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INSTITUTOS DO DIREITO ROMANO

Nós, acadêmicos do curso de Direito, temos o privilégio de estudarmos e


vivermos em um período extraordinário da história da humanidade. Estamos colhendo
frutos de inúmeros esforços, estudos, pesquisas, conflitos entre povos e nações de
diferentes classes sociais e religiões. Tais situações resultaram na evolução e no
progresso cultural, científico e social da humanidade. Abordamos como tema de nosso
trabalho os "Institutos do Direito Romano" os quais influenciaram o nosso Direito e
de outros países na história contemporânea. Instituto Jurídico é o termo utilizado pelo
Direito para revelar que determinada situação, medida, condição ou fato é algo tão
especial para a vida em sociedade. Deve ser tratado como um "instituto jurídico", e
merece um tratamento diferenciado. Casamento, propriedade, falência e divórcio, são
exemplos de institutos jurídicos. A lei, a doutrina e a jurisprudência abarcam esses
institutos, considerando-os isoladamente e determinando algumas regras para a sua
exata definição e localização no mundo jurídico.
O termo instituto vem das “institutiones”, as institutas de Justiniano, o imperador
bizantino de Constantinopla do Império Romano do Oriente. No século VI depois da
queda de Roma e do equivalente Império do Ocidente, mandou colecionar todo o
conhecimento adquirido pelo Direito Romano nos séculos anteriores, com a intenção de
segui-los e preservá-los para a posteridade. Utiliza-se até hoje o termo "instituto",
lembrando que são matérias e valores ancestrais que têm sua própria transformação no
tempo, mesmo com a evolução da humanidade e da sociedade continuam fiéis, pelo
menos em sua essência à maneira como foram instituídos no passado romano.
Possuindo aplicabilidade plena às situações fáticas de nosso cotidiano, vários
institutos jurídicos que regulam o Direito brasileiro foram concebidos sob a luz do
Direito Clássico, fruto da produção dos ilustres juristas romanos. Esses foram lapidados
ao longo do tempo, sofrendo alterações superficiais e certas melhorias, as quais
possibilitaram sua utilização através dos séculos, abrangendo fatos novos e
solucionando problemáticas das mais diversas. Essa natureza dinâmica possibilitou a
absorção de seus preceitos por inúmeros ordenamentos jurídicos atuais. O Código Civil
Napoleônico foi o elo entre a produção clássica do direito e as codificações atuais. É
possível a identificação no ordenamento pátrio a influência trazida por estes institutos,
seja na lei, na doutrina ou até mesmo na jurisprudência. Desta forma, a proposta deste
artigo é realizar um paralelo entre o Direito Clássico Romano e o Direito Brasileiro
atual, demonstrando a enorme semelhança entre ambos. O nosso objetivo é apresentar
alguns desses institutos, os quais julgamos possuir maior importância, além de
proporcionar fonte bibliográfica indispensável para o meio profissional, meio
acadêmico e aos operadores do Direito.
A História, em seus grandes ciclos e nos fenômenos sociais de caráter geral, se
reproduz em ondas de contornos idênticos, como afirmam conceituados estudiosos do
Direito Comparado. Desta forma, apesar das estruturas sociais romanas não se terem
transportado até os nossos dias de forma inalterável, é necessário observar que muitos
dos valores sociais romanos e a própria noção do Direito se reproduziram nas
civilizações vindouras, se propagaram na área mediterrânea, infiltraram-se no Reino
Franco, na Península Ibérica, popularizando-se a partir do século XII, vindo a se
alastrar, mais tarde, ao Novo Mundo, através das grandes navegações, pouco perdendo
sua força inicial e a nitidez de inúmeros princípios consagrados, sobretudo no campo do
Direito de Obrigações, em cláusulas contratuais, no Direito de Família regulando a
sucessão hereditária e também em outros institutos da ciência jurídica, sobretudo na
área do direito privado, uma vez que no direito público esta influência teve dimensões
bem mais reduzidas.

INSTITUTO DO DIREITO DAS COISAS (OU REAL)

É o conjunto de normas que regem as relações jurídicas aos bens sendo tudo o
que satisfaz uma necessidade humana materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação
pelo homem.Visa regulamentar as relações entre os homens e as coisas, traçando
normas tanto para a aquisição, exercício, conservação e perda de poder dos homens
sobre esses bens como para os meios de sua utilização econômica. Houve um tempo em
que a propriedade e a posse se encontravam confundidas entre os romanos.
Posteriormente, distinguiu-se, pertencendo, até os dias de hoje, aos jurisconsultos
romanos, a glória de terem criado a Teoria da Posse. O desenvolvimento da ideia de
posse no direito romano constitui-se em uma das mais árduas e difíceis investigações
históricas dos pesquisadores do Direito ao longo da humanidade. Tudo isso
por deficiência dos arquivos jurídicos dos primeiros tempos de Roma, sendo certo que
todos os institutos e, principalmente, a posse experimentaram notáveis alterações.
Várias são as teorias imaginadas para explicar a diferenciação entre posse e
propriedade do direito romano. Neste prisma, duas são as principais teorias: a subjetiva
e a objetiva.Na concepção de Savigny (1866), através da teoria subjetiva, só se tem
efetivamente a posse quando reunidos o corpus, poder corpóreo sobre a coisa, o efetivo
domínio material sobre ela e o animus domini, um elemento psíquico que, no direito
Justiniano, é o desejo de ser proprietário ou de se transformar em dono da coisa. Assim,
é necessário que o possuidor tenha a vontade de ser proprietário da coisa, onde, sem a
qual estaria configurada uma mera detenção.A teoria objetiva sustenta que é necessário
para a posse apenas o corpus e o animus tenendi, ou seja, a vontade de possuir. Assim,
para ser possuidor, prescindível é a caracterização do animus domini. Nessa concepção,
a distinção entre corpus e animus é irrelevante, pois a noção de animus já se encontra na
decorpus, sendo a maneira como o proprietário age em face da coisa que é possuído.

DA PROPRIEDADE

Sucintamente, propriedade pode ser conceituada como sendo o pleno poder


sobre a coisa, plena in repotestas. Tal conceito decorre de somente a propriedade poder
apresentar todos os direitos sobre a coisa, ou seja, o de ser possuidor, jus possidendi,
usar, jus utendi, fruir, jus fruendi, e, exclusivamente, modificá-la, reformá-la, vendê-la,
jus abutendi.
No prisma de Iglesias (1990), a propriedade é um direito real, absoluto,
exclusivo, oponível e irrevogável, salvo nos casos lícitos de limitação, uma vez que
recai sobre uma coisa. A propriedade é assim o mais amplo poder que um sujeito pode
exercer sobre a coisa, a mais perfeita relação de subordinação de um bem a um
particular. Tem, desta forma, ampla proteção jurídica, como o direito de reavê-la de
quem injustamente a possua ou detenha. Pode exercer todos os direitos sobre a coisa,
dentro de certas limitações. O direito romano, apesar de defender o caráter absoluto do
direito de propriedade já trazia algumas destas limitações, aumentadas com o tempo em
função do caráter social que deve ter a propriedade. Essas eram divididas por Iglesias
"em relaciones de vecindad e limitaciones de Derecho Público", segundo o fator que as
dá origem. Entre as primeiras temos a limitação de altura de edifícios e, nas públicas,
podemos falar da tolerância da navegação em seus rios pelos proprietários.
Hoje, nossa carta magna consagra a função social da propriedade como um de
seus preceitos básicos, o que legitima, dentre outras possibilidades, a desapropriação de
áreas rurais improdutivas para fins de reforma agrária, etc.

DA FALÊNCIA

A falência é, em nosso entender, a solução judicial da situação jurídica do


devedor-comerciante que não paga no vencimento obrigação líquida. Podemos
conceituar a falência como falo jurídico que atinge o comerciante , submetendo-o ao
um processo judicial, para arrecadar meios de pagamentos devidos, e que não foram
pagos pela impossibilidade material de fazê-lo já que o patrimônio disponível era
menor do que o devido. Também é um processo através do qual se apreende o
patrimônio do executado, para extrair-lhe valor com que atender á execução coletiva
universal, a que concorrem todos os credores .Para alguns autores, a falência é um
instituto de direito substancial, a exemplo de Francesco Ferrara, é a falência instituto de
direito material; é um acontecimento, um fato jurídico. Para essa concepção a cerca da
Falência, as regras falimentares são de direito material, por consequência, o fato de
existir processo falimentar serviria meramente de acessório às normas de direito
substantivo.
A maior parte da doutrina compartilha da tese: "A falência, em última análise, é
execução processual coletiva, realizada em Juízo, dirigida e superintendida pelo Juiz.
Ajuntam-se nela os credores, fortuita, mas obrigatoriamente, cada qual defendendo o
seu direito individual, embora deliberando coletivamente, subordinados a regras
especiais, mercê da comunhão de interesses.Obriga-os a lei a respeitar, durante todo o
curso do processo, o princípio da igualdade, suspensas as ações individuais, sujeitos
todos a dividendos ou rateio. Há também aqueles que tratam a falência como apenas um
meio de cobrança. Para os cultores dessa tese, a Falência não passa de uma forma de o
Estado garantir não somente a igualdade de tratamento dos credores, impondo-os a par
condicio creditorum, como também sanear a atividade econômica.

DO CASAMENTO
As núpcias são a união do homem e da mulher, o consorcio de toda a vida, a
comunicação do direito divino e humano. Nesse modo de ver, de gênero muito mais
social do que jurídico, há três termos que se completam: união, consórcio e
comunicação. Dessa forma, estão presentes alguns conceitos importantes: o casamento
indissolúvel e uma implicação entre as exigências do direito divino e direito humano.
No Direito Romano, é apresentado dois tipos de casamento: Sine Manu e Cum Manu.
No casamento Cum Manu, a mulher se sujeitava a uma forte autoridade do seu marido,
e era considerada sua propriedade; a mulher renunciava a todos seus costumes, suas
crenças e patrimônio para formar a família com o marido, aderindo as crenças e
costumes dele; a mulher basicamente desistia do Patria Potestas, destinando seu poder
ao marido, Pater Famílias.Com o passar dos anos, em decorrência de uma nova visão da
vida, que gerou uma nova visão do instituto do casamento, aquela autoridade
incontestável do marido foi entrando em decadência e o tipo Cum Manu perdeu o lugar
ao casamento Sine Manu. Nesse novo tipo de casamento, mulher passou a ser mais
respeitada, tendo seus direitos garantidos, a sua autonomia é preservada em relação ao
seu patrimônio, como nas suas crenças e costumes.

DO DIVÓRCIO

O instituto do divórcio acontecia mediante o consentimento mutuo; em caso


contrario, havia o REPUDIUM que acontecia nos casos de adultério ou mais graves. No
casamento Cum Manu, segundo os Romanos, só o marido poderia repudiar, a mulher
considerada inferior, não tinha igual direito. Existiam casamentos com características
bem modernas para o período: o sine manu e o usus. O primeiro, sine manu, era o
casamento que se dava sem a subordinação da mulher à família do marido, nesse
modelo de casamento a mulher tinha a permissão de usufruir de seus bens sem nenhuma
forma de dominação, nesse tipo de casamento o repúdio poderia ser exercido por
qualquer um dos dois.
Durante toda história de Roma, o divórcio sempre foi plenamente permitido e
praticado, as uniões civis não tinham a característica do sagrado advinda do nascimento
do cristianismo, porém aconteciam respeitando alguns aspectos da tradição romana. Foi
na Idade Média, com a adesão do Cristianismo e o total domínio da igreja, que o
casamento passa a ter caráter de sacramento e as relações de divórcio caem em "dês
uso". No Direito Romano, segundo nos ensina Cretella Jr (1988), para que surgisse o
casamento, bastava á vontade inicial dos membros sem quaisquer formalidades
jurídicas, somente a partir do período pós-clássico passou a existir certo formalismo e o
matrimônio só durava até que um dos cônjuges decidisse rompê-lo, a qualquer tempo,
sem formalidades e independente da existência de motivos previstos em lei. No passado
o divórcio não existia e o casamento só poderia ser dissolvido pela morte ou mediante o
desquite, o que impossibilitava os cônjuges separados de contraírem novas núpcias,
ideia esta que foi de atribuir uma solução aos cônjuges separados e assim retornarem ao
casamento a qualquer tempo. Mas em países que admitem o divórcio, esse processo
vem se tornando mais rápido, no Brasil, só a partir de 1975 passou a existir o divórcio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após realizarmos ampla pesquisa bibliográfica dos principais Institutos Jurídicos


Romanos, concluímos que muitos estudiosos e pesquisadores jurídicos do assunto
afirmam com autoridade que: "O Direito Romano é um verdadeiro laboratório para
novas descobertas de leis e normas que podem regulamentar a vida em sociedade".
Tendo em vista a complexidade e a elevada quantidade dos institutos jurídicos
originários do Direito Romano, objetivou-se discorrer de forma clara e precisa a
explanação supra acima descrita. Percebe-se também a magna importância do Direito
Romano, o qual deu origem aos institutos que influenciaram as normas jurídicas de
grande parte dos países ocidentais, deixando um legado profundo para toda a
humanidade e gerações futuras.

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