Trabalho de letramento correlacionado a socioeducação e a fotografia com adolescentes em conflito com a lei no Centro de Atendimento Socioeducativo POA I (CASE POA I). Participação ativa na fotografia com os adolescentes. Trabalho individual na digitação dos textos dos adolescentes.
Trabalho de letramento correlacionado a socioeducação e a fotografia com adolescentes em conflito com a lei no Centro de Atendimento Socioeducativo POA I (CASE POA I). Participação ativa na fotografia com os adolescentes. Trabalho individual na digitação dos textos dos adolescentes.
Trabalho de letramento correlacionado a socioeducação e a fotografia com adolescentes em conflito com a lei no Centro de Atendimento Socioeducativo POA I (CASE POA I). Participação ativa na fotografia com os adolescentes. Trabalho individual na digitação dos textos dos adolescentes.
O trabalho relata a história de alguns adolescentes
em conflito com a lei do “CASE POA I”. Trabalho iniciado com a participação e organização do projeto de Neusa Maria Machado Zoch em maio de 2019, de construção textual e sensibilização, sendo eles fotografados no seu cotidiano, realizado assim o ensaio fotográfico com a agente Dirceia Fajardo, e em atividades no CASE com a mediadora de leitura, Maria Regina Abbud Dorneles com discussões dialogadas (café com letras) e produções textuais e contou também com o trabalho em conjunto do programa APRENDIZ LEGAL do CIEE, através do Instrutor Wagner Gonçalves Trindade e turma. Exposição Minha imagem “privada”para o mundo
Fotos
Minha historia de vida inicia....
Fotos
...porém muitos fatores podem nos levar para
outros caminhos... Fotos ...que não tem mais volta... Fotos ... que a nossa experiência até aqui, possa ajudar outros jovens a não cometer os mesmos tropeços da nossa caminhada...e não se tornarem uma peça no jogo da vida. Fotos capa de abertura TEXTO I (RE) PENSAR
A consequência do envolvimento com o tráfico de
drogas, roubos e homicídios é perder a liberdade. O desafio é se ressocializar, mas de que maneira? Os períodos atrás das grades podem não oferecer perspectivas de futuro até mesmo de um recomeço depois de um passado marcado por más escolhas. Alguns procuram coragem mesmo quando tudo dá errado, usa como base o apego à família, filhos e buscam algo como um refúgio, talvez nos pensamentos. Quem sabe o que um preso pensa? Há quem diga que se pense em maldade e crime. Quem pode dizer algo sem ter essa experiência? Eu posso dizer, pois estou privado de liberdade há mais de um ano. Há quem me julgue por minhas escolhas erradas, também tem quem tenta me ajudar de alguma forma, mas eu sim posso dizer o que um preso pensa. Muitas vezes, pensa em jogar a vida pro alto e “foda-se” o resto, pois passa todos os dias por humilhações inclusive como a ter de pedir permissão até para uso do banheiro. Falo por mim, cujo maior pensamento é sair daqui diferente do momento que cheguei, pois para que serve a cadeia? Mudar a vida do preso? Voltar para a família depois de ser restaurado? Para punir? Para vingança? Para se livrar de um incomodo? Essas são questões que nos deparamos dentro do sistema. Existem dois tipos de presos, aquele que olha para o chão e aquele que olha para a janela, como diz Mario Sérgio Cortella. A meu ver o preso que olha para a janela nada mais é do que o que busca ver um novo futuro e o que olha para o chão é o inconformado que não pensa em nada, ainda mais quando acorda estressado por ter sonhado com a vida lá fora. Todas as escolhas têm consequências, as que passaram não podem ser mudadas, mas as que virão com naturalidade devem ser pensadas em uma situação e outra, qual a melhor a seguir. Como dizem: o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.
OBS: texto redigido pelo adolescente L.S.O na biblioteca.
TEXTO II EM ALGUM MOMENTO.
Talvez não seja agora, mas em algum momento a
cabeça gira o humor muda o sentimento aflora a saudade, aperta a vontade de estar lá fora, sem o quadrado do sol ou da lua para me incomodar, sem o silêncio do corredor para me amedrontar.
Em algum momento, a vida me deu uma segunda
chance, cabe a mim não desperdiçar. Aproveitar com a ingenuidade que “cai” desse lugar com a experiência que adquiri. Entre uma batida e outra de cadeado confundo com a batida de meu coração. O barulho que o cadeado faz não chega nem perto do barulho do meu coração. Em algum momento, sei que o coração vai precisar ouvir o barulho do cadeado para poder disparar em lágrimas de felicidade, em sentir-me solto, voltando a encontrar o que mais queria: a liberdade! Talvez a caminhada até a liberdade seja pesada dolorida e até meso lenta. Por vários corredores e paredes deixo uma história que ficará marcada por gritos, silêncio, agonias, dias ruins, dias bons, alegrias e choros. É uma mistura de sentimentos que em algum momento, não deixarão eu desistir de lutar, de aprender, de pedir desculpas, de perdoar, de mudar. Em algum momento eu sei que vou embora. Mas, embora para onde? Para outra vida ou para alguma outra etapa? O que importa é que com uma caneta e um papel posso registrar tudo o que penso, aprendo e quero daqui por diante. A experiência que tive talvez não tenha sido uma das melhores, mas em algum momento da vida, quando me lembrar de tudo isso que passei serei muito melhor do que no momento que escrevi este texto, mas isso vai ser em algum momento... Texto redigido pelo adolescente J. C. dos S na biblioteca.
TEXTO III
CARTA DE DESPEDIDA
De tudo na vida devemos tirar um aprendizado. Isso
é fato. O que interfere é quem quer e o que tu faz para querer. Pus isso em prática e tive alguns aprendizados tais como: o gosto pela leitura, à facilidade para a escuta, para o diálogo e para me expressar. Depois de um ano e três meses aqui no POA I me fez entender o valor que cada pessoa tem e o que ela nos traz, talvez se eu tivesse me focado nisso antes não chegaria ao ponto de me prender. Mas coisas ruins acontecem na vida da gente, às vezes, é para nos melhorar em algo.
Ao chegar aqui algumas pessoas me disseram a
seguinte frase: o conhecimento é a única coisa que ninguém nos tira. Foi ai que eu tive a certeza que deveria adquirir cada dia mais conhecimento. Foi então que comecei a ficar mais curioso e de tudo eu queria saber o significado até das palavras que escutava. Conheci pessoas muito legais, como as Donas da Biblioteca que me ajudaram a montar o texto para o Concurso Literário. Nos cafés com letras me fizeram por o tico e o teco para trabalhar. Quando me lembro do dizer que diz assim: enquanto a gente fala, fala, fala o silêncio escuta e cala. Tem outra frase que a Dona Débora me fez pensar: na cadeia existem dois tipos de preso: “o que olha para a janela e o que olha para o chão”, que maturidade. O pior é que vou sentir saudades da biblioteca, dos cursos, da oficina de crochê e de outras atividades. Acredito que também vou deixar saudades para alguém porque cara bela eu não tenho. Carta de despedida escrita na biblioteca pelo adolescente L. da S.