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Apostila da Disciplina
CONFORTO E DESEMPENHO
TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES
Prof. Dr. Maurício Roriz
1. Introdução 1
2. Calor; Temperatura e Regime Térmico 3
3. Processos de Trocas Térmicas 3
3.1. Condução 3
3.2. Convecção 4
3.3. Radiação 5
3.4. Evaporação e Condensação 8
4. Resistência Térmica 9
4.1. Resistência térmica no interior de elementos sólidos 9
4.2. Resistências e Condutâncias superficiais 10
4.3. Resistência térmica de espaços de ar confinado 11
5. Transmitância Térmica 12
5.1. Transmitância em vedações com câmaras de ar ventiladas 12
6. Inércia Térmica 15
6.1. Elemento Homogêneo 16
6.2. Elemento Heterogêneo 18
7. Sol e sombra: As Cartas Solares 20
8. Variáveis Climáticas 33
9. Mecanismos termo-reguladores do corpo humano 36
10. Temperatura de Neutralidade e Zona de Conforto 37
11. Análise Climática: O Método de Mahoney 40
12. Tabelas 49
1. Condutividade; Massa Específica Aparente e Calor Específico 49
2. Absortância e Emissividade (radiações) 51
3. Vidro: Transparência; Absorção e Reflexão 51
4. Emissividade Efetiva de Câmaras de Ar Fechadas 51
5. Resistência Térmica de Câmaras de Ar Fechadas 52
6. Transmitância Térmica; Amortecimento e Retardamento 52
7. Normais Climatológicas de Cidades Brasileiras 52
13. Bibliografia Básica 61
1. INTRODUÇÃO
Graças à sua enorme capacidade de adaptação, o ser humano tem conseguido fixar-se nos mais remotos
pontos do planeta, enfrentando situações climáticas radicalmente adversas como as da gelada Groelândia,
do calor seco do Saara ou úmido da Amazônia. Ao longo dos séculos e através do esforço permanente de
sucessivas gerações, aprendendo lentamente através de acertos e erros - em verdadeiro processo
Darwiniano de seleção natural - foi gradativamente descobrindo como sobreviver em cada um desses tão
diferentes climas. Basta comparar as habitações, as roupas e os costumes típicos do esquimó, do árabe do
deserto ou do indígena amazônico para que se reconheça e se admire os resultados desse notável esforço.
Entretanto, embora suportando qualquer desses climas, o homem somente se sente termicamente
confortável dentro de estreitos limites de condições ambientais, fora dos quais, ainda que sobreviva,
estará sempre submetido a diferentes graus de desconforto. O estabelecimento desses limites envolve
grande conjunto de variáveis que só poderão ser vistas ao longo do curso mas, em uma primeira
aproximação, já se pode destacar alguns aspectos do conceito de Conforto Térmico.
Para realizar qualquer trabalho, o corpo humano consome a energia dos alimentos ingeridos. A esse
processo de transformação da energia dos alimentos em trabalho se denomina Metabolismo. No sentido
aqui empregado, mesmo quando em repouso o corpo está realizando um trabalho, pois alguma energia
está sendo consumida para manter o pulmão e coração funcionando, o sangue circulando, etc. Essa
atividade mínima, necessária apenas à manutenção regular dos sinais vitais, é chamada Metabolismo
Basal.
Ocorre que, como uma máquina de baixa eficiência mecânica, apenas 20% da energia consumida pelo
corpo humano é aproveitada em trabalho, os 80% restantes são transformados em calor. Assim, através
dos processos metabólicos, o corpo humano produz calor permanentemente e a quantidade produzida
desse calor será maior na medida em que a atividade física desenvolvida seja mais intensa.
Por outro lado, devido à sua condição de animal homeotérmico, para manter seu bem estar e sua saúde o
homem precisa manter sua temperatura interna praticamente constante, em torno de 37 oC. Mas o calor
produzido pelo metabolismo tende a elevar constantemente essa temperatura. Para que isso não ocorra, o
calor metabólico deve ser dissipado para o meio ambiente na mesma proporção em que é produzido. Se o
ambiente não retirar do corpo todo o calor excedente, a temperatura interna começará a subir e a pessoa
sentirá calor. Se tal situação persistir a própria saúde será ameaçada. Uma febre alta e prolongada pode
provocar sérias lesões ou mesmo a morte. Situação inversa, mas não menos grave, ocorrerá se o ambiente
absorver do corpo mais calor do que este estiver produzindo.
Assim, dependendo do tipo de atividade desenvolvida, as pessoas poderão preferir ambientes com
diferentes condições térmicas. As tabelas abaixo indicam, em Watts e para um adulto, alguns valores
médios da taxa metabólica (1 W = 1 Joule/segundo = 0,86 kCal/hora).
Ao longo de um dia típico, o metabolismo de um trabalhador braçal poderia ser estimado assim:
Aqui se situa a importância da arquitetura para o conforto térmico, pois as condições ambientais
dependem do comportamento dos edifícios. Voltando aos exemplos mencionados no início do capítulo,
para cada tipo de clima há sistemas construtivos mais adequados, como testemunham o iglú esquimó, a
taba xinguana ou a casa árabe.
2
2. CALOR, TEMPERATURA E REGIME TÉRMICO
Calor é uma forma de energia. Quando um corpo absorve calor, sua temperatura se eleva e sua energia
interna é acrescida. Os dois principais tipos de energia térmica são a energia de vibração dos átomos em
torno de suas posições médias nos corpos e a energia cinética dos elétrons livres.
2.1. Para que haja troca de calor entre dois corpos é necessário que suas temperaturas sejam diferentes.
Nesse caso, o corpo mais quente cede calor ao mais frio. A figura abaixo representa dois ambientes
separados por uma placa e isolados térmicamente do exterior.
Se a temperatura t1 for maior que t2, surgirá um fluxo de calor (Q) entre os dois ambientes. Para que, ao
longo do tempo, t1 e t2 permaneçam constantes, será necessário repor o calor que vai sendo perdido pelo
ambiente da esquerda e retirar o que vai sendo ganho pelo da direita, ou seja, os fluxos q1 e q2 devem
ser iguais ao fluxo Q, que também será constante. Nesse caso, o regime térmico é chamado permanente
ou estacionário. Sob condições normais, sem os fluxos q1 e q2, na medida em que o ambiente da
esquerda fosse perdendo calor, t1 iria diminuindo enquanto t2 iria crescendo, até que essas temperaturas
se igualassem e o fluxo Q, que também estaria variando, fosse interrompido. Sob tais condições, o regime
térmico seria denominado variável. É o que costuma se verificar durante os processos naturais de troca
de calor e será objeto de estudo mais detalhado nos próximos capítulos.
A transmissão do calor, entre corpos ou entre ambientes, pode ocorrer através de diversos processos que
serão apresentados a seguir:
3.1. Condução é a troca de calor entre dois pontos de um mesmo corpo ou entre dois corpos em contato
direto. Quando tocamos uma superfície mais quente que a pele, estaremos ganhando calor por condução
e, pelo mesmo processo, perderemos calor se a superfície for mais fria. Durante esse processo, o calor de
cada molécula (a vibração de seus átomos) vai sendo transmitido para as moléculas vizinhas. O fluxo
térmico é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre os pontos considerados e
inversamente proporcional à resistência térmica do corpo.
3
Como indica a tabela abaixo, a condutividade de um material (λ) é geralmente proporcional à sua massa
específica aparente (ρ):
MATERIAL / ELEMENTO ρ λ
kg/m3 W/m oC
Ar seco 1,29 0,024
Poliestireno expandido 30 0,04
Cortiça 200 0,05
Madeira 800 0,20
Água 1000 0,62
Mármore 2700 3,40
Aço 7780 52,0
Cobre 8930 380,0
Nos processos de transmissão de calor por condução, em regime estacionário, o fluxo térmico entre duas
faces de uma placa pode ser determinado pela seguinte equação:
sendo:
A Resistência Térmica às trocas de calor por condução (rcd), entre as faces da placa, é dada pela relação
entre a espessura e a condutividade:
L
rcd = (m2.oC/W)
λ
1 λ
hcd = = (W/m2.oC)
rcd L
3.2. Convecção é a transmissão de calor entre dois corpos fluidos (líquido ou gasoso) ou entre um fluido
e um sólido e depende da diferença entre as temperaturas e da existência de movimento relativo entre
esses corpos.
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Considere-se uma molécula de ar, que se desloca próxima à
superfície de um corpo (ver desenho ao lado). Em um primeiro
momento, a molécula encontra-se à temperatura t1, menor que a
temperatura da superfície (tc). Ao tocar o corpo, a molécula irá
retirar deste, por condução, certa quantidade de calor. Mas, estando
em movimento, a molécula aquecida se afastará do corpo, que já
estará um pouco mais frio, sendo substituída por outra, também à
temperatura t1, e assim por diante, enquanto durar o movimento e
enquanto houver diferença entre as temperaturas tc e t1.
Trata-se de um exemplo de troca térmica por Convecção. Se, nesse exemplo, a superfície estivesse mais
fria que o ar (tc < t1), o sentido do fluxo seria invertido: o corpo iria ganhar calor do ar.
Esse caso, no qual as correntes convectivas independem de ventilação e são provocadas apenas por efeito
da diferença de temperatura entre o ar e o corpo, é denominado Convecção Natural. Ao contrário,
quando o deslocamentodo ar se origina de causas externas, ocorre o que se chama Convecção Forçada.
Junto à superfície de qualquer corpo há uma fina película de ar (Efeito de Película), geralmente imóvel.
A espessura dessa película depende principalmente da rugosidade da superfície e da diferença entre as
temperaturas do corpo e do ar. Sua influência sobre o fluxo térmico por convecção é considerada através
do Coeficiente de Convecção (hcv), cujos valores médios, para as condições normalmente encontradas
nas edificações, são os seguintes:
Qcv = hc ⋅ S ⋅ dt
sendo:
3.3. Radiação - As radiações eletromagnéticas são classificadas por seu comprimento de onda, distância
entre cristas consecutivas, geralmente medida em microns (1 micron = 1 µ = 0,001 mm), ou por sua
frequência, o número de ondas por segundo. O produto da frequência pelo comprimento de onda é igual à
velocidade da luz (300000 km por segundo). Determinadas radiações possuem a propriedade de reduzir as
temperaturas dos corpos que as emitem e elevar as temperaturas dos que as absorvem. Estas radiações,
denominadas radiações térmicas, correspondem à faixa do espectro cujos comprimentos de onda se
situam entre 0,2 e 100 microns. Todos os corpos cujas temperaturas superficiais sejam maiores do que o
"zero absoluto" (0 K ou -273 oC) permanentemente emitem e absorvem tais radiações, o que provoca,
respectivamente, uma redução ou um aumento em suas temperaturas. As radiações emitidas por um corpo
5
contém, ao mesmo tempo, inúmeros comprimentos de onda mas sempre há um determinado comprimento
em que a intensidade de energia é maior. Quanto mais alta for a temperatura do corpo menor será o
comprimento de onda correspondente à energia máxima.
Mas a temperatura superfícial média da Terra é de apenas 15 oC e, por isso, as radiações emitidas pela
Terra são mais intensas na faixa de 10 µ (ondas longas).
Do total de radiação que incide sobre um corpo, uma parte pode ser refletida, outra absorvida e outra pode
ser transmitida. A fração absorvida é transformada em calor, no interior do corpo, e é proporcional a um
coeficiente denominado Absortância (α) ou Coeficiente de Absorção. A parcela refletida é determinada
pela Refletância (ρ) ou Coeficiente de Reflexão. Nos corpos opacos a soma da absortância com a
refletância é igual à unidade, pois a parcela transmitida é nula. Ambos coeficientes dependem de
características da superfície do corpo. No caso das ondas curtas (radiação solar), a principal influência é
da cor da superfície: cores claras refletem mais e cores escuras absorvem mais. A absorção de ondas
longas, por outro lado, praticamente não depende da cor e sim do "brilho" da superfície, identificado
através de sua Emissividade (ε) em relação às ondas longas. As superfícies espelhadas ou com brilho
metálico (alumínio polido, aço polido, niquelado ou galvanizado, etc) apresentam baixas emissividades
(entre 0 e 0,3), o que significa que, nessa faixa de frequência, são fracas tanto sua absorção quanto sua
emissão. Todas as superfícies sem brilho metálico têm emissividades altas (entre 0,85 e 1,0).
ρ+α+τ=i portanto: Rρ + Rα + Rτ = Ri
Rρ Rα Rτ
e, dividindo tudo por Ri: + + =1
Ri Ri Ri
Os coeficientes de reflexão (ρ), absorção (α) e transmissão (τ) são definidos, respectivamente, às frações
Rρ/Ri, Rα/Ri e Rτ/Ri.
6
Um "corpo negro" seria aquele que absorvesse inteiramente todas as radiações, de todos os comprimentos
de onda que incidissem sobre ele. Para uma mesma faixa de frequência, são iguais os coeficientes de
absorção e de emissividade de um corpo. Portanto, esse corpo ideal, teria também a emissividade máxima
(α=1, ε=1, ρ=0, τ=0). Na natureza não há qualquer corpo que se comporte exatamente desse modo mas,
para determinadas faixas de frequência, certos corpos possuem um coeficiente de absorção tão alto que
podem ser considerados como "corpos negros".
sendo:
• ε = Emissividade da superfície
• T = Temperatura superficial do corpo (oC)
A emissividade de um corpo é definida como a relação entre sua irradiância (Erd) e a irradiância do corpo
negro (Erdn, para ε = 1):
Εrd
ε=
Εrdn
As trocas de calor radiante entre duas superfícies a temperaturas comuns e que apresentem emissividades
respectivamente iguais a ε1 e ε2, depende da Emissividade Efetiva (Eef) existente entre elas:
1
Eef =
1 1
+ −1
ε1 ε 2
O fluxo de trocas térmicas por radiação (Qrd) entre duas superfícies pode ser determinado pela seguinte
expressão:
7
Qrd = hrd . f . (θ1 - θ2) (W/m2)
sendo:
5, 7
hrd = (W/m2 oC)
1 1
+ −1
ε1 ε 2
As trocas de calor por radiação são muito importantes na sensação humana de calor. No interior dos
edifícios essas trocas acontecem entre o corpo humano e as superfícies da construção. Sua intensidade
depende da diferença entre as temperaturas, das emissividades de paredes, forro e piso e das distâncias
existentes entre o corpo da pessoa e essas superfícies. Em regiões quentes, paredes e coberturas com baixa
resistência térmica e alta absortância nas faces externas, quando expostas à radiação solar se aquecem e
passam a emitir (em ondas longas) para o interior dos ambientes. Nos climas frios o processo se inverte e
é o corpo humano que passa a perder calor, por radiação, para essas superfícies. O ar é transparente à
essas radiações e, assim, a influência das temperaturas superficiais internas é desprezível sobre a
temperatura do ar. Por esse motivo um ambiente pode ser termicamente desconfortável mesmo quando a
temperatura do ar for amena.
3.4. Evaporação e Condensação - Quando a água se evapora ela retira calor do meio que a circunda. A
evaporação de um litro de água absorve 680 Wh. Esse calor é mantido "latente" no vapor d'água até que
este se condense quando, então, volta a ser liberado para o meio ambiente. Trata-se, portanto, de um
processo indireto de trocas térmicas. Nos próximos capítulos serão apresentados outros aspectos
referentes à importância da umidade do ar sobre o conforto e sobre o desempenho térmico dos materiais.
8
4. RESISTÊNCIA TÉRMICA
4.1. Resistência térmica no interior de corpos sólidos - No interior de um corpo sólido, a transmissão
de calor se dá pelo processo da condução. Considere-se o caso de uma placa de faces paralelas,
constituída por um único material. Nesse caso, a Resistência Térmica às trocas de calor por condução
(rcd), entre as faces da placa, é dada pela relação entre a espessura da placa (L) e a condutividade do
material (λ):
o
rcd = (L / λ) (m2. C/W)
9
4.2. Resistências e Condutâncias superficiais - O item anterior se refere à resistência térmica entre as
faces de uma placa sólida, ou seja: no interior da mesma. Entretanto, nas trocas de calor entre os dois
ambientes separados pela placa, há também "Resistências Superficiais" a serem consideradas.
A figura acima representa uma placa entre dois ambientes. Considerando um desses ambientes como "I"
(interior) e outro "E" (exterior), ti e te são, respectivamente, as temperaturas do ar em "I" e "E".
Supondo-se ti > te, o sentido do fluxo térmico será de I para E e a queda de temperatura entre os dois
ambientes será diretamente proporcional às resistências térmicas provocadas pela placa:
a) A primeira resistência imposta ao fluxo térmico é a Resistência Superficial Interna (rsi) que
se relaciona às trocas de calor que ocorrem entre o ambiente interior e a face interna da placa. A
Condutância Superficial Interna (hi) é definida como o inverso dessa resistência e seu valor depende
dos coeficientes de convecção (hcv), entre o ar e a superfície, e de radiação (hrd), entre a face da placa e
as outras superfícies do ambiente interior. Pelo "efeito de película", as trocas por condução, entre o ar e a
placa, já estão consideradas em hcv.
1 1
rsi = = (m2.oC/W)
hsi hcv + hrd
Devido à resistência superficial interna, e sendo ti > te, a temperatura da face interna da placa será menor
que a temperatura do ar (ver figura anterior).
b) A próxima resistência ocorre no interior da placa, entre suas faces, e é determinada conforme
indicado no item 4.1.
1
rse = (m2.oC/W)
hse
10
Direção do rsi = 1/hsi rse = 1/hse rsi + rse
Fluxo ε (m2 . oC/W) (m2 . oC/W) (m2 . oC/W)
0,90 0,12 0,04 0,16
0,20 0,24 0,04 0,28
0,05 0,30 0,04 0,34
0,90 0,11 0,14 0,55
0,20 0,19 0,14 0,33
0,35 0,23 0,14 0,37
0,90 0,16 0,14 0,30
0,20 0,40 0,14 0,54
0,35 0,60 0,14 0,74
A tabela anterior indica valores típicos das resistências superficiais em função da direção e sentido do
fluxo de calor e das emissividades superficiais. Como já foi visto, a Condutância Superficial Interna (hsi)
corresponde à soma dos coeficientes de convecção e de radiação e, portanto, seu valor depende da
posição da placa, da emissividade das superfícies internas e do sentido do fluxo de calor. Como nos
ambientes internos a velocidade do ar é geralmente baixa (Var < 0,5 m/s), sua influência costuma ser
desprezada no cálculo de hsi. Já no caso de superfícies exteriores, onde a ventilação é bem mais alta, as
trocas de calor se dão principalmente por convecção forçada e as emisssividades praticamente não
influem. Assim, hse pode ser considerada constante.
4.3. Resistência térmica de espaços de ar confinado - Considere-se uma parede dupla, separando o
ambiente interior (I) do exterior (E) de uma edificação. As temperaturas são, respectivamente, "ti" e "te".
Se ti > te, o sentido do fluxo de calor será de "I" para "E". A câmara de ar existente entre as paredes irá
produzir uma resistência térmica (ra) e, se a distância entre as paredes for reduzida, o valor dessa
resistência dependerá apenas das emissividades (ε1 e ε2) das superfícies que limitam a câmara.
O ar confinado em espaços estreitos (entre 2 e 10 cm) permanece praticamente imóvel. Sendo sua
condutividade muito baixa, as trocas por convecção e por condução podem ser desprezadas e o fluxo
térmico irá ocorrer apenas por radiação entre as superfícies. Maiores espessuras, entretanto, provocam
correntes convectivas, que também irão influenciar o fluxo.
Nesse caso, o cálculo da resistência total (Rt) entre os dois ambientes é feito conforme indicado no item
4.2, sendo a resistência do ar incluída entre as demais.
11
A resistência (ra) provocada pelo ar confinado
depende da "Emissividade Efetiva" (Εf) da
câmara, que é determinada através das
emissividades das duas superfícies (ε1 e ε2):
1
Εf =
1 1
+ −1
ε1 ε 2
O gráfico acima e a tabela seguinte fornecem valores médios das Resistências Térmicas (ra) de uma
câmara de ar confinado (sem ventilação), em função da emissividade efetiva (Εf) e da direção do fluxo de
calor, e válidos para câmaras com espessuras entre 2 e 10 cm e com temperaturas médias superficiais em
torno de 20 oC.
12
5. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA
Ao inverso da Resistência Térmica Total (Rt) de um componente construtivo (parede, cobertura, etc) se
denomina Transmitância Térmica (U, em W/m2.oC), que é definida como o fluxo de calor que, na
unidade de tempo e por unidade de área, passa através do componente, para uma diferença unitária entre
as temperaturas do ar em contato com cada uma das faces desse mesmo componente. A Transmitância é,
portanto, um indicador do desempenho térmico (em regime térmico permanente) das edificações. As
normas técnicas de alguns paises estabelecem, para cada região climática, limites máximos aceitáveis
para a Transmitância de paredes e coberturas. No caso de placas constituídas por camadas paralelas às
faces, o cálculo de "U" pode ser feito pela seguinte equação:
1 1 1
= R t = rsi + ∑ ri + rse ou seja: U= = (W/m2.oC)
U R t rsi + ∑ ri + rse
Havendo resistências em paralelo ou câmaras de ar confinado, o cálculo deve se dar conforme indicado
nos capítulos anteriores.
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2. FLUXO TÉRMICO VERTICAL (COBERTURAS, PISOS, ETC.)
s = área total de aberturas de circulação de ar (m2)
A = Área total da cobertura (m2)
(s/A) < 0,0003 1/U = rsi + Ri + ra + Re + rse (Equação 1)
U = U1 + 0,4 (U2-U1)
14
6. INÉRCIA TÉRMICA
Conforme já foi mencionado no capítulo 2, a transmissão de calor pode ocorrer em regime térmico
permanente ou variável. O regime térmico é chamado permanente quando os dois pontos que trocam
calor conservam suas temperaturas constantes durante o processo. No regime variável essas temperaturas
se alteram durante a troca de calor. Um caso particular do regime térmico variável acontece quando as
variações das temperaturas se repetem em intervalos de tempo iguais e sussessivos.
Durante as horas quentes do dia, no início da tarde, as temperaturas superficiais externas (te) são mai-ores
do que as internas (ti) e o fluxo se dará no sentido do exterior para o interior.Entretanto, nem todo o calor
que entra através da face externa da parede chegará à interna, pois parte dele será consumida no
aquecimento do próprio material da parede. Portanto, o valor máximo da temperatura interna será menor
que o da externa. A relação entre as amplitudes térmicas interna (Ai) e externa (Ae) é chamada
amortecimento (μ = 1 - (Ai / Ae)). Além disso, se a temperatura externa é máxima, por exemplo, às 14
horas, a interna só atingirá seu valor máximo algum tempo depois. Esse atraso na transmissão da onda da
onda de calor é denominado retardamento (ϕ).
Obs: Muitos autores definem o amortecimento como a razão entre a amplitude interna e a externa
(μ=Ai/Ae). Nesse caso, quanto menor fosse a diferença entre as amplitudes maior seria o "amorte-
cimento". Assim, a definição aqui adotada (μ = 1 - (Ai / Ae)) traduz mais apropriadamente o sentido
comum da palavra "amortecer": maior amortecimento indica maior diferença entre as amplitudes.
O retardamento e o amortecimento de uma onda térmica em regime periódico são devidos à chamada
InérciaTérmica do elemento considerado. Um importante componente da inércia térmica é o calor
específico (c) do material: a quantidade de calor necessária para elevar em 1,0 oC a temperatura de um
corpo de massa igual a 1,0 Kg. Exemplo: como o calor específico da madeira é maior que o do aço, para
elevar de 1,0 oC a temperatura de 1,0 Kg de madeira, é necessária uma quantidade de calor três vezes
maior do que para provocar igual elevação na temperatura de 1,0 Kg de aço. Um sistema construtivo é
considerada como de "alta" inércia quando provoca acentuados retardamentos e amortecimentos. A
15
inércia depende da "difusividade térmica" (Dif) do material, isto é, da velocidade de difusão do calor
através desse material:
λ
Dif = (m2/s) e, portanto:
ρ⋅c
O produto da espessura "L" de uma vedação pelo seu calor específico e pela sua massa específica
aparente é denominado Capacidade Térmica (Ct) da vedação:
Ct = c . ρ . L (J/m2 oC)
6.1. Elemento homogêneo - Em uma placa homogênea (constituída por um único material), com
espessura "L" e submetida à um regime térmico com período de 24 horas, os valores de μ e ϕ são:
1
A= (para difusibilidade em m2/s)
3600⋅ Dif
B = −0, 36 ⋅ L ⋅ A
16
Material λ ρ c Dif
(W/m oC) (Kg/m3) (J/Kg oC) (m2/h)
aço 52,00 7780 461 1,45 .10-5
água 0,58 1000 4187 1,39 .10-7
alumínio 230,00 2700 461 1,85 .10-4
chumbo 35,00 11340 461 6,70 .10-6
concreto 1,65 2200 1000 7,50 .10-7
concreto leve (com argila expandida) 0,85 1500 963 5,88 .10-7
madeira 0,25 800 1340 2,33 .10-7
mármore 3,26 2700 837 1,44 .10-6
poliestireno expandido (isopor) 0,04 20 1,420 1,41 .10-6
tijolo cerâmico maciço 0,46 1600 920 3,13 .10-7
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6.2. Elemento heterogêneo - No caso de vedação formada por diferentes materiais superpostos em "n"
camadas paralelas às faces (perpendiculares ao fluxo térmico), a inércia térmica varia conforme a ordem
das camadas. Para Calor específico em KJ/Kg oC aplicam-se as seguintes equações:
n
A= ∑ (r )
i =1
i (soma das resistências entre as faces )
0, 226 n −1
B1 = ⋅ ∑ [ ri ⋅ ( λ ⋅ ρ ⋅ c ) i ]
A i =1
(λ ⋅ ρ ⋅ c )n ( A − rn )
B2 = 0, 205 ⋅ ⋅ [ rn − ] (considerar B2 nulo caso seja negativo)
A 10
Observações:
a) Em camada constituída por câmara de ar o produto ( λ ⋅ ρ ⋅ c ) é considerado nulo.
b) Nas equações acima, o índice "1" se refere à primeira camada, junto à face Interna da vedação e "n"
indica a última camada, junto à face Externa.
B = B1 + B2
C = A⋅ B
0, 226 n −1
B1 = ⋅ ∑ [ ri ⋅ ( λ ⋅ ρ ⋅ c )i ] = 0,312 x 0,625 x 1,136 = 0,221
A i =1
(λ ⋅ ρ ⋅ c )n ( A − rn )
B2 = 0, 205 ⋅ ⋅ [ rn − ] = 0,205 x 369,66 x (0,1 - 0,0625) = 2,847
A 10
B = B1 + B2 = 3,068
18
Exemplo 2 - Vedação vertical em madeira com isolante externo:
Camada Material
L λ ρ c r
(m) W/m oC kg/m3 kJ/kg oC m2oC/W (λ ρ c)
1 (int.) Madeira 0,025 0,25 800 1,34 0,100 268
2 (ext.) Isolante 0,025 0,04 20 1,42 0,625 1,136
A = 0,725
Obs: A comparação entre os dois exemplos anteriores demonstra que, quando a camada isolante é
externa, são maiores o Retardamento e o Amortecimento.
0, 226 n −1
B1 = ⋅ ∑ [ ri ⋅ ( λ ⋅ ρ ⋅ c )i ] = 0,203 x [(0,1 x 268) + (0,625 x 1,136) + (0,17 x 0)] = 5,586
A i =1
(λ ⋅ ρ ⋅ c )n ( A − rn )
B2 = 0, 205 ⋅ ⋅ [ rn − ] = 0,205 x 608,7 x (0,217 - 0,09) = 15,986
A 10
B = B1 + B2 = 21,57
19
7. SOL E SOMBRA: AS CARTAS SOLARES
A Terra descreve em torno do Sol uma órbita aproximadamente elíptica. Em relação ao plano dessa
elípse, o eixo de rotação da Terra apresenta uma inclinação de 23,45o (23o27') que define as linhas dos
Trópicos e provoca as diferenças climáticas entre as distintas épocas do ano.
Devido à grande distância entre Sol e Terra, seus raios podem ser considerados paralelos ao atingirem o
planeta. O ângulo formado entre a direção desses raios e o plano do Equador é chamado declinação do
Sol (DEC). Esse ângulo varia ao longo do ano e é definido como positivo para o hemisfério norte e
negativo para o hemisfério sul. Nos dias de equinócio (21 de março e 23 de setembro) a declinação é
zero, ou seja, o Sol está no mesmo plano do Equador. Nas outras épocas do ano esse ângulo varia entre os
valores limites de +23o27' (22 de junho) e -23o27' (22 de dezembro). Esses dois ângulos limites
estabelecem as linhas dos trópicos de Cancer e de Capricórnio (ver figura 1) e, para o hemisfério sul, as
duas datas definem os solstícios de inverno (22 de junho) e de verão (22 de Dezembro). O valor médio da
declinação do Sol pode ser calculado, para qualquer dia do ano, pela seguinte expressão:
20
Para facilitar o estudo do movimento relativo entre
Sol e Terra, costuma-se conceber esse movimento em
relação à um observador localizado na Terra, ou seja,
como se esta fosse imóvel e o Sol é que se deslocasse
em torno dela, o que se denomina "movimento
aparente do Sol". Como a Terra demora 24 horas para
dar uma volta completa em torno do próprio eixo,
para este observador, "o Sol se desloca no céu" à uma
velocidade de 15o por hora (360o/24 = 15o).
A posição aparente do Sol no hemisfério celeste pode ser determinada através de dois ângulos:
Azimute (AZI): ângulo, tomado sobre o plano horizontal, no sentido horário, entre a direção dos
raios solares e a direção do Norte Verdadeiro.
Altura (ALT): ângulo, tomado sobre o plano vertical, entre a direção dos raios solares e o plano
horizontal.
O ângulo formado entre a direção dos raios solares e a perpendicular do lugar é chamado ângulo zenital
(ZEN) e é igual ao complemento da altura angular: ZEN = 90o - ALT
Denomina-se "ângulo horário do sol" (AHS) à distância angular entre a direção dos raios solares ao meio
dia e sua direção no momento (H) considerado. Este ângulo é calculado pela seguinte expressão:
- Às 14 horas (H = 14) o ângulo horário é de 30o pois AHS = 15o (14-12) = 30o.
- Às 10 horas (H = 10) o ângulo horário é de -30o pois AHS = 15o (10-12) = -30o.
Conhecendo-se a latitude do lugar (LAT), positiva no hemisfério norte e negativa no sul, pode-se calcular
a posição relativa do sol, para qualquer hora de qualquer dia do ano:
ALT = arc sen (sen LAT.sen DEC + cos LAT.cos DEC.cos AHS)
AZI = arc cos [(cos LAT.sen DEC - sen LAT.cos DEC.cos AHS) / (cos ALT)]
Após o meio-dia o azimute do sol será 360o menos o ângulo calculado pela equação anterior.
21
Fig. 3 – Percursos aparentes do Sol, em 3 datas, para Equador e Trópico de Capricórnio
No estudo da geometria solar deve-se distinguir dois sistemas horários, o solar e o local. Diversas cidades
pertencentes à um mesmo fuso horário adotam um único sistema (hora local) mas apenas as localizadas na
longitude oficial de referência desse fuso terão os seus relógios coincidentes com o horário solar. Desse
modo, a diferença entre os dois sistemas pode ser calculada pela diferença entre as longitudes: se o sol
percorre 15 graus de longitude em 60 minutos, cada grau de distância longitudinal corresponde à 4
minutos de tempo em seu percurso (4 = 60/15).
Para qualquer ponto do Equador (latitude zero) em todos os dias do ano o sol nasce às 6 horas e se põe às
18 horas (horas solares) o que resulta em "dias" e noites de 12 horas. Para qualquer outra latitude
diferente de zero a duração do período de luz solar varia dia a dia, sendo máxima no verão e mínima no
inverno e somente nos dias de equinócio (21/03 e 23/09) essa duração é de 12 horas. Quanto mais alta for
a latitude maior será a diferença entre esses extremos (ver fig. 5).
ANS = arc cos (cos LAT.sen DEC + tg LAT.tg DEC.sen LAT.cos DEC)
Os momentos em que o sol nasce (HNS) e se põe (HPS) são calculados pelas expressões:
22
O período compreendido entre o nascer e o pôr do sol indica o número máximo possível de horas de luz
solar (para cada data e latitude) e é denominado insolação máxima (INSmax):
A aplicação dessas equações para as latitudes correspondentes a algumas cidades brasileiras resulta nos
valores apresentados a seguir (em horas e minutos).
Os percursos aparentes do sol, para cada latitude, podem ser representados através de um diagrama,
chamado Carta Solar, de onde se pode obter, para qualquer hora de qualquer dia do ano, os ângulos de
azimute e de altura do sol.
Uma carta solar pode ser desenhada segundo diversos sistemas de projeção geométrica mas o mais
utilizado é o sistema estereográfico. Nesse sistema, um ponto P, pertencente ao hemisfério superior de
uma superfície esférica, tem a sua projeção P', na intersecção entre o plano "equatorial" dessa esfera e
uma reta traçada entre o ponto P e o Nadir (nadir é ponto oposto ao zênite, em relação ao centro da esfera
23
(ver figura 6a). Assim, as projeções de todos os pontos com mesma altura angular definem
circunferências concêntricas sobre o plano de projeções (ver figura 6b). Quanto maior for a altura angular
menor será o raio dessa circunferência. Desse modo, um ponto sobre a linha do horizonte (altura zero)
tem sua projeção sobre a própria circunferência que limita o plano de projeções e a projeção do zênite
(altura = 90o) coincide com o centro geométrico desse plano.
A abóbada celeste de uma determinada localidade pode ser representada pelo hemisfério superior desse
sistema de projeções. Nesse caso, o observador estaria localizado no centro geométrico do plano de
projeções e qualquer ponto do céu poderia ser identificado pelos dois ângulos, Altura e Azimute. Nas
cartas solares esse ponto celeste é o Sol.
Fig. 5 – Carta solar para latitude de 00o 00’ (Equador), em projeção estereográfica
A figura 7 mostra um exemplo do uso de uma carta solar válida para a latitude zero (Equador). As curvas
"horizontais" indicam datas do ano e as curvas "verticais" indicam as horas do dia (entre 6 e 18).
Conforme já mencionado, no Equador o sol sempre nasce às 6 e se põe às 18 horas. O exemplo da figura
7 destaca a altura angular (ALT) e o azimute (AZI) do sol às 8 horas do dia 24 de Julho (a mesma
situação se repete no dia 21 de Maio). A leitura gráfica, embora menos exata que o cálculo, pode fornecer
resultados bastante satisfatórios:
A figura 8 apresenta cartas solares para 5 diferentes latitudes, entre 10 e 60 graus negativos. As diferenças
entre verão e inverno se acentuam na medida em que as latitudes se afastam do Equador. Para -60o, por
exemplo, no dia 22 de Dezembro o sol nasce às 3:00 e se põe às 21:00 h. enquanto no dia 22 de Junho o
período de luz solar dura apenas 5:30 horas, entre 9:15 e 14:45 h.
24
Fig. 6 – Cartas solares para diferentes latitudes, em projeção estereográfica
Através das cartas solares pode-se prever os ângulos de incidência dos raios solares, para cada hora de
qualquer dia, sobre as superfícies das edificações. Essa previsão permite, por exemplo, detalhar projetos
de "quebra-sol" de modo a proteger as aberturas, especialmente as superfícies envidraçadas, contra a
radiação solar direta. Para tal propósito, o primeiro passo é estabelecer um conjunto de ângulos que
definem a abertura considerada:
Fig. 8 – Transferidor auxiliar, para o estudo das proteções contra radiação solar
25
Fig. 9 – Transferidor auxiliar e Carta Solar, para estudo do sombreamento de janelas
Ângulo de Sombra Vertical (ASV) = indica o campo máximo de visão acima do horizonte, para
o mesmo observador (figuras 9 e 9c).
Conhecidos esses ângulos é possível, através de um transferidor auxiliar (figura 10), verificar qual
região do céu pode ser vista à partir da janela. Este transferidor é desenhado segundo os mesmos
princípios do sistema estereográfico de projeções. Suas linhas radiais representam os ângulos horizontais,
à esquerda ou à direita do observador, entre 0o e 90o. As curvas horizontais indicam ângulos verticais de
sombra, também entre 0o (horizonte) e 90o (zênite).
A figura 11 demostra como utilizar o Transferidor Auxiliar, em conjunto com a Carta Solar, no processo
de verificação dos períodos em que os raios solares atingem uma determinada superfície. Considerando a
mesma janela da figura 9, os semi-círculos inferiores das figuras 11a, 11b e 11c indicam, em projeção
estereográfica, a região do céu escondida pelo próprio edifício, ou seja: a região celeste fora do ângulo de
visão do observador situado no interior do ambiente. Quando o Sol estiver nessa região seus raios não
atingirão a janela. Os semi-círculos superiores das mesmas figuras (11a, 11b e 11c) apresentam,
respectivamente, as parcelas do céu ocultas pela placa vertical (sombra horizontal Sh), pela placa
horizontal (sombra vertical Sv) e pelo efeito combinado de ambas (Sh + Sv).
Na figura 11f o transferidor (11d) é superposto à carta solar da latitude desejada (11e) para a
determinação dos períodos de sol e sombra sobre a janela considerada. Pode observar-se que no dia 22 de
Dezembro, solstício de verão, os raios solares penetrarão pela janela desde o momento do nascer do Sol
até pouco antes das 9:00 horas (aproximadamente entre 5:20 e 8:40 h). Desse horário até o meio-dia a
placa horizontal impedirá sua entrada e após o meio-dia o próprio edifício os encobrirá. No solstício de
inverno, 22 de junho, a mesma placa horizontal proporcionará proteção entre 12:30 e 15:00 horas,
26
aproximadamente. Assim, nesse caso específico, a presença da placa vertical não trará qualquer
contribuição enquanto proteção solar.
Maior experiência com o sistema estereográfico de projeções poderá permitir ao usuário verificar também
as sombras projetadas por construções vizinhas, árvores, etc., sobre cada superfície ou abertura da
edificação em estudo. A figura 12 apresenta um exemplo desse processo na determinação dos períodos de
sombras projetadas por obstáculos externos à edificação.
Considerando ainda a mesma janela da figura 9, as figuras 12a e 12b indicam os ângulos à esquerda (e), à
direita (d) e em altura (h) que definem o obstáculo em relação à janela. Na figura 12c esses ângulos são
marcados sobre o Transferidor Auxiliar.
A região do céu escondida pelo obstáculo é mostrada na figura 12d, sobre a carta solar da latitude
específica. A leitura desse último gráfico permite constatar que o edifício vizinho projetará sombra sobre
a janela entre os dias de equinócio (21 de março e 23 de setembro). Nessas duas datas o canto superior
direito do obstáculo esconderá o Sol, por alguns instantes, por volta das 7:15 horas. No dia 22 de Junho a
janela será sombreada desde o nascer do Sol até pouco antes das 8:30 horas.
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8. VARIÁVEIS CLIMÁTICAS
O conceito de clima é geralmente empregado com distintos graus de abrangência, podendo referir-se tanto
à vastas regiões do planeta (clima equatorial, clima tropical, etc.) quanto à um ponto específico de um
bairro. Mesmo as expressões "macro-clima" e "micro-clima", tentativas de aumentar a precisão do
conceito, podem ser ainda excessivamente dúbias para atender a tal objetivo. Um geográfo pode adotar
"micro-clima" em relação à toda uma cidade enquanto para um biólogo a mesma expressão pode referir-
se apenas à uma folha específica de uma árvore. A rigor, dois lugares, mesmo que próximos, muito
raramente possuem climas exatamente iguais, pois os fatores que os determinam geralmente apresentam
alguma diferença. As temperaturas das regiões centrais das grandes cidades são comumente vários graus
acima das registradas nos bairros periféricos. Os diversos ambientes de uma mesma edificação nunca
apresentam as mesmas condições de insolação, ventilação, umidade, etc.
O clima é definido como a integração do conjunto de condições atmosféricas típicas de um dado lugar.
Das muitas variáveis climáticas, as que mais interessam ao conforto ambiental são as seguintes:
• Umidade Absoluta do Ar (UmiAbs): o ar ambiente é uma mistura de ar seco com uma proporção
variável de vapor d'água. Essa proporção é a Umidade Absoluta do Ar, geralmente medida em
gramas de vapor por Kg de ar seco.. As moléculas de vapor exercem, sobre as moléculas de ar seco,
uma pressão denominada "Pressão de Vapor" (Pv, em milímetros de mercúrio). Como essa pressão é
diretamente proporcional à quantidade de vapor presente no ar, pode também ser adotada como
medida da Umidade Absoluta. Há, entretanto, limites para a quantidade máxima de vapor admissível
pelo ar e esses limites (Pressão de Vapor Saturante, ou PVS) dependem da temperatura do ar.
Quando aquecido, o ar se expande e permite a presença de mais vapor. Por outro lado, quanto mais
baixa for sua temperatura, menor será a Pressão de Vapor Saturante. A pressão de vapor apresentada
em determinado instante pelo ar ambiente é chamada Pressão de Vapor Atual, ou PVA)
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Carta Psicrométrica, relacionando Umidade Relativa (curvas) com
Temperatura do Ar (eixo X) e com Pressão de Vapor (eixo Y).
• Umidade Relativa do Ar (UmiRel): quando o ar está saturado, ou seja, quando a Pressão de Vapor
Atual é igual à Saturante (PVA = PVS), sua Umidade Relativa é de 100%. Se PVA for de um
décimo de PVS, UmiRel será 10%, e assim por diante. A Umidade Relativa pode, então, ser assim
definida: UmiRel = 100 x PVA / PVS.
• Temperatura do Bulbo Úmido (TBU): Uma das maneiras de se medir a umidade do ar, tanto a
Absoluta quanto Relativa, é através de um instrumento simples, o psicrômetro, constituido por um par
de termômetros. Um deles é um termômetro comum e mede a Temperatura do Bulbo Seco (TBS). O
outro tem o seu bulbo envolvido em uma gaze úmida e mede a chamada Temperatura do Bulbo
Úmido (TBU). Os dois termômetros são submetidos à uma corrente de convecção com o ar ambiente.
Se o ar estiver saturado, o termômetro úmido irá registrar uma temperatura igual à TBS mas, se a
Pressão de Vapor Atual for menor que a Pressão de Vapor Saturante, a água da gaze irá evaporar,
retirando calor do bulbo úmido e tornando a TBU menor que a TBS. A Carta Psicrométrica acima,
mais completa que a anterior, inclui a Temperatura de Bulbo Úmido. Essa carta relaciona quatro
variáveis: Pressão de Vapor, Umidade Relativa, TBS e TBU. Basta conhecer duas dessas variáveis
para estimar as outras duas.
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• Calor Latente: Já vimos que a água, ao evaporar, retira calor do ambiente e, ao condensar, volta a
liberar esse calor. Durante esses processos sua temperatura não se altera. Esse calor "potencial"
contido no vapor d'água recebe a denominação de Calor Latente.
• Velocidade e Direção dos Ventos: Dentre as variáveis climáticas, o vento é uma das mais instáveis,
muda constantemente de velocidade e direção. Assim, são registradas suas características
predominantes. A velocidade é usualmente medida em metros por segundo (m/s) e a direção em
graus, a contar do Norte verdadeiro e no sentido horário. Exemplos: se o vento sopra de Norte para
Sul, é camado Vento Norte e sua direção é 0o. Um Vento Nordeste tem direção 45o e sopra de
Nordeste para Sudoeste.
• Nebulosidade: é a proporção da abóbada celeste coberta por nuvens, medida em escala de zero a dez.
Exemplos: a Nebulosidade é 5 quando as nuvens cobrem metade da abóbada, 10 para abóbada
totalmente encoberta, etc.
• Radiação Solar: indica a quantidade de energia térmica (W/m2) proveniente do Sol que atinge a
superfície da Terra. É o principal determinante do clima pois influencia a temperatura e umidade do
ar, proporciona o ciclo das chuvas, provoca vento, etc.
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9. MECANISMOS TERMO-REGULADORES DO CORPO HUMANO
O corpo humano possui um sistema termo-regulador "automático" que permite a manutenção de sua
temperatura interna, mesmo sob ambiente térmico extremamente rigoroso ou mesmo que haja grande
produção de calor metabólico. O orgão central desse sistema é localizado no cérebro e se denomina
Hipotálamo. Através da rede de nervos, o Hipotálamo é mantido informado sobre a temperatura de cada
parte do corpo. Quando, por qualquer motivo, essa temperatura se afasta dos valores admissíveis, esse
orgão aciona mecanismos que objetivam restabelecer o equilíbrio térmico do corpo:
• Pilo-erecção: o arrepiar dos pelos faz manter uma camada de ar, praticamente imóvel (isolante) junto
à pele.
• Tiritar: o tiritar ("tremer de frio") aciona músculos e juntas, intensificando a produção do calor
metabólico.
• Vaso-dilatação periférica: aumentando a quantidade de sangue que chega à pele. Conduzido pelo
sangue, chega mais calor à superfície. A pele irrigada é melhor condutora. Com temperatura mais alta
a pele perderá mais calor por Radiação e por Convecção.
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10. TEMPERATURA DE NEUTRALIDADE TÉRMICA E ZONA DE CONFORTO
A "sensação" humana de conforto térmico depende do efeito conjugado de inúmeros fatores, dentre os
quais os principais são os seguintes:
A) FATORES DO AMBIENTE:
B) FATORES DO INDIVÍDUO:
• Taxa metabólica: Um adulto em repouso produz em torno de 140 W de calor. Atividades mais
intensas podem ultrapassar os 500 W. Para que a temperatura do corpo seja mantida constante
(homeotermia), este calor deve ser absorvido pelo ambiente. Quando o fluxo dessa absorção é menor
que o necessário a pessoa sentirá mais calor. Se for maior, haverá a sensação de frio.
• Grau de isolamento térmico das roupas.
• Aclimatação: adaptação fisiológica ao clima local.
Temperatura de Neutralidade Térmica (Tn) é definida como a média entre as temperaturas do ar sob
as quais a maioria das pessoas não sente nem calor nem frio. Pesquisas já demonstraram que, devido à
aclimatação e aos hábitos culturais, esta preferência varia entre climas distintos e pode ser relacionada
com a Temperatura Média Exterior (TMExt). Dependendo do grau de precisão desejado, esta média pode
ser tomada como anual (TMA) ou mensal (TMM).
Em torno dessa Temperatura Neutra pode ser definida uma "faixa de tolerância":
Assim, no caso do exemplo e considerando a média mensal da temperatura do ar exterior, ou seja, TMExt
= TMM:
Tn = 17.6 + 0.31 x 24.1 = 25.1 ± 1.75 oC (Com intervalo admissível entre 23,3 e 26,8 oC)
Os especialistas de diversos países têm procurado estabelecer um Índice de Conforto que permita
expressar, através de um único número, o efeito conjugado dos diversos fatores que determinam a
sensação térmica humana. Um desses índices é o SET (Standard Effective Temperature, ou seja:
Temperatura Efetiva Padrão) que combina os efeitos da temperatura (TBS) e da umidade (TBU) do ar,
para ambientes com ar calmo e onde não haja diferença significativa entre as temperaturas superficiais e a
do ar.
Pode-se marcar estas linhas SET sobre uma carta psicrométrica da seguinte maneira:
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• Até 14 oC elas coincidem com as linhas de TBS (verticais)
• Acima de 14 oC elas coincidem com a TBS na curva de 50% de Umidade Relativa, mas possuem uma
inclinação igual à 0,025 x (TBS-14) para cada distancia vertical de 1,0 g/Kg.
Sobre um gráfico de Índice de Conforto pode ser marcada uma região que represente combinações
aceitáveis de temperatura, vento, umidade, etc. Tal região é chamada Zona de Conforto Térmico.
Adotando-se o gráfico da SET, esta zona é definida pelo seguinte procedimento:
Assim, tomando como exemplo uma Temperatura Média Mensal de 24,1 oC (cidade de São Carlos, SP,
mes de Fevereiro), teríamos:
e portanto:
Tn = 17,6 + 0,31 x 24,1 = 25,1 ± 1,75 oC (Com intervalo aceitável entre 23,3 e 26,8 oC)
O ponto "I" (ver figura) se situa aproximadamente no nível 9,5 g/kg e o ponto "S" ligeiramente abaixo do
nível 12,0 g/Kg. Considerando a regra das inclinações das linhas SET, o eixo das abcissas será
interceptado nas seguintes posições:
Limite Inferior : LI = 23,3 + (9,5 x 0,23) = 25,5 oC
Limite Superior : LS = 26,8 + (12,0 x 0,32) = 30,6 oC
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Esta Zona de Conforto se aplica à indivíduos em atividade sedentária (calor metabólico = 140 W) e
trajando roupas leves. Para níveis metabólicos mais altos o valor de Tn dever ser corrigido:
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11. ANÁLISE CLIMÁTICA: O MÉTODO DE MAHONEY (ADAPTADO)
... " Caso se pretenda que um arquiteto projete casas climaticamente adequadas, lhe deve ser
proporcionado um método que lhe permita faze-lo dentro do tempo de que dispõe e dentro do processo de
tomada de decisões durante as primeiras fases do ato de projetar." ...
... " É verdade que poucos arquitetos têm utilizado os métodos já estabelecidos de análise climática. Mas
o defeito está mais nos métodos que nos arquitetos. A tarefa do projetista é complexa: os métodos que lhe
são oferecidos para resolver os aspectos climáticos dessa tarefa são embaraçosos e tomam demasiado
tempo."
... " Os métodos usuais exigem, para sua aplicação, que o arquiteto inicie estabelecendo hipóteses sobre
muitas características de seu projeto: forma e orientação do edifício, o tamanho de cada ambiente, o
sistema construtivo, espessura de paredes, tamanho das aberturas e tratamento das superfícies exteriores.
Tem que optar entre condições climáticas típicas ou extremas e deduzir mediante cálculos, ou com ajuda
de modelos, ou por analogia, como a edificação se comportará sob tais condições. O resultado de seus
cálculos confirmará ou refutará as hipóteses que estabeleceu. Se esses resultados não forem satisfatórios
terá que rever aquelas hipóteses e repetir o processo de tentativas através de novos cálculos ou
experimentos. Se forem satisfatórios, poderá dar prosseguimento ao projeto e dedicar-se aos outros
muitos problemas que foi obrigado a deixar de lado enquanto se dedicava à análise climática. Este
enfoque do projeto climático pode ser descrito como 'investigação regressiva' " ...
... " Seria um erro considerar esse novo método progressivo de análise como uma 'receita de cozinha' que
elimine a necessidade de pensar. É um intrumento para a adoção de decisões, não um subtitutivo das
decisões. " ...
É lamentável constatar, tantos anos após sua publicação, a absoluta atualidade desses conceitos. Ainda
hoje, o "defeito" parece continuar "mais nos métodos que nos arquitetos". No Brasil, os métodos
geralmente ensinados nas faculdades continuam inadequados, do tipo "regressivo" e, exatamente por esse
motivo, raramente são aplicados pelos arquitetos em sua atividade proffisional. O resultado é a
proliferação crescente em nossas cidades de edificações quentes no verão, frias no inverno e, durante todo
o ano, esbanjadoras de energia.
Para aplicar este método, o projetista não precisa formular hipóteses preliminares. Basta reunir um
pequeno conjunto de dados climáticos da localidade considerada, os mais facilmente acessíveis, e anotá-
los em planilhas. A comparação dessas planilhas com uma "zona de conforto", estabelecida para o clima
específico, torna possível identificar grupos de problemas climáticos dominantes. A identificação desses
grupos proporciona indicadores, ou recomendações, para as decisões que deverão ser tomadas durante as
fases do projeto.
No presente trabalho o Método de Mahoney é apresentado com ligeiras modificações. Uma delas consiste
em condensar, em apenas duas (ver modelos às paginas 6 e 7), as sete planilhas propostas originalmente.
Para o preenchimento das planilhas deve ser adotado o seguinte procedimento:
40
A) PLANILHA 1
• Anotar as Médias Mensais das Temperaturas Máximas (MedMax) e das Temperaturas Mínimas
(MedMin), arredondando-se todos os valores com aproximação não inferior a 0,5 oC.
• À direita dos dados de temperatura se anotará a mais alta das Médias das Máximas (MAX) e a mais
baixa das Médias das Mínimas (MIN).
• Anotar a Temperatura Média Anual (TMA), calculada como a média aritmética entre a mais alta das
Médias das Máximas (MAX) e a mais baixa das Médias das Mínimas (MIN). Portanto, TMA = (MAX +
MIN) / 2.
• Para cada mês, calcular e anotar a Amplitude Média Mensal (AMM), considerada como a diferença
entre as Médias das Máximas e as Médias das Mínimas (AMM = MedMax - MedMin).
• Anotar a Amplitude Média Anual (AMA), calculada como a diferença entre a maior das Médias das
Máximas (MAX) e a menor das Médias das Mínimas (MIN). Portanto, AMA = MAX - MIN.
• Registrar, nas linhas respectivas, os valores mensais da Umidade Relativa (%), Pluviosidade (mm de
chuva) e Ventos Dominantes (velocidade e direção). A velocidade dos ventos dominantes é usualmente
anotada em metros por segundo (m/s) e a direção pelo rumo na rosa dos ventos (N, NNE, NE, etc) ou pelo
ângulo, a contar do Norte verdadeiro, no sentido dos ponteiros do relógios (0, 45, 90, etc). A pluviosidade
anual é a soma dos valores mensais.
• Na primeira linha, anotar o Grupo de Umidade (GU) correspondente a cada mês. O Grupo de Umidade
é um indicador da média mensal de Umidade Relativa, conforme classificação apresentada na primeira
coluna do Quadro 4 (Parâmetros do Método). Assim, pertencerá ao Grupo 1 o mês cuja Umidade Relativa
for interior a 30%. O Grupo 2 indica uma média mensal de Umidade Relativa entre 30 e 50% e assim por
diante.
• Registrar, para cada mês do ano, os limites de conforto superiores e inferiores, diurnos e noturnos. Estes
limites são fornecidos no Quadro 4 (Parâmetros do Método) em função da Temperatura Média Anual
(TMA) da localidade considerada e em função do Grupo de Umidade (GU) de cada mês. Assim, para uma
TMA de 18 oC e Grupo de Umidade 3, os limites diurnos de conforto serão 21 e 28 oC e os limites
noturnos serão 14 e 21 oC.
• Comparar as Temperaturas Médias das Máximas mensais (MedMax) com os limites diurnos de conforto
e as Temperaturas Médias das Mínimas mensais (MedMin) com os limites noturnos. Anotar os resultados
nas duas últimas linhas do quadro, conforme a seguinte classificação do rigor climático:
41
PLANILHAS DE MAHONEY (ADAPTADAS) P1/2
LOCALIDADE LAT. LONG. ALT.
PLUVIOSID. (mm)
DIREÇÃO VENTO
2. DIAGNÓSTICO J F M A M J J A S O N D
GRUPO UMIDADE
DIAGN. DIURNO
DIAGN. NOTURNO
3. INDICADORES
J F M A M J J A S O N D TOTAIS
U1 U1
UMIDADE U2 U2
U3 U3
A1 A1
ARIDEZ A2 A2
A3 A3
4. PARÂMETROS DO MÉTODO
GRUPOS DE LIMITES CONFORTÁVEIS DE TEMPERATURA INDICADORES DO RIGOR CLIMÁTICO
UMIDADE TMA > 20 15 ≥ TMA ≥ 20 TMA < 15 Q = QUENTE, F= FRIO, C= CONFORTÁVEL
RELATIVA DIA NOITE DIA NOITE DIA NOITE INDIC. DIA NOITE CHUVA UMID. AMPL.
GRUPO 1 26 17 23 14 21 12 U1 Q 4
UR < 30% 34 25 32 23 30 21 Q 2 ou 3 < 10
GRUPO 2 25 17 22 14 20 12 U2 C 4
30% ≤ UR < 50% 31 24 30 22 27 20 U3 > 200
GRUPO 3 23 17 21 14 19 12 A1 <4 ≥ 10
50% ≤ UR < 70% 29 23 28 21 26 19 A2 Q <3
GRUPO 4 22 17 20 14 18 12 Q C <3 > 10
UR ≥ 70% 27 21 25 20 24 18 A3 F
42
PLANILHAS DE MAHONEY (ADAPTADAS) P2/2
LOCALIDADE LAT. LONG. ALT.
A - IMPLANTAÇÃO
0-10 EDIFÍCIOS ALONGADOS, COM FACHADAS MAIORES VOLTADAS PARA
1
5-12 NORTE E SUL, PARA REDUZIR A EXPOSIÇÃO AO SOL.
11-12 0-4 2 EDIFÍCIOS COMPACTOS, COM PÁTIO INTERNO
C - VENTILAÇÃO
3-12 PARA OBTER UMA VENTILAÇÃO CRUZADA PERMANENTE, AS HABITAÇÕES
6
0-5 DEVEM SER DISPOSTAS EM FILA SIMPLES AO LONGO DO EDIFÍCIO.
1-2 6-12 FILA DUPLA DE HABITAÇÕES AO LONGO DO EDIFÍCIO, COM DISPOSITIVOS
7
2-12 QUE PERMITAM CONTROLAR A VENTILAÇÃO.
0 0-1 8 VENTILAÇÃO MÍNIMA, APENAS PARA RENOVAÇÃO DO AR.
G - PAREDES E PISOS
0-2 18 LEVES, REFLETORAS. U ≤ 2,8 W/(m2 oC), RETARD. ≤ 3 HORAS, FATOR SOL ≤ 4 %
3-12 19 PESADAS. U ≤ 2,0 W/(m2 oC), RETARD. ≥ 8 HORAS, FATOR SOL ≤ 4 %
H - COBERTURAS
10-12 20 LEVES, REFLETORAS. U ≤ 1,1 W/(m2 oC), RETARD. ≤ 3 HORAS, FATOR SOL ≤ 4 %
0-5 21 LEVES, ISOLANTES. U ≤ 0,85 W/(m2 oC), RETARD. ≤ 3 HORAS, FATOR SOL ≤ 3 %
0-9 6-12 22 PESADAS. U ≤ 0,85 W/(m2 oC), RETARD. ≥ 8 HORAS, FATOR SOL ≤ 3 %
I - EXTERIOR DA EDIFICAÇÃO
1-12 23 PREVER ESPAÇO AO AR LIVRE PARA DORMIR
1-12 24 PROTEGER CONTRA AS CHUVAS
43
A.3) QUADRO 3 - INDICADORES
Certos grupos de sintomas de rigor climático indicam as medidas corretivas que podem ser adotadas pelo
projetista. Estes grupos são chamados Indicadores do Rigor Climático. São geralmente associados a
condições de umidade (U) ou aridez (A). Um Indicador, por si só, não conduz automaticamente à uma
solução. Só podem formular-se recomendações depois de somar os indicadores de um ano inteiro e
preencher o Quadro 3.
Os indicadores de umidade (U1, U2 e U3) e de aridez (A1, A2 e A3) podem ser identificados através das
condições apresentadas no Quadro 4. São os seguintes os significados desses indicadores:
• Indicadores de Umidade:
- U1: Indica que o movimento de ar é indispensável. Se aplica quando uma temperatura elevada
(rigor térmico diurno = Q) se combina com alta taxa de umidade relativa (GU = 4) ou quando a
temperatura elevada (rigor térmico diurno = Q) se combina com umidade moderada (GU = 2 ou 3) e
pequena amplitude média mensal (AMM inferior a 10 oC).
- U3: Indica a necessidade de se adotar precauções contra a penetração de chuva. Mesmo para
taxas mais baixas de precipitação esse cuidado pode ser necessário, mas ele será indispensável quando a
pluviosidade ultrapassa 200 mm por mês.
• Indicadores de Aridez:
- A1: Indica a necessidade de armazenamento de calor (inércia térmica). É aplicável quando uma
acentuada amplitude média mensal (AMM igual ou superior a 10 oC) coincide com umidade baixa ou
moderada (GU menor que 4).
- A2: Indica a conveniência de se dispor de espaço para dormir ao ar livre. Esta recomendação,
embora possa parecer curiosa, reproduz uma solução típica de certas regiões da África como medida para
evitar o problema de dormitórios de alta inércia (sistemas construtivos "pesados") que, em certas épocas
do ano, podem tornar-se muito quentes durante a noite. Se aplica quando a temperatura noturna é elevada
(rigor térmico noturno = Q) e a umidade é baixa (GU = 1 ou 2). Poderia ser necessária também quando as
noites são confortáveis mas os interiores das edificações são quentes como consequência do forte
armazenamento térmico (ou seja: dia = Q, noite = C, GU < 3 e Amplitude Térmica superior a 10 oC).
- A3: Indica que existem problemas de inverno ou de estação fria. Ocorre quando a temperatura
diurna cai abaixo do limite inferior de conforto.
Anota-se no Quadro 3 os meses em que se aplicam os indicadores respectivos e soma-se o total de meses
que corresponde a cada indicador.
44
B) PLANILHA 2
• Passar os seis Totais dos Indicadores do Quadro 3 para os campos específicos do Quadro 5 (canto
superior esquerdo da planilha);
• Resolver, um por um, os nove aspectos citados (Implantação, Espaçamento entre edificações,
Ventilação, etc.);
• Examinar as colunas dos indicadores correspondentes a cada aspecto para encontrar a recomendação
adequada;
• Exceto nos casos dos ítens F (Proteção das aberturas) e I (Exterior da edificação), cujas recomendações
não são excludentes, para cada um dos outros aspectos só poderá haver uma única recomendação;
- Retardamento: tempo do atraso provocado, sobre a "onda" de calor, pela inércia térmica da
construção (horas);
- Fator de Calor Solar: o quociente entre a energia solar que penetra na edificação e a energia
solar total incidente sobre as superícies externas (q/I, em %).
45
2.1.1. DETALHAMENTO DAS RECOMENDAÇÕES
A - IMPLANTAÇÃO:
2. Se o armazenamento térmico (A1) for necessário durante mais de 10 meses e a estação fria (A3) durar
menos de 5 meses, apresentarão melhor desempenho edificações compactas, com formas próximas ao
quadrado e construídas em torno de um pequeno pátio. O micro-clima desse pátio provavelmente será
mais favorável ao conforto do que o clima exterior.
3. Se a ventilação for indispensável (U1) durante mais de 10 meses, deverão ser acentuadas as distâncias
entre edificações, para permitir a passagem livre das brisas. De modo geral, para serem realmente
eficientes, essas distâncias devem ser, no mínimo, cinco vezes maiores que as alturas dos edifícios. Nesse
mesmo sentido, edifícios sobre pilotís também podem contribuir.
4. Aplica-se a mesma recomendação anterior mas com cuidados especiais na proteção dos ambientes
internos contra prováveis ventos indesejáveis (quentes ou frios e que carreguem pó). Dependendo das
direções predominantes desses ventos, barreiras de vegetação poderão contribuir para desviá-los.
5. Em climas mais secos (U1 < 2) a ocupação urbana deve ser mais compacta para elevar a inércia
térmica.
C - VENTILAÇÃO:
6. Os projetos devem otimizar a ventilação cruzada. Para tanto, é preferível que as habitações, ou seus
aposentos, sejam dispostos em "filas simples" ao longo dos edifícios (ver figura) e os corredores de
circulação abertos para o exterior.
7. As habitações podem ser dispostas em "filas duplas" ao longo dos edifícios (ver figura) mas é
recomendável que disponham da possibilidade de ventilação cruzada (através, por exemplo, de aberturas
controláveis entre elas). Caso esta solução seja impossível, o conforto térmico poderá depender de
ventilação artificial (ventiladores de teto, por exemplo).
46
8. Em climas nos quais o conforto prescinde do movimento do ar praticamente durante o ano inteiro (U1
= 0 e U2 < 2) as habitações devem ser dispostas em "filas duplas", para aumentar a inércia. A ventilação
deve ser mínima, apenas para garantir a renovação do ar.
9. Se o armazenamento térmico for necessário durante um período inferior a dois meses (A1 < 2) e não há
estação fria (A3 = 0), as aberturas de ventilação devem ser grandes, ocupando entre 40 e 80% das
fachadas Norte e Sul e permitindo que a ventilação atravesse os ambientes ao nível dos corpos dos
ocupantes.
10. As aberturas para ventilação devem ser de tamanho médio, ocupando entre 25 e 40% das fachadas e
permitindo que durante o período frio penetre a radiação solar.
11. Se o armazenamento térmico (A1) for necessário entre seis e dez meses, será importante aumentar as
superfícies de parede para contribuir com a inércia e, portanto, as aberturas deverão ser relativamente
pequenas (entre 15 e 25% das fachadas).
12. As aberturas de ventilação deverão ser muito pequenas (entre 10 e 20% das fachadas) e disporem de
sistema de proteção contra a radiação solar durante o longo período quente.
13. Se ocorrem as mesmas condições do ítem anterior mas com uma estação fria mais prolongada (A3 >
3), as aberturas devem ser de tamanho médio (entre 25 e 40% das fachadas) e dispostas de modo a
permitir que a radiação solar penetre durante o período frio.
14. Quando o movimento de ar for indispensável durante mais de dois meses (U1 > 2) ou quando o
armazenamento for necessário durante menos de um semestre (A1 < 6), as aberturas deverão dirigir as
brisas através dos ambientes ao nível dos corpos dos ocupantes. Em dormitórios, onde as pessoas estarão
deitadas próximas ao solo, as aberturas devem chegar praticamente ao piso. Para otimizar a velocidade do
ar no interior dos ambientes, as aberturas de saída devem ser ligeiramente maiores e mais altas que as de
entrada.
15. Vale a mesma recomendação do ítem 7: as habitações podem ser dispostas em "filas duplas" ao longo
dos edifícios mas é recomendável que disponham da possibilidade de ventilação cruzada. Nesse caso, o
projetista deverá buscar soluções que permitam a ventilação sem comprometer a privacidade dos
ambientes.
16. Se a estação fria durar menos de três meses (A3 < 3), os ambientes deverão ser protegidos contra a
radiação solar direta. Por outro lado, se o inverno durar mais de dois meses, a radiação solar deverá
penetrar durante esses meses mas não durante o resto do ano.
17. Nas regiões onde, em ao menos um dos meses, a pluviosidade média ultrapasse 200 mm, será
necessário proteger cuidadosamente as aberturas contra as chuvas.
G - PAREDES E PISOS:
18. Se o armazenamento térmico for necessário por menos de três meses (A1 < 3), deverão ser utilizadas
paredes leves (pouca inércia térmica) e com superfícies externas de cores claras para refletirem a radiação
solar: Transmitância Térmica não superior a 2,8 W/m2.oC, Retardamento máximo de 3 horas e Fator de
Calor Solar igual ou inferior a 4%.
19. Quando o armazenamento térmico for necessário por mais de dois meses (A1 > 2), deverão ser
adotadas paredes pesadas (alta inércia térmica). Também nesse caso são recomendáveis superfícies
47
externas claras mas as excessivamente claras poderão provocar ofuscamento ao refletirem a intensa luz
solar: Transmitância Térmica não superior a 2,0 W/m2.oC, Retardamento mínimo de 8 horas e máximo
de 14 horas e Fator de Calor Solar igual ou inferior a 4%.
H - COBERTURAS:
20. Apresentarão melhor desempenho as coberturas leves, termicamente isoladas e que reflitam a radiação
do sol: Transmitância Térmica não superior a 1,1 W/m2.oC, Retardamento máximo de 3 horas e Fator de
Calor Solar igual ou inferior a 4%.
21. Como no caso anterior, as coberturas também devem ser leves mas deverão apresentar maior
resistência térmica. Este maior isolamento será especialmente importante para evitar que a face inferior da
cobertura (forro) se aqueça excessivamente no período em que a ventilação precisa ser reduzida para
elevar o armazenamento térmico. Adotar Transmitância Térmica não superior a 0,85 W/m2.oC,
Retardamento máximo de 3 horas e Fator de Calor Solar igual ou inferior a 3%.
22. Coberturas pesadas (maior inércia) contribuirão para retardar o tempo de transmissão térmica. Este
maior retardamento pode também ser conseguido através de materiais isolantes colocados nas faces
exteriores das paredes externas. Recomenda-se que a Transmitância Térmica não ultrapasse 0,85
W/m2.oC, Retardamento mínimo de 8 horas e Fator de Calor Solar igual ou inferior a 3%.
I - EXTERIOR DA EDIFICAÇÃO:
23. Nos meses em que ocorre o indicador A2 os ambientes internos podem permanecer excessivamente
quentes durante as noites. Em algumas regiões do mundo onde essa situação costuma acontecer, durante
esse período a população prefere dormir ao ar livre, em terraços.
24. Em climas de forte pluviosidade, a água que escorre das coberturas podem provocar erosão ao redor
das edificações bem como comprometer os revestimentos exteriores.
48
12. TABELAS
TABELA 1: Condutividade (λ), Massa Específica Aparente (ρ) e Calor Específico (c)
λ ρ c
MATERIAL / ELEMENTO W/m oC Kg/m3 J/Kg oC
Água 0,62 1000 4187
Ar seco 0,024 1,29 1005
Areia seca 0,49 1600 2093
Areia úmida 2,35 variável 8374
Argamassa de cal e cimento (ou de cimento) 0,65 1600 754
0,85 1800 754
1,05 2000 754
Argamassa de cal, cimento e areia (1:2:4) 0,52 1600 1005
0,85 2000 1005
1,09 2200 1005
Argamassa celular 0,30 600 1047
0,51 1000 1047
0,81 1400 1047
Argamassa de gesso (ou de cal e gesso) 0,53 1000 837
0,70 1200 837
Cerâmica (tipo usado em tijolos maciços) 0,72 1300 960
0,83 1700 960
Cerâmica (tipo usado em tijolos vazados) 0,28 800 960
0,40 1200 960
Cerâmica (tipo usado em telhas) 0,70 1800 960
0,93 2000 960
Cerâmica (tipo usado em pisos) 1,10 2000 1005
Concreto comum 1,28 2000 1005
1,50 2200 1005
1,75 2400 1005
Concreto armado 1,75 2400 1005
Concreto com argila expandida 0,85 1500 960
1,05 1700 960
Concreto muito leve (com vermiculite) 0,17 600 960
0,33 1000 960
0,50 1400 960
Concreto celular autoclavado 0,10 300 960
0,16 600 960
0,27 1000 960
Cortiça 0,04 100 1424
0,05 200 1424
0,10 500 1424
Feltro asfáltico 0,14 1200 1675
Fibra de vidro 0,03 70 754
Fibrocimento (placas ou telhas) 0,65 1600 1600
0,95 2000 2000
Gesso (placa) 0,35 750 840
0,53 1500 840
Lã de rocha 0,03 100 755
0,04 150 755
49
λ ρ c
MATERIAL / ELEMENTO W/m oC Kg/m3 J/Kg oC
Lã de vidro 0,05 24 755
0,04 64 755
0,04 76 755
0,03 96 755
Madeiras:
- cedro 0,12 400 1424
- balsa 0,05 90 1424
- carvalho 0,15 700 1424
- peroba 0,22 900 1424
- pinho 0,12 500 1424
- fibras ou lascas de madeira 0,06 140 1675
- painel de madeira aglomerada 0,14 550 1424
- painel de madeira compensada 0,20 800 1424
Metais:
- aço 52,00 7780 460
- aço ixoxidável 46,00 7800 460
- alumínio 230,00 2700 879
- cobre 380,00 8930 376
- ferro puro 72,00 7870 460
- zinco 112,00 7130 376
Pedras:
- ardósia 2,10 2700 837
- arenito 1,28 2000 837
- basalto 3,50 2900 837
- calcáreo 1,40 2000 837
- granito ou mármore 3,40 2700 837
Plásticos isolantes:
- poliestireno expandido 0,04 18 1675
- poliestireno expandido 0,04 30 1675
- polistireno estrudado 0,03 30 1675
- espuma rígida de poliuretano 0,03 35 1675
Terra úmida 0,60 1800 1465
Vidro 1,16 2700 837
50
TABELA 2: Absortância (α) para radiação solar (ondas curtas) e
Emissividade(ε) para radiações a temperaturas comuns (ondas longas)
Tipo de superfície α ε
Chapa de alumínio (brilhante) 0,05 0,05
Chapa de alumínio (oxidada) 0,15 0,12
Chapa de aço galvanizada (brilhante) 0,25 0,25
Caiação nova 0,12 / 0,15 0,90
Concreto aparente 0,65 / 0,80 0,85 / 0,95
Telha de barro 0,75 / 0,80 0,85 / 0,95
Tijolo aparente 0,65 / 0,80 0,85 / 0,95
Reboco claro 0,30 / 0,50 0,85 / 0,95
Revestimento asfáltico 0,85 / 0,98 0,90 / 0,98
Vidro de janela transparente 0,90 / 0,95
Pintura:
- branca 0,20 0,90
- "alumínio" 0,40 0,90
- amarela 0,30 0,50
- verde claro 0,40 0,90
- verde escuro 0,70 0,90
- vermelha 0,74 0,90
- preta 0,97 0,90
Observação: O sol irradia em ampla faixa de comprimentos de onda, sendo que aproximadamente
52% dessa energia é emitida em infra-vermelho, fora portanto do espectro visível, intervalo que
provoca as sensações visuais de cores. Por este motivo, nem sempre a absortância pode ser
relacionada com a cor de uma superfície.
Tipo de vidro τ α ρ
Comum 0,80 0,12 0,08
Pouco transparente 0,72 0,20 0,08
Tipo refletor 0,60 0,10 0,30
Refletor e absorvente 0,30 0,45 0,25
Comum + comum (caixilho duplo) 0,64 0,24 0,12
Comum + refletor (caixilho duplo) 0,48 0,14 0,38
ε1 ε2 E Observações
0,90 0,90 0,82 Duas superfícies foscas (parede dupla)
0,90 0,20 0,20
0,90 0,10 0,10 Uma superfície fosca e outra brilhante
0,90 0,05 0,05
0,20 0,20 0,11
0,10 0,10 0,05 Duas superfícies brilhantes
0,05 0,05 0,03
51
TABELA 5: Resistências Térmicas (Rar) de de lâminas de ar fechadas, com espessura
entre 2 e 10 cm, em função das Emissividades Efetivas (Ef) e do sentido do fluxo de calor.
U μ ϕ
MATERIAL / ELEMENTO (W/m2 oC) (%) (horas)
Laje de concreto com 5 cm de espessura 5,0 0,90 1,5
Laje de concreto com 10 cm de espessura 4,4 0,85 3
2,5 cm isopor sobre 5 cm de laje de concreto 1,2 0,75 3
5,0 cm isopor sobre 10 cm de laje de concreto 0,7 0,45 5,5
10 cm de laje de concreto sobre 5 cm de isopor 0,7 0,80 3,5
As tabelas seguintes foram extraidas da publicação "Normais Climatológicas", editada em 1992 pelo
Departamento Nacional de Meteorologia do Ministério da Agricultura, em Brasília, e se referem ao
período compreendido entre os anos de 1961 e 1990.
As cidades estão aqui divididas em dois grupos. O primeiro corresponde às capitais, ordenadas
alfabeticamente pelas siglas dos respectivos estados. O segundo grupo é constituido por exemplos de
situações climáticas extremas, em temperatura ou umidade, selecionadas entre as 209 estações
meteorológicas que constam da publicação. As tabelas apresentam as seguintes variáveis climáticas:
52
A) Primeiro Grupo: As capitais
53
Cidade: Brasília - DF Latitude: 15,8 Longitude: 47,9 Altitude: 1160
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 32,6 31,2 32,1 31 29,7 28,6 29,9 32,2 33,2 34,5 33,3 33,7 34,5
Min. Abs. 12,2 11 14,6 10,7 3,2 3,3 1,6 5 10,8 12 13,1 13,5 1,6
Med. Max. 26,9 26,7 27,1 26,6 25,7 25,2 25,1 27,3 28,3 27,5 26,6 26,2 26,6
Med. Min. 17,4 17,4 17,5 16,8 15 13,3 12,9 14,6 16 17,4 17,5 17,5 16,1
Umid Relat 76 77 76 75 68 61 56 49 53 66 75 79 68
Precipit. 241 215 189 124 39 9 12 13 52 172 238 249 1553
Nebulosid. 7 7 7 6 5 3 3 3 4 7 8 8 5,7
54
Cidade: Belo Horizonte - MG Latitude: 19,9 Longitude: 43,9 Altitude: 850
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 35,4 33,6 33,4 32,3 31,4 30 30,4 33,8 34,7 36,9 34,4 34,4 36,9
Min. Abs. 15,1 14,7 12,8 10,8 7,5 3,1 5,4 7,2 9,2 11,4 9,1 13,5 3,1
Med. Max. 28,2 28,8 28,6 27,5 26 25 24,6 26,5 27,2 27,7 27,5 27,3 27,1
Med. Min. 18,8 19 18,8 17,3 15 13,4 13,1 14,4 16,2 17,5 18,2 18,4 16,7
Umid Relat 79 75 75 74 73 71 69 75 65 70 74 78 73
Precipit. 296 188 164 61 28 14 16 14 41 123 228 319 1492
Nebulosid. 6,9 6,2 5,8 4,9 4,1 3,5 3,4 3,3 4,3 6,2 6,9 7,2 5,3
55
Cidade: Teresina - PI Latitude: 5,1 Longitude: 42,8 Altitude: 74
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 38,4 36,6 36,8 34,6 35 35,9 37,2 38,6 39,6 40,3 39,7 39,5 40,3
Min. Abs. 20 19,2 20,2 19,9 19,4 16,4 15 15,8 16,4 18,8 19,4 20 15
Med. Max. 32,2 30,1 30,1 31,6 31,8 32,4 33,3 33,5 35,8 36,4 35,4 34,2 33,1
Med. Min. 22,5 22,4 22,4 22,7 22,4 21,2 20,4 20,5 22 22,8 23 23,1 22,1
Umid Relat 75 83 83 84 81 72 65 59 56 58 60 64 70
Precipit. 248 261 286 268 110 25 13 12 17 18 65 126 1449
Nebulosid. 6,8 6,7 6,9 6,7 4,6 3,3 2,9 2,9 3,3 4,3 4,9 5,8 4,9
56
Cidade: Aracajú - SE Latitude: 10,9 Longitude: 37,0 Altitude: 5
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 34,2 33,5 35,2 32,1 32,3 32 30,4 29,3 29,4 32,5 34 33,8 35,2
Min. Abs. 21,9 21,8 21,7 21,3 20,6 19,7 19,2 18,5 25,6 20,5 21,1 21,2 18,5
Med. Max. 29,6 29 29,8 29,4 28,5 27,6 27 26,9 27,4 28,2 28,6 29,1 28,4
Med. Min. 24,3 24,2 24,2 23,6 23,1 22,3 21,6 21,6 22,5 23,3 23,5 23,8 23,2
Umid Relat 78 77 78 80 78 77 78 78 78 79 79 79 78
Precipit. 58 78 149 242 273 216 207 101 95 72 47 57 1595
Nebulosid. 5,1 5,4 5,8 6,2 6,3 6,3 6,3 5,8 5,8 5,1 4,9 5,3 5,7
57
Estação com Menores Temperaturas Médias das Mínimas
Cidade: Campos do Jordão - SP Latitude: 22,7 Longitude: 45,6 Altitude: 1579
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. - - - - - - - - - - - - -
Min. Abs. 6,6 5,7 5,1 0,8 -6,2 -7,3 -6,1 -5,5 -2,8 -1,0 1,4 1,8 -7,3
Med. Max. 21 20,8 20,3 18,6 17,6 15,9 14,8 16,9 18,6 18,9 20,1 19,6 18,6
Med. Min. 12,4 12,2 11,3 9 5,7 3,6 2,7 4 6,4 8,5 10,1 11,6 8,1
Umid Relat 87 84 83 85 88 84 77 76 76 81 86 87 83
Precipit. 322 238 176 106 74 50 38 76 79 151 195 280 1785
Nebulosid. 7,1 6,8 6,8 6,3 5,2 4,8 5 5,4 6,5 7,5 7,5 7,8 6,4
Estação com Maiores Diferenças Anuais entre Médias de Máximas e Médias de Mínimas
Cidade: Santa Rita de Cássia - BA Latitude: 11,0 Longitude: 44,5 Altitude: 550
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 37,7 41,3 37,3 37,1 36,5 36,7 36,4 38,7 39,7 40,5 40,3 39,5 41,3
Min. Abs. 16,7 16,6 16,8 15,6 12,8 10,4 9,7 9,7 11,9 14,6 16,3 16 9,7
Med. Max. 31,3 31,1 31,2 31 31,4 31,2 31,7 33,3 34,7 34,5 32,6 31,8 32,2
Med. Min. 19,1 19,2 19,2 18,7 16,6 14 12,7 13,2 15,9 18,7 19,3 19,1 17,1
Umid Relat 77 78 78 78 73 68 60 55 51 58 69 75 68
Precipit. 161 140 155 101 20 4 1 1 19 70 160 175 1006
Nebulosid. 6,4 6,4 6,2 5,6 4,6 3,7 3,3 3,1 3,9 5,8 6,4 6,4 5,1
Estação com Menores Diferenças Anuais entre Médias de Máximas e Médias de Mínimas
Cidade: Fernando de Noronha - PE Latitude: 3,8 Longitude: 32,4 Altitude: 57
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 32 32 32,2 32,2 31,6 30,2 30 30,2 30,5 30,9 31,5 32,2 32,2
Min. Abs. 22 17,7 21,8 20,7 20,6 20,8 19,4 20 21,5 22 22 20,8 17,7
Med. Max. 29,8 30 29,7 29,6 29,2 28,7 28,1 28,1 28,7 29,1 29,5 29,8 29,2
Med. Min. 24,9 24,8 24,6 24,5 24,5 24,2 23,8 23,8 24,1 24,4 24,6 24,9 24,4
Umid Relat 78 76 81 84 83 81 81 77 73 75 75 76 78
Precipit. 63 111 264 290 280 190 122 37 19 12 13 18 1419
Nebulosid. 5 6 6 6 6 5 5 4 4 4 4 5 5
58
Estação com Menor Média Anual de Umidades Relativas
Cidade: Maringá - PR Latitude: 23,4 Longitude: 52,0 Altitude: 542
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 36,4 37,8 36,7 34 32 30,2 31,4 34 37,2 37,4 40 37,4 40
Min. Abs. 11,2 13,9 9,4 5 1,8 1 -1 -0,2 4,6 9,2 10,2 13,2 -1
Med. Max. 24 24,1 22,8 22 18,4 16,5 17,7 18,6 20,4 21,8 21,5 23,6 21
Med. Min. 15,7 15,8 14,5 13,5 10,8 9,6 9,6 10,5 11,8 12,9 13,3 15,1 12,8
Umid Relat 59 59 54 56 51 52 48 45 48 68 48 57 54
Precipit. 151 136 111 96 90 76 49 38 77 124 91 155 1194
Nebulosid. 4,7 4,9 3,9 3,8 3,4 3,3 2,9 3,1 3,9 3,9 4 4,9 3,9
59
Estação com Menor Média Anual de Nebulosidade
Cidade: Paulistana - PI Latitude: 8,1 Longitude: 41,1 Altitude: 374
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Max. Abs. 37,7 37,6 38,1 37,7 37,5 36 35,7 36,9 37,7 38,7 39,8 38,3 39,8
Min. Abs. 17 18,5 17,7 17,4 15,3 16 15 16,7 16,9 18,7 19,1 17,3 15
Med. Max. 31,4 31,2 30,5 30,8 31,4 31 30,9 30,2 33,9 34,5 34,3 32,5 31,9
Med. Min. 23,4 21,8 22 22,2 22,3 21,4 21,1 20,1 23,5 24,7 25 23,6 22,6
Umid Relat 65 65 74 70 62 55 53 43 42 44 48 57 56
Precipit. 95 117 149 58 12 2 2 0 5 16 45 96 597
Nebulosid. 4,8 4,8 4,8 3,6 2,9 2,3 1,7 1,3 2,2 2,8 3,5 4,4 3,3
60
13. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ABNT NBR 15220 - Partes 1 a 5: Desempenho Térmico de Edificações. Associação Brasileira de Normas
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