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Nome: Ana Caroline Machado da Silva

Professor: Carlos Francisco Bauer

Trabalho referente aos textos ‘Analéctica’ e ‘ Ética de la liberación’ de


Enrique Dussel

Introdução

Neste trabalho abordo a concepção da vida humana e o lugar da América-latina no cenário


atual a partir da visão do filósofo argentino Enrique Dussel que entrelaça a relação humana
lutando para se identificar em meio a uma sociedade exclusiva que nega a validade de
outra forma de pensamento diferente do pré-disposto.

Desenvolvimento

O filósofo argentino Enrique Dussel que durante sua vida se esforçou em estudar e
compreender a realidade na América-latina, com base nas dificuldades enfrentadas, temos
a necessidade de rompermos com a verdade imposta pela sociedade para somente então
nos libertarmos e podermos lidar com as necessidades das pessoas que não se encaixam
nesse modelo existencial que nos é atribuído.

Segundo a ética dusseliana nosso modo de vida caminha a muito tempo para um estado
de crise que vem se globalizando ao longo dos anos e que exclui a maioria da
humanidade negando a população o direito essencial da permanência da vida, ou seja o
direito dos seres humanos de viver sem deixar-se morrer e nesse caminho não matar
outra pessoa pois a vida é o único estado que não podemos ignorar ou negar, sendo de
responsabilidade geral mantê-la e preserva-la durante nossa existência, pois quando
ignoramos as necessidades vitais de um ser durante sua vida e continuamos
negligenciando após a sua morte não aprendemos com nossos erros e faremos outras
vitimas da mesma situação suprimindo assim a vida do sujeito que é submetido em dor,
pobreza, fome, analfabetismo e infelicidade pelo sistema dominador e desigual.

O dever ético da sociedade é libertar a vitima de tal sofrimento dando a ela voz e
visibilidade de forma critica ao sistema vigente, somente através da luta pelo coletivo
poderemos diminuir o numero massivo de vitimas, pois mesmo sendo totalmente
impossível eliminar o mal da sociedade por completo e vivermos num mundo sem
vitimas é a missão da sociedade evoluirmos e nos desenvolvermos a caminho de uma
vida perpétua embora tal conquista requer de nós um esforço permanente e histórico.

A verdadeira história da América latina deve ser relatada a partir da visão dos pobres e
dos excluídos para que somente assim conhecermos a realidade a nossa volta, por isso
esse foi o foco do seu trabalho e a missão de sua vida para conhecer e relembrar nossa
verdadeira face devemos romper com a visão filosófica europeia que apenas nos
ofuscou do verdadeiro significado latino.

A identidade ameríndia foi completamente sufocada e extinta por um falso discurso que
molda o bom e o certo apenas a partir das visões modernas que nos foram impostas
durante tanto tempo que se tornou uma verdade inclusive para nós que deveríamos lutar
pela nossa distinção, nosso legado, mas nos foi negado até mesmo à possibilidade de
defender nossas raízes.

Embora a filosofia que defenda os ideais latino-americanos foi durante muitos anos
deixados de lado, ele existe, pois sempre em nossa história mesmo quando atacada
nunca foi ignorado por completo as tradições do pensamento latino que sempre
ajudaram a criar um sentimento de orgulho e esperança de apartar-se do que nos
subjuga, para isso sempre foi necessário ações de revolta a nossa dependência e
subdesenvolvimento.

Nossa realidade esta moldada no conceito de dominação, da necessidade humana de se


tornar mestre de algo, de alguém, embora enraizada nem sempre tivemos essa visão foi
somente após a expansão europeia e seu conceito de modernidade que fomos obrigados
a nos vermos através de uma lente competitiva e excludente para criarmos uma nova
totalidade é necessário respeitarmos a precedência do ser como um fundamento ético,
pensarmos nas vitimas antes dos privilegiados criarmos uma consciência conjunta de
que não é preciso dominarmos uns aos outros para atingirmos o ápice do nosso
potencial.

Para irmos além da totalidade no mundo do oprimido devemos deixar completamente


de lado a visão única e natural que a sociedade nos impôs, diferente do que proferem já
tivemos outra história e podemos voltar a moldar nosso futuro, Dussel propôs a
analética como um caminho para outra forma de totalidade primeiramente devemos
experimentar o viver da vitima, pois apenas conhecendo nossa própria história não
enxergamos a realidade do outro, necessitamos tomar conhecimento do oprimido e das
formas de opressão.

Em seguida já tendo conhecimento dos modos de abusos que são cometidos em


sociedade precisamos desconstruir esse modelo estando junto com a vitima em sua luta
pelo direito a uma vida justa e digna, nos unir em comunidade para a construção em que
todos terão o mesmo nível de contribuição para que sejam estabelecidas maneiras
concretas de combate à dominação de um ser pelo outro tanto na visão do pobre, do
negro, do indígena, da mulher entre outros.

Com o significativo aumento dos movimentos filosóficos e militantes em prol da


visibilidade das pessoas excluídas pela sociedade também se tornou mais forte a
tentativa de opressão as perspectivas que tentam compreender e integrar novas teorias
sociais para se adequar a nova realidade e demanda e que tentam nos conduzir a um
caminho onde a educação e informação sejam populares, de qualidade, que consiga
integrar diversos pensamentos e lembrar momentos históricos anteriormente
desperdiçados, mas que contribuem para uma concepção anti-hegemonica.

O povo diferente do que se prega não é simplesmente um aglomerado de pessoas sem


individualidades que no pensamento capitalista se resume em mão de obra, lucro, mas
sim uma vitima mesmo que inconsciente e conformada que necessita de libertação para
atingir seu verdadeiro potencial se afirmar como pessoa politicamente ativa.

Durante muito tempo a América-latina foi considerada como domínio dos países que se
dizem desenvolvidos e modernos, tratada como menor em cultura e valores, usada para
enriquecer os ‘senhores’, negando até mesmo o sentimento de orgulho pela nossa
história, pois segundo eles fomos salvos da nossa inferioridade e que nos deram a
dadiva de poder em algum futuro ser idênticos a sua forma superior de vida.

Nossa sociedade pelo fetiche de ter o mesmo de nossos dominadores escolhendo deixar
de lado nossas raízes e valores, nossa verdade, por isso para realizar uma mudança real
e duradoura é preciso libertar a filosofia do pensamento eurocêntrico enraizado em nós,
abrirmos espaço para uma comunicação real e efetiva entre as culturas, não excluir o
outro por ter diferentes pontos de vista e sim aprender com eles somente dialogando
com diferentes culturas e com autocritica é possível se construir uma comunidade
baseada na ética e liberdade.

Conclusão

Este trabalho possibilitou uma compreensão das formas de domínio entre culturas, e um
entendimento mais complexo sobre a ética latina e como ela busca solidificar os ideais
propostos de igualdade e combate aos meios de alienação cultural.

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