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RESUMO

O presente trabalho apresenta uma breve abordagem teórica sobre o método de


pesquisa do tipo estudo de caso e aponta a condução de um estudo de caso aplicável
às MPE's, bem como demonstra a utilidade desse método para pesquisadores em
geral. O trabalho foi elaborado por meio de uma pesquisa descritiva e bibliográfica,
onde são apresentados conceitos segundo autores e entidades de referência na
temática, a realidade das MPE's no Brasil, bem como a análise de um estudo de caso
referente às MPE's como exemplo para demonstrar o alcance desse método. Por meio
da análise foi possível perceber a importância do estudo de caso pela complexidade
que o processo envolve e consequentemente os resultados que podem ser
alcançados caso seja aplicado de maneira correta.

Palavras-chave: Estudo de Caso; MPE's; Empresas.


Sumário
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 3
2 METODOLOGIA ................................................................................................................ 4
3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 5
3.1 Definição ..................................................................................................................... 5
3.2 O uso do método estudo de caso e uma comparação com outras estratégias de
pesquisa ........................................................................................................................... 5
3.3 Críticas e objeções ao uso de estudo de caso como estratégia de pesquisa (e
possíveis respostas para as objeções) .......................................................................... 6
3.4 Projetando um estudo de caso.................................................................................. 7
3.4.1 Projeto de pesquisa com o uso do estudo de caso ................................................ 7
3.4.2 Componentes do projeto de pesquisa .................................................................... 8
3.4.3 Critérios para julgar a qualidade dos projetos de pesquisa .................................... 9
3.5 Preparação para a condução de um estudo de caso ............................................. 10
3.5.1 Habilidades do investigador ................................................................................. 10
3.5.2 Treinamento e preparação para um estudo de caso específico ........................... 11
3.5.3. Protocolo do estudo de caso ............................................................................... 11
3.5.4 O estudo de caso piloto ....................................................................................... 11
4 MPEs ................................................................................................................................ 12
4.1 Contextualização histórica das micro e pequenas empresas ............................... 12
4.2 Classificação das Micro e Pequenas empresas ..................................................... 13
4.3 A mortalidade das MPE’S ........................................................................................ 14
5 ESTUDO DE CASO MPEs ............................................................................................... 15
5.1 Mortalidade de Micro e pequenas empresas na cidade de NAVIRAÍ – MS: Estudo
de caso............................................................................................................................ 15
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 16
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 18
1 INTRODUÇÃO

A metodologia do Estudo de caso é uma técnica de caráter investigativo, pois


é definida como uma análise mais intensiva de um assunto específico em um contexto
da realidade. Este artigo tem o objetivo de demonstrar por meio de exemplo real um
estudo de caso para se ter uma melhor noção no que se refere à preparação para a
condução de um estudo realizado com esse tipo de metodologia aplicada ao tema
MPE's.

Segundo o cientista social Robert K. Yin considera o estudo de caso uma forma
de investigação empírica, compreendida como um método abrangente em se tratando
de coleta e análise de dados, podendo através desse conceito ser possível a distinção
do estudo de caso com outros meios de pesquisa. Além disso, esse método é
colocado como o mais adequado para as pesquisas exploratórias e uma ferramenta
útil para a construção de hipóteses.

No que se refere às Micro e Pequenas Empresas (MPE's), o Estatuto Nacional


da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, designada como Lei Geral da
Micro e Pequena Empresa), foi instituída pela Lei Complementar 123/2006 e
estabelece normas gerais relativas ao tratamento simplificado, diferenciado e
favorecido para as MPE’s no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. Esta lei veio a definir algumas prerrogativas no campo das
obrigações trabalhistas e previdenciárias. E, dessa forma, constitui um direito-dever à
desburocratização e à simplificação de procedimentos para que as MPE’s possam
cumprir com a legislação trabalhista universal em vigor.

No período da década de 80, as Micro e Pequenas Empresas (MPE’s)


ganharam importância econômica e social para os países desenvolvidos e em
desenvolvimento (OLIVEIRA; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2010). A partir disto,
elas ganharam atenção dos governos e estes passaram a criar políticas públicas
de apoio aos pequenos negócios (PUGA, 2000).

Sendo assim, o trabalho está dividido nas seguintes seções: introdução,


metodologia, uma breve abordagem sobre o método estudo de caso, alguns conceitos
que distinguem as MPE's, e os resultados de um estudo de caso voltado para as
MPE’s, as considerações finais e referências utilizadas.
2 METODOLOGIA

O método utilizado para a realização deste trabalho foi a análise de conteúdo,


através de várias pesquisas bibliográficas entre diversos autores com conhecimento
sobre gestão de micro e pequenas empresas e sua realidade no Brasil. Segundo
Moraes (1999), a análise de conteúdo se constitui de uma metodologia de pesquisa
usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos.

Essa análise, conduzida de descrições sistemáticas, qualitativas ou


quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de
seus significados num nível que vai além de uma leitura comum. Constitui-se em bem
mais do que uma simples técnica de análise de dados, representando uma abordagem
metodológica com características e possibilidades próprias.

A pesquisa utilizada neste trabalho será a pesquisa explicativa. A pesquisa


explicativa tem como objetivo conectar ideias de forma a tentar explicar as causas e
os efeitos de determinado fenômeno. Essa pesquisa vem sendo bastante difundida e
utilizada nos últimos vinte anos.

A escolha desse tipo de abordagem surge do interesse de, a partir das


informações adquiridas de um determinado método de estudo, entender melhor o seu
funcionamento e finalidade na contribuição para o motivo de estudo que está
ensinando utilizado.
3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Definição

Segundo GOODE & HATT (1969, p.422) o Método do Estudo de Caso " ... não
é uma técnica específica. É um meio de organizar dados sociais preservando o caráter
unitário do objeto social estudado". De outra forma, TULL (1976, p 323) afirma que
"um estudo de caso refere-se a uma análise intensiva de uma situação particular" e
BONOMA (1985, p. 203) disse que o "estudo de caso é uma descrição de uma
situação gerencial".

YIN (1989, p. 23) afirma que "o estudo de caso é uma inquirição empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a
fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas
fontes de evidência são utilizadas". Esta definição, apresentada como uma "definição
mais técnica" por YIN (1989, p. 23), nos ajuda, segundo ele, a compreender e
distinguir o método do estudo de caso de outras estratégias de pesquisa como o
método histórico e a entrevista em profundidade, o método experimental e o survey.

3.2 O uso do método estudo de caso e uma comparação com outras


estratégias de pesquisa

BONOMA (1985, p. 207) afirma que, "... quando um fenômeno é amplo e


complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para permitir a
proposição de questões causais e quando um fenômeno não pode ser estudado fora
do contexto no qual ele naturalmente ocorre". Segundo ele, o objetivo do método é a
compreensão (p. 206).

YIN (1989) apresenta quatro aplicações para o Método do Estudo de Caso: (1)
Para explicar ligações causais nas intervenções na vida real que são muito complexas
para serem abordadas pelos 'surveys' ou pelas estratégias experimentais; (2) Para
descrever o contexto da vida real no qual a intervenção ocorreu; (3) Para fazer uma
avaliação, ainda que de forma descritiva, da intervenção realizada e (4) Para explorar
aquelas situações onde as intervenções avaliadas não possuam resultados claros e
específicos.
Ao fazer uma comparação com o Método do Estudo de Caso com outros
métodos, YIN (1989) afirma que para se definir o método a ser usado é preciso
analisar as questões que são colocadas pela investigação. De modo específico, este
método é adequado para responder às questões "como" e '"porque" que são questões
explicativas e tratam de relações operacionais que ocorrem ao longo do tempo mais
do que frequências ou incidências.

Que também se aplicam ao método histórico e experimental, mas de acordo


com YIN (1989), a preferência pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada quando do
estudo de eventos contemporâneos, em situações onde os comportamentos
relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações
diretas e entrevistas sistemáticas. Apesar de ter pontos em comum com o método
histórico, o Estudo de Caso se caracteriza pela "... capacidade de lidar com uma
completa variedade de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e
observações." (YIN, 1989, p. 19).

3.3 Críticas e objeções ao uso de estudo de caso como estratégia de pesquisa


(e possíveis respostas para as objeções)

De acordo com TULL e HAWKINS (1976), o Método de Estudo de Caso não


deve ser usado com outros objetivos além do objetivo de geração de ideias para testes
posteriores pois fatores como o "...pequeno tamanho da amostra, a seleção não
randômica, a falta de similaridade em alguns aspectos da situação problema, e a
natureza subjetiva do processo de medida se combinam para limitar a acuracidade de
um poucos casos" (p. 324).

Apesar de ser uma forma distinta para a inquirição empírica, ele é visto como a
forma menos desejável do que a experimentação ou surveys. Segundo YIN (1989),
isto ocorre por razões como a grande preocupação sobre a falta de rigor das
pesquisas de estudo de caso, uma vez que, "... muitas vezes, o investigador de estudo
de caso tem sido descuidado e tem admitido evidências equivocadas ou enviesadas
para influenciar a direção das descobertas e das conclusões".(YIN, 1989, p. 21)

GOODE e HATT (1967, p. 426) abordaram um importante aspecto, que o


"...perigo básico no seu uso é a resposta do pesquisador ... que chega a ter a
sensação de certeza sobre as suas próprias conclusões". Mais à frente, estes autores
colocam também que "... cada caso desenvolvido como uma unidade assume
dimensões completas na mente do pesquisador. Ele passa a sentir-se seguro de
poder responder muito maior número de questões do que poderia fazer somente com
os dados registrados".

Uma preocupação muito comum em relação aos estudos de caso é que eles
fornecem pouca base para se fazer uma generalização científica. YIN (1989, p. 27)
rebate falando que “Na verdade, fatos científicos raramente se baseiam em
experimentos únicos; baseiam-se, em geral, em um conjunto múltiplo de
experimentos, que repetiu o mesmo fenômeno sob condições diferentes”.

Outra reclamação frequente que se faz ao estudo de caso é que eles demoram
muito, e resultam em inúmeros documentos ilegíveis. Essa queixa pode até ser
procedente, dada a maneira como se realizaram estudos de caso no passado), mas
não representa, necessariamente, a maneira como os estudos de caso serão
conduzidos no futuro. (YIN, 1989, p. 27)

3.4 Projetando um estudo de caso

3.4.1 Projeto de pesquisa com o uso do estudo de caso

Para projetar um estudo de caso, assim como projetar qualquer outro tipo de
investigação que envolva pesquisa, é necessário um plano ou um projeto de pesquisa
(YIN, 1989). Define Projeto de Pesquisa como sendo "... a sequência lógica que
conecta os dados empíricos às questões iniciais de estudo da pesquisa e, por fim, às
suas conclusões”. (p. 27). O que nos leva a entender que a elaboração de um projeto
de pesquisa tem influência direta sobre os resultados a serem obtidos.

Isto é coerente com que nos apresentam NACHMIAS e NACHMIAS (apud, YIN,
1989), quando descrevem o projeto de pesquisa como sendo uma planta que "... guia
o investigador no processo de coleta, análise e interpretação das observações. É um
modelo lógico que conduz o pesquisador ao formular inferências a respeito das
relações causais entre as variáveis em observação ... e define... se as interpretações
obtidas podem ser generalizadas para a população maior ou para situações
diferentes". (p. 28-29).
Uma outra maneira de se pensar em um projeto de pesquisa é como um
"esquema" de pesquisa apresentado por PHILLIBER, SCHWAB & SAMSLOSS (apud,
YIN, 1989) que trata de, pelo menos, quatro problemas: (1) quais questões estudar;
(2) quais dados são relevantes; (3) quais dados coletar e (4) como analisar os
resultados.

3.4.2 Componentes do projeto de pesquisa

YIN (1989) afirma que para os estudos de caso, são especialmente importantes
cinco componentes de um projeto de pesquisa: (a) as questões de um estudo; (b) suas
proposições, se houver; (c) sua(s) unidade(s) de análise; (d) a lógica que une os dados
às proposições; e os critérios para se interpretar as descobertas.

a) Como falado anteriormente, o estudo de caso é um método é indicado para


responder às perguntas "como" e "porque" que são questões explicativas,
nos estudos que tratam de relações operacionais que ocorrem ao longo do
tempo mais do que frequências ou incidências e de eventos
contemporâneos, em situações onde os comportamentos relevantes não
podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações diretas
e entrevistas sistemáticas e a primeira tarefa a ser empreendida é a
clarificação precisa da natureza das questões. Esta tarefa é importante pois
é ela que norteará todo o trabalho a ser realizado.

b) As proposições dizem respeito ao que será examinado dentro do escopo do


trabalho e sua definição ajudará na decisão de onde procurar evidências
relevantes. De acordo com YIN, 1989, sem estas proposições, "um
investigador pode sentir-se tentado a coletar 'tudo' o que é impossível de
ser feito". (p. 30) Alternativamente às proposições, o investigador pode
estabelecer o propósito para o estudo ou mesmo definir os critérios pelos
quais o sucesso da investigação será analisado.

c) A unidade de análise está relacionada com a definição do que o caso é e


ela pode ser um indivíduo, uma decisão, um programa, pode ser sobre a
implantação de um processo e sobre uma mudança organizacional. A
definição da unidade de análise está ligada à maneira pela qual as questões
de estudo foram definidas.
d) Ao desenvolver estes componentes do Projeto de Pesquisa, o investigador
é forçado a construir uma teoria inicial relativa ao estudo a ser empreendido.
Esta teoria deve ser formulada antes do início da coleta de dados e ela irá
ajudar a cobrir de forma incremental as questões, a proposições ou o
propósito do estudo, as unidades de análise e possibilitará a ligação dos
dados às proposições e fornecerá os critérios para a análise dos dados.
(YIN, 1989).

Ao proceder desta maneira e desenvolver o Projeto de Pesquisa, o investigador


terá um roteiro objetivo e habilitado para orientá-lo durante todo o processo de
realização do estudo, que lhe dará direção para a definição dos dados a serem
coletados e para a definição das estratégias para a sua análise, possibilitando-lhe
fazer contribuições/generalizações para a teoria maior (YIN, 1989).

3.4.3 Critérios para julgar a qualidade dos projetos de pesquisa

a) Validade

De acordo com SYKES (1990), o termo validade é usado em uma grande


variedade de sentidos nos debates sobre a pesquisa quantitativa. A sua mais
importante distinção está em seu uso referindo-se ao tipo e precisão da informação
obtida das amostras individuais, sejam elas indivíduos ou grupos e a avaliação da
validade deve ser feita à luz do propósito do trabalho de investigação.

A validade, segundo YIN (1989, p. 56):

● Validade do constructo: estabelecer medidas operacionais corretas


para os conceitos que estão sob estudo.

● Validade interna (apenas para estudos explanatórios ou causais, e


não para estudos descritivos ou exploratórios): estabelecer uma
relação causal, por meio da qual são mostradas certas condições que
levem a outras condições, como diferenciada de relações espúrias.

● Validade externa: estabelecer o domínio ao qual as descobertas de


um estudo podem ser generalizadas.
b) Confiabilidade

É demonstrar que as operações de um estudo - como os procedimentos de


coleta de dados - podem ser repetidas, apresentando os mesmos resultados. ou seja,
se outro investigador seguir exatamente os mesmos procedimentos como os descritos
pelo primeiro e conduzir o mesmo estudo de caso ele chegará às mesmas
descobertas e conclusões (YIN, 1989).

3.5 Preparação para a condução de um estudo de caso

3.5.1 Habilidades do investigador

YIN (1989) pontua algumas habilidades essenciais para que o investigador seja
eficiente quando se dispor a preparar um estudo de caso, tais aptidões estão ligadas
ao comportamento e avaliações intrínsecas de cada indivíduo. A primeira delas é a
capacidade de fazer perguntas de maneira constante e crítica para o bom andamento
da pesquisa. Outra faz referência ao ato de ouvir, que está além do preconcebido,
pois segundo YIN (1989, p. 82) “Ser um bom ouvinte significa ser capaz de assimilar
um número enorme de novas informações sem pontos de vista tendenciosos.” Se ater
a mensagens que podem estar nas entrelinhas é papel do pesquisador nos momentos
de interpretação dos dados obtidos.

Ao falar sobre adaptatividade e flexibilidade YIN (1989) afirma que a


possibilidade de um estudo de caso terminar de maneira totalmente diferente do que
começou é grande e aceitável pelo desconhecimento inicial dos métodos e técnicas,
por isso a necessidade de se adaptar ao contexto. A compreensão das questões que
estão sendo estudadas é peça fundamental não apenas na parte de coleta de dados
quando alguns julgamentos são feitos, mas também para conseguir identificar em que
ponto a investigação se encontra e o rumo que está sendo tomado.

A ausência de viés talvez seja a característica mais importante porque todas as


outras se resumem nela, se utilizar do estudo de caso apenas com a intenção de
comprovar uma posição delineada invalida os atributos já citados.
3.5.2 Treinamento e preparação para um estudo de caso específico

A pesquisa de campo dentro do estudo de caso mesmo sendo executada de


forma grupal exige que o pesquisador se desfaça de fórmulas rígidas para orientar
seu comportamento. O treinamento para uma investigação começa na definição do
problema e desenvolvimento do projeto.

Quando existe a necessidade do treinamento de vários pesquisadores a técnica


do seminário é uma ferramenta eficaz pela economia de tempo e capacidade de vários
temas serem abordados, segundo YIN (1989) há uma agenda que deve ser cumprida
como mostra a figura abaixo

3.5.3. Protocolo do estudo de caso

Para Zanelli (2002, p. 83), a “credibilidade de uma pesquisa consiste na


articulação da base conceitual e de adotar critérios rigorosos no uso da metodologia,
além de transmitir confiança às pessoas e à organização estudada, de modo que o
pesquisador certifique-se e garanta que não trará nenhum transtorno na condução do
estudo”. A utilização de um protocolo ajuda na orientação do pesquisador durante a
coleta de dados.

O protocolo constitui em um conjunto de códigos, menções e procedimentos


suficientes para se replicar o estudo, ou aplicá-lo em outro caso que mantém
características semelhantes ao estudo de caso original (MARTINS, 2008).

3.5.4 O estudo de caso piloto

Quanto ao estudo de caso piloto YIN (1989) afirma que:

o estudo de caso piloto auxilia os pesquisadores na hora de aprimorar os


planos para a coleta de dados tanto em relação ao conteúdo dos dados
quanto aos procedimentos que devem ser seguidos. Nesse sentido, é
importante observar que um teste-piloto não é um pré-teste. O caso-piloto é
utilizado de uma maneira mais formativa, ajudando o pesquisador a
desenvolver o alinhamento relevante das questões - possivelmente até
providenciando algumas elucidações conceituais para o projeto de pesquisa.
Em contrapartida, o pré-teste é a ocasião para um “ensino geral” formal, na
qual o plano pretendido para a coleta de dados é utilizado de uma forma tão
fiel quanto possível como rodada final de testes.
O estudo de caso piloto envolve alguns passos, como: seleção dos casos-
piloto, a natureza da investigação para os casos-piloto e a natureza dos relatórios
feitos a partir deles. A etapa de seleção dos casos-piloto se dá na maioria das vezes
pela facilidade do acesso que se tem de tal material. Segundo YIN (1989) na fase da
natureza da investigação para os casos piloto “...a investigação para o caso-piloto
pode ser muito mais ampla e menos direcionada do que o plano final para a coleta de
dados. Além disso, a investigação pode incluir tanto questões imperativas quanto
metodológicas.” Por fim os relatórios que são de grande importância para o bom
andamento dos casos-piloto, se bem planejados podem apontar as mudanças
necessárias para os próximos casos-piloto.

4 MPEs

4.1 Contextualização histórica das micro e pequenas empresas


Para Arruda (et al., 2007), empresa significa uma “instituição social dinâmica,
estruturada em torno de uma missão, de valores e de um negócio, com a finalidade
de gerir resultados humanos, sociais e econômicos para acionistas, empregados e
comunidade.”
Segundo o IBGE (2003) o maior incentivador de desenvolvimento de MPS, na
década de 1980, foi a redução do ritmo de crescimento da economia, que teria
resultado em um maior nível de desempregos, tais desempregados visualizaram nos
pequenos negócios oportunidades tornando-se assim uma alternativa para a
ocupação da mão-de-obra excedente.
Tal situação de acordo com o IBGE (2003) resultou no surgimento ao final da
década de 80, das primeiras iniciativas mais definidas para incentivar o
desenvolvimento de micro e pequenas empresas na economia, como por exemplo, a
implantação do primeiro Estatuto da Microempresa (Lei n° 7.256 de 27 de novembro
de 1984) e a inclusão das micro e pequenas empresas na Constituição Federal de
1988.
Santos et al. (2012, p 18), traz uma perspectiva mais recente:
No cenário brasileiro recente, os condicionantes competitivos das MPEs
podem ser associados ao desempenho e à eficiência empresarial que são
pautados, entre outros fatores, pelas condições de produtividade e de
financiamento. No âmbito nacional, várias são as definições adotadas em
relação às MPEs. Em geral, levam-se em consideração critérios quantitativos,
como número de empregados por setor de atividade e/ou faturamento anual
bruto.
Conforme dados do SEBRAE (2018) “no Brasil, existem 6,4 milhões de
estabelecimentos. Desse total, 99% são micro e pequenas empresas (MPE). As MPEs
respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado (16,1
milhões)”.

4.2 Classificação das Micro e Pequenas empresas


No Brasil, atualmente, existem variadas formas de definição das micro e
pequenas empresas, porém há duas maneiras convencionalmente mais utilizadas
para classificar as micro e pequenas empresas.
A primeira definição é feita pela legislação brasileira, através da Lei nº
123/2006, que define de acordo com a receita bruta anual, conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Classificação das micro e pequenas empresas de acordo com
a sua renda bruta anual.
Categoria Renda Bruta Anual
Microempreendedor Individual Até R$ 60.000,00
Microempresa Igual ou inferior a R$ 360.000,00
Pequena Empresa de R$ 360.000,01 até R$
3.600.000,00.
Fonte: Desenvolvimento próprio, com base na Lei nº 123/2006.
A segunda forma utilizada é a pertencente ao SEBRAE (2014) que adota outra
metodologia baseada no número de empregados e na área de atuação, conforme a
Tabela 2.
Tabela 2: Classificação das micro e pequenas empresas de acordo com
o número de empregados e na área de atuação.
Categoria Indústria Comércio/serviço
Microempresa até 19 até 09
empregados empregados
Pequena de 20 a 99 de 10 a 49
Empresa empregados empregados
Média Empresa de 100 a 499 de 50 a 99
empregados empregados
Grandes acima de 500 a partir de 100
Empresas empregados empregados
Fonte: Desenvolvimento próprio, com base no SEBRAE (2014)

Segundo IBGE (2003, p 17):


O critério de classificação das MPE's por número de pessoas ocupadas não
leva em conta as diferenças entre atividades com processos produtivos
distintos, uso intensivo de tecnologia da informação (Internet, e-commerce,
etc.) e/ou forte presença de mão-de-obra qualificada, podendo ocorrer em
algumas atividades a realização de alto volume de negócios com utilização
de mão-de-obra pouco numerosa, como é o caso do comércio atacadista, das
atividades de informática e dos serviços técnico-profissionais prestados às
empresas (atividades jurídicas, de contabilidade, consultoria empresarial,
etc.).

4.3 A mortalidade das MPE’S


Segundo o SEBRAE (2017) “As micro e pequenas empresas assumem papel
importante para as economias locais e regionais, contudo esses empreendimentos
costumam encontrar dificuldades para sobreviver no mercado e alcançar um bom
desempenho econômico”.
De acordo com dados do SEBRAE (2013) “24,4% das empresas fecham as
portas com menos de dois anos de existência. E esse percentual pode chegar a 50%
nos estabelecimentos com menos de quatro anos”.
O gráfico abaixo fez parte de uma pesquisa realizada pelo SEBRAE (2016),
nele podemos perceber a taxa de mortalidade de empresas com até dois anos,
observamos que em sua maioria as empresas que chegam a fechar as portas em até
dois anos se tratam de Micro Empresas Individuais, entre 6% a 13% e Micro Empresas
45% a 51%.
Gráfico 1: Taxa de mortalidade de empresas de dois anos, por porte

Fonte: SEBRAE 2016


Em um novo levantamento realizado pelo SEBRAE (2016) apurou-se que os
fatores contribuintes para a sobrevivência ou mortalidade das empresas seriam:
situação antes da abertura da empresa como, por exemplo, o tipo de ocupação do
empresário e a sua motivação para abrir o negócio, o planejamento do negócio, a
gestão do negócio e a formação dos donos em gestão empresarial.
Segundo pesquisa realizada por Morelli (1994, p.45) "empresas não utilizam a
prática de planejamento, não fazem levantamento de custos, não treinam seus
recursos humanos e não empregam métodos de avaliação da produtividade, todos
esses fatores internos estão intimamente relacionados com a falta de estrutura
organizacional".

5 ESTUDO DE CASO MPEs

5.1 Mortalidade de Micro e pequenas empresas na cidade de NAVIRAÍ – MS:


Estudo de caso
O presente estudo de caso teve por objetivo conhecer as condicionantes da
mortalidade das Micro e pequenas empresas no município de Naviraí – MS, o ponto
de partida para este estudo de caso foi o alto índice de mortalidade de empresas no
município entre os anos de 2015/2016, onde aproximadamente 73,84% destas
empresas construídas do município fecharam as portas.
Com o objetivo de levantar os principais motivos que levaram muitas empresas
do município de Naviraí a mortalidade, foi adotado como metodologia uma pesquisa
de campo com 212 empresas e 20 contadores, onde foram entrevistados
microempresários que possuíam negócios ativos em Naviraí- MS, visando identificar
os principais fatores que interferiram no rendimento das atividades e conhecer as
possíveis variáveis que levam à extinção das empresas.
Como resultado final foi identificado que a falta de planejamento e orientações
técnicas levou a falência de 73,82% das empresas constituídas entre os anos de 2015
e 2016 em Naviraí MS.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O estudo de caso é um método que visa compreender fenômenos sociais


complexos, preservando as características holísticas e significativas dos eventos da
vida real'. (Liliana, 2012). Nessa linha de raciocínio, o estudo de caso é coletado por
diversos meios por um ou mais entes a fim de se estudar a complexidade do caso.
Além disso, como já mencionado, o estudo de caso é um método o qual abrange o
processo completo, ou seja, incorporando “o planejamento, as abordagens
específicas, a coleta, e mais a análise dos dados” (Liliana, 2012). Desse modo,
descrevendo-o de maneira sólida e transparente, que facilitará ao pesquisador atingir
todas as etapas desse processo com eficiência e eficácia. Outrossim, para o autor
Ventura, “o que torna exemplar um estudo de caso é ser significativo, completo,
considerar perspectivas alternativas, apresentar evidências suficientes”. (Ventura,
2007, p. 03). Dessa maneira, busca-se, nesse método científico encontrar respostas
e soluções para a às áreas sociais, tecnológicas e humanas. Uma vez que
encontradas, facilitam a localização de alternativas viáveis no contexto estudado. Vale
salientar que o conhecimento do pesquisador, bem como suas competências
advindas de outras pesquisas, auxilia no seu diagnóstico. Este pode ainda, usufruir de
abordagem qualitativa ou quantitativa, durante a implantação desse processo.
Todavia, conforme (Ventura, 2007), quando um objeto é de extrema complexidade e
de difícil entendimento, o pesquisador deverá modificar seus objetivos, isto é, buscar
apenas a sua compreensão dedutiva.

Diante dessas proposições, é notório que o estudo de caso é um método de


pesquisa utilizado por diferentes segmentos científicos. Em linhas gerais, utilizando
etapas e processos racionais que visam resultados fidedignos. Não obstante, de o
acordo com Bressan, esse método “é mais apropriado para algumas situações do que
outras em se tratando em pesquisa em administração. Ao se decidir pelo uso deste
método. De pesquisa [...]”. (Bressan, 2000, p.14). Portanto, O estudo de caso é um
método lógico e racional para se alcançar objetivos específicos dentro de um contexto
que se insere. Dessa maneira, esse método, tem como função a sua investigação cujo
objetivo é diagnosticar as causas que de determinados problemas e, por conseguinte
projetar soluções eficientes e eficazes. Em se tratando de estudo de caso no âmbito
das micro e pequenas empresas, às quais vem aumentando de maneira contínua no
território nacional. Uma vez que, as contingências levam aos brasileiros a
empreenderem por necessidades ao invés de oportunidade. Devido a variáveis do
segmento econômica, social e política que se passa no Brasil. Dessa maneira,
portanto, o estudo de caso aplicado às micro e pequenas empresas (MPES), facultam
aos gestores e líderes dessas organizações, a aplicabilidade desse método no âmbito
organizacional, estratégico ou até mesmo como plano de ação dentro de um contexto
competitivo. Conforme NACHMIAS e NACHMIAS (1989), isso acontece pela clareza
da estrutura do estudo de caso que facilita o surgimento de resultados.
REFERÊNCIAS

CEZARINO, Luciana O; CAMPOMAR, M. C. Micro e pequenas empresas:


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