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STJ - PETICAO DE RECURSO ESPECIAL : REsp 1146247 Page 1 of 6

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20 de Abril de 2017

STJ - PETICAO DE RECURSO ESPECIAL : REsp 1146247

RESUMO DECISÃO MONOCRÁTICA EMENTA PARA CITAÇÃO

Processo REsp 1146247


Publicação DJe 09/11/2009
Relator Ministro HUMBERTO MARTINS
Andamento do Ver no tribunal
Processo

Decisão
RECURSO ESPECIAL Nº 1.146.247 - AM (2009/0185776-2)
RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS
RECORRENTE : MUNICÍPIO DE MANAUS
PROCURADOR : RODRIGO MONTEIRO CUSTÓDIO E OUTRO (S)
RECORRIDO : HLIBCO CAVALLAR
ADVOGADO : JAIR FERREIRA RODRIGUES E OUTRO (S)
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO VIOLAÇÃO DO ART.53555 DOCPCC
INEXISTÊNCIA IPTU SUBSCRIÇÃO DE DÉBITO RESPONSABILIDADE
TRIBUTÁRIA ENTRE PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR ART.3444 DOCTNN
ESCOLHA DO MUNICÍPIO PRECEDENTES ESBULHO POSSESSÓRIO PRATICADO
ENTRE PARTICULARES NÃO AFETAM A OBRIGAÇÃO DE PAGAR O IMPOSTO,
RESOLVENDO-SE ENTRE ELES A INDENIZAÇÃO ACASO DEVIDA A ESSE TÍTULO
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
DECISÃO
Vistos.
Cuida-se de recurso especial interposto pelo MUNICÍPIO DE MANAUS,
com fundamento no artigo1055, inciso III, alínea a, daConstituição Federall, contra
acórdão proferido pela Primeira Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, assim ementado
:
"TRIBUTÁRIO PROCESSUAL CIVIL ESBULHO AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE IPTU A (124e)ÇÃO INOMINADA DE SUBSCRIÇÃO DE DÉBITO
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA INVASOR DE IMÓVEL DEVE ARCAR COM O
PAGAMENTO DO IPTU RELATIVO AO IMÓVEL INVADIDO POSSIBILIDADE

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APELAÇÃO
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO."
A empresa Rei das Mangueiras Indústria e Comércio Ltda. esbulhou
imóvel do recorrido, HLIBCO CAVALLAR, baseado em documento falso de
compra e venda. Durante o tempo que esteve na posse ilegal do
imóvel, não providenciou o pagamento do IPTU.
Em "ação inominada de subscrição de débito" interposta pelo
recorrido, o tribunal a quo condenou a municipalidade a subscrever a
dívida de IPTU em nome do esbulhador referente ao período que o
imóvel ficou sob sua posse, acatando o parecer emitido pelo
Ministério Público, que, fundado no art. 34 do Código Tributário Nacional, permitiu
alçar o possuidor/esbulhador à condição de
contribuinte.
Opostos embargos de declaração, foram rejeitados.
O município recorrente alega violação do artigo 535, II, do Código de Processo Civil e
dos artigos 32, 34, 109 e 110 do Código Tributário Nacional. Requer a manifestação
sobre a possibilidade de
condenação de mérito do município em obrigação de fazer e de não
fazer e que seja declarada a existência de relação
jurídico-tributária entre o recorrente e o
recorrido quant (MUNICÍPIO DE MANAUS) o aos débitos tribu (HLIBCO
CAVALLAR) tários de IPTU.
Sem contrarrazões , sobreveio o juízo de admissi (fl. 108e) bilidade
negativo da instância de origem .(fls. 187/190e) Em sede do Agravo
de Instrumento n. 1.165.522/AM foi determinada a subida do recurso
especial .
É, no essen (fls. 194/195e) cial, o relatório.
De início, verifica-se que não resta evidenciada a alegada violação
do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na
medida da pretensão deduzida, conforme se depreende da análise do
acórdão recorrido.
Na verdade, a questão não foi decidida conforme objetivava a
recorrente, uma vez que foi aplicado entendimento diverso. É cediço,
nesta Corte Superior de Justiça que os embargos de declaração não se
prestam para forçar o ingresso na instância especial se não houver
omissão, contradição ou obscuridade a ser suprida ou dirimida, muito
menos fica o juiz obrigado a se manifestar sobre todas as alegações
das partes quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a
decisão, o que de fato ocorreu.
O recorrido desde sua peça inicial foi claro em seu pedido, não
deixando dúvidas sobre sua pretensão:
"O requerente vem a presença do Juízo para SUBSCRITAR os débitos de
seu imóvel ao Requerido Invasor REI DAS MANGUEIRAS INDÚSTRIA E
COMÉRCIO LTDA inscrita no CNPJ nº 05.518.782/0001-79 representada
pelo Sr. ALVARO PINTO DE QUEIROZ, a quem caberá a Responsabilidade
pelos pagamentos dos débitos acima Requerido."
O acórdão foi nítido em seus fundamentos, concedendo ao recorrido na
medida do que foi pedido:
"Diante do exposto, julgo procedente a sentença do doutor juiz
monocrático em todos os seus termos e acato o Parecer da ilustre
Procuradora de Justiça reconhecendo como justa a Ação Inominada de
Subscrição de Débito ajuizada por Hlibco Cavallar, para determinar à

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Prefeitura de Manaus efetuar a cobrança do IPTU nº 47492, usuário nº


121027, do imóvel localizado na Estrada do Aleixo, 97, bairro
Aleixo, no nome de Rei das Mangueiras Indústria e Comércio Ltda.,
representada pelo senhor Álvaro Pinto de Queiroz, RG nº 156.101, e
que se abstenha de quaisquer gravames contra o requerido Hlibco
Cavallar."
Ocioso lembrar, que a falta de menção expressa aos dispositivos
suscitados pela parte não configura omissão ou obscuridade, na
medida em que o magistrado não está obrigado, como já salientado, a
se manifestar sobre todas as questões levantadas pela recorrente,
mas sim de acordo com o seu livre convencimento ,
utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos
pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso
concreto.
Dessarte, quando já tiver encontrado motivos su (art. 131 do CPC) ficientes para fundar
a decisão, o magistrado não se encontra obrigado a responder a todas
as alegações das partes, nem a ater-se aos fundamentos indicados por
elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos, não
havendo que se falar em violação dos incisos do artigo 535 do Código de Processo Civil.
Ademais, nos termos de jurisprudência pacífica do STJ, "o julgador
não está obrigado a responder todas as considerações das partes,
bastando que decida a questão por inteiro e motivadamente" .
No mérito, a questão cinge-se a saber se o proprietário de imóvel
invadido por terceiro deve ser sujeito passivo do IPTU entre 1990 e
2003 antes da autorização judicial que lhe reintegrou à posse.
Primeiramente, vale ressaltar o disposto do art. 34 do C (REsp
415.706/PR, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 12.8.2002)ódigo
Tributário Nacional: "Art. 34. Contribuinte do imposto é o
proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu
possuidor a qualquer título."
Na hipótese dos autos, a jurisprudência desta Corte Superior entende
caber ao fisco municipal opção em cobrar a exação do
proprietário, do titul (IPTU) ar do domínio útil, ou do possuidor a qualquer
título, havendo previsão em lei. Nesse sentido, confira-se o
precedente da Primeira Turma no julgamento do REsp 475.078/SP, da
relatoria do eminente Min. Teori Albino Zavascki, DJ 27.9.2004, nos
termos da seguinte ementa:
"TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. CONTRATO DE PROMESSA DE
COMPRA-E-VENDA. LEGITIMIDADE PASSIVA. PROPRIETÁRIO E POSSUIDOR.
LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.
1. O art. 34 do CTN estabelece que contribuinte do IPTU"é o
proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu
possuidor a qualquer título".
2. A existência de possuidor apto a ser considerado contribuinte do
IPTU não implica a exclusão automática, do pólo passivo da obrigação
tributária, do titular do domínio .
3.(assim entendido aquele que tem a
propriedade registrada no Registro de Imóveis) Ao legislador municipal cabe eleger o
sujeito passivo do tributo,
contemplando qualquer das situações previstas no CTN. Definindo a
lei como contribuinte o proprietário, o titular do domínio útil, ou
o possuidor a qualquer título, pode a autoridade administrativa

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optar por um ou por outro visando a facilitar o procedimento de


arrecadação.
4. Recurso especial a que se nega provimento."(Grifei.)
Vale ressaltar, ainda no mesmo recurso especial, os fundamentos
adotados no voto pelo Min. Rel. Teori Zavascki, in verbis:
"Hugo de Brito Machado posiciona-se pela existência de uma ordem
excludente de sujeitos passivos: 'Havendo proprietário, não se
cogitará de titular de domínio útil, nem de possuidor. Não havendo
proprietário, seja porque a propriedade está fracionada, ou porque
não está formalizada no registro competente, passa-se a cogitar da
segunda figura indicada, vale dizer, do titular do domínio útil. Se
for caso de imóvel sem propriedade formalizada, contribuinte será o
possuidor a qualquer título.' .
Nestas hipó(Comentários ao Código Tributário
Nacional, vol. I., Atlas, 2003, p. 354) teses, o compromisso particular de
compraevenda, mesmo
que irrevogável e irretratável, não eximiria o promitente-vendedor
do pagamento de tributos sobre o imóvel, ficando ressalvado o
direito de regresso contra o promitente-comprador.
De outro lado, Aires F. Barreto , Aliomar Baleeiro e Ives Gandra Martins s (in
Comentários ao Código
Tributário Nacional, Ives Gandra Martins, coordenador, Saraiva,
1998, p. 251) ustentam que o legi (in Direito Tributário Brasileiro,
Forense, 2003, p.238) slador
tributário munic (in Curso de Direito
Tributário, Forense, 2001, p.738) ipal pode optar entre os diversos contribuintes
elencados. Assim a eleição do possuidor como contribuinte do IPTU é
faculdade do legislador municipal e, caso a lei aponte ambos, a
opção deve ser exercida pelo fisco. Veja-se a lição de Ives Gandra
Martins:
'Assume, ainda, a condição de contribuinte o possuidor do imóvel,
como o compromissário comprador imitido na posse, o usuário e o
titular do direito real de habitação.
O legislador poderá optar, para a decretação do tributo, por
qualquer das situações previstas no Código Tributário Nacional. Vale
dizer, poderá escolher, verbi gratia, o proprietário de imóvel
compromissado à venda, ou o promitente comprador imitido na posse.
Definindo a lei por contribuinte o proprietário, o titular do
domínio útil, ou o possuidor a qualquer título, pode a autoridade
administrativa optar pelo possuidor no caso em que há proprietário.
Há quem defenda haja uma escala de preferência a ser observada. Em
outras palavras, vedado seria a autoridade administrativa optar pelo
possuidor, sempre que conhecido fosse o proprietário. Não nos parece
que assim seja. A escolha é livre. Opta-se por um ou por outro
visando a facilitar o procedimento de arrecadação.'"

No me (ob.cit.,
Saraiva, 2001, p. 738.) smo sen (REsp 475.078/SP, Relator Ministro Teori Albino
Zavascki DJ
27.9.2004.) tido, confiram-se os precedentes: da Segunda Turma (REsp
850.000/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 25.9.2008); e da
Primeira Seção .

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Cito (REsp 1.110.551/SP, Rel. Min. Mauro Campbell, DJe de


18.6.2009) ainda ementa e parte do voto emanado em agravo regimental no
Agravo n. 117.895/MG, da relatoria do Min. Ari Pargendler, DJ
29.10.1996, p. 41.639, que melhor explica a devida medida cabível:
"TRIBUTÁRIO. IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO. ESBULHO
POSSESSÓRIO PRATICADO PELO PRÓPRIO MUNICÍPIO QUE EXIGE O TRIBUTO.
OS
LITÍGIOS POSSESSÓRIOS ENTRE PARTICULARES NÃO AFETAM A OBRIGAÇÃO
DE
PAGAR O IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO, RESOLVENDO-SE
ENTRE
ELES A INDENIZAÇÃO ACASO DEVIDA A ESSE TITULO; JÁ QUEM, SENDO
CONTRIBUINTE NA SÓ CONDIÇÃO DE POSSUIDOR, E ESBULHADO DA POSSE
PELO
PRÓPRIO MUNICÍPIO, NÃO ESTA OBRIGADO A RECOLHER O TRIBUTO ATE
NELA
SER REINTEGRADO POR SENTENÇA JUDICIAL, A MINGUA DO FATO GERADOR
PREVISTO NO ART. 32/CTN, CONFUNDINDO-SE NESSE CASO O SUJEITO ATIVO
E
O SUJEITO PASSIVO DO IMPOSTO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

O Impo (...) sto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana tem como
fato gerador - é verdade - o domínio útil ou a posse de bem imóvel
por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil,
localizado na zona urbana do Município .
Aqui, Organizações Mangueiras (CTN, art. 32) S.A. - contribuinte desse tributo na
condição de possuidora - foi exonerada pelo acórdão recorrido de
recolhê-lo relativamente ao período em que foi esbulhada da posse
pelo próprio Município de Belo Horizonte.
A situação é diferente daquela em que o proprietário ou possuidor
deixa de usufruir do prédio ou imóvel em função de litígio com
terceiros, na qual o tributo é devido, resolvendo-se entre os
particulares a indenização acaso devida.
Então a exigibilidade do imposto é inarredável, como já decidi a
saber:
'TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. OBRIGAÇÃO LEGAL.
Irrelevancia das vicissitudes sofridas pelo proprietário em
decorrencia da ação judicial proposta por terceiro. O impedimento
temporário do pleno exercício da propriedade, v.g., a de explorá-la,
não exonera seu titular do pagamento do imposto territorial rural,
porque se trata de obrigação legal, só elidida, consequentemente,
nas hipóteses previstas em lei' ."

Dessarte, no mérito (TRF - 4ª Região, AC nº 0418930,


DJU, 01.04.92, p. 07671) do (...) recurso (AgRg no Ag 117.895/MG, Rel. Min. Ari
Pargendler, Segunda Turma,
julgado em 10.10.1996, DJ 29.10.1996, p. 41.639.) especial, melhor sorte assiste ao
recorrente, pois seus fundamentos se coadunam com a jurisprudência
desta Corte.
Ante o exposto, com fundamento no art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil, dou
provimento ao recurso especial, para anular o
acórdão recorrido e manter a relação jurídico-tributária entre o

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recorrente e o recorrido
quanto aos débitos tributários de IPTU.
Publique-se. Intime (MUNICÍPIO DE MANAUS) m-se.
Brasília (HLIBCO CAVALLAR), 29 de outubro de 2009.
MINISTRO HUMBERTO MARTINS
Relator (DF)

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