Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Veiga, José Eli Da - Aquecimento Global PDF
Veiga, José Eli Da - Aquecimento Global PDF
DEPARTAMENTO de ECONOMIA
Sumário
1. Introdução p. 3
5. Conclusão p. 30
Anexo 2 – Tabelas p. 40
BIBLIOGRAFIA p. 45
3
1. Introdução
São dez os mais sérios problemas ambientais que precisarão ser enfrentados
para que o processo de desenvolvimento tenha chance de ser sustentável. 2 Mas
há um critério que imediatamente os distingue. Alguns - como a poluição dos
rios, por exemplo - podem ser revertidos, e suas conseqüências tendem a ser
mitigadas com o enriquecimento das sociedades. Outros – como a mudança
climática – se confirmados, seriam de dificílimo manejo, mesmo na hipótese
de que possa surgir prioritária e efetiva ação conjunta da comunidade
internacional. Além disso, um sério aquecimento global teria um forte impacto
negativo sobre muitos ecossistemas, reduzindo e até anulando ganhos obtidos
por práticas de conservação da biodiversidade, de gestão dos recursos
hídricos, ou mesmo na produção alimentar.
1
Texto apresentado na sessão de 07/11/2007 do ciclo de seminários do Departamento de Economia da
FEA/USP intitulado “Brasil no Século XXI: Desafios do Futuro”.
2
A lista dos dez que estão na agenda do debate público internacional é bem diferente da lista de um bom
observador científico, como mostra a comparação entre LOMBORG (2002: 113-390) e DIAMOND (2005:
582-593). Mas questões como água, biodiversidade e clima estão bem enfatizadas em ambas.
4
Para abordar tal questão este texto lidará com quatro controvérsias. As duas
primeiras pertencem às ciências naturais, a terceira à ciência econômica e a
quarta à ciência política. É preciso desde logo enfatizar que não chega a ser
unânime a tese de que esteja havendo aquecimento, e menos ainda que sua
principal causa seja de caráter antrópico. Admitidas essas duas hipóteses,
também há grande divergência sobre a avaliação dos custos do combate ao
aquecimento, bem como sobre o decorrente plano de repartição de sacrifícios
e/ou investimentos. Finalmente, há um inevitável complexo jogo de interesses
e conflitos geopolíticos que necessariamente condiciona o posicionamento do
Brasil nas negociações internacionais.
3
Um aprofundamento da discussão política sobre a posição do governo brasileiro não pode ser feito do
âmbito deste texto. Por isso, o final do tópico 4 se limita a apontar alguns de seus elementos centrais.
5
4
Embora talvez tenham equivalente influência algumas das manifestações de Roy Spencer, “U.S. Science
Team Leader for the Advanced Microwave Scanning Radiometer (AMSR-E) on NASA’s Aqua satellite”, e
diretor de pesquisas na Universidade do Alabama em Huntsville.
5
Podem ser citados apenas o ex-reitor daUnB José Carlos Azevedo, doutor em Física pelo MIT, e o professor
da UFAL, Luiz Carlos Molion, doutor em física pela USP, e autor da seguinte avaliação: “Em resumo, a
variabilidade natural do Clima não permite afirmar que o aquecimento de 0,6oC seja decorrente da
intensificação - natural ou causada pelas atividades humanas - do efeito-estufa, ou mesmo que essa tendência
de aquecimento persistirá nas próximas décadas, como querem os cenários produzidos pelo IPCC. A aparente
consistência entre os registros históricos e as previsões dos modelos não significa que ele já esteja ocorrendo.
Na realidade, as características desses registros históricos conflitam com a hipótese do efeito-estufa
intensificado. O planeta aqueceu-se mais rapidamente entre 1920 - 50, quando a quantidade de CO2 lançada
na atmosfera era inferior a 10% da atual, e resfriou-se entre 1947-76, quando ocorreu o desenvolvimento
econômico acelerado após a Segunda Guerra. Dados de satélites não confirmaram o aquecimento pós-1978,
aparente na série de temperatura obtida com dados de superfície. O único fato incontestável é que a
concentração de CO2 aumentou de 35% nos últimos 150 anos. Porém, isso pode ter sido devido a variações
internas ao sistema Terra-oceano-atmosfera. Sabe-se que a solubilidade do CO2 nos oceanos depende de sua
temperatura com uma relação inversa. Como a temperatura dos oceanos aumentou, devido à redução do
albedo planetário e ao aquecimento do sistema entre 1920-50, a absorção de CO2 pelos oceanos pode ter sido
reduzida e mais CO2 ter ficado armazenado na atmosfera. Portanto, não se pode afirmar que foi o aumento de
CO2 que causou o aumento de temperatura. Pode ter sido exatamente ao contrário, ou seja, que o CO2 tenha
aumentado como resposta ao aumento de temperatura dos oceanos e do ar adjacente” (MOLION, 2003:8).
6
Exemplo bem recente está na entrevista que o já citado Molion concedeu à revista Isto É de 4/10/2007, na
qual o IPCC é acusado de estar a serviço de um terrorismo climático neocolonialista. Reconhece que
6
cientistas são honestos, mas acrescenta que hoje há muito mais dinheiro nas pesquisas sobre clima para quem
é favorável à tese do aquecimento global. Segundo Molion, muitos cientistas se “prostituem”, se vendem para
ter seus projetos aprovados, dançando a música tocada pelo IPCC.
7
Na citada entrevista à revista Isto É, de 04/10/07, o físico Luiz Carlos Molion faz a seguinte observação:
“Quando a gente olha a série temporal de 150 anos usada pelos defensores da tese do aquecimento, vê
claramente que houve um período, entre 1925 e 1946, em que a temperatura média global sofreu um aumento
de cerca de 0,4 frau centígrado. Aí a pergunta é: esse aquecimento foi devido ao CO2? Como, se nessa época
o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a
atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas.”
8
Para os que acham exagerada a importância atribuída neste tópico às teses do ditos “céticos”, só se pode
aconselhar a leitura do capítulo 18 de HOBSBAWN (1995:504-536).
7
Dados do UKMet Office, Hadley Centre for Climate Prediction and Research.
Fonte: KELLER (2003: 361)
Seja como for, há pelo menos três boas razões para se admitir que o
aquecimento global esteja ocorrendo e seja man-made. Primeiro, o fato de que
essa tese venha obtendo muito mais respaldo nas comunidades científicas
envolvidas do que a tese oposta, dos ditos “céticos”. 9 É fato que a história da
ciência está cheia de exemplos em que a verdade estava com a minoria, mas
há cada vez menos motivos para se acreditar que a controvérsia sobre o
aquecimento global será mais um caso para essa lista. A segunda razão
decorre daquilo que tem sido chamado de “princípio da precaução”, por mais
que possa ser polêmico. 10 Quando há incerteza sobre o rumo que poderá
9
Há divergências internas do lado dos que poderiam ser chamados de “convictos”. Por exemplo, sobre a
influência dos oceanos. Um possível “resfriamento global” causado pelo Pacífico, por exemplo, preocupa o
pesquisador Edmo Campos, do Instituto Oceanográfico da USP. (cf. Agência Fapesp, 06/11/2007). Ou sobre
a magnitude dos feedbacks positivos e negativos relacionados às nuvens e às erupções vulcânicas (KELLER,
2007). Mas parece óbvio que tais divergências são muito menos sérias do que o choque com os ditos
“céticos”.
10
Ver a propósito a excelente dissertação de SETZER (2007).
8
E a terceira razão resulta de puro realismo político. Por mais que ainda haja
certa resistência de alguns importantes governos (como os dos EUA e da
Austrália), a comunidade internacional vem agindo há quinze anos com base
em consenso mínimo sobre o aquecimento global antrópico. Momentos
decisivos desse processo foram três: a Convenção assinada na Rio-92, hoje
ratificada por quase todas a nações; o Protocolo de Kyoto, de 1997; e a
declaração da cúpula do G8, em 2007. O único líder nacional que ainda rema
radicalmente contra tudo isso parece ser o presidente da República Tcheca,
Vaclav Klaus. 11 E o Protocolo será substituído por um novo regime que
certamente será mais rigoroso e abrangente, mesmo que ainda se mostre
insuficiente.
São três fortes razões para que se atribua muita importância para as
racionalidades - econômica e política – das possíveis propostas de combate ao
aquecimento global. Para os objetivos deste texto, o que mais interessa é que o
processo de mudanças institucionais será decisivamente determinado pela
admissão da tese do aquecimento global provocado pelas atividades humanas,
mesmo entendendo que a controvérsia científica sobre ela esteja longe de se
encerrar.
11
A conferência que pronunciou em 07/11/2007 na Chatham House, Londres, teve por título “The
problematic side of global warming alarmism”.
12
Foi em 1971 que a conferência “Study of Man’s Impact on Climate” reuniu, em Estocolmo, estudiosos
provenientes de 14 países.
9
16
“The main thrust of the Nordhaus analysis is that little action needs to be taken on greenhouse abatement
unless one is pessimistic about damages. In contrast, the analysis of this study suggests that an aggressive
course of abatement is warranted, at least with risk aversion” (CLINE, 1992: 307).
17
É muito importante registrar que a expectativa de redução de emissões que pode ser atribuída ao pleno
emprego do atual “MDL” não chega a 1% da necessidade, mesmo na hipótese arriscada de se adotar como
objetivo a estabilização da concentração de CO2e em 550 ppm. Como enfatiza LUCON (2007), para 2012, a
primeira é de 1.900 Mt CO2e, e a segunda é de 205.333 Mt CO2e, o que dá 0,9%.
18
Neste parágrafo e nos dois seguintes está reproduzida uma das reflexões contidas no excelente Box 4.1 do
relatório “Lighting the way”, do INTERACADEMY COUNCIL (2007: 132).
11
19
Apesar de o aquecimento global não ser uma externalidade padrão, pois envolve incertezas de grande
magnitude, ineficiência institucional e a ausência de uma jurisdição mundial única.
12
É importante ressaltar que esse dilema entre os dois esquemas vem sendo
motivo de grande preocupação entre os parlamentares americanos e britânicos
(CBO, 2003, 2005; HOUSE OF LORDS, 2005). Os relatórios técnicos que
encomendaram tendem a ser favoráveis à posição de Nordhaus, muito embora
devessem apenas descrever o estado da arte em EAG.
Todavia, é preciso esclarecer que qualquer cálculo sobre o atual custo social
do carbono, assim como do valor do imposto que deveria ser estabelecido num
futuro próximo, depende de duas escolhas arbitrárias que sempre estarão
condicionadas a pressupostos éticos. Primeiro, a fixação do objetivo em
termos de concentração de dióxido de carbono na atmosfera (ou de aumento
da temperatura). Depois, a taxa de desconto (ver ANEXO 1). Conforme
cálculos mais recentes de Nordhaus, se a opção for por um aumento limitado a
2 graus centígrados entre 1900 e 2100, sua estimativa do custo social do
carbono para 2005 será de US$ 45,3 e o valor do imposto proposto para 2010
de US$ 60,2. No entanto, como também calculou que o aumento ótimo seria
de 2,8 graus centígrados (o que está longe de ser consenso entre os cientistas
naturais), então propõe para 2010 um imposto de apenas US$ 33,8 -
correspondente a uma estimativa do custo social do carbono de US$ 27,3 em
2005 (mais detalhes dessas estimativas estão na TABELA A3-1, no ANEXO
3).
20
Tol calculou que a estimativa média é de 93 US$ / tC (mediana = 4 US$ / tC e 95º percentil = 350 US$ /
tC). No caso dos estudos que adotam uma taxa de desconto do consumo (r) inferior a 2%, o 95º percentil fica
acima dos US$ 2.000 / tC, enquanto para uma taxa de desconto superior a 4% esse valor fica em 37 US$ / tC,
evidenciando a altíssima sensibilidade dos resultados à taxa de desconto adotada. Também notou uma
correlação positiva entre a premissa de uma taxa de desconto muito baixa e a ausência de revisão do trabalho
por outros estudiosos (peer-review). Ou seja, os trabalhos de menor qualidade (sem peer-review) tenderiam a
superestimar as estimativas de custos, enquanto a estimativa média dos trabalhos que passaram pelo crivo de
outros estudiosos fica próxima dos US$ 50 / tC, sendo que a maior parte das observações está abaixo disso.
13
Alguns de seus críticos acham que esse relatório até pode estar certo por
razões erradas. Concordam com a proposta de início imediato de ações muito
mais firmes que as previstas no Protocolo de Kyoto, mas ponderam que o
pressuposto ético da igualdade intergeracional 21 não é um argumento
economicamente razoável para justificar tal urgência. (MURPHY, TOL &
YOHE, 2007). 22 A diferença entre a trajetória dos investimentos em mitigação
proposta pelo relatório Stern e pela “rampa” de Nordhaus está ilustrada na
FIGURA 2.
21
Stern invoca o pressuposto ético de igualdade intergeracional para assumir uma taxa de desconto do tempo
(ρ) = 0,1%. Argumenta que a preferência pelo consumo presente (ρ) só se justifica devido ao risco de extinção
da espécie humana, pois não seria moralmente correto dar maior peso ao consumo presente por simples
impaciência. Imputando esse valor na equação do equilíbrio de Ramsey (VI), junto com η = 1 e g = 1,3%, o
relatório obtém uma taxa de retorno do capital de 1,4%, que fica muito abaixo das taxas reais de juros
observadas no mercado. Note-se que tal posicionamento ressuscitou as idéias de CLINE (1992). Ele havia
adotado ρ = 0,1%, η = 1,5 e g = 1,5%, respectivamente, e acreditava que esses parâmetros não deveriam ser
determinados pelas taxas observadas no mercado.
22
Segundo as estimativas desses autores, o custo social da tonelada de carbono estaria atualmente por volta de
US$ 15 e deveria aumentar consistentemente a uma taxa anual igual à taxa real de juros.
14
Em suma, existe uma forte controvérsia sobre o nível ótimo de mitigação das
emissões de CO2, que levará bastante tempo para ser superada (se for), devido
aos pressupostos éticos envolvidos. Por outro lado, verifica-se a formação de
certo consenso sobre a necessidade de criação de imposto sobre as emissões
de carbono. 23 Posição semelhante foi adotada pelos lordes, também em 2005,
ao criticarem o imposto criado pelo governo britânico para reduzir as emissões
de carbono, pois estaria mal direcionado ao recair sobre a energia e não sobre
o carbono: “We urge the Government to replace the present Climate Change
Levy with a carbon tax as soon as possible” (HOUSE OF LORDS, 2005: 6).
24
23
Os técnicos do Congresso americano formularam tal consenso com as seguintes palavras: “In sum, price-
based policy instruments appear to be superior to caps, at least for the present—when uncertainty about the
potential for catastrophic effects is large, the temperature increase that could trigger catastrophic outcomes is
unknown, and the emissions reductions being contemplated fall substantially short of a complete shutdown.
However, the choice of instrument could be revisited as information and circumstances change. Policymakers
could switch from a price instrument to an emissions cap if possible future damages became more imminent
and certain or if the potential for catastrophic effects became clearer. A hybrid cap-and-trade program with a
safety-valve price could be easily transformed into an emissions cap simply by eliminating the safety valve”
(CBO, 2005: 31).
24
Eles assim resumiam as vantagens da taxação do carbono: “• it raises the price of emissions;• it could be
introduced only after a per capita income threshold has been reached, avoiding any initial rejection of the
measure by developing countries but gradually bringing them into the agreement as their development
proceeds;• it could be based on consumption; • it avoids tariffs in relation to trade between parties to the
agreement, but with border tax adjustments for trade between participating and nonparticipating countries;
and • it avoids potential large changes in permit prices which can have a detrimental effect on investment
decisions. The tax remains constant, or rises steadily over time, and emissions adjust”. E as desvantagens:
“(...) taxes may fail to achieve quantitative goals if governments fail to estimate accurately the response of
emitters. Varying the tax as information about such responses evolve is one option, but this may only
reinforce the uncertainty that emitters face” (HOUSE OF LORDS, 2005: 67-68).
16
25
Uma evolução no sentido de um arranjo híbrido, assim formulado por William D. Nordhaus: “We suggest
that a hybrid approach, which we call ‘cap-and-tax,’ might combine the strengths of both quantity and price
approaches. An example of a hybrid plan would be a traditional cap-and-trade system combined with a base
carbon tax and a safety-valve available ata a penalty price. For example, the initial carbon tax might be $30
per ton of carbon with a safety-valve purchases of additional permits available at a 50 percent premium.”
(NORDHAUS, 2007:130)
17
Diante desse panorama, o que pensar das perspectivas de outro regime para
depois de 2012? A resposta mais comum é afirmar que tudo dependerá de
quem vier a ocupar a Casa Branca no início de 2009. As inequívocas
mudanças de percepção sobre os riscos do aquecimento global,
particularmente entre os americanos, já teriam criado as condições políticas
para se chegar a algum compromisso mais sério e global. E, nesse embalo,
também seria provável que a semi-periferia se dispusesse a aceitar algum tipo
de compromisso, mesmo que diferenciado.
Por isso, não poderia ter sido mais oportuno o relatório “Iluminando o
caminho: em direção a um futuro de energia sustentável”, lançado no final de
outubro de 2007 pelo INTERACADEMY COUNCIL (2007), que articula as
mais importantes academias de ciência e de engenharia do mundo, com sede
na Holanda. Toda a ênfase está na necessidade de acelerar as pesquisas
científicas e tecnológicas focadas nas possibilidades de descarbonização das
matrizes energéticas. Claro, enquanto esses futuros modos de subverter a
ditadura das energias fósseis não se viabilizarem, será imprescindível avançar
em soluções paliativas, entre as quais se destacam nove: a) aumento da
eficiência energética; b) redução da intensidade de carbono das economias; c)
captura e seqüestro de carbono proveniente de combustíveis fósseis,
principalmente do carvão; d) uso da energia nuclear condicionado ao
equacionamento de sua tripla restrição (custo, segurança e risco bélico); e)
maior uso de energias renováveis já disponíveis; f) maior uso de
biocombustíveis; g) tecnologias de armazenagem de energia; h) melhores
infraestruturas de transmissão; i) desenvolvimento de novos vetores
energéticos, como o hidrogênio.
26
Ver a respeito o capítulo 4 do Relatório do Banco Mundial de 1999-2000, p.87-102.
19
Esses valores podem ser facilmente contestados, pois - como foi visto no
tópico anterior - seus cálculos dependem de duas escolhas arbitrárias com
evidentes pressupostos éticos: a de um teto para o aumento da temperatura (ou
para a concentração de CO2 na atmosfera), e a de uma taxa de desconto do
futuro. Também não há clareza no relatório sobre a necessidade de se acoplar
um imposto ao esquema de metas quantitativas de emissões, o que engendraria
uma política hibrida (“cap-and-tax”). Mas tais insuficiências são bem
secundárias se comparadas à relevância da contribuição desse relatório para o
fortalecimento da tese de que emissão de carbono tem que custar caro. E isso
só aumenta as chances de que a racionalidade econômica também seja
convidada a participar das negociações que tomarão forte impulso com a
reunião da Convenção do Clima do início de dezembro de 2007 em Bali.
Resposta das mais otimistas veio de Robert Socolow e Stephen Pacala, dois
pesquisadores de Princeton, reproduzida na edição especial da revista
Scientific American – Brasil de outubro 2006. Para que haja estabilização nos
próximos 50 anos, sem impedir o crescimento econômico, seria preciso adotar
um conjunto de medidas adiante sintetizado em meia dúzia de tópicos.
Nem é preciso dizer que esse tipo de plano, idealizado por um ecólogo e um
engenheiro, soa como estória da carochinha para pesquisadores das ciências
sociais aplicadas. Talvez fosse mais realista pedir a imediata eleição de um
governo mundial, do que supor a viabilidade de uma coordenação de tais
iniciativas por quase duas centenas de nações. Por outro lado, esse tipo de
abordagem ajuda a realçar a dimensão estratégica do problema. Mesmo que
muitos dos esquemas de redução de emissões venham a se efetivar, ainda
assim o mundo precisará de inovações radicais que forneçam entre 10 a 30
terawatts sem expelir uma tonelada sequer de dióxido de carbono. Ou seja, se
houver saída, ela estará em inéditas fontes de energia livres de carbono. De
modo que pressupor a existência de soluções tecnológicas prontas para
substituir as emissões de gases estufa não é realista, e por isso as políticas de
enfrentamento do aquecimento global devem ser necessariamente diferentes
daquelas que com sucesso enfrentaram outros problemas ambientais.
27
Algumas empresas estão avançando na direção do carvão limpo, mas o impacto positivo de tais iniciativas
ainda demorará a chegar. Segundo analistas, o uso do carvão poderá aumentar 75% nas próximas décadas. E
os dados do Departamento de Energia dos EUA também indicam que as emissões de CO2 prouzidas pelo
carvão também poderão aumentar 75% até 2030. Ver artigo “Tecnologia do ‘carvão limpo’ ainda é desafio
para empresas”, da revista Der Spiegel, traduzido pelo jornal O Estado de S.Paulo, 07/11/2007.
21
Também foi Monbiot que fez a melhor síntese do problema político a ser
enfrentado para que um novo regime internacional a vigorar a partir de 2012
não seja mais inócuo, como foi o Protocolo de Kyoto. No prefácio à edição de
2007 ele começa por evocar o consenso entre cientistas naturais de que será
loucura deixar que a temperatura global aumente dois graus centígrados (2º C)
além de seu nível pré-industrial. Vários dos riscos de relar nesse teto estão
estimados: entre 0,7 e 4,4 bilhões de pessoas sofreriam de crescente falta de
água; haveria queda de rendimentos agrícolas em muitos países pobres; as
florestas amazônicas seriam irreversivelmente comprometidas; de 15 a 40%
das espécies se extinguiriam; geleiras desapareceriam; o derretimento da placa
de gelo da Groenlândia aceleraria a elevação do nível do mar; e o permafrost
siberiano exalaria seu imenso estoque de metano (CH4), gás do efeito estufa
bem mais furioso que o dióxido de carbono (CO2).
28
Não encontrou melhor maneira de fechar esse capítulo do que acusar seu leitor de assassinato: “If you fly,
you destroy other people’ lives” (MONBIOT, 2007: 188).
29
O Brasil foi o único dos BRIC a declinar do convite. E ninguém ligou.
22
Saltos com impactos imprevisíveis, mas tão calamitosos quanto poderia ser o
colapso de inúmeros ecossistemas. Não é difícil perceber, portanto, que
assumidas como corretas as projeções do IPCC, o Protocolo de Kyoto
precisaria ser substituído por um acordo que tivesse por meta central o
estabelecimento de um limite para a concentração de 450 ppm CO2e.
Não é essa, entretanto, a proposta que mais ganha corpo nos debates
internacionais, graças ao sedutor argumento de que o custo anual do combate
à mudança climática seria de 1% do PIB global. O influente relatório de Sir
Nicholas Stern, cujos principais alvos são os governos dos EUA e da
Austrália, toma por baliza o temerário horizonte de 550, em vez de 450 ppm
CO2e (além de ter optado por ínfima taxa de desconto, como já foi assinalado).
Impossível, portanto, haver o menor lampejo de otimismo sobre o regime pós-
Kyoto que poderá emergir no final de 2007 em Bali, apesar das rápidas e
profundas mudanças de percepção e de consciência a respeito do maior dos
problemas ambientais.
30
O relatório Stern cria certa confusão nesse debate, pois implica em altíssima precificação do carbono (US$
305 em 2010), mas, simultaneamente aceita que o limite de concentração possa ser de 550 ppm. Ora, com um
preço tão alto para as emissões, seria possível atingir o nobre obejtivo de se ter apenas 1,5 º C de aumento da
temperatura entre 1900 e 2100, o que exigiria, evidentemente, concentração até inferior a 450 ppm, limite
proposto pelos seus mais severos críticos! Ver TABELA A3-1, no ANEXO 3.
31
Como furacões mais freqüentes e intensos nos EUA e no Caribe; fortes incêndios em muitas áreas dos
EUA e da Austrália; mortes de onda de calor na Europa; intensificação de tufões e tormentas severíssimas no
23
Japão, na China, nas Filipinas e na Indonésia; inundações catastróficas ao lado de severíssimas secas na Índia
e na África; inusitada seca na Amazônia brasileira; e de um primeiro furacão registrado no Atlântico Sul.
32
“A reunião de Washington foi um fracasso por causa da posição conservadora do governo americano, mas
mostrou a consolidação da mudança de posição do governo Bush no último ano, no sentido de não haver mais
incertezas sobre a gravidade do aquecimento global. Inclusive isso pré-anuncia uma mudança muito provável
da posição do Executivo americano a partir da assunção do novo presidente em 2009: todos os pré-candidatos
democratas têm uma posição favorável a uma virada na posição americana no sentido de liderar, com
propostas consistentes e incisivas, os esforços internacionais para mitigar o aquecimento global; e, entre os
pré-candidatos republicanos, dois (MacCain e Giuliani tem posições próximas dos democratas) e os restantes
tem posições mais favoráveis que Bush” (VIOLA, 2007:3).
24
Relacionando esses sinais de mudança, tanto com o perfil dos países que mais
emitem, quanto com as oportunidades técnico-econômicas e mudanças
comportamentais favoráveis a uma transição a uma economia de baixo
carbono, VIOLA (2007) chega a três cenários possíveis para as negociações
internacionais:
33
Ver artigo de Jad Mouawad, do New York Times, traduzido pela Folha de S.Paulo, 11/11/2007, p. B16.
Uma análise mais detalhada do problema se encontra em NORDHAUS (2007b).
34
Segurança climática significa manter a estabilidade relativa do clima global, diminuindo significativamente
o risco de aquecimento mediante mitigação e adaptação. Adaptação “da sociedade internacional e suas
unidades nacionais a novas condições de planeta mais quente e com a existência mais freqüente e mais intensa
de fenômenos climáticos extremos” (VIOLA, 2007:5).
25
A abordagem de teoria dos jogos tem sido utilizada para acoplar o enfoque
estritamente econômico do custo-benefício macroeconômico (em nível global)
de diferentes estratégias de combate ao aquecimento com o enfoque
microeconômico, em que cada país individualmente decide se os benefícios de
ser parte de uma coalizão excedem os custos. FINUS & CABRERA (2005)
chamam um acordo de individualmente racional quando os benefícios líquidos
de participação são maiores do que os de não participação. Mas isso não basta
para que o país decida cooperar, pois os benefícios de tomar uma carona com
os que se comprometerem com o esforço podem ser ainda mais elevados.
Como não existe uma instituição supranacional capaz de punir esse tipo de
atitude, a coalizão deve ser “self-enforcing”.
Todavia, com todos os graus de incerteza que existem nos âmbitos das
ciências naturais, da economia e da política, só pode ser altamente temerária
qualquer conclusão prospectiva a respeito de tais negociações. Afinal, nas
possíveis reações a respeito do risco, é preciso que sejam considerados os três
tipos mais comuns de propensões, que resultam de cruzamentos entre quatro
visões sobre a natureza, com outras quatro sobre a condição humana.
Como tão bem explica John ADAMS (2006:29-50), há primeiro quem esteja
convicto de que a natureza é essencialmente benigna. Isto é, tão robusta,
estável, e previsível, que seu manejo por uma linha não-intervencionista seria
capaz de contrabalançar os males que lhes são infligidos pelos humanos. Em
segundo, há quem a veja como essencialmente delicada. Isto é, tão frágil,
precária, e efêmera, que os humanos só poderiam lidar com ela como se
estivessem “pisando em ovos”. Em terceiro estão os que preferem entendê-la
como simultaneamente perversa e tolerante, pois aceitam ambas as posturas já
mencionadas. Acham que - dentro de certos limites - a mais aceitável é a
primeira (benigna), mas que é preciso ter cuidado para não ultrapassar tais
limites, pois - a partir daí - estaria mais certa a segunda (frágil). E em quarto
lugar surge a idéia de que a natureza é essencialmente caprichosa. Tão
imprevisível que escapa de qualquer pretensão humana de controlá-la.
Essas três atitudes básicas só podem se exacerbar quando não se está apenas
diante de riscos, mas de incertezas. Diz-se que há risco quando se percebe um
perigo possível que seja mais ou menos previsível. Qualquer jogador percebe
sua atividade como risco quando está em condições de prever quais
acontecimentos podem ocorrer, assim como estimar a probabilidade deles
ocorrerem. Já a incerteza define a possibilidade de ocorrer um acontecimento
27
(em geral perigoso) sem que seja possível ter noção sequer aproximada da
probabilidade de ocorrência. Fala-se então de “probabilidade subjetiva”.
Uma das circunstâncias mais comuns sob a qual as sociedades não conseguem
resolver um problema é quando ele toma a forma de uma tendência lenta,
oculta por grandes e freqüentes variações. Como diz Jared DIAMOND (2005),
o melhor exemplo disso em tempos modernos é justamente o aquecimento
global. Ele não quer dizer que o clima fique exatamente 0,01º C mais quente
que o ano anterior. Ao contrário, varia aleatoriamente para cima e para baixo
de ano a ano: certo verão pode estar três graus mais quente que o anterior, o
subseqüente ainda dois graus a mais, quatro graus mais frio no seguinte, um
grau mais frio no próximo, então cinco graus mais quente no outro, etc. Com
flutuações tão grandes e imprevisíveis, demorou muito tempo até que a
tendência média de aumento de 0,01º por ano fosse discernível. 35
35
“Os groelandeses medievais tinham dificuldade semelhante para reconhecer que seu clima estava
esfriando de forma gradual, e os maias e anasazis tinham problemas semelhantes para discernir que seu clima
estava ficando mais seco. Os políticos usam o termo ‘normalidade deslizante’ para se referir a essas lentas
tendências ocultas por trás de flutuações confusas. Se a economia, a educação, o trânsito ou qualquer outra
coisa estiverem se deteriorando aos poucos, é difícil reconhecer que cada ano sucessivo está em média
ligeiramente pior do que o anterior, de modo que o padrão básico daquilo que constitui a ‘normalidade’ muda
gradual e imperceptivelmente. Pode levar algumas décadas de leves mudanças anuais até que as pessoas se
dêem conta, com surpresa, de que as condições costumavam ser muito melhores algumas décadas antes e que
aquilo que se considera normal hoje em dia é uma deterioração daquilo que era normal anteriormente”
(DIAMOND, 2005:508).
36
Segundo recentes estimativas do professor José Goldemberg, o Brasil pode ter emitido 1,141 bilhão de
toneladas em 2006, das quais 855 milhões (75%) teriam vindo de mudanças de uso do solo, como o corte e
queima de árvores. Esse número poderia estar superestimado, pois, conforme a Dra. Thelma Krug, Secretária
de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, em 2006 as emissões provenientes do
desmatamento da Amazônia girariam em torno de 684 milhões de toneladas de CO2. Mas concorda que o
desmatamento ainda é a principal contribuição brasileira, e na mesma proporção observada no período
1990/1994: 75%. Também insiste que 96% das emissões líquidas provenientes de mudanças de uso do solo
devem ser creditadas à conversão de florestas em atividades de agricultura e pecuária. E informa que somente
em 2009 serão divulgados os cálculos das informações coletadas entre 1995 e 2000, ocasião em que talvez
possam também ser divulgadas estimativas para o período 2001-2006. (cf. Cristina Amorim: “País não detém
desmate e permanece entre campeões de emissão de CO2”, O Estado de S.Paulo, 06/11/2007, p. A18.
28
Isto deveria exigir que se fizesse clara distinção entre os dois fenômenos, em
vez de se atribuir apenas aos desmatamentos a responsabilidade pelas
emissões de carbono resultantes de queimadas. As duas práticas precisam ser
combatidas com todo vigor, energia, e firmeza, mas talvez se mostre muito
mais difícil acabar com queimadas que não estão associadas a desmatamentos
do que o contrário. Todavia, quase todos os analistas do aquecimento global
repetem que as emissões brasileiras, por exemplo, seriam radicalmente
reduzidas com o simples fim dos desmatamentos amazônicos, como se fosse
essa a única contribuição proveniente de mudanças do uso do solo.
È muito comum que se diga que no Brasil a mudança imposta pela questão
climática não requererá tantos sacrifícios quanto em outras sociedades. Diz-se
até que a maioria das coisas que farão do Brasil uma sociedade de baixo
carbono deveria ser feita de qualquer forma, mesmo na ausência dessa
ameaça. 38 Mas essa idéia está irremediavelmente ligada à suposição de que as
emissões de carbono do Brasil serão facilmente minimizadas com o
desmatamento zero da Amazônia. Suposição que também gera controvérsia,
pois, como mostra o caso do “Pacto”, são freqüentes as evidências opostas.
Não menos importante é lembrar que “a indústria brasileira está cada vez mais
petroleira”, para usar as palavras do Iedi. A participação dos setores de refino
simplesmente mantida em pé, em vez de investir na exploração sustentável dos recursos florestais. “o que
precisa ser remunerado é uma mudança de paradigma, para produzir sem destruir” (apud Herton Escobar,
“Cientistas rejeitam pagamento por preservação”, O Estado de S. Paulo, 01/11/2007, p.A25).
38
Ver, por exemplo, ABRANCHES (2007:63).
39
Cf. Agência Fapesp, 30-10-2007.
40
Cf. a informativa matéria de Daniel Rittner “Com térmicas, país dobrará a emissão de poluentes em 10
anos”, Valor, 5/11/2007, p. A5.
30
5. Conclusão
41
Cf. Folha de S.Paulo, 05/11/07.
42
Cf. matéria do editor de ciência do jornal Folha de S.Paulo “Governo define pacote anteaquecimento”,
10/11/2007, p. A33,
31
Várias respostas a essas perguntas podem ser encontradas nos debates sobre o
aquecimento global.43 Destacam-se as posições de Stern sobre altos
investimentos em mitigação de emissões que devem começar urgentemente
para reduzir o risco de catástrofes, e a de Nordhaus, sobre uma “rampa” de
investimentos, começando em patamar baixo e crescendo linearmente ao
longo do tempo. A controvérsia entre as estimativas de custos desses autores
perdurará enquanto não forem resolvidos os dilemas éticos da justiça
intergeracional. Todavia, se prevalecer o princípio da precaução, será
inaceitável adotar limites superiores a 450 ppm para a concentração de dióxido
de carbono, ou de aumento superior a 2º C até 2100 com relação a 1900.
Assim, caso seja assumida uma taxa de desconto de 4% - que significa deixar
boa parte dos custos para gerações futuras - chega-se a um custo social 44 da
tonelada de carbono superior a US$ 50, que deveria aumentar pelo menos uns
20% até 2010, atingindo pouco mais de US$ 60. Ao contrário, se for
considerada a baixíssima taxa de 0,1% assumida pelo relatório Stern, o custo
da tonelada de carbono deveria ser cinco vezes maior em 2010. Há, portanto,
uma ampla margem de manobra oferecida aos negociadores do pós-Kyoto,
sendo razoável supor que sejam levados a optar por um imposto cujo valor
provavelmente superará os US$ 100.
43
Quase todas estão na Tabela A3-1, no ANEXO 3.
44
Por custo social entende-se o custo adicional causado por mais uma tonelada de carbono emitida.
32
ANEXO 1
Modelagem econômico-climática
Fonte: Van der SLUIJS (1996: 3)
45
Mesmo assim, a literatura que trata dos IAMs considera o RAINS o primeiro modelo que caracteriza
completamente a metodologia de integrated assessment, provavelmente porque até 1992 o DICE não era um
modelo dinâmico e sim de steady-state, de modo que poucas variáveis eram endógenas.
35
criado para a União Européia, em 2002, por uma equipe coordenada por Chris
Hope, e ganhou notoriedade por ter sido o modelo usado na elaboração do
relatório Stern. É estocástico e de análise de políticas públicas. E sua versão
mais recente foi feita em co-autoria com a economista Erica PLAMBECK
(PLAMBECK & HOPE, 1995).
46
Apesar disso, o autor apresenta a distribuição de probabilidades para oito importantes variáveis
(NORDHAUS, 2007: 81).
36
“In earlier studies, I developed a simple cost-benefit framework for determining the
optimal ‘steady-state’ control of CO2 and other greenhouse gases. (...) The earlier
studies had a number of shortcomings, but one of the most significant from an
analytical point of view was the inadequate treatment of the dynamics of the
economy and the climate. The earlier work examined a "resource steady state," one
in which all physical flows are constant (e. g., in which population, emissions,
concentrations, and climate change have all stabilized in their steady state)
although there might be improvements in real incomes because of resource-saving
technological change. (...) A complete analysis of the economics of climate change
must recognize the extraordinarily long time lags involved in the reaction of the
climate and economy to greenhouse gas emissions. (...) It would appear, therefore,
that the dynamics are of the essence and that an examination of the steady state
may provide misleading conclusions for the steps that we should take at the dawn of
the age of greenhouse warming.” (NORDHAUS, 1993: 28)
onde:
Q (t ) = oferta líquida total de bens e serviços, líquida de mitigação e danos
(bilhões de US$)
Ω(t ) = função de danos ambientais (danos climáticos como fração da produção
mundial)
Λ (t ) = função de mitigação (custos de mitigação como fração da produção
mundial)
Α(t ) = produtividade total dos fatores (em unidades de produtividade)
Κ (t ) = estoque de capital (em bilhões de US$)
L(t ) = população (milhões)
y = elasticidade da produção em relação ao capital (número absoluto)
onde:
⎡ c(t )1−η ⎤
u[c(t )] = L(t )⎢ ⎥ é a função de utilidade instantânea do período t
⎣ 1 −η ⎦
C(t )
c(t ) = é o consumo per-capita no período t
L(t )
C(t ) = consumo no período t
η = elasticidade da utilidade marginal do consumo ou coeficiente de aversão
ao risco
A posição de CLINE (1992) era diferente, pois dava mais peso ao pressuposto
ético da igualdade intergeracional, de modo que optou por fixar ρ = 0,
40
ANEXO 2
2005
País % Variação 1990-2005
Milhões de
toneladas
EU-15 4192 -2
Fonte: European Envioronmental Agency (2007)
42
2005
País % Variação 1990-2005
Milhões de
toneladas
EU-15 4192 -2
ALEMANHA -8 -17
REINO UNIDO -8 -14
EUROPA-15 -8 -0,8
FRANÇA -8 -0,8
JAPÃO -6 6,5
NORUEGA 1 10
N. ZELÂNDIA 0 21
IRLANDA -8 23
CANADÁ -6 27
GRÉCIA -8 27
PORTUGAL -8 41
ESPANHA -8 49
EUA - 16
AUSTRÁLIA - 25
CHINA x 47
INDIA x 55
Fonte: Wikipedia
44
ANEXO 3
Pressupostos
do modelo
Imposto
Custo social
sobre o Taxa de
Aumento da da tonelada
carbono em desconto do
temperatura de carbono
2010 consumo (r),
1900-2100 em 2005
do tempo (ρ)
Opções Em º C Em US$ de 2005 e elasticidade da
Em US$ de 2005
utilidade
marginal do
consumo (η)
r = 5,5%,
Sem controle 2,87 27,8 0,0
ρ = 1,5%, η = 2
LIMITES DE CONCENTRAÇÃO
420 ppm 1,64 144,0 189,7 Idem
560 ppm 2,57 29,2 39,6 Idem
700 ppm 2,76 27,3 37,1 Idem
LIMITES DE AUMENTO DE TEMPERATURA
+ 1,5 º C 1,50 106,5 140,8 Idem
+ 2,0 º C 2,00 45,3 60,2 Idem
+ 2,5 º C 2,47 31,3 42,2 Idem
+ 3,0 º C 2,71 27,9 37,9 Idem
KYOTO
Kyoto atual 3,30 28,1 1,2 Idem
47
Kyoto reforçado 2,52 27,1 36,2 Idem
OUTROS
Ótimo de
2,76 27,3 33,8 Idem
NORDHAUS
r = 1,4%,
Proposta de STERN 1,50 23,9 305,2
ρ = 0,1%, η = 1
NB: A opção “sem controle” também é chamada de “business as usual” (BAU), é a da ausência de
políticas. Os limites de concentração atmosférica de CO2 são dados em partes por milhão. A política
ótima de Nordhaus é aquela que iguala benefícios marginais a custos marginais em cada período.A
proposta de Stern é avaliada através da inserção dos pressupostos relativos à taxa de desconto no
modelo DICE-2007.
Fonte: NORDHAUS (2007: 160)
47
Com a hipótese de adesão dos EUA, Austrália e emergentes.
45
BIBLIOGRAFIA
COLLINS, William, Robert Colman, James Haywood, Martin R. Manning & Philip Mote.
“A física por trás das mudanças climáticas”. Scientific American Brasil, 64 (ano
6): 48-57, setembro / 2007.
DASGUPTA, Sir Partha. “Comments on the Stern Review’s economics of climate change”.
09/12/2006, 9 p.
DASGUPTA, Sir Partha. “Discounting climate change”. 2007. Disponível em:
http://www.econ.cam.ac.uk/faculty/dasgupta/pub07/stavins_june07.pdf.
DIAMOND, Jared. Colapso – Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio
de Janeiro: Record, 2005.
DIETZ, Simon, Chris Hope, Nicholas Stern, & Dimitri Zenghelis. “Reflections on the Stern
Review (1): A robust case for strong actin to reduce the risks of climate change”.
World Economics, 1 (8): 121-168, janeiro - março / 2007.
DIETZ, Simon, Dennis Anderson, Nicholas Stern, Chris Taylor & Dimitri Zenghelis. Right
for the right reasons. A final rejoinder on the Stern Review”. World Economics, 2
(8): 229-258, abril – junho / 2007.
DINIZ, Eliezer Martins. “Lessons from the Kyoto Protocol”. Texto para Discussão, USP,
FEA-RP, Série Economia, TD-E / 29, 2002.
DURKIN, Martin. “The great global warming swindle”. Documentário, Canal 4 da
televisão britânica : 08/03/2007.
EUROPEAN ENVIRONMENTAL AGENCY. Annual European Community
greenhouse gas inventory 1990–2005 and inventory report 2007. Submission to the
UNFCCC Secretariat. Luxemburgo: Office for Official Publications of the European
Communities, 2007.
EYCKMANS, Johan & Michael Finus. “Coalition formation in a global warming game:
how the design of protocols affects the success of environmental treaty-making”.
Centrum voor economische studiën, Leuven, Bélgica: Katholieke Universiteit
Leuven, Energy, transport and environment working papers series ete0317,
dezembro / 2003.
FANKHAUSER, S. “Global warming damage costs: some monetary estimates”. Centre for
social and economic research on the global environment, University College
London e University of East-Anglia, Londres, Reino Unido: Working Paper GEC
92-29, 1992.
FINUS, Michael & Juan Carlos Altamirano Cabrera. “Permit trading and stability of
international climate agreements”. Buenos Aires, Argentina: Journal of Applied
Economics, 1 (IX): 19-48, maio / 2006.
FLANNERY, Tim. Os senhores do clima. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007.
GIBBS, W. Wayt. “Plano B para a energia”. Scientific American Brasil, 53 (ano 5): 80-88,
outubro / 2006.
GODOY, Sara Gurfinkel M. & Fernando A. A. Prado Jr. “Panorama mundial do mercado
de crédito de carbono”. Agosto / 2007, 16 p. (inédito).
47
GORE, Albert Arnold. Uma verdade inconveniente. São Paulo: Editora Manole, 2006.
GROSSMAN, Daniel. “Dissent in the Maelstrom”. Scientific American, coluna “Profile”:
36-37, novembro / 2001.
HAMID, Lorraine, Nicholas Stern & Chris Taylor. “Reflections on the Stern Review (2): A
growing international opportunity to move strongly on climate change”. World
Economics, 1 (8): 169-187, janeiro – março / 2007.
HAMILTON, Clive. “Building on Kyoto”. New Left Review, 45: 91-103, maio – junho /
2007.
HENDERSON, David. “Governments and climate change issues. The case for rethinking”.
World Economics, 2 (8):183-228, abril – junho / 2007.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos – O breve século XX, 1914-1991. S.Paulo: ed.
Companhia Das Letras, 1995 (c1994).
HOLLAND, David, Robert M. Carter, C.R. de Freitas, Indur M. Goklany & Richard
Lindzen. “Response to Simmonds and Steffen”. World Economics, 2 (8): 143-151,
abril – junho / 2007.
HOPE, Chris W. “The marginal impact of CO2 from PAGE2002: an integrated assessment
model incorporating the IPCC’s five reasons for concern”. The Integrated
Assessment Journal, 1 (6): 19–56, 2006.
HOPE, Chris W. “Integrated assessment models”. In: HELM, D. (ed.). Climate-change
policy. Oxford, Reino Unido: Oxford University Press, pp 77-98, 2006.
HOPE, Chris W. “The marginal impacts of CO2, CH4 and SF6 emissions”. Judge Institute
of Management, University of Cambridge, Cambridge, Reino Unido: research paper
no. 2003/10, 2003.
HOUSE OF LORDS. The economics of climate change. Londres, Reino Unido: The
Stationary Office, vol. I, julho / 2005.
HUESEMANN, Michael H. “Can advances in science and technology prevent global
warming?” Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change 11: 539-577,
2006.
INTERACADEMY COUNCIL. Lighting the way. Amsterdam, Holanda: Royal
Netherlands Academy of Arts and Sciences, 174 p.
IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) Climate change: the IPCC scientific
assessment. Preparado pelo working group I, HOUGHTON, J.T. et al. (eds.).
Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1990.
IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). Climate change 1995: the science of
climate change. HOUGHTON, J.T. et al.(eds.). Cambridge, UK: Cambridge
University Press, 1996.
IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). “Summary for policymakers.” In:
SOLOMON, Susan et al. (eds.). Climate change 2007: the physical science basis.
Contribuição do working group I para o fourth assessment report do IPCC.
Cambridge, UK: Cambridge University Press, pp. 1-18, 2007-a.
48
LUCON, Oswaldo. “Climate change and local responses”. Apresentação PPT ao taller da
CEPAL “Aumentando las respuestas a cambio climático desde America Latina y el
Caribe”, Santiago de Chile, 11/07/2007.
MANN, M. E., R.S. Bradley & M. K. Hughes. “Northern hemisphere temperatures during
the past millennium: inferences, uncertainties and limitations”. Geophys. Res. Lett.,
(26): 759-762, 1999.
MANNE, A.S. "Global 2100: an almost consistent model of CO2 emission limits". Swiss
Journal of Economics and Statistics, 2 (127), 1991.
MARCOVITCH, Jacques. “Mudanças climáticas e multilateralismo”. Revista USP, 72: 16-
27, dezembro - fevereiro / 2006-2007.
MARCOVITCH, Jacques. Para mudar o futuro. Mudanças climáticas, políticas públicas e
estratégias empresariais. São Paulo: Edusp / Saraiva, 2006
MASLIN, Mark. Global warming. A very short introduction. Oxford University Press,
2004.
MENDELSOHN, Robert, William D. Nordhaus & D. G. Shaw (1993) “The impact of
climate on agriculture: a Ricardian approach”. In: Y. KAYA., N. NAKICENOVIC,
William D. NORDHAUS, & L. TOTH (eds.). Costs, impacts and benefits of CO2
mitigation. Laxenburg, Austria: International Institute for Applied Systems
Analysis, CP. 93-2, pp. 173-207.
MENDELSOHN, Robert O. “A critique of the Stern Report”. Regulation, 4 (29): 42-46,
2006.
MEUNIER, Francis & Christine Meunier-Castelain. Adieu pétrole...vive les énergies
renouvelables! Paris, França: Dunod (Quai des Sciences), 2006.
MOLION, Luiz Carlos B. “Global Warming: A critical Review”. Revista Geofísica,
México, 43 (1): 77-86, 1995.
MOLION, Luiz Carlos B. “Aquecimento global: fato ou ficção?” Revista do Instituto
Brasileiro de Edições Pedagógicas – Geografia. São Paulo, 4 (ano I): 6-9.
MOLION, Luiz Carlos B. “Aquecimento global: natural ou antropogênico?” Texto
disponível na internet, 2003.
MOLION, Luiz Carlos B. “Aquecimento global: uma visão crítica”. Texto disponível na
internet, junho / 2007.
MONBIOT, George. Heat – How to Stop the Planet Burning. London: Penguin, 2007
(c2006).
MONBIOT, George. “Environmental feedback; a reply to Clive Hamilton”. New Left
Review, 45: 105-113, maio - junho / 2007.
MORGAN, M. G. & H. Dowlatabadi. “Learning from integrated assessment of climate
change”. Climatic Change, 34 (3-4): 337-368, 1996, apud: HOPE, 2006.
MURPHY, Dean, Richard S. J. Tol & Gary Yohe. “On setting near-term climate policy
while the dust beggins to settle: the legacy of the Stern review”. Energy and
Environment, 18 (5), 2007 (forthcoming).
50
NAS (National Academy of Science) Surface temperature reconstructions for the last
2,000 years. Washington, EUA: The National Academy Press, 2006.
NEUMAYER, Eric. “A missed opportunity: The Stern Review on climate change fails to
tackle the issue of non-substitutable loss of natural capital”. Global Environmental
Change 17: 297-301, 2007.
NORDHAUS, William D. http://nordhaus.econ.yale.edu/
NORDHAUS, William D. “Can we control carbon dioxide?”. IIASA (International
Institute for Applied System Analysis), Laxenburg, Austria: WP 75-63, junho /
1975.
NORDHAUS, William D. “Strategies for the control of carbon dioxide”. Cowles
Foundation, Yale University, New Haven, EUA: discussion paper n 443, 1977.
NORDHAUS, William D. “Thinking about carbon dioxide: thoretical and empirical aspects
of otimal control strategies”. Cowles Foundation, Yale University, New Haven,
EUA: discussion paper n 565, outubro / 1980.
NORDHAUS, William D. “Slowing the greenhouse express: the economics of greenhouse
warming”. In: Henry Aaron (ed.). Setting national priorities. Washington, Estados
Unidos: Brookings Press, 1990.
NORDHAUS, William D. “Rolling the 'DICE': an optimal transition path for controlling
greenhouse gases”. Resource and Energy Economics, 15: 27-50, 1993.
NORDHAUS, William D. “Optimal greenhouse-gas reductions and tax policy in the
‘DICE’ model”. AEA Paper and Proceedings, 2 (83): 313 – 317, 1993.
NORDHAUS, William D. Managing the global commons: the economics of climate
change. Cambridge, Estados Unidos: MIT Press, 1994.
NORDHAUS, William D. (ed.) Economics and policy issues in climate change.
Washington, Estados Unidos: Resources for the Future, 1998.
NORDHAUS, William D. & J. Boyer. Warming the world: economic modeling of global
warming. Cambridge, Estados Unidos: MIT Press, 2000.
NORDHAUS, William D. “After Kyoto: alternative mechanisms to control global
warming.” American Economic Review, 2 (96): 31-34, maio / 2006.
NORDHAUS, William D. “The Stern Review on the economics of climate change”.
17/11/2006.
NORDHAUS, William D. “The challenge of global warming: economic models and
environmental policy”. New Haven, EUA: Yale University, 11/09/2007, 200p.
NORDHAUS, William D. “Who’s afraid of a big bad oil shock?”. Brookings Panel on
Economic Activity Special Aniversary Edition: setembro / 2007b.
PLAMBECK, Erica L. & Chris W. Hope. “PAGE95. An updated valuation of the impacts
of global warming”. Energy Policy, 9 (24): 783-794, 1996.
51
PLAMBECK Erica L. & Chris W. Hope. “Validation and initial results for the updated
PAGE model”. University of Cambridge, Cambridge, Reino Unido: research papers
in management studies 1994-1995 no 15, 1995.
PRINS, Gwyn & Steve Rayner. “Time to ditch Kyoto”. Nature, (449): 973-975,
25/10/2007.
RAMSEY, Frank P. “A Mathematical theory of saving”. Economic Journal, 152 (138):
543-559, 1928.
RAWLS, John. A Theory of justice. Oxford: Oxford University Press, 1972.
ROCKY ETHICS INSTITUTE. “White paper on the ethical dimensions of climate
change”. Disponível em: http://rockethics.psu.edu/climate
SACHS, Jeffrey D. “Seeking a global solution. The Copenhagen Consensus neglects the
need to tackle climate change”. Nature, (430): 725-6, 12/08/2004.
SCHRAG, Daniel P. “Preparing to capture carbon”, Science, (315): 812-813, 09/02/2007.
SCHRAG, Daniel P. “Confronting the Climate-Energy Challenge”, Elements, (3): 171-178,
junho / 2007.
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL. Como deter o aquecimento global. Edição especial
Nº 19, 2007.
SETZER, Joana. Panorama do princípio da precaução: o direito do ambiente face aos
novos riscos e incertezas. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em
Ciência Ambiental (Procam), Universidade de São Paulo, 2007, 155 p.
SIMMONDS, Ian & Will Steffen. “Response to ‘the Stern Review: a dual critique – part I:
the science’ ”. World Economics, 2 (8): 133-141, abril / junho 2007.
SOCOLOW, Robert H. & Stephen W. Pacala. “Um plano para manter o carbono sob
controle”. Scientific American Brasil, 53 (ano 5): 30-37, outubro / 2006.
SPENCER, Roy W. “The real news about Mann-made global warming”. TCS daily, 2006.
Disponível em: http://www.tcsdaily.com/article.aspx?id=062806F
STERN, Nicholas. The economics of climate change: the Stern Review. Cambridge,
Reino Unido: Cambridge University Press, 2006.
THE ECONOMIST. A special report on business and climate change. 02/06/2007, 29 p.
TOL, Richard S. J. “The marginal damage costs of carbon dioxide emissions: an
assessment of the uncertainties”. Energy Policy, (33): 2064-2074, 2005.
TOL, Richard S. J. & , Gary W. Yohe. “A review of the Stern Review”. World Economics,
4 (7): 233-250, 2006.
TOL, Richard S.J. & Gary W. Yohe. “A Stern reply to the reply to the review of the Stern
Review”. World Economics, 2 (8): 153-159, abril / junho 2007.
TOL, Richard S. J. & Gary W. Yohe. “The Stern Review: a deconstruction”. Research unit
sustainability and global change, Universidade de Hamburgo, Hamburgo,
Alemanha: working papers FNU-125, fevereiro / 2007, 13 p.
52