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jusbrasil.com.br
20 de Abril de 2017
Decisão
RECURSO ESPECIAL Nº 1.146.247 - AM (2009/0185776-2)
RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS
RECORRENTE : MUNICÍPIO DE MANAUS
PROCURADOR : RODRIGO MONTEIRO CUSTÓDIO E OUTRO (S)
RECORRIDO : HLIBCO CAVALLAR
ADVOGADO : JAIR FERREIRA RODRIGUES E OUTRO (S)
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO VIOLAÇÃO DO ART.53555 DOCPCC
INEXISTÊNCIA IPTU SUBSCRIÇÃO DE DÉBITO RESPONSABILIDADE
TRIBUTÁRIA ENTRE PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR ART.3444 DOCTNN
ESCOLHA DO MUNICÍPIO PRECEDENTES ESBULHO POSSESSÓRIO PRATICADO
ENTRE PARTICULARES NÃO AFETAM A OBRIGAÇÃO DE PAGAR O IMPOSTO,
RESOLVENDO-SE ENTRE ELES A INDENIZAÇÃO ACASO DEVIDA A ESSE TÍTULO
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
DECISÃO
Vistos.
Cuida-se de recurso especial interposto pelo MUNICÍPIO DE MANAUS,
com fundamento no artigo1055, inciso III, alínea a, daConstituição Federall, contra
acórdão proferido pela Primeira Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, assim ementado
:
"TRIBUTÁRIO PROCESSUAL CIVIL ESBULHO AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE IPTU A (124e)ÇÃO INOMINADA DE SUBSCRIÇÃO DE DÉBITO
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA INVASOR DE IMÓVEL DEVE ARCAR COM O
PAGAMENTO DO IPTU RELATIVO AO IMÓVEL INVADIDO POSSIBILIDADE
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APELAÇÃO
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO."
A empresa Rei das Mangueiras Indústria e Comércio Ltda. esbulhou
imóvel do recorrido, HLIBCO CAVALLAR, baseado em documento falso de
compra e venda. Durante o tempo que esteve na posse ilegal do
imóvel, não providenciou o pagamento do IPTU.
Em "ação inominada de subscrição de débito" interposta pelo
recorrido, o tribunal a quo condenou a municipalidade a subscrever a
dívida de IPTU em nome do esbulhador referente ao período que o
imóvel ficou sob sua posse, acatando o parecer emitido pelo
Ministério Público, que, fundado no art. 34 do Código Tributário Nacional, permitiu
alçar o possuidor/esbulhador à condição de
contribuinte.
Opostos embargos de declaração, foram rejeitados.
O município recorrente alega violação do artigo 535, II, do Código de Processo Civil e
dos artigos 32, 34, 109 e 110 do Código Tributário Nacional. Requer a manifestação
sobre a possibilidade de
condenação de mérito do município em obrigação de fazer e de não
fazer e que seja declarada a existência de relação
jurídico-tributária entre o recorrente e o
recorrido quant (MUNICÍPIO DE MANAUS) o aos débitos tribu (HLIBCO
CAVALLAR) tários de IPTU.
Sem contrarrazões , sobreveio o juízo de admissi (fl. 108e) bilidade
negativo da instância de origem .(fls. 187/190e) Em sede do Agravo
de Instrumento n. 1.165.522/AM foi determinada a subida do recurso
especial .
É, no essen (fls. 194/195e) cial, o relatório.
De início, verifica-se que não resta evidenciada a alegada violação
do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na
medida da pretensão deduzida, conforme se depreende da análise do
acórdão recorrido.
Na verdade, a questão não foi decidida conforme objetivava a
recorrente, uma vez que foi aplicado entendimento diverso. É cediço,
nesta Corte Superior de Justiça que os embargos de declaração não se
prestam para forçar o ingresso na instância especial se não houver
omissão, contradição ou obscuridade a ser suprida ou dirimida, muito
menos fica o juiz obrigado a se manifestar sobre todas as alegações
das partes quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a
decisão, o que de fato ocorreu.
O recorrido desde sua peça inicial foi claro em seu pedido, não
deixando dúvidas sobre sua pretensão:
"O requerente vem a presença do Juízo para SUBSCRITAR os débitos de
seu imóvel ao Requerido Invasor REI DAS MANGUEIRAS INDÚSTRIA E
COMÉRCIO LTDA inscrita no CNPJ nº 05.518.782/0001-79 representada
pelo Sr. ALVARO PINTO DE QUEIROZ, a quem caberá a Responsabilidade
pelos pagamentos dos débitos acima Requerido."
O acórdão foi nítido em seus fundamentos, concedendo ao recorrido na
medida do que foi pedido:
"Diante do exposto, julgo procedente a sentença do doutor juiz
monocrático em todos os seus termos e acato o Parecer da ilustre
Procuradora de Justiça reconhecendo como justa a Ação Inominada de
Subscrição de Débito ajuizada por Hlibco Cavallar, para determinar à
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No me (ob.cit.,
Saraiva, 2001, p. 738.) smo sen (REsp 475.078/SP, Relator Ministro Teori Albino
Zavascki DJ
27.9.2004.) tido, confiram-se os precedentes: da Segunda Turma (REsp
850.000/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 25.9.2008); e da
Primeira Seção .
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O Impo (...) sto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana tem como
fato gerador - é verdade - o domínio útil ou a posse de bem imóvel
por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil,
localizado na zona urbana do Município .
Aqui, Organizações Mangueiras (CTN, art. 32) S.A. - contribuinte desse tributo na
condição de possuidora - foi exonerada pelo acórdão recorrido de
recolhê-lo relativamente ao período em que foi esbulhada da posse
pelo próprio Município de Belo Horizonte.
A situação é diferente daquela em que o proprietário ou possuidor
deixa de usufruir do prédio ou imóvel em função de litígio com
terceiros, na qual o tributo é devido, resolvendo-se entre os
particulares a indenização acaso devida.
Então a exigibilidade do imposto é inarredável, como já decidi a
saber:
'TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. OBRIGAÇÃO LEGAL.
Irrelevancia das vicissitudes sofridas pelo proprietário em
decorrencia da ação judicial proposta por terceiro. O impedimento
temporário do pleno exercício da propriedade, v.g., a de explorá-la,
não exonera seu titular do pagamento do imposto territorial rural,
porque se trata de obrigação legal, só elidida, consequentemente,
nas hipóteses previstas em lei' ."
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recorrente e o recorrido
quanto aos débitos tributários de IPTU.
Publique-se. Intime (MUNICÍPIO DE MANAUS) m-se.
Brasília (HLIBCO CAVALLAR), 29 de outubro de 2009.
MINISTRO HUMBERTO MARTINS
Relator (DF)
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