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UNIVERSIDADE de SÃO PAULO

FACULDADE de ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO e CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO de ECONOMIA

Aquecimento Global: um balanço das controvérsias


(Texto apresentado na sessão de 7 de Novembro 2007 do ciclo de seminários do Departamento de
Economia da FEA/USP intitulado “Brasil no Século XXI: Desafios do Futuro”)

(VERSÃO 12 NOV 2007)


Suas críticas serão muito bem-vindas.

José Eli da Veiga

Professor Titular do Dep. de Economia da FEA/USP


www.zeeli.pro.br

Petterson Molina Vale

Aluno recém-formado em Economia na FEA/USP


pettersonvale@hotmail.com
2

Sumário

1. Introdução p. 3

2. Física da mudança climática p. 4

3. Economia do aquecimento global p. 8

4. Política do aquecimento global p. 17

5. Conclusão p. 30

Anexo 1 – Modelagem econômico-climática p. 33

Anexo 2 – Tabelas p. 40

Anexo 3 – Opções políticas p. 44

BIBLIOGRAFIA p. 45
3

Aquecimento Global: um balanço das controvérsias 1


(VERSÃO 12 NOV 2007)

José Eli da Veiga & Petterson Molina Vale


Professor titular e ex-aluno do Dep. Economia FEA/USP
www.zeeli.pro.br & pettersonvale@hotmail.com

1. Introdução

São dez os mais sérios problemas ambientais que precisarão ser enfrentados
para que o processo de desenvolvimento tenha chance de ser sustentável. 2 Mas
há um critério que imediatamente os distingue. Alguns - como a poluição dos
rios, por exemplo - podem ser revertidos, e suas conseqüências tendem a ser
mitigadas com o enriquecimento das sociedades. Outros – como a mudança
climática – se confirmados, seriam de dificílimo manejo, mesmo na hipótese
de que possa surgir prioritária e efetiva ação conjunta da comunidade
internacional. Além disso, um sério aquecimento global teria um forte impacto
negativo sobre muitos ecossistemas, reduzindo e até anulando ganhos obtidos
por práticas de conservação da biodiversidade, de gestão dos recursos
hídricos, ou mesmo na produção alimentar.

Em outras palavras, sob o prisma do processo de desenvolvimento, não é


possível pensar em muitas reversões de danos ambientais se não for
enfrentada concomitantemente a questão climática. Seja no âmbito dos vários
tipos de poluição, das reciclagens, dos usos de produtos tóxicos, do manejo do
lixo, do controle de espécies exóticas, ou da conservação dos solos e da
proteção de hábitats. Todas essas conquistas poderiam se mostrar irrisórias
caso não viessem acompanhadas de contenção da concentração de gases de
efeito estufa (GHG – greenhouse gases, GE – gases estufa) na atmosfera (que
vem sendo atribuído à dependência de fontes fósseis de energia) e de
adaptação a uma provavelmente inevitável nova realidade climática. Esta é a

1
Texto apresentado na sessão de 07/11/2007 do ciclo de seminários do Departamento de Economia da
FEA/USP intitulado “Brasil no Século XXI: Desafios do Futuro”.
2
A lista dos dez que estão na agenda do debate público internacional é bem diferente da lista de um bom
observador científico, como mostra a comparação entre LOMBORG (2002: 113-390) e DIAMOND (2005:
582-593). Mas questões como água, biodiversidade e clima estão bem enfatizadas em ambas.
4

razão da primazia do aquecimento global no debate sobre a relação do


desenvolvimento com o meio ambiente.

Para abordar tal questão este texto lidará com quatro controvérsias. As duas
primeiras pertencem às ciências naturais, a terceira à ciência econômica e a
quarta à ciência política. É preciso desde logo enfatizar que não chega a ser
unânime a tese de que esteja havendo aquecimento, e menos ainda que sua
principal causa seja de caráter antrópico. Admitidas essas duas hipóteses,
também há grande divergência sobre a avaliação dos custos do combate ao
aquecimento, bem como sobre o decorrente plano de repartição de sacrifícios
e/ou investimentos. Finalmente, há um inevitável complexo jogo de interesses
e conflitos geopolíticos que necessariamente condiciona o posicionamento do
Brasil nas negociações internacionais.

O exame dessas quatro controvérsias permite que o miolo do texto se estruture


em três tópicos: a) os dois debates das ciências naturais sobre a mudança
climática propriamente dita (item 2); b) o debate sobre a economia do
aquecimento global (item 3); e c) o aspecto político das negociações
internacionais relativas ao regime pós-Kyoto, condição sine-qua-non da
necessária revisão da posição do governo brasileiro. 3

2. Física da mudança climática

Na comunidade científica, há maior número de vozes do que se pensa que


contestam a existência de aquecimento global, por mais isoladas que possam
estar. Muitas outras rejeitam a tese de que o aquecimento esteja sendo mais
provocado pela emissão de gases estufa por atividades humanas do que por
fatores naturais. Qualquer consulta à Wikipedia logo exibe a página “List of
scientists opposing the mainstream scientific assessment of global warming”,
na qual se pode ter acesso a um amplo leque de argumentos contrários aos
relatórios do painel intergovernamental da ONU sobre mudança climática
(IPCC). Desses cientistas, o mais influente (pelo menos sobre a equipe de

3
Um aprofundamento da discussão política sobre a posição do governo brasileiro não pode ser feito do
âmbito deste texto. Por isso, o final do tópico 4 se limita a apontar alguns de seus elementos centrais.
5

Bush) parece ser Richard S. Lindzen, titular da cadeira Alfred P. Sloan de


Ciências Atmosféricas no MIT (GROSSMAN, 2001, LINDZEN, 2005). 4

No Brasil também há pesquisadores que rejeitam a visão que se tornou


amplamente dominante, mas são raríssimos os que assumem publicamente tal
posição. 5 Seus argumentos são frequentemente tratados como heresias a
serviço de corporações recalcitrantes, principalmente petroleiras. E não há
dúvida de que empresas como Exxon, ou mesmo Philip Morris, organizaram
grandes campanhas para tentar desmoralizar os relatórios do IPCC, como bem
comprovou o jornalista George Monbiot no capítulo intitulado “The Denial
Industry” de seu recente best seller (MONBIOT, 2007:20-42). Outro exemplo
foi o documentário “The Great Global Warming Swindle” (DURKIN, 2007),
difundido pelo canal 4 da televisão britânica em março de 2007, e logo depois
acusado de apresentar informações falsas por vários cientistas de peso,
inclusive alguns que participaram do filme, conforme notícia do diário The
Independent, de 8 de maio 2007.

Argumentos semelhantes são facilmente devolvidos pelos acusados, já que os


pesquisadores direta ou indiretamente ligados ao IPCC têm muito mais
facilidade de obter financiamentos de pesquisa do que os rotulados “céticos”.
Tendência que só será favorecida pelo Nobel da Paz que o painel dividiu com
o ex-presidente Al Gore. 6 E um dos efeitos desse tipo de fogo cruzado é levar

4
Embora talvez tenham equivalente influência algumas das manifestações de Roy Spencer, “U.S. Science
Team Leader for the Advanced Microwave Scanning Radiometer (AMSR-E) on NASA’s Aqua satellite”, e
diretor de pesquisas na Universidade do Alabama em Huntsville.
5
Podem ser citados apenas o ex-reitor daUnB José Carlos Azevedo, doutor em Física pelo MIT, e o professor
da UFAL, Luiz Carlos Molion, doutor em física pela USP, e autor da seguinte avaliação: “Em resumo, a
variabilidade natural do Clima não permite afirmar que o aquecimento de 0,6oC seja decorrente da
intensificação - natural ou causada pelas atividades humanas - do efeito-estufa, ou mesmo que essa tendência
de aquecimento persistirá nas próximas décadas, como querem os cenários produzidos pelo IPCC. A aparente
consistência entre os registros históricos e as previsões dos modelos não significa que ele já esteja ocorrendo.
Na realidade, as características desses registros históricos conflitam com a hipótese do efeito-estufa
intensificado. O planeta aqueceu-se mais rapidamente entre 1920 - 50, quando a quantidade de CO2 lançada
na atmosfera era inferior a 10% da atual, e resfriou-se entre 1947-76, quando ocorreu o desenvolvimento
econômico acelerado após a Segunda Guerra. Dados de satélites não confirmaram o aquecimento pós-1978,
aparente na série de temperatura obtida com dados de superfície. O único fato incontestável é que a
concentração de CO2 aumentou de 35% nos últimos 150 anos. Porém, isso pode ter sido devido a variações
internas ao sistema Terra-oceano-atmosfera. Sabe-se que a solubilidade do CO2 nos oceanos depende de sua
temperatura com uma relação inversa. Como a temperatura dos oceanos aumentou, devido à redução do
albedo planetário e ao aquecimento do sistema entre 1920-50, a absorção de CO2 pelos oceanos pode ter sido
reduzida e mais CO2 ter ficado armazenado na atmosfera. Portanto, não se pode afirmar que foi o aumento de
CO2 que causou o aumento de temperatura. Pode ter sido exatamente ao contrário, ou seja, que o CO2 tenha
aumentado como resposta ao aumento de temperatura dos oceanos e do ar adjacente” (MOLION, 2003:8).
6
Exemplo bem recente está na entrevista que o já citado Molion concedeu à revista Isto É de 4/10/2007, na
qual o IPCC é acusado de estar a serviço de um terrorismo climático neocolonialista. Reconhece que
6

observadores sérios a pensar que os protestos contra o IPCC são apenas


sintomas do desespero dos pesquisadores que acabaram isolados com o
avanço do conhecimento científico e do debate público internacional.

O conhecido gráfico que mostra a elevação da temperatura média do globo


desde 1860 (FIGURA 1 abaixo) impõe uma simples indagação que até agora
não parece ter sido respondida de forma convincente. Nota-se facilmente um
intervalo de relativo esfriamento entre 1947 e 1974, justamente o período em
que o ritmo de crescimento da economia mundial bateu todos os recordes, a
ponto de passar para a história como sua “Era de Ouro”. Entre 1950 e 1973
foram registradas taxas médias anuais de aumento do PIB mundial total e per
capita da ordem de 4,9% e 3,8% respectivamente. Pelo menos o dobro dos
recordes de fases anteriores ou posteriores, nas quais essas médias jamais
ultrapassaram 2,5% e 2% (VEIGA, 1998). Trata-se, portanto, de um
estupendo paradoxo, pois não há como supor que ao longo do mais glorioso
quarto de século do capitalismo industrial poderiam ter diminuído as emissões
humanas de gases estufa, apontadas como principal indutor do aquecimento.7

Mas esse paradoxo seria ilusório segundo Charles F. Keller, ex-diretor o


Instituto de Geofísica e de Física Planetária da Los Alamos Branch da
Universidade da Califórnia, atualmente pesquisador do Los Alamos National
Laboratory. Seu argumento é que a sensibilidade do sistema climático às
emissões antrópicas passou a ser mais importante do que a variação natural do
clima somente após a IIª Guerra Mundial. Como ocorrem defasagens entre
emissões de CO2, concentração de carbono na atmosfera e temperatura, as
emissões da “era do ouro” forçaram a temperatura apenas na década de 1970
(KELLER, 2003, 2007). Posição idêntica à de Daniel P. Schrag, do
departamento de geociências da Universidade de Harvard (SCHRAG, 2007). 8

cientistas são honestos, mas acrescenta que hoje há muito mais dinheiro nas pesquisas sobre clima para quem
é favorável à tese do aquecimento global. Segundo Molion, muitos cientistas se “prostituem”, se vendem para
ter seus projetos aprovados, dançando a música tocada pelo IPCC.
7
Na citada entrevista à revista Isto É, de 04/10/07, o físico Luiz Carlos Molion faz a seguinte observação:
“Quando a gente olha a série temporal de 150 anos usada pelos defensores da tese do aquecimento, vê
claramente que houve um período, entre 1925 e 1946, em que a temperatura média global sofreu um aumento
de cerca de 0,4 frau centígrado. Aí a pergunta é: esse aquecimento foi devido ao CO2? Como, se nessa época
o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a
atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas.”
8
Para os que acham exagerada a importância atribuída neste tópico às teses do ditos “céticos”, só se pode
aconselhar a leitura do capítulo 18 de HOBSBAWN (1995:504-536).
7

FIGURA 1 - Temperatura média global na superfície.


Variações anuais, 1860 – julho / 2001

Dados do UKMet Office, Hadley Centre for Climate Prediction and Research.
Fonte: KELLER (2003: 361)

Seja como for, há pelo menos três boas razões para se admitir que o
aquecimento global esteja ocorrendo e seja man-made. Primeiro, o fato de que
essa tese venha obtendo muito mais respaldo nas comunidades científicas
envolvidas do que a tese oposta, dos ditos “céticos”. 9 É fato que a história da
ciência está cheia de exemplos em que a verdade estava com a minoria, mas
há cada vez menos motivos para se acreditar que a controvérsia sobre o
aquecimento global será mais um caso para essa lista. A segunda razão
decorre daquilo que tem sido chamado de “princípio da precaução”, por mais
que possa ser polêmico. 10 Quando há incerteza sobre o rumo que poderá

9
Há divergências internas do lado dos que poderiam ser chamados de “convictos”. Por exemplo, sobre a
influência dos oceanos. Um possível “resfriamento global” causado pelo Pacífico, por exemplo, preocupa o
pesquisador Edmo Campos, do Instituto Oceanográfico da USP. (cf. Agência Fapesp, 06/11/2007). Ou sobre
a magnitude dos feedbacks positivos e negativos relacionados às nuvens e às erupções vulcânicas (KELLER,
2007). Mas parece óbvio que tais divergências são muito menos sérias do que o choque com os ditos
“céticos”.
10
Ver a propósito a excelente dissertação de SETZER (2007).
8

tomar um fenômeno com tão sérias conseqüências sobre o futuro da


humanidade, melhor adotar a pior hipótese.

E a terceira razão resulta de puro realismo político. Por mais que ainda haja
certa resistência de alguns importantes governos (como os dos EUA e da
Austrália), a comunidade internacional vem agindo há quinze anos com base
em consenso mínimo sobre o aquecimento global antrópico. Momentos
decisivos desse processo foram três: a Convenção assinada na Rio-92, hoje
ratificada por quase todas a nações; o Protocolo de Kyoto, de 1997; e a
declaração da cúpula do G8, em 2007. O único líder nacional que ainda rema
radicalmente contra tudo isso parece ser o presidente da República Tcheca,
Vaclav Klaus. 11 E o Protocolo será substituído por um novo regime que
certamente será mais rigoroso e abrangente, mesmo que ainda se mostre
insuficiente.

São três fortes razões para que se atribua muita importância para as
racionalidades - econômica e política – das possíveis propostas de combate ao
aquecimento global. Para os objetivos deste texto, o que mais interessa é que o
processo de mudanças institucionais será decisivamente determinado pela
admissão da tese do aquecimento global provocado pelas atividades humanas,
mesmo entendendo que a controvérsia científica sobre ela esteja longe de se
encerrar.

3. Economia do aquecimento global

O aquecimento global está na pauta do debate público internacional há quase


quarenta anos 12 , mas a abordagem econômica desse tema esteve até
recentemente restrita a um ínfimo número de grupos de pesquisa. A rigor, o
debate sobre a racionalidade econômica do combate ao aquecimento só
ganhou maior visibilidade em 2007, como conseqüência direta da publicação
do relatório Stern, em outubro de 2006. Foram as críticas por ele provocadas
que ajudaram a tornar conhecidos diversos estudos realizados antes graças aos
incentivos decorrentes da ascensão do IPCC, criado em 1988.

11
A conferência que pronunciou em 07/11/2007 na Chatham House, Londres, teve por título “The
problematic side of global warming alarmism”.
12
Foi em 1971 que a conferência “Study of Man’s Impact on Climate” reuniu, em Estocolmo, estudiosos
provenientes de 14 países.
9

Os alicerces de uma “economia do aquecimento global” (EAG) foram


lançados pelo indiscutível pioneiro dessa área de conhecimento: William D.
Nordhaus, da Universidade de Yale. Ele formulou as perguntas que continuam
a nortear as pesquisas sobre o tema: (a) qual o nível de emissões antrópicas de
CO2 que realmente provocará sérias mudanças climáticas? (b) qual nível de
redução pode e deve ser aspirado? (c) quanto custará o resultante programa de
redução de emissões? (d) como pode ser negociado o controle de emissões
entre tantas nações e com interesses tão diversos? (NORDHAUS, 1977).

Nordhaus procurou responder a essas perguntas por meio de um modelo


analítico que toma emissões de CO2 como bem público global, aquecimento
como externalidade global, e que utiliza a otimização de uma função de
crescimento econômico sob restrição do capital natural para derivar os preços-
sombra de CO2. 13 Rapidamente foi levado a propor um imposto sobre as
emissões de carbono como melhor alternativa. Em seguida se lançou em
previsões sobre a trajetória futura das emissões de CO2 (AUSUBEL &
NORDHAUS, 1983); a estimar os custos do aquecimento previsto (tanto para
os Estados Unidos quanto para o resto do mundo); e a listar as diferentes
políticas disponíveis para enfrentar a ameaça do aquecimento global
(NORDHAUS, 1990b). A conclusão mais geral e recorrente desses estudos foi
a proposta de uma “climate policy ramp”, na qual os esforços de redução das
emissões deveriam ser moderados no início do processo, e só posteriormente
intensificados.

Na década de 1990, certamente por influência da Rio–92, o grupo de pesquisa


de Nordhaus deixou de ser referência isolada em EAG. Surgiram outras
abordagens, e teve início o debate sobre as premissas, metodologias e
resultados dos modelos adotados. 14 Aliás, modelos econômico-climáticos bem
complexos, como procura mostrar o ANEXO 1. 15 Simultaneamente, o livro
“The Economics of Global Warming”, de William CLINE (1992), fez claras
13
Não apenas o gás-carbônico é responsável pelo efeito estufa, mas todos os gases estufa (greenhouse gases),
entre os quais estão o vapor d’água, o metano (CH4), os CFCs e outros. A maioria dos estudos, no entanto, se
refere ao CO2, por ser o principal gás emitido pelo processo produtivo (ou apenas ao carbono).
14
Ver, por exemplo: Alan MANNE (1991), Samuel FANKHAUSER (1992) e Robert MENDELSOHN et al.
(1993). E algumas instituições governamentais como o Congressional Budget Office e a Environmental
Protection Agency dos Estados Unidos, o Department of the Environment da Inglaterra e a Comunidade
Européia, bem como instituições intergovernamentais como a OECD e a UNCTAD também começaram a
abordar o tema.
15
A literatura de EAG costuma utilizar a sigla IAM (Integrated Assessment Model) para fazer referência a
esses modelos, que tentam prever as repostas que o sistema econômico poderá dar no longo prazo às
mudanças ambientais causadas por ele mesmo. Essas relações de feedback, assim como todas as demais
interações, junto com os longos horizontes de análise, geralmente superiores a cem anos, fazem com que tais
modelos sejam bastante complexos.
10

restrições à visão de Nordhaus 16 , mesmo havendo acordo com a proposta de


um imposto sobre as emissões de carbono. Chegou inclusive a uma estimativa
de US$ 40 por tonelada de carbono (a preços de 1991) para o ano 2000,
aumentando US$ 5 a cada ano. Segundo Cline, isso seria suficiente para
diminuir as emissões em 20% relativamente a 1990.

De maneira mais ampla, o que se procura, entretanto, são três respostas: a


escala aceitável das emissões de gases estufa, razoável distribuição da renda
obtida (por taxação e/ou comércio de permissões de emissão), e a alocação
eficiente dos benefícios. A resposta em vigor no plano internacional desde
1997 é tão somente a de impor limites quantitativos às emissões com um
mercado de direitos de emissão de carbono (apelidada de “cap-and-trade”).
Esse é o padrão do Protocolo de Kyoto, que estabeleceu para os países mais
industrializados tetos de emissões em 2008-2012. Na prática, pretendeu
induzir reduções de no máximo 8% para o período 1990-2010. Se cumpridas,
esses países teriam uma redução média de 5,2% em duas décadas.

Prevaleceu em Kyoto a idéia de uma “responsabilidade comum, mas


diferenciada”, que obriga apenas os 40 países do Anexo I da Convenção a
reduzirem emissões devido à sua “responsabilidade histórica”. O Protocolo
também considerou que a alocação eficiente seria feita pelo Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite aos agentes negociar suas
obrigações de redução de emissões em um mercado de carbono que deveria
ser internacional, comprando reduções feitas em países em desenvolvimento. 17

Tem sido intenso o debate sobre as vantagens e desvantagens de cada um dos


esquemas em questão: “cap-and-trade” versus taxação. No entanto, um
sistema “cap-and-trade” para o carbono funciona, de várias maneiras, como
um imposto. 18 A recente experiência da União Européia, que criou um
mercado de carbono para grandes atividades emissoras de dióxido de carbono,
é um exemplo de como esse esquema pode funcionar. Em princípio, o governo
exige que cada tonelada de emissão corresponda a uma permissão e

16
“The main thrust of the Nordhaus analysis is that little action needs to be taken on greenhouse abatement
unless one is pessimistic about damages. In contrast, the analysis of this study suggests that an aggressive
course of abatement is warranted, at least with risk aversion” (CLINE, 1992: 307).
17
É muito importante registrar que a expectativa de redução de emissões que pode ser atribuída ao pleno
emprego do atual “MDL” não chega a 1% da necessidade, mesmo na hipótese arriscada de se adotar como
objetivo a estabilização da concentração de CO2e em 550 ppm. Como enfatiza LUCON (2007), para 2012, a
primeira é de 1.900 Mt CO2e, e a segunda é de 205.333 Mt CO2e, o que dá 0,9%.
18
Neste parágrafo e nos dois seguintes está reproduzida uma das reflexões contidas no excelente Box 4.1 do
relatório “Lighting the way”, do INTERACADEMY COUNCIL (2007: 132).
11

simultaneamente determina qual será a quantidade de permissões disponível a


esses grandes emissores. Tanto quanto um imposto, esse esquema aumenta o
preço das energias de origem fóssil, estimulando ao mesmo tempo a
minimização dos custos de redução das emissões. Claro, desde que tais
permissões possam ser livremente vendidas e compradas. As empresas só
recorrerão à compra desse tipo de direito caso seu preço seja inferior ao custo
de evitar a corresponde emissão. Além disso, tanto quanto um imposto, o
esquema “cap-and-trade” poderia gerar recursos para o governo, desde que
houvesse a decisão de leiloar as permissões.

A diferença essencial entre as duas abordagens está na antecipação dos


resultados. A taxação permite que os custos sejam conhecidos desde o início,
sem que se possa antecipar qual será o volume final das emissões. Em
contraste, com um programa do tipo “cap-and-trade”, tal volume será pré-
estabelecido e coincidirá com o resultado se houver capacidade de
enforcement, mas os custos serão incertos.

A rigor, um imposto pode ser calibrado de tal modo que se obtenha


determinada meta de redução de emissões. Também é perfeitamente possível
que um esquema “cap-and-trade” seja concebido de tal forma a minimizar a
incerteza sobre preço. Pela criação, por exemplo, de uma “válvula de
segurança” derivada da garantia de que o governo venderá novas permissões
sempre que o preço de mercado ultrapasse determinado patamar. Esta é, aliás,
uma boa maneira de contornar as dificuldades políticas inseparáveis de toda e
qualquer proposição de novo imposto.

Para a convencional teoria microeconômica das externalidades, a


regulamentação quantitativa tende a ser menos eficiente que a taxação, já que
esta sinaliza as decisões dos agentes através do mercado, produzindo,
portanto, maior eficiência alocativa. 19 No caso do aquecimento global,
argumenta-se que um imposto harmonizado sobre as emissões de carbono
seria mais eficiente por várias razões: apresenta maior flexibilidade para se
adaptar à incerteza; reduz drasticamente os custos de transação; evita o
problema do carona; e levanta recursos para o investimento em mitigação e
adaptação (NORDHAUS, 2006).

19
Apesar de o aquecimento global não ser uma externalidade padrão, pois envolve incertezas de grande
magnitude, ineficiência institucional e a ausência de uma jurisdição mundial única.
12

É importante ressaltar que esse dilema entre os dois esquemas vem sendo
motivo de grande preocupação entre os parlamentares americanos e britânicos
(CBO, 2003, 2005; HOUSE OF LORDS, 2005). Os relatórios técnicos que
encomendaram tendem a ser favoráveis à posição de Nordhaus, muito embora
devessem apenas descrever o estado da arte em EAG.

O economista Richard Tol, da Universidade de Hamburgo, também foi além


ao enfatizar que as conclusões fundamentais de Nordhaus estão consolidadas.
Além disso, mediante análise de 103 estimativas do custo marginal das
emissões de carbono publicadas em 28 trabalhos científicos, ele concluiu que
“estimates in excess of $50/tC require relatively unlikely scenarios of climate
change, impact sensitivity and economic values” (TOL, 2005: 1). 20

Todavia, é preciso esclarecer que qualquer cálculo sobre o atual custo social
do carbono, assim como do valor do imposto que deveria ser estabelecido num
futuro próximo, depende de duas escolhas arbitrárias que sempre estarão
condicionadas a pressupostos éticos. Primeiro, a fixação do objetivo em
termos de concentração de dióxido de carbono na atmosfera (ou de aumento
da temperatura). Depois, a taxa de desconto (ver ANEXO 1). Conforme
cálculos mais recentes de Nordhaus, se a opção for por um aumento limitado a
2 graus centígrados entre 1900 e 2100, sua estimativa do custo social do
carbono para 2005 será de US$ 45,3 e o valor do imposto proposto para 2010
de US$ 60,2. No entanto, como também calculou que o aumento ótimo seria
de 2,8 graus centígrados (o que está longe de ser consenso entre os cientistas
naturais), então propõe para 2010 um imposto de apenas US$ 33,8 -
correspondente a uma estimativa do custo social do carbono de US$ 27,3 em
2005 (mais detalhes dessas estimativas estão na TABELA A3-1, no ANEXO
3).

Uma das principais recomendações do estudo feito em 2005 para os lordes


britânicos foi no sentido de que o Tesouro tomasse a liderança em aprofundar
o entendimento da EAG. Como a opinião pública estava pouco informada
sobre o assunto, e as repercussões para o orçamento do governo de uma

20
Tol calculou que a estimativa média é de 93 US$ / tC (mediana = 4 US$ / tC e 95º percentil = 350 US$ /
tC). No caso dos estudos que adotam uma taxa de desconto do consumo (r) inferior a 2%, o 95º percentil fica
acima dos US$ 2.000 / tC, enquanto para uma taxa de desconto superior a 4% esse valor fica em 37 US$ / tC,
evidenciando a altíssima sensibilidade dos resultados à taxa de desconto adotada. Também notou uma
correlação positiva entre a premissa de uma taxa de desconto muito baixa e a ausência de revisão do trabalho
por outros estudiosos (peer-review). Ou seja, os trabalhos de menor qualidade (sem peer-review) tenderiam a
superestimar as estimativas de custos, enquanto a estimativa média dos trabalhos que passaram pelo crivo de
outros estudiosos fica próxima dos US$ 50 / tC, sendo que a maior parte das observações está abaixo disso.
13

decisão mal tomada poderiam ser catastróficas, impunha-se um “dispassionate


evidence-based approach”. Mas o resultado foi o já citado relatório Stern, cuja
conclusão central deu grande força à crítica à visão de Nordhaus feita desde
1992 por Cline.

Segundo o relatório Stern, a sociedade deve enfrentar imediatamente o


problema do aquecimento global, investindo 1% do PIB do planeta. Caso
contrário, o valor presente dos custos dos danos futuros será igual à perda de
5% a 20% do PIB mundial “agora e para sempre”. A julgar por tais
conclusões, a humanidade estaria no limiar de uma verdadeira catástrofe.

Alguns de seus críticos acham que esse relatório até pode estar certo por
razões erradas. Concordam com a proposta de início imediato de ações muito
mais firmes que as previstas no Protocolo de Kyoto, mas ponderam que o
pressuposto ético da igualdade intergeracional 21 não é um argumento
economicamente razoável para justificar tal urgência. (MURPHY, TOL &
YOHE, 2007). 22 A diferença entre a trajetória dos investimentos em mitigação
proposta pelo relatório Stern e pela “rampa” de Nordhaus está ilustrada na
FIGURA 2.

Nesse debate, o grupo favorável a Nordhaus vem argumentando que o


relatório Stern não cumpre os padrões mínimos de transparência científica,
pois não divulga informações importantes que são necessárias para que o
procedimento adotado seja reproduzido. Por outro lado, os partidários de Stern
enfatizam o fato de que o relatório trata a incerteza de maneira menos omissa
do que seus oponentes, adotando um modelo estocástico, que considera não
apenas o valor mais provável de uma variável, como também a sua
distribuição de probabilidades.

21
Stern invoca o pressuposto ético de igualdade intergeracional para assumir uma taxa de desconto do tempo
(ρ) = 0,1%. Argumenta que a preferência pelo consumo presente (ρ) só se justifica devido ao risco de extinção
da espécie humana, pois não seria moralmente correto dar maior peso ao consumo presente por simples
impaciência. Imputando esse valor na equação do equilíbrio de Ramsey (VI), junto com η = 1 e g = 1,3%, o
relatório obtém uma taxa de retorno do capital de 1,4%, que fica muito abaixo das taxas reais de juros
observadas no mercado. Note-se que tal posicionamento ressuscitou as idéias de CLINE (1992). Ele havia
adotado ρ = 0,1%, η = 1,5 e g = 1,5%, respectivamente, e acreditava que esses parâmetros não deveriam ser
determinados pelas taxas observadas no mercado.
22
Segundo as estimativas desses autores, o custo social da tonelada de carbono estaria atualmente por volta de
US$ 15 e deveria aumentar consistentemente a uma taxa anual igual à taxa real de juros.
14

FIGURA 2 – Taxas de mitigação da “rampa” de


NORDHAUS, do Relatório STERN e do cenário BAU 1

O gráfico mostra a “rampa” de investimentos em mitigação proposta por


NORDHAUS, a proposta de intervenção imediata de STERN o cenário em
que não há intervenção (BAU).
Fonte: NORDHAUS, 2007: 169.

Coube a DASGUPTA (2006, 2007) esclarecer que está em jogo uma


discussão mais ampla sobre as diferentes correntes filosóficas que defendem
escolhas éticas alternativas. A escolha ética feita por Stern está alinhada com a
escola utilitarista, ao procurar distribuir igualmente o consumo entre as
diferentes gerações. A opção de Nordhaus é a de utilizar os sinais observáveis
no mercado sobre a remuneração do capital, e não fazer nenhum tipo de
consideração sobre qual seria a mais desejável distribuição inter-e-
intratemporal. E lembra que também existem outras perspectivas filosóficas,
como a de RAWLS (1972), segundo a qual a sociedade deve beneficiar a
15

geração mais pobre. Ou a de KOOPMANS (1972), que exige que cada


geração deixe para a próxima pelo menos a mesma quantidade de capital
(tangível, natural, humano e tecnológico) que recebeu da geração anterior. O
que admitiria uma vasta gama de taxas de desconto não nulas.

Em suma, existe uma forte controvérsia sobre o nível ótimo de mitigação das
emissões de CO2, que levará bastante tempo para ser superada (se for), devido
aos pressupostos éticos envolvidos. Por outro lado, verifica-se a formação de
certo consenso sobre a necessidade de criação de imposto sobre as emissões
de carbono. 23 Posição semelhante foi adotada pelos lordes, também em 2005,
ao criticarem o imposto criado pelo governo britânico para reduzir as emissões
de carbono, pois estaria mal direcionado ao recair sobre a energia e não sobre
o carbono: “We urge the Government to replace the present Climate Change
Levy with a carbon tax as soon as possible” (HOUSE OF LORDS, 2005: 6).
24

No entanto, em 2007, com o início da publicação do quarto relatório do IPCC,


passou a ser mais considerada a possibilidade de um aquecimento abrupto (em
decorrência da perda de resiliência do sistema climático) que poderia causar
danos irreversíveis. Isso tem reforçado as dúvidas quanto à tese da maior
eficiência de um imposto sobre o carbono, pois com ele não é possível garantir
ex-ante que será respeitado determinado limite de emissões. Quanto mais clara
for a possibilidade de mudança de patamar da curva de danos climáticos, em
decorrência de um aumento abrupto da temperatura, mais aconselhável se
torna o controle quantitativo das emissões, pois permite que se estabeleça

23
Os técnicos do Congresso americano formularam tal consenso com as seguintes palavras: “In sum, price-
based policy instruments appear to be superior to caps, at least for the present—when uncertainty about the
potential for catastrophic effects is large, the temperature increase that could trigger catastrophic outcomes is
unknown, and the emissions reductions being contemplated fall substantially short of a complete shutdown.
However, the choice of instrument could be revisited as information and circumstances change. Policymakers
could switch from a price instrument to an emissions cap if possible future damages became more imminent
and certain or if the potential for catastrophic effects became clearer. A hybrid cap-and-trade program with a
safety-valve price could be easily transformed into an emissions cap simply by eliminating the safety valve”
(CBO, 2005: 31).
24
Eles assim resumiam as vantagens da taxação do carbono: “• it raises the price of emissions;• it could be
introduced only after a per capita income threshold has been reached, avoiding any initial rejection of the
measure by developing countries but gradually bringing them into the agreement as their development
proceeds;• it could be based on consumption; • it avoids tariffs in relation to trade between parties to the
agreement, but with border tax adjustments for trade between participating and nonparticipating countries;
and • it avoids potential large changes in permit prices which can have a detrimental effect on investment
decisions. The tax remains constant, or rises steadily over time, and emissions adjust”. E as desvantagens:
“(...) taxes may fail to achieve quantitative goals if governments fail to estimate accurately the response of
emitters. Varying the tax as information about such responses evolve is one option, but this may only
reinforce the uncertainty that emitters face” (HOUSE OF LORDS, 2005: 67-68).
16

como teto de emissões um nível inferior àquele que potencialmente causaria


um aumento brusco da temperatura.

Como já foi dito, o esquema “cap-and-trade” não permite saber de antemão


como serão distribuídos os direitos e benefícios. As duas possibilidades que
têm sido exploradas pelo CBO (2007) são a de venda e a de distribuição
gratuita desses direitos a determinados setores. A primeira utilizaria o
mercado para distribuí-los, já que estariam à venda desde o início para quem
quisesse comprá-los, e levantaria fundos que poderiam ser utilizados na
redução de outros impostos, de modo a manter o equilíbrio fiscal.

A segunda possibilidade é mais conhecida, pois já é utilizada pela União


Européia desde 2005. Um dos principais argumentos para a sua adoção é o de
que os setores privilegiados com o recebimento dos direitos de emissão
poderiam ser aqueles ligados à exploração de recursos energéticos, já que o
simples anúncio do controle lhes causaria a perda de valor de mercado.

As conseqüências de um ou outro tipo de regulação recairiam


majoritariamente sobre os consumidores. Por isso, devem ser considerados os
resultados em termos de distribuição de renda, já que os custos e benefícios da
intervenção poderiam ter impactos regressivos. E, nesse caso, a alternativa que
se destaca é a da venda dos direitos, pois a receita obtida poderia ser
empregada na redução da carga tributária de modo a atenuar possíveis efeitos
regressivos da regulamentação. Além disso, pode ser direcionada às empresas
ou aos setores que perderem valor de mercado devido ao início da
regulamentação.

Tudo indica que a consciência das vantagens e desvantagens de cada esquema


poderá levar a uma evolução do consenso que já parece ter se formado em
torno da necessidade de um imposto. 25 Mas não está nem um pouco claro se
o regime que vigorará após 2012 se baseará na racionalidade econômica que já
pode ser deduzida da controvérsia polarizada por Nordhaus e Stern.

25
Uma evolução no sentido de um arranjo híbrido, assim formulado por William D. Nordhaus: “We suggest
that a hybrid approach, which we call ‘cap-and-tax,’ might combine the strengths of both quantity and price
approaches. An example of a hybrid plan would be a traditional cap-and-trade system combined with a base
carbon tax and a safety-valve available ata a penalty price. For example, the initial carbon tax might be $30
per ton of carbon with a safety-valve purchases of additional permits available at a 50 percent premium.”
(NORDHAUS, 2007:130)
17

4. Política do aquecimento global

O desafio da cooperação internacional envolve decisões políticas de grande


peso, pois cada país tem interesses dos mais diferenciados no combate à
mudança climática, e a conjugação desses interesses acaba quase sempre
deixando os argumentos econômicos em segundo plano. Por isso, os
resultados do Protocolo de Kyoto nem se aproximarão daqueles que foram
sonhados por seus articuladores, e tão repetidos por ingênuas torcidas.

Apesar de terem sido irrisórias as metas atribuídas a cada país - emissões de


carbono em 2010 apenas 8% inferiores às de 20 anos antes (ainda menos em
vários casos) – somente um parzinho de nações de peso poderá apresentar
balanço positivo: Alemanha e Reino Unido. É verdade que o vexame não será
completo para dois outros dos grandes emissores - França e Holanda – já que
poderão exibir talhos próximos a 2%. Outros países que também se valerão
dessa atenuante quase não contam: Bélgica, Suécia, Dinamarca e Finlândia.
Reduções verdadeiramente significativas só ocorrerão em uma dezena de
economias destroçadas do Leste europeu, entre as quais só chegam a ter
alguma importância relativa as da Polônia, da Romênia e da República Checa
(o ANEXO 2 contém quatro tabelas com os dados que levam a essas
conclusões). Por isso, não há dúvida de que em 2008-2012 as emissões terão
aumentado na maioria dos países com metas, ao lado dos recalcitrantes EUA e
Austrália, e de intrépidos emergentes como a China, Índia, África do Sul,
Brasil e México. Um fracasso retumbante.

Diante desse panorama, o que pensar das perspectivas de outro regime para
depois de 2012? A resposta mais comum é afirmar que tudo dependerá de
quem vier a ocupar a Casa Branca no início de 2009. As inequívocas
mudanças de percepção sobre os riscos do aquecimento global,
particularmente entre os americanos, já teriam criado as condições políticas
para se chegar a algum compromisso mais sério e global. E, nesse embalo,
também seria provável que a semi-periferia se dispusesse a aceitar algum tipo
de compromisso, mesmo que diferenciado.

Esse raciocínio considera que foi bom o arranjo institucional construído em


Kyoto, e que ele só fez água por não ter sido ratificado pela principal potência
mundial. Ou seja, com uma possível mudança no tabuleiro político, a questão
poderia ser resolvida com a fixação de novas metas de emissão. E não seria
mero “mais do mesmo” porque algum outro tipo de responsabilidade viria a
18

ser assumido pelos principais países emergentes. Como, por exemplo, um


basta ao desmatamento de florestas tropicais.

Todavia, pode-se pensar exatamente o oposto. Que o arranjo de Kyoto foi


inepto, pois teria levado a resultados semelhantes mesmo sem dissidência
americana. Não devido à ilusória esperteza dos emergentes que conseguiram
ficar de fora para aumentar impunemente suas emissões. Afinal, isso só foi um
valioso presente político aos republicanos de Bush. O problema é muito mais
sério, pois a arquitetura institucional do acordo foi equivocadamente copiada
do Protocolo de Montreal sobre a camada de ozônio, e de esquemas anteriores
de combate à chuva ácida. Nesses dois casos, o desafio era criar estímulos
para a adoção de inovações tecnológicas já disponíveis. Além disso, os poucos
atores envolvidos, fossem governos ou empresas atingidas, só tinham a ganhar
com o esquema de limites às emissões acoplados ao livre comércio de
permissões (“cap-and-trade”). No entanto, essa proposta não funciona quando
ainda se depende de descobertas científicas, e quando são 170 os países que
precisam chegar a um acordo que incentive o surgimento das inovações. 26

Por isso, não poderia ter sido mais oportuno o relatório “Iluminando o
caminho: em direção a um futuro de energia sustentável”, lançado no final de
outubro de 2007 pelo INTERACADEMY COUNCIL (2007), que articula as
mais importantes academias de ciência e de engenharia do mundo, com sede
na Holanda. Toda a ênfase está na necessidade de acelerar as pesquisas
científicas e tecnológicas focadas nas possibilidades de descarbonização das
matrizes energéticas. Claro, enquanto esses futuros modos de subverter a
ditadura das energias fósseis não se viabilizarem, será imprescindível avançar
em soluções paliativas, entre as quais se destacam nove: a) aumento da
eficiência energética; b) redução da intensidade de carbono das economias; c)
captura e seqüestro de carbono proveniente de combustíveis fósseis,
principalmente do carvão; d) uso da energia nuclear condicionado ao
equacionamento de sua tripla restrição (custo, segurança e risco bélico); e)
maior uso de energias renováveis já disponíveis; f) maior uso de
biocombustíveis; g) tecnologias de armazenagem de energia; h) melhores
infraestruturas de transmissão; i) desenvolvimento de novos vetores
energéticos, como o hidrogênio.

Contudo, tanto a aceleração das pesquisas de fronteira, quanto esses


imprescindíveis avanços em soluções paliativas, dependerão de “sinalização

26
Ver a respeito o capítulo 4 do Relatório do Banco Mundial de 1999-2000, p.87-102.
19

de preço para a emissão de carbono”, repete incansavelmente o relatório. Nas


dezenas de páginas em que tal condicionante é mencionada, lê-se que tal
sinalização deve ser “certa”, “significativa”, “realista”, “clara”, “robusta”,
“firme”, “consistente”, e “efetiva”. Outras passagens garantem que já existiria
razoável consenso de que o preço da emissão de uma tonelada de carbono
deveria estar hoje entre US$ 100 e US$ 150, o que significaria um preço entre
US$ 27 e US$ 41 para a tonelada de CO2.

Esses valores podem ser facilmente contestados, pois - como foi visto no
tópico anterior - seus cálculos dependem de duas escolhas arbitrárias com
evidentes pressupostos éticos: a de um teto para o aumento da temperatura (ou
para a concentração de CO2 na atmosfera), e a de uma taxa de desconto do
futuro. Também não há clareza no relatório sobre a necessidade de se acoplar
um imposto ao esquema de metas quantitativas de emissões, o que engendraria
uma política hibrida (“cap-and-tax”). Mas tais insuficiências são bem
secundárias se comparadas à relevância da contribuição desse relatório para o
fortalecimento da tese de que emissão de carbono tem que custar caro. E isso
só aumenta as chances de que a racionalidade econômica também seja
convidada a participar das negociações que tomarão forte impulso com a
reunião da Convenção do Clima do início de dezembro de 2007 em Bali.

Muito mais do que a racionalidade econômica, o que influencia o processo


institucional de combate ao aquecimento global é o pressuposto de que já
existem as imprescindíveis soluções tecnológicas. Só assim se pode entender a
generalizada convicção de que o melhor caminho é o da adoção/imposição de
metas máximas nacionais de emissões de gases-estufa, contrabalançada pela
construção de um mercado de carbono baseado no MDL. No entanto, uma
séria questão não pode ser evitada: será realmente possível estabilizar (para
depois reduzir) a concentração de gases estufa na atmosfera com iniciativas
que fixem limites às emissões, conforme, diretriz adotada desde 1995?

Resposta das mais otimistas veio de Robert Socolow e Stephen Pacala, dois
pesquisadores de Princeton, reproduzida na edição especial da revista
Scientific American – Brasil de outubro 2006. Para que haja estabilização nos
próximos 50 anos, sem impedir o crescimento econômico, seria preciso adotar
um conjunto de medidas adiante sintetizado em meia dúzia de tópicos.

(1) No transporte, além de uso crescente de biocombustíveis, os derivados de


petróleo também devem ser substituídos por hidrogênio obtido por eletrólise.
Para conseguir a indispensável eletricidade limpa, propõem amplo leque de
20

iniciativas. (2) Substituir as usinas convencionais a carvão e a gás por


instalações capazes de capturar o carbono e bombeá-lo para o subsolo. 27 (3)
Ampliar o aproveitamento de fontes renováveis indiretas, como a hídrica e a
eólica, além das diretas, como células fotovoltaicas e espelhos que aquecem
fluidos e acionam turbinas. (4) Explorar a fonte geotérmica. (5) Aumentar o
uso da nuclear, desde que surjam soluções políticas para a destinação do lixo
radioativo, para o funcionamento seguro dos novos reatores, e para o risco de
uso bélico. (6) E tudo isso acompanhado de três fundamentais pré-requisitos:
drástica redução do consumo de eletricidade permitida pela modernização de
residências e de estabelecimentos comerciais e industriais; redução da
natalidade que permita chegar em 2050 com população mundial de 8 bilhões,
em vez de 9; e fim dos desmatamentos.

Nem é preciso dizer que esse tipo de plano, idealizado por um ecólogo e um
engenheiro, soa como estória da carochinha para pesquisadores das ciências
sociais aplicadas. Talvez fosse mais realista pedir a imediata eleição de um
governo mundial, do que supor a viabilidade de uma coordenação de tais
iniciativas por quase duas centenas de nações. Por outro lado, esse tipo de
abordagem ajuda a realçar a dimensão estratégica do problema. Mesmo que
muitos dos esquemas de redução de emissões venham a se efetivar, ainda
assim o mundo precisará de inovações radicais que forneçam entre 10 a 30
terawatts sem expelir uma tonelada sequer de dióxido de carbono. Ou seja, se
houver saída, ela estará em inéditas fontes de energia livres de carbono. De
modo que pressupor a existência de soluções tecnológicas prontas para
substituir as emissões de gases estufa não é realista, e por isso as políticas de
enfrentamento do aquecimento global devem ser necessariamente diferentes
daquelas que com sucesso enfrentaram outros problemas ambientais.

Descartando lances de ficção científica, como fusão a frio, fusão de bolha, ou


reatores de antimatéria, há meia dúzia de promessas tecnológicas nas quais se
pode apostar. A mais óbvia é o aproveitamento da energia de marés e ondas,
quase pronta para o mercado. Três competem pela segunda chamada:
aproveitamento de ventos de altitude elevada, nanobaterias solares, e
micróbios projetados. E em quinto, na lista de espera, estão a energia solar
espacial e a tão almejada fusão nuclear.

27
Algumas empresas estão avançando na direção do carvão limpo, mas o impacto positivo de tais iniciativas
ainda demorará a chegar. Segundo analistas, o uso do carvão poderá aumentar 75% nas próximas décadas. E
os dados do Departamento de Energia dos EUA também indicam que as emissões de CO2 prouzidas pelo
carvão também poderão aumentar 75% até 2030. Ver artigo “Tecnologia do ‘carvão limpo’ ainda é desafio
para empresas”, da revista Der Spiegel, traduzido pelo jornal O Estado de S.Paulo, 07/11/2007.
21

Uma clara manifestação da crença de que já existem as soluções tecnológicas


que viabilizariam o combate ao aquecimento global antrópico está no já citado
best seller de George MONBIOT (2007), redigido com a assistência do
pesquisador Matthew Prescott. Nessa obra, o já célebre especialista do jornal
britânico Guardian tenta mostrar que países ricos como a Grã Bretanha
poderiam, sem regredir, cortar 90% de suas emissões de gases-estufa até 2030.
O livro talvez até persuada parte dos leitores nos capítulos sobre os
anacrônicos padrões da construção civil, assim como das cadeias industriais
que lhes fornecem cimento, eletricidade e calor. Ou mesmo nas avaliações do
comércio varejista e dos sistemas de transporte terrestres. Mas Monbiot se viu
liminarmente obrigado a reconhecer que viagens aéreas são simplesmente
incompatíveis com o objetivo de controlar a mudança climática. 28

Posição bem diferente é a do físico Martin I. Hoffert, da Universidade de


Nova York, para quem qualquer mudança revolucionária na matriz energética,
para poder surgir em tempo, já deve ter sua infra-estrutura em construção
(apud GIBBS, 2006). Daí a importância do acordo internacional firmado em
novembro de 2006 para construir o maior reator de fusão nuclear do mundo: o
“Iter” (Reator Termonuclear Experimental Internacional). Desse projeto
participam: União Européia, EUA, Japão, Coréia do Sul, Rússia, China e
Índia. 29

Também foi Monbiot que fez a melhor síntese do problema político a ser
enfrentado para que um novo regime internacional a vigorar a partir de 2012
não seja mais inócuo, como foi o Protocolo de Kyoto. No prefácio à edição de
2007 ele começa por evocar o consenso entre cientistas naturais de que será
loucura deixar que a temperatura global aumente dois graus centígrados (2º C)
além de seu nível pré-industrial. Vários dos riscos de relar nesse teto estão
estimados: entre 0,7 e 4,4 bilhões de pessoas sofreriam de crescente falta de
água; haveria queda de rendimentos agrícolas em muitos países pobres; as
florestas amazônicas seriam irreversivelmente comprometidas; de 15 a 40%
das espécies se extinguiriam; geleiras desapareceriam; o derretimento da placa
de gelo da Groenlândia aceleraria a elevação do nível do mar; e o permafrost
siberiano exalaria seu imenso estoque de metano (CH4), gás do efeito estufa
bem mais furioso que o dióxido de carbono (CO2).

28
Não encontrou melhor maneira de fechar esse capítulo do que acusar seu leitor de assassinato: “If you fly,
you destroy other people’ lives” (MONBIOT, 2007: 188).
29
O Brasil foi o único dos BRIC a declinar do convite. E ninguém ligou.
22

Como o processo de aquecimento é em grande parte determinado pela


concentração desses gases na atmosfera, baseado no quarto relatório do IPCC
(2007), Monbiot lembra que haveria 50% de probabilidade que o marco de 2º
C fosse evitado se a concentração fosse estabilizada abaixo de 450 partes por
milhão em equivalentes de dióxido de carbono (450 ppm CO2e). Ao contrário,
se essa concentração não fosse freada, passaria dos atuais 430 para 550 ppm
CO2e em cerca de três decênios. Neste caso, a probabilidade de que o
aquecimento ultrapassasse os 2º C ficaria acima de 77%. Pior: com 550 ppm
CO2e, a chance de que o aumento da temperatura excedesse 3º C seria de 30 a
70%, e a de que excedesse 4º C de cerca de 24%. 30

Saltos com impactos imprevisíveis, mas tão calamitosos quanto poderia ser o
colapso de inúmeros ecossistemas. Não é difícil perceber, portanto, que
assumidas como corretas as projeções do IPCC, o Protocolo de Kyoto
precisaria ser substituído por um acordo que tivesse por meta central o
estabelecimento de um limite para a concentração de 450 ppm CO2e.

Não é essa, entretanto, a proposta que mais ganha corpo nos debates
internacionais, graças ao sedutor argumento de que o custo anual do combate
à mudança climática seria de 1% do PIB global. O influente relatório de Sir
Nicholas Stern, cujos principais alvos são os governos dos EUA e da
Austrália, toma por baliza o temerário horizonte de 550, em vez de 450 ppm
CO2e (além de ter optado por ínfima taxa de desconto, como já foi assinalado).
Impossível, portanto, haver o menor lampejo de otimismo sobre o regime pós-
Kyoto que poderá emergir no final de 2007 em Bali, apesar das rápidas e
profundas mudanças de percepção e de consciência a respeito do maior dos
problemas ambientais.

Só pode duvidar das possibilidades de tais correções de rumo quem não se dá


conta de que vêm proliferando sinais indicativos de uma significativa guinada
da opinião pública de mais elevado nível educacional sobre as ameaças da
mudança climática. Além do aumento de freqüência dos desastres naturais,
que nem podem ser cientificamente relacionados ao aquecimento 31 , antes da

30
O relatório Stern cria certa confusão nesse debate, pois implica em altíssima precificação do carbono (US$
305 em 2010), mas, simultaneamente aceita que o limite de concentração possa ser de 550 ppm. Ora, com um
preço tão alto para as emissões, seria possível atingir o nobre obejtivo de se ter apenas 1,5 º C de aumento da
temperatura entre 1900 e 2100, o que exigiria, evidentemente, concentração até inferior a 450 ppm, limite
proposto pelos seus mais severos críticos! Ver TABELA A3-1, no ANEXO 3.
31
Como furacões mais freqüentes e intensos nos EUA e no Caribe; fortes incêndios em muitas áreas dos
EUA e da Austrália; mortes de onda de calor na Europa; intensificação de tufões e tormentas severíssimas no
23

atribuição do Nobel da Paz ao IPCC e a Al Gore, Eduardo VIOLA (2007)


havia relacionado oito fatos bem marcantes:

1. O premiado filme “Uma verdade inconveniente”, de Davis


Guggenheim.
2. O relatório Stern.
3. O número especial da revista The Economist “O Mundo em 2007”.
4. A publicação do Quarto Relatório do Painel Internacional sobre
Mudança Climática a partir de fevereiro de 2007.
5- O primeiro debate sobre mudança climática pelo Conselho de
Segurança da ONU, em abril de 2007, solicitada pelo governo britânico,
mas que havia sido impulsionada por Kofi Annan desde 2005.
6. A reunião do G8 na Alemanha, em junho de 2007, tendo como tema
central a primeira proposta incisiva para mitigar o aquecimento global.
7. A reunião de chefes de estado no início da Assembléia Geral da ONU
de setembro de 2007, tendo como agenda central a mudança climática.
8. A reunião de setembro de 2007, em Washington, das 16 maiores
economias do mundo, a convite do governo Bush, para sondar a
possibilidade de um acordo prévio à Conferência das Partes da
Convenção de Mudança Climática a ser realizada em Bali em dezembro
de 2007. 32

Não se pode deixar de mencionar aqui dois fatos bastante recentes e


extremamente importantes (mas cujas interpretações ainda são um tanto
superficiais). Em primeiro lugar, a evolução recente da posição do governo
Bush parece estar mais relacionada à consciência sobre a falta de segurança
energética dos EUA enquanto estiverem tão dependentes de petróleo
importado do que a uma nova interpretação do papel do país no combate às
mudanças climáticas. Em segundo lugar, ressaltamos o fato de o robusto
aumento do preço do petróleo (que já está beirando os US$ 100,00 por barril)
não ter, até agora, gerado sinais de recessão na economia. Esse, que já está
sendo chamado de “terceiro choque energético mundial”, é o primeiro que está

Japão, na China, nas Filipinas e na Indonésia; inundações catastróficas ao lado de severíssimas secas na Índia
e na África; inusitada seca na Amazônia brasileira; e de um primeiro furacão registrado no Atlântico Sul.
32
“A reunião de Washington foi um fracasso por causa da posição conservadora do governo americano, mas
mostrou a consolidação da mudança de posição do governo Bush no último ano, no sentido de não haver mais
incertezas sobre a gravidade do aquecimento global. Inclusive isso pré-anuncia uma mudança muito provável
da posição do Executivo americano a partir da assunção do novo presidente em 2009: todos os pré-candidatos
democratas têm uma posição favorável a uma virada na posição americana no sentido de liderar, com
propostas consistentes e incisivas, os esforços internacionais para mitigar o aquecimento global; e, entre os
pré-candidatos republicanos, dois (MacCain e Giuliani tem posições próximas dos democratas) e os restantes
tem posições mais favoráveis que Bush” (VIOLA, 2007:3).
24

sendo causado pela expansão da demanda, e não por problemas do lado da


oferta. 33

É importante assinalar aqui o anúncio de que a União Européia defenderá na


reunião de Bali que todos os países desenvolvidos cortem suas emissões de
carbono entre 20% e 30% em 2020 com relação a 1990. Essa linha já está
detalhada em documento único, e segue o plano defendido pela primeira-
ministra alemã, Angela Merkel, na primeira reunião do G-8 dedicada ao tema.
O objetivo é evitar aumento superior a 2º C acima no nível pré-industrial.

Relacionando esses sinais de mudança, tanto com o perfil dos países que mais
emitem, quanto com as oportunidades técnico-econômicas e mudanças
comportamentais favoráveis a uma transição a uma economia de baixo
carbono, VIOLA (2007) chega a três cenários possíveis para as negociações
internacionais:

1. Hobbesiano, no qual se repetiria a baixa capacidade de cooperação


demonstrada nas negociações do Protocolo de Kyoto. Neste caso, em
duas décadas seria ultrapassado o perigoso limiar de 550 ppm CO2e,
e não haveria segurança climática. 34

2. O intermediário - que chama de “Kyoto Aprofundado” - com a


participação dos EUA e da Austrália e algum tipo de compromisso
por parte dos emergentes. Embora menos catastrófico que o
hobbesiano, também não geraria segurança climática.

3. O otimista - que chama de “Grande Acordo” (mas também poderia


chamar de Wilsoniano / idealista) com “a retomada, em patamar
mais incisivo, da liderança conjunta dos três principais pólos da
economia mundial – EUA, UE e Japão - que levou à abertura das
negociações do tratado de Kyoto em 1996-1997. Esta seria a grande
oportunidade do Brasil para se tornar parte do grupo líder juntando-
se aos EUA, à União Européia e ao Japão, cumprindo papel de
engajamento e persuasão da China e da Índia” (p.16)

33
Ver artigo de Jad Mouawad, do New York Times, traduzido pela Folha de S.Paulo, 11/11/2007, p. B16.
Uma análise mais detalhada do problema se encontra em NORDHAUS (2007b).
34
Segurança climática significa manter a estabilidade relativa do clima global, diminuindo significativamente
o risco de aquecimento mediante mitigação e adaptação. Adaptação “da sociedade internacional e suas
unidades nacionais a novas condições de planeta mais quente e com a existência mais freqüente e mais intensa
de fenômenos climáticos extremos” (VIOLA, 2007:5).
25

A abordagem de teoria dos jogos tem sido utilizada para acoplar o enfoque
estritamente econômico do custo-benefício macroeconômico (em nível global)
de diferentes estratégias de combate ao aquecimento com o enfoque
microeconômico, em que cada país individualmente decide se os benefícios de
ser parte de uma coalizão excedem os custos. FINUS & CABRERA (2005)
chamam um acordo de individualmente racional quando os benefícios líquidos
de participação são maiores do que os de não participação. Mas isso não basta
para que o país decida cooperar, pois os benefícios de tomar uma carona com
os que se comprometerem com o esforço podem ser ainda mais elevados.
Como não existe uma instituição supranacional capaz de punir esse tipo de
atitude, a coalizão deve ser “self-enforcing”.

Os citados autores analisam esquemas cooperativos baseados em diversas


concepções de equidade, como por exemplo: do tipo igualitário, em que a
distribuição dos direitos de emissão se dá em base per-capita, sob a filosofia
de que cada indivíduo tem igual direito de emitir, o que beneficia países como
China e Índia; do tipo responsabilidade histórica, na qual os direitos são
inversamente proporcionais às emissões acumuladas, caso em que o Brasil se
beneficia; do tipo capacidade de pagamento, em que se distribuem os direitos
de emissão aos países mais pobres utilizando o PIB como parâmetro; do tipo
capacidade de poluição, em que os direitos são distribuídos em quantidade
inversamente proporcional às emissões históricas per-capita, prejudicando os
países desenvolvidos; do tipo eficiência energética, em que o que se considera
é o atual nível de emissões relativamente ao PIB, beneficiando países
detentores de tecnologias limpas e prejudicando países com indústrias
altamente poluidoras, como a China; do tipo soberania, em que os pesos são
alocados de acordo com o atual nível de emissões; do tipo compensação, em
que os países ricos fazem transferências para os países pobres de modo a
dividir os custos.

Ou seja, existem muitas maneiras de se definir eqüidade em coalizões para a


mitigação de emissões de gases estufa. Mesmo assim, a abordagem da teoria
dos jogos é capaz de produzir alguns resultados robustos, entre eles o de que a
ausência de punições críveis para os free-riders faz com que apenas coalizões
com metas bastante moderadas de emissões sejam cumpridas, e vice-versa, de
modo que existe um trade-off entre eficiência e efetividade. Além disso,
coalizões com pequeno número de participantes dão melhores resultados em
termos de cumprimento dos objetivos do que grandes coalizões (EYCKMANS
& FINUS, 2003). São resultados importantes, tanto para se avaliar as possíveis
políticas do pós-Kyoto, quanto para discutir a posição brasileira.
26

Todavia, com todos os graus de incerteza que existem nos âmbitos das
ciências naturais, da economia e da política, só pode ser altamente temerária
qualquer conclusão prospectiva a respeito de tais negociações. Afinal, nas
possíveis reações a respeito do risco, é preciso que sejam considerados os três
tipos mais comuns de propensões, que resultam de cruzamentos entre quatro
visões sobre a natureza, com outras quatro sobre a condição humana.

Como tão bem explica John ADAMS (2006:29-50), há primeiro quem esteja
convicto de que a natureza é essencialmente benigna. Isto é, tão robusta,
estável, e previsível, que seu manejo por uma linha não-intervencionista seria
capaz de contrabalançar os males que lhes são infligidos pelos humanos. Em
segundo, há quem a veja como essencialmente delicada. Isto é, tão frágil,
precária, e efêmera, que os humanos só poderiam lidar com ela como se
estivessem “pisando em ovos”. Em terceiro estão os que preferem entendê-la
como simultaneamente perversa e tolerante, pois aceitam ambas as posturas já
mencionadas. Acham que - dentro de certos limites - a mais aceitável é a
primeira (benigna), mas que é preciso ter cuidado para não ultrapassar tais
limites, pois - a partir daí - estaria mais certa a segunda (frágil). E em quarto
lugar surge a idéia de que a natureza é essencialmente caprichosa. Tão
imprevisível que escapa de qualquer pretensão humana de controlá-la.

Já as quatro inclinações míticas sobre a condição humana são certamente mais


familiares ao leitor, dispensando detalhamento: a individualista, a hierárquica,
a igualitária, e a fatalista. Pois bem, quando se examina as principais
combinações daqueles primeiro conjunto de quatro visões sobre a natureza
com este outro, com quatro sobre a condição humana, emergem três
propensões básicas diante do risco: a) não levar a sério qualquer pretensão de
reduzi-lo; b) adotar apenas medidas preventivas que não comprometam
liberdades; c) persuadir a coletividade a adotar medidas drásticas necessárias à
sua eliminação, construindo muralhas institucionais capazes de lidar com ele
do mesmo modo que um exército lida com o inimigo.

Essas três atitudes básicas só podem se exacerbar quando não se está apenas
diante de riscos, mas de incertezas. Diz-se que há risco quando se percebe um
perigo possível que seja mais ou menos previsível. Qualquer jogador percebe
sua atividade como risco quando está em condições de prever quais
acontecimentos podem ocorrer, assim como estimar a probabilidade deles
ocorrerem. Já a incerteza define a possibilidade de ocorrer um acontecimento
27

(em geral perigoso) sem que seja possível ter noção sequer aproximada da
probabilidade de ocorrência. Fala-se então de “probabilidade subjetiva”.

Uma das circunstâncias mais comuns sob a qual as sociedades não conseguem
resolver um problema é quando ele toma a forma de uma tendência lenta,
oculta por grandes e freqüentes variações. Como diz Jared DIAMOND (2005),
o melhor exemplo disso em tempos modernos é justamente o aquecimento
global. Ele não quer dizer que o clima fique exatamente 0,01º C mais quente
que o ano anterior. Ao contrário, varia aleatoriamente para cima e para baixo
de ano a ano: certo verão pode estar três graus mais quente que o anterior, o
subseqüente ainda dois graus a mais, quatro graus mais frio no seguinte, um
grau mais frio no próximo, então cinco graus mais quente no outro, etc. Com
flutuações tão grandes e imprevisíveis, demorou muito tempo até que a
tendência média de aumento de 0,01º por ano fosse discernível. 35

De qualquer forma, parece extremamente fragilizada a condição do Brasil


nesse início de negociações de regime pós-Kyoto, já que não se sabe sequer se
é realmente correta a idéia tão repetida de que mais de que três quartos de suas
emissões podem ser atribuídas ao desmatamento na Amazônia, bordão que se
tornou o principal coringa do Itamaraty nas negociações internacionais. Esse
dado resultou de inventário divulgado em 2004, mas com dados de 1990-94!
36

35
“Os groelandeses medievais tinham dificuldade semelhante para reconhecer que seu clima estava
esfriando de forma gradual, e os maias e anasazis tinham problemas semelhantes para discernir que seu clima
estava ficando mais seco. Os políticos usam o termo ‘normalidade deslizante’ para se referir a essas lentas
tendências ocultas por trás de flutuações confusas. Se a economia, a educação, o trânsito ou qualquer outra
coisa estiverem se deteriorando aos poucos, é difícil reconhecer que cada ano sucessivo está em média
ligeiramente pior do que o anterior, de modo que o padrão básico daquilo que constitui a ‘normalidade’ muda
gradual e imperceptivelmente. Pode levar algumas décadas de leves mudanças anuais até que as pessoas se
dêem conta, com surpresa, de que as condições costumavam ser muito melhores algumas décadas antes e que
aquilo que se considera normal hoje em dia é uma deterioração daquilo que era normal anteriormente”
(DIAMOND, 2005:508).
36
Segundo recentes estimativas do professor José Goldemberg, o Brasil pode ter emitido 1,141 bilhão de
toneladas em 2006, das quais 855 milhões (75%) teriam vindo de mudanças de uso do solo, como o corte e
queima de árvores. Esse número poderia estar superestimado, pois, conforme a Dra. Thelma Krug, Secretária
de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, em 2006 as emissões provenientes do
desmatamento da Amazônia girariam em torno de 684 milhões de toneladas de CO2. Mas concorda que o
desmatamento ainda é a principal contribuição brasileira, e na mesma proporção observada no período
1990/1994: 75%. Também insiste que 96% das emissões líquidas provenientes de mudanças de uso do solo
devem ser creditadas à conversão de florestas em atividades de agricultura e pecuária. E informa que somente
em 2009 serão divulgados os cálculos das informações coletadas entre 1995 e 2000, ocasião em que talvez
possam também ser divulgadas estimativas para o período 2001-2006. (cf. Cristina Amorim: “País não detém
desmate e permanece entre campeões de emissão de CO2”, O Estado de S.Paulo, 06/11/2007, p. A18.
28

No livro de GORE (2006: 230-1) há uma belíssima imagem noturna do


mundo, elaborada ao longo de seis meses por um satélite do Departamento de
Defesa americano. As partes coloridas em vermelho são locais em que mais
estão ocorrendo queimadas. Destaca-se a África onde, segundo o livro, isso se
deve ao uso de lenha para cozinhar, o que simplesmente não dá para entender.
Mas o pior é que não há qualquer comentário sobre o fato de a América Latina
surpreender por mostrar que há muitíssimo mais queimadas fora do que dentro
do chamado arco de desmatamento da Amazônia, apesar de todas as
evidências já recolhidas sobre a absurda recorrência desse crime.

Isto deveria exigir que se fizesse clara distinção entre os dois fenômenos, em
vez de se atribuir apenas aos desmatamentos a responsabilidade pelas
emissões de carbono resultantes de queimadas. As duas práticas precisam ser
combatidas com todo vigor, energia, e firmeza, mas talvez se mostre muito
mais difícil acabar com queimadas que não estão associadas a desmatamentos
do que o contrário. Todavia, quase todos os analistas do aquecimento global
repetem que as emissões brasileiras, por exemplo, seriam radicalmente
reduzidas com o simples fim dos desmatamentos amazônicos, como se fosse
essa a única contribuição proveniente de mudanças do uso do solo.

Supondo, de qualquer forma, que o fim dos desmatamentos da Amazônia seria


importantíssimo trunfo no processo de negociações, a questão passa a ser a da
viabilidade político-institucional de se conseguir tal proeza. Como são poucos
os cidadãos que se declaram a favor da continuidade desse crime, poderia
parecer que já se formou sobre ele um grande consenso. No entanto, essa é
uma suposição que perde resistência quando sai do âmbito das intenções e
ruma para o dos custos e sua repartição.

Mesmo assim, nunca houve um momento mais propício para a adoção de


metas de desmatamento, como estão propondo nove organizações não-
governamentais nacionais e estrangeiras: um Pacto pela Valorização da
Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia. Essas ONGs estimam
que zerar a devastação demandará um prazo de sete anos. Mas os fundamentos
econômicos dessa proposta já estão sendo duramente criticados por
pesquisadores especializados em temas amazônicos. 37
37
Os fundamentos foram elaborados pela “Macrotempo Consultoria Econômica”, com equipe de consultores
formada por Amir Khair, Luis Afonso Simoens e Vivian MacKnight, coordenados por Carlos Eduardo F.
Young. Ver YOUNG (2007). Poucas semanas após o lançamento desse “Pacto”, mais de cem pesquisadores
participantes de seminário da “Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia (Rede
Geoma, Petrópolis, 30-31 de outubro de 2007) aprovaram uma carta de repúdio. Na ocasião, a geógrafa
Bertha Becker, da UFRJ, disse que a proposta “imobiliza de novo a Amazônia” ao sugerir que a floresta seja
29

È muito comum que se diga que no Brasil a mudança imposta pela questão
climática não requererá tantos sacrifícios quanto em outras sociedades. Diz-se
até que a maioria das coisas que farão do Brasil uma sociedade de baixo
carbono deveria ser feita de qualquer forma, mesmo na ausência dessa
ameaça. 38 Mas essa idéia está irremediavelmente ligada à suposição de que as
emissões de carbono do Brasil serão facilmente minimizadas com o
desmatamento zero da Amazônia. Suposição que também gera controvérsia,
pois, como mostra o caso do “Pacto”, são freqüentes as evidências opostas.

Na reunião realizada pelo IPCC no Rio de Janeiro no final de outubro 2007,


embora tenha concordado que o desmatamento é um grande problema, o
professor Luiz Pinguelli Rosa, secretário executivo do Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas, lembrou que sua redução não contribui para o
desenvolvimento. Depois também realçou as vantagens do Brasil em relação a
outros países devido ao uso do biocombustível, da hidreletricidade, da energia
eólica (vento) e do biodiesel. Todavia, fez questão de denunciar ações do
Ministério de Minas e Energia, como o fato de o país gastar US$ 2 bilhões
para subsidiar o uso do diesel para gerar energia elétrica no Amazonas. “Esse
dinheiro poderia ser canalizado para o uso de energia alternativa. A Amazônia
é rica em recursos naturais”, apontou. A introdução de usinas a carvão no
Brasil foi outro ponto criticado. “É um contra-senso o Brasil importar carvão
para gerar energia elétrica”, disse ele. 39

Para Márcio Pereira Zimmermann, Secretário de Planejamento e


Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia, é irreversível
o efeito dos leilões de energia realizados desde 2005 para a piora da matriz
energética brasileira. Mesmo com a construção das hidrelétricas do Madeira e
de Belo Monte, além do reator nuclear de Angra 3, o Brasil mais do que
dobrará, nos próximos dez anos, as emissões de gases estufa produzidos por
termelétricas. 40

Não menos importante é lembrar que “a indústria brasileira está cada vez mais
petroleira”, para usar as palavras do Iedi. A participação dos setores de refino

simplesmente mantida em pé, em vez de investir na exploração sustentável dos recursos florestais. “o que
precisa ser remunerado é uma mudança de paradigma, para produzir sem destruir” (apud Herton Escobar,
“Cientistas rejeitam pagamento por preservação”, O Estado de S. Paulo, 01/11/2007, p.A25).
38
Ver, por exemplo, ABRANCHES (2007:63).
39
Cf. Agência Fapesp, 30-10-2007.
40
Cf. a informativa matéria de Daniel Rittner “Com térmicas, país dobrará a emissão de poluentes em 10
anos”, Valor, 5/11/2007, p. A5.
30

de petróleo e álcool praticamente dobrou na indústria entre 1996 e 2005.


Nesse período, só foram significativos os aumentos de participações na
economia de 3 dos 24 setores industriais: petróleo, metalurgia e indústria
extrativa, com destaque para o refino de petróleo. 41 Finalmente, mas não
menos importante, deve-se registrar a recente descoberta de megajazida de
petróleo no litoral de Santos, SP, o bloco Tupi, mesmo que só venha entrar em
produção dentro de oito ou dez anos.

Em síntese, há poucas semanas da importante reunião da Convenção do Clima


de dezembro de 2007, a sociedade brasileira desconhecia por completo o
posicionamento e eventuais propostas que seu governo levaria a Bali. O
anunciado Plano Nacional de Mudanças Climáticas era previsto apenas para
meados de 2008, e o governo corria para fechar um conjunto de medidas
pontuais, a tempo de divulgá-las antes do inicio dessa conferência. 42

5. Conclusão

Esta revisão de controvérsias sobre a ciência, a economia, e a política do


aquecimento global indica que qualquer posicionamento sobre a questão
passa, antes de tudo, por uma inevitável alternativa: admitir os argumentos dos
ditos “céticos”, ou levar a sério as previsões do IPCC.

Quem tender a acatar a primeira opção, certamente concordará com a brilhante


exposição de motivos feita por Nigel LAWSON (2006) para a tese de que o
verdadeiro perigo enfrentado pelas sociedades atuais não vem do clima, mas
sim da nova religião eco-fundamentalista. Para ele, a resposta mais racional a
uma mudança climática - caso, por alguma razão, venha a ocorrer – é
simplesmente adaptar-se a ela. E, neste caso, mais que responsabilidade, será
obrigação dos países ricos da parte do mundo de clima temperado dar ajuda
aos países pobres da faixa tropical para que se lancem na nessa necessária
adaptação.

Quem preferir o outro lado da alternativa, dificilmente poderá encontrar uma


orientação comparável à primeira em termos de simplicidade. Logo perceberá

41
Cf. Folha de S.Paulo, 05/11/07.
42
Cf. matéria do editor de ciência do jornal Folha de S.Paulo “Governo define pacote anteaquecimento”,
10/11/2007, p. A33,
31

que existem profundas questões éticas que condicionam as propostas políticas,


assim como a racionalidade econômica em que precisam se apoiar.

As posturas éticas das quais dependem as propostas políticas são


essencialmente duas: a) qual é o risco que pode ser assumido quanto à
elevação da temperatura neste século em relação ao nível pré-industrial? b)
qual é o custo do combate ao aquecimento que pode ser deixado para futuras
gerações?

Várias respostas a essas perguntas podem ser encontradas nos debates sobre o
aquecimento global.43 Destacam-se as posições de Stern sobre altos
investimentos em mitigação de emissões que devem começar urgentemente
para reduzir o risco de catástrofes, e a de Nordhaus, sobre uma “rampa” de
investimentos, começando em patamar baixo e crescendo linearmente ao
longo do tempo. A controvérsia entre as estimativas de custos desses autores
perdurará enquanto não forem resolvidos os dilemas éticos da justiça
intergeracional. Todavia, se prevalecer o princípio da precaução, será
inaceitável adotar limites superiores a 450 ppm para a concentração de dióxido
de carbono, ou de aumento superior a 2º C até 2100 com relação a 1900.

Assim, caso seja assumida uma taxa de desconto de 4% - que significa deixar
boa parte dos custos para gerações futuras - chega-se a um custo social 44 da
tonelada de carbono superior a US$ 50, que deveria aumentar pelo menos uns
20% até 2010, atingindo pouco mais de US$ 60. Ao contrário, se for
considerada a baixíssima taxa de 0,1% assumida pelo relatório Stern, o custo
da tonelada de carbono deveria ser cinco vezes maior em 2010. Há, portanto,
uma ampla margem de manobra oferecida aos negociadores do pós-Kyoto,
sendo razoável supor que sejam levados a optar por um imposto cujo valor
provavelmente superará os US$ 100.

A questão do nível de controle das emissões parece estar melhor encaminhada


do que a dos custos, chegando a haver concordância entre a maioria dos
economistas em que a imposição de uma taxa sobre as emissões de carbono é
bem mais eficiente do que um esquema “cap-and-trade”, ao estilo do atual
Protocolo de Kyoto. E essa concordância se estende para o fato de que um
imposto harmonizado mundialmente é politicamente inviável, de modo que

43
Quase todas estão na Tabela A3-1, no ANEXO 3.
44
Por custo social entende-se o custo adicional causado por mais uma tonelada de carbono emitida.
32

um esquema híbrido, apelidado de “cap-and-tax”, passa a ser a estratégia mais


atraente.

Finalmente, o que se deve concluir deste balanço das controvérsias é que:


nada pode ser mais incoerente do que levar a sério as conclusões do IPCC, e,
simultaneamente, supor que o problema possa ser enfrentado mediante
acordos internacionais do gênero do Protocolo de Kyoto. Se o IPCC estiver
mesmo com a verdade, todos os países do mundo, a começar pelos mais ricos
e poderosos, deveriam enfrentar o problema como se estivessem diante de
uma grande guerra, em vez de barganharem ridículas metas de contenção de
emissões.

Mas isso só poderia acontencer se as negociações internacionais conseguissem


produzir algum tipo de enforcement que reduzisse o benefício de se tomar uma
carona (aproveitar as vantagens de uma redução de emissões por parte dos
demais países sem pagar o preço dessa redução). Além disso, os sistemas de
Ciência, Tecnologia & Inovação (CT&I) deveriam ser drasticamente
reorientados para o objetivo prioritário de encontrar maneiras de superar a
dependência das energias fósseis, já que essa pesquisa energética (atualmente
concentrada na energia nuclear) está sendo feita com orçamentos que mal
chegam a 5% dos orçamentos da pesquisa militar.

A fragilidade da posição brasileira resulta de diversos fatores, com destaque


para o anacronismo do único inventário conhecido de emissões, num período
em que a matriz energética está perdendo aquela “limpeza” que podia ser
evocada há 15 ou 20 anos atrás. Além disso, continua prisioneira de uma visão
geopolítica incoerente com a admissão da seriedade das conclusões do IPCC.
Afinal, quando uma embarcação marítima está afundando, de pouco vale saber
quem começou antes a furar o casco, e mesmo quem fura mais ou fura menos.
Para evitar o naufrágio é preciso que todos parem de furar. E esta é a principal
ambigüidade do debate político internacional, pois frequentemente parece que
não se leva realmente a sério os relatórios do IPCC, muito embora se diga que
eles estejam muito próximos da certeza científica.
33

ANEXO 1

Modelagem econômico-climática

A modelagem do aquecimento global é tradicionalmente feita por meio de


integrated assessment models (IAMs), modelos dinâmicos que integram as
várias dimensões da mudança climática (física, econômica e social) numa
plataforma de representações matemáticas que simula as cadeias de
causalidade responsáveis pelo clima, incluindo as relações de feedback, como
na FIGURA 1 abaixo:

FIGURA 1 – cadeias de causalidade do IMAGE 2.0


 

 
Fonte: Van der SLUIJS (1996: 3)

O IAM trabalha com uma grande quantidade de variáveis determinadas


simultaneamente período após período em prazos muito longos, simulando
computacionalmente a realidade e permitindo que se tracem cenários
probabilísticos relativos aos valores futuros das variáveis em questão. As
34

funções que compõem esses modelos, responsáveis por fornecer ao


computador a maneira como as diversas variáveis se relacionam, se assentam
em pressupostos teóricos que podem ser mais ou menos corretos. A interação
dinâmica entre essas funções, portanto entre as premissas teóricas adotadas,
quando aplicada a valores iniciais de cada uma das variáveis, permite que se
rode o modelo e que se chegue a um cenário futuro em um determinado
instante do tempo. Os erros contidos em cada uma dessas funções também
interagem horizontal (num dado período) e verticalmente (ao longo do
tempo), fazendo com que a incerteza se multiplique pelo modelo.

Há duas divisões importantes: entre modelos de avaliação e de otimização de


políticas públicas, e entre modelos estocásticos e deterministas. Enquanto os
modelos de avaliação assumem um determinado conjunto de políticas e
avaliam seus resultados. Os de otimização fixam o objetivo de maximização
de um resultado e derivam a política ótima. Os modelos estocásticos
produzem a distribuição probabilística dos resultados através de simulações
de Monte Carlo, portanto modelando a incerteza, enquanto os deterministas
seguem o caminho do best-guess, incluindo o máximo de informação possível
(e, em alguns casos, o mínimo necessário) e adotando o resultado mais
provável ou um conjunto de cenários possíveis (TOL, 2006: 3).

Os IAMs surgiram em meados da década de 1980 em decorrência da


necessidade de uma interface dinâmica entre ciência e políticas públicas para
o tratamento de complexas questões ambientais, e tiveram seu
desenvolvimento potencializado pela tecnologia computacional. O primeiro
IAM (RAINS – Regional Acidification INformation and Simulation) data de
meados da década de 1980, e era voltado à análise dos efeitos da chuva ácida
sobre a economia e de possíveis políticas de controle do problema. Logo em
seguida (1986) surgiu o IMAGE (Integrated Model to Assess the Greenhouse
Effect), voltado especificamente para a análise do efeito estufa e atualmente
utilizado pelo IPCC.

Os modelos que ganharam mais destaque na EAG foram o DICE e o PAGE.


O primeiro - Dinamic Integrated Climate-Economy Model – foi criado pela
equipe de Nordhaus em 1974 45 e está em sua 5ª versão (NORDHAUS, 2007:
5). É determinista, e mescla o enfoque analítico com o de otimização de
políticas públicas. O segundo - Policy Analysis of Greenhouse Effect – foi

45
Mesmo assim, a literatura que trata dos IAMs considera o RAINS o primeiro modelo que caracteriza
completamente a metodologia de integrated assessment, provavelmente porque até 1992 o DICE não era um
modelo dinâmico e sim de steady-state, de modo que poucas variáveis eram endógenas.
35

criado para a União Européia, em 2002, por uma equipe coordenada por Chris
Hope, e ganhou notoriedade por ter sido o modelo usado na elaboração do
relatório Stern. É estocástico e de análise de políticas públicas. E sua versão
mais recente foi feita em co-autoria com a economista Erica PLAMBECK
(PLAMBECK & HOPE, 1995).

NORDHAUS (2007) realiza uma série de exercícios utilizando o DICE-2007,


desde deduzir a política ótima que maximiza o valor do consumo
intertemporal, até analisar os resultados da aplicação da proposta do relatório
Stern. STERN (2006), por outro lado, emprega o PAGE-2002 para a
comparação entre um cenário base, representado pelo cenário A2 do IPCC
(concentração atmosférica de CO2 equivalente de aproximadamente 1250
ppm no ano 2100, rápido crescimento populacional e ausência de políticas de
redução de emissões), e um cenário mais pessimista chamado de high climate.

A diferença fundamental entre esses modelos é a maneira como tratam a


incerteza: Nordhaus deixa claro que a intenção do DICE não é modelar a
incerteza 46 , enquanto para Hope explicitar a incerteza inerente ao modelo é
essencial para o entendimento dos resultados de determinada política. Uma
importante semelhança entre as versões mais recentes desses modelos é a
inclusão da possibilidade de uma mudança climática abrupta. Ambos seguem
a filosofia de que “parts of the problem about which we have little knowledge
must not be ignored (...) carefully elicited expert judgement should be used
when formal models are not possible.” (MORGAN & DOWLATABADIS,
1996, apud: HOPE, 2006: 25).

STERN (2006) argumenta que a maioria dos IAMs disponíveis se limita a um


pequeno subconjunto dos impactos mais bem entendidos mas menos danosos,
subestimando as estimativas de danos. Portanto, se alinha a Hope no
entendimento de como a incerteza se transforma em risco: assumem que
maior incerteza significa maiores perdas, enquanto Nordhaus adota a posição
de não “precificar” a incerteza até que haja um mínimo embasamento
científico para tal (STERN, 2006: 150-151). Para Hope e Stern, a estratégia de
Nordhaus representa uma omissão quanto a riscos potenciais.

CLINE (1992) não chegou a desenvolver um modelo próprio, mas contribuiu


bastante para o desenvolvimento dos IAMs ao sintetizar os modelos mais

46
Apesar disso, o autor apresenta a distribuição de probabilidades para oito importantes variáveis
(NORDHAUS, 2007: 81).
36

importantes existentes à época para criticar os seus pontos fracos. O DICE,


por exemplo, era um modelo de steady state, e se transformou num modelo
dinâmico depois da crítica de Cline:

“In earlier studies, I developed a simple cost-benefit framework for determining the
optimal ‘steady-state’ control of CO2 and other greenhouse gases. (...) The earlier
studies had a number of shortcomings, but one of the most significant from an
analytical point of view was the inadequate treatment of the dynamics of the
economy and the climate. The earlier work examined a "resource steady state," one
in which all physical flows are constant (e. g., in which population, emissions,
concentrations, and climate change have all stabilized in their steady state)
although there might be improvements in real incomes because of resource-saving
technological change. (...) A complete analysis of the economics of climate change
must recognize the extraordinarily long time lags involved in the reaction of the
climate and economy to greenhouse gas emissions. (...) It would appear, therefore,
that the dynamics are of the essence and that an examination of the steady state
may provide misleading conclusions for the steps that we should take at the dawn of
the age of greenhouse warming.” (NORDHAUS, 1993: 28)

Atualmente existe uma infinidade de IAMs que se diferenciam principalmente


por serem ou não desagregados geograficamente, por endogeneizarem ou não
a inovação tecnológica, por serem estocásticos ou deterministas e por serem
analíticos ou de otimização (Ver lista na Tabela A1).
Desde o início, o DICE se diferenciou dos tradicionais modelos econômicos
agregados por incluir o capital natural como um tipo adicional de estoque de
capital. O CO2 pode ser visto como capital negativo, na medida em que
diminui o estoque de capital natural. E a redução de emissões como
investimento que diminui a quantidade de capital negativo. O produto dessa
economia - Q(t ) - é dado pela representação modificada de uma função de
produção neoclássica (equação I), em que capital e trabalho são representados
por uma função Cobb-Douglas. O capital natural é tratado através de uma
função de danos climáticos (II), e de uma função de mitigação das emissões
(III). Os danos climáticos são função da temperatura média global - ΤAT (t ) - e
os custos de mitigação são função da taxa de redução de emissões
antropogênicas - μ (t ) . A ligação entre atividade econômica e emissões se
encontra na variável temperatura média global, que é função de fatores
exógenos e do estoque total de carbono na atmosfera, o qual depende, entre
outros fatores, da taxa de controle de emissões.
(I) Q(t ) = Ω(t )[1 − Λ(t )]Α(t ) Κ(t ) y L(t )1− y
(II) [
Ω(t ) = 1 1 + ψ 1ΤAT (t ) +ψ 2 ΤAT (t ) 2 ]
θ2
(III) Λ (t ) = 1 − θ1 (t ) μ (t )
37

onde:
Q (t ) = oferta líquida total de bens e serviços, líquida de mitigação e danos
(bilhões de US$)
Ω(t ) = função de danos ambientais (danos climáticos como fração da produção
mundial)
Λ (t ) = função de mitigação (custos de mitigação como fração da produção
mundial)
Α(t ) = produtividade total dos fatores (em unidades de produtividade)
Κ (t ) = estoque de capital (em bilhões de US$)
L(t ) = população (milhões)
y = elasticidade da produção em relação ao capital (número absoluto)

A trajetória do consumo depende da maximização de uma função de bem-estar


social intertemporal (U) sujeita à restrição da variação do estoque total de
capital da economia. Essa função representa um conjunto de preferências bem
definidas, e cresce com o consumo per-capita - u ' [c(t )] > 0 - a uma taxa
decrescente - u '' [c(t )] < 0 , sendo que a importância relativa do consumo de cada
geração depende da taxa de desconto do tempo (ρ), como na relação a seguir:
u[c(t )]
T max
(IV) U = ∑ (1 + ρ )
t =1
t

onde:
⎡ c(t )1−η ⎤
u[c(t )] = L(t )⎢ ⎥ é a função de utilidade instantânea do período t
⎣ 1 −η ⎦
C(t )
c(t ) = é o consumo per-capita no período t
L(t )
C(t ) = consumo no período t
η = elasticidade da utilidade marginal do consumo ou coeficiente de aversão
ao risco

A otimização desse modelo foi feita por RAMSEY (1928), restringindo o


consumo intertemporal à variação do estoque de capital da economia - Κ (t ) :

(V) K (t ) = r − δ K (t ) − c(t )
onde:
r = taxa de remuneração do capital ou taxa de desconto do consumo
δ = taxa de depreciação do capital
38

TABELA A1 – lista dos integrated assessment models mais conhecidos

A utilização de modelos desse tipo é a maneira mais segura de se fazer


previsões de longo prazo que se distanciem minimamente da mais pura
especulação. Mesmo assim, por se assentar sobre uma quantidade muito
grande de pressupostos relativos ao tipo de relação que existe entre as diversas
39

variáveis econômicas e climáticas, a sobreposição de falhas pode levar a erros


de grande magnitude.

Os esforços dos que trabalham com modelagem têm se concentrado na


necessidade de se entender como a incerteza (tanto física como econômica) se
propaga pelo modelo, tanto horizontal como verticalmente. Também tentam
explorar a dimensão geográfica, procurando entender como diferentes graus
de aquecimento poderão repercutir sobre as diversas regiões do mundo.
Todavia, não é surpreendente que, dentre as inúmeras premissas necessárias
para se rodar um IAM, aquela relativa à taxa de desconto do tempo seja a que
mais impacta os resultados, dados os longos horizontes de análise. A
otimização do modelo acima leva à seguinte conclusão, conhecida como
relação de equilíbrio de Ramsey:
(VI) g =
(r − ρ ) ⇔ r = ρ + η g
η
onde:
ρ = taxa de desconto do tempo ou preferência pelo consumo presente

g = c(t ) = taxa de crescimento do consumo per-capita

A taxa ótima de crescimento do consumo per-capita (g) é dada pela razão


entre o incentivo à poupança e a elasticidade da utilidade marginal do
consumo (η). O incentivo à poupança será tão maior quanto maior for a taxa
de remuneração do capital (r) relativamente à preferência pelo consumo
presente (ρ). Retornando a (IV), é fácil notar que ρ afeta negativamente o
valor presente do bem-estar social agregado. No longo prazo, tem um efeito
muito forte já que está elevado ao número de períodos do modelo. A
determinação desse parâmetro é um tanto subjetiva, pois estão em jogo tanto
considerações éticas sobre a moralidade de se descontar o consumo das
gerações futuras quanto a sensibilidade dos resultados do modelo.

Desde a década de 1970 Nordhaus adotou o modelo de otimização de Ramsey


para realizar análises de custo-benefício do aquecimento global. A sua
premissa é fixar a taxa de retorno do capital de acordo com as taxas reais de
juros observadas no mercado. Assim, em seus primeiros trabalhos adotou r =
10%, mas foi diminuindo esse valor ao longo do tempo até chegar aos atuais
5%.

A posição de CLINE (1992) era diferente, pois dava mais peso ao pressuposto
ético da igualdade intergeracional, de modo que optou por fixar ρ = 0,
40

obtendo, por conseqüência, r = 1,5% (η = 1 e g = 1,5%). Para ele, a


remuneração do capital não podia ser inferida pelas taxas do mercado em se
tratando de custo-benefício do aquecimento global, uma vez que muitos dos
custos e benefícios envolvidos não possuem preços de mercado.

No longo prazo, o impacto de uma taxa de desconto próxima de zero é muito


grande porque aumenta o valor presente dos danos futuros calculados,
exigindo investimentos mais rápidos em mitigação. O não direcionamento
desses investimentos para o setor de inovação tecnológica retarda o
surgimento de uma backstop technology (reduz o custo do carbono a zero,
podendo ser uma tecnologia que retire o carbono da atmosfera ou uma fonte
de energia que não emita carbono) capaz de substituir matrizes energéticas
poluidoras. Por contraste, uma alta taxa de desconto leva ao consumo rápido
dos recursos energéticos no presente, gerando renda para investimentos em
inovação tecnológica (NORDHAUS, 2007).

ANEXO 2

TABELA A2-1 – Os principais países e blocos emissores

Emissões de carbono em 2006

Totais Per capita Por mil US$ de PIB

(bilhões de ton) % (ton) (ton)

CHINA 5,7 20 5 2,1


EUA 5,6 20 19 0,4
UE (27
países) 4 15 8 0,3
ÍNDIA 1,8 7 0,8 2,1
RUSSIA 1,4 5,5 10 1,2
BRASIL
(2004) 1 4 5 1,1
JAPÃO 0,8 3 6 0,15
Nota: outros grandes emissores: Canadá, Indonésia, África do Sul, México, Austrália, Coréia do Sul.
Fonte: VIOLA (2007:6-10)
41

TABELA A2-2 – Emissões dos países da União Européia


(por ordem de participação)

2005
País % Variação 1990-2005
Milhões de
toneladas

ALEMANHA 1001,5 19,3 -18,7


REINO UNIDO 657,4 12,7 -15,7
ITÁLIA 582,2 11,2 12,1
FRANÇA 553,4 10,7 -1,9
ESPANHA 440,6 8,5 52,3
POLÔNIA 399 7,7 -32
HOLANDA 212,1 4,1 -1,1
ROMÊNIA 153,7 3,0 -45,6
R CHECA 145,6 2,8 -25,8
BÉLGICA 143,8 2,8 -2,1
GRÉCIA 139,2 2,7 25,4
ÁUSTRIA 93,3 1,8 18,1
PORTUGAL 85,5 1,7 40,4
HUNGRIA 80,5 1,6 -34,5
IRLANDA 69,9 1,4 25,4
BULGÁRIA 69,8 1,3 -47,2
FINLÂNDIA 69,3 1,3 -2,6
SUÉCIA 67 1,3 -7,4
DINAMARCA 63,9 1,2 -7,8
ESLOVÁQUIA 48,7 0,9 -33,6
LITUÂNIA 22,6 0,4 -53,1
ESTÔNIA 20,7 0,4 -52
ESLOVÊNIA 20,3 0,4 0,4
LUXEMBURGO 12,7 0,2 0,4
LÁTVIA 10,9 0,2 -58
CHIPRE 9,9 0,2 63,7
MALTA 3,4 0,1 54,8

EU-27 5176,9 100,0

EU-15 4192 -2
Fonte: European Envioronmental Agency (2007)
42

Tabela A2-3 – Emissões dos Países da União Européia


(Por ordem de desempenho)

2005
País % Variação 1990-2005
Milhões de
toneladas

LÁTVIA 10,9 0,2 -58


LITUÂNIA 22,6 0,4 -53,1
ESTÔNIA 20,7 0,4 -52
BULGÁRIA 69,8 1,3 -47,2
ROMÊNIA 153,7 3,0 -45,6
HUNGRIA 80,5 1,6 -34,5
ESLOVÁQUIA 48,7 0,9 -33,6
POLÔNIA 399 7,7 -32
R CHECA 145,6 2,8 -25,8
ALEMANHA 1001,5 19,3 -18,7
REINO UNIDO 657,4 12,7 -15,7
DINAMARCA 63,9 1,2 -7,8
SUÉCIA 67 1,3 -7,4
FINLÂNDIA 69,3 1,3 -2,6
BÉLGICA 143,8 2,8 -2,1
FRANÇA 553,4 10,7 -1,9
HOLANDA 212,1 4,1 -1,1
ESLOVÊNIA 20,3 0,4 0,4
LUXEMBURGO 12,7 0,2 0,4
ITÁLIA 582,2 11,2 12,1
ÁUSTRIA 93,3 1,8 18,1
GRÉCIA 139,2 2,7 25,4
IRLANDA 69,9 1,4 25,4
PORTUGAL 85,5 1,7 40,4
ESPANHA 440,6 8,5 52,3
MALTA 3,4 0,1 54,8
CHIPRE 9,9 0,2 63,7

EU-27 5176,9 100,0

EU-15 4192 -2

Fonte: European Environmental Agency (2007)


43

Tabela A2-4 – Metas de Kyoto e Variação 1990-2004


(porcentagens)

País Meta para 2010 Variação


em relação a 1990 1990-2004

ALEMANHA -8 -17
REINO UNIDO -8 -14

EUROPA-15 -8 -0,8

FRANÇA -8 -0,8

JAPÃO -6 6,5
NORUEGA 1 10
N. ZELÂNDIA 0 21
IRLANDA -8 23
CANADÁ -6 27
GRÉCIA -8 27
PORTUGAL -8 41
ESPANHA -8 49

EUA - 16
AUSTRÁLIA - 25

CHINA x 47
INDIA x 55

Fonte: Wikipedia
44

ANEXO 3

Tabela A3-1 - Opções de política, seus resultados e custos de acordo com o


modelo DICE-2007

Pressupostos
do modelo
Imposto
Custo social
sobre o Taxa de
Aumento da da tonelada
carbono em desconto do
temperatura de carbono
2010 consumo (r),
1900-2100 em 2005
do tempo (ρ)
Opções Em º C Em US$ de 2005 e elasticidade da
Em US$ de 2005
utilidade
marginal do
consumo (η)
r = 5,5%,
Sem controle 2,87 27,8 0,0
ρ = 1,5%, η = 2
LIMITES DE CONCENTRAÇÃO
420 ppm 1,64 144,0 189,7 Idem
560 ppm 2,57 29,2 39,6 Idem
700 ppm 2,76 27,3 37,1 Idem
LIMITES DE AUMENTO DE TEMPERATURA
+ 1,5 º C 1,50 106,5 140,8 Idem
+ 2,0 º C 2,00 45,3 60,2 Idem
+ 2,5 º C 2,47 31,3 42,2 Idem
+ 3,0 º C 2,71 27,9 37,9 Idem
KYOTO
Kyoto atual 3,30 28,1 1,2 Idem
47
Kyoto reforçado 2,52 27,1 36,2 Idem
OUTROS
Ótimo de
2,76 27,3 33,8 Idem
NORDHAUS
r = 1,4%,
Proposta de STERN 1,50 23,9 305,2
ρ = 0,1%, η = 1
NB: A opção “sem controle” também é chamada de “business as usual” (BAU), é a da ausência de
políticas. Os limites de concentração atmosférica de CO2 são dados em partes por milhão. A política
ótima de Nordhaus é aquela que iguala benefícios marginais a custos marginais em cada período.A
proposta de Stern é avaliada através da inserção dos pressupostos relativos à taxa de desconto no
modelo DICE-2007.
Fonte: NORDHAUS (2007: 160)

47
Com a hipótese de adesão dos EUA, Austrália e emergentes.
45

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