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psicossocial
RESUMO
Este artigo se propõe refletir sobre aspectos pertinentes à clínica dos transtornos
mentais, com base na abordagem psicossocial. Nesse sentido, a prática complexa
do saber/fazer, no contexto da referida abordagem, apresenta-se no âmbito de
uma clínica ampliada, ratificando a importância de se contemplar a cultura e o
cotidiano daqueles que buscam por atenção psicológica, o que implica o fazer
clínico voltado para a interlocução e a avaliação contínua de intervenções
comprometidas com o sujeito sociohistórico. Assim, tem-se uma clínica voltada
para as múltiplas faces do humano – em sua singularidade e coletividade –,
problematizando as ações psicológicas em instituições e nas comunidades.
ABSTRACT
This article has as proposal to reflect about aspects that are related to the mental
disorders clinic in a psychosocial approach. In this direction, it presents the complex
work in the context of the psychosocial approach, considering the transdisciplinary
perspective and ratifying the importance of contemplating the culture and the daily
life of those who demand for psychological attention, which means a clinic work
that includes dialogue and the continuous assessment of assistance committed to
the social and historical subject. Therefore, this is a clinic that takes into account
the human being in his multiple aspects – individually and collectively –, examining
the psychological actions in institutions and communities.
RESUMEN
A Psicologia, nas últimas décadas, tem refletido sobre sua postura teórica e
metodológica por meio de estudos e pesquisas que demonstram influências das
relações sociais, econômicas e políticas nas dimensões intrapsíquicas, construindo
um terreno fértil e propício a ser explorado e vivido. Nesse sentido, no campo da
Psicologia, as abordagens caracterizadas como psicossociais têm-se mostrado mais
atentas às demandas da área social desde o final de 1950, na América Latina,
conseguindo um espaço significativo nas discussões e na construção de um corpo
teórico próprio.
No que diz respeito ao transtorno mental, faz parte dessa perspectiva superar a
visão que o concebe como unicamente da ordem individual, dissociada das demais
instâncias em que vive o indivíduo. Ao contrário, tal perspectiva propõe a criação e
a reinvenção de caminhos para contínuas avaliações, a fim de que as ações se
reflitam e se fortaleçam com base nas responsabilidades compartilhadas.
Conceber o sujeito como protagonista de sua história – aqui tomada como o que
constitui o lado humano na dimensão cultural, influenciado pelos símbolos, pela
língua e, em conseqüência, pela sociedade – é mais uma das tarefas a que se
propõe a abordagem psicossociológica. Acredita-se que o homem, ao assumir a
própria historicidade, cria e recria mudanças no mundo interno e externo, gerando
relações de sentido e de responsabilidades compartilhadas.
Mas acreditamos que o nosso maior desafio seja o modo de operar esse dispositivo.
Os eixos que constituem as políticas públicas de saúde se efetivam quando criamos
modos de fazer, saindo do âmbito das reflexões para o das ações. Interessa-nos,
portanto, o como fazer. Nesse caminho, a experiência e as pesquisas nesse âmbito
nos revelam a necessidade de permanente diálogo entre os diversos campos do
saber e os atores que compõem as redes de saúde, o que pressupõe a formulação,
a regulação e o controle de políticas em proximidade e o reconhecimento do
território em que são realizadas.
A idéia de uma clínica cujo saber/fazer transgride a ordem vai além da concepção
de saúde/doença como dualidades opostas; ao contrário, rompe essa lógica, pois
compreende tal relação como necessariamente dialógica, o que possibilita a
construção de um sujeito capaz de reinventar-se e reinventar o seu modo de estar
junto à família, nas instituições e no corpo social e político que o atravessam.
Ele é o produto de uma história complexa que diz respeito, ao mesmo tempo, à sua
existência singular, portanto, ao seu desenvolvimento psíquico inscrito numa
dinâmica familiar e à sua existência social, vista como a encarnação das relações
sociais de uma época, de uma cultura, de uma classe social. Todas essas
determinações não são equivalentes, embora sejam dificilmente dissociadas.
Clínica psicossocial