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O DOMÍNIO DO SIMBÓLICO
Universidade Pedagógica
O DOMÍNIO DO SIMBÓLICO
Universidade Pedagógica
INDICE
CAPITULO I. Introdução................................................................................................................................ 4
1. Objectivos ........................................................................................................................................ 5
1.1. Gerais ....................................................................................................................................... 5
1.2. Específicos ................................................................................................................................ 5
CAPITULO II. Fundamentação teórica .......................................................................................................... 6
2. O domínio do simbólico ................................................................................................................... 6
2.1. Tipos de representação simbólica............................................................................................ 7
3. O estudo dos rituais em Moçambique ............................................................................................. 7
4. Ritual ................................................................................................................................................ 9
5. Rituais de passagem .......................................................................................................................10
6. Rituais como mecanismo de reprodução social ............................................................................11
6.1. Makondes...............................................................................................................................11
6.2. Makhuwas ..............................................................................................................................12
6.3. Chuwabos ...............................................................................................................................13
6.4. Ma Sena/senas e va Ndau/ndaus...........................................................................................13
7. Feitiçaria .........................................................................................................................................14
7.1. Feitiçaria em Moçambique ....................................................................................................15
7.2. Forma de fazer feitiçaria em Moçambique ............................................................................16
7.3. Impacto da feitiçaria ..............................................................................................................18
8. Ciência e Racionalidade .................................................................................................................19
8.1. Características da Ciência.......................................................................................................19
9. Noçao de cultura. O Homem e as suas obras ................................................................................20
9.1. O Homem, a Cultura e a Sociedade .......................................................................................20
9.2. O Indivíduo e a Cultura ..........................................................................................................20
9.3. Características da Cultura ......................................................................................................21
10. Modelos religiosos endógenos vs modelos relogiosos exógenos..............................................22
11. A emergência de sincretismos religiosos e de igrejas envangêlicas em Moçambique..............23
12. A emergência de igrejas envangêlicas em Moçambique ...........................................................24
CAPITULO III. Conclusões ...........................................................................................................................27
13. Referências Bibliográficas ..........................................................................................................28
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CAPITULO I. Introdução
1. Objectivos
1.1.Gerais
1.2.Específicos
2. O domínio do simbólico
De acordo com NORBERT (1994, p. 3,4-5) muitos dos problemas que são colocados e discutidos
sobre o domínio do simbólico não são problemas da sociologia convencional que, nos nossos dias,
se encontra num estádio relativamente jovem de desenvolvimento. Não só é difícil, neste estádio,
discutir a sucessão processual pela qual um facto não se pode. produzir se um outro facto, anterior,
não se produziu previamente; não só, por outras palavras, a sociologia exige a percepção e a
representação simbólica dos processos, mas também a compreensão plena de que a localização
dos factos pode ter lugar numa sequência de níveis diferentes de integração.
Consideremos a orientação no que designamos como espaço. Pode ser representada por conceitos
como largura, profundidade ou comprimento. Mas, num nível superior de integração, pode ser
também representada pelo conceito de "espaço" e não é inverosímil que, no desenvolvimento da
humanidade, conceitos como comprimento ou largura tenham precedido a integração superior
representada pelo conceito de espaço. "Espaço" representa ainda uma integração a um nível
inferior de concepção face ao conceito de "dimensão" que, implicitamente, indica que o espaço
não é o único nível de orientação. A descoberta de que a orientação global de um facto no espaço
exige também a sua determinação no tempo foi, como podemos lembrar, um acontecimento
científico significativo. A localização plena de um facto no espaço não é possível a menos que ela
seja acompanhada da sua localização no tempo. Com efeito, se afirmarmos que "Einstein
descobriu que o nosso universo é tetra- dimensional", tal não implica que, de facto, a integração
dos meios de localização, ao nível do tempo-espaço, fosse desconhecida antes de Einstein a tornar
explícita. Qualquer mudança no comprimento é também uma mudança no tempo. É difícil admitir
a ideia de que, antes de Einstein, ninguém teve jamais consciência deste facto. Um dos seus
méritos foi o de ele ter a coragem de dar a prova e a expressão científicas a um facto óbvio.
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Eles podem armazenar conhecimento na sua memória e transmiti-lo de uma geração para
outra. Uma forma muito definida de estandardização social permite que, no interior de
uma mesma sociedade, os mesmos padrões sonoros sejam reconhecidos por todos os
membros mais ou menos com o mesmo sentido, ou seja, como símbolos que representam
o mesmo tipo de conhecimento.
Os ritos de iniciação são instituições culturais praticadas nas zonas centro e norte de
Moçambique. Portanto, é comum afirmar-se que são constituintes dos direitos culturais,
que são uma das importantes dimensões dos direitos humanos.
Isto significa, em primeiro lugar, que os direitos culturais devem ser respeitados e
protegidos, e, em segundo lugar, devem ser vistos em articulação com os direitos
universais que são uma conquista de toda a humanidade. Todos os direitos culturais que
contenham em si discriminação subordinam-se aos direitos que consagram a igualdade
entre todas as pessoas.
Desde que entram nos ritos os rapazes aprendem como controlar o corpo da mulher, o
corpo que trabalha, que se deve reproduzir e que deve constituir uma fonte de prazer
sexual para os homens. Nos ritos de iniciação masculina são realizadas práticas que
exercitam a sexualidade e potenciam a virilidade através do uso de plantas como o
gonandzlolo e kisangongo, que prolongam a relação sexual e que permitem realizá-la
muitas vezes. As palavras “malhar”, “furar” e “meter”, constantemente referidas pelos
rapazes quando falam de sexualidade, representam o exercício do poder masculino que
em nenhum momento pode ser questionado ou negado.
Os ritos de iniciação são também muito violentos para os rapazes, em que com castigos
inomináveis eles aprendem a ser dominadores, aprendem que depois de iniciados devem
começar a preparar-se para serem homens e para proverem uma família. Para as raparigas
os ritos de iniciação autorizam os pais a “casarem-nas” prematuramente. Com muita
frequência este “casamento” foi combinado com anos de antecedência, sendo a sua
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4. Ritual
Segundo André cit. Aurélio (2004), o conceito ritual designa as regras e cerimónias que
se devem observar na prática de uma religião. Igualmente refere a qualquer cerimónia de
carácter simbólico que segue preceitos estabelecidos individualmente ou socialmente.
Neste caso, pode se definir ritual como a realização de ritos; um cerimonial de carácter
sagrado ou não, regulado por normas próprias e por vezes repetitivo, que se deve observar
de forma invariável em ocasiões determinadas. Para Houaiss (2000), ritual é o conjunto
de actos e práticas próprias de uma cerimónia sagrada, onde se estabelecem regras
individuais ou sociais, observadas de uma forma solene e repetida.
A definição de Cox (1998), é a que mais se aproxima a temática deste estudo, na medida
em que olha para o ritual como actos simbólicos e repetitivos direccionados aonde os
interesses pela vida se situam, onde os participantes ganham novas identidades,
transformando-os, transmitindo significados sociais, verbal e não-verbal e, oferecendo o
paradigma de como o mundo é concebido e vivenciado. A partir desta visão podemos
dizer que os indivíduos ao passarem ao estatuto de casados, ganham nova identidade
através das fases do ritual, concebendo uma nova realidade do mundo.
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5. Rituais de passagem
Na literatura consultada, os rituais de passagem são tratados por parte de autores como
ritos de iniciação, Boudon (1990) define ritos como sendo: “conjunto de actos repetitivos
e codificados, muitas vezes solenes, de ordem verbal, gestual e postural de forte carga
simbólica, fundado na crença, na força actuante de seres ou de poderes sacros, com os
quais o homem tenta comunicar, em ordem a obter um efeito determinado”.
Boudon, sugere dois aspectos passíveis de análise nos ritos: o primeiro refere-se à
construção e afirmação dos papéis sociais dos indivíduos participantes e o segundo é
sobre a estrutura,sobre a qual assenta a prática dos ritos.
Ao olhar para os ritos de iniciação como cerimónias usadas para assinalar e concretizar a
transição de um status social para o outro. Johnson (1997), que olha para os ritos de
iniciação como cerimónias usadas para assinalar e concretizar a transição de um status
social para o outro.
Por seu turno Mitchel (s/d), define os rituais de passagem como processo cerimonial pelo
qual se ganha uma nova posição social, ou seja, a passagem de um estatuto para o outro,
cujas características essenciais são a aquisição de novos deveres e direitos, em virtude da
sua mudança de estatuto. Esta visão condiz com o ritual em análise, pois à passagem para
a fase adulta, ganha-se novos direitos e deveres em virtude da aquisição do novo estatuto
social.
estatuto social, regido por leis e normas próprias, onde a comunidade cobra o iniciado em
acções e responsabilidades pelo novo estatuto adquirido.
6.1.Makondes
Ora estas marcas revelam formas de organização social que distribuem papéis sociais
dentro do grupo. Os homens, por exemplo, são os responsáveis (ensinados desde os ritos
de iniciação) pela construção das casas familiares e por serem os detentores dos filhos e
da linhagem familiar (repercussão da característica virilocal e patrilinear). Por seu turno,
as mulheres marcam com máscaras os seus rostos em função do estatuto que vão
assumindo ao longo da sua vida (por exemplo, noiva à espera do casamento; mulher
casada sem nenhuma função no grupo; mulher casada com alguma função no grupo,
como, por exemplo, de filha herdeira). As mulheres têm a função de fornecimento de água
para a casa (por exemplo, quando filha da casa ou mesmo depois quando já esposa noutra
casa) e na produção agrícola na terra dos homens (por exemplo, seu pai ou seu marido).
A passagem do/da rapaz/rapariga a homem/mulher é garantida pelos ritos de iniciação
marcados pela circuncisão para os meninos e pelo alongamento dos lábios menores para
as meninas. No matrimónio, se as evidências para o caso das raparigas não são tão
notórias, para os rapazes, contudo, é visível a permanência de uma ideologia de
incompatibilidade de miscigenação, ou seja, é parte do conteúdo dos ensinamentos rituais
masculinos, a ideia do privilégio do casamento dentro do mesmo grupo, sugerido como
forma de conservação da pureza e dos valores do grupo.
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6.2.Makhuwas
Entre os makhuwas são os ritos de iniciação (tendo como centro de referência geográfica
a floresta nas montanhas – talvez devido ao facto de a cordilheira dos Nairuco, em
Nampula, se situar na ordem mitológica dos antepassados makhuwas) que garantem o
ensinamento e a reprodução social da hierarquia do poder parental dos tios maternos,
irmãos da mãe.
nos relatou um mestre makhuwa) sob responsabilidade directa do que vai acontecendo no
seio deste mesmo casal (conflitos, reprodução e doenças, entre outros).
6.3.Chuwabos
“Fiz ritos com 12 anos, já tenho namorada que posso dizer que é minha mulher. Eu tive
de trabalhar na machamba da família dela e depois gostaram de mim. Daí para a frente
falei com o meu tio, irmã da minha mãe, a minha irmã é que me acompanhou para se
apresentar para o noivado, levando o que eu trazia para oferecer à família da minha
namorada” (Gil 1).
Esta situação ilustra o facto de a cerimónia nupcial se realizar, geralmente, até hoje, em
casa dos pais da noiva, e a antecedê-la, faz- se o pedido (mavudho), para o qual os
familiares do noivo devem levar cinco litros de bebida fermentada, capulana e roupa
interior para a rapariga (Medeiros, s/d).
A razão para colocarmos estes dois grupos numa mesma abordagem prende-se com três
razões: primeiro, porque diferentemente do que foi possível constatar, até certo ponto,
com os makhuwas e makondes (sobretudo em Mecúfi e Macomia ou em Alto-Molocué
ou Mocuba), com os senas e ndau o trabalho de campo encontrou semelhanças e também
indefinições que não ajudam a distinguir estes dois grupos, com maior destaque para a
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cidade da Beira, muito embora os outros dois locais de estudo (Búzi e Cheringoma) sejam,
historicamente, de base ndau e sena, respectivamente.
Segundo, o que contraria sobremaneira essa diferenciação histórica, nos dias de hoje, é a
quase impossibilidade de destrinçar (mesmo no Búzi e em Cheringoma) um alinhamento
ndau ou sena a partir da segunda geração dos indivíduos, avaliados pelo perfil social
(parental) dos entrevistados. Ou seja, em algum momento todos os entrevistados
informaram ter ascendentes ndaus e senas. Isto não quer, de forma alguma, significar
harmonia ou convivência entre estes dois grupos. Muitas representações diferenciam e
até opõem senas e ndaus:
“Os masena são considerados anarquistas, porcos e confusos, enquanto os vandau são,
especialmente, havidos como os reis do mpfukwa (capacidade de lesar outrem com o
feitiço, mas também são considerados ora como civilizados e conservadores, ora como
esquisitos porque comem gatos, crocodilos e corvos” (Serra, 2006).
7. Feitiçaria
Feitiçaria designa a prática ou celebração de rituais, orações ou cultos com ou sem uso de
amuletos ou talismãs (objectos ao qual são atribuídos poderes mágicos), por parte de
adeptos do ocultismo com vista à obtenção de resultados, favores ou objectivos que, regra
geral, não são da vontade de terceiros.
A feitiçaria pode ser descrita como uma acção maliciosa, levada a cabo através do recurso
a forças místicas ou mesmo pela violência, resultante de ódios e tensões intensas presentes
na sociedade, e que as pessoas interpretam como actuam sobre si independentemente da
sua vontade, (ASHFORTH, 2005: 87).
Pode estar relacionada com cultos às forças da natureza ou aos antepassados já falecidos,
sendo que está também frequentemente relacionada com o uso de artes consideradas
mágicas, à invocação de entidades, como por exemplo, espíritos, deuses, génios ou
demónios, ou o emprego de diversas formas de adivinhação.
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A feitiçaria pode ser classificada como uma acção de interferência no ritmo normal da
vida a partir do plano extra-físico, já que aqueles que se entregam a ela sabem que o
mundo espiritual determina em grande parte a dinâmica do mundo físico e que, de lá, fica
às vezes bem mais fácil influir sobre as situações e as pessoas, pois se conta com a
influência mental sutil e a invisibilidade em relação aos indivíduos no plano físico, os
quais geralmente não possuem clarividência.
Ao longo dos últimos quinze anos, as acusações e suspeitas de práticas de feitiçaria têm
conhecido uma renovada importância. Com a emergência do moderno sistema colonial,
a feitiçaria transformou-se no símbolo do mundo selvagem, numa prática a ser abolida
com a introdução de uma racionalidade moderna.
Os supostos feiticeiros, tal como acontece com a maioria dos médicos tradicionais em
Moçambique, funcionam de acordo com as sua normas, existindo para além do alcance
da lógica formalista do Estado, que emprega termos de análise e instrumentos políticos
que não permitem uma ligação directa com o mundo do oculto.
Esta diferença formal descortinável em Mueda não impede, contudo, que os referentes
morais sobre a prática (e acusações) de feitiçaria sejam semelhantes aos do resto do
território, embora talvez mais explícitos nas suas consequências lógicas. Assim, qualquer
pessoa poderosa ou mais rica que as circundantes, será à partida um feiticeiro, tanto por
ter tido necessidade de apoio mágico para aceder a esse estatuto excepcional, quanto
porque a sua posição lhe exige que proteja os seus subordinados, o que só será possível
sabendo combater os feiticeiros malévolos, através de aplicações benévolas da feitiçaria.
Entretanto, essa declaração do carácter ambíguo do poder encontra aqui uma outra
expressão, com carácter mais generalizado. Os feiticeiros malévolos são egoístas,
utilizando os seus poderes e conhecimentos para exclusivo interesse pessoal. Dessa
forma, quem usufrui das vantagens do poder sem cumprir as obrigações protectoras que
ele exige, ou quem enriquece sem partilhar parte da sua riqueza com as pessoas que dirige,
«comendo sozinho», demonstra através desses comportamentos ser um feiticeiro
malévolo.
Isto conduz a que, por exemplo, no célebre caso dos sucessivos linchamentos de pessoas
acusadas de serem donas ou de se transformarem nos leões que aterrorizaram a população
de Muidumbe em 2002/3, os suspeitos fossem os relativamente ricos e poderosos e que o
processo expressasse, conforme apontam Harry West (2008) e Paolo Israel (2009), uma
crítica política à apropriação pós-socialista do poder e da riqueza, em detrimento e sem
consideração pelos governados.
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7.3.Impacto da feitiçaria
Os boatos que circulam no espaço público retratam a feitiçaria como a forma mais comum
de, em tempos de crise económica e de declínio social de oportunidades, se conseguir
sucesso pessoal, riqueza e prestígio. Os líderes políticos são amplamente referenciados
por recorrerem à feitiçaria a fim de assegurarem poder e sucesso eleitoral, e muitos usam
engenhosamente este conhecimento para ganhar visibilidade e mesmo deferência. Na
esfera doméstica, conflitos sociais e familiares em torno de acusações de feitiçaria
materializam-se repetidamente, especialmente quando ocorrem mortes súbitas ou
infortúnios pessoais. Permeando todo o espectro social e cultural, a feitiçaria permanece
hoje como uma força ambivalente que ajuda a promover a acumulação individual e
colectiva e a controlar a diferenciação social.
8. Ciência e Racionalidade
8.1.Características da Ciência
Generalidade – busca elaborar leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos
de certo tipo;
Existem numerosas definições de cultura, pois esta palavranão quer significar como na
aacepção popular, somente aquilo que se admite pelo intelecto, pela leitura, por exames,
por contacto nas escolas, nas universidades, etc. Cultura é mais do que isso, pois um
analfabeto tem cultura, embora não seja culto.
A diferença, contudo, entre o Homem e o animal, é que o primeiro possui uma cultura
que modifica e transmite e o segundo não.
O antropólogo preocupa-se com a exist^encia da cultura como realidade que existe e que
procura estudar de uma maneira objectiva.
Esta existência só pode ser explicada através da acção que o homem exerce sobre a
natureza.
Não existe, porém, nem oposição nem ruptura entre a pessoa e a sociedade, entre o
individual e o colectivo, visto que o indivíduo e a sociedade são interdependentes.
Segundo Ruth Benedict, “na realidade, sociedade e indivíduo, não são coisas antagónicas.
A cultura fornece matéria-prima de que o indivíduo faz a sua vida.
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9.3.Características da Cultura
b) As práticas sociais e culturais sã algo que duram no tempo . Nada é passageiro, mesmo
que varie a forma de sua manifestação. É por causa disso que se diz que a cultura é estável.
Mas ela é também dinâmica. A primeira vista parece haver contradição entre estabilidade
e dinamismo. Mas estão intrinsecamente ligados.
geraç`oes têm considerado algumas normas de gerações precedentes como fora de moda,
Contudo, quando factores ex’ogenos são fortes, persistentes ou põem em causa a
sobrevivência de um grupo, pode ocorrer que haja uma integração de certos elentos novos
sem respectiva seleccão. ‘E isso que ocorre entre paises do Terceiro Mundo em relação
aos de técnicas muito avançadas.
e) A cultura é universal, regional e local. É universal na medida em que todo ser humano
é um ser cultural. Não há nenhum homem que não tenha cultura.há práticas específicas
de determinados locais, circunscritas em função das condições existentes ou criadas
localmente. Assim estar-se-ia na presença de manifestações particulares da cultura,
manifesta,cões regionais ou locais da cultura.
Este culto resulta da crença numa segunda vida e da transformação dor mortos
(antepassados, um carácter entretanto atribuído a uma certa categoria de homens) em
personalidades místicas de ordem superior, contudo inferiores a Deus. Há uma crença de
que os antepassados que tiveram uma óptima conduta em vida têm a possibilidade de ter
uma relação directa com Deus, podendo, para isso se constituir como um bom
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intermidiário entre vivos e Aquele. O culto é realizado por meio de oferendas, preces, que
variam de um grupo social para o outro. É uma religião que não tem um calendário
especificamente delimitado, podendo variar segundo omomento em que se manifesta o
factor de referência para o culto. É uma religião mais prática, que procura resolver os
problemas que aparecem quotidianamente.
Uma outra acção que se situa a nível do espiritual é a feitiçaria, que é concebida como
tendo em vista prejudicar alguém. O acto é ofensivo,maléfico para um grupo social ou
para indivíduos. Contudo, ela pode influenciar para a manutenção da ordem social, na
medida que alimenta o receio de desvios e de tendências nocivas á sociedade.
As práticas tradicionais envolvem ainda a advinhação, que serve para reduzir incertezas
qunto ao futuro de um indivíduo, projecto colectivo ou para revelar desajustes existentes
numa comunidade, visando mo0ldar um novo comportamento.
Contudo, não foi possível apagar tudo nas tradições religiosas locais. Os africanos
resistiram sob diversas formas, sendo uma delas, a integração parcial de alguns caracteres
das religiões impostas. Nessa fusão surgiu o dito Sincretismo religioso definido por
Riviére (200, p. 158).
reacção contra aquela cultura estranha ou de defesa da própria e, ao mesmo tempo, meio
de superação das diferenças de situação social inerentes à situação colonial.
Embora haja diferenças entre sociedades, existe um repertório básico de acções que
partilhamos. Somos semelhantes e diferentes ao mesmo tempo”. Neste lançar de olhares
que o pesquisador faz, sobre a aplicação da estrutura ritual na análise dos fenómenos
sociais, o desafio reside não somente na observação e interpretação dos rituais e suas
manifestações, mas vai além. Encontra-se no cerne do que expressam as representações
colectivas que chegaram até nós por meio de várias gerações. É a palavra, o sentido, o
gesto, a narrativa - elementos inseridos no mito. No contexto da importância da feitiçaria,
destaca-se o facto de a feitiçaria servir como a forma mais comum de, em tempos de crise
económica e de declínio social de oportunidades, se conseguir sucesso pessoal, riqueza e
prestígio. Os líderes políticos são amplamente referenciados por recorrerem à feitiçaria a
fim de assegurarem poder e sucesso eleitoral, e muitos usam engenhosamente este
conhecimento para ganhar visibilidade e mesmo deferência. Na esfera doméstica,
conflitos sociais e familiares em torno de acusações de feitiçaria materializam-se
repetidamente, especialmente quando ocorrem mortes súbitas ou infortúnios pessoais.
Permeando todo o espectro social e cultural, a feitiçaria permanece hoje como uma força
ambivalente que ajuda a promover a acumulação individual e colectiva e a controlar a
diferenciação social. A análise ritual está sempre relacionada à acção social e à
comunicação. Estas buscam estabelecer a forma estrutural de realização de um rito. Neste
processo é possível observar a maneira como os indivíduos classificam o mundo e
constroem a realidade em que vivem. Nessa realidade, inserem-se as instituições, que
nada mais são do que os meios em que o homem propaga a sua existência e projecta a sua
forma de existir. E nesse poder de uniformização e de padronização, as instituições
servem para estabelecer uma ligação entre o passado e o presente.
28
Dias J.; Dias M. (1964). Os Makondes de Moçambique: Cultura Material. Vol. II. Lisboa:
Junta de Investigação do Ultramar/Centro de Estudos de Antropologia Cultural.
Serra, C. (2006). “Uma vez mais a estereotipagem”. In: Oficina de Sociologia, postado a
10 de Maio de 2006 (http://oficinadesociologia.blogspot.com /2006/05/uma-vez- mais-
estereotipagem.html#ixzz2 IuIm 5I80).
Francisco Miguel Gouveia Pinto Proença Garcia Análise global de uma guerra
(Moçambique,1964-1974).
www:http://triplov.com/miguel_garcia/mocambique/capitulo3/protestantes.htm
RIBEIRO, Josenilda Oliveira. Sincretismo religioso no Brasil: uma análise Histórica das
transformações do Catolicismo, Evangelismo, Candomblé e Espiritismo. Monografia
apresentada como pré requisito para obtenção parcial de título de Licenciatura no centro
de ciências sociais, Brasil, universidade Federal de Pernambuco. 28Pp.