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Praticas cotidianas, Tecnologia e a relação com design.

Mottola, Luiz Carlos Monte

Ao citar “tecnologia” como termo isolado, para muitos, o primeiro estereótipo que vem à mente
traz a imagem de um dispositivo com complexidade de programação, visual futurista e muitas
vezes idealizado fantasiosamente baseado em um maquinário popular do dia a dia, porém,
tecnologia esteve ligada desde de pequenas atividades automáticas até um processo manual longo
em que as robustas engrenagens são invisíveis ou inexistentes, a onipresença da tecnologia é o
que permite ter uma rotina de atividades.
Trabalhar usando um computador, fazer compras por um aplicativo, trocar mensagens em redes
sociais, passar roupas com um ferro elétrico, acordar devido a um despertador ao fundo...
Inúmeras atividades diárias que praticamos no contemporâneo foram moldadas pela tecnologia
que cerca o usuário, em uma rotina de jornada de trabalho e cuidados domésticos, somos
dependentes do uso de diversas tecnologias, no meio eletrônico em uma simples checada de hora
no relógio de pulso, ou mesmo no analógico, ao se maquiar em frente a um espelho, afinal,
tecnologia é qualquer técnica aplicada ao ambiente que crie uma interface de manipulação entre
usuário, artefato e resultado objetivo, sendo assim, podemos considerar que uma das primeiras
tecnologias revolucionarias para a humanidade foi a ponta de lança com pedra lascada, ainda na
pré-história.
Considerando a aplicação de tecnologia em praticamente toda ação cotidiana, chegamos ao
questionamento quanto a fonte dessa tecnologia, sua hierarquia, utilização para o publico geral e
os produtores; engenheiros, artesãos, projetistas industriais, entre todos, um destaque, o designer.
“O designer deve, com sua atividade, suprir necessidades humanas por meio de sua
competência, da sua criatividade, do seu método. Deve ainda ser sensível às prioridades
sociais e culturais, conhecer as tendências concorrentes e a multiplicidade de parâmetros
que as rege” Niemeyer, 2014 ¹
O design é tão presente no cotidiano quanto a eletricidade ou interação interpessoal, para um
cidadão comum desprovido do conhecimento sobre o que é design, continua usufruindo dos frutos
do trabalho de um designer anônimo, em cada placa de transito que obedece, ao comprar um
sapato com encaixe confortável e durabilidade de material, ao assistir um filme no cinema, e até
no simples ato de descansar em sua casa projetada. O design é responsável por aprimoramento de
funções em um produto, remodelagem visual e conceitual, mas também pelo estimulo indireto de
um habito consumista em função do frenesi de capital circulatório.
“Design – assim como a ciência – pode ser uma ferramenta de interesses hegemônicos,
mas não necessariamente é. A atividade projetual seria superestimada se supusermos que
mediante a atividade de arquitetos, designers industriais e designers gráficos o potencial
social conflituoso pode ser reduzido diretamente” Bonsiepe, 2011 ²
O design, tecnologia e atividades cotidianas tem seu ápice de participação simultânea quando no
contexto de bens e serviços, o design da estrutura física, a tecnologia de micro processamento e a
prática cotidiana de administrar o tempo de eventos importantes e atividades banais, estas três
áreas foram unidas no exemplo descrevendo um relógio smartwatch, um bem de consumo comum
no meio urbano, não de projeto e ideologia enviesada, mas simples funcionalismo prático.–

A forma na Arquitetura, Niemeyer, Oscar. 2014 ¹


Design, Cultura e Sociedade, BONSIEPE, G. 2011 ²

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