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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

JOÃO VICTOR DINIZ RODRIGUES GÓES

ASPECTOS PRÁTICOS PARA ANÁLISE E


DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS EM AÇO.

NATAL –RN
2016
João Victor Diniz Rodrigues Góes

Aspectos práticos para análise e dimensionamento de estruturas em aço.

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Profa. Dra. Selma Hissae Shimura


da Nóbrega
Coorientador: Eng. MSc. Márcio Dantas de
Medeiros

Natal –RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila
Mamede / Setor de Informação e Referência

Góes, João Victor Diniz Rodrigues.


Aspectos práticos para análise e dimensionamento de estruturas em aço / João Victor Diniz
Rodrigues Góes. - 2016.
75 f. : il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de


Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.
Orientadora: Profª. Drª. Selma Hissae Shimura da Nóbrega.
Coorientador: Eng. Me. Márcio Dantas de Medeiros.

1. Engenharia civil - Monografia. 2. Estruturas metálicas - Monografia. 3. Projeto estrutural -


Monografia. 4. Dimensionamento – Monografia. I. Nóbrega, Selma Hissae Shimura da. II.
Medeiros, Márcio Dantas de. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624


João Victor Diniz Rodrigues Góes

Aspectos práticos para análise e dimensionamento de estruturas em aço.

Trabalho de conclusão de curso na


modalidade Monografia, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte dos requisitos necessários
para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em dia, mês e ano: 17 de Novembro de 2016.

___________________________________________________
Profa. Dra. Selma Hissae Shimura da Nóbrega - Orientadora

___________________________________________________
Eng. MSc. Márcio Dantas de Medeiros - Coorientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Marcio Luiz Varela Nogueira de Moraes – IFRN

___________________________________________________
Prof. Markus Vinícius Medeiros Mello - UNP

Natal-RN
2016
AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos são dedicados à Profa. Dra. Selma Hissae Shimura da


Nóbrega. Por toda sua dedicação e paciência na condução da orientação deste trabalho.
Sempre compartilhando de conhecimentos e direcionamentos fundamentais nas
elaborações dos conteúdos propostos.
Ao Eng. MSc. Márcio Dantas de Medeiros, meu Coorientador e aos demais
membros da ENECOL-Engenharia Estrutural e Consultoria Ltda, por todo o suporte em
tempo integral.
A Profa. Dra. Silvia Maria de Monteiro Maia, minha prima, pela ajuda e dedicação
na montagem do trabalho, sempre com comentários pontuais e importantes.
Aos meus pais, João Silva Dantas de Góes e Ivana Diniz Rodrigues Góes, base de
tudo que tenho e sou.
RESUMO

Aspectos Práticos para Análise e Dimensionamento de Estruturas em Aço.

Este trabalho apresenta uma base teórica para elaboração de projetos de estruturas
metálicas. São apresentadas diferentes alternativas de modelos de dimensionamento para
uma marquise metálica projetada com perfis W, executada para a entrada de uma escola
em João Pessoa. São apontados desde as etapas de elaboração de um projeto estrutural
até uma análise comparativa entre três modelos diferentes de dimensionamento. O
primeiro modelo consiste no aumento da altura dos perfis metálicos que não apresentaram
capacidade resistiva suficiente. Já o segundo modelo apresenta como alternativa a
substituição dos perfis não conformes por outros com maiores espessuras. Finalmente, o
terceiro modelo consiste na inserção de travamentos laterais na estrutura. Conclui-se que,
para estruturas em que os esforços de flexão são preponderantes, uma alternativa de
projeto mais adequada e que resulta em um bom desempenho estrutural das peças
metálicas, é obtida quando são inseridos travamentos laterais nos perfis principais, como
apresentado no terceiro modelo.

Palavras-chave: Estruturas metálicas, projeto estrutural, dimensionamento.


ABSTRACT

Practical Aspects for Analysis and Design of Steel Structures

This study presents the theoretical basis for the steel structure design. Different structural
alternatives are discussed for a metallic marquee, which was executed to a school entrance
in Joao Pessoa/Paraíba. All steps of a steel structure project are shown and three different
models for design are compared. The first one treats with the height of elements; the
second one with their thickness and, finally, in third model, lateral locking system are
placed. The main conclusion is that for structures with predominant bending stresses, the
insertion of lateral locking in the main profiles is a good structural alternative to be
chosen.

Keywords: Steel structures, marquee, design.


ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO I................................................................................................................................. 1
1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 1
1.2 - JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 8
1.3 - OBJETIVOS ................................................................................................................... 10
1.3.1 – Objetivo Geral ......................................................................................................... 10
1.3.2 – Objetivos Específicos .............................................................................................. 10
1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 11
CAPÍTULO II ............................................................................................................................. 12
2.1 – ESTADOS-LIMITES ..................................................................................................... 12
2.1.1 - Estados-Limites Últimos (ELU) .............................................................................. 12
2.2.2 - Estados-Limites de Serviço (ELS) ........................................................................... 12
2.2 – AÇÕES ........................................................................................................................... 15
2.2.1 - Ações Permanentes .................................................................................................. 15
2.2.2 - Ações Variáveis ....................................................................................................... 16
2.2.3 - Ações Excepcionais ................................................................................................. 16
2.2.4 – Combinação de Ações ............................................................................................. 21
2.3 – PEÇAS METÁLICAS SUBMETIDAS A ESFORÇOS DE TRAÇÃO ........................ 25
2.4 – PEÇAS METÁLICAS SUBMETIDAS A ESFORÇOS DE COMPRESSÃO .............. 27
2.6 – PEÇAS METÁLICAS SUBMETIDAS A ESFORÇOS DE FLEXÃO ......................... 29
CAPÍTULO III ............................................................................................................................ 32
3.1- APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE REFERÊNCIA ................................................. 32
3.2- ETAPAS DE UM PROJETO ESTRUTURAL ................................................................ 32
3.3 – CÓDIGO COMPUTACIONAL PARA ANÁLISE ESTRUTURAL ............................ 35
3.4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AÇÕES ..................................................................... 36
3.4.1- Ações permanentes: .................................................................................................. 36
3.4.2 - Ações Variáveis ....................................................................................................... 36
3.5 - COMBINAÇÕES DE AÇÕES UTILIZADAS ............................................................. 39
CAPÍTULO IV ............................................................................................................................ 40
4.1 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO........................................................................................ 41
4.2 – 1º MODELO (AUMENTO PARA PERFIS DE MAIOR ALTURA) ........................... 48
4.3 - 2o MODELO (AUMENTO DA ESPESSURA DOS PERFIS NA MESMA FAMÍLIA) 50
4.4 - 3o MODELO (INSERÇÃO DE TRAVAMENTOS LATERAIS) .................................. 52
4.5 - LIGAÇÕES .................................................................................................................... 55
CAPÍTULO V ............................................................................................................................. 60
5.1- AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................................................. 60
1

CAPÍTULO I
- INTRODUÇÃO -

1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A grande competitividade do mercado e o aumento da exigência dos clientes no mercado


da engenharia civil, levam projetistas a sempre buscarem o aprimoramento das construções. O
desenvolvimento de soluções estruturais que permitam obter estruturas mais leves e resistentes
com custos mais baixos figura entre as principais preocupações dos engenheiros. Nesse
contexto que se inserem as estruturas metálicas e as construções em aço.

A publicação no Portal METÁLICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 1(2016) destaca à


utilização do aço:

“Desde o século XVIII, quando se iniciou a utilização de estruturas metálicas


na construção civil até os dias atuais, o aço tem possibilitado aos arquitetos,
engenheiros e construtores, soluções arrojadas, eficientes e de alta qualidade.
Das primeiras obras - como a Ponte Ironbridge na Inglaterra, de 1779 - aos
ultramodernos edifícios que se multiplicaram pelas grandes cidades, a
arquitetura em aço sempre esteve associada à ideia de modernidade,
inovação e vanguarda, traduzida em obras de grande expressão arquitetônica
e que invariavelmente traziam o aço aparente. ” (Metálica na construção
civil, 06/04/2016)

Em Natal-RN, uma das primeiras obras marcantes na qual se utilizaram estruturas


metálicas foi a Ponte do Rio Potengi retratada na Figura 1.1. Essa ponte foi construída pela
empresa inglesa Cleveland Bridge Engineering and Co., e inaugurada em 1916. Nos últimos
anos, algumas das construções notáveis nas quais foram empregadas estruturas em aço são:

1
PORTAL METÁLICA. (Acessado em 23 julho de 2016). Disponível em http://wwwo.metalica.com.br/por-que-construir-com-estruturas-

metalicas.
2

prédio da concessionária Hyundai (Figura 1.2), a cobertura do Estádio Arena das Dunas (Figura
1.3) e do Aeroporto Aluízio Alves (Figura 1.4).

Figura 1.1 – Ponte do Rio Potengi

Fonte: Tribuna do Norte (2010)

Figura 1.2 - Prédio da Hyundai

Fonte: Google Street View (2016)


3

Figura 1.3 - Arena das Dunas

Fonte: https://arenadunas.com.br (2016)

Figura 1.4 - Aeroporto Aluízio Alves em construção.

Fonte: Infraestrutura Urbana (2014)

O aço é obtido no processo siderúrgico, processo esse que compreende etapas desde a
chegada do minério de ferro até o produto final. Em linhas gerais, a fabricação pode ser dividida
em quatro etapas:
4

• Preparação da carga: etapa em que o minério de ferro é aglomerado e preparado,


e o carvão é processado na coqueria e transforma-se no coque.
• Redução: as matérias primas preparadas na primeira etapa são colocadas no alto
forno, onde oxigênio aquecido é soprado pela parte de baixo. O carvão em
contato com o oxigênio produz calor que funde a carga metálica e dá início ao
processo que resultará no ferro-gusa.
• Refino: nessa etapa parte do carbono contido no gusa é removido juntamente
com impurezas, e inicia-se o processo de resfriamento do aço.
• Laminação: equipamentos de laminação processam os blocos e lingotes semi-
acabados, transformando-os em uma grande variedade de produtos siderúrgicos.
Como produto final, o aço pode se apresentar de diversas formas como: chapas finas ou
grossas, perfis, tubos, fios, entre outros. Segundo DIAS (1998), as principais propriedades
mecânicas do aço, que definem seu comportamento quando submetidos a esforços ou a
condições ambientais diversas, são:

• Elasticidade: é a capacidade de retornar ao estado original após ciclos de


carregamento e descarregamento.
• Plasticidade: é a capacidade de deformar-se quando submetido a uma tensão
igual ou maior que o limite de escoamento. A deformação plástica é uma
deformação permanente;
• Ductilidade: capacidade de deformar-se plasticamente sem se romper;
• Tenacidade: capacidade de absorver energia quando submetido a impactos;
• Fragilidade: é o oposto da ductilidade. O aço sob determinadas condições
térmicas pode apresentar uma ruptura de forma brusca.
• Dureza: é a resistência ao risco ou abrasão.
• Fadiga: é o efeito caracterizado pela ruptura em tensões inferiores as obtidas em
ensaios estáticos de peça metálicas, quando submetidas a ciclos repetitivos de
carregamento e descarregamento.
Segundo BELLEI e PINHO (2008), são as principais vantagens das estruturas de aço:

• Alta resistência do aço em comparação com outros materiais.


• O aço é um material homogêneo de produção controlada.
• As estruturas são produzidas em fábricas por processos industrializados
seriados, cujo efeito de escala favorece a menores prazos e menores custos.
5

• Os elementos das estruturas metálicas podem ser desmontados e substituídos


com facilidade e permitem também reforço quando necessário.
• A possibilidade de reaproveitamento do material que não seja mais necessário à
construção.
• Menor prazo de execução se comparado com outros materiais.
Dessa forma, a utilização da estrutura metálica em uma construção também acarretará
em uma mudança do planejamento da obra possibilitando um processo construtivo com as
seguintes vantagens:

• Menor custo de administração: em função de um menor número de operários,


menor prazo de construção e menor gasto com limpeza do canteiro de obra.
• Economia nas fundações: em função do menor peso da estrutura em aço.
• Menor consumo de revestimento: devido a maior precisão na fabricação das
peças da estrutura metálica haverá menor espessura dos revestimentos.
• Rapidez de execução: devido à possibilidade de haver um maior planejamento
prévio.
• Maior lucratividade do investimento: devido a maior velocidade de giro do
capital e a maior área útil com elementos estruturais de menor dimensão.
A tabela apresenta uma comparação entre as características de dois tipos construtivos,
sistema construtivo com estruturas metálicas e com concreto armado tradicional.

Tabela 1.1 – Comparação entre sistema construtivo em estruturas metálicas e em concreto.


Edifício em estruturas de concreto armado
Edifício em estruturas metálicas
tradicional
Na administração da obra
Execução em fábrica
Execução predominantemente no canteiro
Apenas montada no canteiro

Grande precisão dimensional Menor precisão dimensional

Grande precisão quantitativa dos materiais Maior dificuldade de precisão de quantidades

Maior diversificação de materiais (cimento,


Poucos itens de materiais (parafusos, eletrodos,
areia, brita, água, fôrmas de madeira, ferros,
aço, tinta)
aceleradores, etc)

Qualidade garantida das matérias-primas Dificuldade de garantia de qualidade – maior


(pelas usinas) controle necessário

Uniformidade das matérias-primas Variedade dependendo da procedência


6

Pouca quantidade de homens na obra (menos


Maior quantidade de pessoal na obra, com
problemas trabalhistas) com maior
maior qualificação (mais do dobro ou triplo)
qualificação

Canteiro diminuto (material chega pronto no Canteiro maior para matérias-primas e


tempo certo) manuseio

Simplificação do canteiro (minimização ou Canteiro mais complexo, existência de


exclusão de escoramento para forros de laje) escoramento com pontaletes

Obra seca Obra com muito uso de água

Maior facilidade de fiscalização Fiscalização mais completa

Nas fundações
Leveza estrutural Peso estrutural maior

40 a 80 kg/m2 (vigas e colunas) 250 a 350 kg/m2 (vigas e colunas)

Menores cargas nas bases Bases mais solicitadas

Volumes menores nos blocos Maiores volumes

Sistemas mais econômicos Sistemas mais onerosos

Nas lajes
Quando lajes de concreto lançado, fôrmas
Necessita maior escoramento para fôrmas
apoiadas diretamente no vigamento

Grande rigor nos níveis Menor rigor nos níveis

Liberação antecipada dos pavimentos para


Impedimento de trânsito enquanto escorado
outras operações

Velocidade dependendo da cura do concreto


Maior velocidade da construção
das colunas

Dificuldade na execução de fôrmas para


Facilidade de escadas pré-fabricadas
escadas

Nas paredes (alvenarias ou outros materiais)


Precisão milimétrica Maior variação dimensional

Esquadros e prumos exatos resultando em Irregularidade de prumos e esquadro,


maior perfeição da execução com tempo aumentando o tempo de execução com
reduzido enchimentos

Sensível economia na mão-de-obra de Custo de execução mais onerosa em vista de


execução imperfeições

Nos revestimentos
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Níveis precisos nas lajes e prumos exatos,


Necessidade de maior espessura em
minimiza massas de revestimento em pisos e
revestimento de lajes e paredes
paredes com economia de peso morto

Facilita o uso de materiais complementares Necessita aplicação de insertes e elementos de


pré-fabricados (painéis, forros, etc.) regulagem na fixação

Instalações elétricas – hidráulica – proteção contra fogo e instação do canteiro


Pilares e vigas podem ser furados na fábrica ou Dificuldade na execução de furos nas colunas
na obra e vigas

Facilita passagem de tubulações, permite Impossibilidade de alteração após a execução


alteração nas instalações na obra da estrutura

Necessita proteções contra fogo mais


Proteção contra fogo simplificada
sofisticadas

Prazos
Simultaneidade de execução da infraestrutura e Dependência de terminar as fundações para
fundações iniciar execução da estrutura

Avanços da montagem de 3 em 3 pavimentos Avanços de 1 em 1 pavimento

Possibilidade de alvenarias acompanharem a Dificuldade de execução de paredes enquanto


montagem a estrutura estiver escorada

Custo financeiro
Prazos finais reduzidos

Antecipação de utilização Maiores prazos aumentam os custos

Retorno mais rápido e utilização antecipada

Fonte: Portal Metálica

O objeto de estudo desse trabalho se constitui, pois, nas estruturas metálicas. Em


especial, discutir-se-á o aço sob uma perspectiva projetual.
8

1.2 - JUSTIFICATIVA

Cada vez mais, nos projetos arquitetônicos modernos, o aço vem tomando lugar
marcante como material construtivo, se tornando sinônimo de elegância, sofisticação e leveza,
possibilitando a modernização tecnológica e inspirando criatividade artística.

A combinação de resistência e eficiência faz do aço um elemento indispensável nos mais


sofisticados e modernos edifícios, CASTRO (2014), lista algumas das qualidades inerentes
desse elemento estrutural: o aço é versátil, adaptável e inovador, fabricado em uma indústria de
alta tecnologia, infinitamente reciclável, além de que projetar em aço leva a uma situação de
maior controle de custos e agilidade operacional da obra.

Na comparação com outros sistemas estruturais no Brasil, em especial no Nordeste,


como o de concreto, por exemplo, percebe-se que existe uma menor utilização de sistemas
metálicos como elementos estruturais principais nas edificações, devido a: dificuldades de
transporte do material da indústria siderúrgica até o local da obra; aumento dos custos com o
material e com a uma mão de obra especializada; e necessidade de proteção contra uma corrosão
futura do material. Esses pontos acabam sendo aspectos limitantes para o aumento da utilização
do aço como elemento estrutural.

Em levantamento realizado sobre as pesquisas científicas produzidas nos últimos anos


em algumas universidades brasileiras, observam-se diferentes direcionamentos no estudo sobre
o aço. Universidades como a Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, notavelmente um
dos maiores expoentes no tema do Brasil, e a Universidade Federal do Ceará, apresentam um
foco no que diz respeito à microestrutura do aço, aspectos químicos e mecânicos, além do
estudo sobre a corrosão.

Na Universidade de São Paulo – USP, alguns dos trabalhos encontrados apresentam a


perspectiva da estrutura submetida à situação de incêndio. Na escola de engenharia em São
Carlos-EESC existem linhas de pesquisas com foco em análises experimentais realizadas em
seus laboratórios de estruturas, com enfoque em diversos temas como: análise de resistência e
rigidez de elementos estruturais e de sistemas estruturais metálicos e mistos.

Diferentemente das linhas de pesquisas apresentadas, este Trabalho de Conclusão de


Curso visa discutir o sistema estrutural em aço, no que diz respeito aos aspectos da produção
9

de um projeto estrutural de cobertura em estruturas metálicas. O enfoque dado permite


identificar soluções que possibilitem melhor desempenho e redução de custos na comparação
com decisões tradicionais.
10

1.3 - OBJETIVOS

1.3.1 – Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é contribuir para pesquisas futuras fornecendo subsídios
teóricos no que concerne ao projeto de estruturas metálicas à luz das normas pertinentes, bem
como apresentar as etapas de desenvolvimento de um projeto estrutural contemplando desde as
interações entre engenheiro e arquiteto até a análise comparativa de possíveis soluções
estruturais.

1.3.2 – Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

• Estudar a teoria no que se refere às estruturas de aço à luz das normas vigentes.
• Apresentar as etapas de elaboração de um projeto estrutural.
• Apresentar diferentes alternativas de dimensionamento para uma estrutura
metálica.
• Comparar as diferentes soluções para o dimensionamento da estrutura.
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1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em 5 capítulos além desta introdução apresentada como
Capítulo 1. O capítulo 2 consiste em uma revisão da literatura no que diz respeito às estruturas
em aço. O capítulo 3 contempla a metodologia e a abordagem da análise. No capítulo 4 são
apresentados os resultados e uma breve explanação sobre os tipos de ligações. O capítulo 5
contempla as considerações finais e sugestões para trabalhos futuros. Em seguida, apresentam-
se as referências utilizadas.
12

CAPÍTULO II
- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA –

Este capítulo apresenta referências teóricas a conceitos e temas relevantes para a análise
e dimensionamento dos perfis de uma estrutura metálica. A abordagem dos temas é baseada
principalmente na norma NBR 8800:2008.

2.1 – ESTADOS-LIMITES

Para efeito da norma NBR 8800:2008, devem ser considerados os estados-limites


últimos (ELU) e os estados-limites de serviço (ELS).

2.1.1 - Estados-Limites Últimos (ELU)

Segundo o NBR 8800:2008 (Subseção 4.6.2) os estados-limites últimos estão


relacionados com a segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis de ações
previstas em toda sua vida útil.

O estado-limite último refere-se à situação crítica do colapso da estrutura, ruptura. Esse


estado-limite é utilizado para verificar se os esforços gerados pelas combinações de ações
majoradas por seus respectivos coeficientes de majoração, ainda assim serão menores do que a
resistência de projeto dos elementos estruturais.

2.2.2 - Estados-Limites de Serviço (ELS)

Segundo o NBR 8800:2008 (Subseção 4.6.2) os estados-limites de serviço estão


relacionados com o desempenho da estrutura sob condições normais de utilização.

O estado-limite de serviço diz respeito aos limites em que as vibrações e deformações


que ocorrem na estrutura, podem atingir. Essas vibrações e deformações são provocadas pelos
13

esforços gerados nas combinações de ações de serviço. Nessas combinações, as ações podem
até ser minoradas em virtude da probabilidade de ocorrência simultânea das mesmas.

As vibrações e deformações nos elementos estruturais passam a ser preocupantes na


medida em que dificultam o desenvolvimento das condições normais e seguras de uso da
estrutura para os fins propostos e também quando as próprias deformações prejudicam o
desempenho estrutural, como quando os efeitos globais de segunda ordem passam a ser
representativos.

Os deslocamentos máximos, apresentados na NBR 8800:2008 (Anexo C), estão


presentes na Figura 2.1.

É importante perceber que o deslocamento que está sendo limitado na Figura 2.1 é o
deslocamento relativo do elemento metálico analisado, ou seja, a distância perpendicular entre
o plano dos apoios e a maior deformação no vão. Isso se torna relevante nas estruturas em que
uma peça se apoia em outra que já deformou, apresentando uma deformação total, que de fato
não está sendo limitada.
14

Figura 2.1: Deslocamentos máximos

Fonte: NBR 8800:2008


15

2.2 – AÇÕES

Na perspectiva da Engenharia Civil, ações são causas que provocam esforços ou


deformações nas estruturas. Segundo a NBR 8800:2008 (Subseção 4.7), na análise estrutural
deve ser considerada a influência de todas as ações que apresentam efeito representativo para a
estrutura.

As ações são quantificadas por meio de seus valores representativos, que podem ser,
quando pertinente utilização, valores característicos, convencionais, reduzidos ou raros. Os
valores de cálculo são obtidos a partir da multiplicação dos valores representativos pelos
respectivos coeficientes de ponderação (serão abordados adiante, no tópico 2.2.4, referente às
combinações de ações).

São classificadas de acordo com a Norma Brasileira de Ações e Segurança nas


Estruturas (NBR 8681:2003), devido a suas respectivas frequências de ocorrência em:

• Permanentes
• Variáveis
• Excepcionais

2.2.1 - Ações Permanentes

Ações permanentes são ações que apresentam valores constantes durante toda a vida útil
da estrutura, também sendo classificadas dessa forma ações que aumentam seu valor até
apresentarem um valor limite constante.

Podem ser subdivididas em:

 Ações permanentes diretas: são constituídas pelo peso próprio dos elementos de
construção, incluindo-se o peso próprio da estrutura e de todos os elementos
construtivos permanentes, peso de equipamentos e empuxos permanentes.
 Ações permanentes indiretas: são constituídas pelas deformações impostas por
retrações de materiais, recalques de apoio, protensões e imperfeições
geométricas.
16

2.2.2 - Ações Variáveis

Ações variáveis são ações que ocorrem com valores que apresentam variações
significativas durante a vida útil da estrutura.

São constituídas por sobrecargas devido à ocupação e utilização, efeitos de vento,


variações de temperatura, e em geral, pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas.

Na sequência serão apresentados de forma concisa alguns itens da norma NBR 6123, de
vento, a fim de embasar o capítulo 3, sobre o projeto de uma estrutura metálica.

2.2.3 - Ações Excepcionais

Ações excepcionais são aquelas que apresentam duração extremamente curta e de


pequena probabilidade de ocorrência durante a vida útil da estrutura, mas que ainda assim,
devem ser consideradas no projeto.

São constituídas por ações decorrentes de explosões, choque de veículos, incêndios,


enchentes e sismos excepcionais.

Para servir de base teórica para o levantamento das ações atuantes em uma estrutura
metálica, será feito a abordagem da ação do vento, essa sendo uma ação variável.

Ações de Vento

As ações provenientes do vento são calculadas conforme a Norma Brasileira de Forças


devidas ao vento em edificações – NBR 6123:1988 e determinadas da seguinte forma:

a) A velocidade básica do vento (Vo), máxima velocidade média medida sobre 3 segundos,
que pode ser excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 metros sobre o nível do
terreno em lugar aberto e plano, é determinada através das isopletas presentes na figura
2.2:
17

Figura 2.2: Isopletas da velocidade básica Vo (m/s)

Fonte: NBR 6123:1988

b) A velocidade característica do vento é obtida através do produto entre a velocidade


básica do vento e os fatores S1, S2 e S3, conforme a expressão 1:

 =     (1)

• S1 é o fator topográfico, leva em consideração as variações do relevo e do terreno. É


determinado da seguinte forma:
a) Terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1
b) Taludes e morros: Pode variar devido ao ponto que se encontra a edificação.
c) Vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: S1 =0,9
18

• S2 é o fator que combina o efeito da rugosidade do terreno, da variação da velocidade


do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação em questão.
É necessário definir a categoria do terreno e a classe das edificações segundo as
classificações a seguir:

 Categorias do Terreno:
o Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões. Ex.: Mar calmo,
lagos e rios, e pântanos sem vegetação.
o Categoria II: Terrenos abertos em nível, com poucos obstáculos
isolados. Ex.: Zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala,
campos de avaliação, pradarias e fazendas.
o Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos baixos,
poucos quebra-ventos ou edificações baixas e esparsas. Ex.:
Fazendas com muros, subúrbios com edificações baixas e esparsas.
o Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizados. Ex.: Parques
com muitas árvores, cidades pequenas, subúrbios adensados, áreas
industriais plenas.
o Categoria V: Terreno coberto por obstáculos numerosos, grandes,
altos e poucos espaçados. Ex.: Florestas com árvores altas, centros
de grandes cidades, complexos industriais bem desenvolvidos.

 Classe das Edificações:


o Classe A: Edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical não exceda 20 metros.
o Classe B: Edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical esteja entre 20 e 50 metros.
o Classe C: Edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical exceda 50 metros.
19

Figura 2.3: Parâmetros meteorológicos

Fonte: NBR 6123:1988

A partir dos parâmetros b, p e Fr , conforme a Figura 2.3, o fator S2 é calculado


com expressão 2:

 
 =
( )
10
(2)

• S3 é um fator baseado em conceitos estatísticos, no qual é considerado o grau de


segurança requerido e a vida útil da edificação. Pode ser definido na tabela 2.1.

Tabela 2.1: Valores mínimos do fator estatístico S3


Grupo Descrição S3

1 Edificação cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança 1,10


ou possibilidade de socorro de pessoas após uma tempestade
destrutiva (hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de
segurança, centrais de comunicação, etc.)
2 Edificação para hotéis e residências. Edificação para comércio 1,00
e indústria com alto fator de ocupação
3 Edificações e instalações industriais com baixo fator de 0,95
ocupação (depósito, silos, construções rurais, etc.)
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
5 Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1 a 3 durante a 0,83
construção.
20

c) A partir da velocidade característica do vento (Vk), em m/s, pode-se calcular a pressão


dinâmica do vento (q), em N/m2, através da expressão 3:

 = 0,613  (3)

d) A pressão efetiva, Δp, exercida nas superfícies da estrutura, depende da diferença de


pressão exercida pela à ação do vento nas faces internas e externas. Sendo definida pela
expressão 4:

Δp =  −   (4)

Sendo:

 Cpe: Coeficiente de pressão externo


 Cpi: Coeficiente de pressão interno

Os valores do Cpe para coberturas que apresentam telhado com uma água são
retirados da Figura 2.4.

Figura 2.4: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com uma água

Fonte: NBR 6123:1988


21

O valor do Cpi, para uma estrutura com faces permeáveis, deve considerado o valor
mais nocivo entre -0,3 ou 0.
Essa consideração será feita para o levantamento da ação de vento no projeto
apresentado no capítulo 3, isso ocorre devido ao fato da estrutura não se enquadrar em
nenhum dos outros critérios referentes ao Cpi apresentados na subseção 6.2 da NBR
6123:1988, embora na subseção 8.2 da NBR 6123:1988 exista referência a coberturas
isoladas.
Um valor positivo de “Δp”, indica uma pressão efetiva com o sentido de uma
sobrepressão externa e um valor negativo indica uma pressão efetiva no sentido de
sucção externa.

2.2.4 – Combinação de Ações

Segundo CHAVES (2007), a ação atuante sobre uma estrutura é resultado da


combinação das diversas ações que têm probabilidade de ocorrer simultaneamente em um
período de tempo determinado.

De acordo com a NBR:2008 (Item 4.7.7.2), as combinações entre as ações devem ser
feitas para que sejam considerados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.

Devem ser verificados os Estados-limites últimos e de serviço de acordo com as


combinações últimas e de serviço respectivamente.

Combinações Últimas

As combinações últimas podem ser classificadas em combinações últimas normais,


especiais, de construção e excepcional. Essas combinações serão brevemente apresentadas
neste item e maiores detalhes podem ser encontrados na subseção 4.7.7.1 da NBR 8800:2008.

a) Combinações últimas normais: caracterizam-se por representar o uso previsto para


a edificação. Deve-se investigar quantas combinações sejam necessárias em busca
das que representem os efeitos mais desfavoráveis.
São expressas pela equação 5:
22

( ,

 = !" #,  + !%& '&, + (!%* Ѱ* '*, )


(5)

) *)

Onde:
• FGi,k : representa os valores característicos das ações permanentes;
• FQl,k : representa o valor característico da ação variável considerada principal
para a combinação;
• FQj,k : representa os valores característicos das ações variáveis que podem
atuar simultaneamente com a ação variável principal;
• ! : São coeficientes de ponderação das ações no estado-limite último (ELU),
de acordo com a figura 2.5;
• Ѱ : São fatores de ponderação para as ações variáveis, de acordo com a figura
2.6.

b) Combinações últimas especiais: as combinações últimas especiais decorrem da


atuação de ações variáveis de natureza ou intensidade especial, cujos efeitos
superam em intensidade os efeitos produzidos pelas ações consideradas nas
combinações normais. Aplica-se a expressão 6:

7 ;

F. = Υ01 F21,3  + Υ45 F65,3 + (Υ48 Ѱ8,9: F68,3 )


(6)

1) 8)

Onde:

• Ѱ8,9: : representa os fatores de combinação efetivos de cada uma das ações


variáveis que podem atuar concomitantemente com a ação variável especial
F68,3 .
23

Figura 2.5: Valores dos coeficientes de ponderação das ações

Fonte: NBR 6123:1988


24

Figura 2.6: Valores dos fatores de combinação e de redução, para ações variáveis

Fonte: NBR 8800:2008

c) Combinações últimas de construção: as combinações últimas de construção devem


ser levadas em conta nas estruturas em que haja riscos de ocorrência de estados-
limites últimos, já durante a fase de construção.

d) Combinações últimas excepcionais: As combinações últimas excepcionais decorrem


da atuação de ações excepcionais que podem provocar efeitos catastróficos. Aplica-
se a expressão 7:

7 ;

F. = Υ01 F21,3  + F6,9<= + (Υ48 Ѱ8,9: F68,3 )


(7)

1) 8)

Onde:

• F6,9<= : é o valor da ação transitória excepcional


25

Combinações de serviço

De acordo com NBR:2008 (Item 4.7.7.3), as combinações de serviço são classificadas


em relação a sua permanência na estrutura em quase permanentes, frequentes e raras.

a) Combinações quase permanentes de serviço: as combinações quase permanentes são


aquelas que podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura, da
ordem da metade desse período. Aplica-se a expressão 8.

( ,

> =  #,  + (Ѱ* '*, )


(8)

) *)

b) Combinações frequentes de serviço: as combinações frequentes são aquelas que se


repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura, da ordem da 105 vezes
em 50 anos, ou que tenham duração total igual a uma parte não desprezável desse
período, da ordem de 5 %. Aplica-se a expressão 9:

( ,

> =  #,  + Ѱ '&, + (Ѱ* '*, )


(9)

) *)

c) Combinações raras de serviço: as combinações raras são aquelas que podem atuar
no máximo algumas horas durante o período de vida da estrutura. Aplica-se a
expressão 10:

( ,

> =  #,  + '&, + (Ѱ* '*, )


(10)

) *)

2.3 – PEÇAS METÁLICAS SUBMETIDAS A ESFORÇOS DE TRAÇÃO

Denominam-se peças tracionadas as peças sujeitas a solicitações de tração axial ou


tração simples.
26

Segundo a NBR 8800:2008 (Subseção 5.2), no dimensionamento de peças submetidas


a esse tipo de esforço, deve ser atendida a seguinte condição explicitada na expressão 11:

Nt,Sd ≤ Nt,Rd (11)

Onde:

• Nt,Sd é a força axial de tração solicitante de cálculo;


• Nt,Rd é a força axial de tração resistente de cálculo.
A resistência de uma peça submetida à tração é determinada pelo menor valor entre a
resistência ao escoamento da seção bruta (equação 12), provocando deformações exageradas:

A" CD
?@,A =
(12)
γF

Onde:

• Ag é área bruta da seção transversal;


• fy é a resistência ao escoamento do aço;
E a resistência à ruptura da seção líquida efetiva (seção que apresenta furos ou aberturas),
provocando um rompimento na área crítica da seção, essa sendo a menor entre as possíveis
áreas líquidas.

A CG
?@,A =
(13)
γF

Onde:

• Ae é área líquida efetiva da seção transversal;


• fu é a resistência à ruptura do aço;
É importante destacar que a área liquida efetiva apresenta seu valor conforme a
expressão 14.

H = @ H, (14)
Onde:

• An é área líquida (seção com furos);


• Ct é um coeficiente redutor aplicado à área líquida, e que as expressões são
apresentadas na subseção 5.2.5 da NBR 8800:2008.
27

2.4 – PEÇAS METÁLICAS SUBMETIDAS A ESFORÇOS DE COMPRESSÃO

Denominam-se peças comprimidas as peças sujeitas a solicitações de


compressão.

Segundo a NBR 8800:2008 (Subseção 5.3), no dimensionamento de peças submetidas


a esse tipo de esforço, deve ser atendida a condição mostrada na equação 15:

Nc,Sd ≤ Nc,Rd (15)

Onde:

• Nc,Sd é a força axial de compressão solicitante de cálculo;


• Nc,Rd é a força axial de compressão resistente de cálculo.

PFEIL (2008) apresenta algumas considerações sobre estruturas comprimidas:

“Ao contrário do esforço de tração, que tende a retificar as peças reduzindo


o efeito de curvaturas iniciais existentes, o esforço de compressão tende a
acentuar esse efeito. Os deslocamentos laterais produzidos compõem o
processo conhecido como flambagem global (por flexão). As chapas de um
perfil comprimido podem estar sujeitas à flambagem local, que é uma
instabilidade caracterizada pelo aparecimento de deslocamentos transversais
à chapa, na forma de ondulações. “ (Pfeil, 2008, p.119).

Para o cálculo da resistência à compressão de uma peça devem ser considerados esses
efeitos de flambagem, tanto globais quanto locais (Figuras 2.7 e 2.8). Ambos os efeitos estão
relacionados com a esbeltez, a flambagem global relacionada com a esbeltez da peça como um
todo e a flambagem local relacionada com a esbeltez da chapa.

χ Q HL CM
?I,A =
(16)
γN1
28

Onde:

• χ é o fator de redução associado à resistência à compressão;


• Q é o fator de redução total associado à flambagem local;
• Ag é a área da seção transversal da barra.
Na expressão 5, o fator “χ” está relacionado com o índice de esbeltez reduzido (O ),
dado pela equação 17:

0,658TU , O W 1,5
V

P = Q 0,877
O Y 1,5
(17)
O 

Em que o índice de esbeltez reduzido é dado através da equação 18:

[H" CD
O  Z
?
(18)

Onde:

• Ne é a força de flambagem elástica, cuja expressão é mostrada no ANEXO E da


NBR 8800:2008.

Figura 2.7: Flambagem local Figura 2.8: Flambagem local

Fonte: http://thechattyguidetostructures. Fonte: http://www.bgstructuralengineering


blogspot.com.br/2012/11/part-3-slenderness.html .com/BGSCM13/BGSCM006/BGSCM00603.htm
29

2.6 – PEÇAS METÁLICAS SUBMETIDAS A ESFORÇOS DE FLEXÃO

Segundo a NBR 8800 :2008 (Subseção 5.4), no dimensionamento de peças submetidas


a esforços de flexão deve ser atendida a condição definida na equação 19:

MSd ≤ MRd (19)

Onde:

• MSd é o momento fletor solicitante de cálculo;


• MRd é momento fletor resistente de cálculo.
O valor do momento resistente pode ser afetado pelo efeito da flambagem local, que é
a perda da estabilidade das chapas comprimidas componentes do perfil; e pelo efeito da
flambagem lateral com torção (Figura 2.9), que é a perda da estabilidade no plano principal de
flexão, passando a apresentar deslocamentos laterais e de rotação por torção.

Figura 2.9: Flambagem lateral com torção

Fonte: BELLEI, PINHO E PINHO (2008).


30

A NBR 8800:2008 no ANEXO G, apresenta que o momento fletor resistente de cálculo


é o menor entre os valores obtidos, considerando os estados-limites de flexão lateral com torção
(FLT), e flambagens locais da mesa (FLM) e da alma (FLA).

Para o estado-limite FLT, o momento fletor resistente de cálculo é dado através das
equações 20, 21 e 22.

]^_
\A = , para λ ≤ λ (20)
`ab

g)g^
\A = f\& − (\& − \ ) g i, para λ < λ ≤ λ
de (21)
`ab h )g^

\A = , para l > l


]kh (22)
`ab

Onde:

• \A é o momento fletor resistente de cálculo


• \& é o momento fletor de platificação da seção transversal
• \I é o momento fletor de flambagem elástica
• λ é o parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação
• λ é o parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
Para os estados-limites FLM e FLA, o momento fletor resistente de cálculo é dado
através das equações 23, 24 e 25.

]^_
\A = `ab
, para λ ≤ λ (23)

g)g^
\A = f\& − (\& − \ ) g i, para λ < λ ≤ λ
 (24)
`ab h )g^

\A = , para l > l


]kh (25)
`ab

Os parâmetros referentes ao momento fletor resistente para seções I e H laminados, com


os dois eixos de simetria, fletidos em relação ao eixo de maior momento de inércia, que se
configuram como foco do presente trabalho, são apresentados na figura 2.10, segundo a NBR
8800:2008.
31

Figura 2.10: parâmetros referentes ao momento fletor resistente

Fonte: NBR 8800:2008 (adaptado)


32

CAPÍTULO III
- REFERÊNCIAS AO PROJETO -

3.1- APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE REFERÊNCIA

Este trabalho apresenta o estudo de diferentes alternativas para o dimensionamento de


uma estrutura metálica de cobertura. É baseado em um projeto desenvolvido para uma marquise
metálica (Figura 3.1) desenvolvida para a entrada de uma escola em João Pessoa.

Figura 3.1: Marquise metálica

3.2- ETAPAS DESENVOLVIDAS NO PROJETO ESTRUTURAL

Uma listagem das fases, que de maneira geral, compõem o desenvolvimento de um


projeto é definida por BELLEI (1994):

a) Arquitetura: etapa na qual é feito todo o estudo da obra, materiais de acabamento,


dimensões, características de ventilação e iluminação, formato, finalidades de uso.
33

Trata-se de uma das etapas mais importantes uma vez que os demais projetos como
o estrutural, instalações e fundações, são desenvolvidos a partir das concepções
iniciais do projeto arquitetônico.
b) Projeto Estrutural: etapa na qual o engenheiro estrutural dá corpo ao projeto
arquitetônico. Tem como ponto de partida o estudo da arquitetura e definição da
geometria dos elementos estruturais, depois são levantadas as ações, calcula-se os
esforços, dimensionam-se as peças metálicas e suas ligações, bem como são
levantadas as reações no solo e nos elementos de vizinhança.

Vale aqui a citação de JOHNSTON, LIN e GALAMBOS (1980):

“Um bom projetista estrutural pensa de fato em sua estrutura tanto ou mais
do que pensa no modelo matemático que usa para verificar os esforços
internos, baseado nos quais ele deverá determinar o material necessário,
tipo, dimensão e localização dos membros que conduzem as cargas. A
‘mentalidade da engenharia estrutural’ é aquela capaz de visualizar a
estrutura real, as cargas sobre ela, enfim ‘sentir’ como estas cargas são
transmitidas através dos vários elementos até as fundações. Os grandes
projetistas são dotados daquilo que às vezes se tem chamado ‘intuição
estrutural’. Para desenvolver a ‘intuição e sentir’, o engenheiro torna-se um
observador arguto de outras estruturas. Pode até mesmo deter-se para
contemplar o comportamento de uma árvore projetada pela natureza para
suportar as tempestades violentas; sua flexibilidade é frágil nas folhas e nos
galhos diminuídos, mas crescente em resistência e nunca abandonando a
continuidade, na medida em que os galhos se confundem com o tronco, que
por sua vez se espalha sob sua base no sistema de raízes, que prevê sua
fundação e conexão com o solo” (JOHNSTON; LIN E GALAMBOS (1980)).

c) Detalhamento: etapa na qual o projeto estrutural é detalhado peça por peça, visando
atender ao cronograma de fabricação e montagem, dentro das recomendações de
projeto.
34

d) Fabricação, Transporte, Limpeza e Proteção, Montagem, Controle de Qualidade e


Manutenção: são etapas que ocorrem após o término da elaboração do projeto
estrutural que são de fundamental importância para uma boa qualidade da
construção durante toda sua vida útil.

Na etapa de elaboração do projeto é vital um bom relacionamento do engenheiro com o


arquiteto, pois embora a premissa inicial seja o atendimento das exigências existentes no projeto
arquitetônico, algumas vezes existe a necessidade de que algumas modificações sejam feitas.

As figuras 3.2 e 3.3 ilustram diferentes etapas do projeto estrutural da marquise em


questão, desde a concepção inicial dos pontos de apoios (Figura 3.2) até a geometria final do
vigamento principal (Figura 3.3).

Figura 3.2: Demonstração dos pontos de apoio iniciais


35

Figura 3.3: Demonstração dos pontos de apoio finais

3.3 – CÓDIGO COMPUTACIONAL PARA ANÁLISE ESTRUTURAL

A análise será feita utilizando o programa STRAP-Structural Analysis Program (Versão


2014), o qual é um código computacional comercial para análise estrutural por elementos
finitos, prático, que dispõe de avançados recursos para a elaboração de diversos tipos de
modelos estruturais.

Sua interface é totalmente gráfica, o que facilita a visualização e interpretação de dados.


O usuário é capaz de construir desde modelos estruturais simples até os mais complexos. O
programa possui uma variedade de comandos para maior facilidade e agilidade na geração de
nós, barras e elementos finitos 2D e 3D, criando instantaneamente: linhas, grelhas, superfícies,
malhas de elementos finitos, cópia de partes do modelo (simples, espelhada ou por rotação).

O STRAP faz a verificação e/ou dimensionamento de perfis laminados, soldados, chapa


dobrada e vigas mistas através da norma escolhida: NBR 8800 (2008).

O STRAP fornece ainda além dos gráficos interativos e tabelas, um memorial de cálculo
do dimensionamento, contendo dados como: combinações consideradas, número das barras,
esbeltez, força cortante, força axial, momentos e deformações.
36

Para o dimensionamento de uma estrutura, é necessário que o usuário apresente


inicialmente o modelo matemático composto por: geometria da estrutura (localização dos
elementos e pontos de apoio), os carregamentos atuantes, definição das combinações de ações
e propriedades mecânicas. As considerações sobre as ações e combinação das ações serão
expostas a seguir.

3.4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AÇÕES

As ações consideradas no projeto da marquise e respectivas combinações relacionam-


se aos seguintes dados de projeto:

3.4.1- Ações permanentes:

As cargas permanentes atuantes na marquise em questão são:

• Peso Próprio:
Calculado automaticamente pelo programa STRAP em função dos perfis
utilizados.
• Carregamento permanente:
Telhas metálicas termoacústicas (5kgf/m2) + terças (10 kgf/m2) + forro com
Alucobond, um painel composto constituído por duas chapas de cobertura de
alumínio com um núcleo mineral (5 kgf/m2) = 20 Kgf/m2

3.4.2 - Ações Variáveis

As cargas variáveis atuantes são:

• Sobrecarga acidental:
Seguindo a NBR 8800:2008 (Anexo B), considera que para coberturas comuns,
deve ser prevista uma sobrecarga de 25 Kgf/m2.
37

• Carga de Vento:
a) Velocidade básica: 30 m/s (Estrutura se localiza na cidade de João Pessoa-PB)
b) Fator topográfico S1: 1 (Terreno plano)

Fator S2:

Categoria do terreno: III (Zona urbana com poucos obstáculos)

Classe da edificação: C

3
 = 0,93 n 0,95 ( ),o
10

 = 0,769

Fator estatístico S3: 1 (Escola)

 = 30 n 1 n 0,769 n 1 = 23,07 q/s


c) Pressão dinâmica do vento:
 = 0,613 n 23,07 = 362,25 ?/q
d) Pressão efetiva do vento:

Ce= -1 (Mais desfavorável, inclinação de 5º, com vento a 90º)

Ci= -0,3 ou 0 (Faces permeáveis ao vento)

Dessa forma temos que a situação mais desfavorável será entre os seguintes casos:
38

Figura 3.4: Coeficientes de pressão externos e internos

Assim, o caso 1 apresenta uma maior variação de pressão, uma vez que no
segundo caso as pressões internas e externas tendem a se aliviar, pois estão em sentidos
opostos.

Δp = ( −  )

?
Δp = (1 − 0) n 326,25 = 326,25 = 32,63 tLC/q
q

A figura 3.5 mostra a imagem gerada pelo STRAP com a indicação da área de atuação
das ações consideradas no projeto.

Figura 3.5: Área de atuação das ações


39

3.5 - COMBINAÇÕES DE AÇÕES UTILIZADAS

Para o dimensionamento dos perfis metálicos, faz-se necessário que as ações sejam
combinadas, isto é, que a ocorrência de acontecimentos simultâneos seja considerada,
possibilitando, assim, a contemplação do efeito mais danoso à estrutura.

As verificações dos estados-limites últimos e de serviço foram feitas com as


combinações últimas normais e combinações quase-permanentes de serviço (conforme
subseção C.2.4 da NBR 8800:2008) respectivamente, tendo o responsável técnico pelo projeto
a incumbência da elaboração das mesmas e determinação de quais são usadas.

As combinações utilizadas foram:

a) Combinações últimas:
• Combinação 1: 1,25PP + 1,5CP + 1,5Acid
• Combinação 2: PP + CP + 1,4Vento
• Combinação 3: 1,25PP + 1,5CP + 1,5Acid + 1,4.(0,6).Vento
• Combinação 4: PP + CP + 1,5.(0,8).Acid + 1,4Vento

b) Combinação de serviço:
 Combinação 5: PP + CP + 0,6Acid

Sendo:

o PP: Peso próprio


o CP: Ação Permanente
o Acid: Carregamento Acidental
o Vento: Ação de vento
As combinações críticas, ou seja, aquelas que resultam nos maiores esforços para a
estrutura serão: para o estado-limite último, a “Combinação 1”, e para verificação do estado-
limite de serviço foi a “Combinação 5”.
40

CAPÍTULO IV
– PRÉ-DIMENSIONAMENTO E DIMENSIONAMENTO –

Este capítulo apresenta, inicialmente, os perfis determinados pelos critérios de pré-


dimensionamento e os diferentes direcionamentos (denominados Modelos) que podem ser
seguidos na escolha dos perfis que serão utilizados na estrutura metálica em questão e seu
dimensionamento.

O primeiro, denominado Modelo 1, consistirá no dimensionamento dos perfis tomando


como premissa o aumento da altura dos perfis que não apresentarem resistência suficiente em
relação ao esforço solicitante. Inicialmente os perfis são determinados através dos critérios de
pré-dimensionamento que serão apresentados. A cada passo do dimensionamento será feita a
substituição dos perfis para outro de família com maior altura, isso vale para os que não
apresentarem desempenho de acordo com os estados limites últimos ou de serviço.

O segundo, Modelo 2, contém o dimensionamento dos perfis tomando como base o


aumento da espessura (ou peso) dos perfis de uma mesma família, ou seja, do grupo de perfis
metálicos que apresentam a mesma altura.

E finalmente, o Modelo 3, apresenta o dimensionamento por meio da inserção de


travamentos horizontais nos perfis principais existentes na geometria inicial, definidos no pré-
dimensionamento, e verificação quais perfis seriam necessários para satisfação dos estados
limites exigidos pela NBR 8800:2008.

A partir dos resultados finais dos três modelos de dimensionamento será feita uma
análise entre os pesos totais das estruturas.

O memorial de cálculo gerado pelo programa STRAP contendo as verificações


realizadas dos estados-limites últimos e de serviço serão apresentados para os perfis em
destaque na figura 4.1. Esses perfis foram escolhidos pois seu comportamento é considerado
representativo na estrutura, uma vez que o comportamento das demais peças metálicas se
assemelham com o de uma das duas escolhidas.
41

Figura 4.1: Perfis escolhidos para análise

Os perfis selecionados ao longo do capítulo são os existentes no catálogo Gerdau de


perfis W, presente no ANEXO A.

4.1 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO

No que se refere à fase de dimensionamento, inicialmente é realizado uma modelagem


computacional a partir de um pré-dimensionamento da estrutura, em que a altura dos perfis é
definida levando em conta os vãos vencidos por cada peça metálica (Figura 4.2).

Figura 4.2: Pré-dimensionamento

Fonte: BELLEI (1987)


42

Para o pré-dimensionamento, os perfis da estrutura foram separados em 4 grupos, de


acordo com as distâncias entre apoios, conforme a Figura 4.3, em que cada cor representa um
grupo de perfis.

Figura 4.3: Grupos dos perfis metálicos

As cotas em metros das distâncias entre os apoios dos perfis, bases para o pré-
dimensionamento conforme os critérios de BELLEI (1987), são apresentadas na figura 4.4.

Figura 4.4: Distância entre apoios


43

Na tabela 4.1 são apresentados os perfis escolhidos.

Tabela 4.1: Perfis escolhidos no pré-dimensionamento

Grupo de Dist. entre


Altura Perfil
perfis (cor) apoios (cm)
Grupo 1
1800 H=1800/30 W 530x66,0
(rosa)
Grupo 2
1470 H=1470/30 W 410x38,8
(verde)
Grupo 3
900 H=900/30 W 310x38,7
(azul escuro)
Grupo 4
500 H=500/30 W 200x19,3
(azul claro)

• Capacidade de trabalho

Após a escolha inicial dos perfis, a estrutura é analisada computacionalmente. Diversos


fatores são verificados pelo programa STRAP, a saber: deformação máxima, esforço axiais,
momentos fletores, flambagem lateral com torsão, esforço cortante, além da combinação entre
esforços axiais e momentos. Na Figura 4.5, o valor de porcentagem representa a capacidade de
trabalho máxima, dada pela maior porcentagem de solicitação.

N{âqyz{~ s~|wvwzNzy
NuNvwxNxy xy z{N
N|ℎ~ =
N{âqyz{~ {yswszyzy ~‚ |wqwzy
44

Figura 4.5: Capacidade de trabalho – pré-dimensionamento


45

Percebe-se que alguns perfis da estrutura apresentam a capacidade de trabalho com


porcentagem maior do que 100%, circulados na Figura 4.5, o que caracteriza o problema que
será abordado ao longo deste capítulo.

As porcentagens mostradas representam limites superiores para a capacidade de


trabalho. Esses limites podem ser melhor entendidos a partir das seguintes imagens das tabelas
geradas pelo programa STRAP como memorial de cálculo.

Nas figuras 4.6 e 4.7, são mostrados os esforços solicitantes e os resultados da relação
entre os parâmetros solicitantes e as capacidades resistivas para o perfil destacado pertencente
ao grupo 1.

Figura 4.6: Esforços solicitantes (Perfil selecionado - Grupo 1)


46

Figura 4.7: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 1)

Na figura 4.7, na coluna dos resultados, percebe-se que as verificações da flambagem


lateral com torção e a verificação referente às forças combinadas, apresentam valores de
solicitação maiores do que a capacidade resistiva, uma vez que o resultado é maior do que 1,0.

Nas figuras 4.8 e 4.9, são mostrados os esforços solicitantes e os resultados da relação
entre os parâmetros solicitantes e as capacidades resistivas para o perfil destacado pertencente
ao grupo 3.
47

Figura 4.8: Esforços solicitantes (Perfil selecionado - Grupo 3)

Figura 4.9: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 3)


48

Na figura 4.9, na coluna dos resultados, percebe-se que as verificações da flambagem


lateral com torção, a verificação referente às forças combinadas e deformação, apresentam
valores de solicitação maiores do que a capacidade resistiva, uma vez que o resultado é maior
do que 1,0.

4.2 – 1º MODELO (AUMENTO PARA PERFIS DE MAIOR ALTURA)

Entre as diferentes alternativas que podem ser seguidas para se conseguir um


dimensionamento final de uma estrutura metálica, a primeira a ser demonstrada é a substituição
dos perfis que não apresentaram resistência suficiente em relação aos esforços solicitantes, por
perfis com maior altura.

É importante destacar que para não apresentar uma estrutura demasiadamente pesada,
apenas os perfis que não passaram no grupo 3 (azul escuro) serão trocados, passando a
representar o grupo 3.1 (cor amarelo), ilustradas na figura 4.10.

Figura 4.10: Separação dos grupos de perfis por cores

A tabela 4.2 apresenta as tentativas realizadas no primeiro modelo, para se chegar a um


dimensionamento final. Foram feitas três tentativas até que todos os perfis apresentassem
capacidade de trabalho inferior a 100%. Na tabela, os perfis que apresentam o quadro verde,
são os que não foram trocados. Essa dinâmica se repetirá por todo o capítulo.
49

Tabela 4.2: Perfis escolhidos para cada tentativa (1º MODELO)

Perfil

Grupo de
Pré-dimen. 1a tentativa 2a tentativa 3a tentativa
perfis (cor)
Grupo 1
W 530x66,0 W 610x101,0 W 610x101,0 W 610x101,0
(rosa)
Grupo 2
W 410x38,8 W 460x68,0 W 530x82,0 W 610x101,0
(verde)
Grupo 3
W 310x38,7 W 310x38,7 W 310x38,7 W 310x38,7
(azul escuro)
Grupo 3.1
W 310x38,7 W 360x51,0 W 410x67,0 W 460x82,0
(amarelo)
Grupo 4
W 200x19,3 W 200x19,3 W 200x19,3 W 200x19,3
(azul claro)

No anexo B estão contidas as imagens referentes às capacidades de trabalho e o


memorial de cálculo fornecido pelo programa STRAP, para as tentativas realizadas.

Após todos os perfis da estrutura apresentar capacidade de trabalho inferior a 100%, a


figura 4.11 apresenta o comprimento total para cada tipo de perfil, em metros, e o peso final da
estrutura, em toneladas.

Figura 4.11: Peso total final (1º MODELO)


50

4.3 - 2o MODELO (AUMENTO DA ESPESSURA DOS PERFIS NA MESMA


FAMÍLIA)

Um segundo modelo para se chegar ao dimensionamento final de uma estrutura consiste


na substituição dos grupos dos perfis que não apresentam desempenho condizentes com o
estado-limite último e o estado-limite de serviço, por perfis com maiores espessuras (mais
pesados), de uma mesma família de perfis metálicos.

Essa alternativa pode ser imposta quando existe uma limitação da altura dos perfis por
alguma questão arquitetônica.

É importante destacar, como no tópico anterior, que para não apresentar uma estrutura
demasiadamente pesada, apenas os perfis que não passaram no grupo 3 (azul escuro) serão
trocados, passando a fazer parte do grupo 3.1 (amarelo).

Figura 4.12: Separação dos grupos de perfis por cores

A tabela 4.3 apresenta as tentativas realizadas no segundo modelo, para se chegar a um


dimensionamento final. Foram feitas duas tentativas até que todos os perfis apresentassem
capacidade de trabalho inferior a 100%. Na tabela, os perfis que apresentam o quadro verde,
são os que não foram trocados.
51

Tabela 4.3: Perfis escolhidos para cada tentativa (2º MODELO)

Perfil

Grupo de
Pré-dimen. 1a tentativa 2a tentativa
perfis (cor)
Grupo 1
W 530x66,0 W 530x92,0 W 530x101,0
(rosa)
Grupo 2
W 410x38,8 W 410x85,0 W 460x89,0
(verde)
Grupo 3
W 310x38,7 W 310x38,7 W 310x38,7
(azul escuro)
Grupo 3.1
W 310x38,7 W 310x52,0 W 310x97,0
(amarelo)
Grupo 4
W 200x19,3 W 200x19,3 W 200x19,3
(azul claro)

É importante perceber que na segunda tentativa do grupo 2, em virtude de o perfil


escolhido já ser o mais robusto (com maiores espessuras) de sua família e, mesmo assim não
apresentar resistência suficiente, foi escolhido um perfil da próxima família com maior altura.

Como no MODELO 1, as imagens referentes as capacidades de trabalho e memorial


de cálculo estão apresentadas no anexo B.

Após todos os perfis da estrutura apresentar capacidade de trabalho inferior a 100%, a


figura 4.13 apresenta o comprimento total para cada tipo de perfil, em metros, e o peso final da
estrutura, em toneladas.

Figura 4.13: Peso total final (2º MODELO)


52

4.4 - 3o MODELO (INSERÇÃO DE TRAVAMENTOS LATERAIS)

O terceiro MODELO em que se pode chegar a um dimensionamento final da estrutura


metálica é a partir da inserção de perfis secundários que servem de travamentos laterais para os
perfis principais existentes na geometria inicial.

É importante destacar alguns pontos para que esse travamento lateral seja efetivo,
principalmente na etapa do detalhamento da estrutura. Devido ao fato dos perfis principais
estarem alguns submetidos a momentos positivos e negativos, as faces superiores e inferiores
podem estar sendo comprimidas em função dos momentos solicitantes, dessa forma ambas as
faces precisam ser travadas e ancoradas, pois não sendo assim, os efeitos da flambagem lateral
por torção (FLT), presente nos perfis submetidos a esforços de flexão, não serão combatidos.

Isto posto, se ocorrer um nivelamento das ligações entre perfis nas faces superiores,
devem ser adicionadas barras enrijecedoras, ligando os perfis de travamentos às faces inferiores
dos perfis principais. Também é importante destacar que a ancoragem dos perfis secundários,
para garantia que estarão fixos, é necessária a realização do contraventamentos lateral na
estrutura.

Figura 4.14: Separação dos grupos de perfis por cores

A tabela 4.4, apresenta os perfis escolhidos no pré-dimensionamento para verificação


inicial. Diferentemente do modelo verificado na subseção 4.1 deste capítulo, dessa vez existe a
adição de perfis secundários que servem como travamento lateral, conforme a figura 4.14.
53

Tabela 4.4: Perfis escolhidos para cada tentativa (3º MODELO)

Grupo de
Perfil
perfis (cor)
Grupo 1
W 530x66,0
(rosa)
Grupo 2
W 410x38,8
(verde)

Grupo 3
W 310x38,7
(azul escuro)

Grupo 4
W 200x19,3
(azul claro)

Percebe-se que os próprios perfis escolhidos no pré-dimensionamento, que não


apresentavam conformidade sem os travamentos, após a adição dos perfis secundários todos os
perfis passaram a apresentar capacidade de trabalho inferior a 100%.

A figura 4.15, a seguir, apresenta o peso total final para o terceiro modelo.

Figura 4.15: Peso total final (3º MODELO)


54

Otimização Estrutural

De forma complementar, uma etapa subsequente à escolha dos modelos de


dimensionamento e para a percepção de qual atenderia melhor as condições estruturais e
arquitetônicas, uma otimização dos perfis pode ser prevista nos projetos estruturais. A
otimização ocorre para que não existam elementos com capacidade resistiva ociosa, ou seja,
muito inferior a 100%. Ela também possibilita uma estrutura com peso final menor.

A figura 4.15 ilustra a separação dos perfis em grupos. Estes grupos são apresentados
na tabela 4.5.

Figura 4.15: Separação dos grupos de perfis por cores

Tabela 4.5: Perfis escolhidos para modelo otimizado

Grupo de
Perfil MODELO 3 Perfil otimizado
perfis (cor)
Grupo 1
W 530x66,0 W 460x60,0
(rosa)
Grupo 2
W 410x38,8 W 410x38,8
(verde claro)
55

Grupo 3
W 310x38,7 W 310x38,7
(verde escuro)
Grupo 4
W 200x19,3 W 150x13,0
(azul claro)
Grupo 5 W 310x38,7/
W 200x19,3
(azul escuro) W 410x38,8
Grupo 6
W 310x38,7 W 250x32,7
(vinho)

A figura 4.16 apresenta o peso final da estrutura com perfis otimizados.

Figura 4.16: Peso total final (Estrutura otimizada)

4.5 - LIGAÇÕES

Embora não faça parte do escopo deste trabalho, o estudo das ligações nas interseções
entre perfis e dos elementos de sustentação da marquise metálica, é válido tecer um breve
comentário sobre os mesmos.

As ligações, todas parafusadas, podem ser divididos em 4 grupos:


56

• Na interseção entre perfis ortogonais, que podem ser da mesma altura (Figura
4.17) ou de alturas diferentes (Figura 4.18). Na estrutura os perfis são nivelados
pela face superior. Também é importante perceber que a estrutura é articulada,
assim, na interseção entre perfis não existe a transferencia de momentos.

Figura 4.17: Ligação entre vigas metálicas com mesma altura

Figura 4.18: Ligação entre vigas metálicas com alturas diferentes


57

• Ligação na emenda entre peças, dispostas na mesma direção (Figura 4.19). Nesse
caso existe a necessidade de chapas de reforço nas faces superiores e inferiores
para que haja a continuidade na transferência dos momentos fletores. De toda
forma, essas emendas são feitas preferencialmente em regiões de momentos
nulos, o que evita uma grande solicitação nas chapas de reforço.

Figura 4.19: Ligação entre perfis na mesma direção

• Ligação entre as vigas metálicas e estrutura de concreto. Configura um apoio de


segundo gênero, impedindo deslocamento nas duas direções ortogonais (Figura
4.20).
58

Figura 4.20: Ligação entre vigas metálicas e estruturas de concreto

• Ligação entre as colunas metálicas de seções tubulares com os perfis W (Figura


4.21) e ligação entre as colunas metálicas e elementos de fundação (Figura 4.22).
No caso da ligação entre as colunas e os elementos de fundação, são
considerados elementos engastados um no outro, havendo assim, o impedimento
de rotação, além dos deslocamentos ortogonais.

Figura 4.21: Ligação entre as colunas metálicas e perfis


59

Figura 4.22: Ligação entre as colunas metálicas e elementos de fundação


60

CAPÍTULO V
- CONSIDERAÇÕES FINAIS-

5.1- AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Na análise dos resultados será feita uma comparação entre os pesos totais das estruturas
dimensionadas pelas três alternativas propostas. Essas informações são apresentadas na tabela
5.1.

Tabela 5.1: Pesos totais finais

Peso total
Dimensionamentos
(toneladas)

1o MODELO 28,298

2o MODELO 27,242

3o MODELO 21,540

Uma análise do peso total da estrutura é importante devido ao fato do aço ser
comercializado através do seu peso, dessa forma, uma estrutura metálica mais leve apresenta o
valor do material estrutural utilizado na execução da obra economicamente mais viável quando
comparada com outra mais pesada, desde que sejam mantidos constantes os demais fatores
executivos, estruturais e arquitetônicos.

Outro motivo relevante no qual uma estrutura de menor peso leva vantagem em relação
a uma estrutura mais pesada é o alívio nos esforços transmitidos para as fundações,
consequentemente não exigindo fundações mais robustas.

Na comparação entre os resultados dos pesos totais da estrutura com diferentes modelos
de dimensionamento, percebe-se que a que apresentou um menor peso foi a resultante do 3º
dimensionamento (ou Modelo 3) que considerou a inserção de perfis que funcionam como
travamentos laterais nos perfis já existentes na geometria inicial da estrutura.

A adição desses novos perfis de travamentos apresentou-se mais efetiva pelo seguinte
motivo: como os esforços preponderantes nas peças da estrutura eram esforços de flexão devido
a carregamentos distribuídos verticalmente no plano dos perfis, a verificação mais crítica no
cálculo dos perfis era a da ação combinada de solicitações normais e de flexão, prevalecendo
esta última, na maior parte dos casos.
61

Sendo assim, a partir da incorporação do travamento lateral dos perfis mais solicitados
ocorre uma redução do comprimento de flambagem para cada trecho. Com o impedimento da
flambagem lateral com torção ou, pelo menos, diminuindo o espaçamento entre os pontos de
travamento, o momento resistente é sensivelmente aumentado quando comparado com o
momento resistente do mesmo perfil sem os travamentos laterais.

Isso significa que perfis mais esbeltos travados lateralmente conseguem apresentar
momentos resistentes na ordem de grandeza de perfis mais robustos, estes últimos sem
travamento lateral.

Conclui-se que para estruturas em que os esforços de flexão são predominantes, o


modelo 3, que apresenta a inserção de travamentos laterais nos perfis mais solicitados, apresenta
perfis mais leves e consequentemente uma estrutura final com seu peso total menor.

Cabe ressaltar, que fica a critério do engenheiro fazer uma otimização dos perfis
escolhidos. A otimização feita apresentou a substituição dos perfis que apresentaram
capacidade de resistência ociosa por outros mais leves. Como consequência ocorre a redução
do peso total final da estrutura. Todavia, para entendimento da viabilidade econômica da
mesma, é necessário a comparação de aspectos executivos, pois uma maior quantidade de tipos
de perfis na estrutura pode ser um fator gerador de dificuldades na execução da obra.

A otimização feita neste trabalho no MODELO 3 reduziu o peso de 21,542 toneladas


para 17,367 toneladas, ou seja, uma redução de 19,38%.

Sugestão para Trabalhos Futuros

Como sugestão para trabalhos futuros e desenvolvimento do tema abordado, pode ser
estudado de forma mais aprofundada o dimensionamento das ligações entre elementos
metálicos e entre elemento metálicos e de concreto.

Também seriam válidos a modelagem e o dimensionamento de estruturas metálicas


usando outros tipos de perfis metálicos, exemplos seriam perfis U ou tubulares. A substituição
dos perfis por vigas treliçada planas ou espaciais também poderia ser uma solução possível que
mereceria ser analisada.
62

REFERÊNCIAS

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800:2008 – Projeto


de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de
Janeiro, 2008.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681:2003 – Ações


e segurança nas estruturas. Rio de Janeiro, 2003.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123:1988 – Forças


devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.

• BELLEI, I. H.; PINHO, F. O.; PINHO, M. O. Edifícios de Múltiplos Andares em Aço.


2ª ed. – PINI, 2008.

• BELLEI, I. H.; Edifícios Industriais em Aço – Projeto e Cálculo. 1ª ed. – PINI, 1994.

• DIAS, L. A. M.; Estruturas de Aço – Conceitos, Técnicas e Linguagem. 2ª ed.


Zigurate, 1998.

• SILVA, V. P. Dimensionamento de Estruturas de Aço. Apostila para a disciplina PEF


2402– Estruturas metálicas e de madeira, 2012.

• PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de Aço – Dimensionamento Prático de Acordo


com a NBR 8800:2008. 8ª ed. – LTC, 2008.

• JOHNSTON, B. G.; LIN, F. J.; GALAMBOS, T. V. Basic Steel Disign. 2ª ed. 1980.

• BARREIROS, T. S.; SOUZA, A. S. C. Avaliação estrutural de painéis de fachada


leve para edifícios de múltiplos pavimentos com modelagem numérica. 2014.

• FRANTZ, J. L. Dimensionamento de Pavilhão Industrial com Estrutura em Aço.


2014.

• CASTRO, E. M. L. Os sistemas de cobertura e fechamento que formam a moderna


arquitetura em aço. 2007.
63

ANEXO A

• Catálogo de perfis W Gerdau


64
65

ANEXO B

c) 1º MODELO

Figura B.1: Capacidade de trabalho (1º MODELO – 1ª tentativa)


66

Figura B.2: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 1)

Figura B.3: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 3.1)


67

Figura B.4: Capacidade de trabalho (1º MODELO – 3ª tentativa)


68

Figura B.5: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 3.1)


69

d) 2º MODELO

Figura B.6: Capacidade de trabalho (2º MODELO – 1ª tentativa)


70

Figura B.7: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 1)

Figura B.8: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 3.1)


71

Figura B.9: Capacidade de trabalho (2º MODELO – 2ª tentativa)


72

Figura B.10: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 1)

Figura B.11: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 3.1)


73

e) 3º MODELO

Figura B.12: Capacidade de trabalho (3º MODELO – 1ª tentativa)


74

Figura B.13: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 1)

Figura B.14: Memória de cálculo STRAP (Perfil selecionado - Grupo 3.1)


75

e) 3º MODELO com perfis otimizados

Figura B.15: Capacidade de trabalho (3º MODELO OTIMIZADO)

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