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Escola de Ensino Superior Madre Celeste - ESMAC

Curso: Direito
Turma: DIR2N1
Disciplina: Direito Constitucional I
Professor: Pedro Odival

Trabalho apresentado à disciplina Direito Constitucional I como requisito


parcial para obtenção de nota.

Trabalho apresentado à disciplina de


Direito Constitucional 1, ministrada pelo
Prof. Pedro Odival, para a obtenção parcial
da nota referente à atividade avaliativa no
curso de Direto da ESMAC.

Aluno: Efraim Soares Ferreira

Ananindeua/PA
2019
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste em transcrever e interpretar os artigos 7º e 8º da


Constituição Federal e seus respectivos incisos, para tanto foi usada a própria
Constituição referida e outras fontes que podem ser encontradas na Bibliografia.

2. DOS DIREITOS SOCIAIS

Os referidos artigos se encontram no capítulo II intitulado “Dos Direitos Sociais”


constante no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais” da Constituição da
República Federativa do Brasil, os artigos transcritos e interpretados veremos a
seguir:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

INTERPRETAÇÃO: No caput deste artigo fica evidenciado que seu conteúdo


discorrerá sobre os direitos dos trabalhadores sendo eles urbanos ou rurais visando a
melhoria de suas condições sociais. A questão de distinguir sobre o que são
trabalhadores urbanos e rurais perde boa parte da importância que tinha antes,
porque agora todos gozam dos mesmos direitos, inclusive quanto ao prazo
prescricional relativo aos créditos resultantes da relação de trabalho, que é de cinco
anos, até o limite de dois anos após a extinção do contrato (EC-28/2000). Se se trata
de uma exploração agropastoril, o trabalhador, nela empregado, é rural; se a
atividade é industrial, comercial ou de prestação de serviços não relacionados à
exploração agropastoril, considera-se a pessoa nela empregada como trabalhador
urbano.

I- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa


causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos;

INTERPRETAÇÃO: O inciso supracitado prevê uma proteção contra a


despedida arbitrária ou sem justa causa, tendo em vista que a legislação anterior se
limitava a conferir ao empregado a liberação do FGTS acrescido tão-somente da
importância equivalente a 10% (dez por cento) sobre o valor dos depósitos.
A Constituição de 1988 prevê uma indenização compensatória a ser regulada em lei
complementar. Enquanto não for editada a mencionada lei dever-se-á aplicar o que
consta do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). O que
acontece nos dias de hoje é que na despedida sem justa causa do empregado, o
empregador tem que pagar a este uma indenização de 40% sobre o valor do FGTS,
além da liberação do valor principal deste Fundo. Tal valor indenizatório é decorrente
da leitura do art. 10, I, do ADCT que determina que, até que seja promulgada a lei
complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição, a proteção nele referida
fica limitada a quatro vezes a porcentagem já prevista na Lei n. 5.107 de 13 de
setembro de 1966 (FGTS) que é de 10% (dez por cento) do valor daquele Fundo. Já
no art. 10 do ADCT restou expressa a garantia de emprego, sendo vedada a
despedida arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção
de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato ou da empregada gestante,
desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

II- seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

INTERPRETAÇÃO: Foi criado pelo Governo Federal para proteger o


trabalhador demitido sem justa causa, através de uma conta vinculada ao seu
contrato de trabalho.

III- fundo de garantia do tempo de serviço;

INTERPRETAÇÃO: Com os recursos do FGTS o Governo financia,


prioritariamente, construção de moradia popular, tratamento de água e esgoto,
asfaltamento, limpeza de rios etc. Todos os trabalhadores regidos pela CLT fazem
jus ao FGTS. É o empregador quem faz o depósito correspondente a 8% (oito por
cento) do salário do trabalhador, o que deve ocorrer até o dia sete de cada mês.
Todo dia dez a conta do FGTS recebe a correção monetária mensal mais juros de
3% (três por cento) ao ano. Já existia na Constituição de 1969, pois, como dissemos
acima, foi instituído pela Lei n. 5.107/66, que alterou o modo de proteção da relação
empregatícia, instituindo uma compensação monetária em substituição à garantia
no emprego. Atualmente, está regulamentado pela Lei n. 8.036/90, sendo esse o
normativo a que se reporta a CLT, quando da referência ao Instituto. Outrora era um
sistema optativo. A partir da Constituição de 1988, passou a ser obrigatório para
todos os empregados, salvo o direito adquirido dos contratados anteriormente à sua
promulgação.

IV- salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de


atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
sua vinculação para qualquer fim;

INTERPRETAÇÃO: O salário mínimo unificado em todo o país, fixado por lei


e não mais por decreto, como outrora, além de abranger nominalmente maiores
necessidades do empregado e sua família, representa inovação constitucional que,
entretanto, não se incorporou à realidade. É vedada a sua vinculação para qualquer
fim, conforme consta do mencionado inciso in fine, o que significa que não pode o
mesmo servir de referência para o aumento de qualquer prestação, como preços,
alugueres etc. Esta proibição visa a proporcionar o crescimento do valor do salário
mínimo, sem acarretar a majoração automática de outras prestações.

V- piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

INTERPRETAÇÃO: Inexistente nas constituições anteriores, o piso é por


profissão e relativo à extensão e complexidade do trabalho (salário profissional). A
sua definição pode advir de lei, convenção coletiva entre sindicatos, acordo coletivo
entre empresa e sindicato ou sentença normativa em ação coletiva. A terminologia
usada pelo legislador constituinte neste inciso não é das mais felizes, o que ele
denomina de piso salarial trata-se a bem da verdade de salário profissional. Este é
que leva em consideração a natureza do trabalho exercido pelos profissionais
habilitados a executá-lo. Já o piso salarial não leva em conta a função exercida pelo
trabalhador, mas a circunstância dele integrar uma categoria, ou uma empresa, para
a qual restou proibida a admissão de empregado com salário abaixo de certo nível,
o que pode ser definido em convenção coletiva, por exemplo. Nessa hipótese
nenhum empregado das empresas que compõem a categoria representada, seja ele
servente, datilógrafo, bibliotecário ou advogado, pode perceber menos do que o
valor fixado. Já o salário profissional concerne à atividade profissional; é fixado em
face da complexidade e da extensão do respectivo trabalho, como ocorre com os
médicos, engenheiro, químicos, jornalistas etc., que devem receber essa
remuneração como mínimo, independentemente da atividade econômica da
empresa de que são empregados. Resta esclarecer que, quando fixado por lei, o
salário profissional, concerne, em regra, a todo o território nacional; quando
estipulado por convenção coletiva, decisão normativa ou laudo arbitral, tem sua
incidência limitada ao âmbito de representação das entidades participantes da
respectiva convenção ou do conflito de trabalho; quando resulta de acordo coletivo,
a incidência é a empresa ou empresas acordantes. A Lei Complementar n. 103 de
14.07.2000, autoriza os Estados e o Distrito Federal (nos termos do art. 22, parágrafo
único, CR/88) a instituir o piso salarial a que se refere este inciso.

VI- irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo


coletivo;

INTERPRETAÇÃO: Só se pode reduzir os salários através de convenção ou


acordo coletivo. Princípio internacional, constitucional e legal do trabalho, o qual
impede qualquer alteração prejudicial ao empregado no contrato de trabalho. O
empregado não poderá concordar com a redução do seu salário; mas o sindicato,
na representação dos interesses coletivos e individuais da categoria ou dos
empregados de determinada empresa, poderá – obviamente em situações
excepcionais – formalizar essa redução, com as condições em que ela perdurará,
no instrumento pertinente da negociação coletiva. Seja Convenção ou Acordo
Coletivo de Trabalho, a nitidez da expressão oferece-nos a ideia ímpar de um ajuste.
Uma vez celebrado, obrigam as partes ao seu cumprimento. Logo, a sua natureza
jurídica é Contrato Coletivo de Trabalho. Possui todos os elementos que o
caracterizam como tal: Bilateral, Formal e Solene.
VII- garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;

INTERPRETAÇÃO: A Lei n. 8.716, de 11.10.93, dispõe sobre a garantia do


salário mínimo para os trabalhadores que percebem remuneração variável, fixada
por comissão, peças, tarefa ou outras modalidades, incluindo aqueles que recebem
salário misto, integrado por parte fixa e parte variável. A mencionada Lei veda ao
empregador qualquer tipo de desconto a título de compensação de eventuais
complementações.

VIII- décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor


da aposentadoria;

INTERPRETAÇÃO: O 13º salário foi estabelecido pela Lei número 4.090/62,


denominando-se Gratificação de natal para trabalhadores; e, além de ser alçado ao
nível constitucional, também não poderá ser menor que a remuneração integral ou
valor da aposentadoria. É direito autoaplicável que não depende de lei para ter
eficácia plena; e as condições para a sua aquisição continuam sendo as mesmas de
trabalho efetivo por pelo menos quinze dias por mês.

IX- remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

INTERPRETAÇÃO: Devido ao inegável desgaste que o trabalho noturno


causa no empregado, este tem direito à remuneração adicional. O trabalhador
urbano tem a sua hora noturna reduzida para 52:30 minutos. Isso no horário
compreendido entre 22 e 5 horas. Para o trabalhador rural a hora noturna não é
reduzida, correspondendo, portanto, a 60 minutos. Na lavoura o horário noturno vai
das 21 às 5 horas, e, na pecuária, das 20 às 4 horas (veja Lei n. 5889, de 08.06.73).
Já estava expresso no art. 73 e parágrafos da CLT e no art. 165, IV, da CR de 1969,
não representando inovação alguma. Também no texto constitucional de
1946 constava tal norma.
X- proteção ao salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa;

INTERPRETAÇÃO: Parte da doutrina entende que este inciso ainda não foi
regulamentado por lei, ou seja, não existe lei tipificando o crime de retenção dolosa
de salário. Parte da doutrina entende que se trata de apropriação indébita.

XI- participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração,


e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

INTERPRETAÇÃO: Participação do trabalhador na gestão “Assegura


a Constituição brasileira (art. 7º, XI) a participação do trabalhador na gestão da
empresa, princípio coincidente com a tendência moderna dos sistemas jurídicos. A
mesma norma não é autoaplicável, dependendo de regulamentação por lei ordinária.
O princípio revela o propósito de intervenção jurídica na ordem econômica em
defesa do trabalhador e com o objetivo de reformular a estrutura social, numa
tentativa de corrigir as distorções decorrentes da denominada questão social.
Fundamenta-se no direito de participação e na ideia do pluralismo jurídico e terá
como meio de realização a reforma estrutural da empresa, considerada a principal
comunidade do trabalho, reunindo a maior parte da população. Assim, destina-se a
uma modificação da estrutura social, admitida uma nova concepção de empresa,
com a valorização do trabalho, ao lado do capital.

XII- salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa


renda nos termos da lei;

INTERPRETAÇÃO: A Constituição Federal de 1988, no inciso XII do art. 7º


enuncia que o salário-família, pago em razão do dependente do trabalhador de baixa
renda, é um direito do trabalhador urbano e rural, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social. Primeiramente, vale lembrar que salário-família, de acordo
com Hely Lopes Meirelles, é uma típica gratificação pessoal, pois é concedido aos
servidores em exercício ou em inatividade, desde que apresentem as condições
familiares estabelecidas na lei respectiva. Ora, tem natureza alimentar cujo fim é o
auxílio à manutenção da família. Desta forma, já inicialmente, tem-se que é vantagem
de caráter pessoal e transitório, já que é auferido apenas enquanto persistirem as
condições legais para sua percepção.

XIII- duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta
e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

INTERPRETAÇÃO: O limite de oito horas diárias de trabalho está previsto


desde a Constituição de 1934 e no ordenamento infraconstitucional a partir da CLT,
artigos 58 e 67. Representa inovação, porém, o número limitado de 44 horas de
trabalho semanal. Na legislação anterior tal limite correspondia a 48 horas. É
facultada a redução da jornada de trabalho mediante acordo, convenção coletiva de
trabalho ou sentença normativa em dissídio coletivo. Tem sido uma tendência
mundial a redução do número de horas trabalhadas, como uma das estratégias
adotadas em relação ao desemprego. A maior jornada na Europa é a dos
trabalhadores portugueses, com 41,38 horas semanais. Lá, há países que
promoveram reduções expressivas, alcançando maior significação na Holanda, onde
a média semanal ficou com 32,30 horas.

XIV- jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos


de revezamento, salvo negociação coletiva;

INTERPRETAÇÃO: O trabalho em turnos ininterruptos de revezamento teve


a sua jornada reduzida para seis horas, salvo negociação coletiva. Por ininterrupto
entende-se o sistema contínuo, habitual, seguido, de trabalho em turnos. Não será
ininterrupto o trabalho em duas turmas diurnas, paralisado durante a noite, na qual
o estabelecimento fica fechado. Neste caso, a jornada diária observará a mesma
regra geral de oito horas. A jornada de oito horas também prevalecerá se os
trabalhos não são em revezamento, mas em horários fixos de turnos imutáveis, não-
alteráveis.

XV- repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

INTERPRETAÇÃO: A Lei n. 605, de 05.01.49, disciplina a matéria e


recomenda que o mencionado repouso seja preferentemente aos domingos (art. 1º
da Lei). A Súmula 461 do STF dispõe: É duplo, e não triplo, o pagamento de salário
nos dias destinados a descanso. A Lei 605, de 1949, instituiu o salário em dobro pelo
trabalho em dia destinado ao repouso. Além do salário normal, mais um salário pelo
trabalho nesse dia.

XVI- remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em


cinquenta por cento à do normal;

INTERPRETAÇÃO: Inciso de poucos e desnecessários comentários, a


remuneração das horas extraordinárias não poderá ser inferior a 50%. Este inciso é
considerado autoaplicável e se estende a todas as categorias profissionais. Toda
vez que o empregado prestar serviços ou permanecer à disposição do empregador
após esgotar-se a jornada normal de trabalho, haverá trabalho extraordinário. E tal
se configura, ainda que a jornada normal haja sido estipulada pelos contratantes
com duração inferior à prevista, como limite máximo, pela norma imperativa que lhes
for aplicável. Se o contrato de trabalho estabelecer, por exemplo, a jornada normal
de seis horas para o empregado sujeito ao regime geral de oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, extraordinário será o serviço prestado depois da sexta
hora.

XVII- gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;

INTERPRETAÇÃO: Gozo de férias anuais, remuneradas com, pelo menos,


um terço a mais do que o salário normal, que devem ser pagas antes de seu início,
pois se visa, com o terço a mais, possibilitar ao trabalhador efetivo gozo do período
de descanso; não se especifica, no nível constitucional, quantos dias, mas a lei
reconhece o direito a trinta dias, por princípio.

XVIII- licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a


duração de cento e vinte dias;

INTERPRETAÇÃO: A empregada gestante tem direito à licença-maternidade


de 120 dias, sem prejuízo do emprego e do salário. O salário-maternidade é devido à
segurada da previdência social, durante cento e vinte dias, com início vinte e
oito dias antes e término noventa e um dia depois do parto, podendo ser prorrogado.
XIX- licença paternidade, nos termos fixados em lei;

INTERPRETAÇÃO: Licença paternidade, nos termos fixados em lei, mas até


que esta venha a disciplinar a matéria, a licença será de cinco dias (art. 10, § 1º, do
ADCT); essa licença vincula-se ao parto da mulher do beneficiado, por isso deve ser
outorgada a partir do dia do evento.

XX- proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos


específicos, nos termos da lei;

INTERPRETAÇÃO: Dispositivo constitucional que tem por finalidade a


implantação de uma política de proteção ao mercado de trabalho da mulher, o
referido inciso deixa patente que apesar de bem-intencionada, a Constituição é vaga
neste ponto, deixando para a legislação infraconstitucional a regulamentação da
matéria.

XXI- aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de


trinta dias, nos termos da lei;

INTERPRETAÇÃO: Presente na lei brasileira desde a CLT (art. 487 e segs.),


foi modificado pela atual Constituição. Isto se deve ao fato da extinção do prazo de
oito dias de aviso prévio para os trabalhadores que recebiam por semana ou tempo
inferior. Hoje o prazo será no mínimo de trinta dias. Falta ainda lei regulamentadora
que o fará proporcional ao tempo de serviço.

XXII- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de


saúde, higiene e segurança;

INTERPRETAÇÃO: O termo "saúde", com relação ao trabalhado, abrange não


só a ausência de afecção ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais
que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a higiene
no trabalho. A segurança visa proteger a integridade física do trabalhador; a higiene
tem por objetivo o controle dos agentes prejudiciais do ambiente laboral para a
manutenção da saúde no seu amplo sentido. O princípio da indisponibilidade da saúde
do trabalhador se fundamenta na constatação, com matriz constitucional, de que as
normas de medicina e segurança do trabalho são parcelas imantadas por uma tutela
de interesse público, a qual a sociedade democrática não concebe ver reduzida em
qualquer segmento econômico-profissional, sob pena de se afrontarem a própria
dignidade da pessoa humana e a valorização mínima deferível ao trabalho (artigos.
1º, III e 170, caput, da Constituição Federal).

XXIII- adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas, na forma da lei;

INTERPRETAÇÃO: São consideradas atividades insalubres aquelas que


exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos chamados limites
de tolerância mínimos, que são fixados por lei. Aquelas atividades ou operações que
provocam o desencadeamento de agentes agressivos à saúde do trabalhador, acima
dos limites de tolerância previstos na legislação, ensejam o recebimento do adicional
de insalubridade pelo trabalhador. Os limites de tolerância mínimos, para
caracterização da insalubridade e o minucioso quadro das atividades insalubres,
foram instituídos pela Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978, e suas alterações e
acréscimos posteriores. Ressalte-se que os limites de tolerância são fixados em
função da natureza e da intensidade do agente agressor, bem como do tempo de
exposição do trabalhador aos seus efeitos. Além disso, em alguns casos, a
insalubridade pode resultar da natureza da atividade desenvolvida ou das condições
e métodos de trabalho.

XXIV- aposentadoria;

INTERPRETAÇÃO: O direito à inatividade remunerada consubstanciado na


aposentadoria, indicada no art. 7º, XXIV, está disciplinado no art. 202, como uma
das prestações da previdência social, referida entre os demais direitos sociais no art.
6º.

XXV- assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até


5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;

INTERPRETAÇÃO: A Constituição declara o direito dos trabalhadores à


assistência gratuita aos seus filhos e dependentes, em creches e pré-escolas, até
seis [cinco – EC n. 53/06] anos de idade. A norma não é auto executável e tem
natureza programática, dependendo de leis ordinárias ou contratos coletivos para a
sua efetivação. Essas leis já existem para o fim de obrigar as empresas, nas quais
trabalham mais de trinta mulheres maiores de dezesseis anos de idade, a manter
local apropriado para a guarda dos filhos das trabalhadoras, e para conferir a estas,
no período de amamentação, dois intervalos na jornada de trabalho, de meia hora
cada um, além dos descansos gerais. A Constituição, ao dispor que o direito à
creche deve ser prestado aos menores de até seis [cinco – EC n. 53/06] anos de
idade, amplia a garantia. No atual sistema fundado na legislação ordinária, há três
figuras correlatas, a creche-estabelecimento, a creche-convênio e a creche-
reembolso.

XXVI- reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

INTERPRETAÇÃO: A Constituição de 1988 estabeleceu o “reconhecimento


das convenções e acordos coletivos de trabalho” (art. 7.º, XXVI). Reconheceu,
portanto, não só as convenções coletivas, mas também os acordos coletivos e
também o seu conteúdo. Dispõe o inciso VI do artigo 7.º: “irredutibilidade do salário,
salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo”. É, assim, permitida a redução de
salários por meio de convenção e acordo coletivo. Estabeleceu o inciso XIII do artigo
7.º: “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho”. Foi, portanto, invertida a expressão. O
inciso XIV do mesmo artigo estabeleceu “jornada de seis horas para o trabalho
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva”. A
negociação coletiva importa um ajuste de interesses.

XXVII- proteção em face de automação, na forma da lei;

INTERPRETAÇÃO: Os avanços tecnológicos alcançaram uma velocidade


nunca imaginada, trazendo como consequência a extinção de mais e mais postos
de trabalho. Este dispositivo constitucional visa a proteção do trabalhador em face
da automação, dependendo, entretanto, de lei regulamentadora para atingir os seus
objetivos.

XXVIII- seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,


sem excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
INTERPRETAÇÃO: Nos casos de acidentes do trabalho, sofridos pelo
empregado, não basta a instituição do seguro, ‘a cargo do empregador’. Se este, de
qualquer modo, incorreu em dolo ou culpa, está obrigado a indenizar. Temos, agora,
a responsabilidade do empregador, quando, incorrendo em dolo ou culpa, der causa
a acidente do trabalho, hipótese em que, a despeito do seguro feito, o proponente é
obrigado à indenização.

XXIX- ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de 5 (cinco) anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
de 2 (dois) anos após a extinção do contrato de trabalho;

INTERPRETAÇÃO: A prescrição configura a inércia do interessado em


postular os seus direitos. Ela produz a extinção processual com resolução do mérito,
conforme dispõe o art. 269, IV, do CPC. Com relação ao trabalhador urbano,
a Constituição de 1988 desde a sua redação original, ou seja, mesmo antes da
Emenda n. 28/2000, estabelece prazo prescricional de cinco anos, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato. Revogou, assim, a nova Carta o preceito
contido no art. 11 da CLT, que dispunha prescrever em dois anos o direito de pleitear
a reparação de qualquer ato infringente de dispositivo nela contido.

XXX- proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério


de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

INTERPRETAÇÃO: O princípio da isonomia foi trazido para


a Constituição pela sua inserção através deste e de outros incisos. Anteriormente
era expresso nas consolidações das leis trabalhistas e previdenciárias. A Lei
n. 9.029, de 13.04.95, proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa
para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de
sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.

XXXI- proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de


admissão do trabalhador portador de deficiência;
INTERPRETAÇÃO: Não se deve discriminar o portador de deficiência física
atingindo de forma negativa seu salário ou mesmo impedindo a sua admissão em
qualquer cargo que concorra.

XXXII- proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou


entre os profissionais respectivos;

INTERPRETAÇÃO: A Constituição da República proíbe distinção entre


trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos
(art. 7º, XXXII, CF/88). A partir dessa vedação expressa, o tema referente a
trabalhadores intelectuais perde maior relevância, por não se encontrar diversidade
legislativa a partir desse específico critério. O princípio, na verdade, é clássico na
tradição constitucional do país, inserindo-se na Carta de 1934 (art. 12, § 2º), de 1946
(art. 157, parágrafo único) e mesmo na Constituição de 1967/69.

XXXIII- proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores


de 18 (dezoito) anos e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo
na condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos;

INTERPRETAÇÃO: Por força da Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998,


a idade mínima para o menor poder trabalhar saltou dos quatorze para os dezesseis
anos de idade. A CLT trata do trabalho do menor do artigo 402 a 441. considera-se
menor, para efeitos da CLT, o trabalhador que tenha entre 14 e 18 anos de idade.
Seguindo os passos da Constituição da República, a CLT proíbe o trabalho dos
menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. A
CLT também aumentou a idade mínima de trabalho, dos 14 para os 16 anos de idade,
por determinação da Lei 10.097 de 19/12/nº 2000.

XXXIV- igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo


empregatício permanente e o trabalhador avulso.

INTERPRETAÇÃO: É a Lei n. 5.859/72 que regulamenta o trabalho


doméstico. “Tecnicamente, empregado doméstico é a pessoa física que presta com
pessoalidade, onerosidade e subordinadamente, serviços de natureza contínua e de
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família em função do âmbito residencial
destas” ((Maurício Godinho Delgado in Curso de Direito do Trabalho. 4. Ed. São
Paulo: LTr., 2005, p.365). Os domésticos tiveram vários direitos que antes não lhes
eram reconhecidos elevados ao nível constitucional, o que representou um grande
avanço na proteção destes trabalhadores.

Parágrafo Único- São assegurados à categoria dos trabalhadores


domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e
XXIV, bem como a sua integração à previdência social.

INTEPRETAÇÃO: Pela leitura do parágrafo único do art. 7º da CR/88,


identifica-se que os domésticos têm direito ao salário mínimo, à irredutibilidade
salarial, ao décimo terceiro salário, ao repouso semanal remunerado, ao gozo de
férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal, a licença à gestante com o mesmo prazo de 120 dias sem prejuízo do salário
e da relação de trabalho, à licença paternidade, ao aviso prévio proporcional ao
tempo de serviço, de no mínimo trinta dias e, finalmente, à aposentadoria, além da
sua integração à previdência social.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

INTERPRETAÇÃO: São compatíveis com a Constituição Federal os


dispositivos da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) que extinguiram a
obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu pagamento à prévia e
expressa autorização dos filiados. No âmbito formal, o STF entendeu que a Lei
13.467/2017 não contempla normas gerais de direito tributário, dispensada a edição
de lei complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições. Também não
se aplica ao caso a exigência de lei específica prevista no art. 150, § 6º, da CF, pois
a norma impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios fiscais nele mencionados,
quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o Tribunal asseverou que a
Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que
ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato [CF, art. 8º, V]. O
princípio constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao
empregador a liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a
contribuir voluntariamente com essa representação.

I- a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de


sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a
interferência e a intervenção na organização sindical;

INTERPRETAÇÃO: A jurisprudência do STF, ao interpretar a norma inscrita no


art. 8º, I, da Carta Política – e tendo presentes as várias posições assumidas pelo
magistério doutrinário (uma, que sustenta a suficiência do registro da entidade sindical
no Registro Civil das Pessoas Jurídicas; outra, que se satisfaz com o registro
personificado no Ministério do Trabalho; e a última, que exige o duplo registro: no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, para efeito de aquisição da personalidade
meramente civil, e no Ministério do Trabalho, para obtenção da personalidade sindical)
–, firmou orientação no sentido de que não ofende o texto da Constituição a exigência
de registro sindical no Ministério do Trabalho, órgão este que, sem prejuízo de regime
diverso passível de instituição pelo legislador comum, ainda continua a ser o órgão
estatal incumbido de atribuição normativa para proceder à efetivação do ato registral.

II- é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer


grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não
podendo ser inferior à área de um Município;

INTERPRETAÇÃO: Incumbe ao sindicato comprovar que possui registro


sindical junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, instrumento indispensável para a
fiscalização do postulado da unicidade sindical. O registro sindical é o ato que habilita
as entidades sindicais para a representação de determinada categoria, tendo em vista
a necessidade de observância do postulado da unicidade sindical.

III- ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou


individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

INTERPRETAÇÃO: A Lei federal 8.906/94 atribui à OAB função


tradicionalmente desempenhada pelos sindicatos, ou seja, a defesa dos direitos e
interesses coletivos ou individuais da categoria. A OAB ampara todos os inscritos, não
apenas os empregados, como o fazem os sindicatos. Não há como traçar relação de
igualdade entre os sindicatos de advogados e os demais. As funções que deveriam,
em tese, ser por eles desempenhadas foram atribuídas à Ordem dos Advogados.

IV- a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria


profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

INTERPRETAÇÃO: A Lei 13.467/2017 emprega critério homogêneo e


igualitário ao exigir prévia e expressa anuência de todo e qualquer trabalhador para o
desconto da contribuição sindical, ao mesmo tempo em que suprime a natureza
tributária da contribuição, seja em relação aos sindicalizados, seja quanto aos demais,
motivos pelos quais não há qualquer violação ao princípio da isonomia tributária (art.
150, II, da Constituição), até porque não há que se invocar uma limitação ao poder de
tributar para prejudicar o contribuinte, expandindo o alcance do tributo, como suporte
à pretensão de que os empregados não-sindicalizados sejam obrigados a pagar a
contribuição sindical. A Carta Magna não contém qualquer comando impondo a
compulsoriedade da contribuição sindical, na medida em que o art. 8º, IV, da
Constituição remete à lei a tarefa de dispor sobre a referida contribuição e o art. 149
da Lei Maior, por sua vez, limita-se a conferir à União o poder de criar contribuições
sociais, o que, evidentemente, inclui a prerrogativa de extinguir ou modificar a
natureza de contribuições existentes.

V- ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

INTERPRETAÇÃO: O condicionamento da participação das cooperativas em


processos licitatórios à apresentação de certificado de registro no Sindicato e
Organização das Cooperativas do Estado malfere a garantia da liberdade de
associação sindical, consagrada no art. 8º, V, da Lei Maior.

VI- é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de


trabalho;
INTERPRETAÇÃO: Fica vedado impedimento da partição do sindicato em
negociações que visem atingir as relações coletivas de trabalho.

VII- o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações
sindicais;

INTERPRETAÇÃO: Todo aquele que se aposenta e que é filiado à um sindicato


tem assegurado o direito de participar das eleições que vierem a ocorrer votando e
sendo votado.

VIII- é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da


candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos
da lei.

INTERPRETAÇÃO: A garantia constitucional da estabilidade provisória do


dirigente sindical (CF, art. 8º, VIII) protege o empregado sindicalizado – registrado
como candidato ou já investido no mandato sindical – contra injusta ruptura do contrato
de trabalho, assim considerada toda despedida que não se fundar em falta grave ou,
então, que não decorrer da extinção da própria empresa ou, ainda, que não resultar
do encerramento das atividades empresariais na base territorial do sindicato,
motivados, em qualquer dessas duas últimas hipóteses, por fatores de ordem técnica,
econômica e/ou financeira. Compete ao empregador, sob pena de pagamento de
indenização compensatória ao empregado/dirigente sindical, o ônus de comprovar a
ocorrência de razões de ordem técnica, econômica ou financeira aptas a afastar,
excepcionalmente, a incidência da garantia constitucional da estabilidade provisória
do dirigente sindical, nas hipóteses de cessação das atividades empresariais.

Parágrafo Único- As disposições deste artigo aplicam-se à organização de


sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei
estabelecer;

INTERPRETAÇÃO: Art. 2º, IV, a, b e c, da Lei 10.779/2003. Filiação à colônia


de pescadores para habilitação ao seguro-desemprego, viola os princípios
constitucionais da liberdade de associação (art. 5º, XX) e da liberdade sindical (art.
8º, V), ambos em sua dimensão negativa, a norma legal que condiciona, ainda que
indiretamente, o recebimento do benefício do seguro-desemprego à filiação do
interessado a colônia de pescadores de sua região.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEWANDOWSKI, Ricardo. Et. Al. A constituição e o supremo. Ed. 5. Brasília:


Secretaria de documentação, 2016.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado, Ed. 20. São Paulo, Saraiva,
2016

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