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NOTA TÉCNICA - Adequação do Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro


de 2017 aos limites impostos pela Lei Complementar Federal n° 156/2016 e pela Lei
Complementar Estadual n° 176/2017.

I. Introdução

O Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro, previsto na Lei


Complementar Federal nº 159/2017 e regulamentado pelo Decreto Federal n° 9.109/2017,
visa o equilíbrio das contas públicas, que apresentam um forte descompasso entre receitas e
despesas. Esse desequilíbrio é causado, sobretudo, pela desaceleração da arrecadação e pela
queda nos preços do petróleo, com grande impacto na economia fluminense.

A LC Federal nº 156/2016 que “estabelece o Plano de Auxílio aos Estados e ao


Distrito Federal e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal” foi elaborada para auxiliar os
estados em situação de desequilíbrio financeiro.

A Lei Complementar Estadual (LCE) nº 176/2017 que “estabelece normas e diretrizes


fiscais no âmbito do Regime de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro” fixa limite
para o crescimento das despesas obrigatórias com o objetivo de auxiliar o Estado a equilibrar
suas contas públicas.

II. Limites da Lei Complementar Federal n° 156/2016

A Lei Complementar Federal nº 156 de 2016 dispõe em seu art. 4º limite para o
crescimento das despesas primárias correntes (DPC) do Estado que aderir ao sistema de
parcelamento de dívidas previsto neste dispositivo legal.

Para o cálculo foram consideradas as seguintes premissas:

• os valores repassados ao PASEP foram deduzidos do cálculo (art. 4º caput);


• o Estado pode escolher como valores base a DPC de 2016 (art. 2º, inciso I) ou
a média entre a DPC de 2015 corrigida pelo IPCA e a DPC de 2016 (art 2º,
inciso II).
No quadro a seguir constam as despesas empenhadas em 2015 e 2016, os respectivos
índices de inflação medidos pelo IPCA e a memória de cálculo dos valores base previstos nos
incisos do art. 2º da referida Lei Complementar.
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Quadro 1 – Valores base para DPC, 2015 - 2016


R$ milhões
Item 2015 2016 2015 / 2016
Despesa primária corrente - RREO (I) 48.250 49.399 -

Despesa Intraorçamentária Corrente Valor


3.697 4.014
incluido
PASEP (II) 824 649 -
Submetidas a Limite Máximo Lc 156 (III)
51.124 52.764 -
= (I) - (II)
IPCA médio 4.310,12 4.686,79 8,74%
Limite máximo conforme Art 2º, I - 52.764 -
Limite máximo conforme Art 2º, II - 54.178 -
Limite considerado para o ERJ - 54.178 -

Conforme mostrado no Quadro 1, a opção prevista no inciso II é a mais adequada para


o Estado do Rio de Janeiro. Desse modo, os valores base para o crescimento das DPC é de R$
54.178 milhões.

O parágrafo único do art. 4º estabelece que o valor base da DPC deverá ser corrigido
pela inflação acumulada entre dez/2016 e o período de apuração. Conforme consta do Plano
de Recuperação Fiscal do Estado, os dados projetados da DPC para os anos de 2018 e 2019
são:

Quadro 2 – Memória de cálculo de DPC do Plano de Recuperação Fiscal


R$ milhões
Item 2016 2017 2018 2019
Limite considerado para o ERJ, art 2º, II 54.178 - - -
IPCA ² - 3,46% 4,50% 4,25%
Limite corrigido pela inflação acumulada³ - - 58.575 61.064
Despesa Primária Corrente constante do - - 56.441 58.412
Plano de Recuperação Fiscal
Valores 2018 e 2019 - Projetado no Plano de Recuperação Fiscal.
¹ Conforme art. 4º da LC n° 156/2017.
² Para 2017, previsão Focus/BACEN em julho de 2017. Demais anos, centro da meta do BACEN para a inflação.
³ Conforme art. 1º e 4º do Decreto Federal n° 9.056/2017.

Do total de despesas correntes primárias também foram deduzidas as despesas fixadas


na ação orçamentária 0006 - Encargos de Antecipação de Royalties, que na memória de
cálculo do Plano estão registrados como Demais Despesas Correntes (Grupo de Despesa 31).
Até o exercício financeiro de 2016 essas despesas eram classificadas como Receitas
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Retificadoras, não compondo portanto as despesas dos valores base apresentadas no Quadro
1.
Conforme mostrado no Quadro 2, o Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de
Janeiro observa os limites de crescimento das Despesas Primárias Correntes previstos na Lei
Complementar Federal n° 156/2016.

III. Limites da Lei Complementar Estadual n° 176/17

A LCE n° 176/2017 estabelece limites para as despesas obrigatórias dos Poderes


Executivo, Legislativo, Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da
Defensoria Pública, abrangendo toda a Administração Direta e Indireta dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social.
São consideradas despesas obrigatórias do Estado aquelas executadas em ações
orçamentárias relativas a despesas de pessoal (Grupo de Gasto L1), outras atividades de
caráter obrigatório (L3), atividades finalísticas (L4) e projetos (L5). São também classificadas
como obrigatórias as despesas executadas em ações orçamentárias de manutenção
administrativa (L2) que concorrem para cumprimento de índice constitucional ou ligadas a
fundo mantido pelo Estado.
A seguir a relação de ações orçamentárias classificadas como atividades de
manutenção administrativa (L2) em 2015.
Tabela 1 – Ações orçamentárias relacionadas à manutenção administrativa
Código da Ação Título da Ação
Prestação de Serviços entre Órgãos Estaduais / Aquis. Combustível e
2010
Lubrificantes
2011 Centro de Estudos Jurídicos - MP
2016 Manutenção das Atividades Operacionais / Administrativas
2042 Constituição da Companhia Fluminense de Securitização – CFSEC
2098 Manutenção do Edifício Lucio Costa
2130 Atividades a Cargo do Conselho Estadual de Saúde
2162 Manutenção, Reaparelhamento e Expansão do Ministério Público
2168 Manutenção e Desenvolvimento da Informática
2194 Gestão de Investimentos do RIOPREVIDÊNCIA
2250 Manutenção do Edifício Estácio de Sá
2254 Fundo Especial do Ministério Público
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2297 Fornecimento de Alimentação ao Policial Militar


2300 Fornecimento de Alimentação ao Bombeiro Militar
2453 Apoio ao Programa de Modernização da SEFAZ
2462 Manutenção das Atividades Administrativas e Legislativas da ALERJ
2486 Modernização Operacional da ALERJ
4030 Subvenções Sociais
Plano de Reenquadramento de Cargos, Classes e Índices do Quadro
8011
Permanente
8012 Pessoal e Encargos Sociais RJPREV
8021 Pagamento de Despesas com Serviços de Utilidade Pública
8055 Apoio as Ações Administrativas e de Policiamento da PMERJ
8058 Ações Apoiadas pelo Fundo de Defesa da Pessoa Idosa – FUNDEPI
8111 Manutenção e Operacionalização do Sistema de Saúde
8180 Manut. Ativid. Operacionais / Administrativas - Lei nº 6.338/2012

No mesmo sentido, foram consideradas discricionárias e, portanto, não controladas


pela Lei Complementar n° 176/2017, as despesas com investimentos em quaisquer ações
orçamentárias, desde que não sejam destinadas a índices constitucionais ou a fundos
mantidos pelo Estado.
Em resumo, são consideradas despesas obrigatórias (e, portanto, submetidas a
controle da LCE) aquelas relacionadas à manutenção administrativa ou às despesas com
investimentos efetuadas por Unidades Orçamentárias (UO) cuja aplicação de recursos está
vinculada a índices constitucionais Federais ou Estaduais, bem como aquelas relacionadas a
fundos.
A seguir a relação de Unidades Orçamentárias cujas despesas se enquadram no
critério acima.
Tabela 2 – Unidades Orçamentárias com execução de índices e fundos constitucionais
Código da UO Título da UO
1801 Secretaria de Estado de Educação
1802 NOVO DEGASE
2061 Fundo Especial de Administração Fazendária
2404 Fundo Estadual de Conservação Ambiental
2961 Fundo Estadual de Saúde
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4041 Fundação C.C.F. de Amparo à Pesquisa do ERJ


4042 Fundação Estadual do Norte Fluminense
4043 Fundação Universidade do ERJ
4044 Fundação de Apoio à Escola Técnica do ERJ
4045 Fundação Univ. Est Norte Fluminense Darcy Ribeiro
4046 Fundação Centro Ciência Educ. Sup. Distância do ERJ

Como disposto, devemos discriminar as despesas do Estado entre obrigatórias e não


obrigatórias. Os dois quadros a seguir contém a memória de cálculo das despesas obrigatórias
submetidas a limite de crescimento:

Quadro 3 – Cálculo do limite máximo de despesas obrigatórias do Estado


para o exercício de 2018
R$ mil
Item 2015¹ 2018
Despesa total 65.631.365
Manutenção administrativa total 1.911.441 -
Manutenção administrativa discricionária 1.634.980 -
Investimentos Totais 6.644.043 -
Investimentos discricionários 5.955.431 -
Despesa obrigatória 58.040.954 -
Despesas obrigatórias / Despesa Total 88,40% -
Exceções (art. 2º da Lei Comp. Estadual n° 176/2017) 1.603.907 -
Transf. Const. a Municípios (Ins. I) - -
Transf. a Municípios para Saúde e Educação (Ins. II) 180.164 -
Despesas não obrigatórias com transf. Voluntárias (Ins. III) - -
Regularização da Folha e demissão voluntária (Ins. IV) 4.053 -
Fundos dos demais Poderes e Defensoria Pública (Ins. V) 921.057 -
Encargos com antecipação de Royalties (Ins. VI) - -
Precatórios Judiciais (Ins. VII) 498.632 -
Limite de despesas obrigatórias 56.437.047 65.054.984
Limite de despesas obrigatórias / Despesa total 86,00% -
Coeficiente de ajuste do Limite Máximo (Ins. I, § 1° do art. 1°) - 15,27%
Fonte: SIG/SIAFEM
¹ Despesas liquidadas em 2015
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Tabela 3 – Descrição dos dados utilizados para o cálculo do


Limite Máximo de Despesas Obrigatórias

Item Descrição do Dado


Manutenção administrativa total Ações do Grupo de Gasto L2
Ações do Grupo de Gasto L2, exceto UOs de fundos e
Manutenção administrativa discricionária
índices constitucionais.
Investimentos Totais Grupo de Despesa 44.
Grupo de Despesa 44, exceto UOs de fundos e índices
Investimentos discricionários
constitucionais.
A partir de 2015, o Estado registra os valores como
Transf. Const. a Municípios (Ins. I)
receitas retificadoras.
Transf. a Municípios para Saúde e Educação Modalidade de aplicação 40 e ações orçamentárias das
(Ins. II) funções 10 ou 12.
Despesas não obrigatórias com transf. Voluntárias
Não consideradas.
(Ins. III)
Regularização da Folha e demissão voluntária
Elemento de Despesa 3190.94.
(Ins. IV)
Fundos dos demais poderes, MP-RJ, TCE-RJ, PGE e Unidades Orçamentárias 0161, 0261, 0361, 0362, 0363,
Defensoria Pública (Ins. V) 0961, 1061, 1161.

Até o exercício de 2016 o Estado registrava os valores


como receitas retificadoras.
Encargos com antecipação de Royalties (Ins. VI)
A partir de 2017, os valores são registrados como
despesas na ação orçamentária 0006.

Até o exercício de 2015, as despesas eram executadas


nas ações orçamentárias 0014, 2775 e 8036.
Precatórios Judiciais (Ins. VII)
A partir de 2016, as ações orçamentárias foram
reclassificadas como 0014, 0775 e 0036.

Uma vez estabelecido o Limite máximo de Despesas Obrigatórias para o exercício de


2018, a LCE estabelece regras de crescimento paras os limites dos exercícios seguintes. A
tabela a seguir apresenta a memória de cálculo dos limites para os exercícios de 2019 e 2020,
bem como demostra o enquadramento das despesas previstas no Plano de Recuperação a
esses limites máximos estabelecidos.
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Quadro 4 – Adequação da despesa do Estado aos


Limites Máximos de Despesas Obrigatórias
R$ mil
Item 2018 2019 2020
Inflação estimada 4,50% 4,25% 4,00%
Variação RC projetada -3,63% 9,20% 7,46%
Percentual de crescimento (LCE n° 176, art. 1º, §1º) 0,00% 4,25% 4,00%
Limite máximo - LCE n° 176 65.054.984 65.054.984 67.819.821
Despesa total do Estado 65.058.709 67.061.423 70.776.889
(-) Investimentos discricionários 2.178.637 1.240.580 1.318.530
(-) Manutenção administrativa Discricionária 1.751.063 1.803.595 1.857.703
(-) Despesas obrigatórias não computadas (LCE n° 176, art. 2º) 1.626.468 1.676.536 1.769.422
(-) Encargos de Antecipação de Royalties 4.978.352 5.572.250 351.131
(-) Despesas não submetidas a teto 10.534.521 10.292.960 5.296.786
Despesa obrigatória submetida a limite 54.524.188 56.768.462 65.480.103
Diferença entre limite máximo e despesa projetada 10.530.796 8.286.522 2.339.718

Em relação ao quadro anterior, vale ainda destacar que:


• A projeção de despesas com Investimentos discricionários considerou a
mesma relação com o investimento total de 2015, ano base para o estabelecimento
dos limites, quando alcançou 90% do investimento total;
• a manutenção administrativa discricionária considerou a mesma taxa de
crescimento de manutenção administrativa total prevista no Plano de Recuperação
Fiscal, (uma média de 1,3 % ao ano);
• a relação de despesas obrigatórias não submetidas ao teto manteve a
mesma proporção com a despesa total observada em 2015, qual seja, de 2,5%.

IV. Riscos Associados

Na possibilidade dos riscos previstos nas notas de estimativa de receita se


concretizarem, haveria a diminuição da arrecadação do Estado e, por consequência, a
diminuição da RCL e da estimativa do Limite Máximo de Despesas Obrigatórias previsto na
LCE n° 176.

No mesmo sentido, uma inflação abaixo dos valores previstos para o período do Plano
pode também diminuir os limites previstos para cada ano, o que demandaria a adoção de
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medidas contingentes de contenção das despesas previstas no Plano de Recuperação Fiscal do


Estado.
V. Conclusão

O Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro respeita os limites


estabelecidos na Lei Complementar Federal n° 156/2016 e na Lei Complementar Estadual n°
176/2017.

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