
neotestamentária de Deus. Ele foi convencido por
alguns em Jerusalém a voltar à lei e cumprir alguns
de seus requisitos. Isso aconteceu depois de ter
escrito as Epístolas aos romanos e aos gálatas. Nelas
Paulo falou categoricamente contra continuar
guardando a lei à maneira do Antigo Testamento.
Depois de escrever esses livros, Paulo foi a
Jerusalém pela última vez. Atos 21:18 diz que ele foi
encontrar-se “com Tiago, e todos os presbíteros se
reuniram”. Segundo o versículo 20, eles disseram a
Paulo: “Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares
há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da
lei”. Eles haviam sido informados de que Paulo
ensinava “todos os judeus entre os gentios a
apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem
circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes
da lei” (v. 21). Então Tiago e os outros prosseguiram,
dando a Paulo o seguinte conselho: “Faze, portanto, o
que te vamos dizer: estão entre nós quatro homens
que, voluntariamente, aceitaram voto; toma-os,
purifica-te com eles e faze a despesa necessária para
que raspem a cabeça; e saberão todos que não é
verdade o que se diz a teu respeito; e que, pelo
contrário, andas também, tu mesmo, guardando a lei”
(vs. 23-24).
Atos 21:18 não diz que Paulo foi ver os
presbíteros e Tiago estava presente; diz que ele foi ver
Tiago e os presbíteros estavam presentes. Isso indica
que Tiago era a figura central na igreja em Jerusalém
e exercia forte influência.
Como será que Tiago pôde se tornar uma
influência tão forte e central entre os crentes?
Provavelmente porque era muito piedoso e enfatizava
a perfeição cristã prática. Nada atrai mais as pessoas
do que a perfeição de alguém. Até mesmo alguém tão
espiritual como Paulo não era tão atraente como
Tiago a esse respeito. Se Tiago estivesse entre nós
hoje, sem dúvida seríamos atraídos por sua perfeição
cristã.
Para ilustrar como as pessoas são atraídas pelo
que consideram perfeito, deixe-me contar algo que
Watchman Nee me contou em 1932. Ele usava o
cabelo um pouco mais comprido do que era costume
entre os chineses naquele tempo. Um dia ele me
disse: “Irmão Lee, se eu cortasse meu cabelo mais
curto, mais pessoas receberiam meu ministério”.
Como os chineses naquele tempo eram muito
conservadores, não queriam aceitar nada que
considerassem moderno. Para eles, um cavalheiro
deveria usar o cabelo bem curto. Alguns estariam
abertos para receber o ministério do irmão Nee se ele
atingisse o padrão deles de perfeição nessa questão.
Os cristãos são facilmente atraídos pelos que
parecem praticar a perfeição cristã. Por exemplo,
suponha que certo irmão seja gentil, humilde e
manso, e sempre fale de maneira bondosa e amável.
Você não seria atraído por ele? Não seria fácil ser
influenciado por ele? Eu uso isso como ilustração
para ressaltar como as pessoas são atraídas pela
perfeição.
Se virmos que a perfeição atrai as pessoas,
poderemos entender a natureza da influência de
Tiago em Jerusalém. Ele era piedoso, justo e, em
certo sentido, santo. Ele certamente tinha uma
medida de perfeição cristã prática. Contudo não
podemos ver nele a vida de alguém que vive no reino
de Deus.

AQUELE QUE VIVEU DEUS E O EXPRESSOU


Em todo o Novo Testamento só há uma pessoa
que viveu plena, total e absolutamente conforme a
economia neotestamentária de Deus, e essa pessoa foi
o Senhor Jesus.
Quando eu era jovem, ensinaram-me a tomar
Jesus como exemplo e segui-Lo. Até certo ponto
ensinei outros a fazer o mesmo. Contudo por anos eu
me perguntava como tomar Jesus como exemplo e
segui-Lo, Você sabe como tomar Jesus como
exemplo? sabe como segui-Lo? Quando perguntei a
certos mestres e pastores cristãos sobre isso,
disseram-me que o Senhor Jesus era gentil e nunca
estava irado.
Por fim descobri, lendo as Escrituras, que pelo
menos em uma ocasião, o Senhor Jesus ficou irado,
foi quando “encontrou no templo os que vendiam
bois, ovelhas e pombas, e os cambistas assentados.
Tendo feito um azorrague de cordas, expulsou a todos
do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou
o dinheiro dos cambistas e virou as mesas” (Jo
2:14-15). Isso me fez questionar o que me haviam
ensinado sobre a maneira de seguir o Senhor.
Comecei a perder a confiança no que, agora vejo, é
um entendimento e ensinamento natural sobre tomar
Jesus como exemplo.
No Evangelho de Marcos vemos que o Senhor
Jesus não teve um mero viver de moralidade humana
nem de guardar a lei; pelo contrário, teve Deus Pai
como Sua vida. Esse viver é muito superior a um viver
de guardar a lei ou de moralidade humana.
O desejo de Deus é ser expresso de nosso
interior. Ele não quer ver-nos apenas tendo um viver
moral ou de acordo com a lei. Ele quer ver a Si mesmo
expresso de nosso interior, quando O tomamos como
vida e O vivemos. Em Marcos temos o retrato de uma
vida não da lei nem meramente da moralidade, mas
Daquele que viveu Deus e O expressou.
Numa mensagem posterior veremos que, como
Aquele que viveu Deus e O expressou, o Senhor Jesus
tinha Deus Pai como Sua essência divina interior e
Deus Espírito exteriormente como Seu poder. Ele,
portanto, viveu pela essência divina Nele e pelo poder
divino sobre Ele. Isso significa que Ele viveu a vida de
Deus. Esse viver é revelado no Evangelho de Marcos.
Todo o tempo em que esteve na terra, o Senhor
Jesus viveu a vida de Deus. Nele as coisas do Antigo
Testamento tinham morrido. Sua vida era totalmente
nova, pois Ele tinha Deus Pai em Si e Deus Espírito
sobre Si. Sua vida, portanto, estava absolutamente
relacionada com o próprio Deus e era totalmente
conforme a Sua economia neotestamentária. Aleluia
por tal vida! Essa vida é a realidade, a substância e o
padrão da economia neotestamentária de Deus. É a
vida que produz os membros de Cristo para formar
Seu Corpo a fim de expressar o Deus Triúno.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E CINCO
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (4)

Leitura Bíblica: Mc 1:1, 4, 9-10


Nesta mensagem continuaremos a ver no
Evangelho de Marcos uma vida que é totalmente de
acordo com a economia neotestamentária de Deus e
para ela.
Não é tarefa fácil estudar Marcos. Visto que
podemos tomar um caminho errado ao tentar
entender esse livro, é bastante difícil estudá-lo. No
passado, muitos nos atrapalhamos no esforço de
entender esse Evangelho. Alguns o consideram mera
biografia do Senhor Jesus. Outros o consideram
simples livro de histórias a respeito de Jesus.
Naturalmente não é errado dizer que Marcos é uma
biografia ou livro de histórias. Ele é uma biografia do
Senhor e realmente contém muitas histórias a
respeito de Sua vida. Mas, se formos às profundezas
de Marcos, veremos que esse Evangelho é mais do
que biografia ou livro de histórias. Ele apresenta um
viver totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus.

PRINCÍPIO DO EVANGELHO DE JESUS


CRISTO
Nesta mensagem precisamos dar atenção
especial a I:1: “Princípio do evangelho de Jesus
Cristo, Filho de Deus”. Esse versículo não é título de
biografia nem de livro de histórias. Aqui temos três
termos principais: princípio, evangelho e Jesus
Cristo.
A palavra evangelho é usada em 1:1 de forma
nova, de forma que não tinha sido usada antes. De
Adão até Jesus Cristo não havia nada na cultura ou
civilização humana que correspondesse ao que
denota a palavra evangelho no Novo Testamento.
Tanto João 1:1 como Marcos 1:1 usam a palavra
princípio. João 1:1 diz: “No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Aqui
princípio denota eternidade passada. O uso que João
faz dessa palavra é bastante misterioso. Marcos, pelo
contrário, fala do princípio do evangelho. Marcos é
singular entre os quatro evangelhos ao iniciar com a
clara expressão “princípio do evangelho”.
Precisamos ser profundamente impressionados
com a palavra de abertura de Marcos. A frase
“princípio do evangelho” indica que esse livro não é
mera biografia de um nazareno chamado Jesus
Cristo, nem é mero livro de histórias. Mas fala a
respeito do princípio do evangelho. Pelo menos até
certo ponto, ou em certo sentido, podemos considerar
todo o livro de Marcos como o princípio do
evangelho.

A Continuação do Evangelho
Se Marcos é o princípio do evangelho, onde está a
continuação? É vista no dia de Pentecostes, quando o
Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos
escolhidos e preparados. Pedro, Tiago, João e os
demais tinham sido escolhidos por Deus e
pessoalmente chamados por Jesus Cristo. Depois de
chamados, foram preparados pelo Senhor. Nos dez
dias que antecederam Pentecostes, os cento e vinte
estiveram orando. Você sabe onde eles estavam
naqueles dias? Nos céus, na ascensão do Senhor. Eles
haviam sido introduzidos na morte, ressurreição e
ascensão de Cristo. No dia de Pentecostes receberam
o derramamento exterior do Espírito Santo. Portanto
naquele dia houve a continuação do evangelho. Assim
Marcos é o princípio do evangelho e Atos é a
continuação. Essa continuação ainda não acabou.
Isso significa que nós hoje ainda estamos na
continuação do evangelho.

O Término das Coisas Velhas


A palavra princípio em Marcos 1:1 implica o
término de muitas coisas. Considere o que estava
presente ao tempo de 1:1: cultura, as nações gentias, o
povo escolhido de Deus, a promessa, a lei, o Antigo
Testamento, o templo, o sistema de serviço
sacerdotal, a maneira adequada de adorar a Deus
segundo Suas ordenanças. Por meio disso vemos que
havia muitas coisas boas e positivas, até mesmo
várias coisas ordenadas por Deus. O Antigo
Testamento foi dado por Deus. Todas as leis,
ordenanças, rituais, formas, práticas, regras e
serviços no Antigo Testamento haviam sido
ordenados por Deus. O templo, o sacerdócio e o
sistema de adoração certamente haviam sido
sancionados por Deus. Agora, em 1:1, entre todas
essas coisas boas e positivas, lemos sobre o princípio
de algo mais: o princípio do evangelho de Jesus
Cristo.
O princípio do evangelho de Jesus Cristo implica
o término de muitas coisas que já existiam há
milhares de anos. Na verdade, esse princípio implica
o término de tudo que não é o próprio Deus. Certas
coisas aconteciam por centenas e até mesmo milhares
de anos. Agora, de repente, houve novo início, um
princípio que pôs fim a todas as coisas diferentes de
Deus.
Há muitas opiniões entre os expositores da Bíblia
a respeito do tempo do princípio do evangelho.
Alguns dizem que foi quando João Batista saiu a
ministrar. Outros dizem que foi quando Jesus
começou a pregar. E há ainda outros que afirmam
que foi no dia de Pentecostes.
Para os leitores do Novo Testamento é difícil
entender que o princípio do evangelho de Jesus
Cristo envolve o término absoluto das coisas velhas.
Ao considerar essa questão, precisamos lembrar-nos
que Marcos revela Jesus Cristo como o substituto
completo, universal e todo-inclusivo.
Considere o que aconteceu no monte da
transfiguração (9:2-13). O Senhor Jesus tomou
Pedro, Tiago e João e os levou a um alto monte. “E foi
transfigurado diante deles; as Suas vestes
tomaram-se resplandecentes, sobremodo brancas,
tais como nenhum lavandeiro na terra as poderia
alvejar” (9:23). Então Elias e Moisés apareceram a
eles (v. 4). Estando muito empolgado, até mesmo fora
de si, Pedro disse a Jesus: “Rabi, bom é estarmos
aqui; façamos três tendas: uma para Ti, outra para
Moisés e outra para Elias” (v. 5). Em certo sentido, as
palavras de Pedro eram razoáveis, pois o Senhor
Jesus e dois grandes homens do Antigo Testamento
estavam presentes no monte. Na realidade o que
Pedro disse não fazia sentido. De repente “veio uma
nuvem que os cobriu; e da nuvem saiu uma voz: Este
é o Meu Filho amado; a Ele ouvi” (v. 7). Quando os
discípulos olharam em volta: “A ninguém mais viram,
senão só a Jesus com eles” (v. 8).
Podemos dizer que tanto Moisés, que representa
a lei do Antigo Testamento, como Elias, que
representa os profetas do Antigo Testamento, foram
substituídos por Cristo. Segundo o costume judaico, o
povo de Deus considerava que o Antigo Testamento
tinha duas seções principais: a lei e os profetas. Assim
o fato de Moisés e Elias, os representantes do Antigo
Testamento, serem substituídos, na verdade, significa
que todas as coisas do Antigo Testamento foram
substituídas por Cristo.
Do lado negativo, o princípio do evangelho
significa término e esse término nos inclui. Esse
término todo-inclusivo inclui a cultura, as nações,
Israel, a lei, os profetas, as práticas e a maneira de
adoração do Antigo Testamento, o templo, o altar, o
sacerdócio e o sistema de ofertas. Agora quando
lemos Marcos 1:1 precisamos ter o entendimento de
que o princípio do evangelho significa o término das
coisas velhas.

O DEUS TRIÚNO INFUDINDO-SE EM NÓS


COMO VIDA
O capítulo um de Marcos indica que cultura,
religião, ética e esforço humano para ser moral,
santo, bíblico e vitorioso precisam ter fim. Contudo,
nos mais de dezenove séculos desde o tempo em que
o Senhor Jesus esteve na terra, a situação entre os
cristãos sempre esteve cheia desses itens. Na verdade,
na experiência dos santos tem havido muito pouco de
Cristo. Porém muitos livros foram escritos a respeito
de santidade, espiritualidade e vitória.
Não podemos negar que a Epístola de Tiago seja
um bom livro. Ela nos ajuda a ser pacientes e ter
perseverança. Tiago fala da paciência dos profetas e
da tolerância de Jó. Ele nos ensina a orar como Elias.
Os escritos de Tiago contêm uma sabedoria
semelhante à que é encontrada nos provérbios de
Salomão. Tudo isso é muito bom. Contudo para a
economia neotestamentária de Deus tudo isso precisa
ter fim e ser substituído por Cristo. Como já
enfatizamos nesta mensagem, o princípio em Marcos
1:1 implica tal término.
Se o irmão Tiago estivesse hoje conosco,
deveríamos perguntar-lhe se ele percebeu que as
coisas do Antigo Testamento deviam ter fim. Como o
presbítero líder em Jerusalém, ele dirigiu sua epístola
não à igreja nem aos santos do Novo Testamento, B
sim às doze tribos. Também nos perguntamos por
que, em sua epístola, ele não nos ensinou a orar à
maneira do Novo Testamento.
Tiago tem sido um padrão de piedade, devoção,
santidade, ética, espiritualidade e vitória. Muitos
crentes através dos séculos o tomaram como padrão
para essas coisas.
Gostaria de lhe pedir que considerasse se ainda
mantém o conceito de que, como cristão, você em si
mesmo precisa tentar melhorar, amar mais a Deus e
agir de forma que glorifique a Deus. Quando
menciono essas coisas, alguns podem dizer no
coração: “Que há de errado em tentar melhorar e
buscar amar mais a Deus e viver para a Sua glória?
Você se opõe à melhoria do caráter? Você não se
importa se os irmãos amam a Deus e O glorificam?
Você nos está ensinando a não nos importar com a
ética? Que tipo de ensinamento você promove?”.
Naturalmente, não negamos a importância de um
bom caráter e bom comportamento, tampouco
dizemos que não devemos ser éticos ou morais, ou
que não devemos amar a Deus e glorificá-Lo. No que
diz respeito ao viver humano em sociedade, todos
devemos cuidar da moralidade, ética,
comportamento e caráter. Mas o ponto crucial é que a
economia neotestamentária de Deus envolve algo
muito maior do que isso. Trata-se do Deus Triúno
infundindo-Se em nós como vida, a fim de que O
vivamos e assim nos tomemos membros do Corpo de
Cristo para Sua expressão.

AS VIRTUDES CRISTÃS COMO PRODUTO DA


VIDA DIVINA
Talvez eu consiga ilustrar a diferença entre a
ética humana e uma vida segundo a economia
neotestamentária de Deus, falando a respeito do
ensinamento de alguns missionários na China, anos
atrás. Eles disseram claramente que a Bíblia e
Confúcio ensinam a mesma coisa. Eles disseram que
ambos ensinam a honrar os pais e a submissão da
esposa ao marido, e ambos ensinam humildade,
honestidade, integridade, fidelidade e virtudes assim.
A primeira vez que ouvi isso, eu estava no ensino
fundamental. Mais tarde, como adolescente, comecei
a me perguntar: “Já que a Bíblia e Confúcio ensinam
a mesma coisa, por que foi necessário que os
missionários viessem à China? Se não há diferença
entre os ensinamentos dos dois, então não há
necessidade de que os missionários nos ensinem a
Bíblia”.
Pela misericórdia do Senhor fui salvo com
dezenove anos. Eu ainda estava intrigado com essa
questão a respeito da diferença, se é que havia, entre
os ensinamentos da Bíblia e os de Confúcio. Eu ainda
queria saber a diferença entre as virtudes humanas
ensinadas por Confúcio e as virtudes dos cristãos
ensinadas na Bíblia. Por vários anos fiquei sem saber
a diferença. Depois de estudar a Bíblia por
aproximadamente dez anos, meus olhos foram
abertos e então vi o Cristo todo-inclusivo. Comecei a
vê-Lo como o centro e a circunferência da economia
neotestamentária de Deus. Então passei a ver a
diferença entre as virtudes humanas ensinadas por
Confúcio e as virtudes cristãs ensinadas pela Bíblia.
Percebi que as virtudes ensinadas por Confúcio são o
produto do esforço humano. Elas, essencialmente,
não têm nada de Deus. Mas as virtudes cristãs
autênticas ensinadas pela Bíblia não são o resultado
do esforço humano. Pelo contrário, são o produto da
vida divina vivida pelos crentes. Além disso, estão
relacionadas essencialmente com a natureza divina.
Há grande diferença entre as virtudes humanas como
produto do esforço humano e como produto da vida e
natureza divina em nós!
Podemos ilustrar a diferença entre as virtudes
humanas ensinadas por Confúcio e as virtudes cristãs
ensinadas pela Bíblia, comparando um tijolo com
ouro. Ao examinar o tijolo não achamos nada de
errado nele, mas, se o comparamos com ouro, vemos
que há enorme diferença entre os dois.
Semelhantemente, há grande diferença entre as
virtudes humanas e as virtudes cristãs produzidas
pela vida e natureza divinas.
É trágico que a maioria dos cristãos, incluindo os
mestres cristãos, não tenha clareza da diferença entre
meras virtudes humanas e as virtudes cristãs
autênticas. As virtudes ensinadas por Confúcio e
outros filósofos são apenas humanas. Não têm nada
da essência divina; não têm nada a ver com a vida e
natureza de Deus, muito menos com o próprio Deus.
As virtudes cristãs ensinadas pela Bíblia são bem
diferentes de meras virtudes humanas. A diferença é
que a natureza das virtudes cristãs é a natureza de
Deus. A esse respeito, Pedro diz em sua segunda
Epístola que nos tomamos participantes da natureza
divina (2Pe 1:4). Portanto as virtudes cristãs não são
o produto de esforço exterior, mas de natureza
interior, a natureza divina que recebemos por meio
da regeneração. As virtudes cristãs estão relacionadas
essencialmente com a vida divina, a natureza divina e
o próprio Deus.
Humanamente falando, para o bem da
sociedade, todos devemos preocupar-nos com ética,
moral, comportamento e caráter. Com vistas ao viver
humano adequado em sociedade, devemos enfatizar
essas coisas. Contudo, com respeito a viver Deus e
expressá-Lo, meras virtudes humanas não servem
para nada; pelo contrário, tomam-se obstáculo.
Se quisermos viver Deus e expressá-Lo
precisamos ver que é necessário até mesmo que
nossas virtudes humanas naturais tenham fim. Esse
término é necessário para o princípio do evangelho de
Jesus Cristo. O princípio do evangelho implica o
término de todas as coisas que não sejam o próprio
Deus.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E SEIS
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (5)

Leitura Bíblica: Mc 1:1, 4, 9-10


Na mensagem anterior consideramos o
significado da frase “Princípio do evangelho de Jesus
Cristo” em 1:1. Vamos agora considerar a palavra
batismo no versículo 4.

TÉRMINO VISANDO NOVO PRINCÍPIO


O versículo 4 diz: “Apareceu João batizando no
deserto e pregando batismo de arrependimento para
perdão de pecados”. Aqui vemos que João saiu a
pregar o batismo de arrependimento. Batizar alguém
é sepultá-lo na água. Esse sepultamento é um
término. A melhor maneira de pôr fim a algo é
enterrá-lo. Quando aquelas pessoas que foram a João
foram batizadas, elas foram sepultadas e tiveram fim.
João Batista pregava batismo de arrependimento
para perdão de pecados. Qualquer pessoa que fosse a
João com verdadeiro arrependimento seria então
batizada por ele. Os arrependidos foram sepultados
no batismo por João.
Em 1:1 temos um princípio, e em 1:4, um
término. Sem término, não pode haver novo início.
Por que fomos batizados depois de crer no Senhor
Jesus? Para sepultar a velha vida, que inclui a nós
mesmos. Sempre que alguém se arrepende e crê no
Senhor, devemos pôr fim a sua velha vida e velho ego,
batizando-o, isto é, sepultando-o. Esse término visa a
um novo princípio.

O BATISMO DO SENHOR JESUS


Marcos 1:9 fala do batismo do Senhor Jesus: “E
aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da
Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão”. O
Senhor Jesus queria ser batizado; Ele queria ser
sepultado.
Por que o Senhor Jesus foi batizado? Embora por
um lado não houvesse Nele nada que necessitasse ser
sepultado, em especial nada velho, o Senhor, no
entanto, era um homem e como tal era parte da velha
criação. Se Ele não tivesse nada a ver com a velha
criação, como poderia ser o Salvador dela?
De acordo com João 1:1 e 14, o Verbo, que era
Deus, tomou-se carne. A palavra carne é um termo
negativo nas Escrituras. Deus não criou a carne; criou
o homem. Por que então João não diz que o Verbo
tomou-se homem? João 1:14 diz claramente, não que
o Verbo tomou-se homem, e sim tomou-se carne.
Quando Jesus saiu de Nazaré e foi até João, Ele tinha
um corpo de carne.
Com respeito a isso, Paulo foi muito cuidadoso.
Em Romanos 8:3 ele diz que Cristo veio em
semelhança de carne pecaminosa. O homem caído se
tinha tomado a carne do pecado. Mas o Senhor Jesus
tinha apenas a semelhança da carne do pecado; não
tinha pecado. Assim como a serpente de bronze
levantada no deserto para a redenção dos israelitas
caídos tinha apenas a semelhança, a forma, de
serpente, mas não sua natureza, o Senhor Jesus
também tinha apenas a semelhança da carne de
pecado, e não sua natureza.
Quando o Senhor Jesus se tomou um homem, a
humanidade havia caído. Contudo no interior Dele
não havia pecado. Embora não houvesse pecado Nele,
Sua humanidade ainda era à semelhança da carne de
pecado.
Por um lado, Ele era o Filho de Deus; tratava-se
de Sua deidade. Por outro, era o Filho do Homem;
tratava-se de Sua humanidade. Com respeito à Sua
deidade, não havia necessidade de o Senhor Jesus ser
batizado. Mas, com respeito à Sua humanidade, com
respeito ao fato de Ele ser um homem entre os
homens, havia a necessidade de ser batizado. O
Senhor Jesus como homem precisava ter fim, ser
sepultado.
Naturalmente a Bíblia não diz que, ao ser
batizado, o Senhor Jesus se arrependeu. Como Ele
não tinha nada do que se arrepender, não havia
necessidade disso. Ele não tinha pecado e nunca
pecou. Como não tinha o pecado e nem pecados, Ele
não precisava arrepender-se. Contudo Ele tinha uma
humanidade relacionada com a velha criação e por
essa razão precisava ser batizado. Em Seu batismo
Ele queria ser colocado de lado.

O ESPÍRITO SOBRE O SENHOR JESUS


Marcos 1:10 nos diz o que aconteceu quando o
Senhor Jesus saiu da água: “E imediatamente, ao
subir da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito,
como pomba, descendo sobre Ele”. Antes disso Ele já
tinha Deus Pai em Seu interior como a essência de
Seu ser. Depois do batismo, Deus Espírito desceu
sobre Ele. Portanto em Seu interior Ele tinha a
essência divina e sobre Si tinha o Espírito de Deus.
Com o Pai em Seu interior como Sua essência e com o
Espírito sobre Si como poder para Seu mover e obra,
Ele iniciou Seu ministério. Em Seu mover e obra, Ele
não era apenas moral ou ético nem era religioso. Mas
era alguém absolutamente de Deus. em todos os
lugares e todo o tempo porque Sua obra era Sua vida,
Sua vida era Seu mover e Seu mover era Sua obra.
Nele não havia diferença entre vida, obra e mover.
No Senhor Jesus, todo aspecto de Sua vida era o
mesmo. Nós, contudo, podemos dividir a vida entre
trabalho, escola, família e igreja. Podemos facilmente
dizer quantas horas trabalhamos cada dia. Mas você
consegue dizer quantas horas o Senhor Jesus
trabalhava cada dia? Qual era o tempo separado para
as refeições? O que quero ressaltar aqui é que Ele
sempre vivia, trabalhava e se movia. Sua pregação e
ensino eram parte do viver. Expulsar demônios, curar
enfermos e purificar leprosos também eram parte do
viver do Senhor Jesus. Nele não há distinção entre
vida e obra.
Podemos pensar que o Senhor Jesus foi capaz de
ter tal viver, mas nós não. Hoje todos devemos ter
uma vida de pregar, ensinar, expulsar demônios,
curar enfermos e purificar leprosos. A prática comum
de contratar pregadores para trabalhar como
profissionais não está correta de acordo com as
Escrituras. Cada crente deve ter um viver de pregar,
ensinar, expulsar demônios e curar enfermos. Se
vivermos dessa forma, aonde quer que formos, nossa
vida será nossa pregação, pois temos um viver de
pregação. Da mesma forma também teremos um
viver de expulsar demônios. Muitos são indulgentes
com certas coisas malignas e mundanas porque
foram possuídos por demônios.
Eis o que quero dizer ao falar sobre isso: o
Senhor Jesus viveu uma vida de Deus, e é uma vida de
pregar, ensinar, expulsar demônios, curar enfermos e
purificar leprosos. Não é um viver de cultura, religião,
filosofia ou mera ética ou moral. A vida de Deus
espontaneamente prega, ensina, expulsa demônios,
cura e purifica. Se todos vivermos dessa forma, a
situação em nossa cidade será diferente após certo
tempo. Contudo o que enfatizamos é a vida em si, a
vida de Deus totalmente de acordo com a Sua
economia neotestarnentária e para ela.

O RESULTADO DE VIVER DE ACORDO COM


A ECONOMIA DE DEUS
Vimos que o conteúdo do serviço evangélico do
Senhor inclui pregar o evangelho, ensinar a verdade,
expulsar demônios, curar enfermos, e purificar
leprosos. Em 2:1-3:6 vemos as formas de levar a cabo
o serviço evangélico: perdoar pecados (2:1-12),
festejar com pecadores (2:13-17), fazer com que Seus
seguidores se alegrassem sem ter de jejuar (2:18-22),
importar-se antes com a fome de Seus seguidores do
que com os preceitos da religião (2:23-28),
importar-se antes com o alívio do que sofre do que
com os ritos da religião (3:1-6). Todos esses itens
deveriam ser encontrados em nosso viver como
cristãos hoje. Se você vive a vida de Deus, após certo
tempo alguns colegas seus podem experimentar o
perdão dos pecados. Então irão desfrutar o Senhor
como festa, tendo-O como justiça para se cobrir e
vida para se encher e estar satisfeitos. Então terão
liberdade. Antes de você contatá-los, eles estavam
debaixo da condenação e não tinham verdadeira
alegria, satisfação nem liberdade. Mas como
resultado de sua pregação do evangelho, não por
meio de meras palavras, mas pela vida, a verdade
brilha neles e eles têm o perdão dos pecados. Esse é o
resultado de vi ver totalmente de acordo com a
economia neotestarnentária de Deus.
Uma vida totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela é bem diferente
da religião, que enfatiza o esforço humano. A
economia de Deus é totalmente questão de vida.

ASPECTOS DE UMA VIDA DE ACORDO COM


DEUS
Em 3:7-35 temos cinco atos auxiliares para o
serviço evangélico: escapar da pressão da multidão
(vs. 7-12), designar os apóstolos para pregar (vs.
13-19), deixar de comer por causa da necessidade
urgente (vs. 20-21), amarrar Satanás e saquear-lhe a
casa por meio do Espírito Santo (vs. 22-30) e não
permanecer no relacionamento da vida natural, e sim
no da vida espiritual (vs. 31-35). Se vivermos de
acordo com a economia neotestamentária de Deus,
nos manteremos afastados da multidão e então
oraremos a fim de conhecer a vontade de Deus a
respeito dos outros viverem da maneira como
vivemos. Além disso, iremos importar-nos com a
necessidade de Deus, e não com nosso comer.
Também iremos amarrar o inimigo e saquear-lhe a
casa. Ao mesmo tempo, negaremos o relacionamento
natural e permaneceremos no da vida espiritual.
Todos esses não são aspectos de um viver ético,
moral, religioso ou cultural, mas de uma vida que é de
Deus e de acordo com Deus. Essa vida está fora da
religião, cultura, e ética. É um viver que expressa
Deus como tudo.
Precisamos ser impressionados com o fato de
que o Evangelho de Marcos não é mero livro de
histórias nem biografia; é um livro que apresenta a
vida divina, uma vida que vive Deus e O expressa. É
uma vida totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E SETE
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (6)

Leitura Bíblica: Mc 1:14-15; 4:3, 26, 29; 1Pe 1:23; 1Jo


3:9; 1Co 3:9; Ap 14:14-16
Nesta mensagem vamos considerar um assunto
muito misterioso. Um mistério é algo que não se pode
entender facilmente. O mistério que iremos
considerar nesta mensagem é o do Senhor Jesus
como Semeador, semente e reino. Esses três itens são
todos parte de uma Pessoa maravilhosa e
todo-inclusiva: o Senhor Jesus Cristo. Como veremos,
no Evangelho de Marcos o Semeador é uma pessoa, a
semente é uma pessoa e o reino é uma pessoa.

A VIDA E OBRA DO SENHOR


Em Lucas 17:20 o Senhor Jesus foi “interrogado
pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus”.
Em Sua resposta Ele lhes disse: “O reino de Deus não
vem de modo observável. Nem dirão; Ei-lo aqui! ou
ei-lo ali! porque eis que o reino de Deus está no meio
de vós”. Considerando esses versículos juntamente
com Lucas 17:22-24, fica provado que o reino de Deus
é o próprio Salvador, que estava entre os fariseus
quando Lhe fizeram essa pergunta. Como o próprio
Senhor é o reino, onde quer que Ele esteja, ali está o
reino de Deus.
Depois que o Senhor Jesus foi batizado, o
Espírito desceu sobre Ele. Então Ele saiu em Seu
mover para trabalhar e ministrar. Vimos que quanto a
Ele, não havia diferença entre vida e obra. Sua vida
era Sua obra, e Sua obra era Sua vida. Podemos dizer
que Ele vivia a obra; Ele vivia um ministério. O
Senhor tinha um viver de pregar, ensinar, expulsar
demônios, curar enfermos e purificar leprosos. Nele
só havia uma coisa: Sua vida, que era Sua obra, mover
e ministério. Tudo o que fazia, tudo o que falava e
todo lugar aonde fosse eram parte de Sua vida.
Enquanto se movia na terra, tendo um viver de
Deus, o Senhor Jesus pregou o evangelho aos
miseráveis, ensinou a verdade aos que estavam nas
trevas, expulsou demônios dos que estavam
possuídos, curou enfermos e purificou leprosos. Isso
está retratado no capítulo um de Marcos. Então em
Marcos 2 e 3 vemos que Ele introduziu as pessoas no
perdão dos pecados e no festejar alegre, tendo Ele
mesmo como justiça para cobri-las exteriormente e
como vida para enchê-las interiormente. Então Ele se
tomou a satisfação e liberação deles.

UM HOMEM QUE FALA V A NO SANTO DOS


SANTOS
No capítulo quatro de Marcos o Senhor Jesus foi
à beira-mar. Marcos 4:1 diz: “De novo começou Jesus
a ensinar junto ao mar. E reuniu-se a Ele
numerosíssima multidão, de modo que entrou num
barco e nele se assentou, no mar; e toda a multidão
estava em terra, de frente para o mar”. Aqui o barco
representa a igreja, a terra representa a nação
judaica, e o mar, os gentios.
Para o Senhor Jesus o barco em Marcos 4
tomou-se Seu Santo dos Santos. Quando alguns
ouvem isso, talvez digam: “Como você pode dizer que
um barco se tomou o Santo dos Santos para o Senhor
Jesus? O Santo dos Santos tem de estar no templo”. A
isso eu responderia que, se um lugar é ou não o Santo
dos Santos, não depende do lugar em si; mas de Deus.
Se Deus está em determinado lugar, ali é o Santo dos
Santos. Isso significa que, uma vez que o Senhor
Jesus é o próprio Deus, o barco, de onde falava em
Marcos 4, era o Santo dos Santos. Quando Ele falava
do barco, na verdade era Deus que falava. No Antigo
Testamento Deus falava no Santo dos Santos, do
propiciatório. No tempo de Marcos 4, tal Santo dos
Santos já fora abandonado por Deus e o novo Santo
dos Santos era o barco onde estava o Senhor Jesus.
Se você não acredita nisso, pode ser indicação de
que você ainda não teve fim. Se você teve fim, verá
que em Marcos 4 os discípulos estavam com o Senhor
Jesus no barco que era o Santo dos Santos.
Lembre-se, Aquele que estava nesse barco falando a
palavra era, na verdade, o próprio Deus. O Deus que
antes falava no Santo dos Santos falava agora no
barco. Nesse Santo dos Santos, um Homem falava, e
esse Homem era o Deus que fala.

O SENHOR LANÇA A SEMENTE


Vimos que em Seu serviço evangélico, o Senhor
Jesus pregava, ensinava, expulsava demônios, curava
enfermos, purificava leprosos e introduzia os que Ele
tocava no perdão dos pecados e numa condição de
festejar com Ele, com alegria, satisfação e liberdade.
Pode ser que os que O tocavam se perguntassem o
que, na verdade, lhes teria acontecido. No capítulo
quatro temos uma definição do que o Senhor Jesus
fazia nos capítulos um a três.
Em 4:1, depois de ministrar nos três capítulos
anteriores, o Senhor Jesus entrou num barco e
ensinou ao povo “muitas coisas” “em parábolas” (v.
2). A primeira foi a parábola do semeador (4:1-20),
que começa com as palavras: “Eis que o semeador
saiu a semear” (v. 3). Isso indica que nos três
primeiros capítulos de Marcos tudo o que o Senhor
fazia era semear. Por exemplo, em 1:14-20 Ele pregou
o evangelho dizendo: “O tempo está cumprido e o
reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede
no evangelho” (v. 15). Como o Senhor pregava o
evangelho, pode ser que O consideremos apenas um
pregador. Mas a parábola do semeador indica que Ele
era um Semeador. Isso quer dizer que ao pregar o
evangelho Ele não era só um pregador, mas também
um Semeador. Há grande diferença entre semeador e
pregador. Aparentemente o Senhor Jesus era um
pregador; na verdade, era um Semeador.
A situação é a mesma quanto a ensinar a
verdade, expulsar demônios, curar enfermos e
purificar leprosos. Aparentemente o Senhor era um
mestre, na verdade Ele era um Semeador. Da mesma
forma, aparentemente era Alguém que expulsava
demônios, curava doentes e purificava leprosos. Mas,
ao fazer todas essas coisas, Ele na verdade era um
Semeador. Quando pregava o evangelho, ensinava a
verdade, expulsava demônios, curava enfermos e
purificava leprosos, Ele era um Semeador plantando
a semente.

UMA VIDA DE SEMEAR


Marcos 4 revela que a vida que vive de acordo
com a economia neotestarnentária de Deus é uma
vida que semeia. O Senhor Jesus como Semeador
semeou a Si mesmo como semente nas pessoas por
Ele tocadas. Podemos tomar o caso da cura da sogra
de Pedro como ilustração. Quando foi a ela, Ele a
curou. A esse respeito 1:31 diz: “Então,
aproximando-se e tomando-a pela mão, levantou-a; e
a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los”. Você acha
que aqui o Senhor não fez nada mais além de curar?
Por certo, Ele fez muito mais. Aquela cura foi na
verdade um semear. Quando Ele a curou, algo Dele
mesmo foi semeado nela. Naturalmente, naquele
momento ela por certo não estava consciente de que
algo fora semeado nela. Contudo é um fato, uma
realidade, que algo que saiu do Salvador Semeador
fora infundido nela.
O Senhor também semeava quando tocou o
leproso e o curou (1:40-45). O leproso disse ao
Senhor: “Se quiseres, podes purificar-me” (v. 40).
Compadecido, o Senhor o tocou e lhe disse: “Quero,
fica limpo! E imediatamente foi-se-lhe a lepra, e ficou
limpo” (vs. 41-42). Quando Ele tocou o leproso e o
purificou, você não crê que algo Dele foi semeado
naquele que foi purificado? Enquanto purificava o
leproso, Ele Se semeava nele.
Provavelmente o leproso purificado e a sogra de
Pedro não estavam conscientes de que algo fora
semeado neles pelo Senhor. Contudo grande
mudança aconteceu em seu ser. Depois de curada, a
sogra de Pedro serviu e, depois de curado, o leproso
se movia de forma diferente. Isso indica que algo do
Senhor fora semeado neles, embora não tivessem
conscientes disso e não pudessem explicar o que
acontecera. No capítulo quatro de Marcos, o Senhor
revela que o que foi infundido naqueles com os quais
tinha entrado em contato era a semente plantada
neles por Ele mesmo como Semeador. O Semeador,
portanto, é a Pessoa maravilhosa do Senhor Jesus.

A SEMENTE DO REINO
Na parábola do semeador não há menção do
reino de Deus. Mas na parábola da semente
(4:26-29), o Senhor Jesus fala claramente do reino.
No versículo 26 Ele diz: “O reino de Deus é assim
como se um homem lançasse a semente à terra”. Isso
revela que o reino de Deus é uma semente.
Você conhece algum escrito cristão que diga que
o reino de Deus é uma semente? A maioria dos
mestres da Bíblia, ao estudar o reino de Deus, diriam
que ele é uma dispensação para Deus exercitar Seu
governo ou uma esfera para exercitar Sua autoridade
a fim se cumprir Seu propósito. Alguns dizem que o
reino de Deus primeiramente estava com os filhos de
Israel, contudo, quando os judeus rejeitaram o
Senhor Jesus, dizem eles, o reino foi suspenso até a
era vindoura, a era do reino. Além disso, esses
mestres dizem que a era atual não é a era do reino,
mas apenas da igreja. Dizem que a era vindoura, a era
do milênio, será a era do reino, seguida pelo reino
eterno, no novo céu e nova terra. Embora eu não diga
que ensinamentos como esses não têm base nas
Escrituras, gostaria de chamar sua atenção para o
fato de que isso não é o que é ensinado com respeito
ao reino em 4:26-29. Aqui a palavra do Senhor revela
que o reino de Deus é uma semente.

O EVANGELHO E O REINO
O Evangelho de Marcos começa com estas
palavras: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo,
Filho de Deus”. Que é o evangelho? Talvez você diga
que são as boas-novas, as boas notícias. Isso,
naturalmente, está correto. Mas que são as
boas-novas? Quando jovem, ensinaram-me que as
boas-novas é o que está em João 3:16: “Porque Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna”. Não há dúvida de que isso
certamente são boas-novas. Contudo em Marcos não
lemos nada sobre Deus amando o mundo. Em vez
disso, 1:1 fala do princípio do evangelho de Jesus
Cristo. Então é-nos dito em 1:14 que o Senhor Jesus
foi à Galiléia pregando o evangelho de Deus. Em Sua
pregação Ele declarava: “Arrependei-vos e crede no
evangelho”. Não há nenhuma palavra aqui a dizer que
Ele pregava a respeito do amor de Deus ou que tenha
dito que chegara o tempo de crer Nele para ter a vida
eterna. Em 1:15 o Senhor Jesus disse que o tempo
estava cumprido e que o reino de Deus estava
próximo. Assim precisamos arrepender-nos e crer no
evangelho.
Se lermos 1:14 e 15 com cuidado, perceberemos
que o evangelho é, na verdade, o reino de Deus. O
versículo 14 diz que o Senhor Jesus pregava o
evangelho de Deus, e o versículo 15 diz que Ele
declarou que o reino de Deus estava próximo. Como o
reino de Deus estava próximo, as pessoas deviam
arrepender-se e crer no evangelho. Aqui vemos que o
evangelho e o reino de Deus são sinônimos. O reino é
o evangelho, e o evangelho é o reino.
Se o reino de Deus fosse apenas uma esfera para
Deus exercer autoridade ou uma dispensação para
Ele administrar Seu governo, não é plausível que tal
reino pudesse ser um evangelho para nós. Mas em
Marcos é revelado que o reino de Deus é o evangelho.
Quando o Senhor Jesus pregava o evangelho de Deus,
pregava o reino de Deus.

DEFINIÇÃO DO REINO
Que é o reino de Deus? Rigorosamente falando, o
reino de Deus é uma Pessoa, e essa Pessoa é o Filho
de Deus encarnado como Filho do Homem cujo nome
é Jesus Cristo. Primeiro, essa Pessoa maravilhosa
veio como o Semeador. Segundo, Ele é a semente
plantada por Ele mesmo como o Semeador. Quando o
Semeador planta a semente em nós, isso é o reino.
Podemos dizer que, de acordo com 1 Coríntios 3:9, o
reino de Deus é Sua lavoura. Portanto o reino é o
Semeador plantando a semente nos seres humanos.
Hoje esse reino é a lavoura de Deus, e essa lavoura é a
vida adequada da igreja.
Que cresce na lavoura de Deus? É Cristo. Esse é o
conceito, não apenas do Evangelho de Marcos, mas
também de outros livros do Novo Testamento. Por
exemplo, na sua primeira Epístola, Pedro diz: “Pois
fostes regenerados não de semente corruptível, mas
de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual
vive e é permanente” (1Pe 1:23). Aqui vemos que
nascemos de Deus porque temos a semente de Deus
em nós.
No último livro do Novo Testamento, Apocalipse,
temos a colheita da semente plantada nos
Evangelhos. Nos Evangelhos o Senhor Jesus era o
Semeador, mas em Apocalipse 14 Ele virá como o
Segador. O que foi plantado nos Evangelhos cresce
nas Epístolas e por fim irá amadurecer em Apocalipse
14, e haverá a colheita. Considere Apocalipse
14:14-15: “Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado
sobre a nuvem um semelhante a filho de homem,
tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma
foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando
em grande voz para aquele que se achava sentado
sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a
hora de ceifar, visto que a seara da terra já
amadureceu!”. Essa colheita será o agregado dos
crentes maduros. Por fim, eles serão reis com o
Senhor Jesus.
Já enfatizamos que no Evangelho de Marcos
vemos uma vida segundo a economia
neotestamentária de Deus. Tudo o que o Senhor
Jesus fazia ao pregar, ensinar, expulsar demônios,
curar enfermos e purificar leprosos era de acordo com
a economia neotestamentária de Deus. Agora no
capítulo quatro de Marcos vemos que essa vida é uma
vida que semeia. A vida que é de acordo com a
economia neotestamentária de Deus e para ela é uma
vida de semear.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E OITO
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (7)

Leitura Bíblica: Mc 1:1, 14-15; 4:1-20, 26-29


No Evangelho de Marcos vemos uma Pessoa a
viver segundo a economia neotestamentária de Deus.
Esse livro não revela outra coisa a não ser o Senhor
Jesus como essa Pessoa maravilhosa.

QUESTÕES QUE OCUPAM A NOSSA


ATENÇÃO
Citaremos a seguir uma série de itens que têm
ocupado a atenção das pessoas através da história:
cultura, religião, ética, moral, aperfeiçoamento do
caráter, filosofia, ser bíblico, espiritual, santo e
vitorioso. Esses dez itens abrangem os pensamentos,
idéias e conceitos de todos, incluindo gentios, judeus
e cristãos. Pessoas em todos os lugares têm a mente
ocupada com cultura, religião, ética, moral, melhoria
do caráter e filosofia. Além disso, os cristãos podem
estar ocupados em ser bíblicos, espirituais, santos e
vitoriosos. Muitos livros foram escritos por mestres
cristãos a respeito de como se pode ser bíblico,
espiritual, santo e vitorioso.
De acordo com o Evangelho de Marcos, o Senhor
Jesus não ensinou cultura, religião, ética, moral,
melhoria do caráter ou filosofia. Tampouco ajudou as
pessoas a ser mais bíblicas, espirituais, santas e
vitoriosas. Como ressaltamos em mensagem anterior,
o Senhor Jesus não vivia no reino da lei nem no da
ética; vivia totalmente em outra esfera: o reino de
Deus.

O SEMEADOR PLANTA A SI MESMO COMO


SEMENTE DE VIDA
Como Aquele que vivia no reino de Deus, como é
que o Senhor Jesus vivia? que fazia? No capítulo
quatro de Marcos vemos que Ele era um Semeador e
plantou a Si mesmo como semente nas pessoas. Em
especial, plantou-Se em Pedro e nos outros
discípulos.
Não era fácil o Senhor Jesus semear-Se nos seres
humanos. Semear na terra é fácil, mas para o Senhor
plantar a semente viva nas pessoas era difícil. Essa
dificuldade pode ser ilustrada pela dificuldade que
muitas vezes os pais encontram em dar remédio aos
filhos doentes. Como a criança às vezes resiste
fortemente, os pais têm de segurá-la e abrir-lhe a
boca, a fim de conseguir dar-lhe o remédio. De forma
semelhante, o Senhor Jesus talvez tivesse de usar
anjos como ajudantes para semear-Se em nós. Pode
ter sido necessário que passássemos por urna
situação difícil antes que nos abríssemos a Ele para
recebê-Lo como semente divina. Louvado seja o
Senhor, porque apesar da dificuldade Ele foi semeado
em nós 1
O Evangelho de Marcos nos mostra o Senhor
Jesus a viver e trabalhar para semear-Se nas pessoas.
Marcos não é um livro sobre cultura, religião, ética,
moral, melhoria do caráter ou filosofia. Também não
é um livro que nos ensina a ser bíblicos, espirituais,
santos e vitoriosos. Antes, é um livro que nos
apresenta o Semeador plantando-Se em nós como
semente da vida que vive segundo a economia
neotestamentária de Deus.
Talvez até os pensamentos dos santos na
restauração do Senhor estejam ocupados com como
ser bíblico, espiritual, santo e vitorioso. Você não
quer ser santo? não quer ser espiritual e vitorioso? Os
livros escritos pelos cristãos enfatizando a
necessidade de ser santo, espiritual e vitorioso podem
citar versículos da Bíblia para sustentar seus
ensinamentos. Contudo Marcos nem toca nesse
campo. Esse Evangelho não nos ensina a ser santos,
espirituais e vitoriosos, antes, apresenta o Senhor
como Aquele que Se semeia nos discípulos.
Os seguidores íntimos do Senhor ficaram três
anos e meio com Ele, nos quais Ele deve ter-lhes
ensinado muitas coisas. É surpreendente que em
Marcos não encontremos nenhuma pista a respeito
disso. Nesse livro vemos que o Senhor Jesus
continuamente Se semeava em Pedro e nos outros
discípulos. No capítulo um, Ele viu Pedro e seu irmão
André pescando. Ele os chamou e, atraídos por Ele,
eles deixaram tudo e O seguiram (vs. 16-18). Pode ser
que o semear do Senhor em Pedro tenha começado
naquele momento.

O SENHOR SE SEMEOU EM PEDRO


Quando Pedro foi salvo? Eis urna pergunta difícil
de responder. Será que foi salvo ao ser chamado no
capítulo um de Marcos? Se você disser que ele não foi
salvo ali, eu pergunto: “Como é que Pedro podia ser
chamado se ainda não fora salvo? A Bíblia revela que,
uma vez chamados, somos salvos”. Contudo, se
dissermos que Pedro foi salvo quando foi chamado
em Marcos 1, podemos perguntar-nos por que ele não
mostrou nenhum sinal de ser alguém salvo. Pedro era
egoísta e natural. Ele sempre estava em si mesmo,
sem nenhum indício de ter. sido salvo.
Talvez Pedro tenha sido salvo quando sua sogra
foi curada, ou quando declarou que Jesus é o Cristo,
ou quando viu o Senhor transfigurado no monte. Mas
em nenhuma dessas situações Pedro dá alguma
mostra de ser um salvo.
Ele disse ao Senhor Jesus que mesmo que os
outros O negassem, ele nunca O negaria (14:29, 31).
Isso pode ser um sinal de que fosse salvo então.
Contudo logo em seguida negou o Senhor três vezes.
Depois saiu e chorou (14:72). Talvez tenha sido salvo
nessa ocasião. É realmente difícil determinar quando
Pedro foi salvo.
Houve longo tempo de semeadura do capítulo
um de Marcos até o tempo em que o Senhor Jesus em
ressurreição foi aos discípulos, soprou neles e lhes
disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20:22). Creio
que a semeadura do Senhor em Pedro iniciou em
Marcos 1 quando o Senhor o chamou e ele O seguiu.
Essa semeadura continuou até que o Cristo ressurreto
soprou nos discípulos reunidos num aposento
fechado. Creio que a semeadura do Senhor se
completou aí. Prova disso é que no capítulo um de
Atos Pedro é alguém diferente. Não é mais natural.
Em Atos 1 ele realmente traz sinais de ter sido salvo
pelo Senhor. O que quero enfatizar aqui é que o
Senhor Jesus, como o Semeador, passou por longo
processo para semear-Se em Pedro e nos outros
discípulos.
Em sua experiência, não levou tempo antes que o
Senhor Se semeasse em você? Ao fazer essa pergunta
não estou me referindo à salvação, regeneração,
justificação ou reconciliação do ponto de vista
doutrinário. Falo da experiência do desfrute da
salvação de Deus. Alguns podem pensar que o fato de
o Senhor ter levado três anos e meio para Se semear
em Pedro por completo foi muito tempo. Contudo
para o Senhor não é muito, pois para Ele, mil anos
são como um dia (2Pe 3:8).
Em vez de enfatizar o ensino e o treinamento do
Senhor para os discípulos, Marcos nos dá uma visão
clara de como Ele realizava a obra de semear-Se
neles. Do capítulo um ao dezesseis, o Senhor planta a
semente na “terra” dos discípulos. Ele até mesmo
levava essa “terra” Consigo, aonde quer que Ele fosse,
sempre Se semeando nela.

CRISTO EM NÓS
O ponto crucial é que a economia
neotestamentária de Deus não é questão de melhorar
nossa cultura, religião, ética, moral, caráter ou
filosofia. Nem é mera questão de nos ajudar a ser
mais bíblicos, espirituais, santos e vitoriosos; antes,
trata-se de Deus semear-Se em nós a fim de que
tenhamos um viver segundo Sua economia.
Por acaso o fato de que Deus, em Sua economia,
semeia em você uma Pessoa maravilhosa, Jesus
Cristo o Filho de Deus, é mera doutrina para você? O
Senhor, porventura, não é uma Pessoa real e viva em
você? Alguns cristãos se opõem ao fato de que Jesus
Cristo realmente habita nos crentes. Afirmam que Ele
está nos céus e é representado em nós pelo Espírito
Santo. Mas, pela Palavra de Deus e pela nossa
experiência, sabemos que Ele não está apenas nos
céus, mas também em nós. Ele habita em nós como a
vida que vive segundo a economia neotestamentária
de Deus.

O ENFOQUE DA MARAVILHOSA PESSOA DE


CRISTO
Se tivermos essa visão, ela nos controlará e nos
livrará da cultura, religião, ética e outros itens que
nos podem distrair da economia de Deus. Levou
bastante tempo para o Senhor me resgatar dessas
coisas, principalmente da preocupação em ser
espiritual, santo e vitorioso. Creio que muitos entre
nós ainda aspiram ser bíblicos, espirituais, santos e
vitoriosos. Talvez hoje mesmo você tenha orado: “Ó
Senhor, dá-me um dia vitorioso. Ontem, Senhor, não
fui vitorioso. Peço-Te que hoje eu seja vitorioso”.
Enquanto nós, que buscamos o Senhor, não formos
resgatados dessas coisas, seremos impedidos de
experimentar a maravilhosa Pessoa de Cristo e
desfrutar a vida que é absolutamente segundo a
economia neotestamentária de Deus.
Freqüentemente nas cerimônias de casamento, o
pastor, baseado em Efésios 5, exorta a mulher a se
submeter ao marido e o marido a amar a mulher. Não
conheço ninguém que tenha tido sucesso em cumprir
essa exortação. Qual é o marido que pode dizer que é
capaz, em si mesmo, de amar a mulher como Cristo
amou a igreja, e qual mulher pode dizer que é
totalmente submissa ao marido? A economia de Deus
não é que o marido tente amar a mulher e que a
mulher se esforce para se submeter ao marido.
Gostaríamos de enfatizar que a economia de Deus é
semear Jesus Cristo em nosso ser. Quando Cristo vive
num irmão casado segundo a economia
neotestamentária de Deus, não haverá necessidade de
ele tentar amar a esposa, pois irá amá-la
espontaneamente. Da mesma forma, se Cristo vive
numa irmã casada, ela automaticamente se
submeterá ao marido. A questão vital é ser cheio de
Cristo.
Os dez itens mencionados anteriormente nesta
mensagem podem ser divididos em dois grupos:
cultura, religião, ética, moral, melhoria de caráter e
filosofia são de um tipo; e ser espiritual, bíblico, santo
e vitorioso são de outro. A maioria dos cristãos hoje
está em um desses dois grupos. Assim o meu encargo
é mostrar a saída de ambos e a entrada em outro
item: o Filho de Deus, Jesus Cristo. Quando nos
concentramos nesse item, estamos no reino de Deus.
A título de ilustração, vou contar-lhe a respeito
de uma irmã que tentou muito submeter-se ao
marido. Preocupada com o fato de que não conseguia
submeter-se, ela falou comigo. Eu a encorajei a
desistir de tentar submeter-se e voltar a atenção a
Cristo. Falei com ela a esse respeito duas ou três
vezes, mas ela ainda não recebera nenhuma ajuda. A
última vez que falamos sobre isso, eu lhe disse: “Você
precisa abandonar a idéia de se submeter ao marido e
prestar atenção a Cristo. Você precisa louvar o
Senhor”. Ela me perguntou como é que podia louvar o
Senhor, uma vez que estava derrotada em seus
esforços de se submeter ao marido. Disse a ela que o
louvor deveria vir primeiro, e a vitória depois.
Contudo o conceito dela era que a vitória deveria vir
antes do louvor. Continuei falando-lhe a respeito de
Cristo ser o Salvador dela nessa questão. Por fim, a
luz brilhou e ela foi ajudada a se concentrar em
Cristo, e não na submissão.
VIVER SEGUNDO A ECONOMIA DE DEUS
Muitos irmãos ainda estão preocupados em ser
espirituais, bíblicos, santos e vitoriosos. Como vimos,
essas coisas não são a economia de Deus. A economia
de Deus é semear em nós uma Pessoa real, viva e
presente. Essa é a razão pela qual o Novo Testamento
nos diz que, por meio da ressurreição, o Senhor Jesus
se tomou o Espírito que dá vida (1Co 15:45). Como
Semeador, Cristo semeou-Se como Espírito que dá
vida em nós. O Espírito que dá vida em nós é a
semente plantada em nosso ser.
Vimos recentemente que Marcos apresenta uma
vida que é totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela. Não se trata de
cultura, religião, ética, moral, melhoria do caráter ou
filosofia humana. Essa vida também não é somente
ser bíblico, espiritual, santo e vitorioso. Creio que os
irmãos na restauração do Senhor terão esse viver e
nas reuniões irão dar testemunho a esse respeito.
Precisamos ser impressionados com o fato de
que em Sua economia Deus não se importa com nada,
a não ser com Jesus Cristo. A economia
neotestamentária de Deus é semear essa Pessoa em
nosso ser, a fim de que tenhamos um vi ver
totalmente de acordo com tal economia. Louvado seja
o Senhor, porque a Pessoa viva de Cristo foi semeada
em nós! Agora podemos viver de acordo com a
economia neotestamentária de Deus. Que todos
oremos com respeito a essa vida e tenhamos mais
comunhão a esse respeito!
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM CINQÜENTA E NOVE
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (8)

Leitura Bíblica: Mc 8:27-31; 9:30-31; 10:32-34; 10


20:31; 2Co 1:21-22; Gl 2:20
O Evangelho de Marcos é urna biografia de
alguém que viveu de acordo com a economia
neotestamentária de Deus. A fim de entender essa
biografia, precisamos perceber que cada evento
registrado nela é significativo. Agradecemos ao
Senhor que o restante do Novo Testamento,
especialmente as Epístolas de Paulo, nos ajudam a
interpretar os detalhes da biografia do Senhor em
Marcos. As mensagens dadas nos Estudos-Vida das
Epístolas de Paulo também nos ajudarão a entender o
significado do Evangelho de Marcos, como biografia
de urna vida totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.
Em mensagem anterior ressaltamos que no
capítulo oito de Marcos temos urna revelação de
Cristo, com Sua morte e ressurreição. As Epístolas de
Paulo também enfatizam Cristo e Sua morte e
ressurreição. Na verdade, um versículo, Filipenses
3:10, abrange os três: “Para o conhecer, e o poder da
sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos,
conformando-me com ele na sua morte”. Aqui vemos
a Pessoa de Cristo e também Sua morte e
ressurreição.
Nas últimas mensagens abordamos os primeiros
quatro capítulos de Marcos. Vimos que quando o
Senhor Jesus foi batizado, o Espírito de Deus desceu
sobre Ele. Daí em diante, como registram os capítulos
um e dois, Ele teve um viver de pregar o evangelho,
ensinar a verdade, expulsar demônios, curar
enfermos e purificar leprosos. Ele trouxe perdão às
pessoas e também as introduziu no desfrute Dele
mesmo como justiça exteriormente e vida
interiormente. Além disso, Ele as introduziu em Sua
satisfação e liberação. Além disso, Ele viveu sendo um
com Deus, amarrando o inimigo de Deus, e negando o
relacionamento natural e permanecendo no
relacionamento da vida espiritual.
No capítulo quatro, o Senhor revela o significado
de Seu viver nos três capítulos anteriores. O
significado de Seu viver é que Ele é o Semeador,
plantando a Si mesmo como semente nas pessoas. Ele
Se semeou nos que foram por Ele tocados. Semeando
a Si mesmo como semente nos outros, um reino foi
trazido à existência. Esse reino irá crescer,
desenvolver-se e amadurecer resultando numa
colheita.

QUATRO CASOS DE CURA


Nos capítulos um a três de Marcos há quatro
casos de cura: a cura da sogra de Pedro, que estava
acamada com febre (1:30-31); a purificação do
leproso (1:40-45); a cura do paralítico que foi
carregado até o Senhor (2:1-12); e a cura do homem
com a mão ressequida (3:1-6). Esses casos descrevem
nossa situação espiritual antes de ser salvos. Éramos
os que estavam enfermos com febre, cuja
“temperatura” estava anormalmente alta. Hoje todo
ser humano tem febre. Antes de ser salvos também
éramos leprosos: impuros e contaminados ao
extremo. Como pessoas não salvas, éramos também
paralíticos. Com respeito a Deus estávamos
totalmente paralisados. Por isso éramos incapazes de
fazer qualquer coisa para Ele. Como paralíticos, não
conseguíamos caminhar. Também tínhamos uma
mão ressequida. Portanto éramos enfermos com
febre, leprosos contaminados, paralíticos incapazes
de caminhar e com uma mão ressequida, incapazes
de trabalhar. Embora esses sejam casos separados em
Marcos, espiritualmente falando, descrevem a
condição de todo ser humano. Assim, retratam a
situação de cada pessoa.

PEDRO COMO NOSSO REPRESENTANTE


Você já havia percebido que em Marcos há
alguém que é nosso representante? Quem nos
representa é Pedro. Segundo o registro de Marcos,
Pedro foi o primeiro a ser chamado pelo Senhor.
Depois de chamado, ele sempre assumia a liderança.
Até mesmo liderou quanto a negar o Senhor.
Podemos até dizer que, em certo sentido, ele foi
crucificado antes do Senhor. Então, depois da
ressurreição do Senhor, o nome de Pedro foi
mencionado pelo anjo: “Mas ide, dizei aos Seus
discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para
a Galiléia” (16:7).
Como em Marcos Pedro é nosso representante,
todos os casos descritos nesse livro podem ser vistos
como um conjunto e receber o nome de Pedro. É
significativo que o primeiro caso de cura nesse
Evangelho tenha sido a da sogra de Pedro. No sentido
espiritual, todos os casos nesse livro estão
relacionados com Pedro. Isso significa que Pedro
estava enfermo com febre e era o cego Bartimeu às
portas de Jericó. Ele precisava ser curado da febre e
da cegueira.

AS CURAS DE ÓRGÃOS ESPECÍFICOS


OS quatro casos de cura nos capítulos um a três
são todos da mesma categoria, 'a cura geral. Depois
do capítulo quatro, o Senhor Jesus leva a cabo mais
curas, mas de órgãos específicos: audição, fala e
visão. Para. contatar outros precisamos desses
órgãos. Se formos surdos, mudos e cegos, que contato
podemos ter com outros? Não podemos ter nenhum
contato, pois somos incapazes de ouvir, falar e ver.
Como nosso representante, Pedro foi curado da febre,
lepra, paralisia e mão ressequida; contudo ainda não
conseguia ouvir, falar e ver.
Depois dos quatro casos de cura geral, temos em
Marcos quatro casos de curas de órgãos específicos.
Em 7:31-37 temos a cura de um surdo-mudo; em
8:22-26, de um cego em Betsaida; em 9:14-29, de um
menino que tinha um espírito mudo; e em 10:46-52,
do cego Bartimeu. Nesses quatro casos, três órgãos
específicos são curados: audição, fala e visão.

DOIS CASOS DE CEGUEIRA


Vamos considerar brevemente os dois casos de
cegueira. Quando chegaram a Betsaida, um cego foi
trazido ao Senhor. “Jesus, tomando o cego pela mão,
levou-o para fora da aldeia e, cuspindo-lhe nos olhos
e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma
coisa?” (8:23). O homem erguendo os olhos,
respondeu: “Vejo os homens, porque como árvores os
vejo, andando” (v. 24). Então novamente o Senhor
impôs as mãos nos olhos dele: “E ele, olhando
atentamente, ficou restabelecido; e tudo via
claramente”. Isso não é uma figura da nossa condição
espiritual? Quando vimos o Senhor pela primeira vez,
não O vimos claramente. Não víamos as coisas
espirituais exatamente como são. Então, depois de ter
mais contato com o Senhor, começamos a ver todas
as coisas claramente.
O segundo caso de cura de cegueira é a do cego
Bartimeu. Quando o Senhor Jesus lhe perguntou o
que queria que Ele lhe fizesse, o cego disse: “Rabôni,
que eu recupere a vista” (10:51). Então Jesus lhe
disse: “Vai, a tua fé te salvou”. E imediatamente
recuperou a vista, e seguia o Senhor pelo caminho (v.
52). Esse é o último caso de cura registrado em
Marcos.

NOSSA NECESSIDADE DE CURA


ESPECÍFICA
Espiritualmente falando, nosso relacionamento
com Deus depende dos órgãos de audição, fala e
visão. Sem ouvir a palavra de Deus, sem falar com Ele
e sem ter Sua visão não podemos ter nenhum
relacionamento com Ele. Se essa fosse nossa situação,
seríamos como um ídolo mudo parado diante de
Deus. Portanto precisamos da cura dos órgãos de
audição, fala e visão.
O Novo Testamento revela que, espiritualmente
falando, estávamos mortos, mas o Senhor Jesus nos
fez viver. Quando Ele veio a nós e Se semeou em nós,
fomos vivificados. Fomos então curados da condição
de febre, lepra, paralisia e mão ressequida.
Louvado seja o Senhor porque fomos vivificados
e regenerados! Contudo, depois de regenerados,
ainda podemos estar surdos, mudos e cegos,
necessitando da cura específica do Senhor. Não foi
essa nossa experiência com o Senhor? Posso testificar
que foi minha experiência. Fui regenerado em 1925,
mas só em 1932 meus ouvidos começaram a ouvir a
voz de Deus, meus olhos começaram a ver Sua visão e
minha boca foi aberta para falar por Ele. Eu O louvo,
porque hoje, por Sua misericórdia, posso ouvir, falar
e ver.

DUAS CATEGORIAS DE CURA


Precisamos ter clareza de entendimento das duas
categorias de cura em Marcos. Os quatro casos na
primeira categoria relacionam-se com vivificação. Os
quatro casos na segunda categoria relacionam-se com
recuperação dos órgãos cruciais da audição, fala e
visão, os órgãos espirituais necessários para contatar
Deus.
Em 5:21-43 temos a cura da mulher com fluxo de
sangue e a ressurreição de uma menina. O caso da
mulher com fluxo de sangue é um caso de vazamento
de vida. Como o caso dela se funde com o da menina,
e como os doze anos da doença dela equivalem à
idade da menina e ambas são mulheres, esses casos
podem ser considerados o caso de uma única pessoa.
Sob esse ponto de vista, a menina nasceu, por assim
dizer, na enfermidade mortal da mulher, e morreu
dela. Quando a enfermidade mortal da mulher foi
curada pelo Salvador, a menina ressuscitou.
Em 7:24-30 temos o caso da expulsão de um
demônio da filha de uma mulher siro-fenícia. Em
7:26 nos é dito que: “A mulher era grega, de origem
siro-fenícia”. Ela era síria de língua e fenícia de
origem (ver At 21:2-3). Visto que os fenícios eram
descendentes dos cananeus, ela era cananéia (Mt
15:22). O que a tornou grega (se religião, casamento
ou outro fator) é difícil determinar. Embora essa
mulher fosse triplamente gentia, aos olhos de Deus
ela era um “cãozinho de estimação”, que Ele amava
(vs. 28-29).
Se colocarmos juntos todos esses casos,
percebendo que compõem um retrato de Pedro, nosso
representante, veremos que esses casos indicam que
Pedro foi plenamente curado e restaurado. No
capítulo dois de Atos, ele não apenas está vivo, mas
também forte na vida e na habilidade de ouvir, falar e
ver.

A CONDIÇÃO DO CORAÇÃO HUMANO


Em 7:1-23 o Senhor Jesus expõe a condição do
coração humano. Nessa seção de Marcos, Ele é um
cirurgião que abre nosso ser interior e expõe sua real
condição. Em 7:20 o Senhor diz: “O que sai do
homem, isso é o que contamina o homem”. Então Ele
cita uma série de coisas malignas que procedem “de
dentro, do coração dos homens” (vs. 21-22), depois
disso conclui: “Todas essas coisas malignas procedem
de dentro e contaminam o homem” (v. 23). Todos
precisamos ver a condição humana interior e
perceber que não há nada de bom no coração do
homem caído.

DOIS CASOS DE ALIMENTAR


Após a exposição do coração, há dois casos de
alimentar: o alimentar os gentios como os
“cachorrinhos debaixo da mesa” (7:27-30) e o
alimentar dos quatro mil (8:1-9). Em 7:27 o Senhor
Jesus disse à mulher siro-fenícia: “Deixa primeiro
que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o
pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. A mulher
respondeu: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos
debaixo da mesa comem das migalhas das crianças”
(7:28). Os judeus eram considerados filhos de Deus, e
aqui os gentios são retratados como “cachorrinhos”,
não como cães selvagens, mas como cães domésticos,
cachorrinhos debaixo da mesa da família. Enquanto
as crianças comiam à mesa, os cachorrinhos de
estimação esperavam embaixo da mesa por alguma
migalha que caísse. Essas migalhas se tornavam a
porção dos cães de estimação. Aqui vemos que o
Senhor não é apenas o pão dos filhos sobre a mesa,
mas também as migalhas debaixo da mesa. Ele é até
mesmo a porção dos “cachorrinhos”, os gentios.
Em 8:1-9 temos o alimentar dos quatro mil.
Depois que as pessoas comeram e estavam satisfeitas:
“Recolheram o que sobejou dos pedaços: sete cestas”
(v. 8).

A REVELAÇÃO DE CRISTO, COM SUA


MORTE E RESSURREIÇÃO
Em 8:27-9:1 temos a revelação de Cristo, com
Sua morte e ressurreição. Antes disso o Senhor Jesus
não tinha sido revelado aos discípulos. Eles O
seguiram cegamente, sem perceber quem Ele era.
Então no final do capítulo 8 o Senhor os levou para
longe da atmosfera religiosa de Jerusalém, para a
atmosfera clara de Cesaréia de Filipe. No caminho Ele
perguntou a Seus discípulos: “Quem dizem os
homens que sou Eu?” (8:27). Eles Lhe responderam:
“João Batista; outros: Elias; e outros: Um dos
profetas” (v. 28). Então Ele lhes perguntou: “Mas vós,
quem dizeis que Eu sou?” (v. 29). Pedro tomou a
liderança para declarar: “Tu és o Cristo”. Ele teve a
visão de que Jesus era o Cristo. Imediatamente o
Senhor prosseguiu falando-lhes a respeito de Sua
morte e ressurreição. Portanto aqui temos o
desvendar da Pessoa de Cristo e também a revelação
de Sua morte e ressurreição. Nesses versículos temos
a revelação crucial da Pessoa de Cristo, de Sua morte
e ressurreição.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (9)

Leitura Bíblica: Mc 8:27-31; 9:30-31; 10:32-34; 10


20:31; 2Co 1:21-22; Gl 2:20
Em 8:27-9:1 o Senhor Jesus é reconhecido como
o Cristo. Então Ele prossegue revelando pela primeira
vez Sua morte e ressurreição. É muito significativo
que essa revelação tenha vindo logo depois da cura de
um cego em Betsaida (8:22-26). Antes de revelar a Si
mesmo, Ele curou um cego. Isso indica que para
poder ver Cristo, com Sua morte e ressurreição,
precisamos ser curados da cegueira.
Embora o Senhor Jesus tivesse curado a cegueira
dos discípulos, eles ainda eram incapazes de ver
quem Ele era. E também não conseguiam entender
Sua morte e ressurreição.
Se compararmos 8:27-9:1 com a seção paralela
em Mateus 16, veremos três pontos diferentes.
Primeiro, em 8:29 Pedro diz: “Tu és o Cristo”. Mas
em Mateus 16:16 ele diz: “Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo”. Marcos não inclui aqui o fato de o Senhor
ser o Filho do Deus vivo. Segundo, em Mateus 16:18 o
Senhor diz: “Também Eu te digo que tu és Pedro, e
sobre essa rocha edificarei a Minha igreja, e as portas
do Hades não prevalecerão contra ela”. Marcos não
registra nada acerca de o Senhor edificar Sua igreja
sobre essa rocha. Terceiro, Mateus 16:19 diz:
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e o que quer
que amarrares na terra, terá sido amarrado nos céus;
e o que quer que soltares na terra, terá sido solto nos
céus”. Marcos não tem nenhum registro disso. A
razão dessa diferença é que Marcos simplesmente nos
dá uma biografia completa do Senhor. Ele não está
preocupado com muitos pontos doutrinários.

UNGIDO PARA INFUNDIR O DEUS TRIÚNO


NO POVO DE DEUS
Vimos que em 8:29 Pedro recebeu a revelação de
que Jesus é o Cristo. Qual é o significado do título “o
Cristo”? Qual é o significado desse termo grego
aportuguesado? Sabemos que no grego Christós
significa ungido. Segundo os tipos do Antigo
Testamento, uma pessoa sempre era ungida com
propósito específico. Qual, então, é o propósito de o
Senhor ser o Cristo, o Ungido? Com que objetivo Ele
foi ungido?
Alguns podem dizer que o Senhor foi ungido para
cumprir o propósito de Deus, para ser Rei e para ser
Sacerdote. Quando eu era jovem, os Irmãos Unidos
me ensinaram que o título Cristo significa que o
Senhor Jesus foi ungido por Deus para levar a cabo a
comissão divina. Ele foi ungido para cumprir o
propósito de Deus e atingir Seu objetivo. Isso é
verdade, e certamente creio nisso. Contudo ainda
falta algo nesse entendimento.
O Senhor Jesus foi ungido por Deus para
cumprir a comissão de Deus. Uma parte crucial dessa
comissão é infundir o Deus Triúno no povo escolhido
de Deus. Portanto, como Ungido, Cristo tinha a
comissão de infundir o Deus Triúno em Seu povo.
Marcos não enfatiza que o Senhor foi ungido
para ser Rei, Sacerdote ou Profeta. Mas em seu
Evangelho vemos que o Senhor foi ungido por Deus
para cumprir a comissão de semear Deus em Seu
povo. Portanto Ele é o Cristo, o Ungido para fazer a
obra de semear.
A respeito de Cristo, o Ungido, Paulo diz: “Mas
aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos
ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o
penhor do Espírito em nosso coração” (2Co 1:21-22).
Aqui vemos que Deus uniu-nos todos a Cristo, o
Ungido. Aqui não temos indicação de que a comissão
desse Ungido seja ser rei ou profeta, e sim ungir-nos
com Deus como elemento que nos sela com Ele e se
toma um penhor divino como nossa porção. Essa
comissão não está relacionada com realeza ou
sacerdócio. É a comissão de semear o Deus Triúno em
nosso ser e assim infundir e vida divina em nós. Você
já percebeu que o título Cristo visa levar a cabo tal
comissão?
Provavelmente você já ouviu os ensinamentos
que enfatizam que, como Ungido de Deus, Cristo foi
ungido para levar a cabo a comissão de Deus. Essa
comissão seria estabelecer o reino de Deus e ser Rei,
Sacerdote e Profeta. Provavelmente você nunca tenha
ouvido falar que Cristo foi ungido por Deus com a
comissão específica de infundir a vida divina em nós
semeando-Se em nosso ser. Cristo foi ungido para
semear o Deus Triúno como a semente de vida em
nós. Segundo a revelação do Novo Testamento, esse é
o primeiro aspecto da comissão de Cristo e todos
precisamos vê-lo, O primeiro aspecto da comissão
que Cristo recebeu do Pai não foi ser Rei nem Profeta,
mas foi ser um Semeador, Aquele que semeia o Deus
Triúno em nós.
A PESSOA DO SENHOR E SUA COMISSÃO
João 20:31 diz: “Estes, porém, foram escritos
para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome”. Por
anos esse versículo me incomodou. Eu não podia
entender por que João 20:31 falava não apenas sobre
o Filho de Deus mas também sobre o Cristo. Eu fui
ensinado que Cristo era o Ungido de Deus para levar
a cabo a comissão divina de estabelecer o reino. Por
que era necessário crer que Jesus é o Cristo para ter a
vida eterna? Eu achava que desde que eu cresse no
Filho de Deus, isso era suficiente para ter a vida
eterna. João 20:31 é um versículo enfático
dizendo-nos que devemos crer em Cristo para ter a
vida eterna. O Novo Testamento diz que temos a vida
eterna crendo no Filho de Deus (10 3:16). Por fim,
entendi que o Filho de Deus se refere à Pessoa do
Senhor, e Cristo, à Sua comissão. Precisamos crer que
Jesus é o Filho de Deus porque Sua Pessoa como
Filho de Deus é urna questão de vida eterna. Mas
para o Filho de Deus levar a cabo Sua comissão de Se
infundir em nós como vida, Ele precisa ser o Ungido
de Deus. É como Cristo que o Senhor Jesus Se
infunde em nós como o Filho de Deus a fim de que
tenhamos vida eterna.

O ENTENDIMENTO DOS DISCÍPULOS A


RESPEITO DOS EVENTOS REGISTRADOS
EM MARCOS
Em Marcos o Senhor Jesus não tem como
objetivo principal treinar e ensinar os discípulos. Em
vez disso, Ele os leva Consigo aonde quer que vá para
que observem Seu viver. Eles ouviam o que Ele dizia e
viam o que fazia. Observaram como lidou com os
muitos e diferentes casos. A interpretação desses
casos não foi dada quando ocorreram. Eles ficaram
pasmados quando Ele foi adiante deles para
Jerusalém: “Estavam no caminho, subindo para
Jerusalém, e Jesus ia adiante deles. Eles estavam
pasmados, e os que seguiam atrás estavam com
medo” (10:32).
Aonde quer que Ele fosse, no Evangelho de
Marcos, levava os discípulos Consigo. Eles estavam
com Ele quando entrou em Jerusalém, quando
purificou o templo, quando pernoitou em Betânia,
quando comeu a festa da Páscoa e estabeleceu Sua
mesa, e quando foi traído e preso.
Após a morte, ressurreição e ascensão do Senhor
é que os discípulos entenderam o significado de tudo
o que ocorrera segundo o registro de Marcos. Em Sua
primeira Epístola, Pedro diz: “Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva
esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos” (1Pe 1:3). Esse versículo indica que
os olhos de Pedro foram abertos e ele agora entendia
bem o que o Senhor fizera com ele.
Depois do dia de Pentecostes, as experiências
anteriores de Pedro se lhe tornaram inteligíveis.
Talvez ele tenha dito para si mesmo: “Agora sei por
que meu Senhor marchou ousadamente para
Jerusalém. Agora vejo que eu estava incluído quando
Ele foi julgado e crucificado. Quando foi crucificado e
enterrado, eu fui crucificado e enterrado com Ele.
Quando ressuscitou, eu ressuscitei com Ele. Naquele
tempo, Ele me carregava, agora eu O carrego, pois Ele
está em mim e eu, Nele. Desde o tempo em que o
Senhor me chamou, Ele começou a me colocar Nele e
também a Se semear em mim. Louvado seja o Senhor,
pois agora Ele está em mim e eu, Nele! O Senhor e eu
somos um!”.
Alguns podem se perguntar como sabemos que
Pedro e os outros discípulos mais tarde chegaram a
ter tal entendimento dos eventos registrados em
Marcos. A base para afirmar isso é o que está escrito
nas Epístolas. As Epístolas do Novo Testamento são a
interpretação da biografia do Senhor Jesus em
Marcos.

A CEGUEIRA DOS DISCÍPULOS DO SENHOR


No Evangelho de Marcos os discípulos do Senhor
estavam cegos e não entendiam as coisas. Em 8:31 Ele
lhes ensinou claramente a respeito da Sua morte e
ressurreição: “Então começou Ele a ensinar-lhes que
era necessário ao Filho do Homem sofrer muitas
coisas, ser rejeitado pelos anciãos, pelos principais
sacerdotes e pelos escribas, ser morto, e, depois de
três dias, ressuscitar”. Embora tenha falado tão
claramente, os discípulos não O entenderam.
Como os discípulos do Senhor não receberam a
revelação de Sua morte e ressurreição da primeira
vez, Ele lhes falou novamente a esse respeito em 9:31:
“Porque ensinava os Seus discípulos e lhes dizia: O
Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos
homens, e eles O matarão; e, morto Ele, depois de
três dias ressuscitará”. O versículo 32 diz que: “Eles,
porém, não compreendiam essa palavra, e temiam
interrogá-Lo”.
Em 9:33-34 temos outra indicação de quão cegos
os discípulos eram e quão incapazes de entender Sua
palavra a respeito de Sua morte e ressurreição.
Depois que o Senhor e os discípulos chegaram a
Cafarnaum, Ele lhes perguntou: “Sobre que
arrazoáveis pelo caminho?” (v. 33). Eles ficaram em
silêncio: “Porque pelo caminho haviam discutido
entre si sobre quem era o maior”. Quão cegos
estavam! O Senhor lhes havia dito claramente que
haveria de ser morto e ressuscitaria depois de três
dias, mas eles não o entenderam. Na verdade, logo
depois que lhes revelou Sua morte e ressurreição pela
segunda vez, eles discutiram uns com os outros a
respeito de quem seria o maior.
Em 10:32 o Senhor Jesus subiu a Jerusalém com
os discípulos. Em 10:33 e 34 temos a terceira
revelação de Sua morte e ressurreição: “Eis que
subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será
entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles
O condenarão à morte e O entregarão aos gentios;
escarnecê-Lo-ão, cuspirão Nele, açoitá-Lo-ão e O
matarão; e depois de três dias ressuscitará”. Logo
depois que Ele falou essa palavra clara, Tiago e João
lhe disseram: “Mestre, queremos que nos faças o que
Te pedirmos” (10:35). Quando Ele lhes perguntou o
que queriam que lhes fizesse, eles disseram:
“Concede-nos que na Tua glória nos assentemos um à
Tua direita e outro à Tua esquerda”. Quando os
outros ouviram isso: “Começaram a indignar-se
contra Tiago e João” (v. 41). Isso indica que os
discípulos não foram capazes de entender a revelação
do Senhor a respeito de Sua morte e ressurreição.

NOSSA NECESSIDADE DE SER


CONDUZIDOS À CRUZ
Embora os discípulos fossem tão cegos e faltos de
entendimento, o Senhor Jesus não se desviou de Seu
objetivo. Sua intenção era levá-los Consigo para a
cruz. Ele sabia que, quando fosse crucificado, eles
seriam crucificados com Ele.
O pedido de Tiago e João de sentar à direita e à
esquerda do Senhor em Sua glória e a indignação dos
dez provam que estavam todos cegos e precisavam de
cura. É significativo, portanto, que a seção seguinte
em Marcos se refira à cura do cego Bartimeu
(10:46-52). Bartimeu representa todos os discípulos,
inclusive nós. Nós também somos cegos e precisamos
da cura do Senhor. A prova da nossa cegueira é que
ouvimos mensagem após mensagem sem ver nada.
Em vez de ganhar a revelação do Senhor, podemos
continuar a nos agarrar a nosso conceito. Talvez não
saibamos o que significa morrer com Cristo e
participar de Sua ressurreição. Certamente
precisamos ser trazidos à cruz.
Aparentemente, quando foi crucificado o Senhor
Jesus foi crucificado sozinho. Na verdade, aos olhos
de Deus, todos os discípulos, incluindo nós, foram
crucificados com Cristo. Sabemos disso pelo que
é-revelado nas Epístolas.
Ao considerar os discípulos, vemos que cada um
deles era estranho. Se considerarmos a nós mesmos
honestamente, perceberemos que todos somos
estranhos e até anormais. Que faremos com respeito
à nossa situação? Não precisamos fazer nada porque
o Senhor já fez o que era necessário. Ele nos
introduziu em Sua morte, Ele crucificou a todos nós
com Ele.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E UM
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (10)

Leitura Bíblica: Mc 9:1-8; 16:20; Fp 1:21; Gl 2:20; Cl


3:4
Todo O Novo Testamento fala a respeito de uma
Pessoa, o Senhor Jesus Cristo. Os Evangelhos são
Suas biografias e o restante do Novo Testamento é
Sua definição e explicação. Agradecemos ao Senhor
por Sua biografia apresentada em Marcos. Contudo
precisamos despender muito tempo lendo as
Epístolas para ver a definição da vida registrada em
Marcos. Se lermos apenas o Evangelho de Marcos,
veremos muitos dos eventos da vida do Senhor, mas
não saberemos o significado deles. Mas quando
chegamos às Epístolas somos iluminados a respeito
deles.

CRISTO E SUA MORTE, RESSURREIÇÃO E


ASCENSÃO
Nas Epístolas de Paulo temos uma visão ampla
de Cristo com Sua morte e ressurreição. Nelas Paulo
indica claramente que Cristo é todo-inclusivo. Por
exemplo, ele não apenas nos diz que Cristo é a Cabeça
do novo homem universal, mas também que Cristo é
o Corpo (1Co 12:12-VRC). Em Colossenses 3:11 Paulo
diz que no novo homem Cristo é todos os membros e
está em todos os membros. Com esses versículos
podemos ver que Cristo, o Ungido de Deus, é
todo-inclusivo.
Paulo também nos revela claramente que a morte
de Cristo é todo-inclusiva. Ele nos diz que fomos
crucificados com Cristo e em Cristo (Gl 2:20). Em
Romanos 6:6 ele declara que nosso velho homem foi
crucificado com Cristo. Esses versículos indicam que
a morte de Cristo na cruz não foi a mera morte de um
indivíduo, pois, como Ele é todo-inclusivo, Sua morte
também o foi. Visto que é todo-inclusivo, como o
Senhor poderia morrer apenas como indivíduo e não
experimentar uma morte todo-inclusiva? Não há
indicação em Marcos de que Cristo teve uma morte
todo-inclusiva, mas nas Epístolas, como definição e
explicação divinamente inspiradas de Cristo com Sua
morte e ressurreição, vemos que Sua morte
certamente foi todo-inclusiva.
Nas Epístolas de Paulo também vemos que
fomos incluídos na ressurreição e ascensão de Cristo.
Em Efésios 2:6 Paulo diz que Deus: “Juntamente com
ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus”. Portanto, aos olhos de
Deus, estamos assentados com Cristo nos lugares
celestiais. Como escolhidos de Deus, fomos todos
colocados em Cristo (1Co 1:30). Uma vez que Ele está
nas regiões celestiais, nós também estamos. Todos
precisamos ver pelas Epístolas que Cristo, Sua morte,
ressurreição e ascensão são todo-inclusivos.

INCLUÍDOS NA MORTE E RESSURREIÇÃO


DE CRISTO
De acordo com Marcos 10:32, quando foi a
Jerusalém, o Senhor Jesus levou Consigo os
discípulos. Ele os incluiu em tudo o que fazia. Judas
foi o único que não continuou com Ele até o fim.
Depois da festa da Páscoa, o Senhor o expôs, e ele
saiu. Como judeu, ele tinha direito de participar da
Páscoa. Mas, como não fora escolhido por Deus para
permanecer com o Senhor, ele não teve parte em Sua
ceia. Os outros discípulos experimentaram a ceia e
foram incluídos na morte e ressurreição do Senhor.
Quando o Senhor Jesus foi preso no jardim do
Getsêmani, os discípulos estavam com Ele. Pedro foi
ousado a ponto de sacar a espada e cortar a orelha do
servo do sumo sacerdote (14:47). Em sua ousadia, ele
causou problemas para o Senhor e tornou necessário
que Ele curasse a orelha do servo. Em certo sentido,
Pedro foi crucificado antes do Senhor Jesus. O
Senhor foi crucificado no Gólgota, mas Pedra foi
crucificado no pátio do Pretória.
O que enfatizamos aqui é que o Senhor Jesus
conduziu os discípulos por todos os passos que
levaram à Sua morte e ressurreição, e os incluiu nelas.
Se entendermos a narração de Marcos de acordo com
o que é revelado nas Epístolas de Paulo, veremos que
não apenas os discípulos, mas nós também estávamos
incluídos na morte e ressurreição de Cristo.
Quando alguns ouvem que estávamos incluídos
na morte e ressurreição de Cristo, tal vez digam:
“Como é possível que estivéssemos incluídos na
morte e ressurreição do Senhor? Nem éramos
nascidos quando esses fatos ocorreram”. De acordo
com o modo humano de pensar, não poderíamos
estar incluídos, mas a maneira de Deus pensar, que é
de acordo com Sua visão eterna, é diferente. Segundo
o entendimento de Deus, fomos crucificados e
ressuscitados com Cristo mesmo antes de nascer.
Embora não consigamos entender isso segundo nossa
mente natural, ainda assim isso é um fato.
UMA BIOGRAFIA DOS CRENTES
Quando estudamos o Evangelho de Marcos, na
verdade estudamos nossa própria biografia. Isso
significa que a biografia de Jesus é também a nossa.
Nas palavras de um hino, “A Sua vida provo, pois um
com Ele sou” 5 . Portanto a biografia narrada em
Marcos não é apenas a biografia do indivíduo Jesus,
mas também dos crentes.
Em especial, Marcos é uma biografia de Pedra,
nosso representante. Ele está presente no primeira
capítulo, e seu nome é especificamente mencionado
no último: “Mas ide, dizei aos Seus discípulos, e a
Pedra, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia”
(16:7). Além disso, os casos nesse livro são nosso
retrato composto, onde somos representados por
Pedra. Por exemplo, no monte da transfiguração
Pedra disse: “Rabi, bom é estarmos aqui; façamos
três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra
para Elias” (9:5). Como Pedra é nosso representante,
seu falar aqui é também o nosso. Da mesma forma,
quando negou o Senhor três vezes, esse também foi
nosso negar tríplice do Senhor. O que o anjo falou
acerca de Pedra em 16:7 também é uma palavra a
nosso respeito. Ao ler esse versículo, é correto inserir
nosso nome no lugar do de Pedra, uma vez que somos
representados por ele.
Desde que foi chamado pelo Senhor Jesus em
1:16 e 17, Pedra foi capturado pelo Senhor e estava
sempre com Ele. Juntamente com Tiago e João, ele
estava com o Senhor no monte da transfiguração. Isso
indica que aonde quer que o Senhor fosse, Pedra ia
com Ele, pois o Senhor o levava Consigo.
5
Hino 480 do Hinos, publicado por esta Editora. (N. do T.)
Você acha que quando o Senhor Jesus foi
crucificado Ele deixou Pedra e os outros discípulos?
Não, quando foi crucificado e sepultado, Pedra, o
representante de todos nós foi crucificado com Ele.
Além disso, o Senhor não ressuscitou sozinho.
Segundo a ótica divina, que vai além dos elementos
de espaço e tempo, todos fomos incluídos na
ressurreição de Cristo.

COLOCADOS EM CRISTO POR DEUS


Primeira Coríntios 1:30 diz que estamos em
Cristo. Quando fomos colocados em Cristo? Efésios
1:4 diz que Deus nos escolheu em Cristo antes da
fundação do mundo. Isso indica que na eternidade
Deus nos escolheu em Cristo. Esse deve ter sido o
ponto de partida de Deus nos colocar em Cristo.
Assim Deus nos colocou em Cristo quando nos
escolheu Nele antes da fundação do mundo.
Um dia o Cristo no qual fomos escolhidos por
Deus na eternidade veio a nós e nos chamou. No
capítulo um de Marcos, Cristo chamou Pedra
(1:16-18). Ali o Senhor parecia dizer: “Pedra, Eu sou o
Cristo em quem você foi escolhido por Deus Pai.
Agora venho a você para levar a cabo a escolha do Pai.
Ele já o colocou em Mim; por que você continua aí
pescando? Venha, siga-Me”.
O Pai tinha escolhido Pedra em Cristo antes da
fundação do mundo. Assim, sob a ótica eterna de
Deus, Pedra já estava em Cristo. Mas em Marcos 1 o
Senhor foi a ele a fim de levar a cabo a escolha do Pai.
Desde que o Senhor chamou Pedra, Ele o levou
Consigo aonde quer que fosse. Quando o Senhor foi
preso e julgado, Pedra também o foi. Quando foi
crucificado, ressurreto e exaltado, Pedra também o
foi.
Se tivéssemos apenas o Evangelho de Marcos,
não seria possível ter tal entendimento da relação
entre Pedra e o Senhor. Mas nas Epístolas vemos que
Cristo morreu na cruz como Alguém todo-inclusivo,
que incluía em Si todos os que Deus havia escolhido.
Portanto os escolhidos de Deus foram incluídos na
morte, sepultamento, ressurreição e ascensão de
Cristo. Todos precisamos ter tal visão.

A CONTINUAÇÃO DO SENHOR
O viver que o Senhor Jesus teve é agora nossa
vida. Hoje somos Sua expansão, aumento e
continuação, e devemos continuar a ter o viver que
Ele teve.
Depois da ascensão de Cristo, os discípulos
continuaram Sua vida, uma vida de pregar, ensinar,
expulsar demônios, curar enfermos e purificar
leprosos. Esse é o significado de 16:20: “E eles, tendo
saído, pregaram em toda parte, cooperando com eles
o Senhor, e confirmando a palavra por meio dos
sinais que a acompanhavam”. Aqui temos a
continuação da vida do Senhor Jesus registrada em
Marcos. Essa vida, que é de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela, não acabou,
pois continua por meio dos que crêem no Senhor.
Nos últimos dezenove séculos, muitas questões
foram introduzidas na vida dos cristãos para barrar,
danificar e até mesmo substituir a vida singular que é
de acordo com a economia neotestamentária de Deus.
Essas questões incluem cultura, religião, ética, moral,
filosofia, o aperfeiçoamento do caráter e o esforço
para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso.
Precisamos ter uma visão clara do tipo de vida
que devemos ter. Você tem um viver de cultura e
religião? uma vida de ética, moral, filosofia e
aperfeiçoamento do caráter? tenta ser espiritual,
bíblico, santo e vitorioso? Todos fomos desviados da
economia de Deus por coisas assim. Onde você pode
encontrar hoje cristãos que não vivam de acordo com
um ou mais desses dez itens?

COISAS BOAS QUE SUBSTITUEM A ÁRVORE


DA VIDA
Todos os cristãos têm sido estorvados e
danificados pelo bem que se relaciona à árvore do
conhecimento do bem e do mal. A árvore que se opõe
à árvore da vida não é apenas a árvore do
conhecimento do bem, mas do bem e do mal. Na
verdade a palavra bem é mencionada antes de mal em
Gênesis 2:17. Isso indica que coisas boas e coisas más
podem barrar-nos de desfrutar da árvore da vida. Em
nossa experiência como cristãos, coisas boas, na
verdade, podem impedir-nos muito mais do que más.
Os que amam o Senhor talvez não toquem o que é
maligno, mas dia a dia podem deixar algo bom
substituir a árvore da vida em sua experiência. Acaso
cultura, religião, ética, moral, filosofia e a melhoria do
caráter não são coisas boas? Certamente são. Por
certo tentar ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso é
bom. Contudo qualquer coisa diferente do Espírito
que dá vida é um empecilho para a vida que é
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.
Deus nos colocou em Cristo não para que
tenhamos um viver de boas coisas, mas um viver que
é única, total e absolutamente de Cristo. Ele nos
colocou em Cristo para que tenhamos a vida de Cristo
a fim de levar a cabo Sua economia neotestamentária.
Embora já se tenham passado mais de dezenove
séculos desde Sua ascensão, Cristo ainda não voltou.
O povo de Deus ainda não está pronto para a volta do
Senhor. Por séculos os que amam o Senhor Jesus têm
sido estorvados por várias coisas boas. Elas ocupam
os que amam o Senhor e O buscam. O cristão que ama
a Deus e busca o Senhor não se importa com as coisas
do mundo. Uma vez ganhos pelo Senhor para amá-Lo
e buscá-Lo, eles podem ser estorvados por coisas que
pensam estar relacionadas com ser espiritual, bíblico,
santo e vitorioso. Alguns cristãos estão preocupados
com ética, moral e melhoria do caráter. Outros são
distraídos do Senhor por seus esforços em ser
espirituais, bíblicos, santos e vitoriosos. Poucos
realmente se preocupam com a própria Pessoa viva
de Cristo!

A VIDA PARA A ECONOMIA DE DEUS


Enfatizamos que Marcos apresenta um retrato de
uma vida totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela. Na eternidade
passada Deus Pai nos colocou Naquele que viveu tal
vida. Agora devemos ser a continuação dessa vida.
Isso significa que a vida que vivemos não deve ser de
cultura, religião, ética, moral, filosofia ou melhoria do
caráter. Nem mesmo devemos tentar ser espirituais,
bíblicos, santos e vitoriosos. A vida que vivemos hoje
deve ser o próprio Cristo. Somente uma vida que é
Cristo é totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus. Qualquer outra, não
importa quão boa seja, está aquém da economia
divina.
Em Gálatas, Filipenses e Colossenses Paulo fala
de certas coisas que nos são estorvo para viver Cristo.
Em Gálatas e Filipenses vemos que a religião fundada
de acordo com a palavra de Deus impedia os crentes
de viver Cristo. O estorvo falado em Colossenses é a
filosofia, talvez o gnosticismo6. Gálatas e Filipenses
falam do estorvo causado pelo judaísmo, e
Colossenses, do estorvo causado pela filosofia.
Podemos dizer que religião e filosofia eram os
produtos mais elevados da cultura humana. Mas era
exatamente isso o que estorvava o povo de Deus de
viver Cristo. Assim em Filipenses Paulo declarou:
“Para mim, o viver é Cristo” (1:21). Em Gálatas 2:19b
e 20 Ele disse: “Estou crucificado com Cristo; logo, já
não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. E em
Colossenses 3:4 ele falou sobre “Cristo, que é a nossa
vida”.
Ao considerar a vida retratada em Marcos e a
definição dessa vida nas Epístolas de Paulo,
precisamos ver que tipo de vida devemos ter hoje.
Esse quadro precisa dirigir-nos, preservar e
controlar, numa vida totalmente de acordo com a
economia neotestamentária de Deus e para ela. Como
os que foram conduzidos por todos os capítulos do
Evangelho de Marcos, devemos ser a continuação da
vida ali apresentada.

6
Movimento religioso, de caráter sincrético (fusão de várias religiões, seitas e filosofias) e esotérico,
desenvolvido nos primeiros séculos de nossa era à margem do cristianismo, combinando misticismo e
especulação filosófica. (. do T.)
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E DOIS
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (11)

Leitura Bíblica: Mc 8:27-31; 9:2-8


Muitos cristãos não percebem que o Evangelho
de Marcos nos apresenta a biografia de uma vida
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela. Tal economia
tem por objetivo que Deus Se dispense a Seus
escolhidos para fazê-los Seus filhos e membros de
Cristo, que formam Seu Corpo, a fim de expressar o
Deus Triúno. Essa é uma definição simples da
questão maravilhosa que é a economia
neotestamentária de Deus.
A fim de que tenhamos um entendimento
adequado da economia neotestamentária de Deus,
precisamos de todo o Novo Testamento. O Evangelho
de Marcos, por si só, não é suficiente para isso.
Conforme já ressaltamos, nas Epístolas temos a
explicação e definição da vida apresentada em
Marcos. Portanto, na luz revelada nas Epístolas,
podemos ver que a vida registrada no Evangelho de
Marcos é totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.

A SIMPLICIDADE DO EVANGELHO DE
MARCOS
Quando eu era jovem, Marcos não me era tão
precioso quanto Mateus, João e Lucas. Minha
impressão desse Evangelho era de que era simples
demais. Já Mateus apresenta ensinamentos
maravilhosos e parábolas a respeito do reino dos
céus. Gastei muito tempo estudando Mateus e, já em
1939, publiquei uma série de mensagens a respeito do
reino dos céus, baseadas no ensinamento do Senhor
nos capítulos cinco, seis, sete, treze, vinte e quatro e
vinte e cinco. Também dei muitas mensagens sobre o
Evangelho de João. Embora eu não tenha dado tantas
mensagens sobre Lucas como sobre Mateus e João,
no livro Gospel Outlines [Esboços de Evangelho] há
vários esboços tirados do Evangelho de Lucas. Eles se
baseiam nas diversas histórias de evangelho e
parábolas de Lucas.
No passado eu apreciava Mateus, João e Lucas,
mas não tinha muito apreço por Marcos. Parecia-me
que esse Evangelho podia ser comparado a um copo
com água pura, sem cor nem sabor especial. Contudo
recentemente, enquanto eu preparava as mensagens
do Estudo-Vida de Marcos, a luz começou a brilhar
nesse Evangelho. Agora vejo que em Marcos temos o
registro de uma vida absolutamente de acordo com a
economia neotestamentária de Deus e para ela.
Creio que Marcos é o livro mais simples do Novo
Testamento. Mas sua simplicidade é muito
impressionante e precisamos considerá-la.
Precisamos perguntar-nos por que ele foi escrito de
forma tão simples. Precisamos perguntar-nos por
que, aparentemente, ele não tem nenhum sabor ou
cor especial. Posso testificar que perguntas assim
abriram as portas para a luz da revelação entrar. A
simplicidade do Evangelho de Marcos é muito
significativa.
Quanto mais lemos Marcos, mais somos
impressionados com sua simplicidade. Comparado
com Marcos, o Evangelho de Mateus é bastante
complexo. Considere quantos nomes são incluídos
nos primeiros dezesseis versículos de Mateus.
Marcos, contudo, começa de uma maneira bem
simples: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo,
Filho de Deus” (1:1).
Assim como Mateus, o Evangelho de Lucas
também é bastante complexo. Considere, por
exemplo, o extenso relato sobre a concepção e
nascimento de João Batista e a concepção e
nascimento do Senhor Jesus. Além disso, Lucas 1
inclui os louvores de Maria, Isabel e Zacarias, pai de
João Batista. Então, no capítulo três, Lucas apresenta
uma genealogia que é mais complicada do que a de
Mateus. Mateus só fala de quarenta e duas gerações,
mas em Lucas temos setenta e sete. Assim, enquanto
Marcos é simples, Lucas é complexo.
No Evangelho de João temos muitos mistérios
profundos. João se inicia de forma misteriosa: “No
princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus” (1:1). É-nos dito que Nele estava a
vida (1:4) e o Verbo tomou-se carne e armou
tabernáculo entre nós (v. 14). João, portanto, tem cor
e sabor distintos. Quando o lemos, podemos perceber
seu sabor. Mas que sabor você sente quando lê
Marcos? Parece que o único sabor ali é o sabor de
água pura.

O PRINCÍPIO DO EVANGELHO E O
TÉRMINO DAS COISAS VELHAS
Vimos que Marcos se inicia com uma palavra a
respeito do princípio do evangelho de Jesus Cristo.
Em 1:4-8 João Batista pregou o batismo de
arrependimento e também introduziu o
Salvador-Servo. Então em 1:9 nos é dito que: “Veio
Jesus de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no
rio Jordão”. Depois de batizado, Ele foi ungido pelo
Espírito e iniciou Seu ministério. Como já
ressaltamos, para o Senhor Jesus, vida, obra e
ministério eram uma coisa só. Em Sua vida não havia
distinção entre vida e obra.
Como vimos, a palavra princípio em 1:1 implica
um novo início, que envolve o término das coisas
velhas. Em mensagens anteriores citamos dez itens
dessas coisas velhas: cultura, religião, ética, moral,
melhoria do caráter, filosofia humana, e tentar ser
espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Tudo isso existia
quando João Batista saiu para pregar o batismo de
arrependimento. Em Marcos 1 essas coisas tiveram
fim pelo princípio do evangelho de Jesus Cristo, o
Filho de Deus. Além disso, foram sepultadas quando
o Senhor foi batizado.
Quando os filhos de Israel passaram pelo Mar
Vermelho, Faraó e os exércitos do Egito foram
sepultados. Podemos dizer que os filhos de Israel
trouxeram Faraó e seus exércitos com eles para
dentro do mar. Semelhantemente, quando o Senhor
Jesus entrou nas águas do batismo, trouxe Consigo
todos os dez itens das coisas velhas. Assim elas
tiveram fim e foram sepultadas.

UM VIVER NO REINO DE DEUS


O viver que o Senhor Jesus teve não foi de acordo
com a cultura ou religião. Nem foi de acordo com a
ética, moral, filosofia ou melhoria do caráter. O
Senhor Jesus não teve um viver de tentar ser
espiritual, bíblico, santo ou vitorioso. Em vez de viver
de acordo com esses dez itens, Ele teve um viver
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.
Precisamos ser profundamente impressionados
com a questão de uma vida totalmente de acordo com
a economia neotestamentária de Deus e para ela. Se
estivermos impressionados com esse pensamento e
expressão ao ler Marcos, seremos iluminados pelo
que está registrado nesse Evangelho.
O Senhor Jesus, como retrata Marcos, era
diferente de todos os homens que O antecederam. No
Antigo Testamento vemos o viver dos que vieram
antes do Senhor. Muitos deles foram homens de
cultura, religião, ética e moral. Alguns se importavam
com filosofia e outros buscavam o aperfeiçoamento
do caráter. Alguns almejavam ser espirituais, bíblicos,
santos e vitoriosos. Mas em Marcos vemos um
Homem numa categoria totalmente diferente. O
Senhor Jesus vive no reino de Deus. Na verdade, Ele
mesmo é o reino.

O DESENVOLVIMENTO DO SENHOR COMO


SEMENTE DO REINO
Em 1:1 e 14 lemos a respeito do evangelho de
Jesus Cristo e do evangelho de Deus. Esse também é o
evangelho do reino de Deus. Poucos cristãos
perceberam que o reino de Deus é uma pessoa. O
reino, por fim, se torna uma pessoa coletiva. A
semente do reino é um indivíduo, o Senhor Jesus.
Como Semeador, Ele veio plantar-Se como semente
do reino em Seus discípulos. Agora essa semente se
desenvolve e, assim, torna-se o reino coletivo de
Deus. Esse reino na verdade é o Corpo de Cristo. O
desenvolvimento do Senhor como semente do reino é
Seu Corpo, e Seu Corpo é Seu aumento, Sua
expansão.
Esse entendimento do reino de Deus certamente
difere do conceito tradicional. Segundo o Novo
Testamento, o reino de Deus é o aumento da Pessoa
de Cristo. O reino é o desenvolvimento da semente,
que é Jesus Cristo. Hoje esse desenvolvimento de
Cristo é a igreja. Portanto a igreja como Corpo de
Cristo é o reino de Deus.

O DISPENSAR DO DEUS TRIÚNO


Como a Semente do reino de Deus, o Senhor
Jesus teve um viver totalmente diferente de um viver
de cultura, religião, ética, moral, aperfeiçoamento do
caráter, filosofia e esforço para ser espiritual, bíblico,
santo e vitorioso. A vida que Ele teve foi de acordo
com a economia neotestamentária de Deus. Como
vimos, a economia divina é dispensar o próprio Deus
Triúno a Seus crentes.
Apenas a vida que o Senhor Jesus teve é a vida na
qual o Deus Triúno é dispensado aos Seus escolhidos.
Um viver de acordo com cultura, religião, ética e
moral não dispensa Deus ao homem. Não importa
quão cultural, religioso, ético ou moral você seja,
nesse viver não haverá o dispensar do Deus Triúno
aos outros. Confúcio, por exemplo, ensinou ética e
agia de maneira moral e ética. Contudo em seu viver
não havia o dispensar do Deus Triúno às pessoas. O
mesmo é verdade com respeito aos que tiveram um
viver de filosofia ou aperfeiçoamento do caráter, e até
mesmo dos que tentaram ser espirituais, bíblicos,
santos e vitoriosos. Louvado seja o Senhor, porque
em Sua vida havia o dispensar do Deus Triúno a Seus
escolhidos!

A SEMENTE DE VIDA COMO


CORPORIFICAÇÃO DO DEUS TRIÚNO
Enfatizamos que o evangelho, que é um novo
início, põe fim a todas as coisas antigas. Quando o
Senhor Jesus foi batizado, as coisas antigas foram
sepultadas. Em Seu viver depois do batismo, que foi
de acordo com a economia neotestamentária de Deus,
Ele Se plantou como semente de vida em Seus
crentes.
A semente plantada pelo Senhor Jesus, semente
essa que na verdade era Ele mesmo, é a
corporificação do Deus Triúno. Isso quer dizer que
Ele é nada menos do que a própria corporificação do
Deus Triúno. Isso está provado no Evangelho de
João. O Verbo no princípio, o Verbo que era Deus,
tornou-se carne (Jo 1:1, 14). Isso indica que Jesus é o
próprio Deus. Por meio da encarnação, Ele se tornou
a semente de vida e em Seu ministério plantou-a nos
outros. Isso significa que Ele Se semeou em Seus
seguidores como corporificação do Deus Triúno.
Se virmos que tal semente foi plantada nos
discípulos do Senhor, teremos base adequada para
entender o Evangelho de Marcos como retrato da vida
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E TRÊS
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (12)

Leitura Bíblica: Mc 1:16-20; 4:3, 26; 9:1-8; Ef 1:4; Mc


1:9-11; Gl 2:20
O Senhor Jesus é a corporificação do Deus
Triúno. Como tal, Sua vida foi totalmente de acordo
com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Ele Se plantou como semente de vida nos discípulos.
Essa semente é o Senhor como corporificação do
Deus Triúno.

O SENHOR SEMEOU O DEUS TRIÚNO EM


SEUS CRENTES COMO SOLO
Enquanto o Senhor Jesus ministrava e vivia de
acordo com a economia neotestamentária de Deus,
Ele “coletou o solo” no qual iria plantar-Se como
semente. Esse solo eram Seus seguidores. O primeiro
a ser “coletado” pelo Senhor Jesus foi Pedra.
Podemos dizer que o Senhor pôs Pedra no “bolso” e
carregou esse “solo” Consigo por onde quer que fosse.
Ao ler o Evangelho de Marcos, precisamos ver
que o Senhor tinha um viver de semear o Deus Triúno
em Seus crentes como solo. No capítulo um Ele
começou a “coletar o solo”. Pedra, o primeiro. a ser
chamado por Ele, é nosso representante, que tomava
a dianteira tanto nas coisas boas como nas más. Ele
foi primeiro em reconhecer que Jesus é o Cristo e
também em negá-Lo. Ele até mesmo foi o primeiro
em ser crucificado. Em mensagem anterior
ressaltamos que, em certo sentido, ele foi crucificado
até mesmo antes do Senhor Jesus. Além disso, após a
ressurreição do Senhor, o anjo especificamente
mencionou seu nome (16:7). Isso indica que Pedro
era conhecido pelos anjos. Ele certamente era nosso
representante.

A CONDIÇÃO DO SOLO
O Evangelho de Marcos não apenas retrata o
Senhor como o que semeia o Deus Triúno em Seus
crentes como solo, mas também descreve a condição
do solo. Os casos relatados nesse Evangelho indicam
que o solo não estava em condição saudável. Em
Marcos temos doze casos, envolvendo treze pessoas.
(Um caso envolve duas pessoas, uma mulher e uma
menina.) Quatro desses doze casos são de pessoas
possuídas por demônios. Isso indica que o “solo
coletado” pelo Senhor Jesus estava possuído,
ocupado, por demônios.
Você não estava ocupado por algum tipo de
“demônio” quando foi salvo? Muitos hoje são
possuídos pelo demônio das drogas ou do jogo. Ao
considerar a situação atual do mundo, vemos que
todos os não-salvos estão ocupados por demônios.
Por isso, quando o Senhor Jesus vem para escolher
alguém e “coletá-lo” para ser Seu “solo”, a primeira
coisa que faz é expulsar o demônio da pessoa. Pela
experiência sabemos que, quando fomos chamados
pelo Senhor, Ele expulsou nossos demônios.
Os doze casos registrados em Marcos podem ser
considerados como a descrição da condição de um
indivíduo. Em outras palavras, esses casos são um
retrato composto de uma só pessoa. Aos olhos do
Senhor Jesus, todo aquele que se torna Seu solo é
retratado por esses doze casos. Portanto o caso da
sogra de Pedro, acamada e com febre, indica que,
espiritualmente falando, todos estamos com febre.
Como nossa temperatura espiritual não é normal, é
muito fácil ficarmos irados. Não era essa a situação
antes de você ter sido salvo? Todos já estivemos
enfermos com febre alta. Além disso, éramos
leprosos, pessoas impuras e contaminadas, tanto em
relação a Deus como ao homem. Também estávamos
paralíticos e com a mão ressequida, incapazes de
andar diante de Deus e trabalhar para Ele.

CURA GERAL E CURA ESPECÍFICA


Embora essa fosse nossa condição antes de ser
salvos, o Senhor Jesus nos curou de maneira geral. A
pessoa retratada por esses casos foi curada e não é
mais anormal na temperatura, não é mais impura ou
paralítica nem tem mais a mão ressequida.
De acordo com a seqüência do Evangelho de
Marcos, depois dos casos que retratam a cura geral,
temos três curas de órgãos específicos: da audição, da
fala e da visão. Antes do capítulo oito, o “solo foi
coletado” e os discípulos curados de forma geral.
Contudo, espiritualmente falando, ainda não podiam
ver, ouvir nem falar. Portanto o Senhor começou a
curar os órgãos específicos da visão, audição e fala.

DOIS CASOS DE CEGUEIRA


Em Marcos temos dois casos de cura específica
de cegueira. O primeiro é o da cura do cego em
Betsaida (8:22-26). Depois que cuspiu nos olhos dele
e impôs as mãos sobre ele, o Senhor lhe perguntou:
“Vês alguma coisa?” (v. 23). O homem respondeu:
“Vejo os homens, porque como árvores os vejo,
andando”. Então novamente o Senhor lhe impôs as
mãos nos olhos e ele, “olhando atentamente, ficou
restabelecido; e tudo via claramente” (v. 25).
Logo após a cura do cego em Betsaida, o Senhor
Jesus foi com os discípulos para as aldeias de
Cesaréia de Filipe e no caminho perguntou-lhes:
“Quem dizem os homens que sou Eu?” (8:27). Eles
Lhe responderam: “João Batista; outros: Elias; e
outros: Um dos profetas” (v. 28). Então o Senhor lhes
perguntou mais: “Mas vós, quem dizeis que Eu sou?”
(v. 29). Essa pergunta indica que Ele estava curando o
órgão da visão dos discípulos.
O segundo caso de cura de cegueira registrado
em Marcos é o do cego Bartimeu (10:46-52). É
significativo que esse caso venha imediatamente
depois que o Senhor lidou com o pedido de Tiago e
João de sentar-se à Sua direita e esquerda em Sua
glória (10:35-45). O fato de fazerem tal pedido prova
que estavam cegos e necessitando da cura específica
do Senhor. Os discípulos necessitavam da cura dos
órgãos de visão, audição e fala.

CRISTO É SUBSTITUTO DA LEI E DOS


PROFETAS
A partir do capítulo oito, o Senhor Jesus passou a
ajudar os discípulos a ver Sua Pessoa, com Sua morte
todo-inclusiva e ressurreição maravilhosa. Três vezes
Ele lhes falou a respeito de Sua morte e ressurreição
(8:31; 9:30-32; 10:33-34).
No monte da transfiguração o Senhor Jesus deu
a Pedro, Tiago e João uma demonstração de quem Ele
era. “Foi transfigurado diante deles; as Suas vestes
tornaram-se resplandecentes, sobremodo brancas,
tais como nenhum lavandeiro na terra as poderia
alvejar” (9:2-3). No monte: “Apareceu-lhes Elias com
Moisés, e estavam conversando com Jesus” (v. 4).
Não sabendo o que dizer, Pedro tomou a liderança
para dizer: “Rabi, bom é estarmos aqui; façamos três
tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para
Elias” (v. 5). Isso estava de acordo com o Antigo
Testamento. Ele não havia percebido que as coisas do
Antigo Testamento tinham sido sepultadas com o
Senhor no capítulo um. Do ponto de vista humano,
não havia nada de errado com a sugestão de Pedro.
Moisés e Elias eram grandes homens. Moisés
representava a lei e Elias, os profetas. Contudo, do
ponto de vista da economia neotestamentária de
Deus, Pedro falou algo sem sentido.
Marcos 9:7 diz: “E veio uma nuvem que os
cobriu; e da nuvem saiu uma voz: Este é o Meu Filho
amado; a Ele ouvi”. Essa palavra é nossa base para
dizer que Cristo é o substituto completo e universal.
Ele deve substituir Moisés e Elias, isto é, a lei e os
profetas. Ele deve substituir as coisas velhas, que
tiveram fim e foram sepultadas no capítulo um. O
capítulo nove de Marcos indica que Cristo é o
substituto universal.

ESCOLHIDO EM CRISTO E COM ELE


BATIZADO
O Senhor Jesus juntou os discípulos como solo
no qual plantou o Deus Triúno como semente. Ele
curou os órgãos da visão, audição e fala dos
discípulos. Então trouxe Consigo esse “solo” quando
foi examinado, julgado e crucificado. Ele o fez passar
por Sua morte todo-inclusiva e ressurreição
maravilhosa.
Precisamos considerar o Evangelho de Marcos
do ponto de vista das Epístolas de Paulo. De acordo
com Efésios 1:4, Deus nos escolheu em Cristo, antes
da fundação do mundo. Isso indica que, na
eternidade passada, Ele nos colocou em Cristo, pois
nos escolheu Nele. O fato de nos ter escolhido em
Cristo indica que já nos tinha colocado Nele. Portanto
fomos colocados em Cristo antes da fundação do
mundo.
No segundo capítulo de Atos, o poder do alto veio
sobre os discípulos. Como resultado, eles se tornaram
o aumento, desenvolvimento, expansão e continuação
do Senhor Jesus. Ele os havia conduzido a passar por
Sua morte e ressurreição, e Se tinha produzido neles.
Como resultado, eles foram substituídos pelo Senhor
e saturados Dele. Dessa maneira tornaram-se Seu
aumento e continuação.
Que vida tinham os cento e vinte no livro de
Atos? Uma vida totalmente de acordo com a
economia neotestamentária de Deus. Eles não
tiveram uma vida de cultura nem de religião; nem de
ética, moral, filosofia ou aperfeiçoamento do caráter.
Assim como o Senhor Jesus teve uma vida
absolutamente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela, também os
cento e vinte em Atos viveram da mesma forma.
Em Atos 21 e no livro de Tiago, contudo, vemos
um contraste com a vida que é totalmente de acordo
com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Em Atos 21 Tiago era uma distração para a vida que é
totalmente de acordo com a economia de Deus e para
ela. Em Tiago vemos uma vida que é apenas
parcialmente de acordo com tal economia. Na pessoa
de Tiago vemos principalmente uma vida que é de
acordo com o Antigo Testamento, uma vida de acordo
com a religião e a ética.

O QUE DEUS DESEJA HOJE


Não é nosso encargo nestas mensagens estudar
as Escrituras de forma doutrinária, mas apresentar o
que Deus deseja hoje. Deus quer que sejamos
saturados por Ele e Dele a fim de que tenhamos um
viver do dispensar divino. Assim semearemos essa
vida nos outros para haver mais dispensar do Deus
Triúno. Com respeito a isso, todos precisamos de uma
revolução em nosso conceito e viver, a fim de ser
introduzidos numa vida que é de acordo com a
economia neotestamentária de Deus.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E QUATRO
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (13)

Leitura Bíblica: Mc 1:14-18; 4:26; 9:1-8; 10:23-25;


Rm 14:17

OS ANTECEDENTES E A LOCALIZAÇÃO DO
MINISTÉRIO DO SENHOR
Em nossa leitura do Evangelho de Marcos, é-nos
útil ter um entendimento da situação quando o
Senhor Jesus esteve na terra. A cultura humana já
existia por mais de quatro mil anos. Um aspecto
dessa cultura era a religião dos judeus, uma religião
forte e típica, formada de acordo com a palavra santa
de Deus. Quando o Senhor esteve na terra, os judeus
devotos estavam muito agarrados a essa religião.
Tendo isso como pano de fundo, o Senhor Jesus
saiu em Seu ministério para plantar-Se como semente
nos escolhidos de Deus. Na verdade, Ele viveu e
ministrou no centro da população mundial.
Geográfica e culturalmente, a nação judaica era o
centro da terra habitada. Foi ali que Ele veio para Se
semear.
Alguma vez você já percebeu que o Senhor Jesus
veio ao centro da terra habitada para plantar-Se como
semente em Seus escolhidos? Não conheço nenhuma
publicação cristã que fale disso. Se você perguntasse
aos cristãos o que o Senhor veio fazer, alguns talvez
dissessem que Ele veio salvar pecadores ou morrer
para nossa salvação. Naturalmente, o Novo
Testamento diz que Jesus Cristo veio salvar
pecadores O Tm 1:15). Contudo no Evangelho de
Marcos vemos que Ele veio para pregar o evangelho
de Deus 0:14).

O EVANGELHO DO REINO DE DEUS


A frase “o evangelho de Deus” não significa
simplesmente que o evangelho pertence a Ele. A idéia
principal é que o evangelho é algo do próprio Deus.
No Novo Testamento, expressões como a vida de
Deus, o amor de Deus e a justiça de Deus significam
que vida, amor e justiça, na verdade, são o próprio
Deus. No mesmo princípio, a expressão o evangelho
de Deus indica que o evangelho é o próprio Deus.
Portanto pregar o evangelho de Deus, na realidade,
significa pregar Deus.
a evangelho pregado pelo Senhor Jesus era o
evangelho do reino de Deus. Que é o reino de Deus? É
o próprio Deus. Então que é o evangelho do reino de
Deus? Podemos responder essa pergunta dizendo que
o evangelho é o reino, e o reino é Deus. a evangelho, o
reino e Deus não são separados; pelo contrário, são
um.
É de vital importância ver que o evangelho, o
reino e Deus são um. O evangelho é Deus, e Deus é o
reino. Da mesma forma, o evangelho é o reino, e o
reino é Deus. Portanto, de acordo com o Novo
Testamento, o evangelho do reino de Deus na verdade
se refere ao próprio Deus. Aqui ternos Deus como
reino e o reino como evangelho. Que devemos pregar
hoje? Devemos pregar Deus como reino, e o reino de
Deus como evangelho.
Não devemos pensar que além do reino de Deus
haja algo chamado evangelho. Não, o evangelho é o
reino de Deus. Nem devemos pensar que além de
Deus exista algo chamado reino. Não, o reino, na
verdade, é o próprio Deus. Portanto o Senhor Jesus
veio pregar o evangelho de Deus, que é o evangelho
do reino de Deus. Agora precisamos ainda considerar
como Ele pregava o evangelho do reino de Deus.

A NECESSIDADE DE ENTENDIMENTO
ESPIRITUAL
A essa altura eu gostaria de dizer, a título de
lembrança, que quando lemos a Bíblia não devemos
entendê-la de forma natural. Não devemos entender
nenhuma palavra das Escrituras de modo natural. O
problema entre os cristãos é que, na maioria dos
casos, eles lêem a Bíblia de acordo com seu
entendimento natural. Nossa necessidade é de
entendimento espiritual. Foi essa a razão de Paulo
dizer em Colossenses 1:9 que ele orava pelos santos
para que eles transbordassem “de pleno
conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e
entendimento espiritual”. Por isso também orou:
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai
da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento dele” (Ef 1:17).
Paulo sabia que nessa Epístola seriam revelados
mistérios espirituais e teria de usar a linguagem
humana. Ele estava preocupado que os leitores
pudessem entender seus escritos apenas de forma
natural, de acordo com as letras pretas no papel
branco. Por isso orou a fim de que o Pai nos
concedesse espírito de sabedoria e revelação. Essa
oração nos mostra claramente que não devemos
tentar entender a Bíblia apenas de acordo com nosso
entendimento natural.
Sem dúvida, uma vez que a Bíblia é algo escrito,
precisamos de entendimento adequado das palavras.
Contudo a interpretação do que está escrito não deve
ser de acordo com nosso entendimento natural;
antes, deve ser de acordo com a sabedoria e revelação
espiritual. Em especial, precisamos de entendimento
espiritual para ver como o Senhor Jesus pregava o
evangelho.

A MANEIRA DE O SENHOR PREGAR O


EVANGELHO
Marcos 1:14 nos diz que Jesus foi à Galiléia
pregando o evangelho de Deus. Segundo o versículo
15, Ele disse: “O tempo está cumprido e o reino de
Deus está próximo; arrependei-vos e crede no
evangelho”. A palavra do Senhor aqui é breve. Não há
registro nesse capítulo de uma grande mensagem
dada por Ele. Quando foi à Galiléia pregar o
evangelho, Ele não disse: “Vocês todos têm de
perceber que são pecadores. Vocês se tomaram caídos
em Adão. Agora precisam arrepender-se e crer em
Mim, pois sou Aquele que veio morrer pelos seus
pecados. Se não se arrependerem e crerem, irão para
o inferno”. Em Marcos não há tal mensagem dada
pelo Senhor.
Apenas um capítulo de Marcos é dedicado à
pregação do Senhor, e é o capítulo quatro, que
contém Sua única mensagem registrada nesse
Evangelho. Ele não deu nenhuma mensagem do
capítulo um ao três nem do cinco ao dezesseis. Sua
única mensagem registrada em Marcos não foi
pregada aos pecadores. Tomando um barco como Seu
Santo dos Santos, Ele pregou o evangelho aos
discípulos.

PLANTOU-SE COMO SEMENTE


Qual é o ponto central da mensagem do Senhor
em Marcos 4? A idéia central é que o Senhor é o
Semeador e também a semente, e Ele Se planta em
nós. Ele iniciou a pregação no capítulo quatro com
essas palavras: “Eis que o semeador saiu a semear”.
Mais tarde, em 4:26, disse: “O reino de Deus é assim
como se um homem lançasse a semente à terra”. Aqui
temos o Senhor como Semeador plantando-Se como
semente nos escolhidos de Deus.
Alguns podem perguntar por que dizemos que o
Senhor Jesus veio semear-Se nas pessoas. Talvez
indaguem por que não dizemos que Jesus veio pregar
o evangelho. O motivo de enfatizar o semear do
Senhor é que o entendimento adequado da pregação
do evangelho foi danificado. Sim, o Novo Testamento
diz que o Senhor veio pregar o evangelho. Contudo
Ele não o pregou de acordo com nosso entendimento
de como o evangelho deve ser pregado. Pelo
contrário, em Marcos 4 vemos que o Senhor pregou o
evangelho plantando-Se como semente nas pessoas.
Em Marcos 1 é-nos dito que o Senhor Jesus foi à
Galiléia pregando o evangelho de Deus. Mas como Ele
pregava e qual evangelho que Ele pregava? Não
devemos entender o evangelho nem a pregação do
evangelho de forma natural. A esse respeito, muitos
cristãos estão cobertos por um espesso véu de
tradição. Presumem que sabem o que significa pregar
o evangelho de acordo com o Novo Testamento.
Como vimos, o capítulo quatro de Marcos revela que
pregar o evangelho é plantar a semente. Como já
ressaltamos em mensagens anteriores, a semente
plantada em Marcos 4 é a semente do reino.
Se quisermos ter entendimento adequado do
evangelho e da pregação do evangelho, precisamos
considerar o que está revelado no Evangelho de
Marcos. Primeiro, em I:14 vemos que o Senhor
pregou o evangelho de Deus. No versículo 15 Ele falou
do reino de Deus e do evangelho. Em Marcos não há
outra menção do reino até o capítulo quatro. Vimos
que 4:26 diz: “O reino de Deus é assim como se um
homem lançasse a semente à terra”. Portanto ali
vemos o que é o reino de Deus e também o que
significa pregar o evangelho. De acordo com esse
capítulo, pregar é semear.

O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO


Marcos 1:14 e 15 indicam que o reino de Deus é o
evangelho. No versículo 14 o Senhor Jesus pregou o
evangelho de Deus. No versículo 15 Ele disse: “O
tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo;
arrependei-vos e crede no evangelho”. Assim, o
evangelho que Ele pregava era o reino de Deus que
estava próximo, e o reino de Deus que estava próximo
era o evangelho. Além disso, arrepender-se e crer no
evangelho é, na verdade, arrepender-se e crer no
reino de Deus. Portanto é correto dizer que o reino de
Deus é o evangelho.
Já ressaltamos bastante que de acordo com
Marcos pregar o evangelho é plantar a semente.
Marcos 1:15 diz que o reino de Deus está próximo.
Mas como o reino de Deus se aproxima? Aproxima-se
pela semeadura. Sem o semear, o reino de Deus não
se aproxima. O reino de Deus aproximou-se quando
Jesus semeou, e Seu semear era Sua pregação.
Pregar Semeando
Duvido que muitos evangelistas percebam que
sua pregação do evangelho deveria ser um semear.
Pregar o evangelho é semear Jesus Cristo como
semente no coração humano.
Em Marcos 1 temos pregação e em Marcos 4
temos semeadura. A semeadura no capítulo quatro
eqüivale à pregação no capítulo um. Semear é pregar
e pregar é semear. Além disso, o reino de Deus no
capítulo quatro eqüivale ao evangelho de Deus no
capítulo um. Isso significa que pregar o evangelho de
Deus é semear a semente do reino de Deus.

O DESENVOLVIMENTO DA SEMENTE DO
REINO
O Senhor Jesus não apenas pregou o evangelho
semeando, mas Ele também é a semente plantada.
Isso significa que Ele mesmo é a semente do reino.
Depois de semeada em nós, ela se desenvolve
tornando-se um reino. Se lermos todo o capítulo
quatro de Marcos com cuidado, veremos que a
semente do reino é Jesus e seu desenvolvimento no
conjunto dos crentes é o reino. De acordo com as
Epístolas de Paulo, esse conjunto é a igreja.
A palavra de Paulo em Romanos 14:17 indica que
o reino de Deus é a igreja: “Porque o reino de Deus
não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo”. Se lermos atentamente os
capítulos doze a catorze de Romanos, veremos que o
reino de Deus ali é, na verdade, a vida da igreja. No
capítulo catorze Paulo fala de acolher os santos, algo
relacionado com a vida da igreja. Isso indica que a
vida da igreja hoje é o reino de Deus. Esse reino é o
desenvolvimento do Senhor Jesus nos crentes como
semente do reino.

O TRIGO E AS ERVAS DANINHAS


Devido à influência da cultura e religião do
judaísmo naqueles dias, muitos se importavam com
religião, ética, moral e aperfeiçoamento de caráter.
De repente, apareceu um Semeador que saiu a
semear-Se nos escolhidos de Deus. Quando estava
para iniciar Seu ministério de semear, a primeira
coisa que fez foi batizar-se. Quando foi batizado, as
coisas da cultura e da religião foram sepultadas com
Ele. Isso quer dizer que o Senhor pôs fim à cultura e
religião. Depois que saiu das águas do batismo, Ele
começou a semear-Se no povo de Deus.
O Senhor Jesus plantou-Se como semente no
“solo” dos povos escolhido de Deus. A intenção do
Senhor era que Ele, como verdadeiro trigo, crescesse
nesse solo. Podemos dizer que as coisas da cultura e
religião são “ervas daninhas” que também crescem no
solo. Alguma vez você já pensou na religião como erva
daninha, como algo que cresce para competir com
Cristo, que é o trigo? Cultura, religião, ética, moral,
filosofia, aperfeiçoamento de caráter são ervas
daninhas que competem com o trigo.
Talvez sejamos cristãos há anos, no entanto
podemos ainda não ter clareza a respeito de nossa
situação. Precisamos ver que muitas coisas além de
Cristo, que é o trigo, ainda crescem em nós. São todas
ervas daninhas, substitutos de Cristo, e precisam ser
arrancadas pela raiz, inclusive os dez itens
mencionados nas mensagens anteriores: cultura,
religião, ética, moral, filosofia humana,
aperfeiçoamento de caráter e o esforço para ser
espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Não devemos
permitir que essas coisas substituam Cristo; pelo
contrário, Ele deve substituí-las. Como já
enfatizamos, Ele é o substituto completo e universal.
Contudo, em nosso viver, esses dez itens podem
tornar-se substitutos de Cristo em nós.

O PROPÓSITO DE DEUS E NOSSO


DESFRUTE
Nesta mensagem vimos que as coisas da cultura e
da religião tiveram fim quando o Senhor Jesus foi
batizado. Também vimos que em Seu ministério Ele
Se semeou no povo de Deus para o desenvolvimento
do reino de Deus. Esse reino cumpre o propósito
eterno de Deus, que é edificar a igreja para a
expressão eterna do Deus Triúno. O reino de Deus
também visa a nosso desfrute. Por isso, o reino de
Deus cumpre o propósito divino e também nos
satisfaz com o desfrute divino. De acordo com
Marcos, o Senhor Jesus foi ao centro da terra
habitada a fim de semear-Se nos escolhidos de Deus
para desenvolver-se tornando-se um reino, com
vistas ao propósito de Deus e nosso desfrute.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E CINCO
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (14)

Leitura Bíblica: Mc 1:14-18; 4:26; 9:1-8; 10:23-25;


Rm 14:17
Na mensagem anterior consideramos os
antecedentes do ministério do Senhor no Evangelho
de Marcos. Vimos que em Seu batismo Ele pôs fim às
coisas da religião e cultura. Então em Seu ministério
Ele Se plantou como semente do reino nos escolhidos
de Deus. Essa semente se desenvolve até tornar-se o
reino de Deus. Por um lado o reino de Deus visa ao
cumprimento do propósito eterno de Deus; por outro,
visa ao nosso desfrute. Vamos agora prosseguir,
vendo como os escolhidos de Deus são o “solo” no
qual Cristo, como semente do reino, é semeado para
se desenvolver até tomar-se o reino de Deus.

SOLO PARA CRISTO CRESCER ATÉ


TORNAR-SE O REINO DE DEUS
Os escolhidos de Deus são o solo para Cristo ser
cultivado até tornar-se o reino de Deus. Contudo o
povo de Deus caiu. De acordo com o quadro retratado
pelos casos registrados em Marcos, eles. estavam
enfermos, contaminados, paralíticos, com a mão
ressequida, corrompidos, surdos, mudos, cegos e até
mortos espiritualmente.
O povo de Deus fora destinado por Ele para ser o
solo no qual Cristo seria plantado como semente e
cresceria para o desenvolvimento do reino de Deus.
Mas esse “solo” ficou enfermo, contaminado,
paralítico e com a mão ressequida; estava
corrompido, cego, surdo, mudo e até possuído por
demônio. Antes de ser salvos todos éramos esse tipo
de solo.
No capítulo um de Marcos o Senhor Jesus
começou a “coletar o solo”. Em 1:14 e 15 é-nos dito
que Jesus veio à Galiléia pregando o evangelho de
Deus, dizendo: “O tempo está cumprido e o reino de
Deus está próximo; arrependei-vos e crede no
evangelho”. Logo depois disso temos o registro do
Senhor chamando quatro discípulos: Simão, André,
Tiago e João (1:16-20). Na mensagem anterior
ressaltamos que Ele pregou o evangelho semeando-Se
nas pessoas. Em 1:16-20 vemos quatro dos que o
Senhor reuniu para ser o solo no qual Se semearia
como semente do reino.

SEGUIR O SENHOR
Quando o Senhor reuniu os discípulos em
1:16-20, que Ele queria que fizessem? O versículo
dezesseis nos diz que Simão e André “lançavam rede
ao mar, porque eram pescadores”. Disse-lhes Jesus:
“Vinde após Mim, e Eu farei com que vos tom eis
pescadores de homens. E eles, deixando
imediatamente as redes, O seguiram” (vs. 17-18).
Passando um pouco adiante, viu Tiago e João num
barco, consertando as redes. Ele os chamou e,
“deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os
empregados, foram após Ele” (v. 20). Aqui vemos que
esses quatro discípulos deixaram as redes, o barco, o
pai e até mesmo o mar. Deixaram tudo para seguir
Jesus.
Ao ler os evangelhos, quando jovem, eu me
perguntava o que queria dizer seguir Jesus. Fiquei
muito impressionado com as palavras do Senhor:
“Segue-Me”. Mais tarde ensinaram-me que seguir
Jesus significa fazer o que Ele fez. Por exemplo, Ele
amava as pessoas, e nós também devemos amar os
outros. Ele era gentil e bondoso, nós também
devemos sê-lo. No início concordei com essa
interpretação, mas por fim descobri que seguir Jesus
dessa forma pode ser comparado a ensinar um
macaco a se comportar como homem. O macaco pode
aprender a sentar, ficar em pé e andar como homem.
Mas isso não passa de imitação. Contudo muitos
cristãos tentam seguir Cristo imitando-O. Essa
interpretação de seguir Jesus está equivocada e
devemos repudiá-la. Mas ainda ficamos com a
pergunta do que significa seguir o Senhor Jesus.
Já enfatizamos que quando o Senhor chamou os
discípulos, Ele os juntou como “solo” no qual Ele iria
plantar-Se como semente. Assim podemos dizer que
seguir a Jesus é ser colocado em Seu “bolso” com o
objetivo de Ele Se semear em nós.

A CURA DO SOLO Escolhidos por Deus


Vimos que em Marcos o Senhor Jesus “coletou o
solo” e o pôs no bolso, a fim de semear-Se nele. Mas
de acordo com os casos registrados em Marcos esse
“solo” estava em condição lamentável. Como é que o
Senhor poderia usar um solo enfermo, contaminado e
corrompido? Alguns podem pensar que Ele deveria
jogar fora esse solo inútil. Mas Ele não pode lançar
fora os que foram escolhidos por Deus e
predestinados antes da fundação do mundo. Num
sentido bem real, Ele não tinha escolha. Os discípulos
haviam sido marcados, predestinados; como Ele
poderia rejeitá-los? O Pai os havia escolhido antes da
fundação do mundo e o Senhor viera para fazer a
vontade de Deus Pai. Assim sendo, Ele não podia
lançar fora os discípulos, mesmo que como solo
estivessem numa condição tão lamentável. Que é
então que o Senhor podia fazer com o solo? Como
Marcos indica, era-Lhe necessário curá-la e
transformá-la em solo bom.

Mediante a Morte e Ressurreição


Vimos que de acordo com Marcos o solo estava
numa condição lamentável. Como curá-la? A maneira
adequada de curar o solo é fazê-la passar pelo
processo de morte e ressurreição. Em princípio essa é
a maneira como a cura acontece em nosso corpo.
Agradecemos ao Senhor por ter ordenado tal
princípio ao criar o corpo humano. Se não fosse
assim, uma vez que alguém ficasse doente, não teria
como recuperar-se. Contudo no corpo há o princípio
da morte e ressurreição, o princípio de morrer e
expelir o que está velho e o aparecimento de algo
novo. As doenças no corpo humano são curadas
mediante esse princípio básico de vida, no qual as
coisas velhas morrem e as coisas novas são
produzidas.
Se entendermos esse princípio, veremos como o
Senhor Jesus cura o solo no qual Ele Se semeia como
semente do reino. O solo humano que havia sido
escolhido por Deus foi contaminado e tomou-se
inútil. Mas, como Deus Pai havia escolhido esse solo,
o Senhor Jesus não podia lançá-la fora. Esse solo
tinha até sido predestinado e marcado pelo Pai. O
Senhor devia ter alguma maneira de curá-lo.
Como vimos, seguir o Senhor é ser colocado em
Seu “bolso”. Mas como o Senhor cura o solo em Seu
bolso? O Senhor o cura levando-o à cruz, fazendo-o
morrer e então introduzindo-o na ressurreição. Na
morte do Senhor nós fomos extintos, isto é,
morremos. Então em Sua ressurreição ressuscitamos.
Assim morremos na morte do Senhor e ressuscitamos
em Sua ressurreição. Eis o modo de o solo ser curado.
No capítulo um de Marcos, o Senhor Jesus
chamou Pedra, André, Tiago e João, e eles
começaram a segui-Lo. Na verdade eles seguiram o
Senhor cegamente, não sabendo aonde iam nem o
que faziam. O fato de Pedra ter cometido muitos
equívocos indica que ele não sabia o que estava
acontecendo. O Senhor Jesus, contudo, sabia o que
queria fazer com eles.
Após “coletar” os discípulos como “solo”, o
Senhor se apresentou a eles como padrão. Por mais
de três anos Pedro e os outros observaram o que o
Senhor dizia e fazia. Por fim Ele levou os discípulos e
todos os escolhidos de Deus à cruz. Depois de tê-las
feito passar pela morte e ressurreição, eles foram
curados. É por isso que dizemos que, na morte e
ressurreição de Cristo, Seus seguidores, como solo
escolhido por Deus, foram curados. Todas as curas no
Evangelho de Marcos são sinais, apontando para essa
verdadeira cura que acontece mediante a morte e
ressurreição de Cristo.

Os Discípulos Tornaram-se Boa Terra


Quando chegamos ao capítulo um de Atos,
vemos que Pedra, André, João e Tiago, com o restante
dos cento e vinte, não estavam mais enfermos. Já não
estavam enfermos com febre, contaminados,
paralíticos, com a mão ressequida, cegos, surdos ou
mudos. Todos foram curados por meio da morte e
ressurreição do Senhor.
Na mensagem anterior e nesta abordamos quatro
questões: os antecedentes do ministério do Senhor, o
Senhor como o Semeador plantando-Se como
semente, os discípulos como solo escolhido por Deus
e a cura do solo. Como resultado da cura por meio da
morte e ressurreição de Cristo, os escolhidos de Deus
foram restaurados e tomaram-se boa terra.
Tomaram-se a “boa terra” mencionada em Marcos
4:8 e 20.

A COMPLETAÇÃO DA SEMEADURA DO
SENHOR
Por meio de Sua morte e ressurreição, o Senhor
Jesus não apenas curou o solo como também liberou
a vida de Deus e a infundiu no solo. Mediante Sua
morte, a vida divina Nele foi liberada e, mediante Sua
ressurreição, essa vida foi infundida no solo. Portanto
a morte e ressurreição do Senhor foram a
completação da semeadura de Si mesmo como
semente nos discípulos.
Essa semeadura começou no capítulo um de
Marcos e continuou até que foi completada no
capítulo dezesseis. Capítulo após capítulo, o Senhor
Jesus Se semeou nos discípulos. Isso está claramente
revelado no capítulo quatro, onde vemos que, como
Semeador, Ele veio plantar a semente do reino.
Quando Ele ressuscitou, essa semeadura foi
completada. Os discípulos então se tomaram outra
tipo de solo, o solo bom, e começaram a cultivar
Cristo. Nos primeiras capítulos de Atos vemos que
eles eram bom solo a produzir Cristo.
O REAPARECIMENTO DAS ERVAS
DANINHAS
Contudo o fato de os discípulos se terem tomado
solo bom e começado a cultivar Cristo não significa
que as “ervas daninhas” não pudessem mais crescer
neles. Em Gálatas 2 vemos que certas ervas daninhas
voltaram a crescer em Pedro. A razão pela qual elas
voltaram foi que Pedra ainda estava debaixo da
influência da velha religião.
Na verdade as ervas daninhas tentaram crescer
em Pedro em Atos 10. Segundo esse capítulo, Pedro
teve uma visão celestial, relacionada com o plantio da
semente nos gentios. Deus queria usar Pedro para
plantar a semente do reino em outro solo, em solo
gentio. Primeiro ele se recusou a obedecer à visão.
Essa recusa indica que algo diferente de trigo crescia
em Pedro. As coisas da velha religião, as ervas
daninhas, cresciam nele.
No capítulo vinte e um de Atos, vemos que Pedra
estava debaixo da influência de Tiago. Quando
consideramos Atos 21 junto com Gálatas 2, vemos
que muitas ervas daninhas cresciam em Pedra.
Precisamos perguntar-nos quantas ervas
daninhas crescem em nós. Que queremos dizer com
ervas daninhas? É algo diferente de Cristo crescendo
em nós para substituí-Lo. Em nossa experiência elas
podem incluir cultura, religião, ética, moral, filosofia,
aperfeiçoamento de caráter e o esforço para ser
espiritual, bíblico, santo e vitorioso.
Muitos irmãos que já estão sob esse ministério
por anos ainda estão debaixo da influência de seus
antecedentes culturais e religiosos. Devido a essa
influência, a visão da economia neotestamentária de
Deus não está clara para eles. Essa influência e falta
de clareza atrasam a volta do Senhor porque
impedem o desenvolvimento do reino em nós. '

NOSSA NECESSIDADE DE TER CLAREZA


COM RESPEITO AO REINO DE DEUS
A essa altura, devemos novamente fazer esta
pergunta: que é o reino de Deus? Contrariamente ao
entendimento tradicional, o reino não é apenas uma
esfera onde Deus governa as pessoas e onde entramos
para desfrutar a vida eterna. Muitos cristãos não têm
entendimento adequado nem do que é vida eterna.
Pensam que é alguma bênção eterna. Precisamos ter
clareza, a partir do Novo Testamento, com respeito ao
reino de Deus. No Novo Testamento o reino de Deus
não é uma esfera física, na qual Deus exerce
autoridade para levar a cabo Sua administração
governamental, a fim de que entremos nessa esfera
para desfrutar uma bênção eterna. Esse não é o
conceito do reino no Novo Testamento, e devemos
abandoná-lo. O que é revelado no Novo Testamento
com respeito ao reino de Deus é que o reino é uma
Pessoa, e não uma esfera física. Essa Pessoa, o Senhor
Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a corporificação do
Deus Triúno. Ele veio ser o reino. Marcos 4 diz que o
reino é como um semeador a plantar a semente.
Tanto o Semeador como a semente são o próprio
Senhor. Ele veio semear-Se como semente do reino
nos escolhidos de Deus. Em Seu ministério, Ele não
semeou outra coisa a não ser Ele mesmo como
semente do reino.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E SEIS
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (15)

Leitura Bíblica: Mc 1:l4-18; 4:26; 9:1-8; 10:23-25; Rm


14:17
Nas duas mensagens anteriores consideramos
quatro questões importantes: os antecedentes do
ministério do Senhor, o Senhor como Semeador
plantando-Se no povo de Deus, a condição dos
discípulos como “solo” e a cura desse solo pelo
Senhor mediante Sua morte e ressurreição. Vimos
que por meio dessa cura os cento e vinte se tornaram
boa terra para a semeadura do Senhor. Contudo
vimos que em Atos 10 e 21 e em Gálatas 2 há fortes
indícios de que as “ervas daninhas”, coisas que
substituem Cristo, tinham começado a crescer
novamente.
Concluímos a mensagem anterior com uma
palavra a respeito do reino de Deus. Enfatizamos que,
de acordo com o Novo Testamento, o reino de Deus é
uma Pessoa, o Senhor Jesus Cristo, semeado em nós a
fim de se desenvolver. Em Seu ministério, o Senhor
veio para plantar-Se como a semente do reino nos
escolhidos de Deus, a fim de que essa semente se
desenvolva a ponto de se tornar o reino de Deus.

O REINO COMO TRANSFIGURAÇÃO DE


JESUS
Vemos outro aspecto do reino em 9:1-8. Em 9:1 o
Senhor Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos
digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que
de maneira nenhuma provarão a morte até que vejam
ter chegado o reino de Deus com poder”. Esse
versículo é logo seguido pelo relato da transfiguração
do Senhor no monte. Os versículos 2 e 3 dizem: “Seis
dias depois, tomou Jesus Consigo a Pedro, a Tiago e a
João, e os levou sós, em particular, a um alto monte.
E foi transfigurado diante deles; as Suas vestes
tornaram-se resplandecentes, sobremodo brancas,
tais como nenhum lavandeiro na terra as poderia
alvejar”.
Quando juntamos esses versículos, vemos que a
transfiguração do Senhor Jesus foi a vinda do reino.
Isso prova que o reino não é uma esfera física. Esses
versículos indicam que o reino é uma Pessoa
transfigurada. A transfiguração do Senhor Jesus foi a
vinda do reino. Que, então, é o reino de Deus? É o
próprio Senhor Jesus transfigurado.

A EXPERIÊNCIA DO SENHOR A FLORESCER


EM NÓS

O Senhor Transfigurado em Nós


Precisamos considerar esse entendimento do
reino como a transfiguração do Senhor Jesus à luz de
nossa experiência. Quando você creu no Senhor e O
recebeu, recebeu um Jesus que ainda não havia sido
transfigurado. Assim como a semente recebida pelo
solo ainda não foi transfigurada, também em nossa
experiência o Cristo que recebemos ainda não foi
transfigurado. A transfiguração da semente requer
que ela cresça para se tornar planta madura e
também requer que essa planta floresça. Portanto
podemos dizer que a transfiguração da semente
requer crescimento e florescimento. De forma
similar, o Senhor Jesus que recebemos necessita
crescer em nós até florescer de nosso interior.
Somos o solo e o Senhor Jesus é a semente do
reino. Quando O recebemos em nós, nós O recebemos
como Aquele que, em nossa experiência, ainda não foi
transfigurado. Você recebeu o Senhor e Ele está agora
em você? Todos podemos testificar categoricamente
que O recebemos e Ele está em nós. Mas Ele já foi
transfigurado em você? Se o Senhor que está em você
ainda não foi transfigurado, os outros não poderão
ver o reino de Deus em você. Como ainda não
experimentamos essa transfiguração, precisamos que
Ele cresça em nós até que floresça. Esse florescer será
a transfiguração do Senhor Jesus em nós de forma
prática. Essa transfiguração é o reino de Deus.

Desfrute e Governo
A transfiguração do Senhor Jesus em nós se
torna não apenas o nosso desfrute, mas também o
governo de Deus. Quando Ele é transfigurado em nós
de forma prática no viver diário, essa transfiguração
se torna o reino de Deus governando tudo em nossa
vida. Esse reino nos governa e também nos dá o pleno
desfrute de Deus.

Crescimento e Transfiguração
Durante anos conheci a história da
transfiguração do Senhor sem perceber que ela deve
ser experimental e prática em nosso viver diário.
Todos O temos, mas Ele ainda não foi transfigurado
em nós. Assim precisamos que Ele cresça em nós até
se desenvolver pela transfiguração, tornando-se a
expressão do reino de Deus em nossa experiência.

A Semente Transfigurada
Em 1:15 o Senhor Jesus disse: “O tempo está
cumprido e o reino de Deus está próximo”. Então na
parábola da semente Ele disse: “O reino de Deus é
assim como se um homem lançasse a semente à
terra” (4:26). Mais tarde, em 9:1, Ele disse aos
discípulos que havia alguns que ali se encontravam
que de maneira nenhuma provariam a morte até que
vissem chegar o reino de Deus com poder. Logo após
falar isso, Ele foi transfigurado num alto monte
diante de Pedro, Tiago e João. Sua transfiguração foi
a vinda do reino de Deus com poder. Eis um claro
indício de que o reino de Deus é, na verdade, a
transfiguração do Senhor Jesus.
No capítulo quatro de Marcos temos a semente
do reino. No nove, essa semente é transfigurada, e
essa transfiguração é a vinda do reino de Deus.
Você sabe por que, entre muitos cristãos
autênticos, há a falta do reino de Deus hoje? O motivo
é que há a falta da transfiguração de Cristo. O Cristo
que vive em tantos crentes ainda é uma semente,
ainda não foi transfigurado. Essa também pode ser
nossa situação. Sim, temos o Senhor a viver em nós,
mas talvez ainda não Lhe tenhamos dado
oportunidade de se transfigurar em nós. Assim talvez
em nós haja apenas a semente do reino, e não sua
aparência.

O Aparecimento do Reino
No dia da transfiguração do Senhor no alto do
monte houve o aparecimento, a vinda, do reino. A
partir disso podemos ver que, para ter o
aparecimento do reino de nosso interior, precisamos
ter a experiência de o Senhor ser transfigurado em
nós.

Produzir a Vida da Igreja


Marcos 9:1-3 prova que o reino de Deus não é
uma esfera material. Já enfatizamos que o reino de
Deus é a transfiguração da Pessoa do Senhor Jesus.
Hoje essa transfiguração produz a vida da igreja, que
é o reino de Deus.
Esse entendimento da igreja como reino
corresponde à palavra de Paulo em Romanos 14:17:
“O reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. De acordo
com o contexto, o reino de Deus nesse versículo se
refere à vida da igreja.

VIVER A VIDA DIVINA PARA O REINO DE


DEUS
Todos precisamos ver que o plano eterno de
Deus, que é Sua economia neotestamentária, é
dispensar-Se, como Deus Triúno, a Seus escolhidos. A
fim de cumprir Seu plano, Ele se encarnou,
tornando-se um homem chamado Jesus. Quando saiu
para pregar Ele começou a Se semear nos escolhidos
de Deus. Contudo Seus escolhidos, como solo para a
semeadura do Senhor, tornou-se caído, danificado e
corrompido. Por isso Ele levou esse solo à cruz e o
crucificou. Então levou os escolhidos de Deus
Consigo, como solo, em Sua ressurreição. Mediante
Sua morte e ressurreição, Ele não só curou o solo,
como também se tornou o substituto para o povo de
Deus. Substituindo-os Consigo mesmo, Ele os fez Sua
reprodução, isto é, iguais a Ele.
Quando o Senhor Jesus esteve na terra, Ele viveu
uma vida de Deus para o reino de Deus. Ele não viveu
uma vida de cultura, religião ou ética. Agora Seus
seguidores devem ter o mesmo viver. Isso quer dizer
que devem viver a vida de Deus para o
desenvolvimento do reino de Deus.
É crucial ver que, como povo de Deus, como os
que foram substituídos por Cristo e com Cristo,
precisamos ter um viver absolutamente de Deus.
Nosso viver não deve provir de algo que não seja o
Deus Triúno.
Dia a dia precisamos colocar essa visão em
prática. Isso significa que em vez de viver uma vida de
cultura, religião, ética, moral, filosofia,
aperfeiçoamento de caráter e esforço para ser
espiritual, bíblico, santo e vitorioso; precisamos ter
um viver absolutamente de Deus e para o reino de
Deus.
Por exemplo, um irmão casado não deve tentar,
em si mesmo, amar a esposa. Também não deve
esforçar-se em ser padrão de bom marido. Ter esse
pensamento é perder o objetivo da economia
neotestamentária de Deus. Além disso, é perder a
visão da economia divina.
Segundo a visão da economia divina apresentada
no Novo Testamento, como escolhidos de Deus, os
que foram substituídos por Cristo e com Cristo,
devemos viver exclusivamente a vida de Deus. Isso
quer dizer que, se um irmão tem o conceito de tentar
ser bom marido, deve abandoná10 e simplesmente
viver a vida de Deus. Ele precisa perceber que foi
escolhido por Deus e substituído por Cristo, e não
deve, em si mesmo, ser bom marido, mas deve viver a
vida de Deus. Ele não foi destinado a viver uma vida
de amar a esposa, mas a viver a vida de Deus. Assim
ele não deve viver urna vida de cultura, religião ou
ética. Em vez de olhar essas coisas, ele deve ver
apenas Jesus. Por fim, viverá de forma muito mais
elevada que a cultura, religião, ética ou moral. Terá
um amor pela esposa muito mais elevado do que o
amor humano natural.
Não devemos estar ocupados nem mesmo com
coisas boas, tais como ética e aperfeiçoamento de
caráter, nem ser impedidos por essas coisas. Em vez
disso, devemos estar ocupados, totalmente tomados,
com o Deus Triúno. Aquele que teve um viver
totalmente de acordo com a economia
neotestarnentária de Deus e para ela, Aquele que nos
substituiu Consigo mesmo é agora o Espírito a viver
por meio de nós. Não devemos permitir que nada que
não seja Ele nos encha e ocupe.

RICO EM COISAS DIFERENTES DO DEUS


TRIÚNO
O incidente do homem rico em Marcos 10 é uma
ilustração da nossa necessidade de estar livres da
ocupação do que não é o próprio Deus. Depois que o
homem rico retirou-se triste, o Senhor disse aos
discípulos: “Quão dificilmente entrarão no reino de
Deus os que têm riquezas!” (10:23). Alguns que lêem
isso podem dizer: “Deus não é justo. Por que um
pobre pode entrar no reino de Deus e um rico não?”.
Precisamos ver por que o rico em Marcos 10 não
podia entrar no reino de Deus. Ele não podia entrar
porque seu ser estava ocupado por coisas diferentes
de Deus. Não havia lugar nele para Cristo crescer até
ser um reino. Novamente precisamos ver que o reino
de Deus não é uma esfera material. O reino de Deus é
o Senhor Jesus a crescer e se desenvolver em nós.
Quando alguns lêem a respeito do homem rico
em Marcos 1 O podem alegrar-se por ser pobres e não
ser nem um pouco como ele. Contudo você pode ser
bastante rico em coisas que não sejam os bens
materiais. Mesmo os jovens entre nós podem ser ricos
nos dez itens que são substitutos de Cristo: cultura,
religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de
caráter e esforço para ser espiritual, bíblico, santo e
vitorioso.
Você sabe o que significa ser rico? Significa estar
ocupado por algo que não é o Deus Triúno. Em meus
anos de serviço ao Senhor conheci centenas de
cristãos ricos em coisas além do Deus Triúno. Eram
ricos em itens como conhecimento bíblico, teologia
tradicional e esforço para ser espiritual. Visto que
eram ricos dessa maneira, não havia espaço para o
Senhor crescer neles.
Não estou falando algo nesta mensagem que não
tenha primeiro aplicado a mim. Antes de ministrar
esta mensagem, eu me perguntei: “Você está ocupado
por algo que não seja Cristo? Talvez esteja ocupado
por algum conceito que tenha a respeito da Bíblia”.
Tenho profunda preocupação de ainda esteja
ocupado por certas coisas boas que não são o próprio
Cristo.

NOSSA NECESSIDADE DE NOS ESVAZIAR


PARA ENTRAR NO REINO DE DEUS POR
MEIO DO CRESCIMENTO DE CRISTO EM
NOSSO INTERIOR
Todos precisamos ser esvaziados de qualquer
coisa diferente de Cristo que nos ocupe. Nosso ser
precisa ser “descarregado” para o Senhor Jesus.
Precisamos esvaziar-nos. De acordo com a Bíblia,
humilhar-se é esvaziar-se. Precisamos esvaziar-nos a
fim de que todo o espaço em nós esteja disponível
para o crescimento do Senhor em nós.
Esvaziar-nos e dar ao Senhor Jesus todo o espaço
em nós é nossa entrada no reino de Deus. Não
devemos considerar o reino como uma esfera
material na qual entraríamos um dia, depois de
satisfeitos certos requisitos. Esse é um conceito
tradicional do reino de Deus, e não o ensinamento do
Novo Testamento.
Precisamos ser impressionados com o fato de
que entrar no reino de Deus é esvaziar-nos,
“descarregar-nos” de tudo que não seja Cristo, a fim
de que todo o nosso ser esteja disponível para Ele
crescer em nós totalmente. Tenho plena convicção de
que esse é o entendimento adequado do significado
de entrar no reino de Deus. Se hoje você não
concorda com essa interpretação, por fim irá
concordar que ela está de acordo com a revelação do
Novo Testamento.
Entrar no reino de Deus não é entrar numa
esfera material fora de nós, e sim cultivar Cristo
interiormente. O desenvolvimento do reino em nós é
entrar no reino.
Como pode o reino desenvolver-se em nós? Se
queremos que isso aconteça, precisamos
humilhar-nos, esvaziar-nos, “descarregar-nos”. Não
devemos estar ocupados por cultura, religião, ética,
moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter ou com
esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso.
Devemos ocupar-nos apenas com Cristo e Seu
crescimento em nós. Todo terreno em nós deve ser
deixado disponível para Ele crescer.
Encorajo você a tomar esse entendimento do
reino e ler Mateus 13 e Marcos 4 sob essa luz. Nesses
capítulos vemos o Senhor Jesus, como o Semeador,
vindo semear-Se em nós como solo. Ele espera que
nos esvaziemos, nos “descarreguemos” e Lhe demos
base para crescer em nós.
O crescimento de Cristo em nós é nossa entrada
no reino. A razão disso é que esse crescimento é o
desenvolvimento do reino. Além do mais, ao
desenvolver o reino, entramos nele. Assim ele não é
uma esfera material, pelo contrário, é questão de
Cristo crescer em nosso ser.
Deus nos escolheu em Cristo e O proveu como
substituto universal. Agora precisamos cooperar com
o Senhor “descarregando-nos”, a fim de que Ele
cresça livremente em nosso ser. Se fizermos isso,
estaremos no reino. Estaremos na manifestação do
reino na era vindoura e na realidade do reino hoje.
Essa é uma vida que vive de acordo com a economia
neotestamentária de Deus.
Que todos tenhamos tal visão da economia de
Deus! Se tivermos a visão de uma vida totalmente de
acordo com a economia divina e para ela, toda a nossa
vida cristã será revolucionada.

RICO DESENVOLVIMENTO PARA RICA


ENTRADA
Em 2 Pedro 1:3-11 temos outro indício de que o
desenvolvimento do reino em nosso interior é, na
verdade, nossa entrada no reino. Nos versículos 3 e 4
(VRC) Pedro fala que o divino poder nos deu tudo o
que diz respeito à vida e piedade, e que nos tornamos
participantes da natureza divina. Então nos
versículos 5 a 11 temos o desenvolvimento, pelo
crescimento em vida, até a rica entrada no reino
eterno .: Nos versículos 5 a 7 Pedro diz: “Por isso
mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência,
associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o
conhecimento; com o conhecimento, o domínio
próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com
a perseverança, a piedade; com a piedade, a
fraternidade; com a fraternidade, o amor”. Aqui
vemos o desenvolvimento da vida divina em nós por
meio de uma série de passos. Então no versículo 11 ele
conclui: “Pois desta maneira é que vos será
amplamente suprida a entrada no reino eterno de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Esse versículo
é confirmação categórica do que dissemos sobre
entrar no reino de Deus.
A entrada no reino é o desenvolvimento da vida
divina em nós. Se tivermos um rico desenvolvimento
dessa vida, esse desenvolvimento se tornará nossa
rica entrada no reino de Deus. Em 2 Pedro 1:3-11
vemos como a entrada no reino nos é suprida rica e
amplamente. Gostaríamos de enfatizar que essa
entrada é suprida pelo desenvolvimento da vida
divina em nós. Aparentemente somos nós que
entramos no reino de Deus. Na verdade a entrada no
reino nos é suprida pelo Senhor por meio de nosso
crescimento em Sua vida e do desenvolvimento dessa
vida em nós.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E SETE
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (16)

Leitura Bíblica: Jo 16:12-15; 20:22; At 1:5, 8; 2:1-4,


17-18; 4:8, 3J; 9:17; 13:9, 52; 6:3, 5a; 7:55; 11:24;
8:29, 39; 16:6-7; Rm 8:2, 9-11; 1Co 15:45b; 2Co
3:17-18; Fp 1:19-21a; 3:7-10
No Evangelho de Marcos vemos o Senhor Jesus
como Aquele que teve um viver de acordo com a
economia neotestamentária de Deus. Ele é tanto o
Semeador como a semente. Ele Se plantou como
semente nos discípulos. O Senhor “coletou” os
discípulos, os escolhidos de Deus, como Seu “solo” no
qual semeou-Se a fim de crescer neles, e eles, Nele. O
Senhor também os levou Consigo para a cruz e pôs
fim a eles. Depois disso, Ele os introduziu em Sua
ressurreição. Tendo visto tudo isso nas mensagens
anteriores, vamos agora prosseguir e ver como eles
são a continuação do Senhor.
Marcos termina com a ascensão do Senhor. Que
o Senhor Jesus faz agora que ressuscitou e ascendeu?
A fim de saber isso, necessitamos do livro de Atos.

DOIS ASPECTOS DO ESPÍRITO SANTO


No capítulo um de Atos o Cristo ressurreto
ordenou aos discípulos que permanecessem em
Jerusalém para o batismo no Espírito Santo: “Porque
João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo, não muito depois
destes dias” (At 1:5). No versículo oito Ele prosseguiu:
“Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo”. Aqui vemos que o batismo no Espírito Santo é
a descida do Espírito sobre os discípulos.
Em Atos 1 o Senhor fala de os discípulos
experimentarem o Espírito Santo vindo sobre eles.
Mas eles já não tinham recebido o Espírito Santo? De
acordo com João 20, ao cair da tarde no dia da
ressurreição, o Senhor apareceu aos discípulos,
soprou neles e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo”
(v. 22). Nesse versículo o Espírito Santo é comparado
ao sopro. O sopro é algo interior, relacionado com a
vida em nosso interior. Em João 20:22, portanto, os
discípulos receberam o Espírito Santo como sopro
para vida.
Quarenta dias após Sua ressurreição, o Senhor
lhes ordenou que permanecessem em Jerusalém para
que o Espírito Santo descesse sobre eles. Essa descida
do Espírito sobre eles visava poder, e não vida. Em
João 20 ternos o Espírito interiormente para vida; em
Atos 1 ternos o Espírito exteriormente para poder,
para batismo. Quando urna pessoa é batizada, ela não
bebe a água; em vez disso, é imersa na água.
Semelhantemente, o batismo no Espírito Santo o
Espírito vem sobre nós exteriormente para que
tenhamos poder.
A palavra do Senhor aos discípulos com respeito
ao Espírito Santo no capítulo um de Atos foi
cumprida no capítulo dois. No dia de Pentecostes, “de
repente, veio do céu um som, como de um vento
impetuoso” e encheu toda a casa onde estavam
assentados. Então todos ficaram cheios do Espírito
Santo (At 2:1-4). No dia da ressurreição do Senhor,
eles receberam o Espírito Santo como sopro para
vida. Então, cinqüenta dias depois, em Pentecostes, o
Espírito Santo veio sobre eles como vento impetuoso.
Podemos facilmente ver a diferença entre sopro e
vento. Sopro é para vida e vento é para poder. Em
João 20 e Atos 2 temos dois símbolos do Espírito
Santo: o sopro para vida interiormente e o vento para
poder exteriormente.

Na Vida e Ministério do Senhor Jesus


No Senhor Jesus também vemos esses dois
aspectos do Espírito. Primeiro, Ele foi concebido do
Espírito Santo (Lc 1:35; Mt 1:18, 20). Depois, aos
trinta anos, quando saiu para ministrar, o Espírito
Santo desceu sobre Ele, e Ele foi batizado no Espírito
Santo (Lc 3:21-22). O fato de ter sido concebido do
Espírito foi algo do Espírito essencialmente, mas ter
sido batizado no Espírito Santo foi a descida do
Espírito sobre Ele economicamente. Portanto o
Espírito Santo para a concepção do Senhor era
essencial e para Seu ministério era econômico.
Como o Senhor Jesus foi concebido do Espírito
Santo essencialmente, o Espírito se tomou a essência
de Seu ser. Ele tinha a essência divina da concepção
do Espírito Santo e também recebeu a essência
humana da virgem Maria. Urna vez concebido da
essência divina e nascido com a essência humana, Ele
nasceu como Homem-Deus. Isso quer dizer que, para
Seu ser, como Homem-Deus, Ele tinha duas
essências: a divina e a humana. Portanto era tanto
Deus como homem, o Deus completo e o homem
perfeito. Isso diz respeito a Seu ser, à Sua existência.
Por trinta anos o Senhor Jesus viveu na terra
como Homem-Deus. Aos trinta anos começou a
ministrar. Para o ministério Ele precisava que o
Espírito de Deus descesse sobre Ele, não essencial,
mas economicamente. Essa descida do Espírito sobre
o Senhor era para a economia de Deus, e não para a
existência do Senhor. Para Sua existência Ele
necessitava do Espírito Santo essencialmente como
Sua essência divina. Mas para levar a cabo a
economia de Deus Ele necessitava que o Espírito
Santo descesse sobre Ele economicamente.

Na Experiência dos Discípulos


Os discípulos também receberam o Espírito
Santo essencial e economicamente. Eles O receberam
essencialmente em João 20:22. Isso visava a
existência espiritual deles, seu ser espiritual. Quando
receberam o Espírito Santo em João 20, receberam a
essência divina. Depois disso ainda precisavam
receber o Espírito economicamente a fim de levar a
cabo a economia de Deus como a continuação do
Senhor Jesus. Os discípulos tinham de levar a cabo a
economia de Deus da mesma forma que o Senhor.
Visto que o Senhor levou a cabo a economia de Deus
por meio do Espírito econômico, os discípulos tinham
de fazê-lo. Portanto, depois de receber o Espírito
essencialmente, precisavam receber o Espírito
economicamente. Eles receberam o Espírito
econômico no capítulo dois de Atos.
Já enfatizamos que em João 20:22 os discípulos
receberam o Espírito Santo essencialmente para seu
ser e existência espirituais. Em Atos 1, nós os vemos
vivendo nesse ser espiritual. Antes de João 20, isto é,
antes da morte e ressurreição do Senhor, eles não
haviam sido avivados em seu ser espiritual para sua
existência espiritual. Em vez disso tinham um ser
caído natural e carnal. Mesmo depois que o Senhor
lhes revelou Sua morte e ressurreição pela terceira
vez (Mc 10:32-34), eles ainda disputavam a respeito
de quem seria o maior (Mc 10:35-45). Além disso,
Pedro certamente estava em seu ser natural quando
negou o Senhor. Mas, após a morte e ressurreição do
Senhor, eles receberam o Espírito essencial como
fonte do seu ser espiritual. No capítulo um de Atos,
embora ainda não tivessem recebido o Espírito Santo
sobre eles economicamente, já O tinham
experimentado essencialmente para sua existência
espiritual. Assim em seu ser eles se tornaram
espirituais. Eles tinham o Espírito essencial para seu
ser espiritual, mas ainda necessitavam que o Espírito
Santo descesse sobre eles economicamente. Isso
aconteceu no dia de Pentecostes. Em Atos 2 o Espírito
estava plenamente consumado para a experiência dos
crentes.

Em Nossa Experiência Hoje


Quando você recebeu o Espírito essencial e
economicamente? Alguns podem dizer que O
receberam essencialmente quando foram
regenerados, e economicamente, algum tempo
depois. De acordo com a maneira bíblica de se
entender essa questão, nós O recebemos essencial e
economicamente há mais de mil e novecentos anos.
Todos O recebemos essencialmente em João 20.
Então economicamente os crentes judeus O
receberam em Atos 2 e os crentes gentios em Atos 10.
Podemos usar a compra de uma casa como
ilustração de receber. o Espírito Santo. Suponha que
um irmão compre uma casa antes de se casar. Depois
ele se casa e tem filhos. Quando é que a esposa e os
filhos dele compraram a casa? A resposta correta é
que a compraram quando ele a comprou. O princípio
é o mesmo com relação a receber do Espírito Santo.
Quando é que O recebemos? Quando os discípulos,
como nossos representantes, O receberam.
Através dos séculos muitos creram no Senhor
Jesus. Será que cada vez que alguém crê Nele o
Senhor vem soprar nele e então batizá-lo no Espírito
Santo? Não, Ele soprou o Espírito e batizou os crentes
no Espírito uma vez por todas. O sopro do Espírito e o
batismo no Espírito são fatos consumados. Em João
20 Ele soprou o Espírito essencialmente em Seu
Corpo. Isso aconteceu uma vez por todas. Agora,
assim como a esposa e os filhos do irmão dispõem da
casa comprada por ele antes de se casar, assim
também temos parte no sopro do Senhor do Espírito
como quem se tornou membro de Seu Corpo. No
primeiro caso não há necessidade de que a mulher e
os filhos comprem a casa novamente, pois
simplesmente partilham a casa comprada pelo pai.
Semelhantemente, não há necessidade de o Senhor
soprar o Espírito novamente. Só precisamos desfrutar
o Espírito soprado por Ele no Corpo.
Depois da ressurreição o Senhor Jesus foi aos
discípulos e, considerando-os como Seu Corpo,
soprou o Espírito Santo neles essencialmente.
Cinqüenta dias depois, no dia de Pentecostes, Ele
batizou a parte judia do Corpo no Espírito Santo.
Mais tarde, na casa de Cornélio, batizou a parte gentia
do Corpo no Espírito. Nesse momento, a consumação
do Espírito para o Corpo foi plenamente cumprida.
Sempre que um pecador crê no Senhor Jesus, sua
fé o une tanto ao Senhor como ao Corpo. Dessa
forma, o Espírito se torna sua porção. Ele agora tem
parte no fato de que o Senhor soprou o Espírito no
Corpo essencialmente e batizou o Corpo no Espírito
economicamente.
Não devemos pensar que há dois Espíritos ou
que o Espírito possa alguma maneira ser dividido.
Pelo contrário, há um só Espírito. Contudo há os dois
aspectos do Espírito: um para a essência e o outro
para a economia. O primeiro aspecto do Espírito é
essencial, o segundo é econômico. Hoje em nossa
experiência temos ambos: tanto o Espírito essencial
como o econômico.

O ESPÍRITO ESSENCIAL E O ESPÍRITO


ECONÔMICO EM ATOS
No livro de Atos podemos dizer que há duas
linhas com respeito ao Espírito: a do Espírito
essencial e a do Espírito econômico, Vamos primeiro
considerar alguns versículos relacionados com o
Espírito econômico e depois com o Espírito essencial.

O Espírito Econômico
Atos 1:5 diz: “Porque João, na verdade, batizou
com água, mas vós sereis batizados com o Espírito
Santo, não muito depois destes dias”. Isso claramente
se refere ao Espírito econômico. No versículo 8 o
Senhor prossegue: “Mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo”. A descida do Espírito
sobre nós é o aspecto econômico do Espírito.
Atos 2:4 diz que os discípulos “Todos ficaram
cheios do Espírito Santo”. Aqui vemos que os
discípulos foram cheios do Espírito economicamente
para o ministério.
Atos 2:17-18 diz: “E acontecerá nos últimos dias,
diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão
vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as
minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles
dias, e profetizarão”. Esses versículos falam do
derramamento do Espírito. Isso difere do sopro do
Espírito nos discípulos, o qual saiu da boca de Cristo
na Sua ressurreição. O derramamento do Espírito de
Deus veio dos céus na ascensão de Cristo. O primeiro
é o aspecto essencial do Espírito soprado nos
discípulos para seu ser e existência espirituais; o
último é o aspecto econômico, derramado sobre eles
como poder para sua obra.
No capítulo quatro de Atos o aspecto econômico
do Espírito Santo é mencionado duas vezes. No
versículo 8 diz que Pedro estava “cheio do Espírito
Santo”. Esse foi o encher econômico do Espírito para
o ministério. O versículo 31 diz: “Todos ficaram
cheios do Espírito Santo”. Esse também foi o encher
econômico do Espírito.
Em Atos 9:17 vemos que Ananias foi enviado a
Saulo de Tarso a fim de que este recebesse o encher
econômico do Espírito Santo: “Ananias foi e,
entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo:
Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio
Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas,
para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito
Santo”. Antes de Ananias ter vindo a ele, Saulo já
havia recebido o Espírito essencial. Quando invocou o
nome do Senhor, Saulo começou a participar do
Espírito essencial. Mas em 9:17 Ananias veio para
impor-lhe as mãos sobre ele para ele ter parte no
Espírito econômico.
Atos 13:9 nos diz que Paulo estava cheio do
Espírito Santo. Isso também se refere ao aspecto
econômico do Espírito.

O Espírito Essencial
Há outros versículos em Atos que se referem ao
Espírito essencial. Um deles é Atos 6:3: “Mas, irmãos,
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação,
cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais
encarregaremos deste serviço”. Isso se refere a ser
cheio essencialmente do Espírito para vida. Para fazer
o serviço mencionado no capítulo seis, não se requer
poder, e sim vida com sabedoria e paciência. Para
esse serviço precisamos estar cheios do Espírito de
vida, e não do Espírito de poder. Ser cheio do Espírito
de poder visa à economia de Deus, mas ser cheio do
Espírito de vida visa à existência espiritual. Nesse
versículo “sabedoria” indica que esse é o encher do
Espírito essencial para vida.
Em Atos 6:5 nos é dito que Estêvão era um
“homem cheio de fé e do Espírito Santo”. Mais uma
vez aqui se refere ao aspecto essencial do Espírito.
Quando foi apedrejado, Estêvão estava cheio do
Espírito essencialmente: “Mas Estêvão, cheio do
Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de
Deus e Jesus, que estava à sua direita” (7:55). O
encher do Espírito aqui é questão de vida, e não de
poder. Portanto é o encher do Espírito essencial.
Falando de Barnabé, Atos 11:24 o descreve como
“homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé”. Esse
versículo também fala do aspecto essencial do
Espírito.
Atos 13:52 diz: “Os discípulos, porém,
transbordavam de alegria e do Espírito Santo”. O
encher do Espírito Santo aqui não visa poder, mas
vida. Nesse versículo os discípulos foram cheios do
Espírito Santo essencialmente para vida, e não para
poder.
Ao considerar esses versículos em Atos, vemos
claramente os dois aspectos do Espírito Santo. Por
um lado, vemos o aspecto essencial para nosso ser
espiritual; por outro, vemos o aspecto econômico
visando nossa obra para levar a cabo a economia
neotestamentária de Deus.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E OITO
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (17)

Leitura Bíblica: Jo 16:12-15; 20:22; At 1:5, 8;


2:1-4,]7-18; 4:8, 31; 9:17; 13:9, 52; 6:3, 5a; 7:55; 1l:24;
8:29, 39; 16:6-7; Rm 8:2, 9-11; 1Co 15:45b; 2Co
3:17-18; Fp 1:19-21a; 3:7-10
Na mensagem anterior vimos que em Atos temos
o Espírito essencial e o econômico. No capítulo oito
de Atos temos o Espírito e o Espírito do Senhor. Atos
8:29 diz: “Então, disse o Espírito a Filipe:
Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. Aqui o
Espírito para nossa existência espiritual e o Espírito
para a economia de Deus é simplesmente chamado de
o Espírito.
Atos 8:39 ainda diz: “Quando saíram da água, o
Espírito do Senhor arrebatou a Filipe”. A expressão “o
Espírito do Senhor” indica que o Espírito é o Senhor,
assim como a expressão “o amor de Deus” significa
que amor é Deus, e “a vida de Deus”, que vida é Deus.
Portanto em Atos vemos que o Espírito nos dois
aspectos, o essencial e o econômico, na verdade é o
próprio Senhor.

O ESPÍRITO DE JESUS
Atos 16:6-7 diz: “E, percorrendo a região
frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito
Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia,
tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não
o permitiu”. O uso intercambiável de o Espírito de
Jesus e o Espírito Santo nesses versículos revela que
o Espírito de Jesus é o Espírito Santo. O Espírito
Santo é um título geral do Espírito de Deus no Novo
Testamento. O Espírito de Jesus é uma expressão
específica com respeito ao Espírito de Deus. Essa
expressão se refere ao Espírito do Salvador
encarnado, que, como Jesus em Sua humanidade,
passou pelo viver humano e morte na cruz. Isso
indica que no Espírito de Jesus não há apenas o
elemento divino, mas também o humano de Jesus e o
elemento de Seu viver humano e também do
sofrimento de Sua morte.

O ESPÍRITO QUE DÁ VIDA


No livro de Atos vemos que depois de Sua
ressurreição e ascensão Cristo se tomou o Espírito, o
Espírito que dá vida. Em 1 Coríntios 15:45 Paulo diz:
“O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O
último Adão, porém, é espírito vivificante”. Adão foi
feito alma vivente por meio da criação, com corpo
anímico7, ou natural. Cristo se tomou o Espírito que
dá vida por meio da ressurreição com corpo
espiritual. Adão como alma vivente é natural; Cristo
como Espírito que dá vida é ressurreto. Primeiro, na
encarnação Cristo se tomou carne por causa da
redenção (Jo 1:14, 29). Então, em ressurreição
tomou-se o Espírito que dá vida para infundir vida
(10 10:10). Como o Espírito que dá vida em
ressurreição, Ele está pronto para ser recebido pelos
que Nele crêem. Quando cremos Nele, Ele entra em
7
Anímico, isto é, pertencente ou relativo à alma; psíquico. (N. do T.)
nosso espírito e somos unidos a Ele, que é o Espírito
que dá vida. Portanto tomamo-nos um espírito com
Ele (1Co 6:17).
Embora 1 Coríntios 15:45 diga que Cristo, o
último Adão, em ressurreição, tomou-se Espírito que
dá vida alguns consideram isso uma heresia. Se você
lhes disser que Cristo hoje é o Espírito, dirão: “Esse
ensinamento é contra a doutrina da Trindade, e A é
herético. Dizer que Cristo é o Espírito é confundir as
três Pessoas da Trindade”. Nós, contudo não
seguimos a doutrina tradicional da Trindade, e sim a
palavra de Deus, que diz claramente que o último
Adão tomou-se Espírito que dá vida.

O ESPÍRITO DO SENHOR
Em 2 Coríntios 3:17 Paulo diz: “Ora, o Senhor é o
Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade”. Por um lado, Paulo diz que o Senhor é o
Espírito; por outro fala do Espírito do Senhor. De
acordo com o contexto, o Senhor em 2 Coríntios 3:17
se refere a Cristo, o Senhor (2Co 2:12, 14-15, 17; 3:3-4,
14, 16; 4:5). Isso, então, é uma palavra enfática na
Bíblia dizendo-nos que Cristo é o Espírito.
A expressão “o Espírito do Senhor” é usada em 2
Coríntios 3:17 e Atos 8:39. De acordo com todo o
contexto de Atos, o Espírito do Senhor se refere a
Jesus Cristo. O mesmo é verdade em 2 Coríntios 3:17,
onde o Espírito do Senhor se refere ao Senhor como
Espírito. Assim no mesmo versículo Paulo diz que o
Senhor é o Espírito.
Em 2 Coríntios 3:18 Paulo prossegue: “E todos
nós, com o rosto desvendado, contemplando, como
por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados, de glória em glória, na sua própria
Imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. O “Senhor, o
Espírito”, ou “Senhor Espírito” pode ser considerado
um título composto, como “Deus o Pai” e “Cristo, o
Senhor”. A expressão “o Senhor Espírito” prova
novamente que o Senhor Cristo é o Espírito, e o
Espírito é o Senhor Cristo. Como o Senhor é o
Espírito, e o Espírito é o Senhor, Ele é chamado de “o
Senhor, o Espírito”. Esse é o Cristo pneumático.
No Evangelho de Marcos vemos Jesus, e no livro
de Atos temos o Espírito do Senhor e o Espírito de
Jesus. Em 1 Coríntios 15:45 Paulo fala de Cristo como
o Espírito que dá vida. Por certo, o último Adão é
Jesus, exatamente o mesmo Jesus apresentado em
Marcos. Paulo diz que esse último Adão tornou-se
Espírito vivificante. Ele se tornou o Espírito que dá
vida por meio do processo de morte e ressurreição.
Podemos dizer que o Espírito de Jesus é a
transfiguração de Jesus. O Senhor Jesus era a
semente que passou pelo processo de morte e
ressurreição. Em ressurreição, Ele, o último Adão,
“floresceu” e se tornou o Espírito que dá vida. Assim
podemos dizer que o Espírito que dá vida é o
florescimento do Senhor como semente que passou
pelo processo de morte e ressurreição. Vamos usar a
semente de cravo como ilustração. Tanto a semente
como a flor são cravos. A diferença é que a semente é
o cravo em forma de semente e a flor é o cravo em
forma de flor. De modo semelhante, podemos dizer
que a “semente” em Marcos é Jesus, e a “florada” em
Atos é o Espírito de Jesus.
Hoje participamos do Senhor como semente ou
como flor? A resposta correta é que O
experimentamos como semente e como flor. Nós O
desfrutamos como a semente que se tornou a flor em
ressurreição.

O ESPÍRITO DE CRISTO
Em Romanos 8:2 Paulo fala do Espírito da vida, e
em 8:9, do Espírito de Cristo. O Espírito de Cristo
está relacionado com a morte e ressurreição do
Senhor; é o Espírito Daquele que passou pela morte e
entrou na ressurreição. Agora que temos esse Espírito
em nós, não temos apenas Cristo, mas Cristo em Sua
morte e ressurreição.
A morte do Senhor foi um término todo-inclusivo
e Sua ressurreição foi uma germinação
todo-inclusiva. Em Sua morte tivemos fim e em Sua
ressurreição germinamos. Louvado seja o Senhor,
pois temos o Cristo todo-inclusivo com término e
germinação todo-inclusivos! O Espírito de Cristo,
portanto, é a totalidade, o conjunto, do Cristo
todo-inclusivo com Sua morte e ressurreição
todo-inclusivas. Por ter esse Espírito como
florescência de Cristo, temos o Cristo todo-inclusivo e
Seu término e germinação todo-inclusivos. Como os
que tiveram fim e germinaram, estamos agora nesse
Espírito maravilhoso.
Visto que recebemos o maravilhoso Espírito de
Cristo, devemos louvá-Lo e não meramente orar.
Louvemo-Lo, pois já temos o Espírito. Se apenas
orarmos e não louvarmos, seremos, em nossa
experiência, como os discípulos no Evangelho de
Marcos. Em certo sentido, Tiago e João oraram
quando pediram ao Senhor que lhes concedesse
sentar à Sua direita e esquerda em Seu reino. Hoje
não estamos em Marcos 10 nem mesmo em Marcos
16; estamos em Romanos 8. Por isso não devemos
dizer ao Senhor em oração quão miseráveis somos ou
quão lamentável é nossa condição. Em vez de pedir
que o Senhor nos ajude em nossos problemas,
devemos louvá-Lo, pois estamos no Espírito
todo-inclusivo. Nesse Espírito temos vida, força,
poder, habilidade, vigor e autoridade.

A PROVISÃO ABUNDANTE DO ESPÍRITO DE


JESUS CRISTO
Em Filipenses 1:19 Paulo diz: “Porque sei que
para mim isso resultará em salvação, por meio da
vossa petição e pela provisão abundante do Espírito
de Jesus Cristo” (lit.). Assim como em Romanos 8, o
Espírito aqui é o Espírito agregado. Dessa forma
Paulo diz que sua situação redundará em salvação por
meio da provisão abundante do Espírito agregado.
Não há indicação nenhuma no livro de Filipenses
de que Paulo tivesse orado dizendo quão fraco ele era
e que precisava do Senhor para fortalecê-lo. Não há
nenhuma indicação de que tenha orado: “Senhor, Tu
sabes que estou na prisão por Tua causa. Tenho sido
fiel a Ti, Senhor, mas estou fraco e preciso de Ti para
me fortalecer. Tem misericórdia de mim para que eu
agüente esta prisão”. Paulo não orou assim no livro
de Filipenses nem orou assim quando ele e Silas
estavam na prisão em Atos 16. De acordo com o
registro no capítulo 16 de Atos, eles cantaram
louvores ao Senhor.
Muitíssimos cristãos oram de forma lamentável;
poucos são cheios de júbilo e louvor. Precisamos ser
cristãos cheios de júbilo, louvor e gozo. Mesmo preso
Paulo podia falar de alegrar-se no Senhor (Fp 3:1).
Ele sabia que por meio da provisão abundante do
Espírito de Jesus Cristo, seu aprisionamento iria
tomar-se salvação para ele, a fim de engrandecer
Cristo e vivê-Lo (Fp 1:20-21).

UMA CONTINUAÇÃO DO SENHOR JESUS


Em Filipenses 3:7-10 Paulo diz: “Mas o que, para
mim, era lucro, isto considerei perda por causa de
Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por
causa da sublimidade do conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as
coisas e as considero como refugo, para ganhar a
Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria,
que procede de lei, senão a que é mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a
comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me
com ele na sua morte”. Aqui vemos que ele
considerava todas as coisas como perda por causa de
Cristo. Essas coisas certamente incluem os dez itens
mencionados nas mensagens anteriores: cultura,
religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de
caráter e o esforço para ser espiritual, bíblico, santo e
vitorioso. Ele considerava tudo isso como perda, por
causa do Espírito agregado, a fim de ser encontrado
em Cristo, e não em outra coisa.
Paulo também aspirava conhecer Cristo e o
poder de Sua ressurreição e ser conformado com Ele
em Sua morte. Novamente temos Cristo com Sua
morte e ressurreição.
Em Filipenses vemos que Paulo era a
continuação do Senhor Jesus. Assim como o Senhor
viveu uma vida totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela, também Paulo
teve um viver assim.

O ESPÍRITO TODO-INCLUSIVO EM NÓS


No Novo Testamento, vinte e dois livros, de Atos
a Judas, revelam o Cristo pneumático todo-inclusivo.
Vimos que precisamos louvar o Senhor por ter
recebido esse Cristo pneumático, por tê-Lo recebido
como o Espírito que dá vida. Contudo alguns podem
dizer: “Você realmente quer dizer que tudo o que
devemos fazer é louvar o Senhor? Será que não há
nada mais afazer?”. Tal pergunta dá terreno para que
as “ervas daninhas” dos dez itens, que são substitutos
de Cristo, cresçam em nós. Quanto mais
perguntarmos o que fazer, mais essas ervas serão
semeadas em nós.
Assim como as sementes de certas ervas
daninhas são carregadas pelo ar, as sementes das
ervas daninhas diabólicas são carregadas pelo sopro
do ar satânico. Alguém pode dizer: “Concordo que
devemos louvar o Senhor por Ele ser o Espírito
todo-inclusivo em nós. Contudo ainda creio que
necessitamos fazer algo”. Essa conversa mostra a
influência do sopro do vento satânico. Desde que
pensemos que, em nós mesmos, devemos fazer algo,
fracassamos e somos distraídos do que ouvimos
nestas mensagens,
Esqueçamos nossos esforços próprios para fazer
algo e louvemos o Senhor pelo Espírito agregado que
recebemos. Louvemo-Lo, pois recebemos Seu sopro
do Espírito essencial e Seu batismo com o Espírito
econômico. Agora estamos no Espírito todo-inclusivo
como consumação final e máxima do Deus Triúno.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SESSENTA E NOVE
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (18)

Leitura Bíblica: Ap 1:4-5a, 11-13, 20; 2:7, 11, 17,


26-28; 3:5-6, 12-13, 21-22; 4:5; 5:6; 14:13-16; 21:1-3a,
9-12, 14, 18-19a, 21; 22:1-2, 14, 17
Nas mensagens anteriores deste Estudo-Vida do
Evangelho de Marcos vimos que os discípulos do
Senhor O seguiram desde o início de Seu ministério.
O Senhor os conduzia passo a passo, aonde quer que
fosse. Ele até mesmo os levou Consigo à Sua morte e
ressurreição. Isso quer dizer que eles passaram pelos
processos pelos quais o Salvador-Servo passou.
Passando pela morte e ressurreição do Senhor,
os discípulos se tomaram Sua continuação, que está
desvendada no livro de Atos. Ressaltamos que no
capítulo um de Atos eles são a continuação do
Senhor, seguindo-O para ter um viver de acordo com
a economia neotestamentária de Deus.
Também vimos que em Atos há dois aspectos do
Espírito: o essencial e o econômico. O Espírito de
Deus, que é agora o Espírito de Jesus e até mesmo o
Espírito de Jesus Cristo, é tanto essencial como
econômico. O Espírito essencial visa a nosso ser
espiritual e o econômico visa a nossa obra. Como
crentes ternos um ser, uma pessoa, espiritual e isso é
pertinente ao Espírito essencial. Também
executamos uma obra espiritual, que é do Espírito
econômico. Portanto para nosso ser espiritual temos
o Espírito essencial e para nossa obra, de levar a cabo
a economia divina, temos o Espírito econômico.
Nesta mensagem e na seguinte consideraremos a
consumação de uma vida que é totalmente de acordo
com a economia neotestarnentária de Deus e para ela.
Essa consumação é plenamente revelada no último
livro da Bíblia, Apocalipse.

O CONTEÚDO DO NOVO TESTAMENTO


Antes de chegar à consumação da economia
neotestamentária de Deus, gostaria de apresentar
uma breve visão de todo o Novo Testamento. Para
isso eu pediria que você olhasse o diagrama impresso
na página 646 desta mensagem. O diagrama é
intitulado “A Economia Neotestamentária de Deus” e,
na verdade, apresenta uma visão do conteúdo do
Novo Testamento.
Muitos cristãos arranjam os vinte e sete livros do
Novo Testamento em três seções: os livros históricos
(os quatro Evangelhos e o livro de Atos), as Epístolas
(de Romanos a Judas) e o livro de Apocalipse.
Contudo, recentemente, por meio do Estudo-Vida de
Marcos, vimos que há outra maneira de dividir o
Novo Testamento, que está relacionada com a Pessoa
viva do Senhor Jesus, porque todo o Novo
Testamento se refere a essa Pessoa, que é a
corporificação do Deus Triúno. De acordo com essa
maneira, temos também três seções: os quatro
Evangelhos, o livro de Atos até a Epístola de Judas, e
o livro de Apocalipse.

A PRIMEIRA SEÇÃO: OS QUATRO


EVANGELHOS O Filho Veio com o Pai
Que é abordado na primeira seção, a seção dos
quatro Evangelhos? Os Evangelhos revelam o Filho.
Quando o Filho veio, não veio sozinho, mas com o
Pai. O Evangelho de João em especial nos diz que
quando o Filho veio à terra Ele veio com o Pai (10
8:29). Foi essa a razão de o Filho ter dito que não
estava só, pois o Pai sempre estava com Ele (10
16:32). O Filho até mesmo disse que estava no Pai e o
Pai estava Nele (10 14:10). Trata-se não apenas da
coexistência do Pai e do Filho, mas também da
“coinerência”8 do Pai e do Filho.

O Filho Veio pelo Espírito


Os quatro Evangelhos também revelam que o
Filho veio pelo Espírito. Ele foi concebido e nasceu do
Espírito essencialmente. Quanto a isso Mateus 1:18
diz que Maria “achou-se grávida, tendo concebido do
Espírito Santo”. Mateus 1:20 ainda registra a palavra
do anjo do Senhor a José: “Não temas receber Maria,
tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito
Santo”. Além disso, em Lucas 1:35 o anjo disse a
Maria: “Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso
também o ente santo que há de nascer será chamado
Filho de Deus”. Quando o Senhor Jesus tinha trinta
anos, o Espírito desceu sobre Ele economicamente e
Ele foi ungido com o Espírito para o ministério (Lc
3:21-23).
O Senhor Jesus foi concebido e nasceu do
Espírito essencialmente. Por isso, tinha a essência
divina que recebeu do Espírito Santo e a humana que
recebeu da virgem Maria. Assim Ele nasceu como
8
Coinerência, isto é, inerência recíproca, inclusão mútua. (N. do T.)
Homem-Deus, Aquele que era o Deus completo e o
homem perfeito. Quando aos trinta anos Ele saiu para
ministrar, o Espírito de Deus desceu sobre Ele, não
essencial, mas economicamente. Portanto, quando
ministrava na terra, Ele vivia pelo Espírito essencial e
ministrava pelo Espírito econômico. É por isso que
dizemos que nos Evangelhos o Filho veio pelo
Espírito. Ele veio pelo Espírito, que é tanto o Espírito
essencial como econômico.

A Corporificação do Deus Triúno em Jesus


Cristo
De acordo com os quatro Evangelhos, o Filho
veio com o Pai e pelo Espírito. É importante ver isso.
Devemos abandonar o conceito de que quando o
Filho veio à terra, Ele deixou o Pai nos céus. Não, o
Filho veio com o Pai e veio pelo Espírito. Na verdade,
em Jesus Cristo, o Filho, temos a corporificação do
Deus Triúno. o Filho veio com o Pai e pelo Espírito
para ser a corporificação do Deus Triúno no Homem
Jesus Cristo.

O Tabernáculo de Deus e o Templo de Deus


Jesus Cristo, que é a corporificação do Deus
Triúno, é o tabernáculo de Deus e o templo de Deus.
João 1:1 e 14 diz que o Verbo, que era Deus, tornou-se
carne e armou tabernáculo entre nós. A palavra
tabernáculo em João 1:14 indica que, quando estava
na carne, Cristo era o tabernáculo de Deus. Nele Deus
armou tabernáculo entre os homens. Então, no
capítulo dois de João, vemos que o Senhor era o
templo, a habitação de Deus (vs. 19, 21). Como
corporificação do Deus Triúno, Jesus Cristo era a
habitação de Deus a fim de expressá-Lo entre os
homens.

Teve o Viver de Deus para Desenvolver-se no


Reino de Deus
Como Aquele que era a corporificação do Deus
Triúno, como tabernáculo de Deus e templo de Deus,
o Senhor Jesus viveu a vida de Deus. Ele teve um
viver no plano mais elevado, uma vida muito mais
elevada do que a ética ou a moral. O viver que Ele teve
era, na verdade, o próprio Deus. Além disso Ele viveu
tal vida para que essa vida pudesse desenvolver-se até
tornar-se o reino de Deus.
De acordo com a revelação nos quatro
Evangelhos, o resultado do viver dessa Pessoa
maravilhosa é o reino de Deus. Como o reino de Deus
é o desenvolvimento da vida de Deus, o Senhor Jesus
não apenas pregava o evangelho de Deus, mas
também o evangelho do reino de Deus (Mc 1:14; Lc
4:43; 8:1).
Espero que todos compreendam esse breve
esboço dos quatro Evangelhos. Neles vemos que o
Filho veio com o Pai e pelo Espírito para ser a
corporificação do Deus Triúno em Jesus Cristo. Ele, a
corporificação do Deus Triúno, é o tabernáculo de
Deus e o templo de Deus como Sua habitação. Ele
teve um viver de Deus, uma vida que se desenvolveu
até tornar-se o reino de Deus.

A SEGUNDA SEÇÃO: DE ATOS AJUDAS


Como indica o diagrama, a segunda seção do
Novo Testamento inclui os vinte e dois livros de Atos
a Judas. Esses livros também são a revelação de uma
Pessoa. Aqui temos o Espírito como o Filho com o Pai
para ser a consumação do Deus Triúno na igreja.

O Espírito como o Filho com o Pai


Nessa seção não vemos o Espírito sozinho, mas o
Espírito como o Filho. Em 1 Coríntios 15:45, Paulo diz
que o último Adão, Jesus Cristo, tornou-se Espírito
que dá vida. Aqui Paulo não diz somente que Cristo se
tornou o Espírito, mas que se tornou o Espírito
vivificante. Esse adjetivo indica que o Espírito é o que
dá vida. Há apenas um Espírito que dá vida, e é o
Espírito divino. Não devemos pensar que além do
Espírito Santo haja outro Espírito que dê vida. Não, o
Espírito que dá vida em 1 Coríntios 15:45 é o Espírito
divino que dá vida. Por meio da ressurreição, Cristo
se tornou tal Espírito.
Em 2 Coríntios 3:17 Paulo diz claramente: “O
Senhor é o Espírito”. Como já falamos, o Senhor aqui
é Cristo, o Senhor. Portanto esse versículo nos diz
claramente que Cristo é o Espírito. Com respeito a
isso, a nota na Bíblia Anotada diz que aqui temos
“uma afirmação forte de que Cristo e o Espírito Santo
são um em essência”. Na segunda seção do Novo
Testamento, portanto, temos o Espírito como o Filho.
Quando o Espírito veio, veio como o Filho com o
Pai. O Pai sempre está com o Filho. Em João 14:23 o
Senhor Jesus disse que se O amamos, o Pai nos amará
e tanto o Pai como o Filho virão a nós e farão morada
conosco. Isso prova que o Pai vem com o Filho. Visto
que o Espírito vem como o Filho, o Pai também está
presente.

A Consumação do Deus Triúno


O Espírito vindo como o Filho com o Pai é a
consumação do Deus Triúno. Nos Evangelhos o Filho
com o Pai e pelo Espírito é a corporificação do Deus
Triúno. Agora, de Atos a Judas, o Espírito como o
Filho e com o Pai é a consumação do Deus Triúno.

Na Igreja
O Espírito como a consumação do Deus Triúno
está na igreja. Nessa seção do Novo Testamento,
vemos a igreja como Corpo de Cristo (Ef 1:22-23) e
templo de Deus (Ef 2:21; 1Co 3:16). O Corpo de Cristo
é o reino de Deus, e o templo de Deus é Sua casa (1Tm
3:15). Assim, dizer que a igreja é o Corpo de Cristo e
templo de Deus é dizer que ela é o reino de Deus e Sua
casa. Romanos 14:17 diz que o reino de Deus é justiça,
paz e alegria no Espírito Santo. De acordo com o
contexto de Romanos 12 a 15, o reino de Deus deve
referir-se à vida da igreja hoje. A igreja é tanto o reino
de Deus como Sua casa.

Viver Cristo até Alcançar a Plenitude de Deus


Como os que estão na igreja, devemos viver
Cristo até alcançar a plenitude de Deus. Na primeira
seção vemos a corporificação do Deus Triúno vivendo
a vida de Deus para desenvolver-se até tornar-se Seu
reino. Agora vemos a consumação do Deus Triúno na
igreja vivendo Cristo até alcançar Sua plenitude. Essa
expressão “a plenitude de Deus” é revelada em
Efésios 3:19. Que quadro maravilhoso temos nos
vinte e dois livros da segunda seção do Novo
Testamento!
Que vemos de Atos a Judas? Uma Pessoa viva e
maravilhosa: o Espírito como o Filho com o Pai para
ser a consumação do Deus Triúno, percebida na
igreja para viver Cristo até alcançar a plenitude de
Deus.

A TERCEIRA SEÇÃO: APOCALIPSE

Os Sete Espíritos do Eterno e do Redentor


Vamos agora à terceira seção do Novo
Testamento. Essa seção contém apenas um livro, o
livro de Apocalipse. Nesse livro vemos os sete
Espíritos do Eterno e do Redentor (Ap 1:4-5). Na
primeira seção temos o Filho; na segunda seção, o
Espírito; e na terceira seção os sete Espíritos. Em
Apocalipse o Espírito se torna os sete Espíritos. Os
sete Espíritos provêm do Eterno, Aquele que é, que
era e que há de vir. O Eterno é Jeová Deus, que em
Êxodo 3 é revelado como o Eu Sou. Portanto
Apocalipse 1:4, na verdade, se refere a Jeová Deus em
Êxodo 3, o Eterno, o eterno Eu Sou.
A seqüência da Trindade é diferente em
Apocalipse 1:45 da que é mostrada em Mateus 28:19.
Em Mateus 28:19 o Espírito é o terceiro, mas em
Apocalipse 1:4-5 os sete Espíritos são o segundo o
fato de os sete Espíritos serem mencionados em
segundo lugar indica que Eles provêm do Eterno e são
também do Redentor. Apocalipse 5:6 diz que os sete
Espíritos são os sete olhos do Cordeiro, logo os sete
Espíritos certamente são do Cordeiro, do Redentor.

A Intensificação do Deus Triúno


Em Apocalipse os sete Espíritos estão
relacionados com o Deus Triúno. No diagrama
ressaltamos que Eles provêm do Eterno e do
Redentor, e são a intensificação do Deus Triúno. O
Filho é a corporificação do Deus Triúno, o Espírito é
Sua consumação e os sete Espíritos são Sua
intensificação.

Na Igreja Vencedora
Os sete Espíritos, como a intensificação do Deus
Triúno, estão na igreja vencedora. Nos capítulos dois
e três de Apocalipse ouvimos repetidamente o
chamado ao vencedor. Também nesses capítulos a
seguinte palavra é repetida sete vezes: “Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2:7, 11,
17, 29; 3:6, 13, 22). A palavra com respeito ao
vencedor e as sete menções ao Espírito que fala às
igrejas indicam que, com a intensificação do Deus
Triúno, o Senhor deseja ter a igreja vencedora, a
igreja que vence a situação degradada. Na igreja
vencedora não temos só a corporificação do Deus
Triúno e Sua consumação, mas também Sua
intensificação, o Deus Triúno sete vezes intensificado.

Culmina nos Candelabros de Ouro e na Nova


Jerusalém
De acordo com Apocalipse, a igreja vencedora
culmina nos candelabros de ouro e, por fim, na Nova
Jerusalém. Os sete candelabros são nesta era e a Nova
Jerusalém será na eternidade. Portanto Apocalipse
começa com os sete candelabros e termina com a
Nova Jerusalém.

INICIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E
FINALIZAÇÃO
Na primeira seção do Novo Testamento temos a
iniciação da economia neotestamentária de Deus, na
segunda temos o desenvolvimento e na terceira, a
finalização. Isso quer dizer que os sete Espíritos,
como intensificação do Deus Triúno na igreja
vencedora, são a finalização da economia do Novo
Testamento. O Espírito intensificado finaliza a
economia neotestamentária de Deus em dois
estágios: primeiro, nesta era, com os candelabros de
ouro; finalmente, na eternidade, na Nova Jerusalém.
Esse é um esboço breve de todo o Novo
Testamento com respeito à economia
neotestamentária de Deus.
ESTUDO-VIDA DE MARCOS
MENSAGEM SETENTA
UMA VIDA TOTALMENTE DE ACORDO COM A
ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS, E PARA
ELA (19)

Leitura Bíblica: Ap 1:4-5a, 11-13, 20; 2:7, 11, 17,


26-28; 3:5-6, 12-13, 21-22; 4:5; 5:6; 14:13-16; 21:1-3a,
9-12, 14, 18-19a, 21; 22:1-2, 14, 17

UM RESUMO DA ECONOMIA
NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS
Na mensagem anterior consideramos um
diagrama que apresenta um resumo da economia
neotestamentária de Deus. De acordo com esse
diagrama, todo o Novo Testamento pode ser dividido
em três seções: os quatro Evangelhos como a
iniciação, Atos a Judas como o desenvolvimento e
Apocalipse como a finalização. Na primeira seção
vemos o Filho com o Pai e pelo Espírito para ser a
corporificação do Deus Triúno, em Jesus Cristo,
como tabernáculo de Deus e templo de Deus, vivendo
a vida de Deus a fim de desenvolver-se até tornar-se o
reino de Deus. Na segunda seção vemos o Espírito
como o Filho com o Pai para ser a consumação do
Deus Triúno na igreja como Corpo de Cristo, templo
de Deus, reino de Deus e casa de Deus, vivendo Cristo
até a plenitude de Deus. Na terceira seção temos os
sete Espíritos que provêm do Eterno e do Redentor
para ser a intensificação do Deus Triúno na igreja
vencedora, culminando nos candelabros de ouro e na
Nova Jerusalém. Nesta mensagem, a última do
Estudo-Vida de Marcos, vamos considerar a
intensificação do Deus Triúno culminando nos
candelabros de ouro e na Nova Jerusalém.
De acordo com o registro de Marcos, os
discípulos seguiram o Senhor Jesus para ser
introduzidos Nele. Eles foram carregados pelo
Senhor, o Todo-inclusivo, aonde quer que Ele fosse.
Assim Ele os introduziu em Si mesmo. Introduziu-os
em Sua morte todo-inclusiva, a morte que pôs fim a
todas as coisas velhas, e também em Sua ressurreição
todo-inclusiva, na qual germinaram para ser Sua
reprodução e continuação. No livro de Atos podemos
ver que os discípulos tiveram parte em Cristo e O
desfrutaram por meio de Sua morte e ressurreição
todo-inclusivas. Além disso, por meio dos discípulos,
a igreja veio à existência. As vinte e uma Epístolas, de
Romanos a Judas, são necessárias para definir o que
é apresentado resumidamente no livro de Atos.

OS CANDELABROS DE OURO
Após a definição detalhada nas Epístolas, temos
a consumação da economia neotestamentária de
Deus no livro de Apocalipse. Nessa consumação os
sete Espíritos, o Espírito de Deus sete vezes
intensificado, é um dos itens principais. Por meio do
Espírito intensificado e com Ele a igreja se torna um
candelabro de ouro puro. Isso é algo grandiosíssimo.

Símbolo do Deus Triúno


O candelabro de ouro é símbolo do Deus Triúno.
O ouro do candelabro representa a natureza divina, a
natureza de Deus Pai. Sua forma representa o Filho
de Deus, como corporificação do Pai. Suas sete
lâmpadas representam o Espírito de Deus como
expressão. Assim, no candelabro vemos Deus Pai
como sua natureza, Deus Filho como sua forma e
Deus Espírito como sua expressão.

Representando a Igreja
O candelabro não apenas simboliza o Deus
Triúno, mas também representa a igreja. Mas como
uma igreja cheia de pecadores salvos pode ser um
candelabro de ouro puro? Sim, todos somos salvos,
mas ainda somos muito naturais, muito carnais,
cheios de ego e velha criação. Como podem pessoas
como nós tomar-se um candelabro de ouro?

Uma Palavra de Encorajamento


Alguns irmãos me disseram que estão
desencorajados e até mesmo desapontados com a
condição da igreja. Alguns disseram: “Anos atrás a
situação era cheia de esperança, mas agora a condição
da igreja é desapontadora”. Se você sente assim, isso
indica que não vê o Espírito sete vezes intensificado.
O Novo Testamento não termina com
desapontamento. Pelo contrário, culmina com plena
esperança: os sete Espíritos transformando uma
igreja aparentemente sem esperança num candelabro
de ouro puro.
Em 1961 escrevi alguns hinos sobre a igreja e a
Nova Jerusalém. Eu estava especialmente feliz em
cantar os hinos sobre a igreja vencedora. Um dia um
irmão me disse: “Você quer dizer que podemos ter a
Nova Jerusalém hoje?”. Eu respondi: “Irmão, não
digo que possamos ter a Nova Jerusalém hoje, mas,
de acordo com Apocalipse, as igrejas nesta era devem
ser uma miniatura da Nova Jerusalém”. Continuei
falando a ele que realmente creio que a igreja pode
ser uma miniatura da Nova Jerusalém. Espero que
todos vocês creiam também. O Novo Testamento
finaliza com uma palavra de encorajamento. Louvado
seja o Senhor pelo Espírito sete vezes intensificado na
igreja vencedora, culminando nos candelabros de
ouro!

A Intensificação do Deus Triúno para a Vida


da Igreja
Na primeira seção do Novo Testamento, os
quatro Evangelhos, temos a corporificação do Deus
Triúno, e na segunda seção temos Sua consumação.
Na terceira seção, em Apocalipse, temos Sua
intensificação. Isso quer dizer que o Espírito, como
consumação do Deus Triúno, é intensificado para
tomar-se os sete Espíritos.
Não temos os sete Espíritos no livro de
Apocalipse? Sim, Apocalipse enfatiza os sete
Espíritos. Você prefere permanecer com o Espírito do
livro de Atos ou os sete Espíritos de Apocalipse? Onde
você está hoje, em Atos ou em Apocalipse? Todos
deveríamos ser capazes de testificar que estamos no
livro de Apocalipse. Como estamos em Apocalipse,
todas as igrejas devem perceber que agora não é
tempo de desencorajamento ou desânimo. Mas é
tempo de intensificação, um momento cheio de
esperança e encorajamento.
Em Apocalipse temos a intensificação
setuplicada do Deus Triúno para a vida da igreja.
Contudo, se olharmos a condição das igrejas,
ficaremos desapontados. Mas, se voltarmos os olhos à
intensificação setuplicada do Deus Triúno, seremos
cheios de louvor ao Senhor.
Você acredita na condição da igreja ou na
intensificação setuplicada do Deus Triúno? A
condição da igreja não é nossa salvação. Pelo
contrário, pode ser um desencorajamento para nós.
Portanto devemos olhar para a intensificação
setuplicada do Deus Triúno, pois essa intensificação é
nossa salvação.
No livro de Apocalipse o Espírito sete vezes
intensificado é enfatizado repetidamente. Em 1:4
lemos a respeito dos sete Espíritos que se acham
diante do trono de Deus. Depois, nos capítulos dois e
três, o Espírito é enfatizado repetidamente. Sete vezes
são ditas as seguintes palavras: “Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2:7, 11, 17, 29;
3:6, 13, 22). Apocalipse 4:5 diz: “Do trono saem
relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono,
ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos
de Deus”. Apocalipse 5:6 fala de: “Um Cordeiro como
tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como
sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados
por toda a terra”. Aqui vemos que o Espírito é
intensificado para ser os sete Espíritos, que são os
sete olhos do Cordeiro, o Redentor. Em Apocalipse
14:13 temos essa frase: “Sim, diz o Espírito”.
Finalmente, em 22:17 o Espírito e a noiva são
mencionados juntos: “O Espírito e a noiva dizem:
Vem!”. Aqui vemos que bem no fim de Apocalipse, a
noiva, que é a igreja, está em unidade com o Espírito.
Em Apocalipse os títulos “o Espírito de Deus” e
“o Espírito Santo” não são usados. Em vez disso,
temos “o Espírito” e “os sete Espíritos”. Precisamos
apreciar os sete Espíritos. O Espírito sete vezes
intensificado é capaz de transformar uma igreja sem
esperança num candelabro de ouro puro.
Com respeito à igreja, não devemos ser
desencorajados nem desapontados. Sejamos
encorajados com o candelabro de ouro e com a Nova
Jerusalém. A Bíblia termina com um forte
encorajamento. Olhe para os candelabros de ouro
brilhando nesta era de trevas, brilhando nesta
geração pervertida. Na eternidade a Nova Jerusalém
será a consumação da intensificação do Deus Triúno.
Isso certamente indica que nosso Deus não pode ser
derrotado por Satanás. Mesmo hoje, Deus não está
derrotado, Sua igreja não está derrotada e nós não
estamos derrotados. Contudo, se você pensar que está
derrotado, será derrotado. Em vez de pensar assim,
devemos dizer: “Aleluia, em Cristo não estou
derrotado! Por meio do Espírito sete vezes
intensificado, jamais serei derrotado!”.

A NOVA JERUSALÉM

Um Sinal do Agregado do Povo Escolhido de


Deus
A consumação extrema da intensificação do Deus
Triúno é a Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é um
sinal do agregado dos escolhidos de Deus tanto do
Antigo como do Novo Testamento. Portanto, é uma
composição de todos os santos do Antigo Testamento,
representados pelos nomes das doze tribos de Israel
(Ap 21:12), e de todos os santos do Novo Testamento,
representados pelos nomes dos doze apóstolos
(21:14). Desse modo, a Nova Jerusalém é uma
composição viva do povo escolhido, redimido, salvo,
regenerado e transformado de Deus. Todo o povo de
Deus será transformado em ouro, pérolas e pedras
preciosas. Todo esse material indica a edificação da
habitação de Deus.

A Essência Intrínseca da Edificação Divina


Embora na Nova Jerusalém, revelada no livro de
Apocalipse, vejamos o material precioso como ouro,
pérola e pedras preciosas, nesse material não se vê
especificamente a essência intrínseca do edifício
divino, que é, na verdade, o Deus Triúno como vida
para nós.

A Água da Vida e a Árvore da Vida


No centro da Nova Jerusalém está o trono de
Deus, e do trono flui o rio da água da vida (Ap 22:1-2).
A árvore da vida como videira cresce dos dois lados
do rio. Como Apocalipse indica, a água da vida no rio
é para bebermos, e a árvore da vida crescendo ao
longo do rio é para comermos. Beber água é colocá-la
em nosso ser. Da mesma forma, comer algo é
colocá-lo em nós. Comendo e bebendo somos
supridos com a essência do que comemos e bebemos.
O rio da vida e a árvore da vida, assim, indicam a
essência intrínseca da natureza dessa cidade: o
próprio Deus Triúno como nossa vida e suprimento
de vida.
No rio que flui com a árvore da vida vemos o
Deus Triúno. Esse rio flui do trono de Deus e do
Cordeiro. De acordo com João 7:38-39, esse rio
fluindo é o Espírito. Assim, temos Deus, o Cordeiro e
o Espírito. Esse é o Deus Triúno fluindo para nos
suprir de Si mesmo como vida. Esse Deus Triúno
fluente não apenas nos satura, mas também nos
supre com a essência divina.
Podemos usar a petrificação da madeira como
ilustração de como o fluir do Deus Triúno infunde
Sua essência em nós. O fluir da água faz com que a
madeira se petrifique. A água fluente satura a
madeira com o elemento de certos minerais. Ao ser
saturada da essência desse material, a madeira é
transformada em pedra. Essa é uma figura do fluir do
Espírito trazendo a essência divina para nosso ser.
Essa essência realiza a obra de nos transformar,
transformar pessoas de barro em pedras preciosas.
Essa figura nos ajuda a ver que a essência intrínseca
da composição do edifício de Deus, a Nova
Jerusalém, é o próprio Deus Triúno como vida e
suprimento de vida para nós.
Em Apocalipse 22 vemos que precisamos beber
do Deus Triúno. Em 1 Coríntios ·12:13 Paulo diz que
todos fomos batizados em um só Espírito e nos foi
dado beber desse Espírito. Nosso destino é beber o
Deus Triúno. Como escolhidos de Deus, fomos
destinados a beber do Deus Triúno. Esse é nosso
destino eterno e eterno desfrute. Pela eternidade,
nossa única bebida será o Deus Triúno como vida
divina. Aleluia por essa bebida todo-inclusiva!
Em Apocalipse 22:1-2 vemos que a árvore da vida
vem com a água da vida. A vida de Deus é bebida para
nos saturar e também comida para nos satisfazer.

O Caminho da Vida e a Luz da Vida


Na Nova Jerusalém o rio da vida flui no meio da
rua. Isso indica que na Nova Jerusalém andaremos
pelo caminho da vida. Nessa cidade haverá apenas
uma rua, a rua na qual flui o rio da vida. O rio é o rio
da vida, a árvore é a árvore da vida e a rua é o
caminho da vida. Esse caminho nos dirigirá, guiará,
regulará e preservará.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno também será
nossa luz. Apocalipse 21:23 diz: “A cidade não precisa
nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade,
pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua
lâmpada”. Na Nova Jerusalém o Cordeiro será a
lâmpada na qual estará Deus como nossa luz.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno será nossa
vida para nos saturar, satisfazer e nos regular, guiar e
dirigir. O Deus Triúno também será nossa luz para
nos iluminar. Aqui temos a essência intrínseca da
Nova Jerusalém.

A Essência Intrínseca da Vida da Igreja


A essência intrínseca da Nova Jerusalém
também deve ser a essência intrínseca da vida da
igreja hoje. Na vida da igreja deve haver o trono de
Deus, do qual flui o Deus Triúno como nossa bebida,
com a árvore da vida como nossa comida para nos
proporcionar o caminho da vida e a luz da vida. Essa é
a essência intrínseca da vida da igreja, a essência que
nos transforma em candelabro de ouro puro hoje e
nos transformará em pedras preciosas para a
edificação da Nova Jerusalém na era vindoura. Por
meio dessa essência intrínseca podemos ter um viver
totalmente de acordo com a economia
neotestamentária de Deus e para ela.

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