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Conceito de Imposto:

1. Prestação – hoje, pode afirmar-se, uma prestação pecuniária, uma obrigação de entrega de dinheiro, porque estamos perante o
domínio de uma obrigação;
2. Pecuniária – já não tem necessariamente significado de moeda, tem a ver com a possibilidade de qualificação pecuniária, sem
carácter pessoal
3. Definitiva – O imposto é uma prestação definitiva, porque aquilo que é pago a título de imposto legalmente devido não mais é
restituído ao sujeito passivo. Claro está que esta noção de definitividade não exclui a eventual restituição do imposto (ou de parte
do imposto) que não era legalmente devido, como sucede, p. ex., nos casos em que os montantes retidos na fonte ultrapassam os
montantes apurados a final como legalmente exigíveis ao contribuinte (rectius, sujeito passivo). É a característica da definitividade
que permite a distinção entre o imposto e o empréstimo público forçado. Ao contrário daquele, este, embora igualmente
coactivo, não é definitivo. Mais tarde ou mais cedo os valores objecto do empréstimo forçado serão restituídos a quem, coagido,
os cedeu.
4. Coactiva – O imposto é uma prestação coactiva, porque na sua génese não está um acto de vontade. A obrigação de imposto tem
a sua fonte na lei e o seu nascimento prescinde da vontade de quem está vinculado ao seu cumprimento. A obrigação de imposto
“impõe-se” ao sujeito passivo, mesmo (e será essa até a regra) contra a sua vontade onde é exigido pelo Estado,
independentemente da vontade do contribuinte (não se lhe pergunta se e quanto quer pagar);
5. Unilateral – A prestação de imposto não dá lugar a nenhuma contraprestação individualizada, a nenhuma contrapartida que
quem paga o imposto possa exigir em troca do que pagou, a segurança, hospitais, ensino, etc.
Do ponto de vista mediato as receitas dos impostos revertem para o estado para a prestação de serviços como (e as outras
entidades que na relação jurídica fiscal vão ocupar a posição de sujeito activo) vai construir estradas, escolas, hospitais e vai
prestar serviços de que o contribuinte pode eventualmente usufruir e beneficiar. Simplesmente, nem aquilo que, porventura, o
contribuinte recebe é a medida daquilo que pagou, nem o facto de pagar lhe confere o direito de exigir nada em troca. O imposto
é, pois, estritamente unilateral.
É a unilateralidade do imposto que o distingue desse outro tributo essencial que é a taxa. Ao contrário do imposto, a taxa é
bilateral, dá sempre lugar a uma contrapartida individualizada. A relevância desta matéria justifica o seu tratamento em
apontamento autónomo, para onde se remete.
6. Sem carácter de sanção – não se paga imposto porque se desrespeitou uma disposição legal, mas sim estabelecida pela lei onde
a criação de impostos está sujeita ao princípio da legalidade. Os impostos são criados por lei, valendo aqui as considerações que
abaixo se tecerão a propósito do mencionado princípio da legalidade.
7. Exigida pelo... - estado ou por um ente que prossiga fins públicos. Exemplo: taxa de radiodifusão exigida pela EDP que é uma
empresa privada, que não é o estado. Estas empresas têm uma relação especial com o estado.
Estando hoje atribuídas ou concessionadas à iniciativa privada relevantes funções públicas, não pode deixar de admitir-se que um
imposto seja criado a favor destas entidades privadas. Mais rigoroso será, por isso, não restringir em abstracto a possibilidade de
atribuição da qualidade de sujeito activo da relação jurídica fiscal às pessoas colectivas de direito público, mas, de modo mais
abrangente, exigir apenas que o sujeito activo daquela relação seja uma entidade incumbida da prossecução de uma função
pública.
8. Fim público - Não seria de todo incorrecto referir como finalidade do imposto a arrecadação de receitas que permitissem a
realização de despesas públicas. A verdade, porém, é que o imposto não tem apenas por fim a arrecadação de receitas. A política
fiscal constitui hoje um importante instrumento de política macroeconómica e, depois da criação do euro (com a consequente
renúncia dos governos nacionais a uma política monetária autónoma) o instrumento por excelência de política macroeconómica
de cada Estado da zona euro. Por outro lado, a par dos impostos fiscais, podemos ter uma miríade de impostos extra fiscais, cuja
finalidade e justificação primeiras extravasam o domínio estrito da arrecadação de receitas. Mais curial é, por tudo isto, incluir na
noção de imposto a referência à sua afectação à realização de fins públicos, em vez da simples menção à arrecadação de receitas,
para a realização de despesas.

O elemento objectivo, subjectivo e teleológico da definição: Juridicamente, o imposto é uma prestação definitiva e unilateral,
estabelecida pela lei, a favor de uma pessoa colectiva de Direito Público para a realização de fins públicos, sendo que esta prestação
não constitui sanção de um acto ilícito.

O conceito de imposto tem como elementos essenciais o objectivo, o subjectivo e o teleológico.

a) Quanto ao elemento objectivo, o imposto é uma prestação. A relação jurídica de imposto tem um carácter obrigacional ou
creditício, com objecto de natureza patrimonial, sendo que geralmente a respectiva prestação tem carácter pecuniário. Contudo, nem
sempre o imposto tem natureza pecuniária. Ainda hoje existe um imposto que não tem natureza pecuniária, que é o imposto de selo.

O imposto tem carácter definitivo, não dá ao sujeito passivo qualquer direito a um reembolso, retribuição ou indemnização. Todas as
importâncias que o sujeito passivo transfere para o sujeito activo não são reembolsadas, a não ser que haja uma tributação indevida.
A prestação do imposto é também unilateral. A esta prestação não corresponde qualquer contraprestação por parte do credor da
receita (Estado), em termos directos.

O imposto é uma prestação imposta por lei e só temos imposto quando os pressupostos que integram a previsão legal definida se
verificam na prática. Mesmo no caso de impostos locais, a própria fonte desses impostos está na lei, é legal (imposição da derrama).

A soberania fiscal exerce-se quando o Estado cria impostos. Quando o Estado aparece a exigir um imposto já criado, ele aparece não
como Estado soberano, mas como entidade administrativa.

O imposto não é uma sanção de um acto ilícito, ao contrário da multa ou da coima, apesar de estas também serem definitivas.

b) Quanto ao elemento subjectivo, o imposto é uma prestação a favor de uma pessoa colectiva de direito público, sendo sempre desta
natureza o sujeito activo da relação de imposto.

Como entidades públicas activas da relação fiscal podemos ter o Estado e as autarquias locais (e também as regiões autónomas, na
opinião de Sá Gomes, posição que foi reforçada pela revisão constitucional de 1997.

Sujeito passivo da relação pode ser qualquer pessoa singular ou colectiva. Pode até ser uma pessoa colectiva pública, como o Estado.
Por vezes, o Estado paga impostos a si mesmo (ex.: quando o Estado arrenda um prédio como se fosse um particular).

c) Por fim, o elemento teleológico tem a ver com o fim do imposto.

Alguns anos atrás entendia-se que os impostos tinham como finalidade dotar os entes públicos com meios para a realização de tarefas
meramente fiscal. Com o alargamento da intervenção do estado – Estado de Direito Social – o imposto aparece como mecanismo de
redistribuição da riqueza, de protecção da indústria, como elemento de intervenção nos rendimentos gerados pela economia, etc.

O imposto tem, pois, finalidades fiscais (receitas do estado) e extra-fiscais (intervenção na economia). A própria CRP, no art.º 103,
refere-se à afectação do imposto.

A taxa e o imposto distinguem-se essencialmente pelo facto de o imposto ser unilateral e a TAXA ser BILATERAL.

A taxa é uma Prestação, Pecuniária imposta por lei ordinária, com carácter sinalagmático, Bilateral – aqui há uma contra – prestação,
Sem carácter de sanção, Exigida pelo Estado ou por um ente que prossegue o interesse Público e tem um Fim público, sendo que a
taxa só é exigida quando existe uma contra prestação, o Estado põe à disposição de quem paga uma utilidade para a satisfação de
necessidades individuais, de acordo com o art.º4 da LGT.

Também aqui pode ser exigida por alguém que não o Estado mas terá igualmente que ser cobrada por uma entidade que prossiga o
fim público. Com efeito, ao contrário do imposto, que não confere a quem o paga o direito a nenhuma contrapartida directa e
imediata, sinalagmaticamente ligada a esse pagamento, a taxa é sempre a contrapartida individualizada de algo que se recebe em
troca, seja um serviço concretamente prestado, seja a utilização de um bem do domínio público, seja a remoção do limite legal ao
exercício de determinada actividade (art.º 4º, n.º 2 da LGT).

Note-se bem, a taxa não tem que ter carácter voluntário. O serviço prestado ao particular que está na sua origem pode não ser por
este desejado (pense-se, por exemplo, no montante pago pela emissão do Bilhete de Identidade, que os cidadãos são obrigados a
requerer independentemente da sua vontade). O particular pode mesmo não apreciar ou até abominar o serviço que lhe é prestado
(será normalmente o caso da parte que perde uma acção judicial e que tem, por isso, que pagar a chamada Taxa de Justiça). Mas se há
um serviço individualmente prestado, aquilo que se paga por esse serviço é uma taxa.

A taxa não se distingue do imposto por ser voluntária; distingue-se por ser bilateral.

Taxa paga e a contrapartida recebida não tem que existir uma exacta equivalência económica, mas uma mera equivalência jurídica.

A medida da taxa tem que assentar na sua proporcionalidade em relação ao benefício específico proporcionado pelo serviço prestado
ou ao custo suportado pela comunidade com a utilização do bem do domínio público ou a remoção do limite legal ao exercício da
actividade do particular. Nunca em função da capacidade contributiva revelada por quem a paga.

Índice seguro de qualificação dos tributos: Se a um serviço essencialmente idêntico correspondem contrapartidas diferenciadas em
função da diferente capacidade contributiva revelada, então estaremos perante um imposto, não perante uma taxa.

O imposto resulta de se querer tributar um facto a capacidade tributária e a taxa resulta do facto de se quer compensar uma actividade
individualizada prestada por alguém (exs. de taxa são o pagamento dos serviços de registo civil e predial).
Classificação dos Impostos: Impostos estaduais e não estaduais: A distinção deve ser feita entre dois grupos fundamentais: impostos
estaduais, aqueles em que o sujeito activo é o Estado e impostos não estaduais, aqueles em que o sujeito activo é uma pessoa
colectiva de direito público diferente do Estado (por ex.: Regiões Autónomas, Autarquias Locais, Institutos públicos).

Impostos de âmbito nacional, continental, autonómico e local: Nesta classificação o critério de distinção é o âmbito de aplicação
territorial de aplicação. São de âmbito nacional os que se aplicam em todo o território nacional, de âmbito continental os que se
aplicam apenas no continente, autonómico os que se aplicam apenas numa Região Autónoma e de âmbito local os que se aplicam no
território de uma autarquia local.

Impostos directos e indirectos: Tratando-se de uma classificação incontroversa quer na doutrina nacional quer na doutrina
estrangeira, no que se refere à sua terminologia, nem sempre o seu significado é o mesmo já que são vários os critérios de distinção
seguidos pelos autores.

1. Critérios económicos:
1.1. Critério financeiro: atende ao objecto do imposto, (incidência do imposto) sendo impostos directos aqueles que atingindo
manifestações imediatas da capacidade contributiva têm por pressuposto a existência de uma pessoa, de um património ou de
um rendimento (IRC; IRS; IMI). Seriam impostos indirectos, aqueles que atingindo manifestações mediatas da capacidade
contributiva, tributam a despesa, a transferência de bens (IVA). Hoje não é tido em conta pela legislação.
1.2. Critério económico stricto sensu ou da contabilidade nacional: Tem em conta a natureza económica dos impostos, ou antes se
se integram ou não nos custos da empresa, sendo impostos directos estes últimos e indirectos os primeiros. Os impostos
directos não integram o apuramento do produto e rendimento nacionais, ao passo que os indirectos (consumo) são deduzidos
ao produto nacional para apurar o rendimento nacional.
1.3. Critério baseado na possibilidade de repercussão: seriam directos os impostos não repercutíveis (IRS/IRC/IMI) e indirectos os
que fossem susceptíveis de serem repercutidos (IVA). Tradicionalmente eram repercutíveis os impostos sobre o consumo e
irrepercutíveis os impostos sobre o rendimento e sobre o património, pois nestes há uma identidade entre o contribuinte e o
suportador económico do imposto, ao passo que nos primeiros o contribuinte não coincide com o suportador económico do
imposto (consumidor final).
1.4. Critério baseado na natureza do facto jurídico: seriam impostos directos os que derivam da posse de determinados bens e
indirectos os que decorriam de uma actividade ou um acto do sujeito passivo. PEREZ ROY0 considera que o critério de distinção
é económico e não jurídico, assim “são impostos directos, aqueles que se aplicam em função de um índice directo de capa
cidade económica, como o rendimento e o património, e indirectos os que se baseiam num índice indirecto, como o consumo”.
2. Critérios jurídicos:
2.1. Critério baseado no modo de determinação do contribuinte ou do rol nominativo: segundo este critério o imposto é directo se
for possível determinar previamente a lista nominativa dos sujeitos passivos e indirecto nos restantes casos. Existindo, hoje, um
sistema fiscal bastante complexo, em que se recorre cada vez mais a técnicas de autoliquidação, retenção na fonte e
pagamentos por conta, o papel da Administração Fiscal fica limitado aos casos em que o lançamento e a liquidação
administrativos é feito com base nessa lista, principalmente suportada por meios informáticos. Daí que este critério seja de
afastar. Um exemplo era a antiga contribuição predial em que o rol era constituído pelos verbetes de lançamento com base nos
quais depois as finanças procediam ao lançamento e liquidação, seguindo a cobrança;
2.2. O critério do lançamento administrativo ou de Otto Mayer. Com este critério, elaborado por O. MAYER no princípio do século
XX, seriam impostos directos aqueles, em que no procedimento fiscal houvesse lugar a um acto administrativo de lançamento
ou acto tributário, e impostos indirectos aqueles em que esse acto administrativo não tivesse lugar. No entanto verificou-se que
havia impostos considerados indirectos em que na prática havia lugar a um acto administrativo (exemplo, do despacho
aduaneiro nos impostos aduaneiros), e impostos tidos por directos em que esse acto estava ausente.
2.3. O critério do tipo de relação jurídica base do imposto. A distinção entre impostos directos e impostos indirectos reside no tipo
de relação jurídica fonte da obrigação de imposto, ou seja, na configuração instantânea ou duradoura do elemento temporal do
facto tributário. Assim, se se tratar de uma relação de carácter instantâneo, que dá origem a uma obrigação de imposto isolada
(ainda que o seu pagamento possa ser realizado em parcelas ou prestações), o imposto que sobre ela recai é um imposto
indirecto (IMT).

Pelo contrário, se a relação jurídica fonte da obrigação de imposto tiver na base situações estáveis, mantendo-se ano após ano, dando
origem a obrigações periódicas, a obrigações que se renovam todos os anos, então estamos perante um imposto directo. (IRC) Com
este sentido a distinção entre impostos directos e impostos indirectos vem a coincidir com a distinção entre impostos periódicos e
impostos instantâneos ou de obrigação única.

O legislador português entende como impostos directos impostos sobre o rendimento ( IRS, IRC) impostos sobre o Património (IMI;IMT,
etc...) e os impostos indirectos os que incidem sobre o IVA, Imposto automóvel, Imposto aduaneiro, Imposto petrolífero, Imposto sobre
o Álcool, Imposto sobre o tabaco, etc...
A distinção entre impostos directos e indirectos é utilizada ou está subjacente a cinco disposições legais vigentes no ordenamento
português, a saber:

1. Na classificação orçamental (e da contabilidade pública) das receitas fiscais;


2. No artigo 736.°, n.º 1, do CC;
3. No art.º 254.”, n.º 1, da CRP;
4. Nos art.º 92.” e 93.” (na renumeração do Tratado de Amesterdão) do Tratado CE;
5. No art.º 6º, n.º 1 e 2, da LGT (onde se contrapõe a tributação directa à tributação indirecta)

Impostos reais e pessoais: O critério de distinção baseia-se no carácter patrimonial ou pessoal do imposto. No primeiro caso diz-se real
no segundo pessoal.

De acordo com este critério, os impostos pessoais incidem sobre o todo ou sobre uma parte dos bens ou rendimentos do contribuinte
tendo em conta a sua capacidade contributiva enquanto os impostos reais tributam esses bens ou rendimentos do sujeito passivo sem
ter em conta as suas condições especiais.

Impostos periódicos e de obrigação única: Esta classificação tem em conta a natureza acidental ou permanente dos factos ou das
situações sobre que incidem os impostos: se o imposto incide sobre um facto que não se repetirá— um acto isolado — o imposto é de
obrigação única; se incide sobre situações que permanecem periodicamente, o imposto é periódico. Esta distinção é igual à referida no
critério jurídico do tipo de relação jurídica base do imposto.

Baseado no mesmo critério (a natureza permanente ou acidental dos factos ou situações sobre as quais incide) também já se tem
usado a terminologia de impostos instantâneos e periódicos.

Impostos de quota fixa e de quota variável: Tendo em conta a natureza das taxas do imposto esta pode ser fixa ou variável. Permite-
nos distinguir os impostos segundo a natureza das taxas que sobre eles se aplicam.

O imposto é de taxa fixa quando a lei fixa o montante do imposto a pagar igual para todos os contribuintes, sem ter em conta qualquer
matéria colectável. Era o que sucedia em Portugal com a taxa militar, já extinta. A carga tributária é igual para todos.

O imposto é de taxa variável quando o montante da prestação é determinado em função da matéria colectável, O imposto de taxa
variável pode revestir quatro modalidades:

1. Proporcional — quando tem uma única taxa, uma taxa constante, como sucede, por exemplo com o IRC. IMI;
2. Progressivo — quando a taxa se eleva à medida que aumenta a matéria colectável
3. Respectiva, como sucede, por exemplo com o IRS;
4. Degressivo — quando tem uma taxa normal correspondente a certo valor de matéria colectável e taxas mais baixas para a matéria
colectável de valor inferior.
5. Regressivo — quando a taxa aplicável diminui à medida que a matéria colectável aumenta.

Podemos ainda falar de impostos de taxa fixa ( aplica-se uma taxa fixa por unidade física do bem € 1 por litro ou Kg) e de impostos “ad
valorem” (a taxa varia em função do valor do bem 5% do valor do bem)

Impostos principais e acessórios: Os impostos podem, ainda, classificar-se em principais, acessórios e dependentes

São principais os que gozam de autonomia quer no plano normativo quer no plano das relações tributárias; são acessórios os que
dependem da prévia existência de um imposto principal ao qual vão acrescer (por ex.: as derramas municipais); são dependentes os
impostos que incidem sobre o objecto de uma outra prestação tributária (principal) ainda que esta, em concreto, não seja devida (p.
ex.: o imposto extraordinário regulado pelo Decreto Regulamentar n° 50/7 9, de 28 de Agosto que sujeitava a impostos as pessoas
singulares ou colectivas sujeitas a contribuição industrial, por exemplo, ainda que isentas deste imposto)

Impostos ordinários e extraordinários: Esta distinção assenta na periodicidade ou perdurabilidade do imposto.

São ordinários os que não foram criados por um período determinado até que sejam revogados, com carácter de permanência e ou de
periodicidade.

São extraordinários os impostos que surgidos em períodos de crises económicas graves são lançados para satisfazer a necessidade de
obter uma receita determinada, não tendo por natureza duração indefinida, tendo sido criados por um período de terminado
Imposto sobre o rendimento, sobre o património e sobre a despesa: Esta classificação assenta nas formas de exteriorização da
riqueza: o imposto sobre o rendimento (riqueza em período de formação) imposto sobre o património (riqueza conseguida) imposto
sobre a despesa (consumo).

Apesar de não ser muito utilizada pelos juristas devido a assentar em critérios económicos, a Constituição tem subjacente ao sistema
fiscal português constante do artigo 104º quando prevê e caracteriza o imposto sobre o rendimento pessoal, a tributação do
rendimento empresarial, a tributação do património e a tributação do consumo.

Para NUNO SÁ GOMES o imposto sobre o rendimento baseia-se no rendimento anónimo que será depois de completado o rendimento
consumido, a diferença, num determinado período, entre o património inicial e o final “compreendendo o rendimento não consumido
e o poupado os bens adquiridos a título gratuito ou aleatório (jogo, lotarias) e as valorizações do activo (são impostos sobre o
rendimento o IRS e o IRC).

Por sua vez os impostos sobre o património incidem sobre a riqueza considerada em si mesma — a adquirida e em aquisição —, como
sucede com o Imposto Municipal sobre Imóveis (ex.: contribuição autárquica) - imposto sobre o património adquirido) o IMT e o IS
(imposto sobre o património em aquisição).

Os impostos sobre a despesa são os que atingem a riqueza gasta, ou seja, a riqueza revelada pelo sujeito passivo na aquisição onerosa
de bens e serviços (de que é exemplo o IVA).

Olhando para o nosso sistema fiscal podemos classificar:

Impostos sobre o rendimento: IRS (tributa o rendimento global das pessoas singulares, incluindo as empresas individuais); IRC (tributa
o lucro das empresas ou o rendimento global das pessoas colectivas);

Impostos sobre o património: Imposto Municipal sobre Imóveis; Imposto Municipal sobre Transmissão de Imóveis;

Imposto sobre o consumo: IVA e os Impostos Especiais sobre o consumo (Imposto sobre produtos petrolíferos, imposto sobre o
tabaco; Imposto sobre o Álcool e as bebidas alcoólicas, imposto automóvel;

Impostos parcelares e impostos globais: Podemos ainda distinguir os impostos em parcelares e globais.

São impostos parcelares ou cedulares os que recaem sobre uma única fonte e impostos globais os que recaem sobre o somatório de
rendimentos que provenientes de diversas fontes (trabalho, pensões, .. etc.) afluem ao sujeito passivo, de que são exemplo o IRS e o
IRC

Impostos gerais e impostos especiais Os primeiros seriam os que estão previstos na lei e que se aplicam a uma categoria geral de
situações (IRS; IRC são impostos gerais sobre o rendimento. O IVA imposto geral sobre o consumo). Os segundos apesar de dizerem
respeito a factos ou situações abrangidas nos primeiros são objecto de uma disciplina jurídica especial (Tributação das mais-valias
imobiliárias em IRS e os Impostos Especiais sobre o Consumo face ao IVA).

Impostos fiscais e impostos extra-fiscais: São impostos extra-fiscais aqueles que têm objectivos de natureza económico-social,
integrando o direito económico fiscal e não o direito fiscal clássico. São impostos fiscais aqueles que visam predominantemente a
arrecadação de receitas para satisfazer necessidades públicas e onde se aplicam os princípios e preceitos constitucionais da
“Constituição Fiscal”.

Momentos da vida do imposto: Considerando a perspectiva dinâmica dos impostos, designadamente em termos jurídico-
constitucionais podemos distinguir dois momentos:

Criação, instituição ou incidência do imposto. Refere-se à definição do se (an) e do quanto (quantum) do imposto, em que engloba a
enunciação normativa: o pressuposto de facto gerador do imposto ou chamado facto tributário (actividade ou situação que dá origem
ao imposto).

Momentos da vida do imposto a que alguns autores chamam “Momentos da Técnica Tributária”

1. Incidência – Definir o imposto. Trata-se de dar resposta a duas perguntas: Quem vai pagar o imposto? O que vai estar sujeito a
imposto? É preciso saber como é que se vai fazer a lei e saber como se vai aplica-la. Formula-se a lei, ou seja, (base de obrigação
do imposto) é o facto de cuja verificação a lei faz nascer a obrigação de imposto.
2. Lançamento – verificar a quem e ao que a lei é aplicada. Aplica-se a lei, é individual e concreta. Consiste em aplicar
casuisticamente a lei e a verificar se ela pode ser aplicada a esse caso ou não. O lançamento é restrito à pessoa e à matéria.
3. Liquidação – operação de quantificação do valor do imposto. Liquidação = a tornar líquido, quantificar. O resultado da liquidação,
em regra, será a colecta que significa imposto a pagar, a liquidar. Do ponto de vista prático, pode não ser assim, pode deduzir-se a
colecta, no IRS há dedução à colecta, no IVA não. Liquidação é diferente de pagamento, liquidado não é pagamento é
quantificação.
4. Cobrança – não é o mesmo que pagamento. Quem cobra é o sujeito activo e que paga é o sujeito passivo.

Os pontos 2, 3, e 4 correspondem à actividade administrativa tributária, estamos a falar de procedimento que é a forma aplicação da
administração tributária aos diferentes casos. Esta forma de aplicação da lei, por parte da administração tributária está regulada no
processo e procedimento tributário.

Este momento normativo é importante para sabermos o que está sujeito a imposto e o que dele está excluído, sendo um momento
legislativo qualificado pois a sua disciplina jurídica está sujeita ao princípio constitucional da legalidade fiscal. Como exemplo, em
termos de IRS recai sobre os rendimentos de seis categorias de rendimentos.

Âmbito e natureza do direito fiscal: O direito fiscal como ramo do direito que regula os impostos, alberga um grande número de
normas, quer do ponto de vista do conteúdo, quer do ponto de vista do seu grau hierárquico. Na primeira perspectiva o direito fiscal
integra normas relativas à incidência (obediência à constituição fiscal) e normas relativas ao procedimento fiscal (lançamento,
liquidação e cobrança dos impostos. Mas o direito fiscal engloba, ainda, normas respeitantes aos recursos administrativos (reclamação
graciosa, recurso hierárquico, revisão de actos tributários); normas relativas à fiscalização dos deveres fiscais (inspecção tributária,
RGIT); normas relativas às garantias contenciosas dos contribuintes ( CPPT - impugnação fiscal) e do Estado ( CPPT - execução fiscal ). A
estas normas ainda podemos acrescentar as normas extra-fiscais ou do direito económico fiscal e que regulam os impostos extra-fiscais
( e também os agravamentos dos impostos) e os benefícios fiscais47; e as normas de simplificação fiscal, que têm por objectivo
simplificar a “ super-complexidade que os impostos atingiram”, no dizer de Casalta Nabais.

Na perspectiva do grau hierárquico as normas de direito fiscal têm dois patamares: umas que são reguladas pelo direito constitucional
ou antes pela “constituição fiscal” (e também pelo direito comunitário) e outras que são disciplinadas pelo direito administrativo, em
que são visíveis dois níveis: nível legislativo ou das leis e o nível regulamentar ou dos regulamentos. Como refere Casalta Nabais “ a
constituição modela, formal e materialmente, sobretudo o direito fiscal material ou a obrigação de imposto, estando a disciplina do
direito fiscal formal, polarizado em torno do procedimento fiscal, entregue ao legislador ordinário, podendo este deixá-la ou devolvêla
ainda à normação administrativa ou regulamentar se e na medida que a isso se não oponha o princípio geral da legalidade da
administração”49.

Assim o universo do direito fiscal pode ser apresentado da seguinte forma:

1. Direito Fiscal Geral


1.1. Direito constitucional – princípios jurídico-constitucionais; modelação constitucional do sistema fiscal (artigos 66, nº2, alínea
h); 81º, alínea b); 103:104º; 165, nº1, alínea i), 229, nº1, alínea i) e j): 238º, nº 4; 254º) (quanto às taxas – artigos 238º, nº3;
165, nº1, alínea i)
1.2. Direito obrigacional – obrigação fiscal
1.3. Direito procedimental – organização e procedimento administrativos fiscais (LGT e CPPT)
1.4. Direito processual – processos de impugnação judicial, de execução fiscal (CPPT) e de contra-ordenação fiscal (RGIT)

2. Direito Fiscal Especial


2.1. Direito fiscal do rendimento
2.2. Direito fiscal do património (direito fiscal imobiliário, direito fiscal do urbanismo, etc)
2.3. Direito fiscal do consumo
2.4. Direito fiscal da família
2.5. Direito fiscal das empresas ou dos negócios
2.6. Direito fiscal internacional
2.7. Direito fiscal comunitário
2.8. Direito fiscal autonómico (Lei de Finanças Regionais)
2.9. Direito fiscal autárquico
2.10. Direito económico fiscal (benefícios fiscais)
2.11. Direito penal fiscal

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