Surpreendente não seria um botão desabrochar, mas sim o processo inverso.
É como uma magnífica bailarina que se recusa a bailar, É como a flor de perfume deslumbrante que rejeita a própria essência adocicada, É como a lagarta que não se permite a metamorfose, É como uma menina que se nega a crescer, e não se sabe por que. Pois da mesma forma que o ciclo natural da vida reserva à lagarta a metamorfose para assim se tornar uma linda borboleta colorida de movimentos leves e encantadores como uma bailarina que sobrevoa as flores adocicadas, é também reservado à doce princesinha um trono de rainha. E o que a impede de acreditar nisso, a ponto de preferir permanecer no casulo? Resistir em perceber o mundo a sua volta, a apreciar o que é apreciável e logo, se proteger do que é arriscado. Mas o que é o risco? O único risco nesse caso é o não conhecer. Desconhecer a própria capacidade, como também as limitações, nisto consiste o risco. Um alcoólatra evita o primeiro “gole” porque sabe que isso irá desencadear sua compulsão pelo álcool e o principal fenomenologicamente falando, ele sabe que não tem forças para resistir à compulsão. Esse é o X da questão, no caso o provérbio que diz “se não consegue destruir o inimigo una-se a ele” está fora de propósito, é muito melhor evitar o que incomoda do que conviver com uma situação de tortura, afinal de contas o velho provérbio é claro “os incomodados que se retirem”. Mas o que isso tem a ver? Simples! Aprender a conviver não só com o outro, mas, consigo mesmo. Perceber e saber lidar com as próprias fraquezas ou defeitos é o ponto crucial para se viver bem, pois se sei que tal comida me faz mal porque vou comê-la? Se tal situação me incomoda porque me expor novamente? Não importa o que aconteceu, como aconteceu, porque aconteceu ou quem é o culpado, a única coisa que importa é que deverá ser evitada a reincidência. Caso contrário, consegue prever o infortúnio que será a vida? Imagino que sim! Então porque não se permitir? Mergulhe dentro de si, explore o que tem de ser explorado, descubra o que tem de ser descoberto e convença-se de suas potencialidades como também de suas restrições e viva, pode ter certeza que não serás menos feliz sem possuir o que lhe deve ser evitado. Decida-se ser feliz e assim será, aprecie o que é para ser apreciado, há tantas coisas lá fora que merecem o teu olhar, o teu toque, a tua palavra, a tua dedicação, o teu amor. Decida perceber o mundo a sua volta e cultivar as coisas belas que a vida te reserva, aceite o fato de que as coisas se desenvolvem num ciclo natural, o passado passou, deixou marcas, deixou, mas foram importantes para o processo de descoberta. Ontem eras apenas uma lagarta, hoje ainda está no casulo, mas amanhã serás uma linda borboleta, alçando voos muito mais altos, mais distantes, mais encantadores do que já foi um dia. Então se perceba enquanto borboleta e permita-se quebrar o casulo e voar, acredite você pode, você vai voar, voar muito mais alto que um dia sonhou plainar. Portanto aceite e seja exatamente o que te cabe ser. Uma borboleta? Só você é pode decidir isso. Decida-se. Texto de Carla Garcia (Cametá, 2010 a 2012?) Brincadeira
Tudo começou como uma simples brincadeira,
Uma brincadeira de mau gosto visto o estrago que causou em meu coração. Não! Como pode ser de mau gosto? se regou em meu rosto triste um doce sorriso! Como? se trouxe ao meu pobre coração entristecido, suspiros de amor! Se nos olhos perdidos e apagados sem viso, agora cheios de brilho! Como pode considerar mau gosto? Mau gosto sim! Porque este que outrora me levou ao paraíso é o mesmo que me devolveu a escuridão, ao inverno das noites frias e tristes. A tempestade que vorazmente destrói a esperança de um amor eterno. O riso já não brota mais em minha face, Assim como o coração já não pulsa mais de amor, mas de dor. E agora onde andará os lábios que me aqueceram a alma? Os olhos que me mostraram um novo horizonte? Talvez já não existam mais, não mais em minha vida. Então nada posso fazer se não aguardar que o sol volte a brilhar. E assim afugentar a escuridão das noites frias de inverno. E alegrar-me com a nova aurora que me trás na melodia do alvorecer, Os exemplos dos pássaros que aceitam pacificamente à noite, Refugiando-se no momento oportuno. Quando a tempestade chegar te refugia em teu canto, Para que não te machuquem as asas de tua alma livre, Sossega-te e aguarda a brisa chegar para assim poder voar livremente sobre a vida.
Gisele Araujo, Marcia Baratto and Cassio Casagrande (Auth.) - O Estado Democrático de Direito em Questão. Teorias Críticas Da Judicialização Da Política (2011)