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Esse tipo de relação imposta sob a égide da mão de obra escrava nos dá subsidio para refletir
sobre esse lugar estereotipado do negro na sociedade brasileira. Em função desse passado
histórico, marcado pela desumanização que, como consequência, constitui um obstáculo à
construção da sua subjetividade, o negro tem no seu processo, o desafio de tornarse indivíduo,
sujeito protagonista de sua história. Os negros eram considerados “coisas”, “peças”,
“mercadorias” possuídas por aqueles sujeitos brancos que eram considerados como
indivíduos, pessoas pela sociedade.
Negro e violência
A morte de jovens negros, pobres e das periferias, principal alvo destas ações, demonstra um
genocídio em curso em todo o país, o que não comove a sociedade, fruto do processo de
desumanização que a população negra enfrenta no Brasil, resquício de séculos de escravidão.
Uma narrativa oficial que legitima estas mortes é a famosa “guerra às drogas”, que banaliza a
morte de corpos negros em favelas e periferias. Tal projeto encontra seu complementar no
sistema penal brasileiro, cuja população carcerária já é a terceira maior do mundo — e
novamente: são corpos negros de homens e mulheres que seguem nas prisões brasileiras.
Diante de tudo isso há o silêncio generalizado da esquerda brasileira, que não pauta o tema da
segurança pública e da violência de Estado em seus debates, enquanto setores conservadores
da sociedade seguem na pregação de que “bandido bom é bandido morto”.
Explicar sobre o caso dos oitenta tiros: o músico Evaldo Manduca foi morto na zona Oeste do Rio
após ter seu veículo confundido com o de criminosos. Foram 80 tiros disparados contra o carro de
Evaldo que carregava o sogro, a mulher e o filho de sete anos. Todos negros. O episódio revoltou a
internet e promoveu debates sobre a questão racial e a PM no Brasil.
Antes de discorrer sobre a inserção do negro na mídia brasileira é necessário apresentar aqui o
conceito de mídia definido por Muniz Sodré (2006) como “um instrumento de direcionamento
ou de criação de subjetividades no homem”
Não é preciso ser especialista para perceber a invisibilidade dos negros e negras na mídia brasileira. Alguma
coisa está errada se a cara pública deste país, majoritariamente negro, é branca, o que colabora para reforçar
uma atitude e um sentimento de auto-desvalorização nos negros. Segundo o IBGE, os negros eram a maioria
da população brasileira em 2014, representando 53,6% da população. Não seria justo ter essa porcentagem
de negros na TV brasileira?
O negro ainda não se encontra dignamente nos meios televisivos e sua representatividade é ínfima (4%). As
pessoas negras não se enxergam na propaganda brasileira; poucos anunciantes trazem negros como modelos
em suas campanhas.
As mulheres nas propagandas são majoritariamente jovens, brancas, magras, loira e com cabelos lisos. O
absurdo é que só existem 3% de verdadeiros loiros adultos no mundo. Os negros no Brasil consomem mais
de 1,5 trilhões de reais por ano em produtos. Então por que nunca vemos uma família negra promovendo
margarina. ha muito poucas propagandas de marcas luxuosas onde um negro seja a figura central. Quando
aparecem negros em uma publicidade, sempre é para produtos mais baratos e populares, fortalecendo
mais a segregação.
O negro sempre aparece como coadjuvante, complementando o cenário do branco e nunca como
protagonista.
A publicidade por muito tempo manipulou negros e negras a se colocar nos padrões de beleza branco, fazendo-
os acreditar que se tornariam mais belos se tivessem os cabelos lisos e a
pele mais clara possível; estereotipando assim o negro como feio e o branco belo.
Já existem produtos voltados para o público negro, mas ainda são poucos ou simplesmente são produtos que
incentivam a descaracterização, como cremes alisantes e clareadores.