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DOI: 10.4025/reveducfis.v22i4.

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DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS EM


CRIANÇAS COM DIFERENTES CONTEXTOS ESCOLARES

DEVELOPMENT OF FUNDAMENTAL MOTOR SKILLS IN CHILDREN WITH DIFFERENT SCHOOL


CONTEXTS

João Roberto Cotrim∗


**
Anderson Garcia Lemos
***
João Evangelista Néri Júnior
****
José Angelo Barela

RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar o desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais em crianças que cursaram o
Ensino Fundamental I em contextos escolares diferentes. Foram escolhidas aleatoriamente quinze crianças de uma escola
pública (CEPub) e 15 de uma escola particular (CEPar), todas matriculadas no 5º ano do Ensino Fundamental I. As crianças
da CEPar tiveram, ao longo das primeiras quatro séries do Ensino Fundamental I, aulas de Educação Física com profissional
da área, enquanto as do grupo CEPub tiveram atividades com professor da grade regular, sem formação em Educação Física.
Todas as crianças foram filmadas realizando os subtestes Locomotor e Controle de Objeto do Test of Gross Motor
Development, tendo-se obtido o valor bruto e a idade motora equivalente. MANOVAs indicaram valores brutos e idade
motora equivalente inferiores para o grupo CEPub quando comparados com os valores do grupo CEPar. Finalmente, testes t
não indicaram diferença entre idade motora equivalente e idade cronológica para o grupo de CEPar, porém indicaram idade
motora equivalente inferior à idade cronológica para o grupo de CEPub, no subteste Controle de Objeto. Esses resultados
indicam que o contexto escolar influencia o curso de desenvolvimento motor de crianças.
Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental e Médio. Desenvolvimento humano.

INTRODUÇÃO motoras foram explicados como decorrentes de


processos geneticamente desencadeados,
O desenvolvimento motor é caracterizado inerentes ao organismo e comuns a todos os
pela ocorrência de mudanças qualitativas e representantes da espécie humana, e pouco
quantitativas no repertório motor ao longo da influenciados pelo ambiente.
vida. Neste processo, ordem e regularidade na Recentemente, a explicação sobre aquisição
aquisição das habilidades motoras, observadas e refinamento de habilidades motoras mudou
no repertório motor de bebês e crianças, nos radicalmente, passando este a ser entendido
primeiros meses e anos de vida, despertaram a como decorrente de um processo dinâmico
atenção de muitos estudiosos da área. Mais (THELEN, 1995; BARELA, 1999; THELEN,
ainda, a observação destas duas características 2000; POLASTRI; BARELA, 2002). Nesta
contribuiu fortemente para que os pioneiros da visão, mudanças no desenvolvimento motor são
área de desenvolvimento motor sugerissem que entendidas como sucessivos estados de
o curso do desenvolvimento motor era estabilidade, instabilidade e mudanças de fases
determinado pela maturação do sistema nervoso que propiciam ao comportamento motor mudar
central (GESELL, 1933). Nesta visão, a de um estado atrativo para outro estado atrativo
aquisição e o refinamento das habilidades (THELEN; SMITH, 1994), as quais, quando


Mestre. Programa de Pós-Graduação Ciências do Movimento Humano – Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo.
**
Mestrando do Programa de Pós-Graduação Ciências do Movimento Humano – Universidade Cruzeiro do Sul, São
Paulo.
***
Graduado em Educação Física – Universidade Cruzeiro do Sul e Bolsista PIBIC/CNPq.
****
Doutor. Professor Assistente Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, e Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.

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visualizadas dentro de um contexto mais amplo, prática estruturada não corresponde à realidade
delineiam o curso desenvolvimental. (GALLAHUE, 1982; GALLAHUE;
Mais importante que isto é que mudanças DONNELLY, 2008). De forma geral, crianças
desenvolvimentais podem ser desencadeadas e adquirem as habilidades motoras fundamentais a
influenciadas por fatores do organismo, do partir de vivência própria, porém essas
ambiente e da tarefa (CLARK, 1994, 2007), habilidades motoras fundamentais não são
implicando um envolvimento ativo do ser em refinadas e, consequentemente, a maioria das
desenvolvimento com o ambiente no qual ele crianças não alcança execução mais eficiente de
está inserido (THELEN, 1995; POLASTRI; movimento dentro do contexto ambiental
BARELA, 2002). Apesar de assumir a denominado de padrão maduro (GALLAHUE,
influência de múltiplos fatores, a visão dinâmica 1982; GALLAHUE; DONNELLY, 2008). Na
de desenvolvimento motor também assume que realidade, as crianças têm potencial para
alguns fatores, os denominados de parâmetros apresentar um padrão maduro nas habilidades
de controle, podem ter influência decisiva, motoras fundamentais por volta dos seis e sete
sobrepondo-se à influência de outros fatores e anos de idade, mas esse padrão será alcançado
promovendo alterações no estado com prática estruturada e instrução apropriada
desenvolvimental (THELEN, 1989; CLARK, (GALLAHUE, 1982; GALLAHUE;
1994; THELEN, 1995; BARELA, 1997). Como DONNELLY, 2008). Embora ainda isso não
influências do ambiente e da tarefa, tenha comprovação empírica, caso essas
oportunidade de prática estruturada e instrução habilidades motoras fundamentais não sejam
apropriada são fatores determinantes desenvolvidas em sua plenitude, a participação
(parâmetros de controle – na linguagem efetiva em brincadeiras, jogos, danças,
dinâmica) para que novas habilidades motoras atividades recreativas, esportivas, circenses e
sejam adquiridas e, principalmente, refinadas ao sociais, bem como a realização de atividades
longo do ciclo desenvolvimental, incluindo-se diárias, pode ser comprometida (CLARK, 2007;
neste repertório habilidades motoras COOLS et al., 2008; GALLAHUE;
fundamentais, como correr, saltar, chutar, DONNELLY, 2008).
arremessar, receber e outras. Neste caso, a A falta de desenvolvimento pleno das
oportunidade de prática estruturada e a instrução potencialidades motoras, especialmente das
apropriada são funções de profissionais de habilidades motoras fundamentais, tem sido
Educação Física (PELLEGRINI; BARELA, demonstrada tanto no conjunto geral de
1998) que atuam no ensino escolar. Esses habilidades motoras (BRAGA et al., 2009)
profissionais devem propiciar atividades com quanto em habilidades motoras específicas,
objetivos definidos e direcionados para o como o correr (FERRAZ, 1992). A falta de
desenvolvimento de aspectos específicos dos oportunidade de prática sistematizada e
alunos. Além disso, devem propiciar informação estruturada, com objetivos de proporcionar
sobre a habilidade motora a ser realizada e, experiências motoras diversificadas e instruções
ainda, informação sobre possíveis alterações apropriadas, pode ser uma das razões para que
e/ou correções que o aluno necessita realizar as crianças não alcancem níveis mais elevados
para que o objetivo inerente à atividade ou ação de desempenho motor nas habilidades motoras
motora seja alcançado. fundamentais, ficando aquém do nível esperado
Ao longo de muito tempo, para alguns para as respectivas idades, conforme observaram
profissionais, a atuação de um professor de diversos estudos (FERRAZ, 1992; VALENTINI,
Educação Física, propiciando prática estruturada 2002; BRAGA et al., 2009).
e informação apropriada, deveria ocorrer apenas Considerando-se que as crianças têm
por volta dos dez anos de idade, com a potencial para que as habilidades motoras
introdução de habilidades motoras específicas às fundamentais sejam desenvolvidas até a idade de
modalidades desportivas; mas a visão de que sete anos (GALLAHUE; DONNELLY, 2008),
crianças adquirem as habilidades motoras antes mesmo do início do Ensino Fundamental I,
fundamentais naturalmente, portanto sem a e que oportunidade de prática sistematizada e
necessidade de atuação de um profissional e de estruturada é crucial para a obtenção de

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desempenho eficiente dessas habilidades, é assinassem o Termo de Consentimento Livre e


importante examinar empiricamente estas Esclarecido após serem informados sobre os
questões. Recentemente, um programa de objetivos do presente estudo, o qual foi
intervenção motora provocou melhora no nível aprovado pelo Comitê de Ética Institucional
de desenvolvimento motor de crianças de seis e (protocolo 117/2009). Além disso, nenhuma
sete anos (BRAGA et al., 2009). criança apresentou ou indicou qualquer
Os resultados do estudo de Braga e problema musculoesquelético que pudesse
colaboradores (BRAGA et al., 2009) são comprometer sua participação no estudo.
promissores e muito importantes, indicando que Apesar de ambas as escolas, a pública e a
intervenção estruturada provoca alterações no particular, estarem localizadas na região central
desenvolvimento motor, embora tais efeitos da cidade de São Bernardo do Campo, as
possam estar associados à especificidade da experiências vivenciadas pelas crianças nas
intervenção ministrada e ser dela decorrentes. respectivas escolas, nos quatro primeiros anos
Possíveis efeitos longitudinais, decorrentes de do Ensino Fundamental I, foram muito
diferentes oportunidades e realidades de ensino, diferentes. As crianças da escola particular
necessitam ser examinados. Dessa forma, este tiveram aulas de Educação Física duas vezes por
estudo teve como objetivo comparar o semana, com duração de 50 minutos,
desenvolvimento de habilidades motoras ministradas por profissional de Educação Física.
fundamentais de crianças no início da segunda O programa de Educação Física desenvolvido se
fase do Ensino Fundamental I que foram constituiu de atividades que envolviam a prática
expostas a diferentes conteúdos, oportunidades sistematizada de habilidades motoras
de prática motora e instrução específica na fundamentais e usava como estratégias
primeira fase do Ensino Fundamental I. exercícios repetitivos, jogos recreativos, jogos
pré-adaptados e jogos pré-desportivos. As
crianças da escola pública tiveram as atividades
MÉTODO de vivência motora denominadas corpo e
movimento, também duas vezes por semana,
Participantes
com duração de 50 minutos, ministradas pela
A amostra foi selecionada de forma professora responsável pela grade curricular da
aleatória e se compôs de trinta crianças turma. As atividades desenvolvidas, na maior
provenientes de diferentes condições e parte do tempo, envolveram atividades
realidades de ensino e pertencentes à rede de recreativas e brincadeiras, sem um
ensino da cidade de São Bernardo do Campo - direcionamento específico de conteúdo e
SP. Quinze crianças, de ambos os gêneros (sete instrução.
meninas e oito meninos, com idade de 10,7 ±0,3 Além de diferentes programas de atividade
anos, massa corporal de 46,8 ±10,9 kg e estatura física, as escolas onde as crianças estavam
1,47 ±0,6 m) que estudavam na primeira fase do matriculadas na primeira fase do Ensino
Ensino Fundamental I (antiga 1ª a 4ª série) em Fundamental I também diferiram em termos de
uma escola pública, matriculadas na 5ª série da instalações físicas e de disponibilidade de
mesma escola foram sorteadas e compuseram o material que utilizavam nos respectivos
grupo de crianças da escola pública (CEPub). programas de Educação Física/atividade física.
Quinze crianças, de ambos os gêneros (sete Enquanto as crianças da escola particular
meninas e oito meninos, com idade de10,3 ±0,4 realizavam as atividades em um miniginásio
anos, massa corporal de 38,5 ±8,0 kg e estatura poliesportivo, com cobertura, piso e ventilação
de 1,41 ±0,7 m) que estudavam na primeira fase adequados, as crianças da escola pública
do Ensino Fundamental I (antiga 1ª a 4ª séries) utilizaram uma quadra coberta e piso com
em uma escola particular, matriculadas na 5ª acabamento de cimento. Além disso, as crianças
série da mesma escola, foram sorteadas e da escola particular utilizavam número
compuseram o grupo de crianças da escola adequado de diversos tipos de bola, colchões,
particular (CEPar). A participação das crianças bastões e bastonetes, que possibilitavam
foi condicionada a que os responsáveis experiências muito superiores às daquelas

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vivenciadas pelas crianças da escola pública. desempenho final. Cada habilidade dos subtestes
Destarte, além da atuação diferenciada quanto à locomotor e controle de objeto possui de três a
proposta de atividades e à ministração destas, as cinco componentes comportamentais que são
crianças também vivenciaram condições apresentados como critério de desempenho
diferenciadas quanto à estrutura física e de (ULRICH, 2000). Caso a execução em análise
disponibilidade de material, ao longo dos quatro apresente o critério de desempenho, um ponto
anos iniciais do Ensino Fundamental. lhe é creditado. Ao final, ocorre o somatório dos
pontos de duas tentativas, englobando todas as
Instrumento habilidades motoras, as quais indicam o nível de
O instrumento de avaliação de execução das habilidades no respectivo subteste,
desenvolvimento motor utilizado no presente denominado de “valores brutos”. Há também a
estudo, foi o Teste de Desenvolvimento Motor possibilidade de obter a idade motora
Grosso (Test of Gross Motor Development), equivalente considerando-se o valor bruto obtido
segunda versão (TGMD-2), proposto por Ulrich por cada criança no respectivo subteste em
(2000), que tem sido utilizado para avaliação do relação aos dados normativos.
desenvolvimento, em específico, das habilidades No Brasil, Valentini e colaboradores
motoras fundamentais em crianças com idade (VALENTINI et al., 2008) validaram o TGMD-
entre três e dez anos. O TGMD-2 avalia doze 2 para a população gaúcha, utilizando uma
habilidades: seis no subteste Locomotor (correr, tradução em português. Mesmo sem ter sido
galopar, saltar com um pé, saltar por cima, saltar traduzido oficialmente e sem ter dados
em horizontal e deslocar lateralmente) e seis no normativos para a população brasileira, o
subteste Controle de Objeto (rebater, quicar, TGMD-2 tem sido utilizado para avaliar
receber, chutar, arremessar por cima e diversos aspectos do desenvolvimento motor de
arremessar por baixo). A amostra normativa do crianças brasileiras em diversas situações
TGMD-2 foi de 1.208 pessoas de dez estados (BRAGA et al., 2009; BRAUNER;
americanos. VALENTINI, 2009). Similarmente, o TGMD-2
De acordo com Ulrich (2000), o TGMD-2 também tem sido utilizado em estudos
pode ser utilizado para identificar crianças que realizados em outros países (PANG; FONG,
apresentam dificuldades no domínio das 2009).
habilidades motoras fundamentais em relação
Procedimentos
aos seus pares, auxiliar no planejamento de um
programa instrucional para o desenvolvimento A obtenção dos dados das crianças ocorreu
das habilidades motoras fundamentais, avaliar o nas dependências da quadra desportiva das
progresso de crianças no desenvolvimento de respectivas escolas, no início do ano letivo da 5ª
habilidades motoras fundamentais e servir como série do Ensino Fundamental I (final de março e
instrumento em estudos envolvendo avaliação início de abril). Inicialmente foram obtidas a
do desenvolvimento motor. Recentemente, data de nascimento e informação sobre
Cools e colaboradores (COOLS et al., 2008), em dominância manual e pedal, a massa corporal e a
uma análise de diversos testes motores, estatura. Em seguida as crianças foram filmadas
sugeriram que o TGMD-2 apresenta validade, realizando as habilidades motoras dos subtestes
objetividade e reprodutibilidade aceitáveis para locomotor e controle de objeto do TGMD-2,
a avaliação que se propõe, é de fácil aplicação e conforme o sugerido (ULRICH, 2000). Para
engloba a análise de habilidades motoras tanto, uma câmera digital (Sony Modelo DCR-
fundamentais. HC96) foi posicionada em uma metade da
De modo geral, o TGMD-2 possibilita quadra de tal forma que foi possível a filmagem
verificar se a criança consegue realizar as tarefas das crianças realizando as habilidades de correr,
que envolvem as principais habilidades motoras galopar, saltar com um pé, saltar por cima, saltar
fundamentais e o desempenho com que as em horizontal e deslocar-se lateralmente
crianças coordenam os membros (superiores e (subteste locomotor). Outra câmera (Sony
inferiores) e o tronco durante a realização da Modelo DCR-HC96) foi posicionada na outra
tarefa motora, ao invés de apenas avaliar o metade da quadra, possibilitando a filmagem das

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crianças realizando as habilidades de rebater, A avaliação com base nos critérios de


quicar, receber, chutar, arremessar por cima e desempenho ocorreu para as habilidades de
arremessar por baixo (subteste controle de ambos os subtestes, sendo que, considerando-se
objeto). Em todos os casos, a identidade das as duas repetições da criança, o valor total
crianças foi preservada, sendo elas identificadas possível para os subtestes locomotor e controle
por meio de numeração definida anteriormente à de objeto era 48. Essa pontuação representa o
filmagem. valor bruto do desempenho da criança nos
As crianças foram instruídas de acordo com respectivos subtestes, sendo que quanto maior o
o sugerido no TGMD-2 e realizaram três valor bruto, melhor foi o desempenho do
repetições de cada habilidade motora movimento realizado pela criança.
mencionada acima. A primeira execução, Utilizando-se os valores brutos foi obtida a
conforme sugere Ulrich (2000), teve como idade motora equivalente de cada criança, com
finalidade verificar se a criança havia entendido base nos dados normativos do TGMD-2
a tarefa, e as outras duas repetições foram (ULRICH, 2000). Neste caso, a idade motora
consideradas para análise. Caso a criança não equivalente reflete a idade motora hipotética,
tivesse entendido a tarefa esta era novamente com base nos critérios de desempenho que a
explicada e repetida pela criança. criança apresentou. Da mesma forma que os
A filmagem das habilidades motoras de cada valores brutos, a idade motora equivalente foi
subteste durou aproximadamente cinco minutos calculada para os subtestes locomotor e controle
para cada criança, o que totalizou de objeto.
aproximadamente dez minutos de teste. As
explicações foram fornecidas por dois Análise estatística
professores responsáveis pelo estudo, um dos Duas análises de multivariância
quais forneceu informação sobre o subteste (MANOVAs) foram utilizadas para verificar
locomotor e o outro forneceu a todas as crianças possíveis diferenças entre as crianças das duas
informação sobre o subteste controle de objeto. escolas (fator grupo). A primeira MANOVA
teve como variáveis dependentes os valores
Análise dos dados
brutos e a idade motora equivalente
Após a filmagem, as imagens das crianças considerando-se o subteste locomotor; e a
realizando as habilidades motoras dos dois segunda MANOVA teve como variáveis
subtestes foram analisadas no Laboratório de dependentes os valores brutos e a idade motora
Análise do Movimento, por três avaliadores equivalente considerando-se o subteste controle
devidamente treinados. Para essa análise, uma de objeto.
ficha de avaliação similar à proposta no TGMD- Quatro testes “t” foram realizados para
2 foi confeccionada e as duas tentativas verificar se a idade motora equivalente era
realizadas pelas crianças foram pontuadas de diferente da idade cronológica para o subteste
acordo com os critérios de desempenho locomotor e para o subteste controle de objeto
(ULRICH, 2000). Para tanto, quando o critério das crianças das duas escolas. Nesses testes a
de desempenho foi identificado no movimento idade motora equivalente obtida foi comparada à
realizado pela criança foi-lhe atribuído “um média da idade cronológica do respectivo grupo.
ponto”, e quando o critério de desempenho não Quando necessário, realizaram-se análises
foi identificado no movimento, foi-lhe atribuído univariadas. Todas as análises foram realizadas
“zero ponto”. Essa avaliação foi realizada pelos com o programa estatístico SPSS (SPSS versão
três avaliadores separadamente. Após a análise 10), mantendo-se o nível de significância em
individual realizou-se a checagem das avaliações 0,05.
individuais, sendo necessária a concordância de
pelo menos dois dos avaliadores para as
respectivas habilidades analisadas. Nos casos RESULTADOS
raros de discordância entre os três avaliadores, a
avaliação da referida habilidade foi novamente Todas as crianças foram capazes de realizar
realizada. as habilidades motoras dos dois subtestes

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motores. A Figura 1 apresenta os valores brutos grupos para os valores brutos do subteste
dos subtestes locomotor e controle de objeto para locomotor (F(1,28)=6,713, p<0,05) e para os
as crianças dos dois grupos. A MANOVA revelou valores brutos do subteste controle de objeto
diferença entre os grupos (“Wilks” (F(1,28)=13,83, p<0,005), sendo que em ambos
Lambda=0,664, F(2,27)=6,821, p<0,005). Os os casos os valores brutos do grupo CEPub foram
testes univariados revelaram diferença entre os inferiores aos valores brutos do grupo CEPar.

48
Valores Brutos

42

36 locomotor
controle

30
CEPub CEPar
Grupos
Figura 1 - Média e desvio padrão dos valores brutos do grupo de crianças da escola pública (CEPub) e do
grupo de crianças da escola particular (CEPar) referentes ao subteste locomotor (locomotor) e
controle de objeto (controle).

A Figura 2 apresenta a idade motora revelaram diferença entre os grupos apenas


equivalente dos subtestes locomotor e para a idade motora equivalente do subteste
controle de objeto para as crianças de ambos controle de objeto, F(1,28)=19,44, p<0,001,
os grupos. A MANOVA revelou diferença sendo que a idade motora do grupo CEPub foi
entre os grupos (“Wilks” Lambda=0,590, menor que a idade motora equivalente do
F(2,27)=9,38, p<0,005). Os testes univariados grupo CEPar.
Idade Equivalente (anos)

12

10
8

6 locomotor
controle
4

2
0
CEPub CEPar
Grupos
Figura 2 - Média e desvio padrão das idades motoras equivalentes do grupo de crianças da escola pública
(CEPub) e do grupo de crianças da escola particular (CEPar) referentes ao subteste locomotor
(locomotor) e controle de objeto (controle).

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O grupo de CEPub apresentou idade desenvolvimento motor inferior à idade


motora equivalente inferior à do grupo CEPar cronológica para as habilidades que envolvem
e mostrou estar abaixo da idade cronológica manipulação de objetos.
na realização das habilidades que compõem o A comparação direta do nível de
subteste controle de objeto. O teste “t” desenvolvimento motor entre os grupos de
revelou que a idade motora equivalente crianças provenientes da escola particular e da
referente ao subteste controle de objeto do escola pública indica que condições de ensino
grupo de CEPub é inferior à idade cronológica diferentes, nos anos iniciais do Ensino
das respectivas crianças, t(14)=7,96, p<0,001. Fundamental I, parecem propiciar
Diferentemente, testes “t” não revelaram desenvolvimentos motores diferentes entre as
diferença entre a idade motora equivalente e a crianças. Vale ressaltar que essa constatação
idade cronológica para o subteste locomotor não tem como principal objetivo indicar que o
para o grupo de CEPub (t(14)=1,99, p>0,05) e sistema de ensino particular seja melhor que o
para o grupo de CEPar (t(14)=2,00, p>0,05), e público, mas que a atuação de um profissional
para o subteste controle de objeto do grupo de de Educação Física que, com base em
CEPar (t(8)=0,15, p>0,05). conteúdos, oportunidades de vivências
motoras, instrução apropriada e melhores
condições de infraestrutura e de materiais e
DISCUSSÃO equipamentos, produz efeitos diferentes no
desenvolvimento motor de crianças. Neste
O objetivo deste estudo foi comparar o caso, o contexto escolar, tendo como aspecto
desenvolvimento de habilidades motoras central a atuação do professor, também tem
fundamentais de crianças no início da segunda papel importante no delineamento do curso
fase do Ensino Fundamental I que foram desenvolvimental da criança.
expostas a diferentes conteúdos, Os resultados observados no presente
oportunidades de prática motora e instrução estudo corroboram a observação de atraso no
específica na primeira fase do Ensino desenvolvimento de habilidades motoras
Fundamental I. Os resultados indicaram
constatado em estudos anteriores (BRAGA et
diferenças no desenvolvimento de habilidades
al., 2009; BRAUNER; VALENTINI, 2009).
motoras entre as crianças que tiveram
No presente estudo foi observado atraso no
diferentes conteúdos, oportunidade e
desenvolvimento de habilidades de
instrução para a prática motora. Embora não
manipulação de objetos em crianças
tenha sido realizada nenhuma avaliação
provenientes da escola pública, as quais não
sistematizada das aulas e das condições das
escolas, as crianças que cursavam as tiveram a oportunidade de vivenciar conteúdo
primeiras séries do Ensino Fundamental I com desenvolvido por um profissional de
aulas de Educação Física ministradas por Educação Física. Esse atraso em relação à
profissional da área apresentaram idade cronológica foi de aproximadamente
desenvolvimento motor superior ao observado dois anos, podendo ser considerado crucial
em crianças que cursavam as mesmas séries para o curso desenvolvimental futuro dessas
em escolas que tinham atividade motora crianças.
oferecida pelo professor responsável pela É importante salientar que as crianças que
turma. Também a idade motora equivalente tiveram um ambiente aparentemente mais
das crianças da escola particular não foi favorável, como o que possivelmente as
diferente da idade cronológica para as crianças da escola particular usufruíram,
habilidades locomotoras e para as habilidades apresentaram níveis de desenvolvimento das
que envolvem manipulação de objetos. Por habilidades motoras fundamentais
outro lado, as crianças que cursavam as correspondentes à idade cronológica. Esta
primeiras séries do Ensino Fundamental I na constatação é importante por diversos fatores,
escola pública apresentaram desenvolvimento entre eles o de que a oportunidade de prática
motor equivalente à idade cronológica apenas sistematizada e estruturada favorece o
para as habilidades locomotoras, e mostraram desenvolvimento pleno do potencial das

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crianças, conforme observado anteriormente desenvolvidas em sua plenitude. Mais ainda,


em programas específicos de intervenção os resultados sugerem que as habilidades
(BRAGA et al., 2009; BRAUNER; motoras fundamentais são adquiridas
VALENTINI, 2009). No caso do presente naturalmente, conforme a criança explora as
estudo, o melhor desenvolvimento motor não suas potencialidades motoras, mas essas
resultou de um programa específico de habilidades não são refinadas naturalmente,
intervenção, mas da oferta de oportunidade de modo que as crianças alcancem maior
apropriada durante o curso desenvolvimental eficácia e adaptem sua execução às exigências
e no período mais sensível para o do contexto. Ao longo da primeira década de
desenvolvimento das habilidades motoras vida as crianças têm potencial para realizar as
fundamentais (GALLAHUE, 1982; CLARK, habilidades motoras fundamentais com
2007; GALLAHUE; DONNELLY, 2008). desenvoltura e adaptabilidade às exigências
Crianças provenientes da escola particular de do contexto (GALLAHUE; DONNELLY,
ensino, dentre outros aspectos, tiveram aulas 2008), mas elas necessitam de estímulos
de Educação Física com um profissional da ambientais na forma de instrução e prática
área e, presumivelmente, tiveram apropriadas para que esse potencial seja
oportunidades mais adequadas, tais como plenamente revertido em ações motoras
conteúdo específico, instrução apropriada, realizadas pelas crianças de forma condizente
local adequado, acesso e disponibilidade de com as necessidades do contexto. Neste caso,
material e equipamentos, que favoreceram o as condições da escola e a atuação do
pleno desenvolvimento motor. Essas crianças professor como promotor de atividades
não precisariam engajar-se em atividades de estruturadas e organizadas e fornecedor de
intervenção, pois elas tiveram oportunidade e, instrução apropriada e condizente com um
consequentemente, utilizaram o potencial para objetivo definido passam a atuar como um
desenvolvimento das habilidades motoras parâmetro de controle (THELEN, 1989), de
fundamentais. forma que, apesar dos inúmeros fatores que
Por outro lado, crianças que não têm um podem alterar o curso do desenvolvimento,
ambiente propício e oportunidade eles passam a promover mudanças
sistematizada e estruturada para desenvolvimentais (PELLEGRINI; BARELA,
desenvolvimento das habilidades motoras, 1998).
podem ficar defasadas em termos motores. Além disso, o atraso no desenvolvimento
Este foi, presumivelmente, o caso das crianças de habilidades motoras fundamentais pode
provenientes da escola pública, que afetar o curso desenvolvimental, criando uma
apresentaram idade motora equivalente barreira intransponível para muitas das
inferior à cronológica para as habilidades que crianças: a denominada de barreira de
envolvem manipulação de objetos. Dessa proficiência (CLARK, 2007; GALLAHUE;
forma, apenas os fatores biológicos não DONNELLY, 2008). Crianças que apresentam
propiciam nem garantem o desenvolvimento baixo nível de desenvolvimento das
pleno, mesmo no caso das habilidades habilidades motoras fundamentais podem até
motoras fundamentais. ter interesse em realizar atividades recreativas
O entendimento de que o desenvolvimento e/ou esportivas, entretanto essas crianças vão
de habilidades motoras fundamentais ocorre enfrentar enorme dificuldade para realizar as
de forma natural, como sugerem alguns, habilidades motoras requeridas e adaptáveis
governado por princípios neuromaturacionais às exigências do contexto. Quando isso
(GESELL, 1933), tem sido apontado como um acontece, há um grande risco de essas
grande engano (CLARK, 2007) que permeou crianças desistirem de engajar-se efetivamente
as propostas da Educação Física Escolar. Os em brincadeiras, jogos, danças, atividades
resultados do presente estudo corroboram a recreativas, esportivas, circenses e sociais, e,
importância da oportunidade e prática consequentemente, elas falham em ultrapassar
estrutural e sistematizada para que mesmo as essa barreira de proficiência motora (CLARK,
habilidades motoras fundamentais sejam 2007), abandonando a prática de tais

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Desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais em crianças com diferentes contextos escolares 531

atividades, fato comum no contexto da interferido nos resultados observados no


Educação Física Escolar. presente estudo.
Interessante notar que os resultados do Finalmente, a utilização do TGMD-2,
presente estudo indicam que tal teste de avaliação do desenvolvimento motor
comprometimento no desenvolvimento das proposto e normatizado para a realidade
habilidades motoras fundamentais ocorre de americana, pode ser questionada. Com relação
forma mais pronunciada naquelas habilidades a essa possível limitação, podemos minimizar
que envolvem manipulação de objetos. Essas possíveis influências indesejáveis por dois
habilidades são ainda mais exigidas e motivos. O primeiro é que o TGMD-2 é um
necessárias para as atividades recreativas, teste direcionado para as habilidades motoras
portanto podem ser ainda mais cruciais para fundamentais, que deveriam ser realizadas
dificultar o engajamento nas atividades com desenvoltura por todas as crianças,
recreativas e/ou esportivas. Esse resultado independentemente do contexto sociocultural,
indica que, para as habilidades locomotoras, pois formam a base para a aquisição de
as experiências vivenciadas pelas crianças já habilidades motoras posteriores (CLARK,
seriam suficientes para seu desenvolvimento 1994, 2007; COOLS et al., 2008;
pleno. Embora atraso desenvolvimental tenha GALLAHUE; DONNELLY, 2008); e o
sido observado para as habilidades segundo é que as crianças do presente estudo
locomotoras em idades mais tenras (BRAGA que tiveram um contexto escolar
et al., 2009; BRAUNER; VALENTINI, 2009), presumivelmente mais propício para o
esse não parece ser o caso de crianças no final desenvolvimento pleno não diferiram quanto à
da primeira década de vida, conforme indicam idade motora equivalente obtida a partir dos
os resultados do presente estudo. dados normativos do TGMD-2 (ULRICH,
O presente estudo apresenta algumas 2000); portanto as crianças brasileiras que
limitações que necessitam ser reconhecidas e tiveram melhores oportunidades no contexto
mencionadas, e são descritas a seguir. escolar apresentaram desenvolvimento das
A primeira delas é que o delineamento habilidades motoras fundamentais similar ao
empregado é do tipo quase-experimental, das crianças americanas utilizadas para as
enquanto o que seria desejável é um estudo normas referenciais do teste.
com delineamento experimental verdadeiro. Apesar das várias limitações deste estudo,
Aliás, cumpre referir que esforços estão sendo foi possível demonstrar que condições do
despendidos para a realização de um estudo contexto escolar diferentes, vivenciadas ao
com tal delineamento. longo dos primeiros anos do Ensino
A segunda limitação está em que as Fundamental I, parecem interferir e propiciar
atividades disponibilizadas e realizadas pelas às crianças níveis diferentes de
crianças de ambas as escolas não foram desenvolvimento motor. Crianças que
minuciosamente controladas, nem mesmo vivenciaram oportunidade e prática da
acompanhadas, podendo ser descritas apenas Educação Física de forma estruturada e
de forma generalizada, como no presente ministrada por um profissional específico da
estudo. O mesmo ocorreu com as atividades área nos anos iniciais do Ensino Fundamental
extracurriculares, as quais foram controladas I apresentaram desenvolvimento motor
apenas por informação fornecida pelos pais. superior ao de seus pares que não tiveram tal
A terceira limitação é que as oportunidade de prática. Além disso, essas
características antropométricas das crianças condições de prática e instrução diferenciada
dos grupos são ligeiramente diferentes, de concorreram para que essas crianças não
modo que as crianças da escola pública são apresentassem qualquer atraso motor. Por
ligeiramente mais velhas, altas e pesadas que outro lado, crianças que não tiveram as
as crianças da escola particular. Apesar de ser mesmas oportunidades apresentaram
desejável a similaridade entre os grupos com desenvolvimento das habilidades motoras
relação a estas variáveis, não há qualquer relacionadas ao controle de objeto inferior ao
indicação de que tais diferenças tenham esperado para a idade. Desta forma, pode-se

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sugerir não apenas que o ambiente interfere importante para garantir o desenvolvimento
no desenvolvimento motor de crianças, mas motor esperado em crianças no final da
também que a Educação Física nos anos primeira década de vida.
iniciais do Ensino Fundamental I tem papel

DEVELOPMENT OF FUNDAMENTAL MOTOR SKILLS IN CHILDREN WITH DIFFERENT SCHOOL


CONTEXTS

ABSTRACT
The purpose of this study was to verify the development of fundamental motor skills in elementary school children with
different scholar environment. Fifteen children from a public school (CPub) and 15 children from a private school (CPri)
were randomly chosen, from all enrolled in the 5th grade. Children from the CPri were enrolled, along the first four grades of
elementary school, in physical activities developed by a Physical Education teacher whereas the activities for the CPub were
ministered by the teacher without specific major degree. All the children were videotaped performing the Locomotor and
object control subtests of the Test of Gross Motor Development, obtaining the raw score and the age equivalent. MANOVAs
indicated that lower raw scores for the CPub group. Age equivalent of the object control subtest also was lower for the CPub
group. Finally, t tests indicated no difference between age equivalent and chronological age for the CPri group, however,
indicated lower age equivalent than chronological age in the control object subtest. These results indicate that school context
influences children’s motor development.
Keywords: Physical Education. Education Primary and Secondary. Human Development.

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Endereço para correspondência: José Angelo Barela. Universidade Cruzeiro do Sul, Instituto de Ciências da Atividade
Física e Saúde – ICAFE. Rua Galvão Bueno, 868, 13º andar, bloco B – Liberdade,
CEP 01506-000, São Paulo-SP. E-mail: jose.barela@cruzeirodosul.edu.br

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